32

Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o
Page 2: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, LuísFilipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges,

Catarina PereiraGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes

Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos

Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Cónego João Aguiar06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Opinião D. Manuel Linda14 - A semana de... Lígia Silveira16- Entrevista Reitor do Seminário dos Olivais28- Dossier Semana dos Seminários

38- Internacional42- Cinema44 - Multimédia46 - Estante48 - Vaticano II50 - Agenda52 - Liturgia54 - Programação Religiosa55 - Por estes dias56 - Fundação AIS58 - LusoFonias60 - Apps Pastorais

Tema do dossier da próxima edição:Assembleia Plenária da CEP

Foto da capa: D.RFoto da contracapa: Agência Ecclesia

2

Opinião

Semana dosSeminários[ver+]

Sínodo dosBispos com novasquestões[ver+]

450 anos deTrento[ver+] D. Manuel Linda | Cónego JoãoAguiar | Padre Tony Neves

3

Page 3: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Às vezes parece o acaso

João Aguiar CamposSecretariado Nacionaldas ComunicaçõesSociais

Devem ter passado dois anos sobre o dia emque os responsáveis do Seminário Conciliar deBraga me convidaram para um encontro com osseus seminaristas. «Coisa simples» -- explicaram,pormenorizando que se tratava apenas de contarcomo tinha surgido a minha vocação e como éque a vivo num ambiente diferente do habitual:quase sempre na comunicação social e, agora,administrando o Grupo Renascença; ou seja,fazendo algo que um leigo poderia fazer melhor…Aceitei, com um pensamento fixo: «a vida emLisboa descrevo-a com simplicidade e verdade.Quanto à origem da minha vocação, gasto doissegundos a explicá-la, dizendo apenas: não sei».No calor da conversa fui, evidentemente, maislonge. E contei como aos nove anos, o confessorgalego que se deslocava a Vilarinho da Raia(Chaves), onde eu então provisoriamente vivia,me perguntou, numa primeira sexta, se nãogostaria de ser “cura”. Reguila, questionei-osobre o assunto e, chegado a casa, anunciei queia ser padre. A gargalhada ainda hoje não seextinguiu!... Até a minha mãe, que nos cansava arezar e nunca se esquecia de invocar a Rainhadas Missões para que nos desse «muitos esantos missionários», me aconchegou a si eexclamou. «Oh filho, valha-te Deus. Tu sabes lábem o que queres…». Cautelosa, no fim daquarta classe levou-me à Escola Industrial eComercial de Chaves, na esperança de

4

ganhar um “montador eletricista”;mas, logo a seguir, ao estágio deadmissão ao Seminário. Aceitaram-me, apesar de, ao que parece, tersido o único que não respondeucomo era esperado à pergunta«Para que queres ser padre?».Escrevi um redondo «não sei» e, norecreio, espantei-me com a certezados outros miúdos que tãoardentemente desejavam «salvaralmas».Evidentemente que, em devidotempo e vencido o doce tempo dainconsciência, tive ocasião de tudodebater e racionalizar, na fé. Tive deme confrontar com muitas dúvidas ealternativas.

Mas o que hoje quero aqui trazer éapenas este aparente acaso quemoldou a minha vida; e como numainofensiva pergunta começou umcaminho permanentementepercorrido entre o espanto e apaixão.Já agora, quantos pais, párocos eeducadores fazem hoje aos seuseducandos a pergunta do meuconfessor galego? No entanto, essaquestão pode ser a porta estreitapara a voz terna d’Aquele quechama, em galego ou em português,mas sempre gratuitamente… Àsvezes até parece o acaso!..

5

Page 4: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Papa Francisco cumprimenta doente com neurofibromatose na Praça de São Pedro no Vaticano, 05/11/2013 © LUSA

6

“As pessoas saíam a pé de casapara as esplanadas. As mesas dosrestaurantes estavam semprecheias. Agora os restaurantes estãovazios, ninguém sai de casa.Maputo está em estado de sítio.Parece uma cidade-fantasma.”Empresário português a viver emMaputo, Moçambique, in Público,06/11/2013 “Eu penso que no país há umagrande indiferença pelo que járealizei. Tanto faz que o meu cinemaexista ou não exista, por isso fazereste filme é como ganhar umabatalha: É difícil. A conjunturaeconómica trava e fragiliza amontagem financeira do filme.”Manuel de Oliveira em declaraçõesà revista francesa «Cahiers duCinéma» falando do novo filme «Ovelho do Restelo» que precisa definanciamento para ser rodado,edição de Novembro

“Muitas vezes somos demasiadoáridos, indiferentes, distantes e emvez de transmitir fraternidade,transmitimos mau humor, frieza,egoísmo. A Igreja apenas podecrescer com o amor”Papa Francisco na Audiência Geral,06/11/2013 “O funcionário Crato não pensa,martela banalidades. O que sobra éisto: o ensino público transformadonum vazadouro de lugares-comuns.”André Macedo, in Diário de Notícias,07/11/2013 "A greve é uma arma que fere oumata."Sérgio Monte, do Sindicato dosTrabalhadores dos Transportes emdeclarações à Rádio Renascença,07/11/2013

7

Page 5: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

A atualidade do Concílio de TrentoD. Jorge Ortiga, arcebispo deBraga, destacou hoje a atualidadedo Concílio de Trento como repostae atitude de uma Igreja sem receiode “situações porventuranegativas”. “A história da Igreja ésempre muito importante porquenão se repete mas das experiênciasdo passado obriga-nosnaturalmente a pensar e aencontrar soluções no presente”,disse o prelado à AgênciaECCLESIA, sobre a importância depromover um congresso sobre oConcílio de Trento quando seassinalam os seus 450 anos.O prelado destaca ainda a atitudeda Igreja no século XVI. “Era grandea crise mas o Concílio conseguiuunir a Igreja em torno da reforma efazer com que tivesse uma Igreja deesplendor e entrássemos na IdadeModerna da com osdescobrimentos, com a expansão dafé e outras realidades”, observou.O cónego José Paulo Abreu,presidente da ComissãoOrganizadora do Congresso sobreTrento, disse que o Concílio foi uma“revolução enorme na

Igreja”, marcada pela presença deD. Frei Bartolomeu dos Mártires quepediu uma “reverendíssima reforma”.“Quando lemos as petições aoConcílio de D. Frei Bartolomeu dosMártires, percebemos que muito doque foi determinado em Trentoestava já escrito pelo punho doantigo arcebispo de Braga”, afirmouà Agência ECCLESIA no Congresso“Concílio de Trento – Restaurar ouInovar” que decorre em Braga atésexta-feira.As reformas introduzidas peloConcílio de Trento foramimplementadas por D. FreiBartolomeu dos Mártires, “o primeiroarcebispo a fazer a visita pastoral àdiocese inteira”, que na alturaincluía Vila Real, Bragança e Vianado Castelo, e a criar o seminário deacordo com as determinaçõesconciliares, refere o cónego JoséPaulo Abreu. Para poder celebrarmissa durante as visitas pastorais,D. Frei Bartolomeu dos Mártirestinha um “altar portátil”, emexposição nestes dias do congressono Museu Pio XII, em Braga.

8

Para o Cónego José Paulo Abreu,“Trento foi uma revolução enormena Igreja”, um “granderejuvenescimento” a “nível doutrinale disciplinar”, transformando o“absentismo pastoral” de párocos ebispos que resultava da“acumulação de benefícios”, emverdadeiros “curas das almas”.

“Quando ouvimos hoje o PapaFrancisco dizer que não quer bisposde aeroporto está a dizer amesma coisa”, referiu o presidenteda Comissão Organizadorado Congresso sobre Trento.

9

Page 6: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Presentes solidários para o Natal2013A Fundação Fé e Cooperação(FEC), ligada à ConferênciaEpiscopal Portuguesa, lançou a suacampanha natalícia ‘PresentesSolidários 2013’, que visa promovera melhoria das “condições reais” devida de famílias dos paíseslusófonos. A iniciativa propõe acompra de um dos 11 presentes, emnome de um amigo, colega oufamiliar, para apoiar populações deAngola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé ePríncipe e Timor-Leste, para alémda formação de voluntários emPortugal.A lista inclui a possibilidade deoferecer consultas de oftalmologia eóculos, material escolar, mesas ecadeiras para centros infantis,consultas médicas anuais, batasescolares, pequeno-almoço diáriopara 100 crianças de rua ou livrospara uma biblioteca itinerante.Os presentes XL, com valores entreos 115 e os 250 euros, são três:formação em serviço para umaenfermeira/parteira, brinquedosdidáticos para estimulação motora esensorial de criançascom necessidades educativasespeciais e formação profissional

(mecânica, secretariado,cabeleireira) para jovens.Esta campanha foi criada em 2006 etem-se vindo a repetir todos osanos, entre os dias 6 de novembro e6 de janeiro, tendo já contribuídocom mais de 23 mil presentessolidários, que respondem anecessidades nas áreas daeducação, saúde e infraestruturas.Este ano, a iniciativa é apadrinhadapor Marcelo Rebelo de Sousa, D.António Couto, Alice Vieira, JoséDiogo Quintela, Maria da GlóriaGarcia, Guilherme de OliveiraMartins, António Monteiro, padreTony Neves, Maria João Avillez,Pedro Rocha e Melo, LaurindaAlves, Fernanda Freitas, MiguelArrobas, Inês Pupo e GonçaloPratas.

10

Escuteiros: 90 anos em avaliaçãoO Corpo Nacional de Escutas (CNE)celebra 90 anos em Portugal e vaiaproveitar esta data para avaliar asua atividade e as mudanças noprograma educativo a partir doCongresso, este sábado e domingo,em Lisboa. “Os 90 anos foram umaespécie de chapéu-de-chuva paraao longo de um ano inteirodesenvolvermos um conjunto deatividades singulares. Nestemomento somos mais de 72 mil e700 membros e de vez em quando épreciso parar, olhar atrás, paraonde estamos e dizer por ondevamos seguir. Há uma tradição nomovimento de mais ou menos de 10em 10 anos fazermos estaparagem”, refere à AgênciaECCLESIA Carlos Alberto Pereira,chefe nacional do CNE.

Uma paragem avaliativa que vaiservir também para analisarem asmudanças no programa educativodo CNE, que começaram a serimplementadas há cerca de doisanos, e no Sistema de Formação deAdultos: “Era altura de olhar à nossavolta para vermos o olhar dosoutros, para podermos refletir sobrea avaliação do desempenho doprograma educativo e introduzirmelhorias mas também enriquecermos o Sistema deFormação de Adultos que começa afuncionar este ano”, explicou oresponsável nacional.Estas são oportunidades paraconjugar a fidelidade às origens, aométodo educativo do fundadorBaden-Powell, com os desafios dasociedade contemporânea.

11

Page 7: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

O primado da sociedade

D. Manuel LindaBispo das ForçasArmadas e de Segurança

A propósito do meu apontamento anterior sobre«relativismo e sociedade», recebi uma curiosamensagem, pedindo-me para desenvolver oassunto. Fiquei contente por saber que, aomenos, tenho um leitor fiel. Nos tempos quecorrem, nem todos poderão gabar-se desemelhante proeza… Mas também fiqueiinquietado, pois os 2.500 caracteres que meconcedem pouco mais permitem que enunciar otema. Mesmo assim, vamos a isso.É doutrina da Igreja que a sociedade e osorganismo que ela gera (famílias, escolas,espaços de saúde, empresas, sectores deproteção da terceira idade e da infância,associações culturais, desportivas, etc., etc.) sãoaxiologicamente anteriores, mais fundamentais eaté mais relevantes que o Estado. E que este,pela negativa, não pode impedi-los, a não sernos casos em que colidam com a boa ordemsocial; e que, pela positiva, o Estado é obrigadoa promover, apoiar e incrementar essesorganismos. E a este conceito dá-se um nomecomplicado, mas capital para a boa organizaçãoda vida em sociedade: chama-se princípio dasubsidiariedade. Em termos simples ele advoga:a sociedade e seus organismos não são paraestar ao serviço do Estado, mas este é que deveestar ao serviço daquela.Ora, mesmo depois da queda das

12

ideologias totalitárias, o Estado temengordado desmesuradamente.Quer estar presente em todos osâmbitos e em todos os lugares. Masa recente crise económico-financeira mostra que isso temlimites. Mesmo que tal fosseeconómica e socialmente possível,não seria desejável, pois ao confiar-se todas as responsabilidades aoEstado, a sociedade e as pessoasdesresponsabilizam-se, infantilizam-se, tornam-se superficiais eapáticas umas para com as outras eaté para consigo próprias. Paraalém de isso constituir umaagressão à dignidade da pessoa: sealguém teimasse dar-me a comida àboca, para mim seria uma terrívelofensa, pois, para já, prefiro comerpela minha mão.Um Estado que, por si, sem oconcurso da livre iniciativa social,intente suprir todas asnecessidades faz a figura de um paidéspota que recusa ver que

os seus filhos cresceram: anestesiaa vontade e a maisprofunda sensibilidade. Mas mais:acaba por conceber o «bemcomum» como o bem de certosestratos ou clientelismos e porsubstituir o «bem árduo» do ideal aedificar pelo «bem apetecível» dosinstintos a satisfazer.Desse Estado, eu tenho medo. Éque o pouco que consegue é a altopreço e facilmente se torna umpolvo de tentáculos sugadores queenvolvem os pobres para engordaros ricos. Tudo vigia e tudo oprime, aponto de a insuspeita «Escola deFrankfurt», há anos, falar da “jaulade ferro” em que nos meteram.Enfim, faz-nos rebanho cada vezmais confinado a um curralreduzidíssimo: o do pão e circo,como na antiga Roma.A solução só pode ser a do primadode uma sociedade forte, coesa emoralmente adulta para que oEstado se limite ao que efetivamenteé: subsidiário e não principal.

13

Page 8: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Com que Igreja sonha?

Lígia SilveiraAgência ECCLESIA

Foi esta semana publicado o documentopreparatório para a Assembleia Extraordinária doSínodo dos Bispos, onde a Igreja, em outubro dopróximo ano, se dispõe a ouvir “testemunhos epropostas dos Bispos para anunciar e viver demaneira fidedigna o Evangelho para a família”.Quando percebi que o documento vinhaacompanhado de um questionário para aferir avida real e comum de quem procura e serelaciona, ou deseja relacionar, com a Igreja,estando ou não em posição regular segundo adoutrina, recordei uma resposta que colhi àpergunta que serve de título a este texto.“Uma Igreja que se junta ao final de uma tardeque, com a suave brisa, acolhe, escuta,conversa. Uma Igreja mais ao jeito de JesusCristo”.O que faria Jesus Cristo perante situações“irregulares”? Acolhimento, escuta, relação.Penso ter sido isto que li nas perguntas queintegram o documento preparatório do Sínododos Bispos. É a partir daqui que, mais uma vez, oPapa Francisco vai usar do discernimento quelhe é próprio (e que acredito marcará o agirdeste pontificado) para tornar a Igreja “hospitalde campanha”, capaz de “curar as feridas e deaquecer o coração dos fiéis”, de gerar“proximidade”.Com que Igreja sonha? Com uma Igreja quepergunta aos batizados como vivem e se sentemna “irregularidade”: “Sentem-se

14

marginalizados e vivem comsofrimento a impossibilidade dereceber os sacramentos?” Com umaIgreja que quer saber como asdioceses apresentam a“misericórdia de Deus” a separadose a divorciados recasados. Comuma Igreja que se preocupa com aatenção pastoral dada a pessoasenvolvidas em uniõeshomossexuais. Com uma Igreja quepergunta a estas pessoas"irregulares" com que Igrejasonham.Uma Igreja que possa seresperança, indo ao encontro do queune e não do que separa,escutando entre os que procuram efazem dessa busca uma prece dehumildade e confiança.Se há uma crise não no crer mas nopertencer, não estará a Igreja aimpor pesos que provocam oafastamento mais do que oencontro? Que portas são essasque se abrem com regulamentos enormas?Há muitos anos aprendi que asestruturas se mudam por dentro,através da intervenção. Saiba aIgreja, saibamos nós, ouvir quemchega com desejo de ser acolhido.

15

Page 9: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Seminários, coração das diocesesO padre José Miguel Barata Pereira, reitor do seminário dos Olivaisde Lisboa, explica os objetivos da Semana dos Seminários, quedecorre de 10 a 17 de novembro, e apresenta o guião celebrativo.

16

Agência Ecclesia (AE) - O quepretende a Igreja ao propor umasemana de reflexão especificamentenesta instituição seminário?Padre José Miguel Barata Pereira(JMBP) – É uma chamada deatenção para uma realidade que éde todo o ano e de todos os dias, oseminário como casa de formaçãoque os documentos da Igreja chamade “coração da diocese”, onde seformam os sacerdotes para oserviço em cada tempo do povo deDeus, mas chamar a atenção deuma forma mais cuidada para anecessidade de rezarmos pelosseminários, de cuidarmos do sentidovocacional na vida, nas famílias enas comunidades.De partilharmos os bens espirituaise materiais com estas casas deformação que vivem dagenerosidade do povo de Deus eportanto de cuidarmos de umaforma mais atenta desta realidadeimportante na vida da Igreja. AE – A intenção é mesmo envolveras comunidades cristãs para queelas tenham presente ainda maisesta realidade seminário?JMBP – Sim, através das iniciativasseja de oferecer alguns subsídios

para ajudarmos localmente que selembre, se cuide, se reze, se peçapelas vocações sacerdotais, seja àsvezes abrindo também as portas efazendo atividades de convidar aspessoas a vir aos seminários edurante esta semana a passaralgum tempo com o seminário, aconhecer, a tirar às vezes algumasideias menos certas acerca do queé um seminário. AE – Até porque é no seio dacomunidade cristã que naturalmentedeverão despontar as vocaçõesconsagradas?JMBP – Natural esobrenaturalmente (risos) porque éuma realidade do chamamento deDeus que é sobrenatural. Sim, é noseio da comunidade cristã, dafamília cristã que surgem aquelesque o Senhor chama ao sacerdócio.

17

Page 10: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

AE – Referia que ainda há porvezes mentalidades algo distorcidasem relação à realidade seminário,pesa uma tradição, ideias dopassado. A realidade semináriotambém se adaptou muito aosdesafios dos tempos, às novasvivências, os jovens que vãochegando também todos elescarregam uma cultura adequada àmodernidade e o seminário teve quese adaptar e fazer esta leituracontínua?JMBP – Sim, não no sentido de seadaptar para estar igual ao mundomas no sentido de responder àsrealidades concretas que o mundoprecisa porque os sacerdotesexistem para servir a Deus e aopovo de Deus nas realidadesconcretas que as pessoas vivem ecrescem. E portanto com certezaque o seminário recebe todas asinfluências e indicações que veemcom os jovens deste tempo eprocura responder dando-lhes umaestrutura de fé e vida eclesialadequada ao ministério mas aresponder à realidade que têm àfrente e não apenas a modelosteóricos ou ficcistas do que querque seja. AE – Para que esta Semana dosSeminários seja vivida de forma

intensa há a publicação - Paraque Cristo se forme em nós - com otema que preside esta semana e éum guião, um roteiro com diversossubsídios, contributos para que seviva esta semana quer pelos jovens,quer pelos adultos em momentos deoração, explicando o que é arealidade dos seminários, tudo estácondensado nesta publicação?JMBP – O tema surge na sequênciada reunião de formadores dosseminários, que todos os anosacontece no fim de agosto, princípiode setembro, e que este ano fiocentrado no crescer até à estaturade Cristo e que depois deu estatradução de forma mais comum einspirada numa passagem de SãoPaulo – “para que Cristo se formeem vós, sofro as dores de parto ematernidade até que Cristo se formeem vós” – e que depois deu estetema. E que de facto tem umconjunto de ajudas, seja do nível eoração da catequese ou até depropostas, de visitas e de outrasatividades para ajudar a refletir emeditar um bocadinho acerca davocação, da vocação sacerdotal, dolugar do sacerdócio na vida daIgreja e como isso desabrocha edesponta no seio da Igreja.

18

19

Page 11: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

AE – Os jovens que chegam sãodiferentes dos que chegavam 20, 30anos atrás, há uma maiordiversidade até etária. Existem aschamadas vocações tardias, os queentram muitos jovens. Como é quese faz a gestão destas diferentescaminhadas na realidade deseminário?JMBP – A Igreja foi encontrandovárias propostas deacompanhamento exatamente pararesponder a esta pluralidade deorigens e de proveniências. Foramdesenvolvidos os pré-semináriosque são formas deacompanhamento em ritmo externomas que vão desde a segundainfância, a adolescência e dajuventude vão ajudando a olhar avida em chave vocacional, emtermos de escuta e de decisãocomo resposta e não apenas comoconstrução a partir de mim, daminha própria vida. E isso acontecemuitas vezes com os jovensinseridos no seio familiar, nacomunidade cristã, na sua escola,na sua terra. Ao mesmo tempocoexistem os seminários menoresque em Portugal e nas diocesesportuguesas variam,

uns ainda recebem na fase doensino básico, outros do ensinosecundário mas que é uma propostade uma primeira comunidade cristãcom outros laços que não osfamiliares onde se pode estruturar afé e a vida eclesial naqueles ondeporventura a história familiar ecomunitária é mais debilitada paraajudar a isso ou outros onde jáhouve um caminho com algumaconsistência e pedem um passomais. Ainda existem estesseminários menores que caso acaso vão oferecendo resposta.Depois existe o tempo propedêuticode iniciação, para uns já é iniciaçãodo seminário maior, outros é prévioou seminário maior, varia um poucode diocese para diocese, mas queprocura dar a cada história, a cadaitinerário cristão e vocacional quehoje é muito variado e plural algumsentido de comunhão, de sentircomum e de alguma fundamentaçãocatequética acerca do que é que é avocação, como é que a Igrejaentende, o que é que é sacerdócio

20

e o sacerdócio para os tempos dehoje. E estas formas deacompanhamento podem demorarmais ou menos tempo deacompanhamento antes de entrarno seminário, podem ser numaprimeira fase mais pessoal e numasegunda fase com umgrupo vocacional ou já numaresidência de ano propedêutico outempo casa e depois o

seminário maior onde a par daformação teológica nasUniversidades Católicas ou nosInstitutos de Teologia, onde aindaexistem, depois existe também avida comunitária, a solidez da vidaespiritual, a iniciação pastoral queprocura ir acompanhando e dandoessa formação adequada aostempos de hoje.

21

Page 12: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

AE - A provisoriedade dos dias, dostempos que vivemos afetam tambémgrandemente os candidatos ouaqueles que se questionam numavocação sacerdotal, consagrada?JMBP – Essas dificuldades não sãomal-intencionadas. As pessoasmuitas vezes, no momento dedecidir desejam que seja parasempre mas sempre com a ressalva“se der”. E esta ressalva permite oudificulta muitas vezes que depoisdiante das tensões normais, diantedas euforias ou das dificuldadespermite que se esqueça quais sãoas ferramentas que ajudam a levarpor diante aquilo que entrou numafase de dificuldade mas em váriasdimensões da nossa vida e por issotambém muitas vezes no tempo dediscernimento vocacional prévio àordenação sacerdotal asdificuldades muitas vezes levam anão perseverar outras vezes até jádepois da ordenação sacerdotal ealgumas situações de abandonoque sofrem dessa mesmadificuldade de confiar de que asferramentas que se aprendeu querespondiam de

facto respondem no momento danecessidade e não apenas quandotudo está bem. AE – Hoje em dia ainda faz sentidofalar de crise de vocações?JMBP – Eu creio que os tempos sãodiferentes e que era bom nósultrapassarmos essa linguagem. Defacto a palavra crise apareceu muitode comparação ao tempo que osseminários estavam cheios e aspessoas iam para o seminário paracontinuarem os estudos e depoisalguns ganhavam ai mesmodinamismos e consistênciavocacional, outros nem por isso mashavia um tempo cheio e depoishouve um esvaziar dos seminários eesse tempo de crise.Eu penso que já estamos noutrafase, não temos de facto o númerode vocações necessárias ouadequadas às necessidades doacompanhamento efetivo doscristãos, nós temos muitas vezesparóquias sem pároco e a terem deo partilhar por vezes até seisparóquias, depende das zonas dePortugal, mais do interior ou litoral, etemos falta de

22

sacerdotes. Não creio que podemosfalar de crise, pelo menos devocações porque a haver algumacrise é de civilização de nos re-entendermos outra vez, já nãoestamos em cristandade, eporventura, às vezes, uma crise desolidez da fé, uma fé que éinspiradora dos valores mas quedepois não se traduz numaconversão de vida concreta a partirdesses valores

que ficam apenas no campoda inspiração. Portanto, não creioque haja uma crise de vocações,pode haver e há algumasdebilidades de uma estruturacomunitária, hoje é muito difícil aestrutura institucional e é precisoque as comunidades cristãs muitasvezes se repensem, as famíliastambém estão muitas vezes em fasede se entenderem.

23

Page 13: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

AE –É comum dizer que o seminárioé a sementeira, que as vocaçõesestão a despontar, enfim, estão numclima protegido de alguma formamas depois os candidatos nãoserão candidatos depois daordenação já serão presbíteros.Serão enviados às comunidades,até já antes, têm essa experiênciamas depois terão embates comrealidades diversas. A realidade doseminário também estão atenta evai trabalhando estas questões?JMBP – Sim, procura estar. Primeiroporque tentando manter algumaoferta de recolhimento e ambientede centração no essencial antes doenvio o seminário não é umarealidade fechada, seja porque osseminaristas frequentam umauniversidade que sendo a Católicaestá no espaço público e portantocom outras faculdades e outrosestudantes, seja porque frequentamna sua formação pastoral asrealidades paroquiais dos jovens edos adultos do seu tempo, seja daparóquia propriamente seja depoisdos âmbitos familiares e sociais àvolta daqueles com quem se

encontram no trabalho pastoral enas paróquias, seja porque ainternet e a comunicação hoje églobal e entra no seminário, está noseminário, também condiciona aprópria vida do seminário até muitasdas vezes as provocações àfidelidade e à vida dos seminaristastem a ver com essas sugestões quese vão recebendo naturalmente eespontaneamente e depois com éque se aprende a lidar com isso e acanalizar tudo isso para um projetodefinido e portanto neste realismoos seminaristas apesar de algumaproteção estão também expostosaquilo que depois serão os desafiosda vida pastoral. Claro que depoishá sempre uma transição que ai jánão será o seminário mas opresbitério enquanto corpo fraternode irmãos unidos na mesmaconsagração e com vínculos defraternidade que depois ajudarátambém a lidar com esses desafios.Assim como, e ai é muito importanteque o seminário ajude a estruturarpara um sentido de comunhão naforma de viver o ministério, decomunhão

24

entre os padres mas de comunhãoentre os demais cristãos, com osdemais carismas e vocações,portanto comunhão eclesial, quefazem com que o sacerdote tambémencontre as respostas aos desafiosna própria vivência do ministériocom a comunidade onde cresce,quer dizer, que a comunidade nãoseja só a fonte de problemas,porque não é, mas que seja tambéma família dos irmãos na fé queencontra a resposta para adificuldade. E ai é importante que opadre e o seminarista aprendamque há respostas que se encontramnesta comunidade alargada dosirmãos e outras que

se encontram na comunidade dopresbitério, da fraternidadesacerdotal com o seu bispo eaprender a usar e depois há sempreaquelas respostas que seencontram na intimidade a sós comDeus e ai tem que haver umaestrutura de vida espiritual e solidezde encontro com Jesus, que é umrealidade pessoal, que é umarelação pessoal e não é apenasuma ideia que depois estruturatambém o enfrentar dificuldades. Hásempre dificuldades que são dessaordem e é ai que se encontram asrepostas e o seminário por muitoque prepare não substitui.

25

Page 14: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

AE – O candidato já depois de sersacerdote e estar numacomunidade nunca termina oprocesso de configuração com opróprio Cristo?JMBP – Claro, e por isso ele chamaa atenção, logo no início que oprimeiro ponto, é o encontroverdadeiro com o próprio JesusCristo. A configuração só acontecese me encontrar com Jesus se nãoé uma colagem de característicaspostiças que depois não configuramnada, podem perfeitamente até meiludir, sem maldade, sem máintensão mas até me iludir durante ocaminho do seminário: Vou fazendoisto, vou cumprindo aqui, voufazendo bem feito isto aqui mas nofundo não há uma transformaçãointerior fruto desse encontro comJesus Cristo mas que não é apenasum encontro eu-tu. É um encontroque gera uma unidade de vida.Deixe-me dizer um bocadinho queaquilo que se passa, que aquilo quea Igreja acredita na relaçãoesponsal, que os dois passam a serum só, mudando tudo o quer deveser mudado mas há qualquer coisaaqui que importa que no futurosacerdote também aconteça na suarelação com Cristo. Não há

uma fusão, eu não me fundo emJesus Cristo, nem Jesus me anulamas é importante que em muitascoisas eu perceba que é Cristo aser em mim e a fazer-me ser maisverdadeiramente. AE – Quem chega ao seminário, jáno final de um curso universitário,chega com as opções maisamadurecidas?JMBP – Não é assim tão líquidoterá, alguma relação direta com aidade, mas não é tão imediata atéporque algumas vezes asmotivações com que se chega aoseminário é mais de um sentimentoque eu alimentei durante tantotempo e que durante tanto temponão me permitiu pensar em maisnada afinal não respondeu aquiloque eu esperava e agora preciso deir à procura de outra coisa.Portanto, não é ainda tãoamadurecida pelo sacerdócio aindaque apareça claramente que euquero ser padre mas eu quero serpadre a partir de uma imagem depadre que tenho a partir de umaideia que fui aprendendo a construira partir das relações que fui lidandomas que muitas vezes ainda é muitoa procura à resposta da minharealização

26

pessoal porque aqueles sonhos quedurante tanto tempo alimentei afinalnão corresponderam, não éfrustração.Não falo de frustração, mas hoje porexemplo a entrada numauniversidade, o medo de não entrarnuma universidade ou a entrada nomercado de trabalho ou o medo denão entrar o

mercado de trabalho faz com quemuitas vezes às intensões, asenergias, o melhor de si estejafocado no que é preciso preparar egarantir para que depois não mefalte e depois quando lá chego,quando chego à universidade ou atéquando chego ao trabalho não eraaquilo que eu pensava que iaencontrar.

27

Page 15: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Aprender a ser padre em braileTiago Varanda está no seminário hádois anos. Ajudar a lavar a loiça nobar ou ler as leituras na missaquando chega a sua vez sãocompromissos que assume comotodos os que se preparam para osacerdócio, como ele. Isso e muitomais apesar da limitação física quetem: é cego.A ideia de ser padre surgiu de iníciocom um receio, com o medo do“impedimento”. Mas depressa seconvenceu de que “um sacerdotecego, com algumas adaptações,pode fazer o que qualquersacerdote faz”.Natural de Lamego, Tiago Varandanasceu em 1984 com um glaucomacongénito. Perdeu a visãoprogressivamente e aos 16 anos, jádependia da Micha, a cadela-guiaque o acompanha desde essa alturaem todos os momentos do dia.Também os que vive, agora, noSeminário Conciliar de Braga. Cadadia começa com a rotina da manhãque não é apenas a pessoal, mastambém a da cadela porque épreciso “escová-la, ir com elas àrua, dar-lhe alimentação”. Depois écompanhia constante, desde asprimeiras orações.

Antes de entrar no seminário, Tiagojá tinha o seu futuro “encaminhado”.A irreversível perda da visãodesafiou-o a aprender, desde cedo,outras formas de leitura e derelacionamento no quotidiano.Frequentou o curso de História, emViseu, e começou a dar aulas emvárias escolas, também na região deBraga.É neste percurso que a questãovocacional surge e, “aos poucos”,foi percebendo que era chamado aosacerdócio.“Se me sentia capaz de serprofessor, não me parecia que aminha limitação física me impedia deexercer o sacerdócio”, afirma.No Seminário Maior, em Braga,sentiu-se e sente-se “muito bemacolhido”. Os colegas e formadoresdiz que são “inexcedíveis” na ajudaque prestam.“Apesar da limitação física, dou oque posso à comunidade”, refereTiago Varanda, acrescentando queem grupo todos fazem a experiênciada “aceitação mútua” de qualidadese defeitos, também os de ordemfísica.

28

Como todos os seminaristas,frequenta as aulas na Faculdade deTeologia, em Braga, e participa navida comunitária do Seminário, ondeo relacionamento e os diálogos comos colegas e os formadoresacontecem de forma “muito natural”.Adaptações, claro... Foramnecessárias algumas: para aformação académica, por um lado, eque passam por possuirum computador com sistema de vozque permita acesso auditivo aqualquer texto e por conseguirconteúdos em braile; e, por outrolado, ao nível específico daformação no Seminário,nomeadamente a participação naoração em comunidade. TiagoVaranda está a imprimir a "Liturgiadas Horas” em braile para que sepossa integrar ainda mais no grupo.No futuro, Tiago considera que sercego não o vai impedir de assumir atarefa pastoral “que o bispo pedir”.“Estou aberto a qualquer coisa”,refere.“É óbvio que vou precisar dealgumas adaptações, mas creio quenão será nada de extraordinário.Algum tipo de

pastoral será mais adaptado deacordo com a minha limitação física.Mas tudo isso será tido em conta”,afirma.

29

Page 16: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Seminários e Comunicação

A Igreja, na sua essência, écomunicação. É Palavra, imagem,performance que abre à comunhãodo Homem com Deus e com ahumanidade.Ao longo de séculos, o anúncio evivência da comunhão tem narelação interpessoal o principal meio, mas, em momento algum, aIgreja deixou de lançar mão deoutros meios disponíveis paraampliar o alcance da missão, na suavocação de universalidade.Teve épocas em que se tornou,digamos, perita no uso dessesmeios, outras, entre desconfiançase condenações, deixou-seultrapassar, fruto da incapacidadede compreender o meio e a eleajustar a codificação da mensagem.Vive de novo um tremendo desafio,a par dos demais atores dasociedade: ajustar a sua vivência aotempo do virtual. Ultrapassando avisão de instrumento, a Igreja,igualmente os média, ditos,tradicionais, tem o desafio de levaro Evangelho ao ambiente digital,tantas vezes

mais real que o real, ou tambémdesignado analógico. A missão deanúncio, hoje, como sempre, estáem transformar o "lugar" e oscorações dos homens e dasmulheres de boa vontade. "On" ou"off" não é uma opção. Todosestamos imersos neste ambienteque muda o modo de pensar e deviver e que, para tantos, é o lugarde referência no processo deidentidade e de relação.Aqueles que se preparam, naresposta a um convite pessoal deCristo, para servir a Igreja noministério ordenado, são umageração incarnada neste ambiente.Neste domínio, hoje como ontem, hána Igreja uma preocupação na suaformação e capacitação para aleitura da realidade onde sedesenvolve a missão. Precisamos,mais do que nunca, de umapresença consciente e lúcida dado ofacto de todos serem"prossumidores", isto é, produtorese, ao mesmo tempo, consumidoresde informação/comunicação.

30

Mais ainda para quem tem comomissão, não levar uma qualquernotícia, igual a tantas outras, mas anotícia da salvação, da redenção doHomem e da humanidade.Pessoalmente, e na experiênciavivida e realizada no SeminárioConciliar de Braga, entendo que éfundamental um conhecimentoaprofundado de todo oprocesso comunicativo, o seudesenvolvimento e, de modo muitoclaro, as suas barreiras.A partir desta base, transversal atantas áreas, urge que os jovens acaminho do sacerdócio tenham umespírito crítico e seletivo na suaexposição e intervençãocomunicativa. Para isso, éfundamental o domínio dasdiferentes gramáticas dacomunicação: da comunicaçãointerpessoal à imagem (fixa ou emmovimento), da escrita àsplataformas que unem as diferentesmodalidade de comunicação, dasredes sociais à

construção da notícia, semesquecer o efeitos (pessoais esociais), da palavra lida à Palavraproclamada. Porque homens deIgreja, para a Igreja e para o mundo,o conhecimento da sua abundantedoutrina neste domínio éfundamental, em particular a sua"atualização" nas mensagens papaispara o Dia Mundial dasComunicações.Na grande cacofonia comunicativahodierna, a pequena "estória" ou,na linguagem bíblica, a parábolaparece-me continuar a conter em sia força de abrir sentidos econteúdos, destacando-se no meiode uma "overdose" demensagem/informação.A presença neste ambiente digital,para o dizer com o padre AntónioSpadaro, deve ser a partir dotestemunho em ordem a dar o saborda fé vivida nos pequenos gestos detodos os dias.

Padre Paulo Gomes,Diocese de Viana

31

Page 17: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

A história do Século XXpassa pelos Seminários!É comum ouvir, de antigos alunosque passaram pelos Seminários enão seguiram o caminho dosacerdócio, comentários muitopositivos da experiência ali vivida ede quão importante foi para eles aformação ali recebida, pois lhesabriu horizontes e lhes permitiuenfrentar os desafios da vida semperder a própria identidade. É certoque há quem guarde, daqueletempo e daquela experiência,memórias negativas, mas, tantoquanto nos é dado perceber,circunscrevem-nas mais à relaçãocom este ou aquele professor, comeste ou aquele superior, e não tantoà própria Instituição. Este mesmo sentir foi comprovadoem inquérito lançado por ocasião darealização do primeiro Congressodos antigos alunos dos Semináriosportugueses, em Abril de 2008, nãosem alguma surpresa! De facto, fazparte da cultura dominante asuspeita sobre as instituições.Quererá isto dizer que não haviaproblemas e que tudo corria bem?Certamente que não…

O que aconteceu, para agrandíssima maioria, é que, ao olharpara o caminho percorrido eenquadrada a educação recebida,com todas as suas virtualidades elimites, o saldo é muito positivo! Agratidão de tantos para com estaInstituição, expressa ainda hoje empalavras e gestos, é disso vivotestemunho e sinal de que elacumpriu a sua missão, pelos frutosque produziu e continua a produzirnas suas vidas.Sem dúvida que as Diocesessempre investiram neste projecto omelhor de si mesmas, quer emrecursos humanos quer em recursosmateriais, por isso, estagenerosidade tinha de produzirabundantes frutos, tanto no planoeclesial como social. Para além dosque foram ordenados (entrediocesanos e religiosos, cerca de10% em todo o Século XX), osSeminários preparam dezenas demilhares de jovens para umaparticipação qualificada na vidasocial e eclesial, laboral e cultural.Neste contexto, podemos dizer que,no nosso País, a história

32

do Século XX passa,necessariamente, pelos Seminários!Não só porque neles se reflectiamas tensões e conflitos do tecidosocial e eclesial, mas também,estamos certos, porque não serápossível escrever a história dasmudanças do último Séculosem identificar e avaliar o contributoe percursos de vida dos antigosalunos dos Seminários, presentes

em todos os sectores da Sociedadeportuguesa.Em tempos de mudança, como sãoos nossos, que implicamdirectamente os Seminários, énecessário atender aos desafios danova Evangelização e procurarcaminhos novos com agenerosidade de sempre! P. Manuel Armindo Pereira Janeiro

33

Page 18: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Quatro diocesesabrem Seminário interdiocesanoO Seminário Maior interdiocesanojunta as dioceses de Viseu,Lamego, Guarda e Bragança-Miranda na cidade de Braga, numaresposta a 19 seminaristas que sedividem entre os locais de origem,onde realizam trabalho pastoral aofim de semana, e a cidade dosarcebispos para a formaçãoacadémica ao longo da semana.“É a solução possível”, explica àAgência ECCLESIA o reitor destainstituição, o padre Paulo Figueiróque, deste setembro, coordena aequipa formadora constituída pelospadres José Luís Pombal e VascoPedrinho, respetivamente dasdioceses de Bragança-Miranda eLamego, respondendo assim àextinção do Instituto Superior deTeologia de Viseu, que servia asquatro dioceses.“Pode não ser a situação ideal,muitos sacerdotes o confirmam, e,com certeza, o episcopado desejariauma situação diferente, mas nosdias presentes, perante asdificuldades de várias ordens foi asolução possível e melhor”.

O responsável explica que a“novidade” é o funcionamento dainstituição fora das quatro diocesesque serve, propondo “internamenteo desafio de deixar bairrismos” e“gerar a comunhão entre todos,mesmo sendo de diferentes locais”.A cidade de Braga, que acolheuesta casa pela “disponibilidade deinstalações” e “proximidade” com aFaculdade de Teologia no polo daUniversidade Católica Portuguesa,oferece “oportunidades a nívelacadémico, cultural e eclesial” que acomunidade, sediada noutro local,não teria.Segundo o padre Paulo Figueiró odesafio é não perder a identidade ea ligação ao presbitério dasdioceses de origem.Ângelo Santos, natural de Lamego,a estudar no quinto ano noSeminário interdiocesano dá contade uma boa integração entrecolegas, professores e seminaristasdo Seminário conciliar de Braga.“O ritmo ao fim de semana

34

é grande, mas é uma questão dehábito”, explica o jovem de 23 anos,sublinhando tratar-se de mais “umdesafio rumo à ordenaçãosacerdotal”.O padre Paulo Figueiró dá conta de“algum cansaço” por parte dosseminaristas devido às “constantesviagens” mas afirma que o“sentimento geral é de satisfação”.Enquanto reitor da instituição

interdiocesana encara este “desafio”com “responsabilidade acrescida“na formação de sacerdotes paradioceses onde desconhece opresbitério, reconhecendo, noentanto, que este modo defuncionar pode “ser exemplo” paraque as dioceses “não se fechem noseu ambiente e tradição” maspossam gerar “comunhão”.

35

Page 19: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Bispos atentosaos candidatos ao sacerdócioD. Pio Alves, administradorapostólico da Diocese do Porto,afirmou que a Igreja não é umamultinacional “que necessita decontratar funcionários”,apresentando como prioridade o“regresso à Escola” de Jesus, namensagem para a Semana dosSeminários. “Num tempo em que énotória a escassez de respostas àvocação sacerdotal, pode parecerum desperdício lírico que o tema eque a mensagem se entretenham afalar de Jesus Cristo. Pode parecermais avisado fazer balançossociológicos, estabelecer objetivos,traçar programas de ação”,assinala.D. António Couto, bispo de Lamego,reflete por sua vez sobre o papeldos seminários como lugar deformação dos sacerdotes emoposição aos seminários emambiente de trabalho, estudo ouuniversitário. “Hoje quero referir-meao Seminário em sentido estrito eespecífico, que é o lugar, o tempo eo modo onde e como a Igreja reúnee forma os candidatos aosacerdócio. O lugar e o modo é aquiuma casa

ampla e simples, com espaçosinteriores e exteriores”, revela,destacando a diferença com apalavra ‘Seminário’ que “está namoda” e “usa-se na universidade epara múltiplos encontros de estudoe de trabalho”.D. António Vitalino, bispo de Beja,considera que a Semana dosSeminários, com início nestedomingo, é “a altura” paraquestionar o seu papel na “vida daIgreja e da sociedade”. “Ascomunidades dos seminários não sepodem fechar em si mesmas.Precisam da relação com ascomunidades reais e estas tambémde se relacionar com os seusseminários”, analisa, na sua notasemanal, recebida pela AgênciaECCLESIA.O prelado alerta para que osformadores, os párocos e mesmodemais prelados, “precisam de estaratentos” para que nos seminários“se cultive” a formação em contactocom outras realidades.A Diocese do Algarve promove umlausperene diário, até 15 denovembro, e D. Manuel Quintas

36

considera que tem sido a iniciativacom mais frutos e “mais eficaz paracriar sensibilidade pela oração pelasvocações”. “Atribuo mesmo, comespírito de fé e de certeza, que ospadres novos e os seminaristas quetemos nestes últimos anos são

dom de uma Igreja unida nestacadeia de oração”, revelou o bispolocal.O prelado presidiu à celebração quemarcou o início do lausperene,adoração permanente aoSantíssimo Sacramento, na igrejaparoquial de Quarteira.

37

Page 20: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Sínodo aborda problemáticasinéditas sobre a famíliaO Vaticano divulgou o documentopreparatório do próximo Sínodo dosBispos, que vai decorrer em outubrode 2014, destacando asproblemáticas “inéditas” sobre afamília e o casamento que a Igrejatem de enfrentar. “Hoje perfilam-seproblemáticas até há poucos anosinéditas, desde a difusão dos casaisde facto, que não acedem aomatrimónio e às vezes excluem estaprópria ideia, até às uniões entrepessoas do mesmo sexo, às quaisnão raramente é permitida a adoçãode filhos”, destaca o texto.O Sínodo extraordinário dos Bispos,convocado pelo Papa, entre 5 e 19de outubro do próximo ano, vaidebater “desafios pastorais dafamília no contexto daevangelização”.O documento preparatório refereque muitos adolescentes e jovens,“nascidos de matrimóniosirregulares”, poderão “nunca ver osseus pais aproximar-se dossacramentos”, para justificar aurgência dos “desafiosapresentados à evangelização pelasituação atual”.

“Na época em que vivemos, aevidente crise social e espiritualtorna-se um desafio pastoral, queinterpela a missão evangelizadorada Igreja para a família, núcleo vitalda sociedade e da comunidadeeclesial”, destaca o texto.Este documento vai ser debatido pororganismos episcopais e diversasinstituições eclesiais, os quaispodem enviar as suas propostas àSanta Sé.O texto preparatório adianta que oSínodo dos Bispos sobre a famíliavai ter duas etapas: a primeira, aAssembleia Geral Extraordinária de2014, destinada a especificar o‘status quaestionis’ (o estado daquestão); a segunda, a AssembleiaGeral Ordinária de 2015, em ordema procurar linhas de ação para apastoral da pessoa e da família.No documento sublinham-se osensinamentos da Igreja Católicasobre o matrimónio como “vínculosacramental indissolúvel” ligado ao“amor entre o homem e a mulher”,que “dura para sempre”, e à“procriação”.O texto é acompanhado por

38

um questionário com 38 perguntasque “permitem às Igrejasparticulares” participar “ativamente”na preparação do SínodoExtraordinário.A Santa Sé pede que sejamidentificados “culturais que impedema plena aceitação do ensinamentoda Igreja sobre a família” e acontraceção, questionando ainda amelhor forma de “promover umamentalidade mais aberta

à natalidade”.O elenco alude a “situaçõesmatrimoniais difíceis”, como aconvivência ‘ad experimentum’(experimental), as “uniões livres defacto”, os “separados e osdivorciados recasados”, paraperguntar “como vivem os batizadosa sua irregularidade”.Outras questões abordam o temadas “uniões de pessoas do mesmosexo” e da “educação dos filhos nocontexto das situações dematrimónios irregulares”.

39

Page 21: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Santa Sé pede combateao tráfico de pessoasA Academia Pontifícia das Ciências,da Santa Sé, apresentou asconclusões da conferênciainternacional de dois dias sobre otráfico de pessoas, que decorreu noVaticano por iniciativa do PapaFrancisco, apelando ao fim desta“escravidão”. “Penso que o Papafará algo importante com estematerial, uma mudança radical”,disse aos jornalistas o chancelerdas Academias Pontifícias dasCiências e das Ciências Sociais, D.Marcelo Sánchez Sorondo.A iniciativa contou com acolaboração da Federação Mundialdas Associações de MédicosCatólicos e desenvolveu o tema‘Tráfico de seres humanos,escravatura moderna’. O chancelerdeclarou que os trabalhos deixarammuitas propostas para enfrentaruma “situação dramática”, emparticular no que diz respeito à“prostituição”.“Alguns observadores acreditamque o tráfico humano irá ultrapassaro tráfico de drogas e armas em 10anos, tornando-se a atividadecriminosa mais

lucrativa no mundo", indicou.A Organização Internacional doTrabalho estima que haja 20,9milhões de pessoas sujeitas atrabalho forçado e que cerca dedois milhões se vejam obrigadas aprostituir-se. Outra daspreocupações apresentadas peloVaticano foi o tráfico de órgãos, quepode envolver cerca de 20 milpessoas.O professor Werner Arber,presidente da Academia Pontifíciadas Ciências, afirmou que as váriasformas de “manipular os sereshumanos por interesse económicoforam consideradas como formasmodernas de escravidão”.

40

Milhares em oração com o PapaO Papa pediu no Vaticano que ascomunidades católicas evitem a“frieza” e “egoísmo” nas suasrelações, numa audiência geral queincluiu um apelo à oração por umamenina doente que Francisco foivisitar. “Muitas vezes somosdemasiado áridos, indiferentes,distantes e em vez de transmitirfraternidade, transmitimos mauhumor, frieza, egoísmo”, advertiu, nacatequese semanal, perantedezenas de milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro.Segundo o Papa, a Igreja apenaspode crescer com “o amor que vemdo Espírito Santo”, frisando que semeste amor “nenhum dom serve paraa Igreja, porque onde não há amor,há um vazio, um vazio que épreenchido pelo egoísmo”.Francisco sublinhou que a“solidariedade fraterna” não podeser uma “figura retórica” nacomunhão entre os cristãos e, nestecontexto, pediu aos presentes um“ato de caridade”.“Antes de chegar à Praça, fui visitaruma criança de ano e meio, comuma doença gravíssima. O seu pai,a sua mãe, rezam e pedem aoSenhor pela saúde

dessa linda menina, que se chamaNoemi. Ela sorria, pobrezinha”,relatou.O Papa pediu a oração de todos,num “ato de amor”, para que “oSenhor a ajude neste momento elhe dê a saúde”.“Nós não a conhecemos, mas é umamenina batizada, é uma de nós, éuma cristã”, acrescentou.

41

Page 22: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

DesligadosUm advogado em permanentepressão vive ligado ao telemóvelsem disponibilidade para a família.Um casal é arrastado para umasituação de risco quando os seussegredos são expostos online. Umex-agente da polícia viúvo temdificuldade em lidar com o filho quepersegue dissimuladamente umcolega via internet. Uma jornalistaambiciosa vê-se em maus lençóis aoinvestigar e dar cobertura àparticipação de um adolescentenum sítio para adultos.Esta é uma história feita dehistórias, de personagens que secruzam no bairro onde moram, naescola que frequentam e nas ruaspor onde passam. Em que, todavia,o que as une é uma ligaçãopuramente virtual. Um drama queretrata os tempos que vivemos,como nos construímos, ficcionamosou destruímos pela forma comogerimos o espaço social e relacionalreal ou cibernáutico.Não se tratando da visãoapocalíptica de um mundocondenado à desumanização pelainternet e redes sociais, peseembora a ausência de benefícios

da proximidade virtual entre os casos escolhidos, ‘Desligados’coloca-nos perante questões atuaisincontornáveis, do nosso dia-a-dia,convidando a uma reflexão bempertinente e profunda de naturezaética, psicológica, sociológica, sobreos riscos da subjugação do humanoao tecnológico, a entrega ao virtualem desprimor do interpessoal: atentação do alheamento do que éfísica e afetivamente mais próximoem favor de uma intimidade fictícia;

42

a dualidade identitária provocadapela confusão entre o que se é, seexpõe e conhece ‘on’ e ‘off’ line detal forma que real e fictíciose emaranham, perdendo-se ‘quemse é’; a fuga ilusória de uma solidãopara outra; o

descontrolo do domínio privadoresvalado para o público e sempre,de alguma forma, controlado eexplorado por um ‘alguém’ comintuito não propriamentebeneficiente, demasiado vasto eincógnito.Um filme construído a partir de umargumento sólido, cuja intensidadedramática se tornaprogressivamente mais densa, aoritmo da evolução dosacontecimentos e aoentrecruzamento das váriashistórias, onde as personagens seimplicam.Um regresso à longa metragem,após sete anos de ausência, dorealizador norte americano HenryAlex Rubin que, em 2005, sedestacou pelo seu documentário‘Murderball – Espírito de Combate’,uma história inspiradora desuperação protagonizada por umaequipa de jogadores de rugbyparaplégicos. O filme arrecadou umbom lote de nomeações e prémiospor entidades e em festivais bemcotados, incluindo Oscars,Sundance, British Film Institute eGotham.Margarida Ataíde

43

Page 23: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Seminários Portugueses online

No ano de 2011 lançamo-nos narede à procura da presençavirtual dos SemináriosPortugueses. Decorridos 2 anos eperto de iniciarmos semana deoração pelos Seminários (10 a 17de novembro) fomos de novoperceber a sua presença nainternet.Começando pela diocese mais asul, entramos no Seminário deSão José da diocese do Algarve(www.seminario.diocese-algarve.pt/), um espaço anecessitar de alguma atençãoprincipalmente ao nível dasatualizações.

Subindo agora para a diocese deSetúbal, entramos no Seminário Maiorde S. Paulo (www.smspaulo.org/), ondeencontramos um espaço a carecer dealguns melhoramentos ao nível daimagem gráfica.Chegados ao patriarcado, digitamos oendereço www.seminariodosolivais.org,e acedemos a um extraordinárioespaço virtual quer ao nível gráficobem como dos conteúdosapresentados. É o espelho da vida ealegria que se vive no Seminário Maiorde Cristo Rei dos Olivais.

44

Na zona centro paramos na diocesede Aveiro, onde o Seminário deSanta Joana Princesa(http://seminarioaveiro.org/)também está presente, dispondo deinformações atualizadas econteúdos relevantes, numambiente bastante agradável.A diocese de Viseu possui no sítioseminário(seminario.diocesedeviseu.pt/), umespaço virtual com bastante vida,devidamente atualizado e comconteúdos muito bem produzidos.Chegados à diocese do Porto o sítiodo Seminário do Bom Pastor(www.seminariodobompastor.pt/)continua, como referíamos há doisanos atrás, a necessitar deremodelação (imagem gráfica etecnologia utilizada) e deatualizações permanentes.Outro seminário com uma presençadigital relevante e que merece umavisita cuidada

e atenta é o da Arquidiocese deBraga (www.fazsentido.com.pt/).Chegados à diocese de Viana doCastelo, digitamos o endereço www.seminariodeviana.com/ edispomos de um sitio devidamenteactualizado e graficamente bemcuidado.Por ultimo, o sítio do SeminárioEpiscopal de Angra(www.seminariodeangra.pt/) dadiocese de Angra apresenta-sedevidamente atualizado e com umaqualidade gráfica muito bemconseguida.Ao efetuarmos uma mera análisenumérica á presença digital dosdiversos seminários diocesanosnacionais, se no ano de 2011tínhamos treze espaços online maisou menos estruturados, atualmenteapenas nove se encontramdisponíveis.Aqui fica então um espelho dapresença digital dos nossosprincipais seminários diocesanos.

Fernando Cassola Marques

45

Page 24: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

A Papoila e o MongeFruto de uma viagem ao Japão, aconvite do Centro Nacional deCultura, e devedor também do Bookof Haikus de Jack Kerouac, ‘APapoila e o Monge’ é o novo livro depoesia de José Tolentino Mendonça,que a Assírio & Alvim publicou a 1de novembro.«Como se sabe, o haiku japonês éuma composição de três versos,com métrica fixa […], muitas vezessem rima, propondo-se como uminstantâneo que dá a ver o flagrantee o implícito, o assombro e a tensãoinerentes à vida. A operação queKerouac leva a cabo é a de valorizarsobretudo a capacidade do haikutrazer à página the real thing, acoisa verdadeira, libertando-o,porém, do esquema métrico:“Proponho que o haiku ocidentalconte simplesmente muito em trêscurtos versos, e o faça em qualquerlíngua”». José Tolentino Mendonça

Título: A Papoila e o MongeAutor: José Tolentino MendonçaN.º de Páginas: 176PVP: 13,30 €Coleção: Poesia InéditaPortuguesa

46

Interações do Estado e das IgrejasO patriarca de Lisboa e o ex-presidente da República JorgeSampaio vão apresentar a 19 denovembro o livro ‘Interações doEstado e das Igrejas’, editado pelaImprensa de Ciências Sociais.A obra é organizada peloshistoriadores António MatosFerreira, diretor do Centro deEstudos de História Religiosa(CEHR) da Universidade CatólicaPortuguesa, e Luís Salgado deMatos, da mesma instituição.A sessão de apresentação vaidecorrer a partir das 18h30 naBiblioteca da Assembleia daRepública, Lisboa.O livro reúne estudos de diversosinvestigadores participantes noSeminário Permanente do ICS (UL)e do CEHR (UCP) sobre o Estado eas Igrejas que, desde 2005, temcorporizado um projeto de trabalhosobre «A Igreja Católica e o EstadoPortuguês no Século XX: oscardeais António Mendes Belo(1906-1928), Manuel GonçalvesCerejeira (1928-1972), AntónioRibeiro (1971-1998) e a RepúblicaPortuguesa».Luís Salgado de Matos propõepadrões mundiais de

relacionamento entre o Estado e asIgrejas; António Matos Ferreiraapresenta um novo paradigma daAção Católica; Teresa ClímacoLeitão analisa a democracia cristãna transição portuguesa de 1974-1982. Sérgio Ribeiro Pintoapresenta o percurso do cardealManuel Gonçalves Cerejeira e PauloFontes o do cardeal António Ribeiro,patriarcas de Lisboa.

47

Page 25: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Albert Camus: Um hóspedeprivilegiadodo «Átrio dos Gentios»

Albert Camus: Um hóspede privilegiado do«Átrio dos Gentios»Ao fazer uma análise do cristianismo da primeirametade do século XX, o bispo do Porto da altura, D.António Ferreira Gomes, afirma que a “religião deCristo” tem de partir das “consciências para asociedade e para o Estado e que a marcha contráriaé pagã”. Nessa entrevista concedida ao Boletim deInformação Pastoral (BIP) de setembro-outubro de1962, D. António Ferreira Gomes disse que o concílio“nunca poderá perder de vista” as soluções dasperguntas postas à Igreja: “Pelo homem destasegunda metade já adiantada do século XX, nummundo materialmente uno, mas dilacerado por fortestensões de dissolução em conflito com as forçasmorais coesivas”.Estas respostas denotam que o prelado do Portoestava atento às questões que o «mundo» colocavaà Igreja.Neste contexto, o pensador francês, Albert Camus(1913-1960) foi um dos agitadores das consciênciaseclesiais. “Não procurarei tornar-me cristão diante devós. Compartilho convosco o mesmo horror diante domal, mas não partilho a vossa esperança, apesar decontinuar a lutar contra este universo no qual hácrianças que sofrem e morrem”, escreveu AlbertCamus que completaria, hoje, (7 de novembro), ocentenário do seu nascimento.

48

A efeméride obrigou-me a revisitaralguns textos deste francês nascidona Argélia. Na busca encontrei umaautêntica pérola sobre opensamento do autor das obras «OEstrangeiro»; «A Peste»; «Osjustos», «O Mito de Sísifo» entreoutras. Essa pedra preciosa é daautoria do cardeal italiano,Gianfranco Ravasi, numacomunicação proferida na etapa deMarselha (França) do «Átrio dosGentios». Na prelecção, o cardealsublinha que “a pergunta acerca domal na história e resistente aqualquer solução filosóficadilacerará sempre a alma desteescritor”. Ao falar sobre a obra «APeste», o cardeal Ravasiacrescenta que esta “é a ponta doiceberg literário e espiritual do marinterior de Camus, é o seu Jobintenso e trágico” (In: L´OsservatoreRomano, 30 de junho de 2013).Quando lhe atribuiu o prémio Nobelda Literatura, em 1957, a Academiasueca premiou acima de tudo umempenhamento cívico e umaconsciência ética. “Era um inimigoda injustiça” e “nunca aceitou quese combatesse um totalitarismo àcusta de outro totalitarismo”,escreveu Pedro Mexia no jornal«Público» a 19 de junho de 2010.

Os seus artigos do jornal «Combat»(recolhidos em três volumeschamados «Actuelles») são umaescola de liberdade. Albert Camusfoi um mal amado. “Ser uma vozmoral num tempo moralmentecomprometido tem o seu preço”,escreveu Clara Ferreira Alves nojornal «Expresso» a 02 de novembrode 2013.O filósofo francês considerava que“a incredulidade contemporânea jánão se baseia na ciência como nofinal do século XVIII. Ela nega aciência e ao mesmo tempo areligião. Já não é o cepticismodiante do milagre. É umaincredulidade apaixonada”.Precisamente esta paixão faz comque Camus seja “um hóspedeprivilegiado do «Átrio dos Gentios»”,disse o cardeal Ravasi. “Sóconheço um dever e é o amar”,escreveu o Nobel nos «Cadernos» econclui: “este mundo sem amor é ummundo morto”.No sua obra «Homem Revoltado»,Albert Camus afirma: “A beleza nãofaz revoluções. Mas chegará o diaem que as revoluções precisarão dabeleza”. O II Concilio do Vaticanonão foi uma revolução feita combeleza? LFS

49

Page 26: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

novembro 2013

Dia 08* Lisboa - Igreja de São Roque - Início da 25ª edição da temporadade Música em São Roque. * Aveiro - Seminário sobre «Boaspráticas nas IPSS» promovido peloCentro Social Paroquial da VeraCruz.* Aveiro - Reunião da equipanacional de Educação Moral eReligiosa Católica com D. AntónioFrancisco Santos.* Aveiro - Dia da Unidade da GuardaNacional Republicana de Aveiro coma presença de D. António FranciscoSantos.* Setúbal - Azeitão (SociedadePerpétua Azeitonense) (21h30m)-Lançamento da obra «Azeitão anossa terra» que reúne parte dotrabalho historiográfico do padreManuel Frango de Sousa.

* Lisboa - UCP (15h00m) - Homenagem ao professor ManuelBraga da Cruz, ex-reitor da UCP,que será presidida pelo Patriarca deLisboa, D. Manuel Clemente.* Lisboa - Igreja de Fátima (20h00m)- Encontro do Metanoia (MovimentoCatólico de Profissionais) sobre«Que perguntas nos habitam? -Onde procuramos as respostas?»* Brasil - Encerramento da visita deD. Vincenzo Paglia, Presidente doPontifício Conselho para a Família,ao Brasil. * Lisboa - Mesquita de Lisboa(18h15m) - Cerimónia de celebraçãodo aniversário da ComunidadeIslâmica de Lisboa com a presençade D. Manuel Clemente. * Lisboa - Sacavém (15h30m) - D.Nuno Brás visita os BombeirosVoluntários de Sacavém.* Lisboa - UCP (10h00m) - ConselhoSuperior da Universidade CatólicaPortuguesa presidido pelo Patriarcade Lisboa.* Coreia do Sul - Encerramento da XAssembleia geral do ConselhoMundial de Igrejas.

50

* Guarda - Paço da Cultura(18h00m) - Apresentação do livro«A Ressurreição de Jesus» daautoria do cónego Manuel Pereirade Matos. * Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - II Workshop Internacional deTurismo Religioso. * Faro - Seminário de São José - Apresentação por Zita Seabra dolivro «Auto de Fé – A Igreja nainquisição da opinião pública» queresulta de uma entrevista feita por siao padre Gonçalo Portocarrero deAlmada. * Lamego - Museu de Lamego - Conferências sobre «História ePatrimónio no Douro». (08 e 09)* Espanha - Barcelona - Encontrodos bispos responsáveis pelo setordas Comunicações Sociais dasConferências Episcopais daEuropa. (08 a 10) Dia 09* Bragança - Catedral - Dia daEscola Litúrgica.* Beja - Centro Pastoral - Assembleia Sinodal convocada porD. António Vitalino Dantas. *Santarém - Ourém (Auditório dospaços do concelho) - Assinatura deprotocolo entre as cidades deFátima e Lourdes (França), dois dos“principais destinos” deperegrinação europeias.

* Algarve - Portimão (IgrejaMatriz) (15h00m) - Iniciativa«Oficina de Oração e Vida». * Braga - Taipas (Centro pastoral) -Celebração presidida por D. JorgeOrtiga no âmbito da homenagemaos bombeiros falecidos* Coimbra - Sé Nova (11h00m) -Missa de sufrágio pelos bispos dadiocese de Coimbra.* Fátima - Encontro da FamíliaCluny.* Coimbra - Quiaios - Encontro como tema «Dinâmicas de Grupos»promovido pela Cáritas de Coimbra. * Guarda - Centro Apostólico - Jornada diocesana da família. * Braga - Barcelos (Auditório daCâmara Municipal de Barcelos)(15h00m) - Sessão de homenagema D. António Barroso comconferência sobre «A PastoralColectiva do Episcopado Português,de 1910 - da redacção àdivulgação» pelo cónego FranciscoSenra Coelho. * Aveiro - Seminário de Aveiro(15h00m) - Sessão sobre opensamento social de D. AntónioMarcelino. * Fátima - Hotel Cinquentenário -Assembleia geral ordinária da CNIS.

51

Page 27: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Ano C - 32.º Domingo do TempoComumCreio em Deus, não de mortos mas de vivos!A questão central do Evangelhodeste trigésimo segundo domingodo tempo comum gira à volta daressurreição. Percebendo que aperspetiva de Jesus estava próximada dos fariseus, os saduceusapresentaram uma hipóteseacadémica, com o objetivo deridicularizar a crença naressurreição: uma mulher casou,sucessivamente, com sete irmãos,cumprindo a lei do levirato, segundoa qual, o irmão de um defunto quemorria sem filhos devia casar com aviúva, a fim de dar descendência aofalecido e impedir que os bens dafamília fossem parar a mãosestranhas. Quando ressuscitarem,ela será mulher de qual dos irmãos?Através desta história ridícula, ossaduceus, que não acreditavam naressurreição, querem ridicularizarJesus e a crença na ressurreição.Claro que a ideia da ressurreiçãocontinua a não ser evidente hoje.Os gregos encontrados por SãoPaulo não acreditavam nisso. Ehoje, os cristãos, mesmo muito

“praticantes”, são cada vez maisnumerosos a aderir à teoria dareincarnação. É verdade que nuncase viu ninguém voltar do além damorte, enquanto há quantidades detestemunhos de pessoas que dizemter recordações de uma vidaanterior. Afinal, os saduceus sãoseriam tão estranhos entre nós,hoje!A ressurreição é uma realidade demistério acolhido na fé. QuandoJesus ressuscitado apareceu aosseus discípulos, teve que usar muitapedagogia para os convencer deque era verdadeiramente Ele. Elesnão acreditaram imediatamente!O cerne do ensinamento de Jesus éa sua palavra: “E que os mortosressuscitam, até Moisés o deu aentender no episódio da sarça-ardente, quando chama ao Senhoro Deus de Abraão, o Deus de Isaace o Deus de Jacob. Não é um Deusde mortos, mas de vivos, porquepara Ele todos estão vivos”.Deus, o Criador, está para além dotempo. É por um ato infinito e eternode amor criador que Ele ressuscitacada ser humano,

52

Está quase a terminar o Ano da Fé,mas nunca a fé, sobretudo naessência da ressurreição, umarealidade que nos espera. Não valea pena estar a julgar e a imaginaressa realidade à luz das categoriasque marcam a nossa existênciafinita neste mundo. Acreditamos quea nossa existência de ressuscitadosserá uma existência plena, total,nova. Acreditamos na ressurreiçãocomo certeza absoluta, a ser jáassumida no nosso peregrinar defiéis discípulos de Cristo. Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

53

Page 28: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 10 - Cristãosperseguidos: depoimento deum refugiado do Irão RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 11 -Entrevista ao Padre JoséMiguel Barata Pereira, reitordo Seminário dos OlivaisTerça-feira, dia 12 -Informação e entrevista sobreo Encontro Nacional deLeigosQuarta-feira, dia 13 - Informação e entrevista sobre oEncontro Nacional de LeigosQuinta-feira, dia 14 - Informação e entrevista sobre oEncontro Nacional de LeigosSexta-feira, dia 15 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padres Juan Ambrosio e João Lourenço. Antena 1Domingo, dia 10 de novembro, 06h00 - Início daSemana dos Seminários. Entrevista aos reitoresdo Seminário Interdiocesano, em Braga e SeminárioMaior do Cristo-Rei dos Olivais, em Lisboa. Segunda a sexta-feira, dias 11 a 15 de novembro -Histórias de vocações que se descobrem no dia a diados Seminários.

54

Dia 8 de novembro, na Mesquita de Lisboa tem lugar acerimónia de celebração do aniversário daComunidade Islâmica de Lisboa. Um acontecimentoque conta com a presença do Patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente. Dias 9 e 10 de Novembro, tem lugar o CongressoNacional do Corpo Nacional de Escutas. Váriascentenas de dirigentes e caminheiros, reúnem-se noCentro de Congressos de Lisboa para refletir o tema:Escutismo - Educar para a vida no século XXI. De 10 a 17 de Novembro, a Igreja assinala a Semanados Seminários que este ano sugere o tema: «Paraque Cristo se forme em nós». Uma ocasião para ascomunidades cristãs conhecerem e acompanharem aformação dos futuros padres, estimulando a propostavocacional entre os seus membros. Entre 11 e 14 de Novembro, Fátima recebe aAssembleia Plenária da Conferência EpiscopalPortuguesa. Entre os dias 11 a 16 de novembro, decorre emCoimbra a IV Semana Solidária integrada no projetofundo solidário que tem por lema «Existir para ninguémdesistir!». Uma iniciativa promovida pelo InstitutoUniversitário Justiça e Paz. Dia 9 de novembro, Lamego acolhe o XV FórumEcuménico Jovem. "Permanecei em Cristo..." é o temaem reflexão pelos membros mais novos das Igrejascristãs.

55

Page 29: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

O trabalho dos padres capuchinhos comos refugiados no Sudão

Como sobreviver a um sonhodesfeito?Fogem de quê os que se lançamestrada fora, ou se enfiam emfrágeis barcaças à procura de umaterra prometida? Milhares vêm daEritreia e estão confinados acampos de refugiados no Sudão. Élá que vamos encontrar os padresCapuchinhos.Fogem da miséria, do medo, doterror, de uma vida de escravidão. Opadre eritreu Abba Musse dirigeuma organização de apoio arefugiados, a Agency Abesha, emRoma. Ele fala do seu país semmedo das palavras: “Muitos chamama ditadura na Eritreia ‘a Coreia doNorte da África’”. Não há piorcomparação possível.Tal como o padre Musse, tambémdiversas ONG’s, como a AmnistiaInternacional, acusam IsaiasAfewerki, o presidente daEritreia, de violações sistemáticasdos direitos humanos.Ainda recentemente, o mundoassistiu, chocado, à tragédia deLampedusa, em que morreramcerca de 300 homens, mulheres ecrianças. O Papa Francisco,

comovido, denunciou a “indiferençaem relação àqueles que fogem daescravatura e da fome paraencontrar a liberdade, e encontrama morte”.Ninguém quer lembrar mas tambémninguém pode esquecer. Eramimigrantes clandestinos oriundos daSomália e da Eritreia. Antes e depoisdesta data fatídica - “um dia delágrimas” -, disse o Papa Francisco,muitos outros já pereceram nasmesmas águas Cenário alarmanteA Eritreia é um dos países maispobres do mundo. Mas também éum dos mais perigosos. Dizer o quese pensa é um risco. Dá direito acadeia. Na Eritreia falta quase tudomenos o poder arbitrário queameaça os cidadãos. A liberdadereligiosa é também uma miragem.São milhares os eritreus que estãoem campos de refugiados nospaíses da região. Os padrescapuchinhos decidiram que

56

tinham de fazer alguma coisa poreste povo mártir e criaram doiscentros no Sudão: um em Kassala,junto à fronteira com a Eritreia, eoutro na capital, Cartum. Hoje, dãoapoio a cerca de 25 mil refugiadospor ano, procurando reverter umacatástrofe de proporçõesinimagináveis que todos os dias lhesbate à porta.São apenas cinco. Um deles, osacerdote Ghebray Beedemariam,de 58 anos, sublinha o drama a queassiste todos os dias: “A situaçãodos refugiados eritreus no Sudão édeprimente. A maioria são jovens esobrevivem com

trabalhos ocasionais, oucom pequenos negócios queapenas dão para viver”.Segundo a ONU, no ano passado,mais de 305 mil civis fugiram dopaís. Actualmente, entre 2 mil e 3 mileritreus emigram todos os meses.Para os padres capuchinhos, noSudão, todos os dias são dias delágrimas. O padre Beedemariampede-nos ajuda. Vamos dizer-lhe oquê? Paulo Aido | Departamento deComunicação da Fundação AIS| www.fundacao-ais.pt

57

Page 30: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

LUSOFONIAS

Angola 2013

Tony Neves

Angola celebra o aniversário da independência a11 de Novembro. Passei lá todo o mês deAgosto. Quem me conhece sabe bem que todosos pretextos são bons para regressar a Angola. Avisita aos Espiritanos portugueses, a orientaçãode Retiros Espirituais e Conferências sobre opapel da Igreja na guerra civil foram osargumentos para uma Missão que encheu ocoração.Tudo começou em Luanda, mas o périplo passoupelas Províncias de Cabinda, Bengo, KuanzaSul, Benguela, Huíla, Huambo, Bié, Malanje eKuanza Norte. Terminei com uma Peregrinaçãoao Santuário de Nossa Senhora da Muxima.Encontrei um país com desenvolvimentoacelerado nos centros das grandes cidades, masa crescer de forma muito desordenada e pobreem todos os bairros periféricos, bem como naspovoações do interior do país. Percebi que ariqueza está apenas na mão de uns poucos,aqueles que foram os vencedores da guerra.Olhei, nas povoações e descampados, para omuito lixo que a nova sociedade de consumogera e não trata. Constatei como é difícilenfrentar quem ocupou terrenos das missões eagora não aceita sair. Vi um povo concentrado efeliz nas praças das povoações a comprar e avender com alegria e festa os produtos da terra.Estranhei que haja tanta liberdade de expressãoem Luanda e tão pouca (ou quase nenhuma)fora da capital, a medir pelos

58

meios de comunicação a que o povotem acesso. Enchi os olhos comtanta construção de casas, masexplicaram-me que eram tão carasque só mesmo os muitos ricos aspoderiam adquirir. Poupei costasnos milhares de kms feitos em jeep,uma vez que boa parte das estradasestão muito boas.De norte a sul, senti a vontade daIgreja católica continuar a serprofética, ficando do lado do povomais pobre, embora sejam muitas astentações de colagem aos poderesinstituídos. Compreendi que há‘batalhas’ entre a Igreja e o Governode Luanda que não estão perdidas,mas parecem eternamente adiadas,como a da extensão do sinal daRádio Ecclesia ao resto do país. Vivium mês com os Espiritanos que são,na sua maioria, muito jovens,

cheios de dinamismo missionário,mantendo uma presença pastoralem boa parte das dioceses.Encontrei numerosos leigos quepartilham a espiritualidade e amissão espiritana, agoraorganizados em associação.Celebrei em muitos lugares poronde o coração ainda se passeia,tais as marcas que lá ficaramimpressas nos tempos que vivi emAngola. Concluí que a Igreja estáviva, as comunidades estão fortes, afé do povo está resistente aosventos e marés dos tempos de paz.Sobretudo, partilhei o dia a dia comum povo feliz e hospitaleiro que setenta levantar e sacudir as cinzas deuma guerra cruel que marcou,durante 40 anos, uma terra cheia debelezas naturais que dá gostopercorrer de lés-a-lés.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

59

Page 31: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

APLICAÇÕES PASTORAIS

Jesus usou as parábolas paramelhor ilustrar a sua mensagem epara se fazer compreender portodos os que o escutavam.Vivemos numa época em que aimagem vale muito mais do que milpalavras. Comunicamos o quevemos e como vemos. Registamos,fotografamos, ilustramos… InstagramO Instagram funciona de uma formasimples, intuitiva e rápida e permite-nos chegar a muitas pessoas.Depois de baixar a aplicação para osmartphone basta fazer o registo.Para quem preferir poderá fazê-locom a conta do Facebook. Estaaplicação oferece integração epartilha com os serviços maisusados como o Facebook, Flickr,Twitter, Tumblr…O que o Instagram permite émanipular as fotografias, aplicandofiltros e efeitos, não só permitedisfarçar alguns defeitos na imagemcomo dar azo ao espírito criativo doutilizador. O utilizador tira umafotografia, escolhe os efeitos eseleciona o serviço através do qualquer partilhar, publicar. Estasolução

conta com imensos filtros. Sendouma rede social permiteseguir, permite ver as últimaspublicações, fazer comentários e, ojá tradicional botão das redessociais, o gosto.Uma inovação recente é que permitea busca de um determinado assuntoatravés das hashtags (palavrachave). Se nos habituarmos a criaruma hashtag para cadaacontecimento, ação ou dinâmica,isso permite uma busca mais rápidado que procuramos.Desde junho que esta aplicaçãodeixou de ser exclusiva parafotografias, permitindo a partilha depequenos vídeos de 15 segundos.Quando escolhemos fazer um vídeopodemos registar vários momentos,usando o gravar e pausa, e depoispartilhar.Esta aplicação conta já com cercade 200 milhões de utilizadores emtodo o mundo. Um dos utilizadores éo Vaticano.O Vaticano abriu uma conta noInstagram com o intuito de publicaras fotografias instantâneas do PapaFrancisco e da Praça de São Pedro.Segundo José Miguel Chevarría,

60

encarregado pelo perfil nesta redesocial, as fotografias publicadasforam tiradas tanto por câmerasfotográficas profissionais como pordispositivos móveis. "Procuramosalgo improvisado, mas espontâneo,fotos particulares que comuniquempor si mesmas.O objetivo é difundira mensagem salvadora de Cristoatravés da imagem do Papa, e

qual é a melhor maneira que seuexemplo pessoal?", concluiuChevarría.O endereço da nova conta doVaticano no Instagram é: http://instagram.com/newsva.LinksiPhone | iPad | Andriod

Bento Oliveira

@iMissiohttp://www.imissio.net

61

Page 32: Às vezes parece o acaso - agencia.ecclesia.pt · Às vezes parece o acaso João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Devem ter passado dois anos sobre o

«Quando o coração do jovem se deixa habitar pelapessoa de Jesus Cristo e se deixa comover demisericórdia pela humanidade, pode conhecer avocação ao serviço e ao amor de Deus e doshomens, que é a vocação sacerdotal».

62