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INSTITUTO OSWALDO CRUZ Curso de Pós Graduação em Biologia Parasitária ASPECTOS MORFOBIOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E SUSCEPTIBILIDADE AO BENZNIDAZOL DE ISOLADOS SILVESTRES DE Trypanosoma cruzi DANIELLE MISAEL DE SOUSA Rio de Janeiro 2009

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INSTITUTO OSWALDO CRUZ

Curso de Pós Graduação em Biologia Parasitária

ASPECTOS MORFOBIOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E SUSCEPTIBILIDADE AO

BENZNIDAZOL DE ISOLADOS SILVESTRES DE Trypanosoma cruzi

DANIELLE MISAEL DE SOUSA

Rio de Janeiro 2009

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INSTITUTO OSWALDO CRUZ

Curso de Pós Graduação em Biologia Parasitária

ASPECTOS MORFOBIOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E SUSCEPTIBILIDADE AO

BENZNIDAZOL DE ISOLADOS SILVESTRES DE Trypanosoma cruzi

DANIELLE MISAEL DE SOUSA

Rio de Janeiro 2009

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INSTITUTO OSWALDO CRUZ Pós-Graduação em Biologia Parasitária

DANIELLE MISAEL DE SOUSA

Aspectos Morfobiológicos, Bioquímicos e Susceptibilidade ao Benznidazol de isolados

silvestres de Trypanosoma cruzi

Dissertação apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz

como parte dos requisitos para obtenção do título

de Mestre em Ciências, ênfase na área de Biologia

Parasitária

Orientadora: Prof. Drª Jacenir Reis dos Santos Mallet

RIO DE JANEIRO

2009

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INSTITUTO OSWALDO CRUZ Pós-Graduação em Biologia Parasitá

DANIELLE MISAEL DE SOUSA

ASPECTOS MORFOBIOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E

SUSCEPTIBILIDADE AO BENZNIDAZOL DE ISOLADOS

SILVESTRES DE Trypanosoma cruzi

ORIENTADORA: Profª. Drª. Jacenir Reis dos Santos Mallet

Aprovada em: 07/08/2009

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Constança Felícia De Paoli de Carvalho Britto - Presidente Prof. Dr. Katia da Silva Calabrese Prof. Dr. Eduardo Caio Torres dos Santos

Rio de Janeiro, 07 de agosto de 2009.

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Ao meu pai Luiz Misael e a minha mãe Maria Ana por toda dedicação e amor

que eles têm por mim. Amo vocês!

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“Dizem que sou louco

por pensar assim Se eu sou muito louco

por eu ser feliz

Mas louco é quem me diz E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon Se eles são famosos, sou Napoleão

Mas louco é quem me diz que não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor

Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar

Se eles rezam muito, eu já estou no céu

Mas louco é quem me diz Que não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor

Não ser o normal Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louco, não vou me curar Já não sou o único que encontrou a paz

Mas louco é quem me diz E não é feliz

Eu sou feliz.”

Ney Matogrosso - “Balada do louco”

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais, Luiz Misael e Maria Ana. Os dois

são a razão da minha vida, são meus maiores exemplos. Hoje, sou o que sou graças a

eles. Pessoas batalhadoras e especiais para mim.

Ao meu irmão, Luiz Antônio. Agradeço apenas por ele se espelhar em mim na

maioria das coisas que ele faz (ele que me disse isso uma vez!). Algumas diferenças

sempre vão existir entre irmãos mas minha admiração e respeito por ele são verdadeiros.

Obrigada, irmãozinho querido.

À minha orientadora, a Drª Jacenir Reis dos Santos Mallet, pela oportunidade

que me deu de estar em seu laboratório e pelos seus ensinamentos. Ensinamentos não só

de bancada, mas de experiência de vida. Ela também é uma pessoa batalhadora e tem

uma incrível capacidade de agregar pessoas, está sempre com um belo sorriso no rosto,

tem sempre uma palavra amiga para nos dizer, mesmo em momentos difíceis. É uma

pessoa fantástica! Obrigada pela oportunidade de conviver com você!

À Drª Suzete Araújo Oliveira Gomes, minha eterna “chefinha”. Por ser essa

pessoa persistente e determinada; por ter me mostrado o “mundo científico” e ter feito

eu me apaixonar por ele. Os seus ensinamentos serão para o resto da minha vida.

Obrigada, chefinha!

À Drª Teresa Cristina Monte Gonçalves que com toda sua calma (mesmo que

aparente) sempre me ajudou e me ensinou muitas coisas. Como trabalhar na bancada,

como organizar o caderno de protocolo, até sobre comportamento aprendi com ela! É

uma pessoa maravilhosa. Obrigada pela oportunidade de estar perto de você.

À pesquisadora Catarina Macedo pelo apoio na realização desta dissertação,

principalmente na confecção das fotos de microscopia ótica, e por sua alegria diária e

contagiante.

Aos técnicos do laboratório: Simone Teves, Adalberto e Ana Paula. Pessoas

especiais que me ajudaram muito, tanto em relação ao preparo das minhas lâminas, dos

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v

meus meios de cultura, processamento do material para microscopia eletrônica (Nossa!

Não sei o que seria da minha vida sem eles!) como também pela amizade que

demonstraram por mim. Obrigada pela atenção e pelas palavras de apoio!

À Drª Maria Nazaré Soeiro, do Laboratório de Biologia Celular, pela

colaboração na realização desta dissertação.

Ao Marcos Batista, técnico do Laboratório de Biologia Celular, pelo auxílio

fundamental na realização de alguns dos meus experimentos. Muito obrigada pela

atenção e pelo apoio, Marquinhos!

À minha amiga Cristina Santos Silva, além de estar sempre comigo, nos

momentos divertidos e nas horas de trabalho me ajudou muito na realização desta

dissertação, principalmente na técnica de PCR-multiplex. Obrigada, Cris!

Ao Rômulo da plataforma de microscopia eletrônica pela atenção e pelo auxílio

na realização das fotos da microscopia de transmissão.

Às secretárias do quinto andar do prédio Carlos Chagas: Ester e Luciane. Nunca

esqueceram de colocar meu nome na lista do final de semana, mesmo sem eu pedir para

colocar! Obrigada pela atenção e pela amizade.

Ao chefe do Laboratório de Transmissores de Leishmanioses, Dr Maurício

Vilela, pelo apoio na realização deste trabalho.

Aos colegas do laboratório: Margareth Cardoso, Shênia Novo, Luciana

Reboredo, Nathanielly Rocha, Simone Castro, pela convivência, pelos momentos de

descontração tornando o clima do nosso local de trabalho um clima leve, de amizade e

agradável de trabalhar.

Aos meus amigos da turma de mestrado: Turma Quorum sensing. A convivência

com vocês foi muito boa e me fez gostar ainda mais de estar na FIOCRUZ. Obrigada

pelos estudos em grupo, pelas sextas-feiras de confraternização na quadra e pelos

nossos churrascos muito divertidos.

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Aos amigos conquistados nesses dois anos de mestrado: Aline Souza Lima,

Caroline Matoso (Carol Vet), Daniela Rozas (Dani), Francisco Melo (Chico), Gentil

Arthur, Gutemberg Brito (Guto), Juan Camilo, Leonardo, Luis Fernando Tort

(Uruguaio), Mariana Almeida (Mari Olhão), Maycon, Michel, Simone Freitas, Renato

Junior, Rubem Mena-Barreto, Vanessa de Paula, Willian Marques por tornar tão

agradável, divertido e produtivo estudar na FIOCRUZ; pelo aprendizado tanto

profissional quanto de vida; pelos conselhos profissionais, por todas as festas que

aproveitamos e pelos congressos que participamos juntos.

Aos amigos de ontem, de hoje e para sempre presentes na minha vida Adriana

Mesquita, Alexandre Santos (Xande), Alice Helena, Bruno Carvalho, Bruno Xavier,

Cecília Stahl, Cheryl Gouveia, Cristina Silva, Fernanda Paradela, Gabriel Andrande

(Folha), Leopoldo Barbato (Leo), Marianna Cavalheiro, Mariana Gandini (Mari

Granger), Mirian Mangia, Simone Mangia, Suiá Dylan, Viviane Arantes, alguns estão

sempre por perto, outros nem tanto devido a distancia; alguns são meus amigos há mais

de dez anos, outros há menos dois anos. Não importa o tempo ou a distancia, apenas

gostaria de agradecer a vocês por todo apoio, pelo carinho, paciência e pela amizade de

vocês. Quero vocês para sempre na minha vida!

Aos professores da pós-graduação do Mestrado em Biologia Parasitária por

todos os ensinamentos.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta

dissertação. Obrigada!

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LISTA DE ABREVIATURAS

ALAT – Alanina Amino Transferase

ASAT – Aspartato Amino transferase

BSA – Albumina Sérica Bovina

Bz - Benznidazol

CO2 – Gás carbônico

COOH – Terminal carboxila

CP - Cisteína proteinase

DMSO – Dimetilsulfóxido

DNA – Ácido desoxirribonucleico

DTT - ditiotreitol

E-64 - trans-epoxysuccinyl L-leucylamido-(4-guanidino) butano

EDTA – Ácido etilenodiaminotetracético

EM - Enzima málica

G6PDH - glicose 6 fosfato desidrogenase

GPI - glucofosfato isomerase

H202 – água oxigenada

HCD – Hemocultivo em camundongo

HCl – ácido clorídrico

IC50 - Half maximal inhibitory concentration (concentração inibitória máxima que mata

50% dos parasitos).

IgG – Imunoglobulina G

IOC – Instituto Oswaldo Cruz

kDa - Kilodáltons

LIT - Liver Infusion Tryptose

LPAs - Análogos de lisofosfolipídeos

mA – miliampers

M – Molar

mM – Milimolar

µM – Micromolar

MET – Microscopia Eletrônica de Transmissão

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

NaCl – Cloreto de sódio

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NH2 – Terminal amina

NNN - Novy & Mac Neal 1904, Nicolle 1908

0-2 - Anion Superóxido

pb – Pares de base

PBS – tampão salina fosfato

PCR – Polymerase chain reaction

PGM – Fosfoglicomutase

pH – Potencial de hidrogênio

RJ – Rio de Janeiro

RNA – Ácido ribonucleico

SDS – Dodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE – Gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio

SFB – Soro Fetal Bovino

SMM – Santa Maria Madalena

TBE – Tampão Borato-EDTA.

T. cruzi - Trypanosoma cruzi

TcI – Trypanosoma cruzi I

TcII - Trypanosoma cruzi II

TE – Tampão Tris-EDTA

Tv – Triatoma vitticeps

Z1 - Zimodema I

Z2 – Zimodema II

Z3 – Zimodema III

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RESUMO Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, apresenta uma considerável heterogeneidade entre populações isoladas no ciclo silvestre e doméstico. Neste contexto, parâmetros moleculares, biológicos e bioquímicos com avaliação da susceptibilidade dos isolados de parasitos ao benznidazol foram realizados para avaliar a diversidade de parasitos em dois locais no município de Santa Maria Madalena e um no município de Conceição de Macabu no Estado do Rio de Janeiro. A caracterização molecular utilizando PCR multiplex baseado no gene de mini-exon foi realizada em sete amostras isoladas de espécimes de Triatoma vitticeps. Através dessa metodologia, fragmentos das amostras SMM10, 53, 88 e 98 (área A) e SMM36 e 82 (área B) foram classificados como Zimodema III – Z3. Nossos estudos sugerem que um isolado (SMM1) apresenta um genótipo misto associando Z3 e TcII. A tipagem de isolados de T. cruzi tem como principal objetivo identificar cepas com diferentes aspectos epidemiológicos da doença de Chagas. Estudos sobre a biologia foram baseados em formas epimastigotas e tripomastigotas obtidas em curves de crescimento para as amostras SMM10 e SMM88. O crescimento máximo foi observado no 14º -19º dias para o isolado SMM10 e no 17º - 20º dias para a amostra SMM88. Estes resultados demonstram a diversidade no tempo de desenvolvimento destes isolados. O aspecto bioquímico foi analisado através da caracterização do perfil protéico e de proteases de formas epimastigotas de isolados silvestres de T. cruzi. O perfil protéico demonstrou uma banda majoritária de 45 kDa, confirmada com anticorpo anti-cruzipaína, como sendo a principal cisteína proteinase de T.cruzi, a cruzipaína. O estudo sobre efeito de benznidazol contra isolados silvestres de T. cruzi foi realizado mostrando uma ação tempo- e dose-dependente. A análise ultraestrutural através da microscopia eletrônica de varredura revelou alterações na forma dos parasitos. Nossos resultados corroboram outras descrições da literatura e contribui para o conhecimento e registro do perfil de alguns isolados silvestres de T. cruzi em uma região ainda não afetada pela doença.

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ABSTRACT Trypanosoma cruzi, the etiologic agent of Chagas disease, presents considerable heterogeneity between isolated populations within the wild and domestic cycles. Molecular, biologic and biochemical parameters with avaliation of susceptibility of the isolated parasites to benznidazole were performed to evaluate the parasite diversity in the two sites in the municipality of Santa Maria Madalena and one site in Conceição de Macabu in the state of Rio de Janeiro. By using multiplex PCR based on the mini-exon gene, molecular characterization was performed on seven samples isolated from specimens of Triatoma vitticeps. The samples SMM10, 53, 88 and 98 (area A) and SMM36 and 82 (area B) revealed the presence of 150 base pairs, corresponding to the zymodeme III - Z3. Our study suggested that one isolate (SMM1) present a mixed genotype associated with Z3 and TcII. The typing of isolates of T. cruzi has the main aim of identifying strains with different epidemiological and/or clinical characteristics of Chagas disease. Biological studies were based on epimastigotes and trypomastigotes forms obtained in growth curves for SMM10 and SMM88 samples. The maximum growth was observed in the 14th - 19th days for SMM 10 isolate and in 17th – 20th for SMM 88 sample. These results demonstrate diversity in the behavior of these isolates. Analysis were realized by biochemical characterization of the protein profile and proteases of epimastigotes of wild isolates of T. cruzi. One of the proteolytic activities demonstrated a major band 45kDa, confirmed with anti-cruzipain antibody, as being a main cysteine proteinase of T. cruzi, the cruzipain. The effect of benznidazole against T. cruzi silvatic isolates was performed showing a time- and a dose-dependent action. Ultrastructural analysis by scanning electron microscopy revealed alterations in the shape of the parasites. Our results corroborate other descriptions in the literature and contribute towards the knowledge and records of the profile of some additional wild isolates of T. cruzi in regions not yet affected by the disease.

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ÍNDICE 1 – INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 1 1.1 – A Doença de Chagas............................................................................................................................. 1 1.2.– Os Vetores............................................................................................................................................... 3 1.3– Os Reservatórios Silvestres...................................................................................................................... 4 1.4– O parasito: Trypanosoma cruzi................................................................................................................ 5 1.5– Proteínas de Superfície envolvidas na Interação Parasitos-Hospedeiros................................................. 9

1.5.1 – Proteases............................................................................................................................................... 10 1.5.2 – Proteases em Tripanossomatídeos........................................................................................................ 11

1.5.2.1 – Cisteíno-proteinases em Tripanossomatídeos................................................................................... 11 1.5.2.2 – Cruzipaína......................................................................................................................................... 11

1.6 – A Quimioterapia da Doença de Chagas................................................................................................... 12 1.6.1 – Benznidazol.......................................................................................................................................... 15 2 – PROBLEMÁTICA.......................................................................................................................................... 16 3 – OBJETIVOS..................................................................................................................................................... 18 3.1 – Objetivo Geral...................................................................................................................................... 18 3.2 – Objetivos Específicos........................................................................................................................... 18 4 – METODOLOGIA............................................................................................................................................. 19

4.1 – Procedência dos parasitos......................................................................................................................... 19 4.2 – Manutenção dos parasitos........................................................................................................................ 22

4.3 – PCR-multiplex para tipificação de amostras de Trypanosoma cruzi........................................................ 23 4.4 – Curva de crescimento................................................................................................................................ 24 4.5 – Análise Bioquímica................................................................................................................................... 24 4.5.1 – Obtenção dos extratos celulares totais.................................................................................................... 24 4.5.2 – Quantificação química de proteínas....................................................................................................... 24 4.5.3 – Analise do perfil de proteínas totais celulares por SDS-PAGE............................................................. 25 4.5.4 – Atividade proteolítica............................................................................................................................. 25 4.5.5 – Western blotting..................................................................................................................................... 26

4.6 – Tratamento com Benznidazol................................................................................................................... 26 4.6.1 – Efeito tripanocida do benznidazol in vitro sobre as formas epimastigotas de isolados silvestres de Trypanosoma cruzi...................................................................................................................................................

26

4.6.2 – Confecção de esfregaços ........................................................................................................................ 27

4.6.3 – Analise ultraestrutural de parasitos tratados com benznidazol............................................................... 27

5 – RESULTADOS................................................................................................................................................. 29 5.1 – PCR-multiplex................................................................................................................................................. 29 5.2 – Curva de crescimento...................................................................................................................................... 30 5.3 – Analise Bioquímica......................................................................................................................................... 31 5.3.1 – Perfil de proteínas totais celulares por SDS-PAGE..................................................................................... 31 5.3.2 – Atividade Proteolítica................................................................................................................................... 33 5.4 – Tratamento com Benznidazol ......................................................................................................................... 35 5.4.1 – Efeito tripanocida do benznidazol in vitro sobre os isolados SMM10 e SMM88 de Trypanosoma cruzi... 35 5.4.2 – Análise morfológica de parasitos tratados com benznidazol....................................................................... 40 6 – DISCUSSÃO..................................................................................................................................................... 47 7 – CONCLUSÕES ................................................................................................................................................ 56 8 – ANEXOS........................................................................................................................................................... 57 9 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................... 69

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1 – INTRODUÇÃO

1.1 – A Doença de Chagas

A doença de Chagas ou tripanossomíase americana, causada pelo protozoário

Trypanosoma cruzi, foi descoberta por Carlos Chagas em Lassance, Minas Gerais, em

1909. Esta doença caracteriza-se como uma zoonose difundida por todo continente

americano, afetando de 16 a 18 milhões de pessoas, estando mais de 100 milhões de

pessoas expostas ao risco de se infectarem (Coura 2007).

Originalmente, a infecção por T. cruzi ocorria como uma enzootia e estava

restrita aos mamíferos silvestres (marsupiais, quirópteros, roedores, edentados,

carnívoros, lagomorfos e primatas) sendo transmitida por triatomíneos silvestres

(Carcavallo et al 1998). Posteriormente, foi caracterizada como uma zoonose, quando o

homem invadiu o habitat silvestre, desmatando e alterando o equilíbrio ecológico,

através do desenvolvimento industrial, crescimento populacional e a colonização de

áreas rurais, possibilitando a aproximação dos triatomíneos ao domicílio e

peridomicílio. Desta forma, o ciclo de transmissão de T. cruzi ficou constituído de um

ciclo silvestre, onde o parasito circula entre os mamíferos e vetores silvestres e um ciclo

domiciliar, onde a infecção é assegurada pelo contato entre os mamíferos e vetores

silvestres e sinantrópicos com os domésticos e domiciliados, inclusive o homem

(Aragão 1983, Forattini 1980, Barretto 1979).

A principal forma de transmissão de T. cruzi é a vetorial. A transmissão ocorre

de forma contaminativa, através da eliminação de formas tripomastigotas metacíclicas

em suas fezes, durante ou logo após o repasto sanguíneo. Outras possíveis formas de

transmissão são a materno-infantil, por via transplacentária, pelo leite materno, pelo

coito, por via oral, por transfusão sanguínea, por transplante de órgãos e a transmissão

acidental, por acidente de laboratório (Bittencourt 1984, Bittencourt et al 1985, Dias

2006, Moncayo & Yanine 2006). Surtos epidêmicos ocasionais têm sido registrados

devido à contaminação de alimentos, como açaí e cana de açúcar (Steindel et al 2008,

Coura et al 2002). Recentemente Cardoso et al (2006), através de alguns estudos

constataram a viabilidade e a capacidade infectiva com alto grau de sobrevivência de

T.cruzi no caldo de cana, confirmando assim a transmissão oral. O caldo de cana não é a

única bebida incriminada na transmissão do parasito. O suco de açaí também esteve

implicado em casos de infecção por T. cruzi por via oral em um princípio de epidemia

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no estado do Pará em 2001 e, em 2006 foram notificados 26 casos no Amapá, ambos

estados da região norte do Brasil (Valente et al 1999, Lewinsohn 2005).

A doença de Chagas apresenta duas fases clínicas: a fase aguda e a fase crônica.

Na fase aguda, geralmente assintomática, alguns pacientes podem apresentar sintomas

clínicos de infecção generalizada, de gravidade variável, sendo o diagnóstico sugerido

pela presença dos sinais de porta de entrada (sinal de Romaña ou chagoma cutâneo) e é

comprovada pela presença do parasito circulando no sangue do paciente, permitindo

assim, a visualização de formas tripomastigotas sanguíneas de T. cruzi através de exame

direto de esfregaço de sangue fresco. Quando há sintomatologia, podem ocorrer febre,

mal-estar, dores musculares e nas articulações, sonolência, cólicas, diarréia, edema,

distúrbios respiratórios, cianose e coma. A taxa de mortalidade é de 2 a 8%,

especialmente entre as crianças. Na ausência de tratamento específico, a fase aguda

pode persistir por 15 a 30 dias e a infecção entra na fase crônica em torno de 3 a 4

meses após o início (Coura & De castro 2002, Teixeira et al 2006).

A maioria dos indivíduos infectados pelo T. cruzi, que tenha ou não, apresentado

previamente uma forma aguda evidente, evolui para um estado sem manifestações

clínicas. Este estado de infecção silenciosa é denominado forma indeterminada. Estudos

revelam que a agressão de T. cruzi na forma indeterminada é uma miocardite focal

discreta, autolimitada. A forma crônica cardíaca é representada por uma miocardiopatia

inflamatória fibrosante, essencialmente arrítmica, que leva à uma insuficiência cardíaca

progressiva, de curso fatal. T. cruzi, nem sempre é demonstrado nas secções

histológicas, mas os achados patológicos são muito uniformes e característicos

ocorrendo uma lesão patognomônica na altura da ponta do ventrículo esquerdo,

chamada de "lesão da ponta" ou "aneurisma". Ocorre atrofia das fibras miocárdicas, e

protusão da ponta do ventrículo esquerdo do coração, esquerdo do coração,

adelgaçamento e sem fibrose. Os principais sintomas da forma cardíaca crônica são as

arritmias e a dispnéia. A insuficiência cardíaca é relacionada com a causa da morte em

58% dos pacientes, considerando que as arritmias têm sido associadas com mortes

inesperadas em 36,5%. A forma crônica digestiva é representada principalmente pelo

megaesôfago endêmico do Brasil Central, seguido pelo megacólon. Estas manifestações

clínicas têm inicio como uma incoordenação motora (disperistalse) por comprometimento

do sistema nervoso autônomo (plexos mioentéricos). No esôfago e no cólon o conteúdo

costuma ser sólido e mais dependente das forças peristálticas e a presença de esfíncteres

nestes locais contribui para agravar a disperistalse. A conseqüência é a hipertrofia das

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camadas musculares, seguida pela dilatação ou ectasia dos órgãos comprometidos. O

sintoma característico do megaesôfago é a disfagia e consequentemente a má nutrição.

O megacólon chagásico é caracterizado por constipação e meteorismo e como resultado

observa-se distensão e contração, dores abdominais freqüentes e como complicações o

fecaloma. O aparecimento de um câncer pode ser uma complicação do mega,

especialmente do megaesôfago. O quadro anatomo-patológico dos megas chagásicos não

difere essencialmente do que se vê nos megas esporádicos que são observados fora das

áreas geográficas onde a doença de Chagas não existe (Teixeira et al 2006, Köberle

1958).

No Brasil, a transmissão vetorial da doença de Chagas decaiu nos últimos 20

anos. O número de municípios infestados por T. infestans Klug, 1834, principal vetor da

doença de Chagas até o século passado caiu de 30,4% em 1983 para 7,6% em 1993

(Silveira & Rezende 1994). Em junho de 2006, o Brasil recebeu o certificado de

erradicação da transmissão vetorial por T. infestans. Acredita-se que ainda possa haver

alguns focos residuais silvestres nos estados da Bahia e Piauí (De Oliveira & da Silva

2007). Com a eliminação da transmissão da doença de Chagas por T. infestans (Vinhaes

2001, Ferreira & Silva 2006) as espécies conhecidas como principais transmissoras da

doença no Brasil são: Triatoma brasiliensis Neiva, 1911, Triatoma pseudomaculata

Corrêa & Espínola, 1964, Triatoma sordida (Stal, 1859) e Panstrongylus megistus

(Burmeister, 1835). Outras espécies silvestres assinaladas no Brasil, tais como

Rhodnius neglectus Lent (1954) e Triatoma rubrovaria (Blanchard, 1843), vêm

merecendo atenção por serem capturadas com freqüência no domicílio (Silveira 1995).

1.2 – Os Vetores

Os insetos transmissores da doença de Chagas pertencem à ordem Hemiptera,

sendo vulgarmente conhecidos como barbeiros. Nesta ordem, os representantes

possuem hábitos alimentares do tipo fitófago, predador ou hematófago, sendo a

subfamília Triatominae composta por membros exclusivamente hematófagos em todos

os estádios ninfais e também na fase adulta. Esta subfamília compreende 140 espécies e

atualmente se reconhecem 15 gêneros distribuídos em cinco tribos: Alberproseniini,

Bolboderini, Cavernicolini, Rhodniini e Triatomini (Schofield & Galvão 2009).

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A maior parte das espécies de triatomíneos ocupa habitat silvestre, outros

circulam tanto no ambiente silvestre quanto no domiciliar e uns poucos tem realizado a

transição completa para a habitação humana (Lent & Wygodzinsky 1979). Na natureza,

os triatomíneos estão associados a diferentes animais e alguns exibem uma estreita

relação com alguns hospedeiros tendo o habito alimentar restrito a ele.

As espécies de maior importância epidemiológica são aquelas que estão

adaptadas aos domicílios humanos, participando da transmissão da doença de Chagas e

em alta taxa de dispersão. Dentre as espécies de triatomíneos, representantes dos

gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus, são de relevância central para a

transmissão da doença de Chagas (WHO 1991).

Neste estudo, as amostras de T. cruzi foram isoladas de Triatoma vitticeps

(Gonçalves 2000). Espécie de hábito silvestre com distribuição geográfica abrangendo

os estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Silveira et al 1984,

Carneiro et al 1985, Corrêa 1986), vem invadindo com freqüência o domicílio, com

elevada taxa de infecção por T. cruzi nos estados do Espírito Santo e no Rio de Janeiro

(Dias et al 1989,Gonçalves 2000, Dos Santos et al 2005, Santos et al 2006b).

O estudo dos triatomíneos silvestres tem contribuído para o conhecimento dos

seus ecótopos naturais, da sua associação com hospedeiros vertebrados e do mecanismo

de interação entre o ecótopo artificial e natural, possibilitando também o esclarecimento

dos principais mecanismos da transmissão de T. cruzi dos focos naturais para os

ecótopos artificiais, e do eventual estabelecimento ou restabelecimento do ciclo

doméstico de transmissão. Estas informações contribuem para o estudo da dinâmica

populacional desses insetos e da epidemiologia da doença de Chagas (Zeledón &

Rabinovich 1981).

1.3 – Os Reservatórios Silvestres

Trypanosoma cruzi é encontrado parasitando um número considerável de

mamíferos e os mais variados tecidos desses hospedeiros, possibilitando ocupar

diferentes nichos como descrito por Deane et al (1984a). Este ecletismo caracterizou-o

como um dos parasitos mais bem sucedidos na vida parasitária (Jansen et al 1999).

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O ciclo silvestre de T. cruzi envolve a interação de vetores e hospedeiros

vertebrados silvestres em ecótopos naturais do continente americano. Tem se registrado

mais de 100 espécies de pequenos mamíferos infectados naturalmente com T. cruzi,

uma relação aparentemente muito antiga, que proporciona equilíbrio entre o parasito e o

hospedeiro, sem dano para nenhuma espécie (Barreto 1979).

A importância maior é dada aos reservatórios capazes de aproximarem-se dos

seres humanos, como alguns marsupiais e roedores. Estes animais além de trazer o

parasito para o peridomicílio, na busca por alimento e abrigo, também favorecem na

dispersão dos triatomíneos. Os animais silvestres citados como reservatórios naturais

para T. cruzi são: os marsupiais (gambás, marmotas e cuícas), os edentados (tatus), os

roedores (ratos e cobaias silvestres), os carnívoros (cachorros do mato, gato e pequenas

raposas), os primatas (várias espécies de macacos), quirópteros (morcego) e os

lagomorfos (coelhos e lebres) (Dias 2000). Os marsupiais são classicamente

considerados os mais importantes reservatórios silvestres de T. cruzi sendo os primeiros

que podem representar o grupo de ligação entre os ciclos silvestre e doméstico do

parasito (Jansen et al 1999).

1.4 – O parasito: Trypanosoma cruzi

É um protozoário hemoflagelado pertencente à ordem Kinetoplastida, Família

Tripanosomatidae e Gênero Trypanosoma. Apresenta um único flagelo e uma estrutura

particular localizada dentro de uma mitocôndria única e que é rica em DNA – o

cinetoplasto – responsável pela principal característica da ordem. Pertence à seção

Stercoraria dentro do gênero Trypanosoma por apresentar um desenvolvimento na

porção posterior do intestino do triatomíneo que culmina com a liberação de formas

infectivas pelas fezes. T. cruzi apresenta um complexo ciclo evolutivo (Figura 01)

incluindo formas evolutivas distintas – amastigota, epimastigota e tripomastigota. É um

tripanosomatídeo eurixeno e digenético, uma vez que parte do seu ciclo ocorre em

hospedeiro vertebrado e invertebrado (Hoare 1964, Hoare 1972, De Souza 2000),

representados respectivamente, pelos mamíferos e triatomíneos silvestres, domiciliados

ou domésticos.

O vetor tem por hábito defecar durante ou logo após o repasto sangüíneo no

hospedeiro vertebrado, eliminando junto com suas dejeções (fezes e urina) as formas

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infectantes do parasito (tripomastigota metacíclica). As formas tripomastigotas

metacíclicas encontradas nas dejeções podem penetrar no hospedeiro por uma solução

de continuidade da pele ou pela mucosa atingindo qualquer tipo de célula. As formas

tripomastigotas sanguíneas entram nas células dos hospedeiros vertebrados e

permanecem ali, por várias horas, no interior de um vacúolo parasitofóro mantendo sua

motilidade e, em seguida, assumem progressivamente uma forma arredondada ou oval.

Gradativamente, a membrana do vacúolo parasitofóro é degradada pelo parasito através

da liberação de enzimas e embora os parasitos tenham penetrado na célula recentemente

e já se apresentem como formas arredondadas eles podem ter um flagelo longo. Porém,

após algumas horas este flagelo encurta-se, atingindo um comprimento com cerca de

1µm. As formas tripomastigotas transformam-se então em amastigotas que permanecem

inalteradas, apenas aumentando em tamanho, iniciando cerca de 35 horas após a divisão

binária. O ciclo de vida intracelular do T. cruzi é influenciado pelo crescimento e

temperatura das células dos hospedeiros vertebrados. Durante a transformação, ocorrem

mudanças na organização geral da célula, como a estrutura do cinetoplasto e o flagelo.

Após alguns dias do inicio da divisão, muitos parasitos são encontrados no interior da

célula hospedeira, entretanto, a população de parasitas intracelulares não se diferencia

ao mesmo tempo. Assim, num determinado momento, todas as fases de transição entre

amastigotas e tripomastigotas podem ser encontradas numa mesma célula. No final do

ciclo intracelular do parasito, o movimento deles é intenso, devido à presença do

flagelo, o que auxilia na ruptura da célula do hospedeiro e na liberação dos parasitos que

vão infectar novas células ou atingir diferentes órgãos nos hospedeiros vertebrados. As

formas tripomastigotas de T. cruzi não se dividem no sangue e dois tipos morfológicos

são observados: uma forma curta com núcleo alongado, cinetoplasto subterminal e um

flagelo livre curto; e uma forma longa com núcleo oval, um cinetoplasto mais terminal e

um flagelo mais longo. O predomínio de uma forma ou outra depende da cepa e do

tempo de infecção (De Souza 2000, 2002, Buscaglia & Di Noia 2003).

Durante a hematofagia no hospedeiro vertebrado, as formas tripomastigotas

sanguíneas são ingeridas e no intestino do hospedeiro invertebrado se transformam em

epimastigotas. Ao migrarem para a porção posterior do intestino do inseto, estas sofrem

a metaciclogênese e originam as formas tripomastigotas metaciclícos (De Souza 2000,

2002, Buscaglia & Di Noia 2003).

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Figura 01: Ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi. No intestino do hospedeiro

invertebrado (A), formas epimastigotas (B) se multiplicam e se diferenciam em

tripomastigotas metaciclícos (C) que são formas infectantes para o hospedeiro

vertebrado (D). No hospedeiro vertebrado as formas tripomastigotas metaciclicas se

aderem (E) e penetram (F) nas células; no interior da célula se diferenciam em formas

amastigotas replicativas (G). Formas amastigotas se diferenciam em tripomastigotas

sanguíneos (H) que podem invadir qualquer tecido do hospedeiro ou circular na corrente

sanguínea, ou ainda ser ingerido pelo inseto vetor (A).

Adaptado de: http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=11.

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Dentre os fatores que propiciam a ocorrência da infecção por T. cruzi estão o

contato de pessoas com triatomíneos infectados com o parasito; o grau de antropofilia

do triatomíneo, que deve ser elevado; tempo curto entre a picada e a defecação do

triatomíneo; número e volume de evacuações levando em conta a relação do número de

parasitos eliminados nas dejeções do triatomíneo. Outro importante fator é a capacidade

de penetração associada ao nível de irritação e prurido apresentado pela reação alérgica

decorrente da picada (Coura 2003).

T.cruzi apresenta uma grande variabilidade fenotípica e genotípica em suas

cepas, o que pode justificar, em parte, as várias formas de manifestação clínica da

doença de Chagas observadas em diferentes regiões geográficas (Miles et al 1981b).

Prata (1985) preocupou-se em identificar as variações clínicas e epidemiológicas da

doença de Chagas, em reconhecer as cepas e tipos de T. cruzi e por fim correlacioná-los.

A caracterização destes parasitos, procedentes de diferentes hospedeiros, através de

técnicas morfológicas, biológicas, bioquímicas e moleculares (Lainson et al 1979) visa

contribuir para o esclarecimento do significado biológico e repercussão dessa

variabilidade na clínica e na epidemiologia dessa enfermidade.

Um dos métodos de identificação de populações de parasitos é baseada na

detecção da variação eletroforética de isoenzimas (análise de zimodemas). A

eletroforese enzimática utiliza matérias-primas e extratos solúveis de um organismo

para avaliar a atividade de uma proteína e seu produto revelado através de uma reação

colorimétrica. Sob condições controladas, diferenças na mobilidade isoenzimática

implicam em diferenças genéticas (Miles 1985, Miles & Cibulkis 1986). Toye (1974)

foi o primeiro a utilizar isoenzimas na classificação de tripanossomas do novo mundo e

observou diferenças entre amostras de T. cruzi. Miles et al (1977, 1978, 1980, 1981a, b)

realizaram vários estudos sobre a variabilidade isoenzimática entre populações de T.

cruzi do nordeste do Brasil e, posteriormente, de diferentes regiões do país, empregando

seis enzimas: ALAT (alanina amino transferase), ASAT (aspartato amino transferase),

glucofosfato isomerase (GPI), glicose 6 fosfato desidrogenase (G6PDH), enzima málica

(EM) e fosfoglicomutase (PGM), caracterizando três perfis de enzimas pertencentes a

grupos de parasitos chamados zimodemas I (Z1), II (Z2) e III (Z3). O Z1 e Z3 estão

relacionados ao ciclo de transmissão silvestre e o Z2 ao ciclo de transmissão doméstico

de transmissão do parasito. À medida que o número de isoenzimas analisadas foi sendo

ampliado e sub-populações que circulam entre vertebrados domésticos, silvestres e

invertebrados foram estudadas, verificou-se um alto grau de heterogeneidade do T.cruzi

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(Miles et al 1980, Bogliolo et al 1986, Tibayrenc et al 1986, Tibayrenc & Ayala 1988,

Barnabé et al 2000).

Com o avanço tecnológico e a descoberta de novas ferramentas da biologia

molecular foi possível o estudo sobre a diversidade de T. cruzi através da análise do

DNA permitindo a caracterização molecular de cepas deste parasito (Devera et al 2003).

O gene de mini-exon está presente no genoma nuclear de Kinetoplastida em

torno de 200 cópias em um arranjo do tipo tandem, constituído de três distintas regiões:

éxon, intron e regiões intergênicas. O éxon é uma seqüência altamente conservada entre

os componentes da Ordem, sendo adicionada pós transcripcionalmente aos RNA

mensageiros nucleares (Devera et al 2003). O intron é moderadamente conservado entre

as espécies do mesmo gênero ou sub-gênero e a região intergênica é particularmente

diferente entre as espécies. Em relação ao T. cruzi, em particular, a amplificação da

região intergênica do mini-exon pela Reação em cadeia de polimerase (PCR) permitiu

classificar os diferentes isolados em dois principais grupos taxonômicos - T. cruzi I e T.

cruzi II (Fernandes 1996, Souto et al 1996, Fernandes et al 1998). Uma abordagem mais

recente para tipar cepas de T. cruzi é a utilização de PCR-multiplex baseada na região

intergênica, a qual permite classificar um isolado em T. cruzi I, T. cruzi II, T. cruzi Z3

ou T. rangeli que apresentam respectivamente 200, 250, 150 pb e 100 pb (Fernandes et

al 2001a).

1.5 - Proteínas de superfície envolvidas na interação parasito-hospedeiros As proteínas de superfície estão diretamente envolvidas no reconhecimento

celular e penetração, podendo funcionar como importantes antígenos que elicitam a

resposta imune humoral e celular (Zingales & Colli 1985, Giovanni-de-Simone et al

1988, Souto-Padrón et al 1990). Podem ainda desempenhar o papel de receptores

celulares, envolvidos com a transdução de sinais externos para o interior da célula

(Berridge 1985, Monteiro et al 2007).

Estudos com diferentes tripanosomatídeos, demonstram que certas proteínas

estão associadas com a infectividade, crescimento e diferenciação celular (Ilgoutz &

McConville 2001).

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1.5.1 – Proteases

As proteases, peptidases ou peptídeo hidrolases são enzimas encontradas em

vários organismos, desde os vírus até os seres humanos, catalisando um amplo espectro

de reações biológicas importantes, incluindo metabolismo proteico, reações imunes,

remodelação tecidual, digestão, apoptose e coagulação sangüínea (North 1991, Beynon

& Bond 2001). Essas enzimas catalisam a quebra das ligações peptídicas das proteínas.

As proteases são classificadas como hidrolases porque para ocorrer a clivagem

proteolítica é utilizada uma molécula de água (Beynon & Bond 2001). As proteases que

degradam os terminais de uma cadeia polipeptídica são denominadas de exopeptidases

ou mais especificamente de amino e carboxipeptidases, dependendo da extremidade que

é clivada da cadeia de aminoácidos do substrato. As aminopeptidases agem no terminal

NH2 livre da cadeia de polipeptídio e liberam um único aminoácido, um dipeptídio ou

um tripeptídio e as carboxipeptidases agem no terminal COOH da cadeia polipeptídica e

liberam um aminoácido ou um dipeptídio. Já as que catalisam a clivagem de ligações

peptídicas internas são chamadas de endopeptidases ou proteinases (Bond & Butler

1987, Kotera et al 2004, Santos et al 2006a).

O critério de classificação com base nos grupos químicos presentes em seu sítio

ativo, divide as proteinases em 6 subclasses principais: serina, cisteíno (tiol), aspártico

(carboxi), metalo, treonina e glutâmico proteinases. (Barrett et al 2001, Santos et al

2006a).

Existe ainda um outro sistema mais atual de classificação das proteases, o

MEROPS (merops.sanger.ac.uk), que agrupa as enzimas em famílias de acordo com a

homologia na seqüência de aminoácidos (Barrett et al 2001).

A atividade proteolítica em uma célula deve ser altamente regulada para prevenir

degradação inapropriada e não controlada de proteínas e peptídeos. Portanto, a ação de

uma protease deve ser limitada por sua localização subcelular e regulada em inúmeras

etapas (Bond & Butler 1987). Algumas proteases celulares degradam exclusivamente

proteínas e peptídeos residentes no interior da célula, incluindo proteases citossólicas e

mitocondriais, outras são sintetizadas e exportadas para o espaço extracelular (proteases

secretadas e/ou excretadas), como por exemplo, proteases lisossomais e de membrana

plasmática (Wolf 1992).

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1.5.2 - Proteases em Tripanosomatídeos

As enzimas proteolíticas foram demonstradas como um fator importante na

patogênese de inúmeras doenças parasitárias, tendo participação especial durante a

ligação e penetração do parasito nas células hospedeiras, em contrapartida aos

mecanismos de defesa do hospedeiro, assim como na nutrição durante a infecção,

escape, proliferação e diferenciação celular (North 1982, McKerrow 1989, McKerrow

et al 1993). O estudo de proteases em tripanosomatídeos foi proposto como alvo

potencial à pesquisa de novas drogas antiparasitárias e como reagentes para uso em

diagnóstico laboratorial (North 1982, McKerrow 1989). Três classes principais de

enzimas proteolíticas já foram detectadas em tripanosomatídeos: cisteíno, metalo e

serina proteinases (North 1982, McKerrow 1989, McKerrow et al 1993, North 1992,

Mottram et al 1998, Feder et al 1999, Nogueira de Melo et al 2006, dos Santos et al

2008).

1.5.2.1- Cisteíno proteinases em Tripanosomatídeos

As cisteínos proteinases (CP) já foram detectadas em muitas espécies da família

Tripanosomatidae (Cazzulo et al 2001, D'Avila-Levy et al 2005). As CPs podem ser

classificadas em famílias e clãs, dependendo de suas características evolutivas como

estruturas tridimensionais semelhantes, alto grau de homologia entre as seqüências de

aminoácidos do sítio ativo e especificidades bioquímicas (Barrett 1994).

A principal CP de Trypanosoma cruzi é a cruzaína, cruzipaína ou GP57/51 e está

presente em todos os estágios de desenvolvimento do flagelado em diferentes

quantidades (Cazullo 2001, Murta et al 1990).

1.5.2.2– Cruzipaína

A cruzipaína, cisteíno proteinase de T. cruzi mais importante e melhor

caracterizada, está envolvida em várias funções do parasito, dentre as quais diretamente

na nutrição e indiretamente, por ser uma proteinase lisossomal, na penetração de formas

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tripomastigotas na célula do hospedeiro. Outra função está baseada na defesa do

parasito contra o sistema imune dos mamíferos e nos processos de diferenciação

promovendo a transformação do parasito para os próximos estágios do seu ciclo de vida

(Cazullo et al 2001).

Segundo os mesmos autores, a cruzipaína pertence à família da papaína, é

expressa de forma diferente nos quatro estágios principais do ciclo de vida do parasito e

está armazenada em organelas específicas das formas epimastigotas – os reservosomas.

No entanto, estudos de imunocitoquímica sugerem a localização de isoformas desta

enzima também na membrana plasmática do parasito (Cazullo et al 2001).

1.6 – A quimioterapia da doença de Chagas

A quimioterapia da doença de Chagas é uma área de pesquisa acadêmica muito

intensa (Coura & De Castro 2002) tendo em vista que o tratamento etiológico ainda é

insatisfatório. A quimioterapia está restrita ao uso de duas drogas nitro-heterociclicas

descobertas a partir da década de 60, o composto nitrofurânico - nifurtimox (Lampit®,

Bayer) e um nitroimidazólico - o benznidazol (Rochagan®, Roche) (Urbina & Do

Campo 2003, Croft et al 2005). Outros fármacos também têm sido usados de modo

restrito no tratamento clínico da doença de Chagas como derivados azólicos, cetaconazol

e o alopurinol, sendo este último utilizado para redução da reativação de parasitemia em

pacientes imunossuprimidos. Entretanto, há controvérsias quanto à sua aplicação, pois

apresenta um efeito tripanostático transitório (Stoppani 1999). Violeta genciana tem sido

usada em bancos de sangue, mas devido à coloração azulada que confere ao sangue

tratado e consequentemente aos tecidos dos pacientes transfundidos, não é bem aceita

(Maya et al 2006).

Na década de 80, a comercialização de nifurtimox foi descontinuada na América

do Sul e em 2006 a Roche também interrompeu a produção de benznidazol no Brasil,

cedendo os direitos de patente deste medicamento ao governo brasileiro. Há algum

tempo atrás o nifurtimox foi re-introduzido na clínica porém está indisponível no Brasil

(Urbina & DoCampo 2003, Barrett et al 2003, Steverding & Tyler 2005).

Estes agentes têm sido principalmente utilizados em pacientes chagásicos agudos e

crônicos recentes, nos quais se observam resultados positivos, principalmente nas

crianças (≤ de 15 anos), calculando-se um percentual médio de cura em torno de 80%

(Coura & De Castro 2002, Urbina 2002, Dias 2006). São sugeridos também para o

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tratamento de infecções congênitas, transplantes de órgãos de doadores infectados,

quadros de re-agudização de pacientes imunossuprimidos e como medida de prevenção

frente a acidentes de laboratório (Amato-Neto 1999, Urbina 2001, 2002, Coura & De

Castro 2002). No entanto, a maioria dos estudos revela uma baixa eficiência destes

fármacos durante o tratamento de pacientes crônicos além da ocorrência de múltiplos

efeitos tóxicos que em muitos casos leva á interrupção do tratamento (Urbina &

Docampo 2003).

A variação observada quanto à eficiência de cura devido ao tratamento etiológico

está, em parte, relacionada a diferenças na susceptibilidade dos diversos estoques de T.

cruzi às drogas (Amato-Neto 1999, Coura & De Castro 2002). Estudos com diversos

isolados do parasito mostram um espectro variável (0-100%) de susceptibilidade in vitro

e in vivo a diferentes fármacos, incluindo o nifurtimox e o benznidazol (Martinez-Diaz et

al 2001, Toledo et al 2003, De Souza et al 2004, Campos et al 2005, Coronado et al

2006). Como a população de T. cruzi é extremamente heterogênea, caracterizada por

diferenças morfológicas, biológicas, patológicas, clínicas, imunológicas, bioquímicas e

moleculares (Devera et al 2003) pode-se associar a variável eficácia da quimioterapia

entre as diferentes regiões endêmicas a diferenças na susceptibilidade das diferentes

populações do parasito (Urbina 2001).

Os mecanismos de ação de nifurtimox e do benznidazol estão relacionados à

geração de radicais livres e/ou metabólicos eletrofílicos. Sabe-se que o grupo nitro de

ambos compostos é reduzido a um grupo amino através da ação de nitroredutases do

T. cruzi, levando à formação de vários radicais e de metabólitos eletrofílicos que se

ligam a lipídeos, proteínas e DNA do parasito, danificando-os (Stoppani 1999, Maya et

al 2006).

Maya et al (2006) sugerem que o principal mecanismo de ação do nifurtimox seja

através de sua nitroredução com geração de radicais nitroaniônicos que, em presença de

oxigênio, leva à produção de 0-2 e H202, que são potencialmente lesivos para T. cruzi. O

parasito, diferentemente das células de mamíferos, é deficiente em mecanismos de

defesa contra o estresse oxidativo (comumente expressos em mamíferos), não possuindo,

por exemplo, catalase e glutationa peroxidase, e apresentando baixos níveis da enzima

superóxido dismutase. Assim, sendo T. cruzi parcialmente deficiente nos mecanismos de

detoxificação, ele se torna mais susceptível (em relação às células de mamíferos) aos

produtos de redução do oxigênio gerados pelo nifurtimox, particularmente o peróxido de

hidrogênio.

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O efeito tripanocida do benznidazol não parece estar relacionado à geração de

radicais livre sendo mais provável que, os metabólitos eletrofílicos gerados a partir deste

composto (como também frente à redução do nifurtimox) estejam envolvidos na morte

do T. cruzi através de sua associação covalente a macromoléculas e/ou associação ao

DNA, lipídeos e proteínas (Stoppani 1999, Coura & De Castro 2002, , Maya et al 2003,

Croft et al 2005, Maya et al 2006). Alternativamente, foi também descrita uma ação

inibitória direta do benznidazol sobre a atividade de topoisomerases do T. cruzi,

envolvidas nos processos de replicação e diferenciação do parasito (Murta et al 2006,

Croft et al 2005, Maya et al 2003, Riou et al 1984).

Os resultados obtidos no tratamento com estas duas drogas variam com a fase da

doença de Chagas, o período de tratamento e a dose, a idade e a origem geográfica dos

pacientes.

Santa-Rita et al (2005) descrevem o efeito sinérgico antiploriferativo de LPAs –

análogos de lisofosfolipídeos: edelfosine, ilmofosine e miltefosine com ketaconazol

contra epimastigotas e amastigotas intracelulares de T. cruzi e sugerem que em

epimastigotas a membrana, o reservossoma e a mitocôndria são alvos destas drogas,

possivelmente por interferência no metabolismo de lipídeos. Santa-Rita et al (2006),

confirmam o sinergismo contra formas epimastigotas e amastigotas do parasito. Tanto

edelfosine como ketaconazol, separados, induziram alterações morfológicas na

membrana plasmática e reservossoma, enquanto que a combinação entre os dois

conduziu a vários danos mitocondriais, formação de estruturas autofágicas e

multinucleação.

Menna-Barreto et al (2005) avaliaram o potencial de ação de um derivado do β-

lapachone, o naphtoimidazole N1, identificando como organelas alvo em epimastigotas

os reservossomas, a mitocôndria e o núcleo. Em tripomastigotas, no qual o

reservossoma está ausente, além da mitocôndria e do núcleo, o acidocalcissomo foi

afetado pelo composto.

Outros resultados promissores têm sido obtidos com as diamidinas aromáticas,

as quais apresentam intensa atividade antiparasítica contra diversos microorganismos

incluindo fungos, bactérias e protozoários (De Souza et al 2004, Tidwell & Boykin

2003). De Souza et al (2004), demonstraram que um análogo de furamidina, a DB569,

substância que apresenta uma substituição da amidina terminal por um grupo fenil,

mantém inalterada a capacidade de ligação a DNA, e apresenta uma atividade

tripanocida potencializada em relação à furamidina. O mesmo grupo observou que após

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o tratamento com furamidina e com seu análogo DB569, ocorria mortalidade de parte

das formas tripomastigotas sangüíneas, com características de morte celular programada

do tipo I ou apoptose (De Souza et al 2006). Dados recentes sobre os danos na

freqüência cardíaca associada a um baixo parasitismo no miocárdio e aumento da

sobrevida dos animais tratados com DB569 foram diretamente relacionados à baixa

expressão de células T CD8+, sugerindo um possível papel imunomodulador da

diamidina além do seu potencial tripanocida (Soeiro et al 2007).

Os dados da literatura suportam a idéia de que mais estudos precisam ser

realizados em cepas padrão, e em isolados obtidos de hospedeiros vertebrados e

invertebrados, pois desta forma poderão ser obtidas informações relevantes sobre como

estes parasitos estão circulando na natureza. Assim, poderá ser estabelecido um registro

sobre o comportamento destes isolados silvestres frente à ação de drogas, utilizadas no

tratamento de pacientes chagásicos, uma vez que cada área pode apresentar um tipo de

parasito com diferentes graus de susceptibilidade às drogas, que pode ser responsável

pelas diferentes respostas ao tratamento.

1.6.1 – O Benznidazol

O benznidazol, representado esquematicamente na Figura 02, deve ser

administrado na dose de 5-10mg/kg/dia durante 60 dias, sendo que este tratamento pode

ser estendido por até cinco meses em pacientes imunocomprometidos ou abreviado

quando se trata de infecção acidental em laboratório, com um esquema profilático de 10

a 15 dias somente (Maya et al 2006). Os efeitos colaterais desse composto incluem

anorexia, dor de cabeça, vômitos, insônia, mialgia, manifestações cutâneas (dermatites,

edemas generalizados), febre, depressão da medula óssea, trombocitopenia e

polineuropatias periféricas (Castro et al 2006, Maya et al 2006).

N

NO2

CH2 CNH

O

CH2

Figura 02: Representação esquemática da fórmula aromática do Benznidazol

(N-benzil-2-nitro-1-imidazol acetamida)

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2 - PROBLEMÁTICA

Trypanosoma cruzi é uma espécie heterogênea constituída de várias populações

(cepas) e sub-populações do parasito que circulam entre os vários hospedeiros

domésticos e silvestres, vertebrados e invertebrados (Morel et al 1986, Zingales et al

1998,Tibayrec & Ayala 1988, Miles et al 1980, 1977). Pode-se definir cepa como

isolado de parasitas obtidos de uma infecção natural e mantidos em laboratório e que é

constituída por uma ou mais populações clonais (Morel et al 1980, Araújo & Chiari

1988, Macedo et al 1992). A diversidade intra-específica de isolados de T. cruzi foi

evidenciada por diferenças das formas sangüíneas (Brener 1965), da virulência e da

patogenicidade (Lauria-Pires et al 1997, Tekiel et al 1997), cinética de crescimento

(Deane et al 1984b), susceptibilidade a agentes quimioterápicos, propriedades

bioquímicas e imunológicas (Zingales et al 1984, Braga et al 1993), além de

infectividade para células hospedeiras (Doyle et al 1984).

Nos anos sessenta, quando as atuais ferramentas moleculares não eram

disponíveis, Coura et al (1966) já defendiam o uso do termo “complexo cruzi” para

designar o protozoário, baseado na variação morfológica, características imunológicas,

virulência distinta e as diferenças regionais e individuais no padrão da doença de

Chagas (Coura 1966). Em 2003, o mesmo grupo propôs novamente o uso do termo

“complexo cruzi” para a identificação do T. cruzi (Devera et al 2003).

Muitos são os questionamentos acerca da doença de Chagas, que ainda hoje é

fator de risco para cerca de 120 milhões de pessoas na América Latina e já acomete

países como Estados Unidos, França, Espanha, México, Japão, Austrália e Reino Unido.

Apesar dos avanços nos estudos sobre diversos tipos de drogas tripanocidas ainda é

precário o conhecimento de seus efeitos em células parasitárias. Vários pesquisadores

têm demonstrado que a eficácia dos regimes terapêuticos depende das diferentes regiões

geográficas onde a doença ocorre (De Andrade et al 1996, Camandaroba et al 2003,

Barbosa et al 2007). Cepas de T. cruzi de diferentes áreas geográficas foram analisadas

por Toledo et al (1997) e apresentaram diferentes níveis de susceptibilidade a drogas

tripanocidas, variando de 0 a 100%. A diferente sensibilidade à droga foi evidenciada

tanto em isolados originados do ciclo silvestre no Paraná e Santa Catarina quanto

daqueles obtidos no Rio Grande do Sul e na Argentina. Estes dados confirmam a

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heterogeneidade destas cepas, demonstrando a importância de estudos com isolados de

várias procedências. Além destes fatos, diferentes isolados do parasito se comportam de

forma variada ao tratamento e populações de parasitos resistentes aos compostos têm

sido relatadas (Coura & de Castro 2002, Stewart et al 2005).

Como observado, a literatura aponta a heterogeneidade das populações de T.

cruzi como responsável pela refratariedade ao tratamento com benznidazol. Esta

característica pode estar relacionada a diferenças no perfil de proteínas expressas por

cada população. Além disso, alguns dados analisados em amostras de T. cruzi isoladas

de Triatoma vitticeps, nos permitem supor que a heterogeneidade observada, revelada

através dos estudos morfobiológicos e histopatológicos, pode estar relacionada às várias

manifestações clínicas da doença apresentada por pacientes chagásicos.

Técnicas as mais diversas têm sido utilizados nestes últimos anos para distinguir

amostras, populações ou linhagens de T. cruzi quanto a origem geográfica, as espécies

de hospedeiro, a virulência, patogenicidade, características fenotípicas, análise

genotípica, entre outros. A caracterização destes parasitos, procedentes de diferentes

hospedeiros, através de técnicas morfológicas, biológicas, bioquímicas e moleculares

tem contribuído para o esclarecimento do significado biológico e repercussão dessa

variabilidade na clínica e na epidemiologia dessa enfermidade.

Dessa forma, a heterogeneidade observada nas amostras estudadas até o momento,

evidencia a necessidade de aprofundar os estudos relacionados a isolados silvestres de T.

cruzi uma vez que estes representam a real situação destes parasitos enquanto circulam na

natureza.

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3 – OBJETIVOS

3.1 – Objetivo Geral

• Caracterizar sob o aspecto molecular, biológico e bioquímico amostras silvestres

de T. cruzi além de verificar a susceptibilidade destas ao benznidazol.

3.2 – Objetivos específicos

• Caracterização molecular de amostras de T. cruzi isoladas de Triatoma vitticeps

por PCR multiplex;

• Caracterização biológica “in vitro” através de obtenção de curva de crescimento

de amostras de T. cruzi isoladas de Triatoma vitticeps;

• Avaliação do perfil de proteínas de amostras de T. cruzi isoladas de Triatoma

vitticeps;

• Avaliação da susceptibilidade de amostras de T. cruzi isoladas de Triatoma

vitticeps ao benznidazol.

• Analisar por microscopia eletrônica o efeito do benznidazol sobre as formas

epimastigotas dos isolados.

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4 – METODOLOGIA

4.1 - Procedência dos parasitos

As amostras de Trypanosoma cruzi foram isoladas de Triatoma vitticeps (Figura

03) por Gonçalves TCM em 2000, na localidade de Triunfo, 2° distrito do município de

Santa Maria Madalena, estado do Rio de Janeiro (Figura 04). Foram capturados 465

espécimes de Triatoma vitticeps: 294 fêmeas, 156 machos e 15 ninfas em cinco áreas

diferentes: a área A, localizada a 250 metros de altitude e distante 3,5 Km da sede do

distrito, se encontrava muito modificada pelo desmatamento para o cultivo de bananas;

a área B, localizada a 130 metros de altitude, distando 4 Km da sede, situada num vale

com vegetação preservada (floresta secundária). Estas áreas estão numa distância de 2

Km uma da outra, separadas por uma montanha. A área C, sede do distrito, localizada a

40 metros, está totalmente modificada pela formação de pastos e as áreas D e E

totalmente preservadas e localizadas numa distância de 10 e 12 Km da sede,

respectivamente . Os isolados de T. cruzi utilizados neste estudo são provenientes dos

triatomíneos capturados nas área A, B e F (Tabela I). A área F está localizada em Vista

Alegre, no município vizinho de Conceição de Macabu. (Gonçalves 2000).

Os espécimes de triatomíneos, em cabine de segurança biológica, foram mortos

em clorofórmio, imersos em álcool 80%, por alguns segundos e deixados sobre uma

gaze estéril para retirar o excesso do álcool. Para a dissecção, foram alfinetados na

altura do pronoto e fixados em uma placa de Petri parafinada. Após a retirada das asas,

uma incisão foi feita em ambos os lados do abdome, nos conexivos, para a remoção dos

tergitos abdominais. Em seguida o tubo digestivo foi retirado e transferido para uma

placa de Petri pequena e estéril, contendo solução salina (NaCl 0,85%) antifúngico e

antibiótico. O tubo digestivo foi macerado e a solução distribuída da seguinte forma: a)

cultivo: transferência de 0,5 mL para dois tubos contendo meio de cultura, NNN (Novy

& Mac Neal 1904, Nicolle 1908) com fase líquida de meio LIT (Liver Infusion

Tryptose) (Camargo 1964); b) animal: inoculação de 0,1 mL intraperitonialmente em

dois camundongos suíços; c) lâminas: observação a fresco entre lâmina e lamínula ao

microscópio óptico, a fim de se verificar a presença de parasito e d) a criopreservação.

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Figura 03: Triatoma vitticeps

Foto: Genilton Vieira

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Figura 04: Vista geral da sede do Distrito de Triunfo, município de Santa Maria

Madalena, RJ, com destaque para as áreas de captura (A, B e C).

Com este procedimento obtivemos 102 amostras criopreservadas. Para o início

dos experimentos inicialmente foram escolhidas aleatóriamente duas amostras de cada

área. Entretanto, algumas destas amostras não apresentavam parasitos vivos ou

apresentavam-se contaminadas com bactérias, ou ainda, não apresentavam crescimento

satisfatório. Desta forma, um número maior de amostras foi novamente escolhido e de

acordo com o melhor desempenho obtido selecionadas.

Neste trabalho foram utilizadas sete amostras nomeadas como SMM (SMM1,

SMM10, SMM36, SMM53, SMM82, SMM88, SMM98). Todas estas sete amostras

foram utilizadas para a caracterização molecular, quatro destas para análise bioquímica

(SMM10, SMM53, SMM88, SMM98) e duas destas (SMM10, SMM88) para as demais

análises.

Foto: Teresa Cristina M Gonçalves

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Tabela I

Procedência das amostras de Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps no

Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Isolado

(Amostra)

Área

Hospedeiro

Localidade

SMM10

SMM53

SMM88

A

A

A

Tv

Tv

Tv

Triunfo

Triunfo

Triunfo

SMM98 A Tv Triunfo

SMM36

SMM82

B

B

Tv

Tv

Triunfo

Triunfo

SMM1

F HCD Conceição

de Macabu

Tv – Triatoma vitticeps; HCD ( Hemocultivo de camundongo) - o parasito foi

inoculado em camundongo suíço e posteriormente isolado por hemocultivo.

4.2 - Manutenção dos parasitos

Em todos os experimentos foram utilizadas amostras que estavam

criopreservadas. Estas amostras foram retiradas do nitrogênio líquido, cultivadas e

mantidas em tubos de ensaio com tampa rosqueável contendo meio NNN (Novy &

Macneal 1904, Nicole 1908) acrescidos de 4mL de LIT (Liver Infusion Tryptose)

(Carmago 1964), como fase líquida, suplementado de 20% de SFB. Os tubos

permaneceram incubados a 28°C, com passagens a cada 14 dias, para manutenção das

amostras, não ultrapassando 6 passagens. Quando necessário, novas alíquotas foram

retiradas do nitrogênio líquido. A partir destes procedimentos, seguiram-se as

metodologias específicas para tipagem molecular, curvas de crescimento, análise

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bioquímica, susceptibilidade ao benznidazol e avaliação por microscopia óptica e

eletrônica.

4.3 - PCR-Multiplex para tipagem de cepas de Trypanosoma cruzi

A tipagem molecular foi realizada em sete amostras isoladas de Triatoma vitticeps

(SMM1, SMM10, SMM36, SMM53, SMM82, SMM88, SMM98) através da técnica de

PCR multiplex baseado no gene mini-exon. A cepa CL Brener de T.cruzi (provenientes

de um caso humano - TcII), a cepa H 14 de T. rangeli (proveniente de cultura de sangue

de um caso humano), T. cruzi DM28c (proveniente de Didelphis marsupialis-TcI), e a

cepa JJ de T. cruzi (proveniente de um caso humano-Z3) foram utilizadas como

amostras de referência (controle). Os parasitos em uma concentração de 2 × 109 foram

centrifugados (2500g a 4°C por 10 min) e lavados para extração de DNA. A integridade

do DNA foi verificada em gel de agarose a 1% e sua concentração foi estimada

utilizando um espectrofotômetro a 260 nm. A técnica de PCR Multiplex (adaptado por

Fernandes et al. 2001a, b) dos parasitos foi realizada utilizando 25 ng de DNA

genômico extraído utilizando o método de fenol – clorofórmio; o processo de

amplificação consistiu de 35 ciclos, incluindo desnaturação a 94°C anelamento a 50°C e

extensão a 72°C. Cinco primers foram utilizados: para TcI (5'-TTG CTC TGC GCAT

TCG GCA CAC-3 '), para TcII (5'-ACA CTT TCT GTG GCG CTG ATC G-3 '), para

Z3 (CCG CGW ACA ACC CCT MAT AAA AAT G-3 '), para Tr (CCT ATT GTG

CCC ATC ATC ATC TTC CCC G - 3 '), e para a mini-exon (5' TAC CAA TAT AGT

ACA GAA ACT G-3 '). Os primers liofilizados foram constituídos em TE (Tris-EDTA)

- 10 mM Tris pH 8,0; EDTA 1 mM. O produto da amplificação foi verificado por meio

de eletroforese em gel de agarose 2% em TBE (Tris–Borato–EDTA) 0,5 x, utilizando

um marcador de peso molecular em escala de 100 pb e a visualização com luz

ultravioleta, após coloração com brometo de etídio.

Para cada amostra foram realizadas 3 tipagens em experimentos diferentes para

controle interno. Os fragmentos obtidos devem apresentar os tamanhos a seguir: TcII -

250pb; TcI - 200pb; Z3 - 150 pb; Tr - 100 pb. O controle negativo foi realizado sem a

adição de DNA à reação.

As condições da reação e o perfil térmico usados foram padronizados para um

termociclador GeneAmp® PCR Instrument System 9600 (Perkin-Elmer).

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4.4 – Curva de Crescimento

Os parasitos mantidos em meio NNN acrescido de LIT e suplementado com

20% de SFB (soro fetal bovino) foram submetidos a dois repiques semanais em meio

LIT. A contagem para a curva de crescimento foi realizada em câmara de Neubauer,

com auxílio de contador manual, após diluição em salina estéril a 1:10 ou 1:100. As

contagens foram iniciadas após semeadura de 0,4 x 106 parasitos/mL no segundo

repique semanal em 4mL de meio LIT suplementado com 20% SFB, sendo este

considerado como dia zero. As contagens da curva foram realizadas em 20 dias

consecutivos. Foram realizadas três contagens para cada amostra em experimentos

diferentes utilizando o mesmo lote de meio LIT e de SFB.

4.5 – Análise Bioquímica

4.5.1 - Obtenção dos extratos celulares totais

Um volume de 10mL de cultura de formas epimastigotas das amostras silvestres

de T. cruzi (SMM10, SMM53, SMM88 e SMM98) e da amostra Dm28c com sete dias

de crescimento, na fase log, foram centrifugadas a 500xg a 4°C por cinco minutos. Os

sedimentos, correspondentes às células, foram lavados três vezes com tampão salino

fosfato (PBS) - 150mM NaCl, 20mM tampão fosfato, pH 7.2 - e ressuspensos em 100 µl

de PBS (1×108 formas epimastigotas quantificadas com o auxílio da câmara de

neubauer). Aos parasitos foi adicionado 1% de SDS (dodecil sulfato de sódio) e foram

submetidos a um ciclo de 1 minuto no gelo e um minuto no vórtex para a lise dos

parasitos seguido por centrifugação (5000g, 15 minutos, 4°C). Os sobrenadantes obtidos

após centrifugação correspondiam ao extrato celular do parasito (Santos et al 2005).

4.5.2 - Quantificação química de proteínas A concentração de proteínas produzida pelas células de T.cruzi foi analisada

pelo método descrito por Lowry et al (1951), utilizando-se soro albumina bovina (BSA)

como padrão.

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4.5.3 - Análise do perfil de proteínas totais celulares por SDS-PAGE

As proteínas foram separadas em SDS-PAGE a 12%, contendo gel de

empacotamento a 3%, de acordo com o sistema descrito por Laemmli (1970). Extratos

celulares dos parasitos, contendo o equivalente a 50µg de proteína foram adicionados a

10µl de tampão de amostra de SDS-PAGE (Tris 125mM; pH 6,8; SDS 4%; glicerol

20%; azul de bromofenol 0,002% e β-mercaptoetanol 5%), seguido por aquecimento a

100°C por 5 minutos. A eletroforese foi processada a 150V e corrente constante, a 4ºC e

os géis foram corados por prata (Merril 1990). As massas moleculares dos polipeptídeos

foram estimadas através da comparação da migração destes com a de proteínas padrão

(GIBCO BRL SDS-PAGE).

4.5.4- Atividade proteolítica

Para detectar a atividade proteolítica das amostras, foi utilizada a eletroforese em

gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) a 10% com 0,1% de gelatina como substrato

(Heussen & Dowdle 1980). Foram adicionados 5µL de tampão de amostra (Tris-HCl

50mM; pH 6.8; SDS 4%; glicerol 20% e azul de bromofenol 2%) às alíquotas na

concentração de aproximadamente 200µg de proteína de cada parasito. Logo após, as

amostras foram aplicadas no gel, seguindo a eletroforese a 150V em corrente constante

a 4˚C. Após a corrida, o gel foi incubado em Triton X-100 a 2.5%, em água destilada,

por uma hora, sob agitação constante para remover o excesso de SDS. Em seguida, os

géis foram incubados em 50mM tampão fosfato de sódio, pH 5,5; suplementado com 2

mM ditiotreitol (DTT) por 40h a 37°C para promover a proteólise.

Os géis foram corados por 2h, com 0,2% Coomassie blue R-250 em metanol-

acetico ácido-água destilada (50:10:40) e descorados overnight numa solução contendo

metanol-ácido acético – água destilada (5:10:85) (Santos et al 2005). As massas

moleculares das peptidases foram determinadas por comparação da mobilidade dos

marcadores comerciais padrões (GIBCO BRL SDS-PAGE).

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4.5.5 - Western blotting

Extratos proteicos dos parasitos foram separados em SDS-PAGE 10%, como

descrito no ítem 4.5.4, e transferidos (100V/300mA, 2h, 4ºC) para uma membrana de

nitrocelulose em tampão Tris-base 25mM, contendo ácido aminoacético 200mM e 20%

de metanol. Após a transferência, a membrana foi incubada por 1h em temperatura

ambiente em tampão de bloqueio (PBS pH 7,2; Tween 20 0,5%, leite em pó desnatado

5%). Em seguida, a membrana foi lavada três vezes (10 min cada) com solução de

bloqueio e incubado por 1 hora, com o anticorpo primário, uma imunoglubulina G (IgG)

policlonal de coelho anti-cruzipaina (gentilmente fornecido pelo Dr. Juan Jose Cazzulo,

Instituto de Investigaciones Biotecnologicas, Universidad Nacional de General San

Martin, Buenos Aires, Argentina), diluído em 1:2500. O anticorpo secundário utilizado,

foi uma IgG de cabra anti-coelho conjugada com peroxidase (Sigma Chemical) em

1:5000. Immunoblots foram expostos a filmes de raios-X após reação com reagentes

para quimiluminescência (kit ECL da Pierce, USA) (Santos et al 2006).

4.6 – Tratamento com benznidazol

4.6.1 - Efeito tripanocida do benznidazol (Bz) in vitro sobre as formas

epimastigotas de isolados silvestres de Trypanosoma cruzi

Formas epimastigotas de T. cruzi (2x106 parasitos/mL das amostras SMM10 e

SMM88) foram incubadas por 24, 48, 72 e 96 horas a 28°C com concentrações

crescentes de benznidazol (7,8 a 250µM) diluídas em meio LIT, retiradas de uma

solução estoque a 100mM, diluída em DMSO, sendo que a concentração final de

DMSO não excede 0,1%.

Após cada tempo de tratamento, uma alíquota de cada amostra foi coletada e

quantificada ao microscópio óptico (através de câmara de Neubauer) para determinação

do número de parasitos totais e cálculo de IC50 que representa a concentração da droga

capaz de matar 50% dos parasitos. Em paralelo, realizou-se a análise do grupo controle

(sem tratamento com benznidazol), no qual não foi adicionada a droga teste. Estes

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ensaios de atividade tripanocida foram conduzidos no Laboratório de Biologia Celular

do IOC. Foram realizados dois ensaios em duplicata.

4.6.2 – Confecção de Esfregaços

Alíquotas de 20µL das amostras estudadas foram retiradas para realização de

esfregaços em lâminas sendo a distensão realizada com auxílio de uma ponteira. Os

esfregaços secos foram fixados com metanol por 10 minutos e corados pelo método

Giemsa tamponado (pH 7,2) por uma hora, após o tratamento com HCl por 10 minutos.

Depois da coloração, as lâminas foram deixadas secando naturalmente (Carvalho 1973;

Itikawa & Ogura 1964).

4.6.3 – Análise ultraestrutural de parasitos tratados com benznidazol

Visando explorar possíveis alterações na morfologia dos parasitos tratados com

benznidazol in vitro, formas epimastigotas de T. cruzi (amostras SMM10 e SMM88)

foram tratadas ou não (controle) por 24 horas/28ºC com a dose de benznidazol

correspondente aos valores de IC50 previamente determinados para cada isolado de T.

cruzi.

Após o tratamento, os parasitos foram processados para a análise ultraestrutural.

Para a microscopia eletrônica de varredura foram lavados com PBS por três vezes,

fixados em glutaraldeído 2,5% em tampão cacodilato de sódio 0,1M, pH 7.2, por 1 hora

a temperatura ambiente. Após a fixação, o material foi colocado sobre uma lamínula

revestida com poli-L-lisina para adesão dos parasitos. A seguir foram lavados duas

vezes no tampão e pós fixados em Tetróxido de ósmio 1% em tampão cacodilato de

sódio 0,1M, pH 7.2, por 1 hora a temperatura ambiente e no escuro. O material foi

desidratado em séries crescentes de acetona (7,5%, 15%, 30%, 50%, 70%, 90% e 100%)

e submetido ao método de secagem pelo ponto crítico com CO2 superseco, em aparelho

Balzers. Posteriormente, as amostras foram montadas em suportes metálicos, utilizando

fita dupla face. Estas em seguida foram recobertas com ouro por um sistema de

evaporação conhecido por “sputtering”, onde o ouro é removido de um eletrodo maciço

por bombardeamento de íons em alto vácuo (Hayat 1970), utilizando aparelho Balzers.

A observação das amostras foi feita ao microscópio eletrônico de varredura Jeol JSM

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28

6390LV, sendo as imagens obtidas capturadas diretamente no computador utilizando o

programa SemAfore.

Para a microscopia eletrônica de transmissão, as amostras foram fixadas em

solução contendo glutaraldeído 2,5%, paraformaldeído 4% (Karnovsky 1965) e cloreto

de cálcio 0,5% mM em tampão cacodilato de sódio 0,1M, pH 7.2. A seguir foram

lavados sob centrifugação a 800g, por 2 vezes durante 5 minutos em tampão cacodilato

de sódio 0,1M, pH 7.2 e pós-fixados em tetróxido de ósmio 1%, ferricianeto de potássio

0,8% e 0,5mM de cloreto de cálcio em tampão cacodilato de sódio 0,1M, pH 7.2, por 1

hora à temperatura ambiente, no escuro. As amostras foram desidratadas sob

centrifugação a 800g, em gradientes crescentes de acetona a 50%, 70%, 90%, durante 5

minutos cada e a 100%, 2 vezes por 10 minutos. Posteriormente, o material foi

infiltrado em Epon seguido de inclusão definitiva em formas plásticas, para

polimerização em estufa a 60º por 48 horas. Dos blocos obtidos por este processo foram

confeccionados cortes ultrafinos (50-80 nm de espessura), recolhidos em grades de

cobre e contrastados com acetato de uranila a 5% em água, por 15 minutos e a seguir em

citrato de chumbo a 2% em água durante 2 minutos para a observação ao microscópio

eletrônico de transmissão Jeol JEM 1011.

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29

SMM10

SMM53

SMM1

SMM88

SMM82

SMM36

SMM98

TrDm28c

CLBrener

[Neg]

Tr

Dm28c

CLBrenerJJ JJ

pb pb pbpb

5 – RESULTADOS

5.1 – PCR Multiplex

Os resultados obtidos por meio de análises moleculares revelaram que os

isolados apresentaram perfis semelhantes, exceto para a amostra SMM1 (área F). As

amostras SMM10, SMM53, SMM88, e SMM98 (área A) e SMM36 e SMM82 (área B)

revelaram a presença de 150 pb, indicando assim que elas pertenciam ao o zimodema III

(Z3). A amostra SMM1, assim como as demais também é semelhante à Z3 (150bp),

porém apresenta uma outra banda que possivelmente poderia estar relacionada ao perfil

TcII (250bp) , muito semelhante à cepa de referência CL Brener (Figura 05).

Figura 05: PCR Multiplex – Mini-exon. Gel de agarose 2% para eletroforese foi

amplificado utilizando-se isolados de Trypanosoma cruzi de referência correspondentes

aos grupos populacionais TcI, TcII, Z3 e T. rangeli e comparados com isolados

silvestres do Estado do Rio de Janeiro. 1. Marcador de peso molecular (100pb-DNA); 2.

SMM98; 3. SMM36; 4. SMM82; 5. T. rangeli; 6. CL Brener; 7. DM28c; 8. JJ; 9.

Marcador de peso molecular (100pb-DNA); 10. SMM1; 11. SMM10; 12. SMM53; 13.

SMM88; 14. T. rangeli; 15. CL Brener; 16. DM28c; 17. JJ; 18. Marcador de peso

molecular (100pb-DNA); 19. Controle negativo (Sem adição de DNA). pb = pares de

bases.

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30

5.2 – Curva de crescimento

Foram realizadas em meio LIT três curvas de crescimento para cada amostra

(SMM10 e SMM88). A Figura 06 representa a média do número de parasitos por mililitro

de cultura. As médias e os desvios padrão correspondentes encontram-se na Tabela II. As

duas amostras apresentaram um crescimento diferenciado observando-se picos de

crescimento em mais de um ponto da curva. A amostra SMM10 atinge um pico de

crescimento no 14º dias e após um pequeno declive, volta a crescer até atingir um novo

pico no 19º dia para em seguida tornar a declinar. A amostra SMM88 apesar de também

apresentar um pico de crescimento no 14º dia, foi quantitativamente inferior neste período

em relação à outra amostra. A amostra volta a crescer exibindo mais dois picos no 17º e

no 19º dias de curva. Dessa forma, o crescimento máximo no meio LIT foi observado

entre os dias 14 e 19 para a amostra SMM10 e entre os dias 17 e 20 para a amostra

SMM88.

Tabela II: Valores médios e desvio padrão do número de parasitos obtidos nas três

curvas de crescimento dos isolados SMM 10 e SMM 88.

Dias de contagem

Cepas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SMM 10 4 7,5 ±0,86

7,8 ±1,04

15,5 ±2,59

27 ±5,77

38 ±12,12

59,3 ±16,74

70,1 ±31,01

121,5 ±31,12

171,7 ±40,72

231,7 ±72,51

SMM 88 4 4,5 ±0,86

5,6 ±0,28

11 ±1,73

16,6 ±7,21

37 ±9,52

65,67 ±22,81

80,8 ±18,82

114 ±16,39

175 ±27,84

206,7 ±34,03

Dias de contagem (continuação)

Cepas 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

SMM 10 286,7 ±79,11

343,3 ±48,05

416,7 ±55,08

455 ±40,93

458,3 ±61,71

456,7 ±20,21

390 ±17,32

413,3 ±35,12

506,7 ±70,24

453,3 ±22,55

SMM 88 253,3

±92,92 258,3

±59,65 266,7

±89,49 301,7

±75,22 286,7

±68,98 360

±99,62 421,7

±88,93 361,7

±57,95 418,3

±40,72 423,3

±38,19

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Curva de crescimento

4

54

104

154

204

254

304

354

404

454

504

554

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Dias de contagem

nº d

e pa

rasi

tos

x 10

5

SMM10 SMM88

Figura 06: Curvas de crescimento obtidas a partir da média aritimética de três

experimentos realizados para as amostras SMM 10 e SMM 88.

5.3 – Análise Bioquímica

5.3.1 – Perfil de proteínas totais celulares por SDS-PAGE

A separação de proteínas solúveis revelou um perfil polipeptídico distinto

contendo, aproximadamente, 20-30 bandas variando de 25 a > 200kDa (Figura 07).

Foram observadas pequenas diferenças qualitativas no perfil protéico entre as amostras

analisadas, como uma banda com cerca de 80kDa que foi expresso apenas em SMM88 e

Dm28c; uma banda com cerca de 55kDa que foi detectada nas amostras SMM10 e

SMM88 e não nas outras amostras; uma banda com cerca de 50kDa observada

exclusivamente nas amostras SMM53 e SMM98 e uma banda com cerca de 100kDa

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32

66

116

45

28

35

200

100

55

45

80

SMM10PM

SMM53

SMM98

SMM88

Dm28c

1 52 63 4

50

observada exclusivamente nas amostras SMM53 e SMM98. Além destas, polipeptídios

com massas moleculares semelhantes foram detectados em todas as amostras estudadas,

apresentando bandas com massas moleculares entre 45 e > 200 kDa.

Figura 7: SDS-PAGE a 12% demonstrando o perfil de proteína total dos isolados

silvestres e da cepa padrão de Trypanosoma cruzi: Linha 1 – marcador de peso

molecular: 116, 66, 45, 35, 28 kDa; Linha 2 – SMM10; Linha 3 – SMM53; Linha 4 –

SMM88; Linha 5 – SMM98; Linha 6 – Dm28c

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33

5.3.2 – Atividade Proteolítica

Os resultados da atividade proteolítica obtidos através da análise zimográfica

evidenciaram uma protease com massa molecular aparente de 45kDa em todas as

amostras (SMM10, SMM53, SMM88, SMM98 e Dm28c). Além desta, a amostra

SMM10 produziu uma atividade proteolítica adicional de 55 kDa e a amostra Dm28c

apresentou uma massa molecular com cerca de 65 kDa. Uma vez que as massas

moleculares obtidas possuíam perfil semelhante ao da cruzipaína (cisteína protease

produzida por T. cruzi), ensaios de Western blotting foram realizados utilizando um

anticorpo anticruzipaina. Nestes ensaios foi possível observar uma reação positiva ao

anticorpo entre os isolados testados apresentando uma forte banda com aparente massa

molecular entre 40 e 50kDa. Esta mesma banda também foi observada na amostra

Dm28c, utilizada como controle. Além disso, uma banda adicional de 66kDa foi

também evidenciada pelo anticorpo anticruzipaina na amostra SMM10 e na Dm28c

(Figura 08).

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34

PMSMM10

SMM53

SMM88

SMM98

1 2 3 4 5 6 321 4 5

Dm28cSMM10

SMM53

SMM88SMM98

Dm28c

116

66

45

35

A B

Figura 8: A - Análise zimográfica de Trypanosoma cruzi evidenciando bandas de

aproximandamente 66, 55 e 45 kDa. Linha 1: marcador de peso molecular:116, 66, 45,

35 kDa; Linha 2: SMM10; Linha 3: SMM53; Linha 4: SMM88; Linha 5: SMM98;

Linha 6: Dm28c. B – Western blotting dos isolados silvestres de T. cruzi utilizando

anticorpo anti-cruzipaína. Linha 1: SMM10; Linha 2: SMM53; Linha 3: SMM88; Linha

4: SMM98; Linha 5: Dm28c.

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35

5.4 – Tratamento com benznidazol

5.4.1 - Efeito tripanocida de benznidazol sobre os isolados SMM10 e SMM88 de

Trypanosoma cruzi

De modo a avaliar e comparar o perfil de susceptibilidade ao benznidazol dos dois

isolados silvestres de T. cruzi, formas epimastigotas de SMM10 e SMM88 foram

incubadas, ou não com a droga, por até 96 horas a 28°C em meio LIT, sendo o percentual

de parasitos vivos determinado a cada 24 horas.

Os resultados revelaram que o benznidazol apresentou um potente efeito

tripanocida. Foi observado um declínio dose dependente no número de parasitos das

amostras SMM10 (Figura 09A) e SMM88 (Figura 09B) ao longo da cinética estudada. A

análise do percentual de parasitos mortos com 24 horas de tratamento, sugere um perfil

moderadamente mais susceptível ao benznidazol da amostra SMM10 em relação a

amostra SMM88. De fato, o cálculo das IC50 (Tabela III) para esse período de incubação

(24h), revela valores de IC50 de 24 e 61µM para SMM10 e SMM88, respectivamente. No

entanto, a análise do efeito do benznidazol a partir de 48 até 96 horas de tratamento

revelou somente pequenas diferenças relativas à susceptibilidade entre as duas amostras

frente a esta droga (Figura 10), os dados de IC50 dos dois isolados foram semelhantes a

partir de 48 até 96 horas de tratamento, alcançando valores entre 6,6 e 14µM (Tabela III).

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36

SMM88

0

200

400

600

0 50 100 150 200 250

[ ] Bz (µM)

de p

ara

sit

os/m

L (

x104

) 24h 48h 72h 96h

SMM10

0

200

400

600

0 50 100 150 200 250

[ ] Bz (µM)

de p

ara

sit

os/m

L (

x104

)24h 48h 72h 96h

B

A

Figura 09: Efeito dose dependente in vitro do benznidazol sobre formas epimastigotas de

amostras de Trypanosoma cruzi em meio LIT. A - SMM10; B - SMM88. Média e desvio

padrão (n=2).

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37

Figura 10: Determinação do percentual de parasitos mortos frente a incubação in vitro de

benznidazol com formas epimastigotas de amostras de Trypanosoma cruzi (SMM 10 e

SMM88), após tratamento por 24 (A), 48 (B), 72 (C) e 96 horas (D) em ensaios

realizados em meio LIT. Média e desvio padrão (n=2).

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38

96h de tratamento com Bz

0

50

100

0 50 100 150 200 250

[ ] de Bz (µM)

% d

e p

ara

sit

os

mo

rto

s

SMM10 SMM88

48h de tratamento com Bz

0

50

100

0 50 100 150 200 250

[ ] de Bz (µM)

% d

e p

ara

sit

os

mo

rto

s

SMM10 SMM88

24h de tratamento com Bz

0

50

100

0 50 100 150 200 250

[ ] de Bz (µM)

% d

e p

ara

sit

os

mo

rto

s

SMM10 SMM88

72h de tratamento com Bz

0

50

100

0 50 100 150 200 250

[ ] de Bz (µM)

% d

e p

ara

sit

os

mo

rto

s

SMM10 SMM88

A

C D

B

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Amostras 24h 48h 72h 96h

SMM10 24,0 µM 6,0 µM 7,0 µM 7,0 µM

SMM88 61,0 µM 14,0 µM 11,0 µM 8,0 µM

Tabela III: Valores de IC50 (µM) em 24, 48, 72 e 96 horas para o efeito de Benznidazol

sobre formas epimastigotas de Trypanosoma cruzi das amostras SMM 10 e SMM 88 em

meio LIT.

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40

5.4.2 - Análise morfológica de parasitos tratados com benznidazol

Após o tratamento dos parasitos por 24 horas/28ºC com a dose de benznidazol

correspondente aos valores de IC50 previamente determinados para cada isolado de

T.cruzi, foi possível observar alterações morfológicas, em ambos os isolados, incluindo

inchaço do corpo celular e flagelos alongados (Figura 11).

Figura 11: Formas epimastigotas de Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps. Amostra

SMM10: A - não tratada; B - após incubação in vitro com benznidazol (IC50); Amostra SMM88: C - não

tratada; D - após incubação in vitro de benznidazol (IC50).

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41

Através da microscopia eletrônica de varredura podemos constatar em ambas as

amostras as deformações sofridas no corpo celular, apresentando-se os parasitos em sua

maioria com a forma arredondada e com retrações na superfície do corpo. Os flagelos

apresentaram-se muitas vezes bem alongados e freqüentemente com o aspecto rígido.

(Figura 13, 14). No material não tratado, observa-se a morfologia típica, inclusive com a

presença de rosetas (Figura 12).

Figura 12: Ultraestrutura por microscopia de varredura de formas epimastigotas de

Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps não tratadas por benznidazol

(controle). A: Amostra de Trypanosoma cruzi SMM88; B: Amostras de Trypanosoma

cruzi SMM10.

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42

Figura 13: Ultraestrutura por microscopia de varredura de formas epimastigotas de

Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps. A – D: Alterações ultraestruturais

frente incubação in vitro com benznidazol (IC50 – 24µM) das formas epimastigotas da

amostras de Trypanosoma cruzi SMM10.

A B

C D

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Figura 14: Ultraestrutura por microscopia de varredura de formas epimastigotas de

Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps. A – D: Alterações ultraestruturais

frente incubação in vitro com benznidazol (IC50 – 61µM) das formas epimastigotas das

amostras de Trypanosoma cruzi SMM88.

A B

C D

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44

A análise ultraestrutural das formas epimastigotas por microscopia eletrônica de

transmissão de cortes ultrafinos revelou que o tratamento com benznidazol causou em

várias células inchaço mitocondrial (swelling) com perda de matriz e das cristas

enquanto em outras foi observado a desorganização da morfologia mitocondrial

(Figuras 16A e 16B). O citoplasma apresenta intensa vacuolização, com algumas

células apresentando uma completa desorganização citoplasmática (Figuras 16D, E e F),

presença de figuras de mielina e estruturas semelhantes à autofagossomas

(autofagossoma-like) (Figuras 16A e 16C). Na maioria das células observadas não foi

evidenciada nenhuma alteração na camada de microtúbulos subpericulares (Figura 16).

Além disso, foi verificado alterações na morfologia nuclear com condensação anormal

da cromatina e no envoltório nuclear (Figuras 17A e 17B). O grupo controle apresentou

morfologia característica das cepas de referência conhecidas (Figuras 15A e B).

Figura 15: Ultraestrutura por microscopia de transmissão de formas epimastigotas de

Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps não tratadas com benznidazol

(controle). A- Amostra SMM10; B- Amostra SMM88.

A B

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45

Figura 16: Ultraestrutura por microscopia de transmissão de formas epimastigotas de

Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps. Amostra SMM10 com 24 horas de

tratamento com benznidazol (IC50 – 24µM).

A

C

B

E D

F

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Figura 17: Ultraestrutura por microscopia de transmissão de formas epimastigotas de

Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma vitticeps. Amostra SMM88 com 24 horas de

tratamento com benznidazol (IC50 – 61µM).

A

B

C

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47

6.0 – DISCUSSÃO

Muitos estudos são realizados para a caracterização de isolados de Trypanosoma

cruzi obtidos a partir de casos humanos, reservatórios silvestres e triatomíneos

principalmente em países da América Latina, evidenciando a heterogeneidade desta

espécie (Mello et al 1980, Gonzales et al 1995, Martinez-Diaz et al 2001, Pacheco et al

2005, Sanchez-Guillen 2006, Silva 2006, Cardinal et al 2008). Esses estudos

contribuem para o entendimento de aspectos epidemiológicos e clínicos da doença de

Chagas. Carlos Chagas em 1909, na sua descoberta já descrevia a diversidade

morfológica do parasito sugerindo uma hipótese de que a dualidade morfológica

encontrada poderia estar relacionada à diferenciação sexual.

Através de técnicas de biologia molecular (Morel 1986, Ávila et al 1990,

Mimori 1992, Tibayrenc et al 1993, Steindel et al 1993, Macedo et al 1992, Vago et al

1996, Souto et al 1996, Zingales et al 1998, Fernandes et al 1998a), foi possível

evidenciar um claro dimorfismo entre os isolados de Trypanosoma cruzi, levando ao

agrupamento das amostras de T. cruzi em duas grandes linhagens filogenéticas: T. cruzi

I e T. cruzi II. Entretanto, em estudos anteriores utilizando analise de isoenzimas, as

amostras de T. cruzi eram agrupadas em zimodemas e relacionavam-se três diferentes

grupos isoenzimáticos encontrados com o perfil epidemiológico dos isolados. Dessa

forma, os zimodemas I (Z1) e III (Z3) estariam relacionados ao ciclo silvestre do

parasito e o zimodema II (Z2) ao ciclo doméstico (Miles et al 1978, 1980). Podem-se

relacionar os grupos filogenéticos TcI e TcII com os zimodemas: TcI estaria relacionado

ao Z1 e o TcII estaria relacionado ao Z2. Porém, a posição de Z3 em relação aos grupos

filogenéticos TcI e TcII continua controversa e é constantemente debatida. Alguns

autores consideram que Z3 está mais perto filogeneticamente de TcI do que de TcII

(Miles et al 1981, Fernandes et al 1998b, Brandão & Fernandes 2006), enquanto outros

autores consideram o contrário (Barnabé et al 2000, Brisse et al 2000, Machado a Ayala

2001, Toma 2005). No entanto, outros autores têm incluído Z3 em uma posição

intermediária entre Z1 e Z2 (Stothard et al 1998).

A distribuição geográfica e as considerações epidemiológicas, tais como: fontes

naturais de infecção, vetores e reservatórios, foram estudados sugerindo-se diversas

associações (Miles et al 2005, Yeo et al 2005). T. cruzi I, parece estar associado a

marsupiais americanos (Didelphis spp) de distribuição ao norte, e T. cruzi II se encontra

associado a tatu em áreas do Cone-sul na América.

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No presente estudo, amostras de Trypanosoma cruzi isoladas de Triatoma

vitticeps provenientes de áreas A (SMM 10, 53, 88 e 98) e B (SMM 36 e 82) do

município de Santa Maria Madalena, estado do Rio de Janeiro, demonstram através da

análise por PCR multiplex pertencerem ao zimodema III (Z3), apresentando semelhança

com a cepa de referência JJ, pertencente ao mesmo zimodema (Z3). Além destas, uma

amostra oriunda da área F (SMM1) apresentou um perfil diferente uma vez que mesmo

mostrando similaridade para Z3 (150 pb), também apresentou uma outra banda que

pode estar relacionada a TcII (perfil com 250 pb) o que a colocaria em um perfil mais

semelhante à cepa de referência CL Brener.

Nossos resultados corroboram a hipótese de que um isolado de T. cruzi pode ser

produto de uma mistura de populações de parasitos uma vez que o vetor no ambiente

silvestre pode se alimentar de vários hospedeiros vertebrados. Esta complexidade foi

demonstrada por Fernandes et al (1999) em um estudo no estado do Rio de Janeiro que

mostrou a associação das duas linhagens de T. cruzi (TcI e TcII) com diferentes

hospedeiros silvestres.

Mendonça et al (2002), em um estudo na região Amazônica brasileira, município

de Barcelos, estado do Amazonas, isolaram amostras de T. cruzi, a partir casos

humanos, de Panstrongylus geniculatus e de Rhodnius brethesi, que foram

caracterizadas como Z3 por diversos marcadores moleculares (Fernandes et al 1998b,

Brandão & Fernandes 2006, Freitas et al 2006). Estudos sobre a doença de Chagas na

região Amazônica têm demonstrado que diversos isolados de T. cruzi são caracterizados

como Z3, baseado em testes padrões de isoenzimas (Miles et al 1978) e através da

tipagem molecular (Fernandes et al 1998b, 2001).

T. cruzi se desenvolve bem em diversos tipos de meios de cultivo conforme Wynne

de Martini et al 1980, com o crescimento máximo evidente entre o 14º e 18º dias. As

curvas, bem como características morfológicas, podem apresentar variações de acordo com

a amostra utilizada, Brener & Chiari (1965) assinalaram que as cepas CL, FL, MR podem

apresentar agregados de formas amastigotas em sua fase inicial, e depois dariam origem a

formas flageladas, enquanto que as cepas Y e Berenice raramente dão origem a

amastigotas, aparecendo formas epimastigotas e rosetas.

Diferenças nas curvas de crescimento, em diferentes amostras também foram

observadas na América do Norte por Barr (1990), após ter analisado vários parâmetros

mostrando haver heterogeneidade entre amostra isolada de cão e amostras isoladas de

gambá e tatu, ambos silvestres. Curvas de crescimento em meio LIT mostraram que a

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amostra isolada de cão iniciou a fase de crescimento exponencial no 3º dia e aumentou

intensamente até o 12º (5,0X107 parasitas/mL), com fase estacionária de seis dias e

queda progressiva posterior. As amostras silvestres entraram na fase de crescimento

exponencial entre o 6º e 9º dia, atingindo o máximo no 18º e caindo rapidamente após o

21º dia. A curva de crescimento da amostra do tatu é pouco maior que a canina, mas a

do gambá atinge 6,0X107parasitas/mL.

A realização das curvas de crescimento para as amostras SMM 10 e SMM 88

nos permitiu verificar uma heterogeneidade nas amostras silvestres estudadas que

diferiram em relação a vários pontos das curvas da maioria das cepas já estabelecidas.

Silva (2006) realizou curvas de crescimento para isolados da mesma área estudada neste

trabalho encontrando, também, uma grande heterogeneidade entre eles. O crescimento

máximo em meio LIT das amostras analisadas foi observado no 4º dia para a amostra

SMM100 (4,5x104 parasitos/mL), no 7ºdia para a SMM53 (5,3 x 104 parasitos/mL), no

10° dia para as amostras SMM32 (3,3x104parasitos/mL) e SMM1

(2,1x104parasitos/mL), no 13º dia para a amostra SMM81 (4,6x104parasitos/mL) e no

20º dia para as amostras SMM36 (5,44x104 parasitos/mL) e SMM98 (4,4x 104

parasitos/mL). As amostras SMM36 e SMM98 foram as únicas que voltaram a crescer

após um sensível declínio. Estes resultados demonstram uma variabilidade quanto à

diversidade destes isolados em relação às áreas estudadas, como também dentre as

áreas, comprovando a heterogeneidade encontrada nas diferentes amostras de

Trypanosoma cruzi.

T. cruzi é altamente heterogêneo em termos de propriedades genéticas e

biológicas (Morel et al 1980, Dvorak 1984, Tibayrenc & Ayala 1987, Carneiro et al

1991, Macedo et al. 1992, Steindel et al 1993, Oliveira et al 1997). Entretanto, apesar de

se conhecer o genoma destes flagelados e de suas principais famílias de proteínas (El-

Sayed et al 2005), pouco se sabe a respeito de parasitos isolados a partir de triatomíneos

capturados no campo, ou seja, T. cruzi de origem silvestre.

A fim de explorar a diversidade das amostras silvestres de T. cruzi pertencentes

ao grupo filogenético Z3, a analise bioquímica no nosso estudo foi focada: (i) na

expressão protéica total e na (ii) atividade de cruzipaína. Estas características biológicas

e/ou bioquímicas estão envolvidas nos principais eventos do ciclo de vida do parasito.

Em relação à caracterização de proteínas de Trypanosoma cruzi e de tripanosomatídeos

em geral, a literatura é bastante ampla (dos Santos et al 2001, Cunha et al 2006,

Figueiredo et al 2007, Ilgoillo-Esteve & Cazzulo 2006). As características bioquímicas

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também podem ser utilizadas para classificar tripanossomatídeos. Além da análise de

isoenzimas (Miles et al 1977, Tibayrenc et al 1986), padrões específicos de

glicoconjugados têm sido utilizados como marcadores em estudos taxonômicos e

filogenéticos (Branquinha et al 1995). A análise proteômica de T. cruzi (cepa CL

Brener), aponta diferenças quantitativas e qualitativas no perfil de proteínas entre os

quatro estágios do seu ciclo de vida (Atwood et al 2006).

No presente estudo, a separação de proteínas solúveis dos isolados silvestres de

T.cruzi revelou um perfil similar de proteínas com cerca de 20-30 polipeptídeos que

apresentaram pesos moleculares aparentes entre 25 a 200 kDa. A partir da análise

zimográfica, utilizando SDS-PAGE e gelatina como substrato, foi possível avaliar a

composição de proteases nas formas epimastigotas dos isolados silvestres de T. cruzi

destacando-se a presença de uma banda bem marcada de peso molecular com cerca de

45 a 50 kDa, em todos os isolados e na amostra padrão Dm28c. A literatura tem

identificado um grande número de atividades proteolíticas em T. cruzi e em outros

tripanossomatídeos através da caracterização e purificação de várias proteínas com

atividade enzimática. A melhor caracterizada e mais importante é a cruzipaína, expressa

de forma diferente nos quatro estágios do ciclo de vida deste parasito É uma molécula

chave que participa em várias etapas do ciclo do T. cruzi, incluindo o desenvolvimento e

virulência (Cazzulo et al 2001). Também chamada de GP57/51, está envolvida em

várias funções do parasito, dentre as quais diretamente na nutrição e indiretamente, por

ser uma proteinase lisossomal, na penetração de formas tripomastigotas na célula do

hospedeiro (Souto-Padrón et al 1990). Para confirmar se a banda com peso molecular

entre 45 e 50 kDa encontrada nos isolados testados era a cruzipaína, foi utilizada a

técnica de Western blotting usando o anticorpo anti-cruzipaína em que se obteve uma

forte marcação de uma banda na faixa entre 45 e 50 kDa nos isolados testados: SMM10,

SMM53, SMM88 e SMM98 e uma intensa marcação na amostra Dm28c. Desta forma,

o presente trabalho confirma dados da literatura que afirmam que a cruzipaína é a

principal cisteina-proteinase de T. cruzi (Martinez et al 1991, Campetella et al 1990).

A cruzipaína é uma glicoproteína com grande concentração de manose (Bonaldo

et al 1991b) e peso molecular estimado em torno de 40kDa, considerando duas cadeias

de oligossacarídeos; entretanto, esta enzima apresenta um comportamento anômalo em

SDS-PAGE, apresentando valores aparentes de peso molecular variando de 35 a 80

kDa, dependendo das circunstâncias experimentais (Martinez & Cazzulo 1992). Assim,

a evidenciação de uma outra banda mais alta, de aproximadamente 66kDa presente na

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amostra SMM10 e na cepa Dm28c, permitiu a Gomes et al (2009) sugerir a possível

ocorrência de isoformas de cruzipaína nestes parasitos.

Cisteína proteinases já foram detectados em várias espécies pertencentes à

família Trypanosomatidae (Mottram et al 1998, Vermelho et al 2007) e são

consideradas essenciais para a sobrevivência de vários protozoários parasitas (Sajid &

McKerrow 2002). Fampa et al (2008) realizaram um estudo comparativo utilizando

amostras TcI e TcII isoladas de diferentes hospedeiros mamíferos silvestres. Nesse

estudo, isolados TcI apresentaram um perfil de proteases homogêneo, consistindo de

duas proteases de 66 e 45 kDa, enquanto isolados TcII apresentaram padrões

heterogêneos com 2-4 atividades de protease, sugerindo uma maior diversidade de

expressão de proteases em cepas TcII do que em cepas TcI. Além disso, polipeptídios

simples ou duplos com cerca de 50 kDa foram detectados, independentemente do grupo

filogenético TcII ou TcI, quando western blotting foi empregado utilizando o anticorpo

anti-cruzipaina (Fampa et al 2008). Curiosamente, análises de dendrograma baseadas na

presença ou ausência de matrizes de proteases e cruzipaína evidenciaram uma separação

do grupo TcI do grupo TcII com 50-60% de similaridade. Isto sugere que a

diversificação de cisteína protease encontrada contribui para a infecção diferencial de

hospedeiros, entre genótipos TcI e TcII e que CPs são bons marcadores para separação

de parasitas pertencentes aos dois grupos filogenéticos (Fampa et al 2008). Por outro

lado, isolados silvestres tipificados como Z3 apresentaram apenas um grande cisteína

protease, com similaridades bioquímicas e imunológicas com a cruzipaína.

De acordo com análises de PCR multiplex citadas anteriormente, estes isolados

foram classificados na posição filogenética Z3 (Santos-Mallet 2008), sendo designados

como isolados de T. cruzi que apresentam um perfil híbrido, o que pode implicar que

esta população de parasitos pode apresentar semelhanças, mas também algumas

diferenças no perfil protéico.

É de grande importância para a epidemiologia da doença de Chagas avaliar o

comportamento de populações de Trypanosoma cruzi circulantes na natureza frente à

ação de drogas utilizadas no tratamento clinico atual de pacientes chagásicos.

A heterogeneidade de T. cruzi como citada na introdução desta dissertação pode

estar diretamente relacionada à baixa efetividade do tratamento atual. Esta característica

pode estar relacionada a diferenças no perfil de proteínas expressas por cada população.

As cisteínas proteases de parasitas, entre eles, T. cruzi, têm-se mostrado como

valiosos alvos para quimioterapia. Devido à relevância biológica da cruzipaína no ciclo

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de vida de T. cruzi, muitos estudos têm por objetivo construir inibidores específicos

contra o núcleo ativo desta enzima multifuncional, obtendo assim, novas drogas capazes

de proteger contra a infecção humana pelo T. cruzi (Cazzulo 1990a, b). Como exemplo,

podemos citar Cazzulo et al (2001) que demostraram cura efetiva de infecção letal em

camundongos usando inibidores da cisteína protease (N-piperazina-FHF sulfona fenil-

vinil).

Martínez-Díaz et al 2001, estudaram, entre outras analises, a susceptibilidade à

quimioterapia para a doença de Chagas, em cinco cepas de T. cruzi com origens

geográficas e biológicas diferentes: (i) a cepa Bolívia (Funayama & Prado Junior 1974),

isolada de Triatoma infestans em Vitichi (Bolívia), a qual provoca elevados níveis de

parasitemias e moderada mortalidade em camundongos; (ii) a cepa RAL (Ribeiro et al

1993) também isolada de T. infestans, em São Paulo (Brasil); (iii) a cepa GM (Prado

Junior et al 1992a) isolada por xenodiagnóstico de Felis yagouaroundi no Mato Grosso

(Brasil), que provoca alta parasitemia e alta mortalidade em camundongos; (iv) a cepa

MC (Prado Junior et al 1992b) isolada no Brasil de Chrysocyon brachyurus, a qual

apresenta moderada parasitemia e mortalidade em camundongos e (v) a cepa Y (Silva &

Nussenzweig 1953) isolada de um caso humano agudo proveniente de Marília (São

Paulo, Brasil) em 1950, cepa responsável por uma elevada mortalidade em

camundongos, mas com baixa parasitemia. A sensibilidade dos parasitos a nifurtimox,

benznidazol e violeta genciana foi testada em culturas de formas epimastigotas em meio

LIT suplementado com 10% de SFB. Cinco concentrações de cada droga, variando de

100 a 0,01µg/mL foram utilizadas. O nifurtimox e benznidazol mostraram uma

atividade tripanocida de 100% a 100µg/mL contra duas cepas, a Y e a RAL. Em relação

a cepa GM esta se mostrou mais resistente tanto ao benznidazol quanto ao nifurtimox ,

na concentração de 100µg /mL.

Segundo Filardi & Brener 1984, a resistência de T. cruzi às drogas

quimioterápicas varia de 0% a 100% e tem sido relacionada a preferências miotropicas

de cepas e de uma ampla predominância de formas sanguíneas largas, enquanto cepas

sensíveis são miotropicas ou reticulotropicas, mostrando predominância de formas

delgadas (Melo & Brener 1978, Andrade et al 1985, Neal & Van Bueren 1988). Alguns

aspectos como diferenças na absorção e no metabolismo de drogas, sua incorporação

em diferentes tecidos infectados, intervenção sinérgica do sistema imune, bem como a

fase clínica da infecção ou estágio morfológico do parasito podem ser relacionados a

essa variação (De Castro & De Meirelles 1987, Toledo et al 1990). No entanto, a

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maioria dos autores sugere que o sucesso do tratamento depende principalmente da cepa

de T. cruzi (Brener & Chiari 1967, Habekorn & Gonert 1972, Andrade et al 1975,

Brener et al 1976, Andrade & Figueira 1977, Filardi & Brener 1990). Outros dados

anteriores sobre ensaios in vivo com nifurtimox e benznidazol contra a cepa Y (Ribeiro

et al 1988) também relatam que a cepa Y é mais sensível (35% e 57% de cura,

respectivamente) do que cepa Bolívia (0 e 18%).

Em um estudo realizado por Andrade et al (1985), cepas de T. cruzi de diferentes

áreas geográficas (Brasil, Argentina, e Bolívia) e previamente caracteriazadas em tipos

I, II, III, de acordo com sua morfologia e desenvolvimento em camundongos, foram

testadas in vivo com benznidazol e nifurtimox. Cepas de T. cruzi do tipo I apresentam

curso rápido de infecção em camundongos, altos níveis de parasitemia, mortalidade

entre o 9º e 10º dias de infecção, predominância de formas delgadas e tropismo por

macrófagos durante a fase aguda de infecção; cepas do tipo II mostram aumento de

parasitemia do 12º para o 20º dias de infecção, baixa taxa de mortalidade, predomínio

de parasitas de formas largas e tropismo pelo miocárdio; o tipo II representa cepas com

desenvolvimento de lenta parasitemia, que alcança altos níveis 20 a 30 dias depois da

inoculação em camundongos, baixa mortalidade e predomínio de parasitismo em células

musculares esqueléticas. Os resultados desse estudo mostraram que as cepas do tipo I

foram mais susceptíveis para ambos compostos (benznidazol e nifurtimox) quando

comparadas com as cepas tipo III. As cepas do tipo II mostraram uma susceptibilidade

intermediária, confirmando resultados de outros estudos que mostraram claras

diferenças nas respostas quimioterápicas dos três tipos de cepas de Trypanosoma cruzi.

Este estudo assinalou a importância da cepa do parasito como um fator para explicar as

diferenças observadas na resposta ao tratamento etiológico.

Boiani et al (2006) utilizando três séries de derivados do benznidazol para

examinar sua atividade contra T. cruzi e Leishmania spp in vitro e in vivo, encontrou um

interessante resultado para aplicação do derivado 2,2-dimethyl-5-(hydroxyimino)

methyl-2H-benzmidazole 1,3- dioxide, como promissor no tratamento da infecção aguda

em crianças.

Em relação aos isolados avaliados no presente trabalho, a amostra SMM10

apresentou-se mais susceptível ao tratamento com benznidazol em relação a amostra

SMM88. Isto reforça a heterogeneidade dos parasitos que circulam na natureza,

principalmente os do ciclo silvestre.

A alteração na forma dos parasitos dos isolados silvestres de T. cruzi, amostras

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SMM 10 e SMM 88, comprovada pela microscopia eletrônica de varredura e a alteração

de componentes celulares observada através da microscopia eletrônica de transmissão

corrobora dados obtidos por outros pesquisadores após a utilização de drogas

tripanocidas.

Compostos naftoimidazólicos com ação tripanocida foram testados por Menna-

Barreto (2005). Através de análise ultra-estrutural por microscopia eletrônica de

transmissão (MET) com tratamento com N1 (20 e 40 µM) por 24 horas foi possível

verificar que formas epimasgotas de Trypanosoma cruzi apresentaram inchaço na

mitocôndria, desorganização de reservosomos e distribuição anormal de cromatina

nuclear, enquanto por microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi observada

alteração na morfologia, com retração do corpo. Já o tratamento de formas

epimastigotas de T.cruzi com 20 µM de N2 ou N3 induziu a formação de perfis de

retículo endoplasmático bem desenvolvidos ao redor de organelas citoplasmáticas, uma

severa ruptura do Complexo de Golgi, além de alterações em reservosomos e na

mitocôndria.

Estudos realizados por Santa Rita em 2003 demonstram efeito tripanocida de

análogos de lisofosfolipídeos (LPAs). A analise por MET mostrou que em formas

epimastigotas de T. cruzi tratadas com LPAs nas concentrações de 2,5 a 10 µM o dano

mais característico foi a formação de protuberâncias (“blebs”) na membrana plasmática,

em especial na flagelar. Inchaço da mitocôndria com perda da organização da

membrana interna e ausência de cristas também foram freqüentemente observadas

nestas formas. O efeito de LPAs se mostrou dependente da concentração, sendo que na

concentração de 10µM foram observados danos generalizados nos parasitas com

extensa vacuolização do citoplasma, resultados semelhantes aos obtidos em nossos

experimentos. Porém, estruturas como o cinetoplasto, nucleo e a rede de microtúbulos

sub-peliculares se mostraram resistentes a ação destes análogos, o que difere dos

resultados obtidos com o benznidazol nos isolados silvestres de T. cruzi, onde apenas os

microtúbulos subpeliculares se mostraram inalterados.

Baseado nestes dados, uma vez caracterizado o perfil de proteínas e proteases de

formas epimastigotas e a análise da susceptibilidade destes isolados de T. cruzi ao

tratamento com benznidazol, estudos complementares deverão ser desenvolvidos com

formas amastigotas e tripomastigotas metacíclicas a fim identificar moléculas

associadas à virulência que possam estar relacionadas às diferentes formas clínicas da

doença de Chagas. De uma maneira geral esses resultados corroboram os demais

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descritos na literatura e contribui para o conhecimento e registro do perfil de alguns

isolados silvestres de T. cruzi em regiões ainda não acometidas pela doença.

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7.0 – CONCLUSÕES

• O perfil filogenético das amostras estudadas pertencentes ao zimodema III

contribui para o conhecimento do perfil de isolados silvestres de T. cruzi

presentes em áreas não acometidas pela doença de Chagas confirmando a

presença de Z3 no ciclo silvestre.

• Os resultados observados nas curvas de crescimento para as amostras SMM 10 e

SMM 88 comprovam a heterogeneidade encontrada nestas amostras de T. cruzi

cujos índices diferem em relação a vários pontos das curvas da maioria das

cepas já estabelecidas.

• As poucas diferenças encontradas na investigação sobre o perfil de proteínas

totais e o perfil de proteases entre os isolados estudados e a cepa padrão Dm28c,

confirmam um complexo padrão protéico entre as diferentes populações de T.

cruzi, reforçando assim a necessidade de estudos contínuos sobre este parasito.

• O perfil mais susceptível ao benznidazol da amostra SMM10 em relação a

amostra SMM88 além de confirmar a heterogeineidade de isolados silvestres em

relação às cepas padrão indica a grande variabilidade existente entre eles

mesmos, o que justifica a realização de estudos complementares.

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8.0 – ANEXOS

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9.0 – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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