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ASSEMBLEIA DO COSEMS PERNAMBUCO
LIMOEIRO, 14 DE ABRIL DE 2010
João Alfredo Beltrão Vieira de Melo Filho
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
O QUE É A IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA?
1. Probidade difere de moralidade. A CF/88 emprega os dois termos.
2. Probidade e moralidade são sinônimos. Entende-se a moralidade como princípio e improbidade como lesão a esse princípio
PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA
Vincula-se à ideia de honestidade, exigindo a estrita observância de padrões éticos, de boa-fé e de lealdade. Não ostenta conteúdo definido, representando um conceito jurídico indeterminado, conceito de valor. Daí porque o Judiciário ter dificuldade em aceitar a possibilidade de invalidação do ato por lesão apenas a esse princípio. A maioria dos julgados a admite como uma agravante da ilegalidade, e não como um vício autônomo
Prepondera a idéia geral de Administração, interesse do povo, de bem comum
EX: no caso de constatação de vícios de qualquer natureza no processo licitatório, HÁ O DEVER DE ANULÁ-LO pela Administração
ATOS DE IMPROBIDADE/Lei 8.429/92
Dificuldade gerada pela amplitude do termoLei prevê “comandos abertos”LEI NÃO DEFINE O QUE VENHA A SER ATO
ÍMPROBOEdilson Pereira Nobre Júnior adverte “que a
natureza punitiva da Lei 8.429/92 acarreta, como inelutável, a conclusão de que a definição de atos de improbidade, constantes nos arts. 9º, 10 e 11, é taxativa, não podendo ser utilizada a analogia ou a interpretação extensiva para a caracterização de dita figura”, visto que o princípio da tipicidade “assim o exige”
PONTOS A CONSIDERARCasos de improbidade administrativa devem
se enquadrar perfeitamente ao tipo legal. UM ATO ÍMPROBO é, por definição, típico. O tipo expressa o modelo de conduta proibida
ANTES DE PENSAR NA PUNIÇÃO DE ALGUÉM, TORNA-SE NECESSÁRIO VERIFICAR SE A CONDUTA PRATICADA CORRESPONDE A ALGUMA DESCRIÇÃO CONTIDA EM REGRAS GENÉRICAS, OBJETIVAS, IMPESSOAIS, AFASTANDO-SE, ASSIM, A POSSIBILIDADE DE ARBÍTRIO (Estado Democrático de Direito) – F. Capez
FÓRMULAS JURÍDICAS ABERTASLei 8.429/92 (arts. 9º e 10)Atos que impliquem o enriquecimento
ilícito (auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício do cargo, mandato, função, emprego ou atividade mencionada no art. 1º)
Atos que causem prejuízo ao Erário (qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres )
FÓRMULAS JURÍDICAS ABERTASAtos contrários aos princípios da
Administração Pública (art.11) Ato que atenta contra os princípios da
Administração Pública, qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, lealdade ás instituições
SUJEITO ATIVO NA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
É QUEM PRATICA O ATO DE IMPROBIDADE, CONCORRE PARA SUA PRÁTICA OU DELE EXTRAI VANTAGENS INDEVIDAS
NÃO É SOMENTE AQUELE QUE EXERCE A CONDUTA PESSOALMENTE, MAS TAMBÉM OFERECE SUA COLABORAÇÃO, CIENTE DA DESONESTIDADE DO COMPORTAMENTO, OU OBTÉM BENEFÍCIOS DO ATO, MUITO EMBORA SABEDOR DE SUA ORIGEM PROIBIDA
SUJEITOS ATIVOSLei 8.429/92AGENTES PÚBLICOS (art. 2º) Todos aqueles que exercem , “ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo ou função pública (art. 1º)
TERCEIROS (art. 3º)São pessoas naturais que, conforme a Lei de
Improbidade, não se enquadram como agentes públicos, mas induzem (incutem) ou concorrem (participam) para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficiam direta ou indiretamente. O terceiro deve estar de algum modo vinculado ao agente público
SANÇÕES DECORRENTES DO ATO ÍMPROBOLei 8.429/92 (art. 12, incisos I a III)Perda de bens e valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio;Ressarcimento integral do danoPerda da função públicaSuspensão dos direitos políticosPagamento de multa civilProibição de contratar com o Poder PúblicoProibição de receber incentivos fiscais ou
creditícios
PRESENÇA DO DOLO: TEMA CONTROVERTIDOAutor: Edilson Pereira Nobre JúniorAto de improbidade só pode ser doloso, não se
admitindo a forma culposa (conceito de improbidade administrativa: “imoralidade administrativa qualificada, onde indissociável a presença de desonestidade. Por esta razão é imprescindível a vontade deliberada de malferir a ordem jurídica, ou seja o dolo”. Em conclusão, “mostra-se incompatível com a CF a expressão ‘culposa’, inserta no art. 10, caput, da Lei 8.429/92)
Apoiado em julgado do Superior Tribunal de Justiça, Darlã Martins Vargas afirma “que somente será ímproba a conduta do agente que, conscientemente, atentar contra a moralidade e a tipicidade da lei. Portanto, a intenção de violar a lei é premissa subjetiva indispensável, conditio sine qua non, para caracterização da improbidade administrativa “
Por seu turno Anderson Sant’ Ana Pedra escreve que a tipificação do ato de improbidade “deve ter os seguintes traços comuns ou característicos de todas as modalidades de improbidade administrativa: desonestidade, má-fé e falta de probidade no trato da coisa pública”(grifo meu)
ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNOTribunais de Contas – papel de exercer o controle
financeiro externo da Administração Pública Julgamento das Contas Públicas pela Corte de
Contas não tem caráter jurisdicional típica do Poder Judiciário
Análise do TC tem caráter eminentemente administrativo
Art. 71, Parágrafo 3º, CF/88 – “ As decisões do TC que resultem imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo” ( o interessado na cobrança dos valores é quem tem legitimidade para ingressar com a ação de execução perante o poder judiciário)
Ministério Público – função indispensável à tutela do interesse público e ao desenvolvimento da atividade jurisdicional do Estado
Função de zelar pelo efetivo respeito aos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Carta Magna, bem como proteger o patrimônio público e social, o meio ambiente e outros interesses difusos e coletivos, promovendo as medidas necessária a sua tutela e garantia
A proteção da higidez administrativa se apresenta como um interesse público difuso e indisponível, portanto o Ministério Público está legitimado a atuar
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Instituiu o CADASTRO NACIONAL DE CONDENADOS POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA –CNCIA (CNJ Resolução nº 44/07)
O CNCIA é alimentado pelo órgão julgador responsável pela execução das sentenças condenatórias das ações de improbidade administrativa por meio eletrônico
A REALIDADE DOS GESTORES E O MITO DA ESPADA DE DÂMOCLES
A espada de Dâmocles é uma alusão ligada à insegurança daqueles que com grande poder, ou mais genericamente, a qualquer sentimento de danação iminente, algo constante entre os gestores públicos diante das exigências decorrentes do exercício da função pública.
Art. 37, Parágrafo 5º, CF/88 – o ressarcimento dos danos ao Erário podem ser reivindicados a qualquer tempo