3
ATA DA REUNIÃO SOBRE AGROTÓXICO NA SESA – GERÊNCIA ESTRATÉGICA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Aos vinte e nove dias do mês de novembro de 2011, na sala da Gerência Estratégica de Vigilância em Saúde, presente o Dr. Pedro Benevenuto Junior, o Procurador de Justiça e Dirigente do Centro de Apoio da Saúde Dr. José Adalberto Dazzi, a Promotora de Justiça e Dirigente do Centro de Apoio do Meio Ambiente Dra. Nícia Regina Sampaio, o Agente Técnico do CAOA Sr. Luis Augusto Pedrosa Aragão, como representantes do comitê Estadual de enfrentamento ao agrotóxico: Ademiliou Pereira Souza (MST), Frei Miranda (CPT), Rafaela Silva Dornelas (NEPEA-UFES), Isabel Mendes Romualdo (MPA Valério), Valmir José Noventa (MPA), Arlene Boa (MMC), Demetrius de Oliveira Silva (APTA), David M. Pires Ramos (Câmara). Aberta a reunião, o Dr. José Adalberto Dazzi agradeceu ao Dr. Pedro Benevenuto Junior por receber a todos e, principalmente, pela oportunidade de debater tema tão importante para a área da saúde. Em seguida o Dr. Pedro saudou a todos, passando a palavra para o representante da via campesina e integrante do comitê Estadual para apresentar a campanha. Este informou que o movimento envolve todas as organizações do campo e que a campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida acontece em todo o território nacional. Informou, ainda, que existe um comitê nacional e um comitê estadual, com a projeção de criação de um comitê internacional. A Campanha tem 5 eixos temáticos, quais sejam: 1- informação a sociedade sobre os danos à saúde decorrentes do uso indiscriminado de agrotóxicos; 2- trabalhar a base para a produção limpa;3- público estudante; 4- área jurídica para formalização de campanhas;5- produção e comercialização. A idéia principal da campanha é levar o consumidor, produtor e comerciante a repensar o modelo agricola adotado no País. O movimento já constatou um início de mudança quanto a sociedade local, em especial em áreas onde houve danos à saúde comprovados, como por exemplo a edicação de leis municipais em Vila Valério e Nova Venécia para impedir a pulverização aérea em regiões agricolas. Registram que ainda é pouco, que o trabalho precisa ser intensificado por meio da realização de audiências públicas, entre outras ações. Finda a fala do representante da Vila Campesina, deu início a fala do Gerente Estratégico de Vigilância em Saúde, explicando o funcionamento do PARA – Programa de Análise de

Ata da reunião sobre agrotóxico na sesa

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ata da reunião sobre agrotóxico na sesa

ATA DA REUNIÃO SOBRE AGROTÓXICO NA SESA – GERÊNCIA ESTRATÉGICA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Aos vinte e nove dias do mês de novembro de 2011, na sala da Gerência Estratégica de Vigilância em Saúde, presente o Dr. Pedro Benevenuto Junior, o Procurador de Justiça e Dirigente do Centro de Apoio da Saúde Dr. José Adalberto Dazzi, a Promotora de Justiça e Dirigente do Centro de Apoio do Meio Ambiente Dra. Nícia Regina Sampaio, o Agente Técnico do CAOA Sr. Luis Augusto Pedrosa Aragão, como representantes do comitê Estadual de enfrentamento ao agrotóxico: Ademiliou Pereira Souza (MST), Frei Miranda (CPT), Rafaela Silva Dornelas (NEPEA-UFES), Isabel Mendes Romualdo (MPA Valério), Valmir José Noventa (MPA), Arlene Boa (MMC), Demetrius de Oliveira Silva (APTA), David M. Pires Ramos (Câmara). Aberta a reunião, o Dr. José Adalberto Dazzi agradeceu ao Dr. Pedro Benevenuto Junior por receber a todos e, principalmente, pela oportunidade de debater tema tão importante para a área da saúde. Em seguida o Dr. Pedro saudou a todos, passando a palavra para o representante da via campesina e integrante do comitê Estadual para apresentar a campanha. Este informou que o movimento envolve todas as organizações do campo e que a campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida acontece em todo o território nacional. Informou, ainda, que existe um comitê nacional e um comitê estadual, com a projeção de criação de um comitê internacional. A Campanha tem 5 eixos temáticos, quais sejam: 1- informação a sociedade sobre os danos à saúde decorrentes do uso indiscriminado de agrotóxicos; 2- trabalhar a base para a produção limpa;3- público estudante; 4- área jurídica para formalização de campanhas;5- produção e comercialização. A idéia principal da campanha é levar o consumidor, produtor e comerciante a repensar o modelo agricola adotado no País. O movimento já constatou um início de mudança quanto a sociedade local, em especial em áreas onde houve danos à saúde comprovados, como por exemplo a edicação de leis municipais em Vila Valério e Nova Venécia para impedir a pulverização aérea em regiões agricolas. Registram que ainda é pouco, que o trabalho precisa ser intensificado por meio da realização de audiências públicas, entre outras ações. Finda a fala do representante da Vila Campesina, deu início a fala do Gerente Estratégico de Vigilância em Saúde, explicando o funcionamento do PARA – Programa de Análise de

Page 2: Ata da reunião sobre agrotóxico na sesa

Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. Conforme relatado, o PARA não é do Estado, mas da ANVISA, não tendo por finalidade a rastreabilidade dos produtos, mas a elaboração de um diagnóstico nacional. O PARA tem por objetivo avaliar continuamente os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos in natura que chegam à mesa do consumidor. Seu funcionamento, atualmente, é nas capitais. A secretaria municipal de saúde faz a coleta do produto, conforme lista de produtos estabelecida pela ANVISA, enviando o produto para o laboratório de referência. O resultado das análises demora, em média, 06 meses. Explica a dificuldade do setor de identificar os produtores que usam o agrotóxico acima do permitido, como exemplo, cita o caso da CEASA, onde vários produtores fazem a entrega de seus produtos, por meio de atravessadores. Afirma que há uma proposta sendo construida pelo Governo para estabelecer a rastreabilidade dos produtos, mas ainda não foi finalizada. Que na SESA os setores envolvidos com a temática são: Vigilância Sanitária, Laboratório Central, núcleo de vigilância ambiental, saúde do trabalhador. Ressalta que mesmo o Estado estabelecendo uma proposta e legislação para a rastreabilidade, os municipios são os responsáveis por executar as ações. Registra que não há uma homogeneidade de atuação entre os órgãos do Estado e entre este e os município. Que no seu entendimento, como os dados de intoxicação pelo uso de agrotóxico no Estado são subnotificados, há uma probabilidade do problema ser maior do que os estudos indicam. Reconhece que o bando de dados ainda é ruim. Ao final das falas principais, foram apresentadas as seguintes conclusões, proposições e encaminhamentos:

1- Preparação de material audio visual que retrate os problemas ocasionados à saúde humana, pelo uso inadequado dos agrotóxicos, tomando por base os dados do Estado e casos concretos de intoxicação no Estado. Para tanto, o comitê deverá apresentar uma proposta de termo de referência para elaboração do material de divulgação, inclusive, para atender a crianças e adolescentes e adultos. A proposta será encaminhada ao Gerente Estratégico de Vigilância em Saúde.

2- Estudar a possibilidade de exigir na renovação de licença ambiental e da vigilância para Supermercados e Hortifruti o envio mensal de fornecedores, com a indicação do produto, produtor e local de produção.

3- A lista mensal deverá ser inserida em sistema de informação para estudo comparado quanto a incidência de cancêr e outras doenças por região.

Page 3: Ata da reunião sobre agrotóxico na sesa

4- O MPE deverá estudar a possibilidade de propor medidas judiciais em face do IDAF e SESA para implantar sistema de controle de agrotóxico na CEASA – antes da comercialização para os supermercados e hortifruti.

5- MPE e SESA deverão identificar os meios para aderir a campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida.

6- O Comitê deverá buscar apoio junto as promotorias locais para a realização de audiências públicas com os agricultores e sociedade civil para demonstrar os danos à saúde e ao meio ambiente pelo uso inadequado dos agrotóxicos.

7- O MPE deverá notificar a CESAN para que faça a análise da água tratada para identificação de restos de pesticidas e, via de consequência, para informar aos órgãos de controle sobre o resultado, inclusive, ao MPE, MPT e MPF.

8- Para a realização das audiências públicas deverão ser convidados representantes da SESA, MPE, IEMA, IDAF, INCAPER, POLÍCIA AMBIENTAL e MUNICIPIO.

9- A Gerência Estratégica encaminhará ao Ministério Público Estadual relatório com as medidas já adotados e em andamento junto a SESA para o enfrentamento do problema no Estado do Espírito Santo.

10- O MPE, por meio do IC instaurado em face do IDAF, deverá notificar o órgão requisitando cópia dos relatórios gerados pelo Instituto Biológico quanto a análise dos produtos para identificação da toxicidade.

11- O MPE sugere que os agentes de saúde do programa de saúde da familia sejam treinados e capacitados para orientar o produtor rural quanto as consequências para a saúde humana do uso inadequado dos agrotóxicos. O material audio visual gerado pela SESA deverá ser disponibilizado para os agentes comunitários e nas escolas.

12- A SESA deverá encaminhar solicitação a SEDU e SEAMA para inclusão do tema nos programas de educação ambiental para 2012. Nada mais havendo, deu-se por encerrado o presente que vai acompanhado da lista de presença.