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Boletim Eletrônico Nº 4 – Março/16
Ater para a juventude
Como pensar um serviço de Ater para os jovens do campo,
que apóie os seus primeiros projetos, que promova a
sucessão rural, nas diversas possibilidades que imaginamos
para a juventude? É o desafio da Conferência Temática de
Ater para a Juventude, realizada na Escola Família Agrícola
de Goiás (EFAGO), com a parceria do projeto Agente Jovem
de Ater, patrocinado pela PETROBRAS.
O objetivo da Conferência Temática de Juventude é ampliar
e aprofundar o debate sobre os eixos da 2ª Conferência
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na
Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (2ª CNATER), a
partir do olhar das juventudes do campo, das águas e das
florestas, bem como de estudantes que serão,
futuramente, técnicos(as) extensionistas.
A Conferência na EFAGO aconteceu em 27/02/16, e
estiveram presentes os estudantes das EFAs de Goiás,
Orizona e Uirapuru, representando os territórios do Vale do
Rio Vermelho, da Estrada de Ferro e do Vale do Araguaia;
jovens de Santa Rita do Araguaia e Mineiros, representando
o Território do Parque das Emas; e diversas instituições que
trabalham com a Agricultura Familiar em Goiás: INCRA,
EMBRAPA, os Conselhos Municipal e Estadual de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS e CEDRUS), a
Secretaria Municipal de Agricultura de Goiás e o próprio
MDA, parceiro na realização do evento.
Grupos compostos por todas as representações se
dividiram nos espaços da escola, para o trabalho coletivo.
Foram pensados os seguintes temas geradores: o papel da
ATER na permanência da juventude no campo, a
metodologia e a abordagem de ATER para jovens rurais,
ATER para jovens rurais e agroecologia e, claro, as
possibilidades de trabalho e para os Agentes Jovens de
Ater.
A plenária encaminhou propostas como a “desvinculação
das DAPs da família”, permitindo que uma família acesse
simultaneamente os PRONAFs convencional, Jovem e
Mulher; o apoio de infraestrutura e o fortalecimento das
Escolas Famílias Agrícolas (EFAs); e a proposta do projeto
“Jovem Agricultor Técnico de Raiz” (JATER), encaminhada
pelas EFAs em parceria com o INCRA, e apresentada no dia
pelo agrônomo Luiz Fernando de Mattos Pimenta.
Boletim Eletrônico Nº 4 – Março/16
O Coletivo chegou!
Vai começar o projeto Coletivo Agroecológico em Rede, na
Escola Família Agrícola de Goiás. O Coletivo é um projeto
“irmão e filho” do projeto Agente Jovem de Ater,
patrocinado pela PETROBRAS, e vem com ações que vão
complementar a nossa caminhada de construção da
Agroecologia.
É um grupo de 20 a 25 jovens que vai atuar em rede -
produzindo, consumindo e vendendo produtos
agroecológicos. A ideia é ter uma identidade própria, e foco
no relacionamento interno de rede, de troca de insumos e
experiências, compra e venda conjunta, e principalmente
cooperação.
Uma parte do Coletivo é de ações - de fato - coletivas: a
fábrica de insumos agroecológicos, o banco de sementes e
mudas e o núcleo de apicultura. Estas ações vão acontecer
na EFAGO, tanto beneficiando a escola, com a
infraestrutura, quanto os jovens responsáveis, com a renda,
a aprendizagem técnica e a experiência da organização do
coletivo.
E o coletivo se completa com as ações individuais, os
projetos de produção nas casas dos jovens, nas áreas de
apicultura, olericultura, fruticultura e avicultura. Os
projetos individuais têm que se relacionar, em rede, com os
coletivos, através da troca e aquisição de sementes e
insumos, ou da venda conjunta do mel.
Insumos agroecológicos
Um ponto em que o Coletivo fortalece o projeto Agente
Jovem é a fábrica de insumos agroecológicos, em conjunto
com o banco de sementes. É o grande desafio do grupo:
mostrar que é possível trabalhar com formulações
alternativas para todos os insumos – medicamentos e
rações, inclusive! – e começar a caminhada de
independência em relação ao agronegócio.
“É hora da gente sair um pouco do denuncismo, e mostrar o
lado de propostas concretas da agroecologia!”
Este trabalho vem com uma expectativa enorme para a
EFA: se der certo, viabiliza o sonho da produção diversa,
saudável, sustentável e suficiente para os estudantes, além
da venda do excedente para a comunidade.
Cesta Camponesa
E falando em venda do excedente,
uma das ideias centrais do Coletivo
é fortalecer o relacionamento
direto do agricultor com o
consumidor, através dos “circuitos curtos” ou “redes de
consumo consciente”. É o exemplo da Cesta Camponesa,
que começou em Goiás em 2015 e já envolve mais de 150
pessoas, entre agricultores e consumidores.
É uma forma nova de pensar a logística de venda da
produção, sem centralizar em mercados, e para além das
políticas públicas específicas. Um grupo de mediadores
trabalha organizando a distribuição da produção, além da
promover os debates e a construção coletiva dos preços e
da qualidade dos produtos. A ideia é aumentar a
independência do agricultor – e do consumidor! –, com
mais opções de produção e acesso à alimentação saudável.
Olha a Cesta do Coletivo chegando aí...
Cuidando da água
Uma das tarefas na caminhada de construção da nossa
Escola Sustentável, aqui na Escola Família Agrícola de Goiás,
é resolver os nossos problemas ambientais. A chave para
isso, hoje, é o trabalho com a Permacultura. Vamos
desenhar e construir tecnologias para aproveitar melhor,
tratar e reusar a nossa água, trabalhar com a energia solar
Boletim Eletrônico Nº 4 – Março/16
e a energia hidráulica e, por fim, bioconstruir com terra e
bambu.
Estas ações são parte dos objetivos do projeto Agente
Jovem de Ater, patrocinado pela PETROBRAS. Estão dentro
de um conjunto maior de ações para a formação em
Agroecologia, todas estas ações com uma pegada muito
prática, de transformação concreta e coletiva dos espaços
da escola.
Cuidar da água
No eixo água, já realizamos a principal ação: que é a
proteção da nossa fonte, da nascente que abastece a escola
(ver trabalho no link). Para além disso, vamos trabalhar a
captação de água de chuva, construindo tanques de
ferrocimento, e o tratamento alternativo do esgoto, com a
bacia de evapotranspiração (BET) e o círculo de bananeiras.
O potencial de captação de água de chuva da escola é
imenso! Nossos telhados podem captar até 300.000 litros
de água em 1 (um) mês da estação chuvosa, ou mais de 1,5
milhões de litros de água durante todo o ano. Vamos
começar construindo um tanque de ferrocimento de 10.000
litros, que com a tecnologia de ferrocimento sai por cerca
de R$ 900 em materiais (uma caixa d’água deste volume
custa mais ou menos R$ 2.800).
Vamos fazer um trabalho de identificação das nossas fossas
negras e da rede existente de esgoto, e identificar onde é
possível tratar as águas negras (vasos sanitários) e as águas
cinzas (pias, lavabos, chuveiro, lavanderia). A ideia é
construir as bacias de evapotranspiração, ou canteiros
biossépticos, para as águas negras, e os círculos de
bananeiras para as águas cinzas.
Estas tecnologias são incríveis: além de tratar o esgoto e
evitar a contaminação do solo e dos lençóis subterrâneos,
ainda dinamizam a nossa produção. Vamos ter banana,
mamão, inhame, cará, batata doce, taioba, guariroba, coco
da Bahia e outros, com o reaproveitamento de uma água
que iríamos “jogar fora”! (obs.: as raízes apenas nos círculos
de bananeiras!)
Para saber mais sobre o tratamento de água na
Permacultura, selecionamos alguns materiais interessantes:
Manejo sustentável da água - Cartilha do projeto Águas do
Cerrado, do IPOEMA – Instituto de Permacultura: Organização,
Eco vilas e Meio Ambiente
De olho na água! – Publicação compilada pelo Ecocentro IPEC e
Editora +Calango para o projeto DE OLHO NA ÁGUA, da Fundação
Brasil Cidadão
Setelombas - Bacia de Evapotranspiração - Página do sítio
Setelombas, com diversas informações sobre permacultura
Em breve vamos falar também de energia e bioconstrução.
Acompanhem!
Boletim Eletrônico Nº 4 – Março/16
Textos e diagramação: Equipe do projeto Agente Jovem de Ater
Fotos e gravuras: GWATÁ, Saracura, Ecocentro IPEC, IPOEMA, Sítio
Setelombas e equipe do projeto Agente Jovem de Ater
Projeto Patrocínio