27
FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – FATEFIG FONTES DO DIREITO PENAL E CRIMES GRAVADOS PELO RESULTADO JANDERSON G. G. MOREIRA BARROS CIDÉRIA GOMES BARROS MOREIRA

Atividade Fonte Do Direito Penal e Crimes Agravados Pelo Resultado

Embed Size (px)

DESCRIPTION

trabalho direito penal penas e crimes agravados pelo resultado.

Citation preview

FACULDADE DE TEOLOGIA,FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS FATEFIG

FONTES DO DIREITO PENAL E CRIMES GRAVADOS PELO RESULTADO

JANDERSON G. G. MOREIRA BARROSCIDRIA GOMES BARROS MOREIRA

TUCURU PARABRIL- 2015FACULDADE DE TEOLOGIA, FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS FATEFIG

JANDERSON G. G. MOREIRA BARROSCIDRIA GOMES BARROS MOREIRA

FONTES DO DIREITO PENAL E CRIMES GRAVADOS PELO RESULTADO

Trabalho apresentado como requisito de aprendizado e avaliao (PR1) da disciplina Direito Penal I, ministrada pelo Prof. Dr. Renan Faron, do curso de bacharelado em Direito da Faculdade de Teologia, Filosofia e Cincias Humanas Gamaliel FATEFIG.

TUCURU PARABRIL- 2015

SUMRIO

INTRODUO................................................................................................ 031.FONTES DE PRODUO........................................................................... 032. FONTES DE CONHECIMENTO.................................................................. 05

2.1 FONTE FORMAL IMEDIATA...................................................................... 062.2 FONTES FORMAIS MEDIATAS................................................................. 07

2.2.1 COSTUMES............................................................................................ 072.2.2 PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO....................................................... 08FONTES........................................................................................................... 09

FONTES DO DIREITO PENALINTRODUOA doutrina corrente distingue a fonte de produo ou substancial ou material (quem pode criar o conjunto de normas que integra o Direito; quem o sujeito competente para isso) das fontes formais fontes de cognio ou de conhecimento ou de exteriorizao desse Direito, que se dividem em fontes formais imediatas (lei) e mediatas (costumes, jurisprudncia, princpios gerais do Direito).No mbito especfico do Direito penal fundamental distinguir o Direito penal incriminador (que cria ou amplia o ius puniendi, ou seja, que cuida da definio do crime, da pena, das medidas de segurana ou das causas de agravamento da pena) do Direito penal no incriminador (conjunto de normas penais que cuidam de algum aspecto do ius puniendi, sem se relacionar com o crime, a pena, as medidas de segurana ou com o agravamento das penas).Direito penal incriminador, no que se refere sua origem muito mais exigente e restrito que o Direito penal no incriminador em sua essncia.O tema das fontes do Direito penal, como se v, nos leva a indagar e levantar questionamento sobre o "titular" do direito de produzir e gerar as normas penais assim como sobre sua "forma" (ou "modo") de exteriorizao na vida social.

1- FONTES DE PRODUO (MATERIAL OU SUBSTANCIAL):So aquelas que verdadeiramente criam o direito.Quem pode produzir o Direito penal no que diz respeito ao Direito penal incriminador interno (conjunto de normas que cuidam do delito, da pena, da medida de segurana ou do agravamento das penas, no mbito interno, ou seja, no mbito das relaes do indivduo com o Estado brasileiro) somente o Estado est autorizado a legislar sobre Direito penal. Em outras palavras: ele o nico titular da criao ou ampliao do ius puniendi, logo, cabe a ele a produo material do Direito penal objetivo (ou seja: cabe ao Estado a criao das normas que compem o Direito penal incriminador). Releva notar que a distribuio da competncia legislativa vem descrita na Constituio Federal, que diz em seu art. 22, I, que compete privativamente Unio legislar sobre Direito penal. Concluso: no Brasil somente a Unio que pode produzir o Direito penal objetivo incriminador.No que diz respeito ao Direito penal no incriminador (conjunto de normas penais que cuidam de algum aspecto do ius puniendi, sem tratar especificamente do delito, da pena, da medida de segurana ou do agravamento da pena) o assunto fonte de produo comporta alguma flexibilizao quando se trata de norma favorvel ao ru. Em regra a Unio que produz todas as normas penais, incluindo-se as no incriminadoras (normas explicativas, justificantes, exculpantes etc.).Para favorecer o ru at mesmo o costume pode ser invocado. E quem produz o costume, evidentemente, no a Unio (sim, a comunidade ou a quase totalidade). Direito internacional: em relao ao Direito internacional impe-se fazer a seguinte distino: quando se trata das relaes do indivduo com organismos internacionais (com o TPI, v.g.), os tratados e convenes constituem as diretas fontes desse Direito penal, ou seja, eles definem os crimes e as penas. o que foi feito, por exemplo, no Tratado de Roma (que criou o TPI). Nele acham-se contemplados os crimes internacionais (crimes de guerra, contra a humanidade etc) E suas respectivas sanes penais. Como se trata de um ius puniendi que pertence ao TPI (organismo supranacional), a nica fonte (direta) desse Direito penal s poderia mesmo ser um Tratado internacional.Cuidando-se do Direito penal interno (relaes do indivduo com o ius puniendi do Estado brasileiro) tais tratados e convenes no podem servir de fonte do Direito penal incriminador, ou seja, nenhum documento internacional, em matria de definio de crimes e penas, pode ser fonte normativa direta do Direito interno brasileiro. O Tratado de Palermo (que definiu o crime organizado transnacional), por exemplo, no possui valor normativo suficiente para delimitar internamente o conceito de organizao criminosa (at hoje inexistente no nosso pas).Fundamento: o que acaba de ser dito fundamenta-se no seguinte: quem tem poder de celebrar tratados e convenes o Presidente da Repblica (Poder Executivo) (CF, art. 84, VIII), mas sua vontade (unilateral) no produz nenhum efeito jurdico enquanto o Congresso Nacional no aprovar (referendar) definitivamente o documento internacional (CF, art. 49, I). O Parlamento brasileiro, de qualquer modo, no pode alterar o contedo daquilo que foi subscrito pelo Presidente da Repblica (em outras palavras: no pode alterar o contedo do Tratado ou da Conveno). O que resulta aprovado, por decreto legislativo, no fruto ou expresso das discusses parlamentares, que no contam com poderes para alterar o contedo do que foi celebrado pelo Presidente da Repblica. Uma vez referendado o Tratado, cabe ao Presidente do Senado Federal a promulgao do texto (CF, art. 57, 5), que ser publicado no Dirio Oficial. Mas isso no significa que o Tratado j possua valor interno. Depois de aprovado ele deve ser ratificado (pelo Executivo). Aps essa ratificao o Chefe do Poder Executivo expede um decreto de execuo (interna), que publicado no Dirio Oficial. s a partir dessa publicao que o texto ganha fora jurdica interna.Concluso: os tratados e convenes configuram fontes diretas (imediatas) do Direito internacional penal (relaes do indivduo com o ius puniendi internacional, que pertence a organismos internacionais TPI, v.g.), mas jamais podem servir de base normativa para o Direito penal interno (que cuida das relaes do indivduo com o ius puniendi do Estado brasileiro), porque o parlamento brasileiro, neste caso, s tem o poder de referendar (no o de criar a norma). A dimenso democrtica do princpio da legalidade em matria penal incriminatria exige que o parlamento brasileiro discuta e crie a norma. Isso no a mesma coisa que referendar.Capacidade legislativa dos Estados membros: por meio de lei complementar federal os Estados membros (quando concretamente autorizados) podem legislar sobre Direito penal, porm, somente em questes especficas de interesse local (CF, art. 22, pargrafo nico). Sublinhe-se: questes "especficas": uma regra penal sobre trnsito em uma determinada localidade, sobre meio ambiente em uma delimitada regio etc. Logo, nenhum Estado est autorizado a legislar sobre temas fundamentais do Direito penal (sobre o princpio da legalidade, sobre as causas de excluso da antijuridicidade, sobre a configurao do delito etc).2 FONTES DE CONHECIMENTO (FORMAIS OU COGNIO):Refere-se ao modo pelo qual o Direito Penal se exterioriza.

ESPCIES DE FONTE FORMALa) Imediata a prpria lei.b) Mediata costumes e princpios gerais do direito.

DIFERENA ENTRE NORMA E LEIA norma o mandamento de um comportamento normal, que inferido do senso comum de justia da coletividade. Exemplo, pertence ao senso comum que no se deve matar, roubar ou furtar, logo, a ordem normal no matar, no roubar, no furtar.Traduzindo-se assim, a norma como uma conduta proibitiva no escrita, extrada dos membros da sociedade em respeito ao senso de justia do povo.A lei a regra escrita feita pelo legislador com o objetivo de tornar expressa a conduta humana indesejvel e perigosaa coletividade.Segundo o princpio da legalidade ou reserva legal, a lei descritiva e no proibitiva.

A doutrina subdivide o princpio da legalidade em:a) princpio da anterioridade - uma pessoa s pode ser punida se, poca do fato por ela praticado, j estava em vigor a lei que descrevia o delito. Assim consagra-se a irretroatividade da norma penal, salvo a exceo do art. 2 - CP.b) princpio da reserva legal - apenas a lei em sentido formal pode descrever condutas criminosas. proibido ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisrias ou outras formas legislativas para incriminar condutas.Em resumo:a) Norma conduta proibitiva no escrita.b) Lei regra escrita, de uma conduta indesejada que se desrespeitada ser passvel de punio pelo Estado.

As fontes formais subdividem-se em:

2.1 FONTE FORMAL IMEDIATASo as leis penais. Toda lei penal tem um preceito primrio (descrio da conduta) e secundrio (sano). A lei tem como caracterstica a descrio de uma conduta indesejada cominando-lhe uma sano, modelo pelo qual o legislador faz descrever uma infrao penal.

CLASSIFICAO DA LEI PENALA lei penal pode ser classificada em duas espcies:a) Leis incriminadoras.b) Leis no incriminadoras que subdividem-se em permissivas e finais, complementares ou explicativas.LEIS PENAIS INCRIMINADORASAs leis penais incriminadoras so aquelas que definem infraes (preceito primrio) e fixam as respectivas penas (preceito secundrio).LEIS NO INCRIMINADORASa) LEIS PENAIS PERMISSIVASLeis penais permissivas so as que prevem a licitude ou a impunidade de determinados comportamentos, apesar de estes se enquadrarem na descrio tpica. Podem estar na Parte Geral (arts. 20 a 25 etc.) ou na Parte Especial (arts. 128, 142 etc.).b) LEIS PENAIS FINAIS, COMPLEMENTARES OU EXPLICATIVASSo as que esclarecem o significado de outras normas ou limitam o mbito de sua aplicao. Podem estar na Parte Geral (arts. 4, 5, 7, 10 a 12 etc.) ou na Parte Especial (art. 327 etc.).CARACTERSTICAS DAS LEIS PENAISa) exclusividade somente elas definem crimes e cominam penas.b) anterioridade as que descrevem crimes somente tm incidncia se em vigor na data do seu cometimento.c) imperatividade impe-se a todos, sendo obrigatria a sua observncia.d) generalidade tm eficcia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive os inimputveis.e) impessoalidade dirigem-se impessoal e indistintamente a todos, no sendo concebvel uma lei para punir especificamente uma pessoa.2.2 FONTES FORMAIS MEDIATASSo os costumes e os princpios gerais do direito.2.2.1 COSTUMESCostume consiste no complexo de normas no escritas, consideradas juridicamente obrigatrias e seguidas de modo reiterado e uniforme pela coletividade pela convico de sua obrigatoriedade.O costume no revoga a lei, mas serve para integr-la, uma vez que, em vrias partes do Cdigo Penal, o legislador utiliza-se de expresses que ensejam a invocao do costume para se chegar ao significado exato do texto, como por exemplo, areputao (art. 129 - CP), dignidade e decoro (art. 140 - CP), mulher honesta (arts. 215 e 219), ato obsceno (art. 233).O costume no cria delitos, e nem comina penas em razo do princpio constitucional da reserva legal, segundo o qual no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal (art. 5, XXXIX - CF e art. 1- CP)A analogia no fonte formal mediata do Direito Penal, mas mtodo pelo qual aplica-se a fonte formal imediata, isto , a lei do caso semelhante.

2.2.2 - PRINCPIOS GERAIS DE DIREITOSo considerados princpios as premissas ticas extradas do material legislativo, como por exemplo, o princpio da insignificncia. Servem para a orientao e limitao do Direito Penal, uma vez que, crime no apenas o que o legislador diz s-lo (conceito formal). Para que uma conduta seja considerada criminosa necessrio que tenha contedo de crime. Se a conduta no colocar em risco valores fundamentais da sociedade no poder ser considerada criminosa. Assim sendo, o magistrado, em caso de omisso da lei decidir o caso de acordo com a analogia (fonte no formal de direito), aplicando lei semelhante para decidir o caso, no existindo lei para o caso, recorre-se as fontes formais mediatas que so os costumes e os princpios gerais do direito (art. 4 - LINDB).

CRIMES AGRAVADOS PELO RESULTADO.

18. CRIME PRETERDOLOSOConceito: crime preterdoloso uma das quatro espcies de crime qualificado pelo resultado.Crime qualificado pelo resultado: aquele em que o legislador, aps descrever uma conduta tpica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrncia acarreta um agravamento da sano penal. O crime qualificado pelo resultado possui duas etapas: 1) prtica de um crime completo, com todos os seus elementos (fato antecedente); 2) produo de um resultado agravador, alm daquele que seria necessrio para a consumao (fato consequente). Na primeira parte, h um crime perfeito e acabado, praticado a ttulo de dolo ou culpa, ao passo que, na segunda, um resultado agravador produzido dolosa ou culposamente acaba por tipificar um delito mais grave. Exemplo: a ofensa integridade corporal de outrem, por si s, j configura o crime previsto no art. 129, caput, do Cdigo Penal, mas, se o resultado final caracterizar uma leso grave ou gravssima, essa consequncia servir para agravar a sano penal, fazendo com que o agente responda por delito mais intenso.Um s crime: o crime qualificado pelo resultado um nico delito, que resulta da fuso de duas ou mais infraes autnomas. Trata-se de crime complexo, portanto.Momentos do crime qualificado pelo resultado: so dois.Vejamos.a) No primeiro, denominado fato antecedente, realiza-se o crime com todos os seus elementos.b) No segundo, conhecido como fato consequente, produz-se o resultado agravador.Espcies de crimes qualificados pelo resultado: so quatro.Vejamos.a) Dolo no antecedente e dolo no consequente: nesse caso, temos uma conduta dolosa e um resultado agravador tambm doloso. O agente quer produzir tanto a conduta como o resultado agravador.Exemplo: marido que espanca a mulher at atingir seu intento, provocando-lhe deformidade permanente (CP, art. 129, 2, IV). Na hiptese, h dolo no comportamento antecedente e na produo do resultado agravador, pois o autor no quis apenas produzir ofensa integridade corporal da ofendida, mas obter o resultado deformidade permanente (dolo no antecedente e dolo no consequente).b) Culpa no antecedente e culpa no consequente: o agente pratica uma conduta culposamente e, alm desse resultado culposo, acaba produzindo outros, tambm a ttulo de culpa. No crime de incndio culposo, por exemplo, considerado fato antecedente, se, alm do incndio, vier a ocorrer alguma morte, tambm por culpa, o homicdio culposo funcionar como resultado agravador (fato consequente). a hiptese prevista no art. 258, parte final, do Cdigo Penal, que prev o crime de incndio culposo qualificado peloresultado morte.c) Culpa no antecedente e dolo no consequente: o agente, aps produzir um resultado por imprudncia, negligncia ou impercia, realiza uma conduta dolosa agravadora. o caso domotorista que, aps atropelar um pedestre, ferindo-o, foge, omitindo lhe socorro (CTB, art. 303, pargrafo nico). Houve um comportamento anterior culposo, ao qual sucedeu uma conduta dolosa, que agravou o crime (culpa no antecedente e dolo no consequente).d) Conduta dolosa e resultado agravador culposo (crime preterdoloso ou preterintencional): o agente quer praticar um crime, mas acaba excedendo-se e produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que o desejado. o caso da leso corporal seguida de morte, na qual o agente quer ferir, mas acaba matando (CP, art. 129, 3 ). Exemplo: sujeito desfere um soco contra o rosto da vtima com inteno de lesion-la, no entanto, ela perde o equilbrio, bate a cabea e morre. H um s crime: leso corporal dolosa, qualificada pelo resultado morte culposa, que a leso corporal seguida de morte. Como se nota, o agente queria provocar leses corporais, mas, acidentalmente, por culpa, acabou gerando um resultado muito mais grave, qual seja, a morte. Na hiptese, diz se que o autor fez mais do que queria, agiu alm do dolo, isto , com preterdolo. Somente esta ltima espcie de crime qualificado pelo resultado configura o crime preterdoloso ou preterintencional.Componentes do crime preterdoloso: o crime preterdoloso compe-se de um comportamento anterior doloso (fato antecedente) e um resultado agravador culposo (fato consequente). H, portanto, dolo no antecedente e culpa no consequente.Diferena entre crime qualificado pelo resultado e crime preterdoloso: o primeiro gnero, do qual o preterdoloso apenas uma de suas espcies.Latrocnio: no necessariamente preterdoloso, j que a morte pode resultar de dolo (ladro, depois de roubar, atira para matar), havendo este tanto no antecedente como no consequente.Quando a morte for acidental (culposa), porm, o latrocnio ser preterdoloso, caso em que a tentativa no ser possvel.Leses corporais de natureza grave ou gravssima: trata-se de crime qualificado pelo resultado, mas no necessariamente preterdoloso, do mesmo modo que o latrocnio. Assim, tanto o resultado agravador pode ser pretendido pelo agente, como no caso do sujeito que atira cido nos olhos da vtima com inteno de cegla (dolo na leso corporal e no resultado agravador perda definitiva de funo), quanto pode derivar de culpa, como na hiptese do marido que surra a mulher grvida, mas sem inteno de provocar o abortamento, o que, infelizmente, vem a ocorrer. Neste ltimo exemplo, houve dolo no antecedente (leses dolosas) e culpa no consequente (leso gravssima abortamento), tratando-se de crime preterdoloso.Tentativa na leso corporal grave ou gravssima: quando o resultado agravador for querido, possvel a tentativa. Desse modo, se o cido no provocou a cegueira na vtima por circunstncias alheias vontade do agente, este responder por tentativa de leso corporal gravssima. Quando se tratar de crime preterdoloso, como na hiptese da leso dolosa agravada pelo abortamento culposo, a tentativa ser inadmissvel.Nexo entre conduta e resultado agravador: no basta a existncia de nexo causal entre a conduta e o resultado, pois, sem o nexo normativo, o agente no responde pelo excesso no querido. Vale dizer, se o resultado no puder ser atribudo ao agente, ao menos culposamente, no lhe ser imputado (CP, art. 19).Tentativa no crime preterdoloso: impossvel, j que o resultado agravador no era desejado, e no se pode tentar produzir um evento que no era querido. Entretanto, no crime qualificado pelo resultado em que houver dolo no antecedente e dolo no consequente,ser possvel a tentativa, pois o resultado agravador tambm era visado. Exemplo: agente joga cido nos olhos da vtima com o intuito de ceg-la. Se o resultado agravador foi pretendido e no se produziu por circunstncias alheias sua vontade, responder o autor por tentativa de leso corporal qualificada (CP, art. 129, 2 , III, c/c o art. 14, II).Obs.: possvel sustentar que existe uma exceo regra de que o crime preterdoloso no admite tentativa. Trata-se do aborto qualificado pela morte ou leso grave da gestante (CP, art. 127), em que o feto sobrevive, mas a me morre ou sofre leso corporal de natureza grave ou gravssima. Neste caso, seria, em tese, possvel admitir uma tentativa de crime preterdoloso, pois o aborto ficou na esfera tentada, tendo ocorrido o resultado agravador culposo. Entendemos, no entanto que, mesmo nesse caso, o crime seria consumado, ainda que no tenha havido supresso da vida intrauterina, nos mesmos moldes que ocorre no latrocnio, quando o roubo tentado, mas a morte consumada.

DIREITO PENAL SIMPLIFICADO ED. SARAIVA.FERNANDO CAPEZ

19 CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

19.1.CONCEITO aquele em que o legislador, aps descrever a figura tpica, acrescenta lhe um resultado, com a finalidade de aumentar abstratamente a pena.

19.2. ESPCIES

19.2.1. Conduta dolosa e resultado agravador doloso O agente quer produzir a conduta e tambm o resultado agravador. Por exemplo: marido que espanca a sua mulher at provocar-lhe deformidade permanente (art. 129, 2o, IV, do CP).

19.2.2. Conduta culposa e resultado agravador dolosoO agente, aps produzir um resultado por imprudncia, negligncia ou impercia, realiza uma conduta dolosa agravadora. o caso do motorista que, aps atropelar um pedestre, ferindo-o, foge, omitindo socorro (art. 121, 4o, do CP).

19.2.3. Conduta dolosa e resultado agravador culposoO agente quer praticar um crime, mas acaba se excedendo e produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que o desejado. o caso da leso corporal seguida de morte (art. 129, 3o, do CP). Essa ltima espcie de crime qualificado pelo resultado o crime preterdoloso ou preterintencional.

19.2.4. Conduta culposa e resultado agravador culposoO sujeito pratica um delito culposamente (exemplo: incndio culposo art. 250, 2o, do CP) e, em razo desse crime, d causas, tambm por culpa, a um resultado agravador culposo (do incndio culposo, resulta uma morte, tambm culposa art. 258, parte final, do CP).

19.3. CONCEITO DE CRIME PRETERDOLOSO

aquele em que o agente realiza uma conduta dolosa, mas acaba produzindo um resultado mais grave do que o pretendido em razo de intensificao culposa.A doutrina costuma dizer que, no crime preterdoloso, h dolo no antecedente e culpa no consequente.O latrocnio no necessariamente preterdoloso, uma vez que a morte pode resultar de dolo e no de culpa.

19.4. NEXO ENTRE CONDUTA E RESULTADO AGRAVADOR

No basta a existncia de nexo causal entre a conduta e o resultado, pois, sem o nexo normativo, o agente no responde pelo excesso no querido.Vale dizer: se o resultado no puder ser atribudo ao agente, ao menos culposamente, no lhe ser imputado (art. 19 do CP).

19.5. TENTATIVA impossvel a tentativa no crime preterdoloso, uma vez que o resultado agravador no era desejado. O latrocnio s admite a tentativa quando no for preterdoloso.

CURSO DE DIREITO PENAL PARTE GERAL ROGERIO GRECO CAPTULO 30 AGRAVAO PELO RESULTADO

DISPOSITIVO LEGAL

Dispe o artigo 19, do CP, que:

Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, s responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.

INOVAO DAS DISPOSIES CONTIDAS NO ARTIGO 19 DO CDIGO PENAL

O cdigo de 1940 no possua dispositivo semelhante ao artigo 19 em sua redao. Por isso, haviam duas correntes quanto responsabilizao ou no do agente pelo resultado agravador da infrao penal:

- o resultado agravador somente podia ser imputado quando resultante de dolo ou culpa;- o resultado agravador deve ser atribudo ao agente to-somente pela sua ocorrncia, no se importando em verificar se este resultado, pelo menos, era previsvel. ERA A CONSAGRAO DA RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA.

O item 16 da Exposio de Motivos da nova parte geral do Cdigo Penal deixou bem claro o objetivo da alterao trazida ao ordenamento quanto a esse ponto:

16. Retoma o Projeto, no artigo 19, o princpio da culpabilidade, nos denominados crimes qualificados pelo resultado, que o Cdigo vigente submeteu a injustificada Responsabilidade objetiva. A regra se estende a todas as causas de aumento situadas no desdobramento causal da ao.

Ningum poder responder pelo resultado mais grave se no o tiver causado ao menos culposamente. No h mais como se cogitar da imposio de pena com base no reconhecimento puro e simples do nexo de causalidade entre a conduta do agente e o resultado qualificador.

3. CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

Ocorre o crime qualificado pelo resultado quando o agente atua com dolo na conduta e doloquanto ao resultado qualificador, ou dolo na conduta e culpa no que diz respeito ao resultado qualificador (neste caso, denomina-se crime PRETERDOLOSO). Existe dolo e dolo ou dolo e culpa.

Por isso afirmamos que todo crime preterdoloso crime qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado pelo resultado preterdoloso.

DOLO + DOLO leso corporal qualificada pela perda ou inutilizao de membro.DOLO + CULPA leso corporal qualificada pelo resultado aborto.

4. FINALIDADE DO ARTIGO 19 DO CDIGO PENAL

O objetivo do artigo 19 afastar a responsabilidade penal objetiva, evitando-se que o agente responde por infraes que sequer ingressaram na sua rbita de previsibilidade.

O efeito prtico do artigo pode ser observado com o seguinte exemplo:

- capoeirista d rasteira em desafeto sobre as areias das dunas de Cabo Frio querendo causar-lhe leso leve. O sujeito cai de cabea sobre a nica pedra existente naquelas dunas, escondida sob a fina areia = O AGENTE RESPONDE POR LESO CORPORAL LEVE, no lhe podendo ser atribudo o resultado agravador morte, pois escapava a seu mbito de previsibilidade.

- capoeirista d rasteira em desafeto, querendo causar-lhe leso leve, no sobre as areias de Cabo Frio, mas sobre as pedras do Arpoador = O AGENTE RESPONDE POR LESO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE, pois o resultado perfeitamente previsvel, podendo ser atribudo ao agente.

TRATADO DE DIREITO PENAL PARTE GERAL 17 ED. SARAIVA.CEZAR ROBERTO BITENCOURT.

7. Crime preterdoloso e crime qualificado pelo resultado

Alm das duas modalidades de crimes dolosa e culposa expressamente reguladas pelo nosso Cdigo Penal, doutrina e jurisprudncia reconhecem a existncia de uma terceira, que costumam designar como crime preterdoloso ou crime qualificado pelo resultado. Crime preterdoloso ou preterintencional tem recebido o significado de crime cujo resultado vai alm da inteno do agente, isto , a ao voluntria inicia dolosamente e termina culposamente, porque, afinal, o resultado efetivamente produzido estava fora da abrangncia do dolo. Em termos bem esquemticos, afirma-se, simplistamente, que h dolo no antecedente e culpa no consequente.Tm-se utilizado, a nosso juzo, equivocadamente, as expresses crime preterdoloso e crime qualificado pelo resultado como sinnimas. No entanto, segundo a melhor corrente, especialmente na Itlia, no crime qualificado pelo resultado, ao contrrio do preterdoloso, o resultado ulterior, mais grave, derivado involuntariamente da conduta criminosa, lesa um bem jurdico que, por sua natureza, no contm o bem jurdico precedentemente lesado. Assim, enquanto a leso corporal seguida de morte (art. 129, 3) seria preterintencional, o aborto seguido da morte da gestante (arts. 125 e 126 combinados com o 127, in fine) seria crime qualificado pelo resultado. O raciocnio simples: nunca se conseguir matar algum sem ofender sua sade ou integridade corporal (leso corporal seguida de morte: crime preterdoloso), enquanto para matar algum no se ter necessariamente de faz-lo abortar (aborto com ou sem consentimento da gestante: crime qualificado pelo resultado).

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:NADER, Paulo. Introduo ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 32 Ed, 2010.

JESUS, Damsio E de. Direito Penal. Parte Geral. So Paulo: Saraiva, 30 Ed., 2009.

MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume1: parte geral. So Paulo: Atlas, 25 Ed., 2009.

REALE JNIOR, Miguel. Instituies de direito penal. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, vol.1, parte geral. So Paulo: Saraiva, 14 Ed., 2010.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, vol.1, parte geral. So Paulo: Saraiva, 16 Ed., 2013.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Direito Penal: Parte geral 1. So Paulo: Saraiva, 2012