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5/20/2018 AtlasJorgeLuisBorgesMariaKodama-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/atlas-jorge-luis-borges-maria-kodama 1/7 atlas  jorge luis borges com maría kodama TRADUÇÃO HELOISA JAHN

Atlas Jorge Luis Borges Maria Kodama

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  • atlas jorge luis borges com mara kodama traduo heloisa jahn

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  • copyright 1995, 2008 by mara kodamatodos os direitos reservados

    grafia atualizada segundo o acordo ortogrfico da lngua portuguesa de 1990, que entrou em vigor no brasil em 2009.

    ttulo originalatlas

    projeto grficoraul loureiro, claudia warrak

    preparaosilvia massimini felix

    revisocarmen s. da costaisabel jorge cury

    dados internacionais de catalogao na publicao (cip)(cmara brasileira do livro, sp, brasil)

    borges, jorge luis, 1899-1986. atlas / jorge luis borges com mara kodama ; traduo heloisa jahn . so paulo : companhia das letras, 2010.

    ttulo original: atlasisbn 978-85-359-1712-3

    1. borges, jorge luis, 1899-1986 2. kodama, mara 3. viajantes escritos i. ttulo.

    10-06470 cdd-910.4

    ndices para catlogo sistemtico:1. narrativas de viagens 910.42. viagens : narrativas pessoais 910.4

    [2010]todos os direitos desta edio reservados editora schwarcz ltda.rua bandeira paulista, 702, cj. 3204532-002 so paulo sptelefone (11) 3707-3500fax (11) 3707-3501www.companhiadasletras.com.br

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  • a deusa glica

    Quando Roma chegou a estas terras ltimas e a seu mar de guas doces indefinido e quem sabe interminvel, quando Csar e Roma, esses dois claros e altos nomes, chegaram, a deusa de madeira queimada j estava aqui. Seria chamada Diana ou Minerva, maneira indiferente dos imprios que no so missionrios e que preferem reconhecer e anexar as divindades vencidas. Antes ocuparia seu lugar numa hierar-quia precisa e seria a filha de um deus e a me de outro e a vinculariam s ddivas da primavera ou ao horror da guerra. Agora a acolhe e exibe essa estranha coisa, um museu.

    Chega-nos sem mitologia, sem a palavra que foi sua, mas com o apagado clamor de geraes hoje sepultadas. uma coisa rota e sagrada que nossa ociosa imaginao pode enri-quecer irresponsavelmente. Nunca ouviremos as splicas de seus adoradores, nunca saberemos os ritos.

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  • o totem

    Plotino de Alexandria, conta Porfrio, no admitiu que o re-tratassem, alegando que no passava da sombra de seu prot-tipo platnico e que o retrato seria a sombra de uma sombra.

    Sculos depois Pascal redescobriria esse argumento contra a arte da pintura. A imagem que vemos aqui a foto do fac--smile de um dolo do Canad, ou seja, a sombra da sombra de uma sombra. Seu original por assim dizer ergue-se, alto e sem culto, atrs da ltima das trs estaes do Retiro. Trata-se de um presente oficial do governo do Canad. Esse pas no se incomoda de ser representado por uma imagem brbara como aquela. Um governo sul-americano jamais pra-ticaria o ato contraditrio de oferecer a imagem de uma di-vindade annima e tosca.

    Sabemos essas coisas e mesmo assim nossa imaginao se compraz com a ideia de um totem no desterro, de um totem que obscuramente exige mitologias, tribos, apreenses e tal-vez sacrifcios. Nada sabemos quanto a seu culto; razo sufi-ciente para sonh-lo no crepsculo duvidoso.

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