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SAÚDE ❚❚❚ Entre quinta-feira e ontem, a Sociedade Brasileira de Uro- logia de São Paulo (SBU-SP) trouxe ao Brasil especialistas internacionais para discutir avanços e novas tecnologias de tratamento na área de urolo- gia. A 15ª Jornada Paulista de Urologia recebeu mais de 900 médicos em Campos do Jordão (SP). Entre os temas, oncologia, litíase urinária e disfunções miccionais. “O Comitê Científico plane- jou sessões sobre boas práticas no diagnóstico e tratamento das mais diversas doenças urológicas em ambos os sexos, faixas etárias, sem se restringir apenas aos grandes centros, e como encontrar soluções para levar uma urologia de alto ní- vel aos centros menores”, diz o médico João Luiz Amaro, presi- dente da SBU-SP e chefe do Departamento de Urologia da Unesp de Botucatu. Segundo Amaro, um dos grandes avanços é um novo me- dicamento quimioterápico que chegará ao mercado para tratamento de câncer avança- do de rim. “É um inibidor do crescimento da neogênese e vai ser colocado no mercado como opção. Ele inibe a vasculariza- ção, porque o câncer não se desenvolve se não tiver irriga- ção suficiente”. Um destaques da jornada foi a apresentação do médico Phillip Pierorazio, professor de Urologia e Oncologia no Insti- tuto Urológico Brady da Johns Hopkins, da Universidade dos Estados Unidos. O especialista abordou novos tratamentos pa- ra combater o câncer de prósta- ta localizado com o uso da tec- nologia HIFU (ultrassom foca- lizado de alta intensidade, nu- ma tradução livre da sigla em inglês), que consiste em des- truir a próstata criando on- das de calor sem incisão e nem cicatrizes. Já o urologista Mariano Se- bastian Gonzales, diretor mé- dico do Instituto de Urologia de Buenos Aires, na Argenti- na, apresentou o tratamento atual da litíase urinária, mos- trando o estudo metabólico e a orientação dietética para evitar a formação de cálculos renais e suas complicações. O médico Emmanuel Car- tier Kastler, da Universidade de Medicina Pierre et Marie Curie, Sorbonne Universités, em Paris (França), mostrou as novas tecnologias no trata- mento da incontinência urinária feminina e o estado atual da indicação medica- mentosa da síndrome da bexi- ga hiperativa. O especialista publicou mais de 320 artigos e capítu- los de livros sobre urologia, sobretudo nos campos de in- continência e neurourologia. ATUALIZAÇÃO DA REDAÇÃO Não há comprovação científica de que a reposição hormonal masculina facilite o apareci- mento ou piore os casos de cân- cer de próstata. Estudos inter- nacionais não conseguiram es- tabelecer associação entre a Te- rapia de Reposição de Testoste- rona (TRT) e o tumor de prósta- ta. Se a doença estiver controla- da, o tratamento é seguro, afir- ma o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia Seção São Paulo (SBU-SP), João Luiz Amaro. “É preciso ter em mente que, para fazer a reposição hormo- nal, o câncer de próstata tem de estar controlado. Por exem- plo, a pessoa opera, durante seis meses é seguida (monitora- da pelo médico) e fica estável. Nesse individuo, se tiver baixa da testosterona, você pode pro- por a reposição”, diz Amaro, lembrando a antiga tese de que, quanto mais alta a concen- tração de testosterona, menor o risco de câncer. A deficiência de testostero- na, que costuma ocorrer após os 45 anos, traz o risco de fratu- ra óssea, má qualidade do so- no, fraqueza, queda do humor, falta de desejo sexual, piora na ereção e fadiga. A reposição é indicada para quem tem tais sintomas – não basta apenas a diminuição do hormônio. Estudo apresentado no ano passado, na Associação Ameri- cana de Urologia, nos Estados Unidos, mostrou não haver evi- dência de que usar andrógenos (hormônios) eleva o número de casos desse tipo de tumor. A pesquisa foi feita com 38.570 homens com casos de câncer de próstata, entre 2009 e 2012, comparados a 192.838 ho- mens sem a doença. O aumento na prescrição de TRT aumenta no mundo. Se- gundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolo- gia (SBEM), a baixa na produ- ção de testosterona acomete 15% dos homens com idade entre 50 e 60 anos, e chega a mais de 50% acima de 80 anos. ROBÓTICA Atualmente, realizam-se 650 mil cirurgias robóticas no mun- do. O Brasil tem 25 programas com plataformas robóticas ins- taladas e em funcionamento. Dados nacionais mostram que, em 2015, os procedimentos urológicos foram responsáveis por 61,7% do total de cirurgias robóticas realizadas. O presidente da SBU-SP des- taca a importância da evolução do método. “Na melhoria dos resultados, seja da impotência sexual ou mesmo da inconti- nência urinária. Já sabemos que diminui o tempo de inter- nação e o sangramento, mas do ponto de vista oncológico ain- da não tem diferença da cirur- gia tradicional, laparoscópica”. O CÂNCER Conforme o Ministério da Saú- de, o número de homens que morreram por causa do câncer de próstata aumentou 64,2%, de 2008 para 2016, na Baixada Santista. O ano passado fechou com 61,2 mil novos casos da doença no Brasil. Exames preventivos devem ser realizados a partir dos 50 anos. O toque retal, aliado ao de sangue, que mede o nível de PSA (sigla para Antígeno Pros- tático Específico), é capaz de detectar até 80% dos tumores. OBSERVAÇÕES 900 médicos participaram da 15 a Jornada Paulista de Urologia, em Campos do Jordão “É preciso ter em mente que, para fazer a reposição hormonal, o câncer de próstata tem de estar controlado. Por exemplo, a pessoa opera, durante seis meses é seguida (monitorada pelo médico) e fica estável. Nesse individuo, se tiver baixa da testosterona, você pode propor a reposição” “(A cirurgia robótica se traduz) na melhoria dos resultados, seja da impotência sexual ou mesmo da incontinência urinária. Já sabemos que diminui o tempo de internação e o sangramento, mas do ponto de vista oncológico ainda não tem diferença da cirurgia tradicional, laparoscópica” João Luiz Amaro Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia Seção São Paulo (SBU-SP) Pênis Escroto Testículo Epidídimo Próstata Reto Ânus Vesícula seminal Bexiga Uretra O QUE É Do tamanho de uma castanha, firme e homogênea ao toque, a próstata é a glândula masculina que produz cerca de 70% do sêmen, líquido que contém os espermatozoides 64,2% SINTOMAS Não há nas fases iniciais. Depois de um tempo, aparecem dificuldade de urinar e enfraquecimento do jato. Em estado avançado, o paciente sente dores ósseas, anemia, ínguas ou perda de peso TRATAMENTO Depende do tamanho e da classificação do tumor, assim como da idade do paciente. Podem ser indicados remoção cirúrgica da próstata, radioterapia, hormonoterapia e uso de medicamentos. Para os pacientes idosos com tumor de evolução lenta, o acompanhamento clínico menos invasivo é uma opção que deve ser considerada DIAGNÓSTICOS PSA: exame de sangue que detecta a elevação da proteína produzida pela próstata, um dos indicativos do câncer Toque retal Realizado pelo ânus, permite que o médico avalie as características da próstata. Se a glândula estiver irregular ou endurecida, é provável que haja câncer. Deve ser feito a partir dos 45 anos Ultrassonografia Por via abdominal. Basta o paciente manter a bexiga cheia para que se possam observar alterações na próstata, na bexiga e nas vesículas 1 2 ARTE MONICA SOBRAL/AT 1 2 Reto Próstata Bexiga O número de homens que morreram por causa do câncer de próstata aumentou de 2008 para 2016, na Baixada Santista Hormônios e câncer: sem relação Conclusão é direcionada a pacientes com tumores na próstata. “Se a doença estiver controlada, tratamento é seguro”, diz médico CONHEÇA E ENTENDA João Luiz Amaro: cirurgias robótica e tradicional não têm diferença DIVULGAÇÃO Especialistas debatem tratamento A-8 Cidades A TRIBUNA Domingo 7 www.atribuna.com.br maio de 2017

[ATRIBUNA - sbu-sp.org.brsbu-sp.org.br/wp-content/uploads/2017/05/A-TRIBUNA-DE-SANTOS.pdf · SAÚDE Entrequinta-feiraeontem, aSociedadeBrasileiradeUro-logiadeSãoPaulo(SBU-SP) trouxeaoBrasilespecialistas

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SAÚDE

❚❚❚Entrequinta-feiraeontem,a Sociedade Brasileira de Uro-logia de São Paulo (SBU-SP)trouxe ao Brasil especialistasinternacionais para discutiravanços e novas tecnologias detratamento na área de urolo-gia. A 15ª Jornada Paulista deUrologia recebeu mais de 900médicos em Campos doJordão (SP). Entre os temas,oncologia, litíase urinária edisfunçõesmiccionais.“O Comitê Científico plane-

jou sessões sobre boas práticasno diagnóstico e tratamentodas mais diversas doençasurológicas em ambos os sexos,faixas etárias, sem se restringirapenas aos grandes centros, ecomo encontrar soluções paralevar uma urologia de alto ní-vel aos centros menores”, diz omédicoJoãoLuizAmaro,presi-dente da SBU-SP e chefe doDepartamento de Urologia daUnespdeBotucatu.Segundo Amaro, um dos

grandesavançoséumnovome-dicamento quimioterápicoque chegará ao mercado paratratamento de câncer avança-

do de rim. “É um inibidor docrescimentodaneogêneseevaiser colocadonomercado comoopção. Ele inibe a vasculariza-ção, porque o câncer não sedesenvolve se não tiver irriga-çãosuficiente”.Umdestaquesda jornada foi

a apresentação do médicoPhillipPierorazio,professordeUrologia e Oncologia no Insti-tutoUrológicoBrady da JohnsHopkins, da Universidade dosEstadosUnidos.Oespecialistaabordounovostratamentospa-racombaterocâncerdeprósta-ta localizado com o uso da tec-nologiaHIFU(ultrassomfoca-

lizadodealtaintensidade,nu-ma tradução livre da sigla eminglês), que consiste em des-truir a próstata criando on-das de calor sem incisão enemcicatrizes.JáourologistaMarianoSe-

bastianGonzales,diretormé-dico do Instituto de Urologiade Buenos Aires, na Argenti-na, apresentou o tratamentoatualda litíaseurinária,mos-trando o estudometabólico ea orientação dietética paraevitar a formação de cálculosrenaisesuascomplicações.O médico Emmanuel Car-

tier Kastler, da Universidadede Medicina Pierre et MarieCurie, SorbonneUniversités,em Paris (França), mostrouasnovas tecnologiasno trata-mento da incontinênciaurinária feminina e o estadoatual da indicação medica-mentosadasíndromedabexi-gahiperativa.O especialista publicou

mais de 320 artigos e capítu-los de livros sobre urologia,sobretudo nos campos de in-continênciaeneurourologia.

ATUALIZAÇÃO

DAREDAÇÃO

Nãohácomprovaçãocientíficade que a reposição hormonalmasculina facilite o apareci-mentooupioreoscasosdecân-cer de próstata. Estudos inter-nacionais não conseguirames-tabelecerassociaçãoentreaTe-rapiadeReposiçãodeTestoste-rona(TRT)eotumordeprósta-ta.Seadoençaestivercontrola-da, o tratamento é seguro, afir-ma o presidente da SociedadeBrasileira de Urologia SeçãoSão Paulo (SBU-SP), JoãoLuizAmaro.“Épreciso ter emmente que,

para fazer a reposição hormo-nal, o câncer de próstata temde estar controlado. Por exem-plo, a pessoa opera, duranteseismeseséseguida(monitora-da pelo médico) e fica estável.Nesse individuo, se tiver baixadatestosterona,vocêpodepro-por a reposição”, diz Amaro,lembrando a antiga tese deque,quantomaisaltaaconcen-tração de testosterona, menororiscodecâncer.A deficiência de testostero-

na, que costuma ocorrer apósos45anos, trazoriscode fratu-ra óssea, má qualidade do so-no, fraqueza, queda do humor,falta de desejo sexual, piora naereção e fadiga. A reposição éindicada para quem tem taissintomas – não basta apenas adiminuiçãodohormônio.Estudo apresentado no ano

passado,naAssociaçãoAmeri-cana de Urologia, nos EstadosUnidos,mostrounãohaverevi-dênciadequeusar andrógenos(hormônios) eleva o númerode casos desse tipode tumor.Apesquisa foi feita com 38.570homens com casos de câncerdepróstata, entre2009e2012,comparados a 192.838 ho-menssemadoença.O aumento na prescrição de

TRT aumenta no mundo. Se-gundo a Sociedade BrasileiradeEndocrinologiaeMetabolo-gia (SBEM), a baixa na produ-ção de testosterona acomete15% dos homens com idadeentre 50 e 60 anos, e chega amaisde50%acimade80anos.

ROBÓTICA

Atualmente, realizam-se 650milcirurgiasrobóticasnomun-do.OBrasil tem25 programascomplataformasrobóticas ins-taladas e em funcionamento.Dadosnacionaismostramque,em 2015, os procedimentosurológicos foram responsáveispor 61,7% do total de cirurgiasrobóticasrealizadas.OpresidentedaSBU-SPdes-

tacaa importânciadaevoluçãodo método. “Na melhoria dosresultados, seja da impotênciasexual ou mesmo da inconti-nência urinária. Já sabemos

que diminui o tempo de inter-naçãoeosangramento,masdoponto de vista oncológico ain-da não tem diferença da cirur-giatradicional, laparoscópica”.

OCÂNCER

ConformeoMinistériodaSaú-de, o número de homens quemorrerampor causa do câncerde próstata aumentou 64,2%,

de2008para2016,naBaixadaSantista.Oanopassado fechoucom 61,2 mil novos casos dadoençanoBrasil.Exames preventivos devem

ser realizados a partir dos 50anos. O toque retal, aliado aode sangue, quemede o nível dePSA(siglaparaAntígenoPros-tático Específico), é capaz dedetectaraté80%dostumores.

OBSERVAÇÕES

900médicos

participaramda 15a JornadaPaulistadeUrologia, emCamposdo Jordão

“Épreciso ter emmenteque,para fazer a reposiçãohormonal,o câncer de próstata temdeestarcontrolado. Por exemplo, a pessoa

opera, durante seismesesé seguida (monitoradapelomédico)e fica estável. Nesse individuo, se tiver

baixada testosterona,vocêpode propor a reposição”

“(A cirurgia robótica se traduz) namelhoriados resultados, sejada impotência sexual

oumesmoda incontinência urinária. Já sabemosquediminui o tempode internação eosangramento,masdopontode vistaoncológicoaindanão temdiferençadacirurgia tradicional, laparoscópica”

JoãoLuizAmaroPresidentedaSociedadeBrasileira

deUrologia SeçãoSãoPaulo(SBU-SP)

Pênis

Escroto

Testículo

Epidídimo

Próstata

Reto

Ânus

VesículaseminalBexiga

Uretra

O QUE ÉDo tamanho de umacastanha, firme e homogêneaao toque, a próstataé a glândula masculinaque produz cerca de 70%do sêmen, líquido que contémos espermatozoides

64,2%

SINTOMASNão há nas fases iniciais. Depoisde um tempo, aparecem dificuldadede urinar e enfraquecimento do jato.Em estado avançado, o pacientesente dores ósseas, anemia, ínguasou perda de peso

TRATAMENTODepende do tamanhoe da classificação do tumor,assim como da idade do paciente.Podem ser indicados remoçãocirúrgica da próstata, radioterapia,hormonoterapia e uso demedicamentos. Para os pacientesidosos com tumor de evoluçãolenta, o acompanhamento clínicomenos invasivo é uma opçãoque deve ser considerada

DIAGNÓSTICOSPSA: exame

de sangue quedetecta a elevação

da proteínaproduzida

pela próstata,um dos indicativos

do câncer

Toque retalRealizado pelo ânus, permite queo médico avalie as característicasda próstata. Se a glândula estiverirregular ou endurecida, é provávelque haja câncer. Deve ser feitoa partir dos 45 anos

UltrassonografiaPor via abdominal.Basta o paciente mantera bexiga cheia para quese possam observaralterações na próstata,na bexiga e nas vesículas

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ARTE MONICA SOBRAL/AT

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2

Reto

Próstata

Bexiga

O número de homensque morreram

por causa do câncerde próstata aumentou

de 2008 para 2016,na Baixada Santista

Hormôniose câncer: semrelaçãoConclusão é direcionada a pacientes com tumores na próstata. “Se a doença estiver controlada, tratamento é seguro”, diz médico

CONHEÇAEENTENDA

João Luiz Amaro: cirurgias robótica e tradicional não têm diferença

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Especialistas debatem tratamento

A-8 Cidades ATRIBUNA Domingo 7www.atribuna.com.br maio de 2017