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ADRIANA NASCIMENTO DA SILVA
ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA VISÃO SISTÊMICA DA
INSTITUIÇÃO
PUC- CAMPINAS 2006
ADRIANA NASCIMENTO DA SILVA
ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA VISÃO SISTÊMICA DA
INSTITUIÇÃO
PUC-CAMPINAS 2006
Trabalho apresentado como exigência para obtenção do título de Psicopedagoga do curso de Especialização em Educação e Psicopedagogia junto à Faculdade de Educação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob orientação da professora Selma Chiavegatto
Dedico este trabalho ao meus amados pais, os quais devo gratidão
pelos constantes incentivos e por acreditar no meu crescimento
pessoal e profissional.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, à Deus pela proteção, vigor e sabedoria que tem me edificado.
Minha gratidão e reconhecimento às pessoas cuja contribuição tornou-se decisiva para a
realização desse trabalho:
À toda equipe de docentes que constituíram o curso de Especialização em Educação e
Psicopedagogia, em 2006, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, especialmente à
professora Selma Chiavegatto pela orientação, apoio e cuidado com que acompanhou a elaboração
dessa pesquisa.
Aos meus colegas de curso pelos muitos momentos que pudemos compartilhar, de uma
maneira bem descontraída, nossas frustrações e conquistas profissionais e pessoais.
Às profissionais entrevistadas pela disponibilidade do tempo e espaço de trabalho.
Aos meus pais Romualdo e Elionai e queridos irmãos Danilo e Cristiane pela força e
compreensão.
E a todas as pessoas que, direta e indiretamente, cooperaram para a concretização desse
projeto de pesquisa.
“É melhor tentar e falhar,
que preocupar-se e ver a vida passar;
é melhor tentar, ainda que em vão,
que sentar-se fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar,
que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco,
que em conformidade viver ..."
Martin Luther King
RESUMO
Pesquisas recentes têm reclamado da falta de um referencial teórico-prático de Orientação
Educacional e afirmado que as atribuições do orientador educacional são numerosas,
complexas e difíceis de ser delimitadas com precisão. No que refere-se à Psicopedagogia,
teóricos dizem que essa área ainda busca definir sua identidade e campo de atuação.
Considerando a importância desses dois profissionais na instituição educacional e diante da
ausência de políticas públicas que efetivem o orientador educacional e o psicopedagogo,
neste trabalho foi realizado uma entrevista com um de cada profissional e um levantamento
teórico e legislativo referente a função e ao desempenho dos mesmos numa visão
sistêmica da instituição.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO 08 2- METODOLOGIA 10 3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11 3.1- A Psicopedagogia 11
3.1.1- Trajeto Histórico da Psicopedagogia 11
3.1.2 - Objeto de estudo 14
3.1.3- Campo de atuação e Código de Ética 17
3.1.4 - Regulamentação do psicopedagogo e a legislação 20
3.2 - A Orientação Educacional 22
3.2.1 - Trajeto Histórico 22
3.2.2- Papel do Orientador Educacional 25
3.2.3- Legislação 30
4- INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 34 4.1- Proposta de Intervenção: vinculação entre família e escola 38 4.2- Método da Intervenção Psicopedagógica 40 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 BIBLIOGRAFIA 45 ANEXOS 47
8
1- INTRODUÇÃO
São muitos os profissionais que podem atuar no sistema educacional: além
do professor, o psicólogo educacional, psicopedagogo, fonoaudiólogo, orientador
educacional, coordenador pedagógico, diretor educacional, supervisor, etc.
Recentemente, no curso de Psicopedagogia o qual estou participando, fiquei
intrigada ao duvidar se o papel de cada profissional está claramente definido e os
limites respeitados.
Tomei, então, a decisão de investigar dois desses profissionais: a função do
psicopedagogo e do orientador educacional. Escolhi esses dois profissionais por
dois fatores. Primeiro, pelo fato que considero um pouco confusas as suas
respectivas atribuições. Portanto este trabalho ajudará a distinguir bem a função de
cada um. Segundo, limitei-me a escolher somente dois devido ao tempo cronológico
de pesquisa. Terei, em média, 7 meses para concluir todo o processo de
investigação que me determinarei a estudar.
Logo, este trabalho de análise tem por finalidade revistar as leis e teorias
atuais que têm definido o papel do orientador educacional e do psicopedagogo. Haja
vista que pesquisas recentes têm reclamado da ausência de um referencial teórico-
prático de Orientação Educacional (AYUB,2004/2005) e afirmado que as atribuições
do orientador educacional são numerosas, complexas e difíceis de ser delimitadas
com precisão (NOAL, 2004/2005).
Em relação à identidade do psicopedagogo, Parizzi (2000) através de um
levantamento histórico da Psicopedagogia, concluiu que essa área ainda busca
definir sua identidade e seu campo de atuação.
9
Considerando a importância dos dois profissionais para o sistema
educacional, notamos que na realidade das escolas brasileiras há a existência de
poucos orientadores educacionais. Diante desse fato, questionamos: será que o
psicopedagogo tem englobado, na prática, além de suas tarefas, as
responsabilidades do orientador educacional?
A rede escolar estadual paulista, por exemplo, não conta mais com esse
profissional.
Entretanto, o psicopedagogo e o orientador educacional têm funções
complexas e específicas que podem atuar de forma integrada, mas sabemos que
um não pode substituir o outro.
Cabe ao orientador educacional ser “mediador entre o aluno, as situações
de caráter didático-pedagógicas e as situações sócio-culturais” (PASCOAL, 2006).
Em relação ao psicopedagogo, segundo o Projeto de Lei 3124/97, esse profissional
auxilia na identificação e resolução de problemas no processo de aprendizagem.
Analisarei, então, as legislações e teorias que dizem respeito às
responsabilidades do orientador educacional e do psicopedagogo, com fim a traçar
possíveis definições de suas respectivas funções.
Em suma, a pesquisa tem relevância social, pois diante da ausência de
políticas públicas que efetivem o orientador educacional e o psicopedagogo, há a
necessidade de fazer um levantamento bibliográfico para rever a função e o
desempenho desses profissionais. Ainda mais, no estado de São Paulo, em que o
orientador foi extinguido da rede pública de ensino.
Portanto, pretendo, fazer um levantamento teórico e legislativo referente às
funções atribuídas ao orientador educacional e ao psicopedagogo.
10
2- METODOLOGIA
A pesquisa em questão é qualificada como abordagem qualitativa, uma vez
que, segundo LUDKE & ANDRÉ (1986), a pesquisa qualitativa tem ambiente natural
como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento, isto
é, supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação
que está sendo investigada.
Assim sendo, minha fonte de dados foi obtida através da pesquisa
bibliográfica com a consulta em livros, documentos, artigos, sites, enfim, em diversos
estilos de bibliografia que dizem respeito à temática do psicopedagogo e do
orientador educacional.
É válido destacar que também foi realizada entrevista com um de cada
profissional para compreender melhor o trabalho e perceber a distinção das funções
de ambos.
Os sujeitos entrevistados foram uma orientadora educacional e uma
psicopedagoga escolhidas aleatoriamente e provenientes duma instituição
educacional privada de Campinas.
Para a entrevista foi elaborado um Roteiro de Entrevista específico para o
orientador educacional e para o psicopedagogo, de modo que as entrevistas foram
realizadas individualmente com cada profissional e pela própria pesquisadora.
11
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conceituar Psicopedagogia e Orientação Educacional, seus respectivos
objetos de estudo, trajetória histórica no Brasil, revisão na legislação, campos de
atuação serão os assuntos abordados no quadro teórico.
3.1- A Psicopedagogia
Em relação a Psicopedagogia, dissertarei a respeito da história, reunirei
definições de diversos autores, especialmente psicopedagogos brasileiros, na
tentativa de situar o atual estágio da Psicopedagogia em nosso país. Assim, faz
necessário expor a respeito do processo de regulamentação da profissão, revisão na
legislação e os campos de atuação na atualidade e o código de ética adotado pelos
psicopedagogos.
3.1.1- Trajeto Histórico da Psicopedagogia
Verifica-se no trajeto histórico brasileiro, que a Psicopedagogia surge como
uma proposta que parte da premissa de responder ao problema do fracasso escolar.
A principal preocupação da Psicopedagogia eram os sintomas apresentados quanto
às dificuldades de aprendizagem. Tais dificuldades eram concebidas como um
produto a ser tratado, desconsiderando sua preocupação com o processo de ensino
aprendizagem. Seu objeto de estudo, segundo MARQUES (2003), era remediar
esses sintomas. Isso se revelou insuficiente para o êxito escolar. Ainda, de acordo
12
com o referido autor, a percusso psicopedagógico vai-se consolidando à medida que
a Psicopedagogia ruma a uma autonomia enquanto área de conhecimento. Isto se
dá na década de 80. A partir desse ponto, o enfoque passou a ser mais abrangente,
considerando o sujeito epistêmico com suas capacidades e habilidades e, acima de
tudo, portador de uma história que merecia relevância e que possuía
particularidades.
Em linhas gerais, a Psicopedagogia nasce da necessidade de contribuir na
busca de alternativas para solucionar questões referentes a problemas de
aprendizagem. Contudo, é complexa a diversidade de fatores que interferem no
processo de aprendizagem. A Psicopedagogia, como área do conhecimento, vem
caminhando no sentido de contribuir para a melhor compreensão desse processo.
Historicamente, segundo BOSSA (2000, p. 36), os primórdios da
Psicopedagogia ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela
preocupação com os problemas de aprendizagem na área médica.
Na época acreditava-se, que os comprometimentos na área escolar eram
provenientes de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as
determinantes das dificuldades do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter
orgânico da Psicopedagogia.
De acordo com BOSSA (2000, p. 48), a crença de que os problemas de
aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e
determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem
recentemente.
Nas décadas de 40 a 60, na França, ação do pedagogo era vinculada à do
médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico. O
13
trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado a crianças com
problemas escolares ou de comportamento e eram definidas como aquelas que
apresentavam doenças crônicas com diabetes, tuberculose, cegueira, surdez ou
problemas motores. A denominação "Psicopedagógico" foi escolhida, em detrimento
de "Médico Pedagógico", porque acreditava-se que os pais enviariam seus filhos
com mais facilidade.
Em 1958, no Brasil surge o Serviço de Orientação Psicopedagógica da
Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de
Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação
professor-aluno. Nas décadas de 50 e 60 a categoria profissional dos
psicopedagogos organizou-se no país, com a divulgação da abordagem psico-
neurológica do desenvolvimento humano.
A Psicopedagogia sofreu muitas influências, em decorrência de novas
descobertas científicas e movimentos sociais. Pois verifica-se que, inicialmente, a
Psicopedagogia foi estudada pela Medicina e Pedagogia, sendo hoje estruturada
também a partir das contribuições de diversos ciências. Uma vez que, segundo
Barone (1987 apud Scoz, 1987), a prática educativa da Psicopedagogia é
esclarecida e enriquecida por diferentes áreas do conhecimento. São claras as
contribuições dadas pela filosofia, sociologia, psicologia, ciências médicas e pela
psicolinguística. Reconhece-se que as grandes contribuições de Piaget e
colaboradores trouxeram aperfeiçoamento na ação educativa. Também são
significativas as contribuições da psicanálise no entendimento das motivações
inconscientes e no entendimento das relações estabelecidas entre professor, aluno
e conhecimento.
14
Pode-se afirmar, através de diversos autores, que a Psicopedagogia tem
caráter interdisciplinar. Confirma Bossa (2000) quando diz “reconhecer tal caráter
significa admitir a especificidade enquanto área de estudos, uma vez que, buscando
conhecimentos em outros campos, cria o seu próprio objeto, condição essencial da
interdisciplinaridade” (p. 17). Entretanto, conceituar o termo psicopedagogia é algo
complexo e difícil de conseguir clareza. (NEVES, 1992 apud BOSSA 2000)
De semelhante modo, Parizzi (2000),através de um levantamento histórico
da Psicopedagogia, afirma que a mesma não nasceu de uma área específica, uma
vez que a neurologia, a psquiatria, a educação e a psicologia tecem todo esse
pensar. No entanto, atualmente, busca definir a sua identidade e também o seu
campo de atuação.
3.1.2 - Objeto de estudo
Segundo BOSSA (2000, p. 21), a Psicopedagogia se ocupa da
aprendizagem humana, que adveio de uma demanda - o problema de
aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da
Psicologia e da própria Pedagogia - e evoluiu devido à existência de recursos, ainda
que embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa
prática.
De acordo com Neves (1991 apud BOSSA), a psicopedagogia estuda o ato
de aprender e ensinar, considerando os aspectos externo e internos da
aprendizagem.
15
Para Scoz (1992), a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e
suas dificuldades, a qual integra-se e sintetiza-se diversos campos do
conhecimento.
Conforme os autores destacados, o termo psicopedagogia produz um
estado de confusão. Todavia, a indefinição do termo psicopedagogia comprova que
não temos respostas únicas e acabadas e sim, uma variedade de respostas, devido
também à natureza interdisciplinar da Psicopedagogia. Vejamos a definição do
objeto de estudo segundo alguns teóricos da área. Em suma, a psicopedagogia tem
como objeto de estudo a aprendizagem do ser humano, ocupando-se dos problemas
do processo de aprendizagem. Em relação a concepção de aprendizagem
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposição afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio. (BOSSA, 2000, p.22)
Logo, o psicopedagogo há de estar ciente que o seu sujeito, indivíduo com
dificuldades de aprendizagem, apresenta, quase sempre, um quadro de
comprometimentos que extrapola o campo da ação específico de diferentes
profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, instrumentais e afetivas (SCOZ,
1991 apud BOSSA, 2000).
É válido ressaltar que a forma de abordar o objeto de estudo pode variar em
função da modalidade da psicopedagogia: clínica ou institucional.
O psicopedagogo clínico é aquele que atua no aspecto clínico/terapêutico
de maneira que seu trabalho se constitui em:
· Avaliar e diagnosticar as condições da aprendizagem, identificando as áreas de
competência e de insucesso do aprendente; De acordo com BOSSA (2000, p.102),
16
em geral, no diagnóstico clínico, ademais de entrevistas e anamnese, utilizam-se
provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas
pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras, conforme o
referencial teórico adotado pelo profissional.
· Realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o
aprendente;
· Atender o aprendente, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com
o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação;
· Orientar os pais quanto a suas atitudes para com seus filhos, bem como
professores para com seus alunos;
· Pesquisar e conhecer a etiologia ou a patologia do aprendente, com profundidade.
No entanto, neste presente trabalho, interessa-nos abordar a
psicopedagogia institucional/preventiva. Uma vez que, como já foi dito,
historicamente, a Psicopedagogia surgiu para atender a patologia da aprendizagem,
mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, crendo que muitos
problemas de aprendizagem se devem à inadequada Pedagogia institucional e
familiar. A proposta da Psicopedagogia, numa ação preventiva, é adotar uma
postura crítica frente ao fracasso escolar, numa concepção mais totalizante, visando
propor novas alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógicas
nas escolas.
O psicopedagogo, no Brasil, é atribuido-lhe atividades relacionadas a apropriação de conteúdos escolares, orientação de estudos, desenvolvimento de raciocínio e atendimento de crianças, de maneira que as funções não são excludentes entre si e nem em relação a outras. (MACEDO, 1990 apud BOSSA, 2000)
17
3.1.3- Campo de atuação e Código de Ética
Coll (1996 apud Solé 2001) caracteriza o campo profissinal da
psicopedagogia como aquele para o qual conflui um conjunto de profissionais –
basicamente psicólogos e pedagogos – cuja atividade fundamental tem a ver com a
maneira como as pessoas aprendem e se desenvolvem, com as dificuldades e os
problemas que encontram quando levam a cabo novas aprendizagens, com as
intervenções dirigidas a ajudá-las a superar estas dificuldades e, em geral, com as
atividades especialmente pensadas, planejadas e executadas para que elas
aprendam mais e melhor. De um ponto de vista genérico, pode-se dizer que o
trabalho psicopedagógico está intimamente vinculado à análise, planejamento, ao
desenvolvimento e à modificação de processos educacionais.
A Psicopedagogia enquanto área de atuação é fundamentada por
referenciais teóricos, ou seja, ela é uma práxis psicopedagógica, a qual é
reconhecida no meio acadêmico através das produções científicas produzidas em
teses, publicações e reuniões científicas organizadas pela Associação Brasileira de
Psicopedagogia e por outros órgãos representados por áreas afins. A formação do
psicopedagogo é realizada em cursos de especialização em instituições de ensino
superior. (Rubinstein,2004).
É relevante destacar que, ainda segundo Rubinstein (2004), a
psicopedagogia tem contribuído para a integração de crianças, adolescentes e
adultos que por diferentes razões estão desarticulados do sistema escolar.
“Disciplinarmente a Psicopedagogia tem na sua origem a interdisciplinaridade”
(p.226). Atualmente, ela é entendida como um campo de atuação que se encontra
18
entre a Pedagogia e a Psicologia ou Psicanálise, a qual, de um modo geral, está
voltada para a aprendizagem. No entanto, faz-se necessário considerar que surgiu
para atender, principalmente, crianças e adolescentes com problemas de
aprendizagem escolar. Mas, isto não impede que a intervenção psicopedagógica
ocorra fora do contexto escolar, uma vez, que inicialmente, caracterizava-se
somente no aspecto clínico. Contudo, hoje pode ser aplicado além do segmento
escolar, conhecida como Institucional, também em segmentos hospitalares,
empresariais e em organizações que aconteçam a gestão de pessoas.
De acordo com Kiguel (1987 apud Scoz1987)a Psicopedagogia Clínica é um
campo que surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a qual visa a
integração das ciências pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológica
e pscicolinguística para uma compreensão mais integradora do fenômeno de
aprendizagem humana.
A Psicopedagogia Clínica tem como missão, retirar as pessoas da sua
condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos de alta auto-
estima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus
processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo-
emocional e de conteúdos acadêmicos (Schroeder,M.M, s/d). O aspecto clínico é
realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades
ocorrem geralmente de forma individual.
O aspecto institucional, como já mencionado, acontecerá em organizações
e está mais voltada para a prevenção dos insucessos interpessoais e de
aprendizagem e à manutenção de um ambiente harmonioso, se bem que muitas
vezes, deve-se considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária.
19
É possível perceber que a Psicopedagogia também tem papel importante
em relação a inserção/inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais
(NEE) no ensino regular. Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula
e não criar estratégias para a sua permanência e sucesso escolar, inviabiliza todo o
movimento nas escolas. Faz-se premente a necessidade de um acompanhamento e
estimulação dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas
(Schroeder,M.M,s/d).
É importante destacar que os psicopedagogos devem seguir certos
princípios éticos que estão condensados no Código de Ética1, devidamente
aprovado pela Associação Brasileira de Psicopedagogia, no ano de 1996.
O Código de Ética regulamenta as seguintes situações:
·os princípios da Psicopedagogia;
· as responsabilidades dos psicopedagogos;
· as relações com outras profissões;
·o sigilo;
· as publicações científicas;
· a publicidade profissional;
· os honorários;
· as relações com a educação e saúde;
· a observância e cumprimento do código de ética; e· as disposições gerais.
1 Conferir o Código de Ética no Anexo 1
20
3.1.4 - Regulamentação do psicopedagogo e a legislação
Em relação à profissionalização do psicopedagogo, é relevante dizer como
está a formalização de regulamentação da profissão, já que, a Psicopedagogia não
é legalmente reconhecida como uma profissão. Atualmente, a regulamentação tem
ocorrido em duas instâncias: Federal e Estadual. A nível estadual, mas
precisamente em São Paulo, foi aprovado em 4 de setembro de 2001 o Projeto de
Lei nº 128/2000, o qual estabelece assistência psicológica e psicopedagógica em
todos as instituições de ensino básico. A nível Federal, na forma de Projeto de Lei
nº3124 de 1997, que está na comissão de Constituição e Justiça e de Redação,
aguardando para entrar em plenário com vistas a estabelecer uma discussão entre
deputados federais, membros dessa comissão.(RIBINSTEIN, et al., 20004)
A seguir segue-se a síntese do referido projeto:
O Piscopedagogio é o profissional que auxilia na identificação e resolução dos problemas no processo de aprender. O Psicopedagogo está capacitado a lidar com as dificuldades de aprendizagem, um dos fatores que leva à multirrepetência e à evasão escolar, conduzindo à marginalização social. Esse profissional detêm um corpo de conhecimentos científicos oriundos da articulação de várias áreas aliado a uma prática clínica e/ou institucional que considera a multiplicidade de fatores que interferem na aprendizagem. Poderão exercer a profissão do Psicopedagogo no Brasil os portadores de certificado de conclusão de curso de especialização em Psicopedagogia em nível de Pós-graduação, expedido por escolas u instituições devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos de legislação pertinente. (SCOZ e col. ,1998 apud BOSSA, 2000)
Em linhas gerais, esse Projeto de Lei visa disciplinar o exercício da
Psicopedagogia como Profissão, bem como as diversas áreas de atuação da
mesma.
A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), enquanto elemento de
organização formal de uma categoria profissional não reconhecida legalmente, não
21
deixa de dar contornos à prática psicopedagógica em nosso país. Tem sido
responsável pela organização de eventos de dimensão nacional, bem como por
publicações cujos temas retratam as preocupações e tendências na área. Segundo
a ABPp, cabe ao psicopedagogo institucional assessorar a escola, alertando-a para
o papel que lhe compete, seja reestruturando a atuação da própria instituição junto a
alunos e professores, seja ainda redimensionando o processo de aquisição e
incorporação do conhecimento dentro do espaço escolar, seja encaminhando alunos
para outros profissionais. Enfim, em se avaliando as dificuldades impostas pelas
complexidade do próprio objeto de estudo da Psicopedagogia, a sua recente
existência enquanto área de estudos, as suas origens teóricas e a questão da
formação no Brasil, constata-se que a busca de uma identidade implica, por esse
aspecto, um processo árduo.
Vale dizer que a Psicopedagogia, enquanto área aplicada, implica o
exercício de uma profissão2, isto é, uma forma específica de atuação. Como
sabemos, ela surge do compromisso de contribuir para a compreensão do processo
de aprendizagem e de identificação dos fatores facilitadores e comprometedores
desse processo, com vistas a uma intervenção. A grande necessidade de uma ação
efetiva, nesse sentido, fica evidenciada no interesse que tem havido pela
Psicopedagogia em nosso país. Haja vista que, segundo estudo da BOSSA (2000),
a partir da década de 90, os cursos de especialização em Psicopedagogia, lato
sensu, multiplicaram-se. Logo, o crescente número de cursos comprova o interesse
e a importância da Psicopedagogia, principalmente, no contexto educacional, onde
ela tem sido mais evidenciada.
2 Ainda que este fato não seja reconhecido legalmente.
22
Portanto, indaga-se de que forma o psicopedagogo tem atuado no ambiente
escolar. Será que ele tem dado conta de seu papel diante da complexidade de seu
objeto de estudo? Além disso, como ele tem se relacionado com outros profissionais
da educação que atuam no mesmo espaço físico? Há um limite claro de seu papel
com a de outros? Ou será que seu campo de trabalho tem “invadindo” áreas que diz
respeito a outros profissionais?
3.2 - A Orientação Educacional
Vejamos, agora, a respeito do orientador educacional tratando um pouco da
trajetória histórica até seu atual estado, abordando também as funções do
Orientador Educacional sob o ponto de vista dos teóricos, das pesquisas e da
legislação educacional brasileira.
3.2.1 - Trajeto Histórico
O termo orientação foi vinculado em sua origem à orientação vocacional ou
profissional. Parsons (1909 apud Sole, 2001), um dos pioneiros da orientação
educacional, considera que esta envolve o autoconhecimento por parte do sujeito, a
informação profissional e o ajuste entre ambos.
A princípio, a orientação educacional é concebida como algo isolado e extra-
escolar. Na realidade, nas primeiras três décadas do século XX, a orientação
educacional coloca a ênfase principalmente no estudo das profissões.
23
O Brasil acompanhou, inicialmente, os mesmos passos do movimento
mundial de orientação e seleção vocacional para a adaptação das pessoas ao
trabalho nas indústrias. O modelo americano e francês foram transplantados sem
maiores cuidados com diferenças de contexto social, econômico, político e
educacional.
Assim, segundo Carvalho (1986) a Orientação começou no campo da
Orientação Profissional. Os primeiros trabalhos do gênero foram iniciados pelo
professor Roberto Mange, em 1924, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Seus
trabalhos tinham como objetivo orientar e selecionar os jovens alunos matriculados
no curso de Mecânica. Mas o primeiro passo decisivo para a implantação da
Orientação Educacional foi sua introdução na Lei Orgânica do Ensino Industrial
(Decreto Federal nº4043, de 30/01/42). No mesmo ano, introduziu-se a Orientação
Educacional no Ensino Médio (Decreto-Lei Federal nº4244, de 09/04/42). A partir
dessas primeiras tentativas, a Orientação Educacional foi-se impondo, tornando-se
assunto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961 (Lei nº4024) e de
1971(Lei nº5692).
No Brasil, segundo Paul Arbousse-Bastide (apud Carvalho 1986), o
Orientador Educacional diferencia-se do Psicólogo Escolar, uma vez que o seu
trabalho está relacionado aos alunos com problemas de desempenho escolar.
Desse modo, o orientador educacional procura facilitar a complementação da tarefa
escolar, levando os alunos a uma melhor compreensão deles mesmos e de seu
meio. Os Orientadores trabalham junto ao professores, auxiliando-os a compreender
seus alunos. Participam dos conselhos de classe, das reuniões de professores e de
pais.
24
Embora a Orientação Vocacional e Profissional faça parte do trabalho
desempenhado pelo Orientador Educacional no Brasil, não é esta a única parte
essencial de seu trabalho, embora importante.
É relevante ressaltarmos que, a princípio a OE. era caracterizada como um
processo, uma ação, um método, um trabalho cujos objetivos diretos eram
apresentados como: o aluno e sua personalidade; o aluno e seus problemas; o aluno
e suas opções conscientes; e cujos objetivos indiretos diziam respeito às
potencialidades, à auto-realização nas esferas familiar, pessoal, escolar e social, à
resolução dos problemas e ajustamentos dos alunos. De acordo com GRINSPUN
(1994), esse período poderia se chamar “fase romântica”. Ainda segundo a autora,
na década de 60, surge a “fase objetiva”, que tem por finalidade estar atenta às
situações emergenciais, ou seja, previnir para que não houvesse conflitos/problemas
com os alunos.
Em relação a essa fase de prevenção, a autora BALESTRO (2005), diz que
a Orientação Educacional como sendo responsável em evitar divergências, seria
atribuir a ela uma fórmula mágica para antever e administrar situações conflituosas
na vida escolar, ou seja, algo impossível de se acontecer.
Hoje, por sua vez, a O.E. é caracterizada pela criticidade, por assim dizer,
denominada “fase crítica”. Isto é, “se procura a ajudar o aluno como um todo, com os
seus problemas e o significado dos mesmos junto ao momento histórico em que
vivemos” (GRINSPUN, 1994, p. 17). Logo, o papel do orientador educacional atual
diz respeito, em linhas gerais, à promoção do desenvolvimento do aluno através da
identificação e interpretação de sua realidade, considerando-a para dentro do
contexto escolar.
25
3.2.2 - O Papel do Orientador Educacional
No tocante a seus princípios básicos, a Orientação Educacional se
identifica com o processo educacional. Seus objetivos e princípios filosóficos estão
relacionados intrinsecamente. Sendo a Orientação Educacional, segundo Carvalho
(1986), uma das modalidades do processo educativo, obedece aos mesmos
princípios e procura alcançar os mesmos objetivos. Por outro lado, na prática, a
Orientação Educacional separa-se da instrução e portanto, operacionalmente, a
tarefa de Orientação Educacional’ difere de escola para escola.
Ainda de acordo com o autor, em algumas realidades escolares, nota-se um
programa de instrução rígido, inflexível, atuando a Orientação Educacional como
serviço suplementar às atividades de classe. Nessas escolas, os professores têm
como responsabilidade instruir e os orientadores orientar. São grupos com funções
autônomas, distintas e diferenciadas. Em outras realidades escolares, o ensino só é
visto como adequado quando integrado com a Orientação. Nestas escolas, são os
próprios professores que ensinam e orientam. Mesmo que nelas existam o serviço
de orientação, seu trabalho resume-se ao auxílio que o Orientador, munido de
técnicas especializadas de trabalho, possa dar ao professor para que este se torne
mais competente na tarefa de orientar seus alunos, fornecendo-lhe certos dados que
demandam tempo e modo próprio de tratamento. Por outro lado, dão atenção direta
e individual apenas àqueles alunos cujos problemas os professores não podem
resolver sem a ajuda de um especialista. Esta posição em relação à forma de
atuação do Orientador Educacional defende a necessidade de a orientação ser vista
26
como aspecto essencial do trabalho do professor, tendo como justificativa a
existência de diferenças individuais.
É importante destacar que houve uma mudança de meta quanto a
Orientação Educacional (O.E.), a qual não visa mais adaptar o aluno à escola,
família ou sociedade e sim a formá-lo como um cidadão participativo e crítico no
meio em que vive. Para tal alcance, é necessário um trabalho de orientação com o
aluno, considerando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do
diáologo nas relações estabelecidas (GRINSPUN 1994).
Idéia semelhante a essa, pressupõe LOFFREDI (1977) quando afirma que a
O. E.significa desenvolvimento de relações interpessoais, a qual define-se como
uma ação no sentido de mobilizar os agentes educativos na forma que cada um,
dentro de suas limitações, possam desenvolver relações significativas, com o
objetivo de criar um ambiente educativo que favoreça o processo de aprendizagem.
Notamos, então, que o trabalho do orientador educacional se dá nas relações
sociais, ou seja, na participação dos sujeitos envolvidos na formação do cidadão.
Do ponto de vista de BALESTRO (2005), o fazer dos orientadores
educacionais está articulado com toda a escola nas dimensões: pedagógica,
reflexiva, transformadora, investigativa, contextualizada e fundamentada em
pressupostos teóricos que contribuem para uma (re) leitura da realidade local e
global. Neste sentido, a autora evidencia que
...os orientadores devem ter competências marcadas pelo processo participativo, promovendo o desenvolvimento da autonomia, da integração e da responsabilidade. O diálogo torna-se indispensável. A prática deve ser sustentada pela confiança na capacidade das pessoas e pelo fortalecimento da autonomia, envolvimento global, comunicação circular e horizontal, partindo de uma análise crítica do projeto político e pedagógico, articulando a teoria com a prática. (BALESTRO, 2002 apud BALESTRO, 2005, p. 25)
27
A identidade do orientador educacional como um profissional e o seu
posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam o desencadeamento do
processo de Orientação. Entretanto, FOLBERG (1984) acredita que o orientador
educacional está confuso quanto ao seu papel, na direção de indagar-se quanto
esse profissional está consciente dos seus direitos, deveres, responsabilidades e
atividades inerentes à função. Uma vez que, o orientador educacional, muitas vezes,
se submete às expectativas de pessoas que desconhecem o que seja a Orientação
Educacional e se sujeita a pressões quando não tem segurança e maturidade em
relação ao seu papel e a sua identidade. Comumente, atua nas mais diversas
funções devido a essa indefinição de papéis. Fica, então, com uma imagem
desgastada pelo desempenho de tarefas que não são específicas da Orientação
Educacional e a abrangência de seu campo de ação prejudica a identificação
profissional e desvaloriza a profissão. Assim, segundo o autor, dá-se o conflito de
papéis quando o orientador educacional não consegue realizar o que é de sua
competência e realiza atividades incompatíveis com sua formação.
De acordo com Solé (2001), a orientação educacional é entendida em dois
sentidos: constitutivo e complementar. Constitutivo, uma vez que, orientar consiste
em proporcionar informação, orientação e assessoria a alguém para que possa
tomar as decisões mais adequadas, levando em consideração tanto as
características das opções disponíveis, como as características, capacidade e
limitações da pessoa que deve tomar a decisão, assim como o ajuste entre ambas.
E, complementar, no sentindo que, no âmbito educacional, a função orientadora é
inerente à função docente, sendo esta entendida como um projeto que tende a
proporcionar os meios necessários para a formação integral e personalizada do
28
aluno em todas as suas capacidades – cognitivo-linguística, motoras, de relação
interpessoal, de inserção social, de equilíbrio pessoal - ou seja, como um projeto
educacional de no sentindo amplo, além daquilo que está estritamente vinculado ao
cognitivo. Os professores e o orientador orientam, mas este representando o
primeiro guia do aluno na escola.
No entanto, ainda segundo a autora, as demandas da instituição, a
diversidade de alunos e a necessidade de chegar a todos eles representam um
desafio muitas vezes instransponível que, de preferência não deve ser exigido
apenas do corpo docente, o qual, para responder aos desafios que lhes são
apresentados, precisa de recursos, de formação e assessoramento específico.
Defini-se assim, um campo profissional, coberto pelos serviços de orientação e de
intervenção especializada, que vem sendo ocupado fundamentalmente por
profissionais da psicologia e pedagogia e mais recentemente por licenciados da
psicopedagogia, que desempenham funções de assessoramento psicopedagógico.
Entendida deste modo, a orientação é uma função estruturadora da
intervenção psicopedagógica, um recurso disponível às instituições educacionais em
seu conjunto e a seus diversos subsistemas. Sua finalidade é a de contribuir para
prevenir possíveis disfunções ou dificuldades, para compensar ou corrigir aquelas
que tenham surgido e visa potencializar e a enriquecer o desenvolvimento dos
indivíduos e dos sistemas que integram a instituição educacional, sua organização e
funcionamento.
Idéia semelhante a essa, Lina (1987) define a atividade da orientação
educacional numa dimensão psicopedagógica. Segundo ela, o orientador não é um
psicopedagogo, no entanto, suas atividades estão na área da Psicopedagogia. Isto
29
porque ele está preocupado com o aluno e com o seu autoconceito que, na escola,
está estreitamento vinculado ao êxito ou ao fracasso na aprendizagem. É o
profissional que atua na dinâmica inter-relacional da instituição.
Ainda conforme a autora, há duas oportunidades nas quais, especialmente, é
importante a intervenção da orientação educacional no processo de aprendizagem,
refletindo e analisando com os professores. A primeira oportunidade é durante o
planejamento e replanejamento das atividades, quando conteúdos e métodos são
colocados em discussão, avaliando a distribuição dos temas dos programas e sua
adequação ao contexto sócio-cultural dos alunos da comunidade escolar. A outra
oportunidade se dá na análise da avaliação dos resultados, quando ficam claras as
dificuldades gerais e específicas e podem ser redefinidas algumas estratégias de
apoio, de acordo com o professor.
Intervenção, orientação e educação aparecem, assim, indissoluvelmente
ligadas. Orientam os educadores, profissionais ou não, e orientam o psicopedagogo
na sua intervenção especializada nos diferentes setores da instituição. Essa
orientação deve ser extensiva a todos os campos de do desenvolvimento do
indivíduo – pessoal, educacional, profissional - , assim como aos contextos
educacionais em que este se desenvolve com o objetivo final de melhorar a
qualidade de ensino.
s incompatíveis com sua formação.
30
3.2.3 – Legislação
O exercício de uma profissão é o que mais determina o papel e a função de
seus membros. Com o desenvolvimento, o aperfeiçoamento e a especialização de
cada área de atendimento às necessidades sociais, as profissões também vão se
tornando específicas e, ao mesmo tempo definindo e delineando o campo de
atuação de cada elemento, de cada profissional. E ao exercer as suas funções este
tem a responsabilidade de definir sua posição. No entanto, todo especialista lida
com pessoas, fatos e situações, tornando-se cada vez mais envolvido em vários
relacionamentos, o que vem dificultar um delineamento exato de suas atribuições.
(Santos, 1976)
Com uma posição definida e, através da própria atuação, o profissional
passa a estabelecer critérios que servirão para regulamentar a profissão. Entretanto,
segundo Santos (1976), esta regulamentação através de leis e decretos não se
torna estática, pois a própria evolução de uma profissão requererá sempre a revisão
do papel e das funções de cada elemento.
Ainda de acordo com a autora, desde o início, as atribuições do orientador
educacional não foram regulamentadas, pela legislação, de modo rígido para
sempre permanentes. Uma vez que, houve um desenvolvimento em sentido vertical
e horizontal que levou a extensão das funções do profissional, visando atender as
necessidades dos alunos, bem como da comunidade. Em síntese, o que contribui
para tal foi o relacionamento do orientador educacional com outros profissionais,
bem como o seu propósito para atender necessidades e carências geradas pela
mudança social.
31
Em relação direta à legislação, o Decreto Federal 72.846 de 26/09/1873, que
regulamenta a Lei 5.540, de 21 de dezembro de 1968 (dispõe sobre a formação do
Orientador Educacional em nível superior), determina as atribuições privativas do
Orientador Educacional regulando-lhe o exercício profissional. São estas:
Artigo 8º:
a) planejar e coordenar a implantação do Departamento de Serviço de Orientação
Educacional em nível de Escola e Comunidade;
b) planejar e coordenar a implantação e funcionamento de Serviços de Orientação
Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Estadual, Municipal e
Autárquico; das sociedades de Economia Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e
Privadas;
c) coordenar a Orientação Vocacional do educando, inorporando-o ao processo
educativo global;
d) coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do
educando;
e) coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à
Orientação Educacional;
f) sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao
conhecimento global do educando;
g) sitematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros
especialistas aqueles que exigem assistência especial;
h) coordenar o acompanhamento pós-escolar;
32
i) ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as
exigências da legislação específica do Ensino;
j) supervisionar estágios na área do Orientador Educacional;
l)emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional;
Artigo 9º: Compete ainda ao Orientador as seguintes atribuições:
a) participar do processo de identificação das características básicas da
comunidade;
b) participar no processo de caracterização da clientela escolar;
c) participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
d) participar na composição, caracterização e acompanhamento das turmas e
grupos;
e) participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;
f) participar do processo de encaminhamento e acompanhamento de alunos
estagiários;
g) participar no processo de integração escola-família-comunidade;
h) realizar estudos e pesquisas na área de Orientação Educacional;
Nota-se que essas funções previstas não esgotam o repertório de atividades
do Orientador. Portanto, seu trabalho de assessoria implica a consideração de
problemas emergentes, onde atua diretamente em contato com as pessoas
afetadas, ou propõe sugestões de como evitar possíveis dificuldades. Muitas vezes
realiza, com vista à solução desses problemas, trabalhos escritos e pareceres.
33
Auxilia os professores, levando-os a compreender melhor seus alunos,
responsabilizando-se pela criação de um bom clima de relacionamento pessoal,
favorável à realização dos objetivos da escola. Para isso, conforme Carvalho (1986)
necessita-se de melhor colaboração de que puder desfrutar, cooperação que cabe
ao Diretor, como líder do sistema, assegurar. Cabe ao Orientador conquistar e
conservar a confiança de seus colegas, graças à sua atividade eficiente. Precisa
demonstrar que seu principal interesse reside na realização perfeita dos objetivos de
seus colegas, graças à atuação destes que seu trabalho frutifica. O veículo de ação
do Orientador é quase sempre o professor. O Orientador Educacional fornece ao
professor sua assessoria para que este atue junto ao aluno não como um mero
transmissor de conhecimentos mas como alguém que possa promover no aluno o
amadurecimento, o desenvolvimento da personalidade e uma capacidade mais
adequada pra enfrentar a realidade extra-escolar.
34
4- INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
A intervenção psicopedagógica, no contexto brasileiro, começa a se constituir
com uma certa consistência por volta da década de 80. Haja vista que, é a partir
desse momento que verificamos a implantação de serviços psicopedagógicos.
Entretanto, nos anos 70, diferentes administrações educacionais do Estado
deram início a serviços de apoio aos centros educacionais públicos, na sua maioria
de caráter setorial e multiprofissional. Tratavam-se de estruturas formadas por
profissionais diversos, como: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e médicos.
Tais profissionais atendiam as diversas escolas situadas em um setor, o que
significava que o serviço não fazia parte integrante de uma escola, mas que
distribuía seus horários e seus recursos, quase sempre reduzidos, entre as diversas
instituições que lhe correspondiam. A princípio, estes serviços apareciam vinculados
à educação especial.
Atualmente, a caracterização usada sobre a intervenção psicopedagógica
inclui uma ampla variedade de conceitos e tarefas, exercidas por profissionais
formados em diferentes áreas disciplinares.
Segundo Solé (2001) há dois enfoques gerais de intervenção: o modelo
clínico ou assistencial e o modelo preventivo ou educacional. O primeiro dá ênfase
especial aos aspectos psicológicos da intervenção, com uma interpretação restritiva,
já que a intervenção centra-se exclusivamente nas dificuldades dos alunos e em
realizar, por isso, a reabilitação que se considera necessária. Todavia, o modelo
preventivo ou educacional presta-se especial atenção à vertente educacional do
trabalho psicopedagógico, tendo como objetivo o fracasso escolar e os problemas
de aprendizagem em geral. É por isso que se considera imprescindível analisar
35
todos os elementos da instituição escolar. Com base nesta perspectiva, as equipes
assessoram o corpo docente em seus trabalhos de programação, em certos
aspectos metodológicos e, em geral, sobre os diferentes elementos da ação
educacional.
É importante enfatizar que a intervenção, a partir de um enfoque educacional
(a qual será tratada neste trabalho), define como seu objeto os processos de ensino
e aprendizagem que a escola estabelece e implementa, assim como a instituição em
seu conjunto. Tendo isso em vista, há a necessidade do psicopedagogo ter um
conhecimento amplo para fundamentar suas estratégias de trabalho, como: teorias
de instrução, explicações sobre os processos de ensino e aprendizagem,
conhecimento sobre os fatores e as variáveis que neles intervêm e formação que
permita identificar e atuar sobre as dificuldades de aprendizagem. São necessários
também conhecimentos sobre o sistema educacional, sobre a organização e as
dinâmicas institucionais.
Embora as coisas estejam muito longe de estarem claras, no momento atual
observa-se uma tendência, pelo menos nas disposições ditadas pelas diferentes
administrações educacionais, vincular a orientação educacional com a intervenção
psicopedagógica. Como já foi comentado, entende-se que a orientação é um
aspecto indissociável da tarefa educacional que todos os professores realizam e, de
forma predominante, o orientador.
Nesse contexto, segundo Solé (2001), entende-se que a intervenção
psicopedagógica é um recurso especializado a serviço dessa orientação – que
compete à instituição em seus diversos planos – e da ação educacional em seu
conjunto. Deste modo, determinadas funções de orientação e de intervenção
36
requerem a atuação direta e indireta de profissionais especializados que trabalhem
com o corpo docente, alunos e pais. Assim, são consideradas diferentes áreas de
intervenção que seriam competência dos serviços de orientação e intervenção
especializada: apoio específico a certos alunos; orientação para todos;
assessoramento para o corpo docente; intervenção especializada sobre o sistema.
Em suma, esses serviços intervêm para que todos os alunos recebam a
orientação e a ação educacional necessária. Tal intervenção leva a avaliar, com
diversos procedimentos, a situação de risco claramente disfuncional ou aquela que
está funcionando bem, mas se pretende enriquecer. Leva também a orientar, a partir
da avaliação realizada, as ações necessárias para previnir, corrigir, ou otimizar,
assim como assumir intervenções relativamente diretas, dependendo da situação,
do contexto e do modelo no qual se inspira a intervenção.
Solé (2001) define a intervenção psicopedagógica como
..o conjunto articulado e coerente de tarefas e ações levadas a cabo pelos psicopedagogos, em colaboração com os diferentes sistemas e agentes da escola, ações que tendem a promover um ensino diversificado e de qualidade, dando atendimento aos diferentes usuários. Tais ações podem situar-se em diferentes planos relacionados entre si: o organizacional, o curricular, nos seus diversos níveis de concretização, o de coesão institucional e o de vinculação de instituição com seu ambiente. (pg.26)
Neste contexto, muitas das tarefas em que se envolvem os psicopedagogos
tendem a promover processos adequados de orientação aos alunos, docentes e pais
seja contato com sua intervenção direta ou indireta. A concretização prática destas
tarefas pressupõe a implementação de processos de assessoramento, ou seja,
processos de construção conjunta envolvendo o psicopedagogo e outros
profissionais, nos quais cada um participa a partir de sua formação peculiar e
37
contribui com seus conhecimentos específicos, experiências e pontos de vista para o
alcance de objetivos compartilhados.
Ao considerarmos isso e compararmos - a grosso modo o psicopedagogo
institucional e o orientador educacional - podemos notar que ambos trabalham com
sujeitos em comum, como os alunos, professores, instituição, assim como sistemas
familiares e outros serviços.
É pensando nisso, que a Proposta de Intervenção para o presente trabalho
destina-se para uma ação conjunta entre orientador educacional e psicopedagogo
que atuam numa mesma instituição educacional.
A Proposta foi estabelecida tomando como objeto de intervenção a queixa da
psicopedagoga entrevistada durante a elaboração desta pesquisa bibliográfica.
Segundo M.C.M.3, há uma participação muito pequena dos pais na escola. Fato este
que interfere no desenvolvimento do trabalho psicopedagógico. A seguir, tem-se a
transcrição da entrevista referente a esse dado:
(os fatores que determinam/interferem o meu trabalho na instituição escolar)... é a falta de participação dos pais. Muitas vezes, você convoca, você procura trazer (os pais) pra escola poder fazer uma parceria com agente no que diz respeito ao desenvolvimento do filho e, isso , muitas vezes, não tem ocorrido. As vezes, você convoca ou individual ou em grupo para a participação de uma palestra. (...) agente vem sentindo a cada ano que há esta dificuldade de fazer uma parceria conosco. Na verdade, eles delegam pra escola a educação dos filhos e não participam. Ou quando aparecem é pra fazer uma determinada reclamação do professor ou alguma coisa que ocorreu no ambiente escolar, mas não existe esta parceria. Então, esta é uma grande barreira pro desenvolvimento do trabalho.4
Portanto, é considerando esse problema relatado pela psicopedagoga no
que diz à dificuldade de haver uma relação entre escola e família, irei sugerir uma
3 Nome abreviado da entrevistada. 4 Conferir no Anexo 2, item “Entrevista com a psicopedagoga”, questão 5.
38
proposta de intervenção psicopedagógica com a finalidade de inverter essa situação.
Uma vez que, “uma intervenção cuja origem situa-se em um aluno costuma envolver
outras pessoas – fundamentalmente pais e docentes -, às quais se atribui um papel
ativo para a melhoria da situação”. (Solé, pg.47, 2001).
4.1 Proposta de Intervenção: vinculação entre família e escola
Temos claro que os estabelecimentos de ensino não estão isolados pois
inserem-se numa trama social que mantém inúmeras relações com eles.
Ao referirmos à família e à escola encontraremos um objetivo em comum:
estabelecer as melhores condições para favorecer o desenvolvimento integral das
crianças e adolescentes. Para alcance de tal objetivo, se requer atuações
específicas de qualidade em cada um dos sistemas. Além disso, é necessário que
haja entre ambos os contextos relações fluidas e claras, que permitam a
coordenação de ponto de vista e a resolução de eventuais conflitos relacionados
com a educação dos fillhos/alunos.
Entretanto, sabemos que cada escola é, em si mesma, uma comunidade
que estabeleceu ao longo de sua trajetória uma história de relação e afeto entre
seus membros. Se por um lado, há instituições onde podemos encontrar uma bem-
canalizada relação com as famílias, por outro lado, podemos encontrar escolas que
sentem a tarefa de relacionar-se com os pais como um fardo pesado. Neste último
caso, segundo Huguet (1996 apud Solé 2001), os atritos, as incompreensões e os
conflitos podem ser frequentes, gerando um clima de desconfiança e mal-estar que
provoca interações intensas e pouco construtivas.
39
O primeiro passo antes da intervenção, seria verificar qual significado há
para os docentes e equipe pedagógica, em geral, quando remete-se à participação
dos pais na escola. Quais sentimentos são provocados nos agentes educacionais
(professores e pais, exclusivamente)?
Pois, de acordo com psicopedagoga entrevistada M.C.M., os pais “quando
aparecem é pra fazer uma determinada reclamação do professor ou alguma coisa
que ocorreu no ambiente escolar”. Tomando isso, há relevância em investigar quais
são as razões que levam os pais à escola para somente reclamar, de modo que, a
partir daí o psicopedagogo e o orientador educacional possam contribuir,
proveitosamente, para o estabelecimento de canais fluidos de comunicação entre a
família e escola. Quando isso ocorre, as relações são conduzidas pela confiança e
pelo respeito mútuos e articulam-se em torno de algumas metas ou objetivos
respectivos a ambos os sistemas.
Tanto o psicopedagogo quanto o o.e. têm que gerar um ambiente onde
tende evitar o surgimento de rivalidades e de receios, assim como a imposição das
idéias da escola aos pais e a desvalorização de suas competências educacionais.
Paralelamente, os pais respeitam a tarefa educacional da escola, criando-se assim
um contexto de relação cômodo para todos.
Pais e professores embora intervenham na concretização desse contexto,
para Huguet (1996 apud Solé 2001), a responsabilidade pelo início e pela
manutenção da relação deve situar-se fundamentalmente na escola. Haja vista que,
o grau em que os familiares possam elaborar expectativas positivas em relação ao
bem-estar e à educação de seus filhos na escola vai depender da acolhida que esta
40
oferecer não somente aos alunos mas à família em seu conjunto, assim como dos
esforços destinados a manter e a cuidar dessa relação.
Considerando isso, tem-se a seguir o Método da Intervenção
Psicopedagógica com sugestões de atividades que o psicopedagogo e o.e. podem
promover para fomentar a relação entre escola e família.
4.2 - Método da Intervenção Psicopedagógica Para que haja um relacionamento recíproco entre a escola e família é
necessário o psicopedagogo e o o.e. fazer intervenções em ambas as partes.
Em relação aos agentes educacionais internos da escola, ou seja, a equipe
de docentes, seria interessante proporcionar momentos de reflexão sobre as
famílias e sua relação com a instituição educacional, com a finalidade de levar os
professores a compreender o caráter sistêmico, mutante e interativo da família; a
singularidade da função educacional da família e a sua complementariedade com a
da escola;o benefício das relações fluídas entre professor e família e,
simultaneamente, a necessidade de estabelecer limites entre ambos os sistemas,
evitando as intromissões indesejadas. E, como corolário, a necessidade de
compreender que cada família possui sua história, sua forma de perceber-se e de
perceber a escola (Sole, 2001).
Além desses momentos reflexivos com os professores é fundamental o
psicopedagogo juntamente com o orientador educacional fazer intervenções
dirigidas às famílias para levá-las a conhecer a escola e seus projetos. Isto poderá
ocorrer através da elaboração de palestras gerais de início de ano, de comunicações
escritas nas quais são transmitidas as informações necessárias, de forma clara e
41
respeitosa. É interessante ressaltar que, muitas vezes, presta-se pouca atenção à
preparação destas reuniões ou às comunicações que, na verdade, têm uma função
considerável, já que a escola está se mostrando através dos mesmos.
Pensando no sentindo recíproco, o psicopedagogo e o orientador
educacional podem colaborar também para que a escola sinta interesse em
conhecer a opinião dos pais, seja em questões globais, seja em outras mais
específicas relacionadas a educação dos filhos. Pode mostrar também os benefícios
de diversificar, sempre de acordo com os critérios adotados pela escola no seu
projeto educacional, a participação dos pais. Um aspecto específico desta
participação, na qual o psicopedagogo e o e.e. podem realizar interessantes
contribuições em colaboração com os docentes e com as associações de pais e
mães de alunos, é constituído pela organização e eventual oferecimento de
palestras informativas, conferências ou colóquios sobre temas de interesse para os
pais, com uma função formativa. Nestas tarefas, é importante envolver o corpo
docente, de forma que os conteúdos veiculados nestas situações possam, mais
adiante, ser comentados na reunião de aula ou em outro tipo de intercâmbios, se for
considerado interessante fazê-lo.
É válido ressaltar que essas sugestões comentadas têm como prioridade
melhorar a comunicação entre a família e a instituição educacional e fomentar entre
elas relações positivas. Adquire também uma grande relevância as reuniões de pais
e as entrevistas individuais do professor com os pais de seus alunos. Uma vez que,
as reuniões de aula são uma boa oportunidade para que o grupo de pais conheça as
linhas gerais do que seus filhos fazem na escola. Por essa razão, o psicopedagogo
em parceria com o O.E. podem ajudar a preparar estas reuniões , colaborando na
42
seleção do que se vai explicar, garantindo que as informações sejam claras e, se
necessário, apoiando a explicação verbal com outros materiais (esquema de
reunião, um curto vídeo ilustrativo das tarefas que se realizam ao longo da jornada,
etc). Também pode prestar sua ajuda para que o professor, na reunião, possa, além
de informar, solicitar a colaboração dos pais naqueles aspectos em que se considera
necessários.
43
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS Procuramos, com este trabalho, fazer uma revisão bibliográfica com vistas a
esclarecer as atividades, leis e conceitos que definem o papel do orientador
educacional e do psicopedagogo institucional na atualidade e, contextualizados
através de suas respectivas trajetória histórica.
Confessamos que foi um trabalho consideravelmente árduo uma vez que
muitos autores consultados afirmam haver uma confusão de interpretação em
relação às funções de cada profissional, pelo fato de serem numerosas, complexas
e difíceis de ser delimitadas com precisão. Além disso, as produções teóricas
referentes ao orientador educacional são, em sua maioria, da década de 70 e 80.
Portanto, revela-se que não tem havido atualizações bibliográficas as quais tratem
desse profissional da educação.
É válido destacar que ao longo da fundamentação teórica pudemos verificar
que o psicopedagogo é um profissional estratégico e reflexivo que analisa, avalia e
interpreta os fenômenos que precisa enfrentar, que contribui com sua visão para que
outros tomem decisões que permitam otimizá-los, que colabora, discute e chega a
acordos. No entanto, percebemos que não se trata de situações neutras mas
marcadas pelos modelos de interpretação, influenciadas pelas opções ideológicas e
políticas, condicionadas pelos sistemas de valores assumidos.
Pudemos também ter clareza que tanto o orientador educacional quanto o
psicopedagogo não desempenham suas respectivas tarefas de forma solitária e nem
é somente eles quem estabelecem, com exclusividade, os parâmetros que delimitam
o trabalho cotidiano. Pois o espaço profissional aparece fortemente condicionado
44
pelo projeto educacional geral adotado por um grupo social, o que pressupõe
opções políticas não desprezíveis. Assim
Não é a mesma coisa ser psicopedagogo em um sistema educacional que opta pela formação integral de todas as pessoas, seguindo uma perspectiva educacional progressista, do que dentro de um sistema educacional segregador e seletivo. Não se orienta da mesma forma uma família dentro de um contexto social que privilegia a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres e, outra dentro de um contexto no qual, implícita ou explicitamente, aceita-se que a política assistencial da sociedade recai fundamentalmente na família o que, na prática, equivale a mulheres que renunciam as outras prioridades e assumem esse papel. (Sole, pg.28/29, 2001)
Além desse fator político e ideológico que orienta as políticas educacionais e,
em geral, a política global desenvolvida pelos governos, cada psicopedagogo possui
sua própria ideologia, o que faz sustentar certas atitudes com as condutas e idéias
dos de outros profissionais da instituição educacional, inclusive com o orientador
educacional. Contudo, para que haja uma relação harmoniosa entre ambos
profissionais, faz necessário, cada um estabelecer princípios e limites para a sua
conduta, sua capacidade de compreensão e de tolerância diante do trabalho dos
demais. De maneira que nenhum e nem o outro venha englobar além de suas
atribuições, as responsabilidades do outro. Mas sim terem clareza do papel de cada
um e otimizar o trabalho coletivo, atuando de forma integrada. De modo que possam
trazer seus conhecimentos para a consecução de objetivos comuns, assim como o
de promover a relação entre escola e outros sistemas, fundamentalmente o sistema
familiar.
Portanto, há a necessidade do orientador educacional e do psicopedagogo,
assim como outros profissionais da educação, compreenderem a importância de
integração da equipe escolar e empenhar-se para favorecer e dinamizar as relações
humanas na escola.
45
BIBLIOGRAFIA AYUB, N.K. Texto de apresentação. IN: PROSPECTIVA. Revista de Orientação Educacional, 2005. nº28, p.7-13. BALESTRO, M.A Trajetória e a prática da Orientação Educacional IN: PROSPECTIVA. Revista de Orientação Educacional, 2005. nº28, p. 18-27. BOSSA, N.A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª ed. Porto Alegre, R.S: Artes Médicas, 2000. CARVALHO, M.L.R.S. A função do orientador educacional. São Paulo: Cortez &Moraes, 1979/1986. FOLBERG, M.N. (org). Orientação Educacional em questão. 2ª ed. Porto Alegre,RS: Movimento, 1984. GRINSPUN, M.P.S.Z. A Orientação Educacional – uma perspectiva contextualizada. IN: GRINSPUN, M.P.S.Z. (org). A prática dos orientadores educacionais. São Paulo: Cortez,1994. HENRI CHABASSUS, S.J. A formação do orientador educacional. São Paulo: Layola, 1976. LINA, C.N. A atividade da orientação educacional em uma dimensão psicopedagógica. IN: SCOZ, B.J.L. (et al) Psicopedagogia - O caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional, Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. LOFFREDI, L.E. Paradigma de orientação educacional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria Fanscisco Alves, 1977. LÜDKE, M. & ANDRÉ, M. Pesquisas em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU,1986. MARQUES,W.F.S. Psicopedagogia e avaliação educacional: olhares sobre uma instituição de ensino superior. PUC-Campinas. Dissertação de Mestrado em Educação, 2003. MERY, J. Pedagogia curativa escolar e psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985 NEVES, M.A.C.M. A orientação educacional: permanência ou mudança? Petrópoles, R.J: Vozes, 1986.
46
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ANEXOS
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ANEXO 1
Código de Ética da ABPp
Elaborado pelo Conselho Nacional do biênio 91/92 e reformulado pelo Conselho
Nacional e Nato do biênio 95/96.
Capitulo I - Dos Princípios
Artigo 1º
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que lida com o
processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos,
considerando a influência do meio—família, escola e sociedade—no seu
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.
Parágrafo Único
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado
com o processo de aprendizagem.
Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do
conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido
ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias.
Artigo 3°
O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter
preventivo e/ou remediativo.
Artigo 4°
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados
em 3° grau, portadores de certificados de curse de Pós-Graduação de
49
Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido,
ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e
aconselhável trabalho de formação pessoal.
Artigo 5º
O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem,
garantindo o bem estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se
dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii) realizar pesquisas
científicas no campo da Psicopedagogia.
Capitulo II - Das Responsabilidades dos Psicopedagogos
Artigo
Artigo 6°
São deveres fundamentais dos psicopedagogos:
a) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem
do fenômeno da aprendizagem humana;
b) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma
atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de mundo;
c) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos
limites da competência psicopedagógica;
d)Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
e) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações e classe sempre
que possível;
f) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição
clara do seu diagnóstico;
g) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e
discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;
h) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes;
i) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou
acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a
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dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para
a harmonia da classe e manutenção do conceito público.
Capitulo III- Das Relações com Outras Profissões
Artigo 7°
O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os
componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o
seguinte:
a) Trabalhar nos estritos limites das atividades que Ihe são reservadas;
b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização,
encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento.
Capítulo IV- Do Sigilo
Artigo 8°
O Psicopedagogo está obrigado a guardar sigilo sobre fatos de que tenha
conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade.
Parágrafo Único
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre o cliente a especialistas
comprometidos com o atendimento.
Artigo 9°
O Psicopedagogo não revelará, como o testemunha, fatos de que tenha
conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor
perante autoridade competente.
Artigo 10°
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados mediante
concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal.
51
Artigo 11º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e não será franquiado o
acesso a pessoas estranhas ao caso.
Capitulo V- Das Publicações Científicas
Na publicação de trabalhos científicos deverão ser observadas as seguintes normas:
a) As discordâncias ou críticas deverão ser dirigidas à matéria em discussão e não
ao autor;
b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos
autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores
aquele que mais contribuiu para a realização do trabalho;
c) Em nenhum caso o Psicopedagogo se prevalecerá da posição hierárquica para
fazer publicar, em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação;
d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem
como esclarecidas as idéias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor.
Capitulo Vl - Da Publicidade Profissional
Artigo 13°
O Psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá
fazê-lo com exatidão e honestidade.
Artigo 14°
O Psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que
visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos
mesmos.
Capitulo VII - Dos Honorários
Artigo 15°
Os honorários deverão ser fixados com cuidado a fim de que representem justa
retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente.
52
Capitulo Vlll - Das Relações com Educação e Saúde
Artigo 16°
O Psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridade competentes sobre a
organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e Saúde Pública
relativas a questões psicopedagógicas.
Capítulo IX- Da Observância e Cumprimento do Código de Ética
Artigo 17°
Cabe ao Psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código.
Artigo 18°
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos
princípios éticos da classe.
Artigo 19°
O presente código poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e
aprovado em Assembléia Geral.
Capitulo X- Das Disposições Gerais
Artigo 20°
O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembléia
Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em
12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no
biênio 95/96 sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembléia Geral do III Congresso
Brasileiro de Psicopedagogia, da ABPp, da qual resultou a presente redação.
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ANEXO 2
ENTREVISTA COM A ORIENTADORA EDUCACIONAL
1. Dados gerais:
1.1 – Nome: R. C.
1.2 - Formação profissional: Pedagoga e Psicopedagoga
1.3 - Tempo de serviço na função atual: 20 anos
1.4 - Número de turmas e docentes que estão sob sua orientação: quatro 1ª série, 2ª
série e 3ª série e três 4ª série, além de 19 professores.
2. Qual é a definição de orientação educacional? Quando agente está na faculdade agente vê a orientação educacional de uma
maneira. Agora quando agente está atuando, agente precisa ter uma visão aberta e
vendo o foco que a escola está precisando. Porque a orientadora educacional, nada
mais é, do que um orientador de professores, de planejamento. Trabalha com os
professores, com os alunos e, não somente, com os alunos que têm dificuldades,
mas com estratégias de aulas, estratégias que podem estar atingindo aquele aluno
que vai além dos planos. E orientar os pais. E também a dinâmica de toda a escola.
Ficar os olhos bem abertos em todos os sentidos. E não é só porque eu faço
orientação de 1ª a 4ª série que eu não posso estar colaborando em outros setores.
Ent.5: Quando você diz que orienta os alunos com dificuldades de aprendizagem, onde distingue o seu trabalho com da psicopedagoga? As professoras quando sentem quem têm alguma dificuldade com determinado
aluno, nós sentamos juntas, geralmente, com a M. (psicopedagoga) também.
Porque a M. é psicóloga e psicopedagoga. Aí conversamos a três e discutimos.
Geralmente, como estou muito mais perto da professora, no dia a dia com ela, ela (a
professora) vem sempre trocar idéias. Agente tem reuniões pedagógicas
semanalmente. Agente conversa como poderia estar alcançando aquele
5 Ent.: abreviatura de entrevistadora
54
determinado aluno, dependendo do perfil dele. Aí, a M. avalia também: talvez,
observa em sala, conversa com a família e tenta fazer um paralelo com a parte
emocional. Ela trabalha a parte pedagógica, não deixando a parte psicológica
também. Então a M. faz um trabalho muito mais direcionado e o meu é muito mais
de sugestões de atividades. Essas atividades são montadas com a professora ou
até com a M.
3. Qual é o conjunto de tarefas atribuídas à senhora como orientadora educacional?(Quais são as questões que competem à orientadora educacional?) Como estou a muito tempo na orientação, eu vejo que compete, a orientação não só
dos alunos, mas dos professores, do dinamismo, da didática, da estratégia do
professor em sala de aula. Portanto, é assistir aula com os professores. No colégio,
agente tem a abertura de estar participando em aula. Ás vezes, até pratica alguma
aula em sala com a professora. Observo como a criança se comporta, de que
maneira a professora poderia estar atingindo. Porque quando agente observa de
fora, agente observa de outra maneira. Eu sugiro pra professora uma atividade, uma
outra estratégia. A professora troca idéias. É um trabalho bem em conjunto. Não é
nada vindo de cima pra baixo, nem de baixo pra cima. É uma coisa caminhando
sempre junto. Então em aula, orientando a professora, os alunos, como já falei.
Também os pais. Vendo também toda essa dinâmica da escola pra não perder o
projeto e a metodologia que a escola se propõe a trabalhar com os alunos, pais e
professores.
4. As suas metas profissionais estão estabelecidas? Quais são? A todo momento agente lança novas estratégias. Agente define novas metas. E eu
acho que é no dia a dia. Não é anual. Anual você faz também. Mas a partir do
momento que você está ali de perto vendo todo aquela clientela nova, que você está
recebendo. Você sempre tem que fazer uma adequação pra aquele ano. Tem
sempre que estar se atualizando, estudando, pra você ter uma visão ampla e estar
passando essa atualização pros professores e em conversa com os pais também.
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5. Quais são os fatores que determinam/interferem o seu trabalho na instituição escolar?(por exemplo: a filosofia da escola, os docentes, os alunos, os pais, etc) Eu vejo assim: você sempre tem que estar casado com a filosofia e a estrutura da
escola. De que forma? Nós estamos no colégio, em que procuramos trabalhar
sempre a criança no individual, na perspectiva que ela tem do aprendizado, do que a
família espera. Não só da parte pedagógica, mas da parte espiritual, de valores, o
que ela busca. Então agente está sempre trabalhando a expectativa individual do
aluno e da família casando também com a filosofia da escola de que é sempre
querer ver a criança bem adaptada, sendo sempre trabalhada dentro das suas
dificuldades, não só cognitivas mas psicológicas também. Então o que interfere? A
visão da família tem da escola, por isso é bom sempre estar fazendo um trabalho
individualizado tendo como meta principal aquilo que o fundador da escola
respeitava.
6. A senhora tem dificuldades em delimitar o seu campo de atuação em relação aos outros profissionais da instituição? Não porque no colégio as orientadoras procuram sempre estar trabalhando em
conjunto, e também lado a lado com os professores e outros profissionais que estão
trabalhando diretamente com as crianças. Então não vejo nenhuma dificuldade, não.
Agente (orientadoras educacionais) sempre estamos fazendo trabalhos e reuniões
pedagógica pra agente ter esta discussão, agente dá sugestões pra outros ciclos,
outros ciclos dão sugestão pra gente. Então é um trabalho bem tranquilo, bem
gostoso e bem aceito por todos porque agente faz uma análise do desempenho de
cada aluno dentro de sua área.
7. Segundo a senhora, a psicopedagoga é responsável por quais funções? A psicopedagogia, eu vejo que, é uma área onde você tem que está atuando não só
dentro da parte cognitiva, mas também psicológica. Então é tudo aquilo que eu já te
falei também: a orientação se mistura um pouco também com a psicopedagogia. Por
isso que eu quis fazer uma especialização em psicopedagogia. Porque como agente
trabalha no que as famílias, os valores que agente pode passar para as crianças, a
56
psicopedagogia vem de encontro. Porque você tenta trabalhar não só o psicológico
da criança, mas casando com o cognitivo: o que a criança pode dar, o que agente
pode oferecer a mais pra que agente possa estar caminhando com ela.
8. Como se dá a sua relação com a psicopedagoga? (em que momentos a procura? Para tratar de quais questões?,etc.) Em todos os momentos! Porque a M. também está muitos anos aqui. Sempre
trabalhamos juntas. Então, às vezes, quando eu preciso de uma ajuda, interferência
eu sempre troco idéias com ela. As professoras também têm esta liberdade de estar
conversando com ela. Não só para orientação, mas estar participando das reuniões
para estar orientando os pais. Então a todo momento agente está discutindo várias
questões: dos alunos, dos professores, de pais, de como agente pode atuar de uma
forma positiva na vida de cada um deles. E, as vezes, a procuro pra conseguir
algumas idéias pra esclarecer alguns pontos dentro de outras séries.
9. Há situações/questões em comum que ambos profissionais (orientadora educacional e psicopedagoga) atuam? Se há, como é distribuído o papel de cada um? A diferenciação, justamente, se dá neste parte, em que ela vai trabalhar
individualmente, num determinado horário, com aquele aluno. A mãe, a professora
ou agente, em conjunto, acha que é interessante, aquele aluno ter uma atividade
extra na parte de conteúdo, de esforço escolar. Então é nessa parte a M. vai
observar, vai chamar, vai orientar a família e vai trabalhar individualmente, no
horário oposto de aula, pra está suprindo estas dificuldades.
Ent. Então, a M., a psicopedagoga trabalha mais individual e vocês, orientadoras, trabalham mais em grupo? É. O que diferencia a M. nessa parte? Muitas vezes, na orientação ela também me
ajuda. Eu digo na orientação com os pais: porque, as vezes, os pais querem se
orientar com uma psicóloga pra dar um orientação numa dificuldade que está
acontecendo não só na escola, mas na família também. Então, a M. faz isso
também! Também orientações com os professores: dinâmicas que agente, as vezes,
57
quer que os professores apliquem em sala de aula, principalmente, pra trabalhar os
valores. A M. junto comigo montamos uma atividade pra estar aplicando nas
reuniões pedagógicas dos professores semanalmente.
10. Quais são suas expectativas em relação ao papel da psicopedagoga? ( o que a senhora espera do trabalho dela?) Eu espero que ela sempre esteja atuando junto com a família, com a escola. Vendo
também sempre o lado do professor. Porque é no dia a dia, em sala de aula, que
agente vê as dificuldades que o professor tenta resolver e tem uma certa limitação.
Eu espero que ela seja uma pessoa ligada e caminhando sempre lado a lado com o
professor e com a escola.
Ent. Só pra esclarecer um pouco mais: a psicopedagoga não entra em sala de aula como as orientadoras entram? A psicopedagoga entra também. Quando o professor faz alguma queixa ou pede
uma orientação de determinado aluno, a M. também entra pra estar observando
dentro da sala de aula. Porque no dia a dia, ela também tem que avaliar como está
sendo as orientação do professor: se está sendo adequada, de que maneira o aluno
pega e desenvolve a orientação que a professora dá. Então, ela tem que perceber
como o aluno está recebendo e como está devolvendo essa instrução da professora
pra que depois a M. venha estar trabalhando na orientação também. Então, ela está
sempre em sala também.
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ENTREVISTA COM A PSICOPEDAGOGA
1. Dados gerais:
1.1 – Nome: M. C. M.
1.2 - Formação profissional: Psicologia e psicopedagogia
1.3 - Tempo de serviço na função atual: 23 anos
2. Qual é a definição de psicopedagogia? A minha definição é que é uma ciência multidisciplinar que tem objeto a
aprendizagem.
3. Qual é o conjunto de tarefas atribuídas à senhora como psicopedagoga?(Quais são as questões que competem à psicopedagoga?) São as questões assim...de agente investigar o processo de aprendizagem de cada
indivíduo, as dificuldades que ele pode apresentar em relação a esta aprendizagem,
estuda também com descoberta de métodos com que faça que a aprendizagem
ocorra. Então a psicopedagogia na verdade, faz uma avaliação tanto na questão
cognitiva, quanto emocional, quanto motora do indivíduo no que diz respeito a
aprendizagem dele.
4. As suas metas profissionais estão estabelecidas? Quais são? Sim estão. Principalmente, acho que priorizar um indivíduo. Então o benefício que
este indivíduo possa ter em relação à questão de aprendizagem. Portanto, privilegio
a aprendizagem, o desenvolvimento do indivíduo. Então esta é minha meta de
trabalho. Muita vezes, este benefício ao indivíduo não é vista pelos pais. E, muitas
vezes, por determinados motivos, nem pela escola. Então acho que o papel do
psicopedagogo é sempre estar focando isso: o que o indivíduo deve ter, fazer para
que a aprendizagem ocorra.
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5. Quais são os fatores que determinam/interferem o seu trabalho na instituição escolar?(por exemplo: a filosofia da escola, os docentes, os alunos, os pais, etc) Eu acho que é a falta de participação dos pais. Muitas vezes, você convoca, você
procura trazer pra escola pra gente poder fazer uma parceria no que diz respeito ao
desenvolvimento do filho e, isso , muitas vezes, não tem ocorrido. As vezes, você
convoca ou individual ou em grupo para a participação de uma palestra. E isso
agente vem sentindo a cada ano esta dificuldade de fazerem uma parceria conosco.
Na verdade, eles delegam pra escola a educação dos filhos e não participam. Ou
quando aparecem é pra fazerem uma determinada reclamação do professor ou
alguma coisa que ocorreu no ambiente escolar, mas não existe esta parceria. Então,
esta é uma grande barreira pro desenvolvimento do trabalho.
6. A senhora tem dificuldades em delimitar o seu campo de atuação em relação aos outros profissionais da instituição? Não, eu não tenho. Talvez porque eu já estou a bastante tempo nesta instituição. Há
20 anos. Então com o passar do tempo você vai esclarecendo qual o seu papel
dentro da escola, a contribuição que você pode dar. Então, neste sentido, eu acho
que fica bastante claro. Embora, as vezes, agente é solicitada na falta de um outro
profissional a estar fazendo outras coisas que não são função da gente. Mas, eu
acho que agente tem que acabar tendo esta flexibilidade. É importante que você
tendo uma clareza qual que é o seu, porque mesmo que você faça,
esporadicamente, o outro, você tem como retomar e não deixar/descuidar que o seu
aconteça.
7. Segundo a senhora, a orientadora educacional é responsável por quais funções? Eu acho que o papel de uma orientadora está além de uma coordenadora.
Coordenadora, acho que é assim...se refere mais às questões de organizar
burocraticamente o planejamento da escola. A orientação acho que é muito mais
voltada à relação humana dentro da escola. Então orientar os professores, os pais, o
60
aluno, a conduta que deve ter com cada um. Então eu acho que o papel da
orientação é esse.
Ent. Você também interfere na questão de orientar os professores? Sim, além de trabalhar bastante em parceria com a orientadora educacional, agente
troca muitas idéias, dados pra gente poder trabalhar juntas. Meu papel também é de
estar tanto trabalhando com aluno, como o professor, quanto com a própria direção.
Então, na verdade, eu tenho que mediar muitos dados pra estes grupos (alunos,
pais e direção) pra agente fazer com as coisas ocorram de uma maneira satisfatória
pra todas as partes.
8. Como se dá a sua relação com a orientadora educacional? (em que momentos a procura? Para tratar de quais questões?,etc.) É como eu falei: agente trabalha muito em conjunto. As vezes ela me procura ou eu
a procuro. Até porque assim, nós temos visão de duas pessoas numa mesma
questão. E isto ajuda, enriquece. Então agente faz bastante isso: troca bastante os
dados pra poder pegar a questão e abordar de várias maneiras.
São questões referentes ao aluno, ou ao pai, professor. Então agente tenta sempre
trabalhar em conjunto.
Aqui (na escola) trabalho com grupos psicopedagógicos (grupos de alunos). Mas,
para os pais entenderem melhor nós chamamos esses grupos de “grupos de
reforço”. Mas, na verdade, não tem como reforçar algo na criança com aquilo que
ela ainda não tem. Eles precisam adquirir aquilo que eles ainda não tem. Então, na
verdade, o nome correto seria grupo psicopedagógico. Agente tem horários
específicos, ou seja, nos horários contrários, ao período de aulas deles pra estar
participando deste grupo de trabalho. Então tem grupo que trabalhamos com jogos,
em que procuramos desenvolver habilidades que preparam para o aluno aprender.
Tem outro que agente trabalha mais voltado à conteúdo. Agente tem grupo de
alunos estrangeiros em que temos trabalhado com eles pra emocionalmente aceitar/
adaptar ao nosso país, a nossa cidade. Aceitar as perdas das coisas que eles
deixaram aonde eles viviam: os amigos, os parentes e todos os vínculos que eles já
61
tinham. E depois pra fazer uma adaptação da língua mesmo pra que eles possam
dar prosseguimento aos estudos.
Ent. Quais são os profissionais responsáveis por este grupo: participa somente a psicopedagoga, no caso a senhora, ou também as orientadoras educacionais? Não, daí só eu que desenvolvo. Na verdade, a coordenadora me ajuda a ver quais
são os alunos que poderiam estar participando destes determinados grupos que eu
monto todo ano. Então, por exemplo, agente tem o grupo pra estar estimulando a
criança a passar de uma fase pra outra da alfabetização. E a coordenadora me
ajuda neste sentido. Junta os professores da criança pra estar indicando qual
criança entraria em determinado grupo.
9. Há situações/questões em comum que ambos profissionais (orientadora educacional e psicopedagoga) atuam? Se há, como é distribuído o papel de cada um? Tem hora que agente atua até em conjunto. As duas conversam com determinado
professor. Eu pegando mais a minha área e ela a dela. Tem hora que agente
conversa. Por exemplo, se a questão é mais relacionada ao desenvolvimento do
aluno, ou relação professor-aluno é eu que acabo pegando o professor pra ter uma
conversa. Se, é por exemplo, “a professora não está corrigindo as lições de casa”,
então eu deixo pra orientadora. Ou a professora não está, por exemplo, vendo se o
aluno anotou ou não na agenda as tarefas que tinha que fazer em casa. Então, isto
é mais a área dela do que minha. Agora, no que diz respeito a avaliar o
desenvolvimento do aluno, a relação do aluno-professor é mais campo meu. O que
eu faço muito no meu trabalho é uma triagem: de aquilo que é um trabalho pra mim
ou de um psicopedagogo clínico ou se precisar de um trabalho com um fonoadiologo
ou até mesmo de uma avaliação neurológica. Então eu faço esta triagem e esre
encaminhamento.
62
Ent. Que é uma sondagem, ne?! Na verdade, eu faço uma avaliação mais a nível de escolaridade e passo pros pais
que ele (o aluno) precisaria fazer uma avaliação mais aprofundada neste aspecto a
nível clínico. Pra agente poder ser mais aptos pra estar trabalhando com o aluno até
dentro da própria escola.
10. Quais são suas expectativas em relação ao papel da orientadora educacional? ( O que a senhora espera do trabalho dela?) Eu acho que é assim...o que eu espero é, na verdade, este trabalho que já ocorre
em termos de enfoque multidisciplinar pra determinadas questões que agente tem
trabalhado dentro da escola. Então esta abertura, esta troca que agente faz, eu acho
que é muito importante. A maioria das orientadoras tem formação em pedagogia e
também a nível de psicopedagogia. Então fica uma relação boa porque você
consegue trocar com pessoas que usa uma mesma linguagem que você. Então, por
exemplo, quando era uma psicóloga e uma pedagoga, as vezes, a linguagem fica
um pouco mais distanciada. Mas hoje até com o crescimento da
psicopedagogia...você pega, como no meu caso: eu sou formada em psicologia
compós em psicopedagogia. Nós temos orientadoras que tem formação em
pedagogia com pós em psicopedagogia. Então isso ajuda muito porque fica uma
linguagem comum pra agente conversar. Há maior entendimento entre uma e outra.
Porque, antigamente, distanciava mais os papéis. Hoje com exigência da pós-
graduação pra agente estar atualizando-se. Ainda mais quando é uma pós em
comum. Isso aproxima agente: vocabulários em comum,...isso ajuda bastante.
Então eu acho que o trabalho do psicopedagogo pode ser até mais outros do que eu
citei. Porque agente já teve mais profissionais trabalhando com agente aqui. Nós
tínhamos fonoaudiólogo. Lógico que com um maior número de profissionais nas
escolas com estas especializações, acredito que dá pra desenvolver mais. Por
exemplo, tentar desenvolver orientação profissional a nível de Ensino Médio.A isso
cabe à psicóloga, que não sou eu. agente tenta distribuir um pouco porque não tem
como agente dá conta de tudo, né!?
63
E ate se você fosse ver, precisaria de mais psicopedagogas. É uma coisa muito
ideal: nenhuma escola tem mais que uma e tem escola que nem tem. A maioria não
tem. Se você vê; essa escola, deste porte, deveria ter uma pra Educação Infantil, pra
Fundamental, pra Ensino Médio.
Seria interessante que do mesmo modo que há 4 orientadoras educacionais, poderia
haver 4 psicopedagas.
Isso! Mas a questão é: para uma escola funcionar não precisa de psicopedagoga. A
psicopedagoga, na verdade, vai aumentar muito a qualidade de trabalho. Mas, não
que seja um elemento indispensável pro funcionamento de uma escola. Implica
também muito em verificar quanto a escola pode dispor pros recursos humanos.
Porque, hoje, a escola particular também passa por dificuldades, como inadiplência
de pais, pessoas que são matriculadas e não podem pagar. Então tem tudo isso que
a escola tem que administrar pra ela poder ver que profissionais ela vai poder
contratar, vai poder manter. Agora, é como eu falei, o psicopedagogo aumenta muito
a qualidade.
Ent. Talvez seria interessante que o professor tivesse a especialização em psicopedagogia, né!? Eu vejo assim: as vezes, o professor, no papel de professor, lógico que tudo ajuda
na atuação dele com o aluno, mas ele não consegue está colocando em prática tudo
aquilo porque a função dele é outra. Porque a função dele é de professor. Ele não
consegue ser, naquele momento, psicopedagogo. Lógico que (a psicopedagogia)
ajuda, contribui. Mas precisa ter pessoas fora do processo pra enxergar melhor
determinadas coisas que acontecem. Pessoas mais neutras, até pra analisar esta
relação professor aluno. Porque nem sempre o probelma está no aluno. Pois pode
estar no método, na relação professor-aluno. Então, você tendo uma pessoa fora da
relação pra tá podendo enxergar e elaborar.
...A entrevista encerrou, continuamos a conversar a respeito de outros assuntos, até que a psicopedagoga pediu-me para gravar o seguinte:
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Eu acho que existe a atuação do psicopedagogo clínica e escolar. Acho que o fato
de você estar na escola você consegue alcançar um número maior de pessoas,
levar os benefícios daquela ciência, conhecimento pro maior número de pessoas.
Você lida com as pessoas poderem aceitar ou não aquela sua contribuição.
Diferente, por exemplo, daquela pessoa que chega à clínica buscando o
atendimento. Já, aqui, na escola, nem sempre as pessoas te busca. As vezes, você
oferece. Então você lida com isso: quem trabalha numa instituição lida com
aceitação e rejeição. Bastante até com isso!. Mas, você leva esse conhecimento,
contribuição ao maior número de pessoas do que numa clínica. Então isso é uma
coisa gostosa: você está contribuindo pra um número maior de pessoas que, talvez,
nem tenham possibilidade de estar pagando um trabalho clínico porque é a
instituição que as mantém.
Agora eu vejo que o professor está precisando do apóio de mais de pessoas
especializadas porque os grupos que ele trabalha são mais difíceis. Já está
comprovado que o professor é uma das profissões mais estressantes. Primeiro é o
médico, o bombeiro e o professor. Porque são profissões que estão ligadas a
resolver situações muito rapidamente. Então eles tem tido bastante stress. E, as
vezes, eles não querem nem orientação. Eles querem uma pessoa que possa ouví-
lo, que possa fazer com que ele enxergue as coisas por outro ângulo. È um trabalho
que agente (psicopedagoga) tem muito pra contribuir também, né!? Porque sempre
as pessoas gostam está culpando o professor de tudo. E nem sempre a culpa é do
professor. É o que eu falo: num bolo cada um tem uma fatia de responsabilidade.
Não pode ser só o professor. Às vezes, a fatia maior de responsabilidade pode estar
nos pais e não na escola. Às vezes está no próprio aluno, que tem questões
individuais. Então eu acho que tudo isso tem que ser visto. E o psicopedagogo tem
essa formação pra estar vendo o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional do
aluno.
Para o psicopedagogo é muito diferente você lidar com um aluno ni individual,
mesmo que ele seja difícil, do que você trabalhar com ele diante de um grupo de 30
pessoas. Então aquilo que pode servir pra um atendimento individual, eu pego.
Porque o professor não dá conta, pois além do mais, o professor é cobrada também
pra desenvolver conteúdo. Ele é cobrado com a relação que ele tem que ter com
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alunos, com os pais dos alunos. Então a função do professor também é bem
complexa. Então agente precisa tomar um pouco de cuidado com isso e apoiá-lo. E
eu vejo que, cada vez mais, agente precisa de pessoas especializadas dentro da
escola. Até por causa da inclusão. Sem pessoas especializadas é mais difícil pro
professor ter instrumentos pra lidar com essas inclusões. Então não basta só o
governo ordenar a inclusão. Tem também que instrumentalizar os professores pra
poder lidar com essas inclusões.
Agente não pode exagerar e pedir ao professor que ele seja um terapeuta dentro da
sala de aula, né!? Não é papel dele ser terapeuta. O papel dele é transmitir
conhecimento. Mas, se algum aluno esteja precisando de algo mais pra poder estar
tendo a aula, agente precisando está verificando o que é. E pra isso temos que
contar com o apoio da direção, dos pais. No sentido de poder aceitar agente mostrar
outras coisas que podem ser feitas pra poder o aluno não prejudicar o grupo
também. Então, até pela minha formação em psicologia, que é mais da área de
saúde, agente também tem como obrigação apontar os caminhos pra tratamento,
mesmo que a família não aceite. Temos que mostrar os avanços a nível de medicina
na psicologia, neurologia pra se tratar de determinados comportamentos, questões.
A psicopedagoga pode contribuir muito pra formação do professor. Trazendo o
conhecimento na parte de distúrbio de aprendizagem. Agora pra isso precisa abrir
um espaço pra que esta formação seja contínua. Por exemplo, não se pode oferecer
uma palestra e depois não se fala mais do assunto. Se for uma palestra você dá a
informação. Se for a formação, pra você dá tem que ser contínua pra ele mudar de
postura, de atitude. Tem que ser algo continuamente. Nem sempre a escola dá o
espaço pro psicopedagogo pra fazer esta formação de profess or. Então isso é uma
coisa que precisa ser revista. Apesar de agente entender por trabalhar muitos anos
de escola, há questões imediatas do planejamento da escola que precisam ser
revistas. Mas, eu acho que este espaço deveria ser aberto pra uma formação
contínua do professor.
Em relação a rede pública escolar, há a necessidade do psicopedagogo. Fui
solicitada por uma escola pública de Campinas a dar, voluntariamente, uma palestra
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para os professores. Realmente, eles (a equipe pedagógica da escola) estão carente
de recursos, profissionais especializados. Seria interessante haver, por exemplo, 1
psicopedagogo pra cada 3 unidades escolares. Isso já ajudaria bastante.
Nem todas as particulares tem o psicopedagogo.
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