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ATUALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DA IDENTIDADE ÉTNICA: ETNOGRAFIA
SOBRE O PROCESSO DE CONVERSÃO RELIGIOSA DE CIGANOS EM CRUZ
DAS ALMAS/BA1.
Maraísa Lisboa de Souza2
1 Trabalho apresentado à 30ª Reunião Brasileira de Antropologia.
2 Mestranda em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) - e-mail:
Resumo
O presente projeto se situa no campo de estudos das Ciências Sociais sobre grupos étnicos. Sendo assim,
nosso tema de investigação se refere a persistência e continuidade de um grupo étnico num contexto de
conversão religiosa. Nosso problema de pesquisa consiste em saber quais são as implicações da
conversão religiosa para a manutenção e atualização da identidade étnica. Temos como pressupostos
que um grupo étnico persiste na medida em que se mantem as diferenças culturais entre eles e as demais
coletividades com as quais interage. Mas para ter continuidade, um grupo étnico precisa ser capaz de se
transformar na medida em que mudam as diferenças culturais definidoras das fronteiras. Estas últimas
dependem de uma combinação entre os novos recursos materiais e simbólicos disponibilizados e as
categorias classificatórias que lhe servem como referência. Nas interações interétnicas existem planos
restritos e articulados. Os primeiros são norteados por um conjunto de prescrições sobre as situações
sociais impeditivas a interação, enquanto nos segundos as diferenças de ordem cultural podem ser
minimizadas e até mesmo negadas (BARTH, 1969). A hipótese desse trabalho é de que a religiosidade
está se tornando um campo de articulação que contribui para a minimização do estigma que recai sobre
a identidade étnica do grupo. Para testá-la desenvolveremos um estudo de cunho qualitativo e
etnográfico junto aos ciganos convertidos ao protestantismo na cidade de Cruz das Almas/BA, buscando
compreender quais são as implicações da conversão religiosa para a manutenção e atualização da sua
identidade étnica.
Palavras - chave: Identidade étnica; Conversão religiosa; manutenção e atualização identitária;
Ciganos.
Abstract
This project is in the field of studies of Social Sciences on ethnic groups. Thus, our research topic
concerns the persistence and continuity of an ethnic group in a religious conversion context. Our
research problem is to know what are the implications of religious conversion for the maintenance and
updating of ethnic identity. We have as assumptions that an ethnic group persists in that it keeps the
cultural differences between them and other communities with which it interacts. But to have continuity,
an ethnic group must be able to turn in that change the defining cultural differences borders. The latter
depend on a combination of new material and symbolic resources available and classificatory categories
which serve as a reference. In interethnic interactions are restricted and articulated plans. The former
are guided by a set of requirements on social situations hinder the interaction, while in the second the
differences in cultural order can be minimized and even denied (Barth, 1969). The hypothesis of this
study is that religiosity is becoming a joint field that contributes to the minimization of stigma over the
ethnic identity of the group. In order to test it, will be developed a qualitative and ethnographic study
with the gypisies converted to Protestantism in the city of Cruz das Almas / BA, trying to understand
the implications of religious conversion for the maintenance and updating of their ethnic identity.
Key - words: Ethnic identity; religious conversion; maintenance and update identity; Gypsies.
Introdução
Este trabalho tem como principal objetivo entender o processo de conversão religiosa
cigana e como ele influencia na manutenção e atualização da identidade étnica. É de grande
importância destacar que os dados e análises apresentados no presente artigo são resultados
preliminares da minha pesquisa de dissertação de mestrado.
O presente trabalho busca refletir sobre a conversão religiosa de um grupo de ciganos
no município de Cruz das Almas-BA. No entanto, a maior motivação para a apresentação desse
fenômeno da inserção dos ciganos nas igrejas evangélicas é pelo fato de serem culturas
totalmente distintas e a conversão ao evangelho “incutir” uma mudança de identidade e modos
de vida extremamente díspares. Neste contexto, tal dessemelhança e antinomia cultural
encontrada entre os grupos evangélicos e ciganos caracteriza-se em perdas de algumas
características da cultura de origem, no caso a cultura cigana. Sendo assim, serão estudadas as
relações inter/étnicas entre os ciganos e os membros da igreja evangélicas, assim como, a
relação entre ciganos convertidos e não convertidos. Nosso foco principal é a possível
influência da conversão religiosa na manutenção e atualização da identidade étnica cigana.
Neste contexto, serão analisadas as categorias êmicas ciganas e evangélicas, e como os ciganos
convertidos se portam em meio a uma possível interferência na sua identidade étnica. Foram
pesquisadas duas igrejas, a I Igreja Batista de Cruz das Almas e uma “Congregação Batista”3
faz parte da primeira, situadas no centro da cidade de Cruz das Almas. Porém, os ciganos
evangélicos serão acompanhados também em suas habitações, juntamente com os ciganos não-
evangélicos.
O fenômeno de inserção e conversão religiosa dos ciganos no mundo se deu num
contexto transnacional de evangelização, iniciado deste os anos 50 do século XX,
especificamente na Espanha e depois se estendendo para Portugal (Blanes, 2007),
chegando posteriormente ao Brasil. Neste sentido, sendo a Bahia um dos estados que apresenta
3 Congregação Batista: reunião de um grupo de pessoas que fazem parte da igreja Batista, porém ela pode ser
considerada uma “filial” da I Igreja.
maior número de grupos ciganos e Cruz das Almas contar com um número significativo de
ciganos convertidos é o que justifica a escolha desta localidade para o desenvolvimento da
pesquisa.
Tal conversão surgida na Europa, atravessou o oceano e chega ao Brasil como uma
proposta de identidade alternativa para vários ciganos no país e especificamente em Cruz das
Almas-BA. Supomos que até mesmo para fugir dos estereótipos criados para promover a
exclusão dos ciganos na sociedade, questão que pretendemos verificar com essa investigação.
Segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
constatou-se a existência 800 mil ciganos, espalhados em 291 acampamentos, dos 5.565
municípios brasileiros. Concentradas, principalmente, no litoral das Regiões Sul, Sudeste
e Nordeste, destacando-se o estado da Bahia, com o maior número de grupos. Entretanto, a falta
de interesse do poder público com relação ao número exato de ciganos, principalmente no
município, torna difícil saber com exatidão a quantidade de ciganos em Cruz das Almas.
Cruz das Almas é um município brasileiro do estado da Bahia, localizada
no Recôncavo Sul, distanciando-se 146 quilômetros da capital do Estado, Salvador, a qual liga-
se pela BR-101 e BR-324. De acordo com o censo 2014 (IBGE), sua população estimada
em 2015 era de 64.197 habitantes, sem contar cerca de 15 mil moradores flutuantes, os
estudantes que residem no período de estudo na cidade.
O meu interesse pela inserção dos ciganos nas igrejas evangélicas se deu no ano de 2013,
quando eu fiz algumas visitas a uma igreja evangélica na cidade de Cruz das Almas. Nesse
contexto, o que mais me chamou a atenção era que os ciganos e ciganas não perderam alguns
sinais vistos como diacríticos pelos não ciganos, como os vestidos coloridos, os brincos,
pulseiras, anéis e dentes com muito ouro, no caso das mulheres. Os homens com roupas
estampadas, correntes, anéis e dentes de ouro. Sendo assim, tudo isso me chamou muita
atenção, já que outros grupos ao se converterem passa a ter mudanças nas vestimentas e nos
sinais diacríticos. Por exemplo, uma pessoa que vem de uma religião de matrizes africanas, ao
se converter as mudanças nas vestimentas e nos acessórios é bastante perceptível. Todavia, eu
buscarei entender o porquê da permanência dessas características apesar da conversão e a
concepção de ciganos para esse grupo que se converteu.
De início o meu campo social seria em uma só igreja, no entanto, ao chegar na igreja
percebi que o contexto sofreu mudanças e que seria necessário pesquisar em uma outra
congregação, uma espécie de extensão da primeira igreja selecionada. Na verdade, o campo nos
surpreendeu, ele é mutável e precisamos acompanha-lo.
A minha pesquisa tem como objetivo geral compreender a influência da conversão
religiosa para a manutenção e atualização da identidade étnica cigana. Irei verificar quais as
estratégias utilizadas por esses ciganos evangélicos para continuar utilizando sinais diacríticos
atribuídos aos ciganos apesar de terem se tornados evangélicos. Quais elementos foram
minimizados, transformados ou abandonados e quais foram incorporados nessa identidade tão
peculiar.
Já os objetivos específicos serão: Identificar as representações sociais sobre ciganos
presentes nas igrejas protestantes que os mesmos estão inseridos; levantar as percepções dos
ciganos convertidos sobre a relação entre a sua identidade étnica e a identidade religiosa; fazer
um levantamento das convicções dos ciganos não convertidos sobre a relação entre a sua
identidade étnica e a sua identidade religiosa; analisar o modo como ocorre o processo de
identificação, auto-percepção e identidade entre os ciganos convertidos. Eu irei trabalhar com
diversos conceitos, porém, irei focar neste artigo apenas o de identidade com Stuart Hall. Onde
fala com muita propriedade que a identidade é influenciada pelo meio social. Sendo assim
destacamos:
De acordo com essa visão, que se tornou a concepção sociológica clássica da
questão, a identidade é formada na "interação" entre o eu e a sociedade. O
sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o "eu real", mas este é
formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais
"exteriores" e as identidades que esses mundos oferecem (HALL, 2006, p.11).
Nesse sentido, a identidade dos ciganos e dos ciganos evangélicos são formadas pelo
contato exterior com a sociedade. Ou seja, o cigano forma a sua identidade tendo contato com
os demais ciganos, a sua família e seu grupo mais próximo. No entanto, os ciganos evangélicos
tem a sua identidade influenciada pelos membros das igrejas evangélicas. Usando termos
próprios do meio evangélico, como “Testemunho”4, “livramento”5, “louvor”6. Além disso, as
formas de ver as atitudes que tinham no passado, antes de ser converter. Pois em minhas
entrevistas eu pude perceber que as ciganas ao se converterem enxerga a leitura de mão como
4Testemunho: significa contar para a igreja alguma intervenção divina, onde pode ser a cura de uma doença, livramento de morte, reconciliação com uma pessoa. 5 Livramento: Intervenção divina na vida da pessoa, como livramento de morte, cura de doenças e etc. 6 Louvor: Louvar para os cristãos evangélicos significa cantar.
um “espírito de engano7”, como algo que não é de Deus e é abominável aos olhos de Deus, e,
que elas deixam de praticar essa atividade após a conversão.
Entretanto, Stuart Hall defende que a partir dos processos sociológicos surge o sujeito
pós-moderno cuja identidade é mutável, não permanente, que se constrói no decorrer da história
e não é dado de forma inata. O sujeito poderá assumir identidades diferentes em momentos
diferentes. Todavia, isso é exatamente o que ocorre com os ciganos evangélicos, tem a
identidade transformada aos poucos, até mesmo pelo contato com os demais membros da igreja.
E os ciganos adquirem posicionamentos um pouco diferente ao estar com os demais ciganos,
falando muitas vezes com a língua própria da cultura cigana. E muitas vezes quando os mesmos
querem falar algo que eu não possa saber, pois na concepção deles não me interessa, como
detalhes familiares, eles costumam falar com a língua cigana, Já que uma “Jurim”8, não precisa
saber de tais assuntos.
Método de Pesquisa
A metodologia que está sendo empregada nessa investigação é de cunho qualitativo,
lançando mão das técnicas de observação participante, diário de campo, entrevistas
semiestruturadas, que foi iniciada individualmente e após acontecerá com grupos focais. Serão
realizados também registros visuais. A observação participante acontecerá no município de
Cruz das Almas/BA, junto a população não-cigana e cigana convertida e não convertida ao
protestantismo. Serão identificados e selecionados informantes chaves e pessoas a serem
entrevistadas sobre os temas da pesquisa, bem como produziremos registros visuais
(fotografias) dos diferentes momentos do processo de pesquisa. As entrevistas serão guiadas
por um conjunto de tópicos relativos a identidade étnica cigana, a conversão dos ciganos ao
protestantismo e suas implicações. Uma das minhas hipóteses de início, seria que tal conversão
cigana seria uma forma dos mesmos fugirem dos estereótipos que os marginalizavam, porém
pude perceber que esse fenômeno tem outros motivos que identificarei no decorrer da pesquisa.
A segunda hipótese é de que a conversão religiosa cigana ao protestantismo acaba influenciando
na manutenção e atualização da identidade étnica cigana.
História do cristianismo e dos ciganos
A disseminação do cristianismo pelo mundo iniciou-se primordialmente na época
colonial, através dos missionários europeus. Porém, atualmente com a globalização a
7 Espírito de engano: São espíritos que não são de Deus, são espíritos malignos e que levam as pessoas a acreditar em algo que não existe. 8 Jurim: Uma mulher não cigana.
disseminação torna-se transnacional e ligada em redes, facilitando a sua distribuição pelo
espaço mundial. Nesse contexto, (Sarró et al., 2008) afirma:
Se outrora o cristianismo vinha por meio colonial, expressando de uma forma
imposta e opressiva, atualmente, os “caminhos do Senhor” são muito mais
inextricáveis: há cristianismos que vêm da África para a Europa e a América,
outros que vão da Europa para a África, e outros que vão da América para a
África e a Europa.
Segundo Mazzoleni, 1992 apud Prandi (2008, p. 158). Uma nação uma cultura, uma
cultura uma nação - é coisa do passado, anterior à queda do colonialismo. Hoje, quando se fala
em cultura, logo surge a ideia da existência de uma cultura global, sem fronteiras - a
globalização cultural do planeta.
Segundo o IBGE. Diante de uma sociedade outrora de “hegemonia” católica, podemos
perceber o crescente número de adeptos ao protestantismo, sinalizando uma possível tendência
da sociedade brasileira a se converter, incluindo nesse contexto as minorias étnicas como os
ciganos.
Segundo Reginaldo Prandi (2008) a cultura católica existente na América Latina e no
Brasil, diferenciada esta daquela apenas pelo caráter sincrético afro-católico brasileiro, está
sofrendo uma grande influência da conversão religiosa, tal fenômeno abriria a possibilidade da
religião evangélica em se expandir e tornar-se maioria entre os latinos americanos e entre a
população brasileira. Prandi ainda afirma que a religião não só faz parte da cultura como
também a abastece axiológica e normativamente.
Neste sentido, sendo a cultura cigana extremamente antagônica a cultura evangélica,
resta-nos saber como a conversão religiosa influencia a cultura cigana, uma cultura
marginalizada e estereotipada pela sociedade há séculos.
Segundo Fazito (2006), o nome “cigano” foi um estereótipo elaborado embasado em
representações coletivas provadas por indivíduos de diferentes tradições culturais ao longo de
séculos de relação. O autor ainda cita alguns estereótipos dos ciganos na Europa como
bohemians, egyptians, gypsies, heathens, tsiganes e zigeuners. E a forma nômade de ser dos
ciganos vem de constantes perseguições e exílios sofridos pelos mesmos em tempos passados,
muitas vezes usando de violência. De acordo com Mendes (2005), apud Blanes (2007b, p. 1).
(...) nas investigações sobre ciganos nas últimas décadas: o de «exclusão
social». Associando a pobreza, a segregação espacial e cultural e o déficit de
escolarização como factores mutuamente alimentados e reproduzidos,
denuncia-os como alvos fáceis de discriminação e rejeição social — ou, numa
lógica simmeliana, «estrangeirização».
Em contrapartida, Ana Paula Soria (2008), salienta que atualmente, a dificuldade de
acesso a trabalhos não-tradicionais, acaba levando os pais a romperem com suas tradições,
inserindo seus filhos nas escolas, tendo que se me misturar com os “gadyè” (não ciganos). A
autora ainda salienta que as medidas governamentais e a miserabilidade, onde se encontra os
ciganos, leva-os para os guetos que por tradição deveriam estar separados, gerando assim, um
conflito, sendo encarado pelo “endogrupo” como um desrespeito. Sendo frequentes a presença
de policiais nos ranchos dos ciganos, assim como, políticos de dois em dois anos, pedindo votos
(Moonen, 2012).
Goffmam (2009) ressalta que todos os indivíduos inseridos em um grupo comum, têm
concessão para, ou são obrigados a manter a mesma fachada social em certas situações, além
de esperar-se que tenham compatibilidade entre aparência e maneira, acredita-se também, que
exista uma coerência entre o ambiente, aparência e maneira. O autor ainda salienta que fazem
parte da fachada pessoal vestuário, sexo, idade, características raciais, aparências, atitudes,
padrões de linguagem, gestos corporais e etc.
O estereótipo cigano é bastante conhecido em todo o mundo e não é diferente na cidade
de Cruz das Almas - BA. Os ciganos são bastante marginalizados pela sociedade, identificados
como: ladrões, trapaceiros, agiotas, assassinos e leitores de sorte (as mulheres ciganas) com o
seu conhecimento de enxergar o futuro lendo as linhas das mãos, uma tradição que perpassa de
geração a geração há milênios. As mulheres ciganas costumam chamar a atenção apelidando os
supostos “clientes” de moça e moço bonito com o intuito de agradar, tendo como objetivo
adquirir algum dinheiro através da leitura da mão ou na venda de figas (para dar sorte). Neste
contexto, (Bourdieu, 2003) apud (Fazito, 2006, p. 691) afirma que:
Porque a imagem do “cigano” é o espelho em negativo da sociedade ocidental,
sedentária e moderna, que inscreve seus diacríticos no corpo do Indivíduo (e
seu grupo) e, portanto, nomeia à força da opressão física e simbólica o espaço
marginal destinado àqueles que perderam a luta antes mesmo de terem
reconhecido sua posição no jogo.
A discriminação sofrida pelos ciganos, principalmente pelas mulheres, que são
facilmente reconhecidas pelas suas vestimentas é espantosa. Segundo Moscovici (2009) a
discriminação de categorias de grupos, denominada de estereótipos, como as categorias de
brancos e negros, ciganos, cristão, judeus, indígenas, alemães etc.- representa uma forma de
reconhecer os “semelhantes” como favoritos e os “diferentes”, como desprezível, ou seja, se
faz acepção aos que não são iguais a nós. No entanto, Ana Paula Soria (2008) enfatiza:
Através de ofícios, leis, documentos, notícias, estudos antropológicos e
literários, os romà viram legitimadas suas perseguições e testemunharam a
criação do estereótipo “cigano” que acarretou dolorosas sequelas identitárias.
Desta forma, os romà ainda desconfiam da letra impressa, porém, souberam
fazer da linguagem uma das fortes armas para manterem, tanto quanto
possível, a coesão dos diversos grupos que constituem a etnia. Atualmente a
língua romani é configurada por vários dialetos devido à divisão e a dispersão
dos grupos por diferentes países e continentes e esta realidade é um dos fortes
aspectos de manutenção da identidade.
Hilkner (2012), em seu artigo "Ciganos: um mosaico étnico" ressalta que quando
falamos em ciganos, vem logo em mente, um típico cigano e um estereótipo, no entanto, isso
deve ser desconstruído já que existem vários grupos e subgrupos, existindo uma diversidade de
situações. Dentre os grupos podemos citar os três grandes grupos ou “natsias”: O
grupo/Natsia Rom, o grupo/Natsia Sinti ou Manouch e o Grupo/Natsia Calón.
Para Mota (1987) apud Hilkner (2012, p. 4), os Calóns foram os primeiros a migrarem
para o Brasil, já no século XVI, os Rom migraram só em meados do século XIX, Já
os ciganos Sinti ou Manouch, migraram para o Brasil, vindos da Turquia a partir do final do
século XIX. Algumas características podem identificar o grupo dos ciganos como, o movimento
de palmas indicando o ritmo da música, tatuagem de lua e estrela representa o clã Kalderash,
sendo os homens tatuados nas mãos e as mulheres nos pés. A dança, uma característica
marcante dos ciganos, tem uma expressão divina, sendo Deus multifacetário, representando
também uma personificação dos fenômenos naturais. Sendo assim, as danças rituais
instrumentos de manutenção das tradições e poderoso ponto de união entre os membros do clã
e as divindades.
Resultados e discussões
Apesar de a identidade étnica cigana ser tão marginalizada e discriminada, a mesma é
pouca conhecida pela sociedade. Cristiane Giffoni Braga (2007), em seu artigo “Enfermagem
transcultural e as crenças, valores e práticas do povo cigano”, um estudo mini-etnográfico,
segundo a autora, enfoca uma família cigana, de origem Rom, de uma cidade do interior de
Minas Gerais. Destaca além dos cuidados com a saúde a cultura cigana, revelando, o valor da
religiosidade, já que foram encontradas três imagens de Nossa Senhora Aparecida (Santa de
Devoção) na tenda do acampamento, simbolizando Três famílias. Assim como, destacou o
patriarcalismo existente nessa cultura e as desconfianças para com os “Gadjês” (não ciganos).
Todavia, eu pude perceber essa desconfiança em minhas entrevistas, principalmente com os
ciganos não-evangélicos, costumam ser curiosos e indagar sobre tudo, até mesmo o que eu estou
escrevendo no meu diário de campo.
Nos estudos foram comprovadas as relações de parentesco existente, já que moravam
a “bába” (uma senhora de Setenta anos), o marido e a mulher, a prima e duas crianças, filhos
deste casal. Destacando que a prima utilizava um lenço bordado no cabelo, como sinal de que
não era mais virgem. Outros adereços típicos seriam as pulseiras, brincos, as correntes de ouro
(simbolizando amuletos), e as roupas coloridas, como sinais diacríticos dessa cultura tão rica
(Cristiane Giffoni Braga, 2007).
Todavia, eu pude perceber que os ciganos não-evangélicos costumam declarar a sua fé
a Deus, porém não encontrei imagens religiosas. Percebi também que entre os ciganos não-
convertidos a utilização de pulseiras, brincos, colares e anéis como amuletos é muito grande,
servindo como proteção pessoal.
No entanto, salientando a conversão religiosa dos ciganos ao protestantismo, a cultura
cigana seria efetivamente influenciada pela conversão religiosa? Ou a cultura cigana se
sobressai nesse contexto? Esta é uma pergunta que terei resposta apenas no final da pesquisa.
Para Prandi (2008, p. 160):
... Quando aquele futuro chegou, se pôde perceber como a religião a que agora
o indivíduo adere por livre escolha (e que não é a religião tradicional) pode
ser uma nova fonte de lealdade, criando-se no âmbito da nova cultura
elementos de apoio emocional e justificativas socialmente aceitáveis para que
ele possa se libertar com legitimidade da antiga religião e daqueles outros
velhos laços sociais. A religião passa a atuar, portanto, como solvente numa
cultura que promove o indivíduo, valoriza as escolhas pessoais e fixa suas
âncoras por todo o globo terrestre sem se prender em especial a lugar
nenhum...
As ciganas convertidas, outrora acostumadas a superstições, leitura de mão, magias,
venda de figas. Ao se converterem acaba se desligando das práticas religiosas tradicionais da
cultura cigana e passam a não mais fazer leituras de mão, venda de figas e não procurar mais
atividades de magias e práticas de trabalhos em religiões de matrizes africanas, como eu pude
perceber nas minhas entrevistas. No entanto, a religião não consegue dissolver totalmente a
cultura cigana, como Prand (2008) afirma acima.
A minha entrevistada cigana X29 declara que que ao se converter Deus foi tratando a
vida dela, tirando, segundo ela, todas as práticas que não convinha a uma mulher cristã. Eu
perguntei a essa senhora se ela ainda praticava a leitura de mão, porém, a mesma ressaltou que
9X2: Por questões éticas resolvi colocar letras e números, por exemplo X1, X2, X3..., para identificar os meus
entrevistados. Após as letras e números sempre menciono algum trecho de entrevista.
não pratica mais essas coisas, que tais práticas é “espírito de engano”, uma discussão muito
vista nas igrejas evangélicas. O espírito de engano seria demônios que enganam as pessoas
fazendo acreditar que as leituras de mão e “trabalhos” nas religiões de matrizes africanas seriam
verdadeiras. Porém, essas práticas são condenadas por Deus e o que não é de Deus é engano,
coisas para ludibriar as pessoas, segundo ela.
Segundo Barth (2000) para definição de um grupo, devemos focar nas fronteiras étnicas
e não no conteúdo cultural já delimitado por ela. Neste sentido, devemos centralizar as
fronteiras sociais. Há medida que um grupo mantém sua identidade mesmo com os seus
membros interagindo com outros são necessários critérios para determinar o pertencimento ou
exclusão. Barth revela ainda que deve haver características organizacionais nas relações
interétnicas e carecem possuir regras nesses encontros sociais. O autor, além disso, enfatiza que
as categoria étnicas são dotadas de valores distintos, e quanto maior a discrepância entre esses
padrões valorativos, maiores serão as restrições a interação étnica e a ocorrência de sanções
negativas.
Todavia, com relação aos valores discrepantes entre os ciganos e os membros da igreja.
Eu pude observar algo muito interessante, a disposição dos ciganos nas igrejas, pois os mesmos
costumam sentar-se sempre juntos e aparentemente eu não conseguir ver muita sociabilidade
entre os ciganos convertidos e os evangélicos não-ciganos, os ciganos costumam ficar próximos
uns dos outros, talvez pela afinidade ou pela maioria ser parentes ou pode ser uma forma de
“proteção” contra possível discriminação. Porém, eu terei essa resposta ao final da minha
pesquisa de campo.
Croqui da I Igreja Batista de Cruz das Almas.
Figura 1- Disposição dos ciganos
evangélicos na I Igreja Batista de Cruz das
Almas.
O croqui acima demonstra a disposição dos ciganos evangélicos em uma das igrejas
trabalhadas. Onde os triângulos verdes estão representando os ciganos evangélicos, enquanto
as bolinhas vermelhas demonstram os não-ciganos evangélicos.
Croqui do Templo Batista (congregação)
Este croqui acima também representa a disposição dos ciganos evangélicos, porém em
outra igreja, uma espécie de extensão da primeira igreja. Como podemos perceber a disposição
é semelhante, porém por ser um espaço muito pequeno há uma maior aproximação entre os
ciganos e os não-ciganos. Eu pude perceber uma sociabilidade maior entre os membros, porém
de uma forma ainda tímida.
Barth em seu livro “O guru, o iniciador e outras variações antropológicas”, ressalta as
fronteiras étnicas, neste, apresenta a tribo Pathan e a tribo Baluchis. Os Pathans, do sul tornam-
se baluchis, sem que ocorra ao contrário. Sendo que essa mudança de identidade pode ocorrer
individualmente ou em grupos. Tais mudanças de identidade cruzam limites de unidade política
e ecológica, com isso um restrito grupo Pathan, usando a sua alto-identificação como critério
fundamental de identidade étnica poderia assumir obrigações políticas correspondendo à
identidade étnica da tribo Baluchi, ao adotar práticas agrícolas e pecuárias, e mesmo assim
continuar a identificar-se como Pathans.
É exatamente o que acontece com os ciganos evangélicos, pois, apesar da conversão, de
adotar práticas diferentes da sua cultura de origem, ele continuam se identificando como
ciganos, porém, também evangélicos.
Blanes (2007a) em seu artigo “Contacto, Conhecimento e Conflito: Dinâmicas Cultuais
e Sociais num Movimento Evangélico Cigano na Península Ibérica” analisa os cultos
evangélicos, enquanto “significador social” e a importância dele na experiência religiosa e
identitária num movimento protestante entre os ciganos de Portugal e Espanha, nele Blanes
Figura 2- Disposição dos ciganos
evangélicos na Congregação Batista.
afirma que crença era realizada a partir da possibilidade do contato imediato com o divino
através de manifestações do Espírito Santo de Deus. O autor explica a realização cultual local
e socialmente implantado, propondo três conceitos “contato”, “conhecimento” e “conflito”.
“Contato”, pelo fato da ação cultual proporcionar uma interação entre os crentes; O
“conhecimento” seria a interação e comunicação entre os membros introduzirem corpos de
ideologias e práticas entre os mesmos; Enquanto o “conflito” ocorre pelo fato desses corpos não
serem homogêneos, sendo no debate e na oposição que se renovam e reconstroem.
No entanto, é de ligeira importância destacar que nas igrejas ocorre sociabilidade entre
ciganos e membros das igrejas evangélicas e que dessas interações acabam gerando ideologias
e essas são refeitas e atualizadas a cada dia. Sendo assim, tais ideologias acabaria sobrepondo-
se a identidade étnica cigana. Neste sentido, BOURDIEU (1996) salienta que a linguagem
nunca consegue ser neutra. Em sua formulação, Bourdieu concebe o universo da linguística,
como tantos outros espaços de manifestações da cultura, enquanto algo suscetível às interações
e à dinâmica do próprio mercado. Sendo assim, um discurso é um produto, o qual tem seu
produtor – que está condicionado a produzir um discurso de determinada maneira e seus
receptores a auferir.
Em uma das minhas visitas ao campo social, especificamente em um culto no Templo
Batista, ocorreu um fato muito interessante ligado a questão da ideologia mencionada acima.
Onde um cigano (ainda não convertido), acompanhado da sua esposa (convertida), pede a
oportunidade para contar um livramento (intervenção divina) que Deus tinha dado a sua família.
O mesmo, utilizando de termos próprios dos evangélicos, pegou o microfone e começa falando
que o casamento do seu filho estava para acontecer no dia seguinte, dia 19 de maio de 2016,
porém, um conhecido dele o alertou, dizendo que a família da noiva do filho tinha bastante
inimigos e esses inimigos estava planejando uma chacina para o dia do casamente, matando
todos que estivem no local. O cigano temendo tal tragédia resolveu desfazer o trato (o
casamento) e entendeu que este fato seria um livramento divino e por esse motivo como forma
de gratidão a Deus conta para a edificação10 da igreja. Sem sombra de dúvida a esposa dele foi
influenciada pela ideologia evangélica e por ele estar acompanhado a esposa nos cultos ele
também foi influenciado e tem grandes chance de se converter assim como a mulher.
10 Edificação: Costumam ser acontecimentos que provam que Deus pode todas a coisas e que a igreja deve
confiar no Senhor.
Para Weber apud Rodrigues (2000, p. 9) a religião é a principal porta de interpretação
para o entendimento dos processos culturais mais amplos. Além disso, coloca a religião como
um estilo de vida próprio promovido pelo indivíduo, que acaba interferindo na conduta de um
grupo ou de uma coletividade, pelo fato do sujeito weberiano não ser uma entidade isolada,
possuindo uma natureza social e cultural.
Nesse sentido, Eu pude perceber que a conversão começou com um membro do grupo
de ciganos, e a partir desse individuo todo o grupo (o meio social) foi sendo influenciado e hoje
uma boa parte do grupo é evangélico. Goffmam (1985, p. 9) afirma que o papel que os sujeitos
desempenham é moldado de acordo com os papeis desempenhados pelos outros indivíduos e,
ainda esses outros também formam a plateia.
Entretanto, é interessante destacar que de início eu pensava que os ciganos poderiam ter
sido instigados a conversão por vários motivos, dentre eles estão à conversão como forma de
fugir da posição de marginalização e discriminação estereotipada pela sociedade, porém, por
eles continuarem usando os sinais diacríticos e se ao denominar ciganos, pude perceber que
essa não foi um dos motivos. Uma hipótese também a ser testada é a musicalidade que serve
como referência identitária entre os ciganos e os evangélicos, entre os evangélicos a música é
uma forma de adoração ao Senhor, já para os ciganos a música serve como um divertimento e
juntamente com a dança serviria como expressão divina.
A música é tão importante para as ciganas convertidas que as mesma até fizeram um
ministério de louvor e adoração ao Senhor. Onde as “irmãs” ciganas com muita alegria cantam
louvores ao Senhor com muita satisfação. A cultura cigana é muito alegre e valoriza bastante
as músicas, e as ciganas convertidas enxergam na música uma expressão de adoração ao Senhor.
Grupo de ciganas do ministério de Louvor da Igreja. Fonte: Fotografia de Maraísa Lisboa.
Figura 3: Ciganas convertidas louvando (cantando)
ao Senhor na I Igreja Batista de Cruz das Almas.
Para Blanes (2007a, p. 30):
(...) Reformulando, procurava conhecer as particularidades deste movimento
religioso protestante, compreender o seu lugar na contemporaneidade dos
ciganos e gitanos e explicar o porquê do seu sucesso em contextos nacionais
de hegemonia religiosa católica, por um lado, e de suposta antinomia cultural
dos ciganos face à ética e moralidade conservadora da fé evangélica (a dita
juerga ou inclinação “festiva” versus a ética conservadora) – acrescentando-
se a esta equação a centralidade da música enquanto referente identitário, tanto
em termos de etnicidade cigana como de prática religiosa.
Neste contexto, é interessante ressaltar que podem existir vários fatores que acabaram
instigando à conversão dos ciganos a religião evangélica, porém, cabe a nós através da pesquisa
investigar quais os verdadeiros fatores, e se realmente existe uma influência da conversão
religiosa na manutenção e atualização da identidade étnica cigana.
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