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Inclusão de DUT para ureterorrenolitotripsia a laser Atualização Rol ANS 2019/2020 Letícia Leonart, MSc, PhD [email protected] Hugo Tannus, MD, PhD, MBA [email protected]

Atualização Rol ANS 2019/2020 · Remoção ativa: em geral, pedras com mais de 10 mm de diâmetro têm poucas chances de serem excretadas espontaneamente, mesmo com a terapia medicamentosa

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Inclusão de DUT para ureterorrenolitotripsia a laser

Atualização Rol ANS 2019/2020

Letícia Leonart, MSc, PhD – [email protected]

Hugo Tannus, MD, PhD, MBA – [email protected]

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Declaração de conflito de interesse dos autores

Hugo Tannus é colaborador UHG-Brasil e representa

ABRAMGE neste contexto.

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Cuidado Centralizado no Paciente

❑ Redução de Mortalidade e Morbidade

❑ Melhora de Qualidade de Vida

❑ Redução do Fardo do Tratamento

❑ Eficiência do Sistema de Saúde

Ureterolitotripsia a Laser

● Eficácia na remoção do cálculo

● Risco de dano - procedimento invasivo

● Desconforto + reintervenção pós-procedimento

Terapia Expulsiva

● 70% eficácia para cálculos < 10mm

● Baixo risco de dano

● Menor fardo do tratamento

● Maior eficiência na linha de cuidados

URETEROLITÍASE

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Letícia Leonart (MAPESolutions) declara ter sido

contratada e remunerada pela Abramge para a

elaboração deste parecer técnico-científico sob a

premissa de exercer livremente sua condição de

pesquisador e avaliador da tecnologia em questão.

Declaração de conflito de interesse dos autores

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Descrição da condição de saúde

● Urolitíase: presença de cálculo (pedra) no sistema urinário do paciente.

● Não existe apenas uma razão para a formação do cálculo: fatores de risco,

fatores internos e de exposição ambiental.

● Formação do cálculo:

➢ A supersaturação da urina leva à cristalização

➢ 1º passo da cristalização é a nucleação: consiste na transformação de um líquido em

uma solução supersaturada.

➢ Se o núcleo do cristal ficar retido no néfron, pode funcionar como âncora para

formação de uma pedra através do crescimento do cristal.

➢ Se o núcleo do cristal não for retido no rim, será então excretado na urina ou retido no

ureter, onde pode crescer e formar cálculo nessa região.

Fonte: Tan et al. (2015), Khan et al. (2018), Bushinsky et al. (2016)

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● Composição da pedra:

➢ Cálcio (>80%) – oxalato e fosfato;

➢ Ácido úrico;

➢ Estruvita;

➢ Cistina.

● Sinais e sintomas:

➢ Pedras menores e não obstruintes: podem causar apenas hematúria.

➢ Pedras maiores: dor, que pode ter início abrupto e pode se tornar severa e excruciante

na região do flanco.

● A chance de excreção espontânea do cálculo está diretamente relacionada com o seu

tamanho:

➢ Pedras <5 mm de diâmetro têm grandes chances de serem excretadas sozinhas

➢ Pedras >7 mm usualmente necessitam de algum tipo de intervenção para sua

remoção

Descrição da condição de saúde

Fonte: Romero et al. (2010), Sorokin et al. (2017), Raheem et al. (2017), Pinduli et al. (2006)

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Tratamento

● Medicamentos expulsivos: ureter possui receptores α-adrenérgicos, principalmente em

sua porção distal.

➢ Bloqueadores dos receptores α-adrenérgicos (tansulosina, terazosina e doxazosina)

➢ A terapia médica expulsiva pode ser utilizada em casos de cálculo ureteral com

menos do que 10 mm de diâmetro por 4 a 6 semanas, se a dor do paciente estiver

controlada, a função renal normal e não houver evidência de infecção do trato urinário

ou obstrução significativa.

● Remoção ativa: em geral, pedras com mais de 10 mm de diâmetro têm poucas chances

de serem excretadas espontaneamente, mesmo com a terapia medicamentosa

expulsiva.

➢ Ureterorrenolitotripsia (laser, eletrohidráulica, ultrassônica, e pneumática);

➢ Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO);

➢ Nefrolitomia percutânea.

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Justificativa para a proposição

A ureterorrenolitotripsia a laser é um procedimento eficaz para a

remoção de pedras ureterais e renais, porém é oneroso para o

sistema de saúde suplementar. Como essa tecnologia não possui

DUT, seu uso acaba sendo indicado para pacientes que

poderiam apresentar expulsão da pedra através de abordagens

mais simples e mais seguras, como pelo uso de terapia expulsiva

medicamentosa. Dessa forma, sugere-se a inclusão de DUT para o

procedimento a fim de evitar seu uso desnecessário.

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Tecnologia em questão

● Ureterorrenolitotripsia rígida unilateral a laser

● Código CBHPM/TUSS: 3.11.02.56-5

● Nome do procedimento no rol: Ureterorrenolitotripsia a laser

● A ureterorrenolitotripsia a laser é uma técnica minimamente invasiva que consiste na

inserção de um endoscópio por via uretral para fragmentação e remoção de cálculos. Se o

cálculo estiver localizado na porção distal do ureter, um endoscópio rígido ou semi-rígido

consegue acessá-lo. Após localização da pedra, o laser com as respectivas fibras é utilizado

para fragmentação e sondas extratoras são utilizadas para remoção do cálculo. Em alguns

casos pode ser necessária a inserção de cateter duplo J se for observado edema ureteral após

retirada da pedra, que aumenta a permeabilidade uretral e facilita a passagem de micro

fragmentos remanescentes.

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Outros procedimentos constantes no Rol ANS

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Capacidade instalada

Acre 1

Alagoas 4

Amapá Sem informação

Amazonas 3

Bahia 31

Ceará 4

Distrito Federal 9

Espírito Santo 3

Goiás 11

Maranhão 3

Mato Grosso 6

Mato Grosso do Sul 2

Minas Gerais 32

Pará 3

Paraíba 1

Paraná 30

Pernambuco 5

Piauí 2

Rio de Janeiro 20

Rio Grande do Norte 1

Rio Grande do Sul 13

Rondônia 5

Roraima 2

Santa Catarina 31

São Paulo 63

Sergipe 5

Tocantins 3

Acre 61

Alagoas 292

Amapá 73

Amazonas 329

Bahia 1615

Ceará 965

Distrito Federal 1148

Espírito Santo 780

Goiás 1124

Maranhão 500

Mato Grosso 466

Mato Grosso do Sul 509

Minas Gerais 3350

Pará 522

Paraíba 477

Paraná 2087

Pernambuco 1196

Piauí 331

Rio de Janeiro 3579

Rio Grande do Norte 370

Rio Grande do Sul 2529

Rondônia 185

Roraima 55

Santa Catarina 1361

São Paulo 9692

Sergipe 281

Tocantins 188

Estabelecimentos de saúde Profissionais habilitados

Fonte: Tabnet, DATASUS Fonte: Demografia Médica no Brasil 2018

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População-alvo

Portadores de cálculo ureteral

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REVISÃO SISTEMÁTICA

α-bloqueadores versus remoção ativa

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● Atualização das RS de Campschroer e col. (2018) e de Hollingsworth e col. (2016)

● Foram incluídos 63 ECR.

REVISÃO SISTEMÁTICAα-bloqueadores versus placebo ou tratamento convencional

Desfecho N estudos Risco relativo (IC95) I2

Sucesso na expulsão da pedra 63 1,44 (1,35-1,55) 76%Sucesso na expulsão da pedra

4 semanas de tratamento37 1,40 (1,29-1,52) 75%

Sucesso na expulsão da pedra

pedra ureteral distal48 1,49 (1,37-1,62) 78%

Eventos adversos sérios 17 1,43 (0,88-2,31) 0%

Resultados das meta-análises

IC95, intervalo de confiança 95%

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Qualidade da evidência – Sistema GRADE

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Diretrizes internacionais

● The National Institute for Health and Care Excellence (NICE) – Reino Unido

● Canadian Urology Association

● European Association of Urology

● American Urological Association/Endourological Society

Todas recomendam a utilização de α-bloqueadores como primeira opção

de tratamento para pedras ureterais distais <10 mm.

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Análise de custo-efetividade

Modelo Árvore de decisão com análise caso-base probabilística

População adultos com diagnóstico de cálculo ureteral distal único e

tamanho ≤10 mm, sem complicações.

Comparadores Tratamento com α-bloqueador por 4 semanas seguido por

ureterorrenolitotripsia a laser em caso de falha na

expulsão do cálculo ureteral;

Tratamento com ureterorrenolitotripsia a laser.

Sucesso do tratamento Remoção do cálculo

Horizonte temporal 2 meses

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Análise de custo-efetividade

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Parâmetro α-bloqueador (R$) Ureterorrenolitotripsia a laser (R$)

Média 5.910,49 14.593,71

Desvio padrão 1.245,48 1.456,99

Mínimo 1.829,06 9.377,15

2.5% 3.634,78 11.868,91

10% 4.361,17 12.770,12

Mediana 5.837,47 14.546,45

90% 7.537,05 16.508,20

97.5% 8.558,36 17.534,01

Máximo 11.449,41 20.663,27

Economia média de R$ 8.683,22 por caso

Análise de custo-efetividade

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Análise impacto orçamentário

Cenário atual (por ano)

Cenário proposto (por ano)

População brasileira SSS 47.328.703 47.328.703Pacientes submetidos à

ureterorrenolitotripsia a laser em operadora Xa

10.524 9.471

Total de pacientes SSS submetidos à ureterorrenolitotripsia à laser no país 138.473 124.625

Pacientes com pedra ureteral distal ≤10

mm responsivos à terapia expulsiva

medicamentosa dentre os pacientes submetidos à cirurgia a laserb

10% 0%

13.847 cirurgias evitadas por ano

adados de uma operadora privada que atende 7,6% da população do SSSbdados baseados em opinião de especialistas

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-R$500

R$0

R$500

R$1.000

R$1.500

R$2.000

R$2.500

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Cu

sto

(R

$)

Milh

ões

Anos

Cenário Atual Cenário Proposto Impacto Orçamentário

Economia total de R$ 990 milhões ao longo de 5 anos

Análise impacto orçamentário

Resultado análise probabilística:

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Proposta de DUT para ureterorrenolitotripsia a laser

Cobertura obrigatória de ureterorrenolitotripsia a laser para os casos de:

a. Cálculos ureterais > 10 mm;

b. Cálculos ureterais ≤ 10 mm, sem complicações associadas, e após falha da terapia expulsiva

por 4 semanas;

c. Cálculos ureterais ≤ 10 mm, na presença de uma ou mais das seguintes complicações:

I. dor intratável

II. rim único;

III. hidronefrose moderada a severa à tomografia computadorizada;

IV. alteração da função renal (creatinina sérica > 1,4 mg/dL);

V. gestação;

VI. cálculos bilaterais.

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