Auditoria Davi Barreto 1-2ed

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  • AUDITORIA TEORIA E EXERCCIOS COMENTADOS, 2. EDIO DAVIBARRETOEFERNANDOGRAEFF

    OSTRECHOSEMFONTENACORVERMELHASOASNOVIDADESACRESCENTADASPELOAUTOR.

    CAPTULO2

    2.1. QUANDOAAUDITORIAINDEPENDENTEDASDEMONSTRAESCONTBEISNECESSRIA?

    Vimos que a auditoria tornouse necessria para o correto funcionamento das atividadeseconmicasdehojeeque,apesarde jtermosumaboa intuiosobreoassunto,aindanofalamos,explicitamente,sobreosmotivosquelevamacontrataodoauditor.

    Oprimeiroemaisbviomotivosoasdeterminaesexistentesna legislaobrasileira.Vejamosalgumassituaesemqueasempresassolegalmenteobrigadasaseremauditadas:

    a Lei no 6.404/76 (lei das sociedades annimas por aes) estabelece que as companhias

    abertasdevemserauditadasporauditores independentesregistradosnaComissodeValoresMobilirios(CVM);

    aLeino11.638/07,quealteroua leidasS.A.,estabelecequeasempresasdegrandeporte1,ainda que no constitudas sob a forma de sociedade por aes, devem ser auditadas porauditoresindependentesregistradosnaCVM;

    o Banco Central determina que as instituies financeiras sejam auditadas por auditoresindependentes;

    a CVM, por meio da Instruo no 247/96, obrigou que as demonstraes consolidadas decontroladorasecontroladassejamsubmetidasauditoriaindependente;e

    a Superintendncia de Seguros Privados (SUSEP) por intermdio da Res. CNSP2 n 118/04,determinou que as demonstraes contbeis, inclusive as notas explicativas das sociedadessupervisionadas (sociedadesseguradoras,decapitalizao,resseguradoras locaiseentidadesabertasdeprevidnciacomplementar)devemserauditadasporauditorindependente.

    Dentrodessecontexto,surgeoconceitodeentidadesdeinteressedopblico,que,segundoasnormas3deauditoria,sodefinidascomo:

    ascompanhiasdecapitalaberto;e

    qualqueroutraentidadeque:

    o sejadefinidacomodeinteressedopblicoporleiouregulamento;ou

    o que demande auditoria conduzida de acordo com os mesmos requerimentos deindependncia que se aplicam auditoria de companhias abertas (ex.: entidades degrandeporte).

    Enfim,asentidadesdeinteressedopblico,comooprprionomedenota,atendemuminteresseespecialdasociedadee,dessaforma,demandamumtratamentodiferenciadodasnormasdeauditoriaindependente,sejadevidonaturezadonegcio,aoporte,aonmerodeempregadosetc.

    1 As empresas de grande porte so aquelas que tenham, no exerccio anterior, ativo total superior a R$ 240 milhes ou receita bruta anual superior a R$

    300 milhes. 2 Conselho Nacional de Seguros Privados. 3 Resoluo CFC n 1.311/10: NBC PA 290 Independncia Trabalhos de Auditoria e Reviso.

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    Almdasobrigaeslegais,existemoutrosmotivosquepodemlevarumaempresaasesubmeteraumaauditoriaexterna,entreelescitamos:(...)

    CAPTULO6

    6.1.COMPETNCIATCNICOPROFISSIONAL4

    O auditor independente das demonstraes contbeis, assim como qualquer outro profissional,necessitadecompetnciastcnicasparaexerceroseutrabalho.Quandofalamosnessascompetncias,a primeira coisa que nos vem em mente o conhecimento especfico exigido desse profissional:contabilidade.

    Em outras palavras, o auditor deve possuir conhecimento atualizado dos Princpios deContabilidade5 e das Normas Brasileiras de Contabilidade, bem como das tcnicas contbeis,especialmente na rea de auditoria, e da legislao inerente sua profisso. Por esse motivo aauditoria das demonstraes contbeis deve ser exercida por bacharel em Cincias Contbeis(contadorespropriamenteditos).

    Contudo,necessrioqueesseprofissionalvalmdosconhecimentosrelativossuaformaoacadmica e conhea as atividades especficas da entidade auditada, ou seja, conceitos e tcnicasadministrativasealegislaoespecficaaplicvel.

    Ora, um profissional incumbido de auditar, por exemplo, as demonstraes contbeis de umagrandeempresadosetordepetrleo,provavelmentenecessitadeconhecimentosespecficosdareapara realizar seu trabalho.Pois somenteassim serpossvel compreendere identificaras transaesrealizadas, seus impactos na contabilidade da instituio e, consequentemente, seus efeitos nasdemonstraescontbeis.

    (...)

    6.2.INDEPENDNCIA6

    Outro ponto importante, quando tratamos das normas profissionais do auditor, referese suaindependncia,condiofundamentalebviaparaoexercciodaatividadedeauditoriaindependentedasdemonstraescontbeis.

    Podemosdefinir independnciacomooestadonoqualasobrigaesouos interessesdoauditorso, suficientemente, isentos dos interesses das entidades auditadas para permitir que os serviossejamprestadoscomobjetividade.

    Emsuma,acapacidadedejulgareatuarcomintegridadeeobjetividade,permitindoaemissoderelatrios imparciais em relao entidade auditada, aos acionistas, aos scios, aos quotistas, aoscooperadoseatodasasdemaispartesquepossamestarrelacionadascomoseutrabalho.

    Nesse sentido, o auditor deve ser independente, no podendo se deixar influenciar porpreconceitos ou quaisquer outros elementos materiais ou afetivos que resultem perda, efetiva ouaparente,desuaindependncia.Ouseja,deveevitarfatosecircunstnciasquepassemapercepodequesuaintegridade,objetividadeouceticismoprofissionalestejamcomprometidos.

    Dessaforma,aindependnciadoauditorcompreendeindependnciadepensamento(nosofrer

    influnciasquecomprometamojulgamentoprofissional)eaaparnciadeindependncia(evitarfatose

    4 Item 1.1 da Resoluo CFC n 821/1997: NBC P 1 Normas Profissionais de Auditor Independente. 5 Resoluo CFC n 1.282/2010 Atualiza e consolida dispositivos da Resoluo CFC n 750/1993, que dispe sobre os Princpios Fundamentais de

    Contabilidade. 6 Resoluo CFC n 1.311/2010: NBC PA 290 Independncia Trabalhos de Auditoria e Reviso.

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    circunstnciasquelevantemsuspeitassobreaintegridade,aobjetividadeouoceticismoprofissionalda

    firmaoudealgummembrodaequipedeauditoria).

    A independnciaem relaoao clientedeauditoria requeridadesdeo inciodos trabalhosdoauditorataemissodo seu relatrio (denominadoperodode contratao),assim comoduranteoperodocobertopelasdemonstraescontbeisemanlise.

    importanteobservarquehumasriedeameaas independnciadoauditor.Nodiaadiadeuma auditoria, ele se depara com diversas situaes que podem comprometer a integridade e aobjetividadedoseutrabalho.Nosepodeesquecerqueoauditorumserhumanoe,comotal,estsujeitoaumasriedeinflunciasinternaseexternas.

    De acordo com as normas profissionais de auditoria, a independncia pode ser afetada porameaasdeinteresseprprio,autorreviso,defesadeinteressesdocliente,familiaridadeeintimidao.

    Ameaade interesseprprio:ocorrequandooauditorpodeauferirbenefcios financeirosna

    entidadeauditada,ououtroconflitodeinteresseprpriocomessaentidade.

    Ameaadeautorreviso:ocorrequandooauditorera,anteriormente,administradoroudiretordaentidadeauditada,oueraumfuncionriocujocargolhepermitiaexercerinflunciadiretaeimportantesobreoobjetodotrabalhodeauditoria.

    Ameaa de defesa de interesses do cliente: ocorre quando o auditor defende ou parecedefenderaposioouaopiniodaentidadeauditada(cliente),apontodepodercomprometeroudaraimpressodecomprometeraobjetividade.

    Ameaadefamiliaridade:ocorrequando,emvirtudedeumrelacionamentoestreitocomumaentidade auditada, com seus administradores, com diretores ou com funcionrios, o auditorpassaaseidentificar,demasiadamente,comosinteressesdaentidade.

    Ameaadeintimidao:ocorrequandooauditorencontraobstculosparaagirobjetivamenteecom ceticismo profissional, devido a ameaas, reais ou percebidas, por parte deadministradores,diretoresoufuncionriosdeumaentidade.

    Sempre que for identificada qualquer uma dessas ameaas, exceto aquelas consideradas

    insignificantes,devemserdefinidaseaplicadassalvaguardasadequadasparaeliminaroureduziraumnvelaceitvelessaameaa,pormeiodeumprocessodecisriodevidamentedocumentado.

    Anaturezadessassalvaguardaspodemudarconformecadacaso,contudo,oauditorsempredeveteremmentequeprecisa,antesdetudo,aparentarindependncia.certoque,emalgunscasos,noh salvaguarda capazdeeliminarou reduzirasameaase,nesses casos,oauditor ser impedidodeexecutarotrabalho.

    Notequeimpossveldefinirtodasassituaesquecriamameaasindependnciaeespecificarasexatasmedidasapropriadas.Assim,sempresedeveconsideraroqueum terceirobem informado,tendo conhecimento de todas as informaes pertinentes, incluindo as salvaguardas aplicadas,concluiria,numaavaliaorazovel,serinaceitvel.

    Aodecidirsobreaaceitaoouacontinuaodotrabalho,ouseumapessoaespecficapodesermembrodaequipedeauditoria,oauditordeveidentificareavaliarasameaasindependncia.Seasameaas independnciasosignificativas,deveseavaliarsehsalvaguardasdisponveiscapazesdeeliminaroureduziressasameaasaumnvelaceitvel.

    Diante de todo o exposto, preciso identificar quais situaes caracterizam a perda deindependncia do auditor em relao entidade auditada.Os principais fatores que podem levar perdadeindependnciaso:

    1. interessesfinanceirosdiretosouindiretosrelativosentidadeauditada;

    2. operaesdecrditosegarantiascomaentidadeauditada;

    3. relacionamentoscomerciaiscomaentidadeauditada;

    4. relacionamentosfamiliaresepessoaiscomaentidadeauditada;

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    5. empregoemclientedeauditoria;

    6. outrosserviosprestadospelasfirmasdeauditoriaindependente;

    7. rotaodoslderesdeequipedeauditoria;

    8. incompatibilidadeouinconsistnciadovalordoshonorrios;e

    9. aceitaodepresentesebrindes.Osexemplosdeperdadeindependnciacitadosnosoexaustivos.Assimsendo,outrassituaes

    podemensejaroconflitodeinteresseseaperdadeindependncia.

    6.2.1.Interessesfinanceiros

    Interessesfinanceirossoapropriedadedettulos,osvaloresmobiliriosouquaisqueroutrostiposde investimentosadquiridosoumantidospelaentidadedeauditoria,seusscios,membrosdaequipedeauditoriaoumembrosimediatosdafamliadestaspessoas,relativamenteentidadeauditada,suascontroladasouintegrantesdeummesmogrupoeconmico.

    Podemos dividilos em diretos e indiretos, sendo que os primeiros so aqueles sobre os quais odetentor tem controledireto sobreo investimento (seja em aes,debnturesouemoutros ttulosevaloresmobilirios) ou a capacidade de influenciar suas decises de investimento, enquanto que osinteressesindiretossoaquelessobreosquaisodetentornotemcontrolealgumsobreoinvestimento.

    Em outras palavras, os interesses financeiros indiretos esto relacionados a investimentos emempresasououtrasentidades,porplanosdeinvestimentoglobal,sucesso,fideicomisso,fundocomumde investimento ou entidade financeira sobre os quais a pessoa no detm o controle nem exerceinflunciasignificativa(ex.:fundodeaesadministradoporumbanco).Dessaforma,arelevnciadeinteressefinanceiroindiretodevesersempreconsideradaemcadacaso.

    Sejam esses interesses diretos ou indiretos, sempre que existirem, caracterizam a perda deindependnciadoauditor.Assim,seummembrodaequipedeauditoria,umfamiliar imediatodessapessoa,ou a firmadeauditoria, tiver interesse financeirodiretoou indireto relevanteno clientedeauditoria, a ameaa de interesse prprio criada to significativa que nenhuma salvaguarda podereduziraameaaaumnvelaceitvel.Portanto,nenhumadessaspessoasdeveterinteressefinanceirodiretoouindiretorelevantenaentidadeauditada.

    AsnormasdoCFCcitamoutroscasosdeinteressefinanceiro.Oquadroabaixotrazalgunsdeles:

    Sehouverinteresse

    financeiro...

    Oquefazer?

    ... de familiar prximo de ummembro da equipe deauditoria.

    A ameaa deve ser avaliada e salvaguardasaplicadasquandonecessriasparaeliminlaoureduzilaaumnvelaceitvel,como:

    alienao, pelo familiar prximo, assimque possvel, de todo o interessefinanceirodiretooudeparte suficientedointeressefinanceiroindiretodemodoquenosejamaisrelevante;

    reviso, por outro auditor, do trabalhorealizado pelo membro da equipe deauditoria;

    retirada da pessoa da equipe deauditoria.

    ... de membro da equipe, defamiliar imediato,ouda firmaem entidade que seja

    No h salvaguarda capaz de reduzir aameaaaumnvelaceitvel.

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    controladora do cliente deauditoria (relevante para acontroladora).

    ... de outros scios doescritrio de auditoria, ou deseusfamiliaresimediatos.

    No h salvaguarda capaz de reduzir aameaaaumnvelaceitvel.

    6.2.2.Operaesdecrditosegarantias

    O auditor e seus familiares no podem ter operaes relevantes de crditos ou garantia deoperaes de crditos com as entidades auditadas.Dessa forma, vamos supor, por exemplo, que aempresadaesposadoauditor independentepossuaumemprstimodeR$5milhescomumbancoquecontratouesseauditorparaprestarserviosdeauditoriaindependente.Issorepresentaumasriaameaaindependnciadesseprofissional.

    Assim,seoemprstimoouagarantianoconcedidosegundoprocedimentos,prazosecondiesde financiamento normais, seria criada ameaa de interesse prprio to significativa que nenhumasalvaguardapoderiareduziraameaaaumnvelaceitvel.Consequentemente,omembrodaequipedeauditoria,seufamiliarimediatooufirmanodevemaceitaremprstimosegarantiasnessassituaes.

    Contudo,comosempre,bomsensonecessrioenemtodasasoperaesdecrditosovetadas,desdequesejamsemprerealizadasdentrodosrequisitosedascondiesoferecidosaterceiros.

    Um emprstimo ou uma garantia de emprstimo concedido por um banco ou instituiosemelhante no cria ameaa independncia se for concedido segundo procedimentos, prazos econdiesde financiamentonormais.Exemplos incluem financiamentos residenciais,chequeespecial,financiamentosdeautomveisesaldosdecartodecrdito.

    No entanto, preciso dedicar ateno especial aos casos de transaes relevantes, mesmo serealizadascominstituiesfinanceirasemcondiesnormais.Nessashipteses,podehaverameaasindependnciadoauditorquedemandemsalvaguardascomosubmeterotrabalhorevisoporoutroauditorindependente.

    Finalmente,precisosalientarqueexisteumasituaoemqueaameaa independnciatosignificante que nenhuma salvaguarda pode ser aplicada: caso o auditor ou membro da equipe deauditoriaconcedaemprstimoaumaentidadeauditadaquenosejabancoouinstituiosemelhante,oumesmogarantaumemprstimotomadoporessaentidade.Nessecaso,amenosqueoemprstimoouagarantiasejairrelevanteparaasduaspartesenvolvidas,anicasoluorecusarotrabalho.

    (...)

    6.2.4.Relacionamentosfamiliaresepessoais

    Relacionamentos familiares e pessoais entre membro da equipe de auditoria econselheiro/diretor/certos empregados (dependendo de sua funo) do cliente de auditoria podemcriarameaasdeinteresseprprio,familiaridadeouintimidao.

    A existncia e a importnciadequaisquer ameaasdependemdediversos fatores, incluindo asresponsabilidadesindividuaisnaequipedeauditoria,afunodofamiliarououtrapessoanoclienteeaproximidadedorelacionamento.

    Ouseja,oauditorpodeperdersua independnciasemprequetiverrelacionamentocompessoasque:

    exercem influnciasignificativasobreaspolticasoperacionais,financeirasoucontbeis,como

    presidente,diretor,administrador,gerentegeraldeumaentidadeauditada;

    exercem influncia nas demonstraes contbeis da entidade auditada, como controller,gerentedecontabilidade,contador;e

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    cliente;ditoria;

    afirma;

    nanadocliente.

    ditoria;

    soconsideradassensveissobopontodevistadaauditoria,comocargoscomatribuiesdemonitoramento dos controles internos (ex.: tesoureiro, auditor interno, gerente decompras/vendasetc.).

    Finalmente, seumapessoaprximaaoauditornopode seralgum com influncia significativa

    sobreaspolticasoperacionais, financeirasoucontbeisdaentidadeauditada, logicamente,oprprioauditortambmnopoderslo.

    Portanto, se o auditor atuar tambm como diretor, membro do conselho de administrao,conselhofiscalouexecutivodaentidadeauditada,aameaacriadaperdade independnciadetalmagnitudequenoexistesalvaguardaouaoaseraplicadaquepossaimpediroconflitodeinteresse.E,nestecaso,arealizaodotrabalhodeveserrecusada.

    6.2.5.Empregoemclientedeauditoria

    A independnciadoauditorpodesercomprometidaseumdiretor,administradorouempregadoda entidade auditada j tiver ocupado a posio de membro da equipe de auditoria ou scio daentidadede auditoria. Se este exauditor aindamantiveruma relao significativa com a firmadeauditoria, a ameaa independncia to significativa que nenhuma salvaguarda pode resolver asituao.

    Portanto,aindependnciaconsideradacomprometida,amenosque:

    apessoanotenhadireitoanenhumbenefciooupagamento,equalquervalordevidoparaapessoanosejarelevanteparaafirmadeauditoria;

    a pessoa no continue a participar ou no aparenta participar dos negcios e atividadesprofissionaisdafirmadeauditoria.

    Assim,quandonoexistemaisnenhumarelaosignificativaentreafirmaeapessoa,aexistnciaeaimportnciadequaisquerameaasdefamiliaridadeoudeintimidaorelacionadasaoexauditorcontratadopeloclientedependemdefatorescomo:

    cargoqueapessoaassumiuno envolvimentoqueapessoatercomaequipedeau tempodecorridodesdequeapessoadeixoudesermembrodaequipedeauditoriaou

    sciod cargoanteriorqueapessoatinhanaequipedeauditoriaoufirma,porexemplo,sea

    pessoa era responsvel por manter o contato regular com a administrao ou com osresponsveispelagover

    O auditor, aps avaliar os fatores acima citados, deve tomar aes visando salvaguardar suaindependncia,taiscomomodificaroplanodeauditoria,designarmembroscomexperinciasuperiorqueladoprofissionalquesetransferiuparaaentidadeauditadaparasuaequipedeauditoria,envolveroutroprofissionalqueno sejamembrodaequipedeauditoriapara revisaro trabalho realizado,ouampliaronveldecontroledequalidadedotrabalho.

    Tambmcriadaameaa independncia,quandoumsciooumembrodaequipedeauditoriaestiveremprocessodenegociaoparaingressarnaentidadeauditada.

    Segundoasnormasdeauditoria,aspolticaseosprocedimentosdafirmadevemrequererqueosmembrosdeequipedeauditorianotifiquemaoentrarememnegociaessobretrabalhocomocliente.Ao receberessanotificao,a importnciadaameaadeveseravaliadaeassalvaguardas,aplicadas,incluindo:

    retiradadapessoadaequipedeau

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    equipe. revisodequaisquer julgamentos significativosefetuadosporessapessoaenquanto

    estevena

    Porfim, importanteressaltarque,nocasodeentidadesdeinteressedopblico(videdefiniono captulo2),paraquenohaja comprometimentoda independncia,necessrioqueaentidadeauditadatenhaemitidodemonstraescontbeiscobrindoumperododenomnimo12mesesquenotenhamsidoobjetodeauditoriaemqueoexauditorparticipou.

    6.2.6. Serviorecenteemclientedeauditoria

    Existe tambm a possibilidade do caminho inverso: exfuncionrios da empresa auditada queatuamcomoauditores.Assim,membrosdaentidadedeauditoriaqueanteriormenteestavamligadosentidade auditada (ex.: administradores, executivosou empregados) tambmpromovem aperdadeindependnciadaentidadedeauditoria.Issoseaplica,particularmente,nocasoemqueoprofissionaltenha que avaliar, por exemplo, elementos das demonstraes contbeis que ele mesmo tenhaelaborado,ouajudadoaelaborar,enquantoatuavanaempresaauditada.

    Portanto,dependendodequandoomembrodaequipedeauditoriaatuounaentidade,hduaspossibilidadesaseremanalisadas:

    Duranteoperodocobertopelaauditoria:aameaaperdadeindependnciatosignificativa

    quenenhumasalvaguardapodereduzilaaumnvelaceitvel.

    Consequentemente, tais indivduos no devem ser designados comomembros da equipe deauditoria.

    Antesdoperodocobertopelorelatriodeauditoria:podehaverameaasdeinteresseprprio,deautorrevisooudefamiliaridade.Porexemplo,essasameaasseriamcriadasseumadecisotomadaouumtrabalhoexecutadopeloindivduonoperodoimediatamenteanterior,enquantoempregadopelaentidadeauditadaestparaseranalisadocomopartedaauditorianoperodocorrente.

    Asignificnciadessasameaasdependedefatorescomoaposioqueoindivduoocupavanaentidadeauditadaeocupanaentidadedeauditoria,bem comoo lapsode tempodecorridodesdequeoindivduodesvinculousedaentidadeauditada.

    6.2.7. Outrosserviosprestadospelasfirmasdeauditoriaindependente

    Os auditores independentes prestam, usualmente, outros servios para as entidades auditadas,compatveis com seu nvel de conhecimento e capacitao. Como,muitas vezes, possuem um bomentendimentodonegcioecontribuemcomconhecimentoecapacitaoemoutrasreas,osauditoressobastantevalorizadosepodemoferecerservioscomo:

    avaliaodeempresasereavaliaodeativos;

    assistnciatributria,fiscaleparafiscal;

    auditoriainternaentidadeauditada;

    consultoriadesistemadeinformao;

    apoioemlitgios,perciajudicialouextrajudicial;

    finanascorporativaseassemelhados;

    seleodeexecutivos;e

    registro(escriturao)contbil.Aprestaodessesoutros servios,entretanto,pode criarameaas independnciadoauditor,

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    sendoqueosprincpiosbsicosquedevemfundamentarqualquerregrade independnciadoauditorso:

    1. oauditornodeveauditaroseuprpriotrabalho;

    2. oauditornodeveexercerfunesgerenciaisnaentidadeauditada;e

    3. oauditornodevepromoverinteressesdaentidadeauditada.

    Dessa forma,necessrio sempreavaliar sea realizaodessesoutros serviospode vira criarconflitosdeinteressese,porconseguinte,possvelperdadeindependncia.

    Nesse sentido,oauditorou firmadeauditorianopodeprestar servios considerados comoderesponsabilidade da administrao, ou seja, atividades que conduzem e orientam a entidade,incluindoatomadadedecisessignificativassobreaaquisio,adistribuioeocontrolederecursoshumanos,financeiros,fsicoseintangveis.

    Assim, servios que envolvem a responsabilidade da administrao criam ameaas tosignificativasquenenhumasalvaguardapodereduzirasameaasaumnvelaceitvel.

    Para uma atividade ser considerada como de responsabilidade da administrao depende dascircunstncias,eessaavaliao requeroexercciode julgamento.Exemplosdeatividadesqueseriamgeralmenteconsideradasresponsabilidadedaadministraoincluem:

    estabelecerpolticaseorientaoestratgica; orientareassumiraresponsabilidadepelasaesdosempregadosdaentidade; autorizartransaes; decidirquaisrecomendaesdafirmaoudeoutrosterceirosimplementar; assumir a responsabilidade pela elaborao e adequada apresentao das demonstraes

    contbeisdeacordocomaestruturaderelatriofinanceiroaplicvel;e assumiraresponsabilidadeporplanejar,implementaremanterocontroleinterno.

    Servioscontbeisedeescrituraocontbil

    A administrao (da entidade) responsvel pela elaborao e adequada apresentao dasdemonstraes contbeis de acordo com a estrutura de relatrios financeiros aplicvel. Assim, aprestaodeservioscontbeisedeescrituraocontbilaumclientedeauditoria,comoelaboraode registros contbeis ou demonstraes contbeis, cria ameaa de autorreviso quando o auditorposteriormenteauditaasdemonstraescontbeis.

    Oauditor,noentanto,podeprestar servios relacionadoselaboraode registros contbeisedemonstraescontbeis,quesejamrotineirosoudenaturezamecnica,desdequequalquerameaadeautorrevisocriadasejareduzidaaumnvelaceitvel.Exemplosdessesserviosincluem:

    prestaodeserviosdefolhadepagamentobaseadosemdadosoriginadospelocliente; registrode transaesparaasquaisoclientedeterminououaprovouaclassificaocontbil

    adequada; lanamentodetransaescodificadaspeloclientenarazogeral; registrodelanamentosaprovadospeloclientenobalancete; elaboraodedemonstraescontbeiscombaseeminformaesnobalancete.

    Emtodososcasos,aimportnciadequalquerameaadeveseravaliada,esalvaguardasdevemseraplicadasquandonecessrias,comonoutilizarmembrodaequipedeauditoriana realizaodessesservios ou utilizar um scio ou um membro snior com apropriada especializao, que no seja

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    membrodaequipedeauditoria,pararevisarotrabalhoexecutado.

    No caso especfico de entidades de interesse do pblico, a firma no deve prestar servioscontbeisedeescrituraocontbil,mesmoaquelesdenaturezarotineiraoumecnica,exceto:

    emsituaesdeemergncia7;ou se os servios envolverem aspectos irrelevantes das demonstraes contbeis e forem

    executadosporpessoalquenomembrodaequipedeauditoria.

    Serviosdeauditoriainterna

    Como foi dito, exemplos de outros servios a serem prestados por firmas de auditoriaindependente so os de auditoria interna, decorrentes da terceirizao desse departamento daempresa. Estes servios, contudo, podem ser considerados como de responsabilidade daadministrao, gerar conflitos de interesse e, por conseguinte, perda de independncia do auditor.Nesse caso, para que no seja caracterizada essa perda de independncia necessrio que sejaasseguradoque:

    o cliente designa profissional apropriado e qualificado, de preferncia da alta

    administrao, para ser responsvel todo o tempo pelas atividades de auditoria interna ereconheceraresponsabilidadeporplanejar,implementaremanterocontroleinterno;

    iainterna;

    mentao;

    itoriainterna.

    a administrao ou os responsveis pela governana do cliente revisam, avaliam eaprovamoescopo,oriscoeafrequnciadosserviosdeauditor

    aadministraodoclienteavaliaaadequaodosserviosdeauditoria internaeasconstataesresultantesdesuaexecuo;

    a administraodo cliente avaliaedeterminaquais recomendaes resultantesdosserviosdeauditoriainternaimplementameadministramoprocessodeimple

    a administrao do cliente comunica aos responsveis pela governana asconstataeserecomendaessignificativasresultantesdosserviosdeaud

    Nocasoespecficodeentidadesdeinteressedopblico,nosedeveprestarserviosdeauditoria

    internareferentespartesignificativadoscontrolesinternossobrerelatriosfinanceiros;ereferentesasistemas contbeis financeiros que geram informaes significativas para os registros contbeis docliente.

    6.2.8. Rotaodoslderesdeequipedeauditoria

    O tempoqueoprofissional fazpartedaequipedeauditoriaeasua funodentrodessaequipepodemserfatoresquevenhamainfluenciaraobjetividadeeoceticismodoauditor.Manterinalterada,pormuitotempo,alideranadeumaequipedesaconselhvelissoviolaoprincpiodaalternnciadopoder.

    Aimportnciadasameaasdependedefatorescomo:

    tempoqueapessoatemsidomembrodaequipedeauditoria; papeldapessoanaequipedeauditoria;

    afirma;ditoria;

    rada;ete

    estruturad naturezadotrabalhodeau seaequipegerencialdoclientefoialte se a natureza ou a complexidade dos assuntos contbeis e de relatrio do clien

    7 quando impraticvel para o cliente de auditoria efetuar tais servios ou contratar outras firmas, como nos casos em que somente a firma tem os

    recursos e o conhecimento necessrio sobre os sistemas e os procedimentos do cliente para auxili-lo na elaborao tempestiva de seus registros contbeis e suas demonstraes contbeis.

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    mudouetc.

    opessoalsnior);erevisesdequalidade internaouexterna independenteseregularesdotrabalho.

    so especfico de entidades de interesse do pblico

    Paramitigaressasameaas,algumassalvaguardaspodemseraplicadas,comoarotaodopessoalsniorna equipede auditoria; a reviso,poroutro auditor (nomembroda equipede auditoriadotrabalhod

    No ca , a NBC PA determina as seguintesmedidas:

    lideranadaequipedeauditoriaa intervalosmenoresou iguaisacinco

    rotaodopessoaldeanosconsecutivos;e

    intervalomnimodedoisanosparaoretornodopessoaldelideranaequipe.

    do setor, transaesoueventosoudeoutra forma influenciardiretamenteoresu

    o de certo grau deflexi

    Duranteesseperododedoisanos,apessoanodeveparticipardaauditoriadaentidade,efetuarcontrole de qualidade para o trabalho, consultar a equipe de trabalho ou o cliente sobre assuntostcnicosouespecficos

    ltadodotrabalho.Embora a norma exija a rotao de liderana acima descrita, h previsbilidadeemrelaoaomomentoderotaoemdeterminadascircunstncias.

    Emraroscasos,devidoacircunstncias imprevistasforadocontroledafirma,podeserpermitidoumanoadicionalnaequipedeauditoriadesdequeaameaaindependnciapossasereliminadaouredu

    opermitema rotao requerida,comonocasodedoenasria

    izaressaalternncia,ounocasodeauditorespessoasfsicas,arotaodelideranapode

    specificado salvaguardasalternativasquesoaplicadas,comoarevisoexternaindependenteregular.

    6.2.9. Incompatibilidadeouinconsistnciadovalordoshonorrios

    ..)

    zidaaumnvelaceitvelmedianteaaplicaodesalvaguardas.

    Porexemplo,osciochavedaauditoriapodepermanecernaequipedeauditoriaporatumanoamais,devidoaeventos imprevistosquen

    dosciodesignadoparaotrabalho.

    No casodepequenas firmasdeauditoria,quenodispemdeumaquantidadedeprofissionaissuficienteparareal

    serinvivel.

    Nessescasos,seumrgoregulador independentepreviua isenodarotaodesciosnessascircunstncias,apessoapodecontinuaratuandonaentidadepormaiscincoanos,deacordocomesseregulamento, desde que esse rgo regulador independente tenha e

    (.