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industrial
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UM MODELO DE AVALIAO DA COMPETITIVIDADE LOGSTICA INDUSTRIAL
Augusto Cesar Barreto Rocha
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Ps-Graduao em Engenharia de Transportes,
COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessrios obteno do
ttulo de Doutor em Engenharia de Transportes.
Orientadores: Elton Fernandes
Waltair Vieira Machado
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2009
COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ
UM MODELO DE AVALIAO DA COMPETITIVIDADE LOGSTICA INDUSTRIAL
Augusto Cesar Barreto Rocha
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ
COIMBRA DE PS-GRADUAO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EM
CINCIAS EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES.
Aprovada por: _____________________________________________
Elton Fernandes, Ph.D.
_____________________________________________
Waltair Vieira Machado, Ph.D. _____________________________________________
Marcio Peixoto Sequeira Santos, Ph.D.
_____________________________________________
Licnio da Silva Portugal, D.Sc. ____________________________________________
Ricardo Rodrigues Pacheco, D.Sc. ___________________________________________
Eliana Consoni Rossi, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2009
iii
Rocha, Augusto Cesar Barreto
Um Modelo de Avaliao da Competitividade
Logstica Industrial/ Augusto Cesar Barreto Rio de
Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009.
XIII, 116 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Elton Fernandes
Waltair Vieira Machado
Tese (doutorado) UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia de Transportes, 2009.
Referencias Bibliogrficas: p. 99-105.
1. Logstica. I. Fernandes, Elton, et al.II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de
Engenharia de Transportes. III. Ttulo.
iv
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo e em primeiro lugar agradeo a Deus por tudo e por todos.
Em seguida agradeo meu orientador, professor Dr. Elton Fernandes, que viabilizou
este trabalho de maneira generosa, onde concedeu tempo, informaes, conhecimento,
ateno, dedicao, esforo pessoal, artigos e tudo o mais que um aluno pode esperar para a
elaborao de uma tese de doutorado. Agradeo ainda ao professor Dr. Waltair Vieira
Machado, pela dedicao ao programa, co-orientao, ponderaes e indicativos
fundamentais para a obteno dos dados necessrios para a realizao deste.
Agradeo tambm a todos os colegas e demais professores das disciplinas do
doutorado, cujo convvio e exemplo permitiram o aprendizado durante as aulas e fora delas.
Agradeo aos contribuintes que com seus recursos permitiram o Governo Federal
do Brasil, atravs das Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Amazonas
(UFAM) e a Superintendncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), em conjunto,
financiar este programa de Doutorado.
Agradeo ao Instituto de Ensino Superior FUCAPI (CESF), por ter me acolhido e
permitido, quando necessrio, mudanas em meus horrios de disciplina, em especial s
professoras Iamara Cavalcante e Emlia Melo, por todo suporte direto e indireto. Tambm
agradeo o professor Dr. Niomar Lins Pimenta pelo apoio inicial ainda antes da matrcula
no programa de doutorado.
Agradeo s empresas Bicho da Seda e Fio de gua, por terem financiado este
trabalho, com a disponibilizao de meu tempo para o estudo e por ter permitido e apoiado
a minha ausncia fsica, ausncia mental, ausncia em viagens, ausncia em reunies e
tomadas de decises, para este desenvolvimento.
Agradeo ao Centro das Indstrias do Estado do Amazonas (CIEAM) e Federao
da Indstria do Estado do Amazonas (FIEAM) por me convidarem para coordenar as aes
da Comisso de Logstica e ter acesso a informaes, contatos, raciocnios e compreenso
da lgica do transporte na indstria do Amazonas. Em especial registro meu agradecimento
aos Senhores Ronaldo Mota, Maurcio Loureiro, Flvio Dutra e Antnio Silva.
v
Agradeo ao senhor Raimundo Sampaio de Souza (SUFRAMA - COISE/CGPRO/
SAP), professores Dr. Jos Alberto da Costa Machado (UFAM/SUFRAMA), Msc.Aristides
da Rocha Oliveira Jnior (UFAM), senhores Elilde Mota de Menezes (SUFRAMA) e
Emmanuel de Aguiar (SUFRAMA) pela contribuio inestimvel para obteno de dados
relevantes para a delimitao do universo de pesquisa.
Agradeo empresa Action Pesquisa de Mercado Ltda. pela pesquisa em tempo
mnimo, em especial ao seu Diretor-Presidente Afrnio Soares Filho, que tambm
contribuiu com debates, reflexes e refeies agradveis, literalmente sobre a pesquisa.
impossvel, neste espao, enumerar todas as pessoas que direta ou indiretamente
contriburam de alguma forma para a realizao deste trabalho, mas cito, por ltimo, meu
pai (i. m.) e me, pelas inspiraes de vida, meu irmo Luiz Augusto, pelas inspiraes
profissionais, e meu irmo Jlio Csar, pela inspirao acadmica. Tambm registro minha
gratido aos inestimveis apoios pessoais para a elaborao do texto e da vida minha
esposa Luciana Souza da Silva e amigo Paulo Said Monassa Almeida. Enfim, por isso tudo
e por no poder listar todos, que agradeo a Deus por tudo e por todos.
vi
Os Enigmas (1950) O que uma lagosta tece l embaixo com seus ps dourados?
Respondo que o oceano sabe. Por quem a medusa espera em sua veste transparente?
Est esperando pelo tempo, como tu. Quem alcana o abrao das algas?
(...) Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas
puras primaveras dos mares do sul.
Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jias, infinita como a areia incontvel, pura; e o
tempo, entre uvas cor de sangue tornou a pedra lisa encheu a gua-viva de luz, desfez o seu n, soltou seus fios musicais de
uma cornucpia feita de infinita madreprola.
Sou s uma rede vazia diante dos olhos humanos na escurido
e de dedos habituados longitude do tmido globo de uma laranja.
Caminho como tu,
investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu.
A nica coisa capturada um peixe dentro do vento. Pablo Neruda
Ao meu pai Joo Ferreira da Rocha (1927-2006) e minha
me Odete Barreto Rocha (1930-), que me ensinaram pelo
exemplo de vida e de atitudes inovadoras a enxergar a
beleza das realizaes do trabalho e da arte.
vii
Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios para a
obteno do grau de Doutor em Cincias (D.Sc.)
UM MODELO DE AVALIAO DA COMPETITIVIDADE LOGSTICA INDUSTRIAL
Augusto Cesar Barreto Rocha
Fevereiro/2009
Orientadores: Elton Fernandes
Waltair Vieira Machado
Programa: Engenharia de Transportes
Este trabalho apresenta um modelo de avaliao da competitividade logstica
industrial. Para tal realiza uma reviso bibliogrfica das tcnicas de avaliao de
desempenho utilizadas para a gesto de processos logsticos publicadas em artigos
cientficos entre 1997 e 2008. Adicionalmente apresenta modelos de gesto de cadeias de
suprimento como o SCOR e aborda questes como localizao industrial. A partir de uma
pesquisa exploratria realizada em um Plo Industrial brasileiro em 70 empresas nacionais,
verifica quais so os indicadores de desempenho utilizados na prtica por estas empresas
para avaliar sua competitividade logstica, investigando as formas de medio mais
utilizadas pelos gestores. Por fim prope um modelo de avaliao da competitividade
logstica industrial e apresenta discusses com respeito prtica da gesto de indicadores
logsticos.
viii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for the degree of Doctor of Sciences (D.Sc.)
A COMPETITIVENESS EVALUATION MODEL TO INDUSTRIAL LOGISTIC
Augusto Cesar Barreto Rocha
February/2009
Advisors: Elton Fernandes
Waltair Vieira Machado
Department: Transport Engineering
This work presents a competitiveness evaluation model to industrial logistic. To do
this realizes a bibliographic revision of performance evaluation techniques used to manage
logistic processes published in scientific papers from 1997 thru 2008. Moreover presents
management model to supply chains such as SCOR and approaches to industrial location.
Based in an exploratory research at a Brazilian Industrial Pole in 70 Brazilian companies,
verifies which are the performance indicators mostly used to evaluate the logistic
competitiveness. At the end presents an evaluation model to logistic competitiveness in
industries and presents discussions about the praxis in performance indicators to logistics.
ix
SUMRIO
CAPTULO I - INTRODUO ......................................................................................... 1
1.1. Objetivo ....................................................................................................................... 2
1.2. Importncia do tema .................................................................................................... 2
1.3. Hiptese ....................................................................................................................... 6
CAPTULO II - REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................... 8
2.1. Qual a cadeia de suprimentos certa para o produto? (1997) ................................... 18
2.2. O controle interno do sistema (de 1998 a 2000) ........................................................ 19
2.3. A organizao estendida (2001 e 2002) .................................................................... 21
2.4. Novas tecnologias e desempenho (de 2003 em diante) ............................................. 25
2.5 Cadeia de suprimento ................................................................................................. 33
2.6 Desempenho de cadeias de suprimento ...................................................................... 38
2.7 O modelo SCOR ......................................................................................................... 42
2.8 Localizao industrial e competitividade ................................................................... 44
CAPTULO III - METODOLOGIA ................................................................................ 52
3.1. Os dados e a sua origem ............................................................................................ 54
3.2. Procedimentos de anlise........................................................................................... 55
3.3. A sntese .................................................................................................................... 55
3.4. Concluses (enumerao) .......................................................................................... 56
CAPTULO IV - ESTUDO DE CASO ............................................................................. 57
4.1 Plo Industrial de Manaus (PIM) / Zona Franca de Manaus (ZFM) .......................... 58
4.2 Entidades governamentais e empresarias e o transporte ou logstica do PIM ............ 59
4.2.1 Governo Federal .................................................................................................. 59 4.2.2 Governo Estadual ................................................................................................ 60
x
4.2.3 Entidades empresariais ........................................................................................ 61 4.3 Seleo da amostra ..................................................................................................... 61
4.4 Perfil da amostra ......................................................................................................... 70
4.5 Fatores de competitividade ......................................................................................... 70
4.6 Fatores de competitividade por setor do PIM ............................................................. 71
4.7 Fatores de competitividade por faturamento anual..................................................... 72
4.8 Indicadores Utilizados ................................................................................................ 73
4.9 Indicadores de anlise da competitividade por fator de competitividade ................... 73
4.10 Indicadores de anlise da competitividade por setor ................................................ 74
4.11 Indicadores de anlise da competitividade por faturamento .................................... 75
4.12 Indicadores utilizados por setores do PIM ............................................................... 76
4.13 Indicadores utilizados por faturamento .................................................................... 76
4.14 Fatores de competitividade x modais ....................................................................... 77
4.15 Indicadores temporais x fatores de competitividade ................................................ 78
4.16 Indicadores financeiros x fatores de competitividade .............................................. 78
4.17 Indicadores de retorno x fatores de competitividade ................................................ 80
4.18 Desempenho logstico............................................................................................... 80
CAPTULO V - DISCUSSO ........................................................................................... 82
5.1 Resultados obtidos ...................................................................................................... 90
5.2 Modelo de anlise da competitividade ....................................................................... 92
5.3 Limitadores ................................................................................................................. 92
CAPTULO VI - CONCLUSES E RECOMENDAES .......................................... 95
6.1 Concluses .................................................................................................................. 95
6.2 Recomendaes .......................................................................................................... 97
REFERNCIAS ................................................................................................................. 99
ANEXOS ........................................................................................................................... 106
xi
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Os fluxos de materiais e a empresa como um sistema ............................................ 8
Figura 2: Fluxos de Entradas e Sadas .................................................................................. 10
Figura 3: Avaliao do desempenho estratgico .................................................................. 11
Figura 4: Estrutura da cadeia de suprimento ........................................................................ 14
Figura 5: Atividades de uma cadeia de suprimento .............................................................. 17
Figura 6: Implementao da empresa estendida: documentao da jornada ........................ 28
Figura 7: Servio percebido e servio desejado ................................................................... 32
Figura 8: Aplicao da agilidade estratgica ........................................................................ 41
Figura 9: Modelo SCOR ....................................................................................................... 42
Figura 10: Formulao do modelo logstico em programao linear ................................... 49
Figura 11: Questionrio aplicado ......................................................................................... 64
Figura 12: Perfil da amostra por setor .................................................................................. 70
Figura 13: Perfil da amostra por faturamento ....................................................................... 70
Figura 14: Perfil da amostra por faturamento / setor ............................................................ 70
Figura 15: Fatores de competitividade ................................................................................. 71
Figura 16: Fatores de competitividade por Setor do PIM .................................................... 72
Figura 17: Fatores de competitividade por faturamento anual ............................................. 72
Figura 18: Indicadores utilizados ......................................................................................... 73
Figura 19: Indicadores de anlise da competitividade por fator de competitividade ........... 74
Figura 20: Indicadores de anlise da competitividade por setor .......................................... 75
Figura 21: Indicadores de anlise da competitividade por faturamento ............................... 75
Figura 22: Indicadores utilizados por setores do PIM .......................................................... 76
xii
Figura 23: Indicadores utilizados por faturamento ............................................................... 77
Figura 24: Fatores de competitividade x modais .................................................................. 77
Figura 25: Indicadores temporais x fatores de competitividade ........................................... 78
Figura 26: Indicadores financeiros x fatores de competitividade ......................................... 79
Figura 27: Indicadores de retorno x fatores de competitividade .......................................... 80
Figura 28: Desempenho logstico ......................................................................................... 81
Figura 29: Determinantes da vantagem nacional ................................................................. 83
Figura 30: Fluxo de cargas em um Plo Industrial ............................................................... 86
Figura 31: Determinantes em competitividade sistmica ..................................................... 89
Figura 32: Fatores determinantes do sucesso competitivo ................................................... 90
Figura 33: Modelo de anlise da competitividade logstica ................................................. 91
Figura 34: Indicadores utilizados pelas empresas excluindo o setor eletroeletrnico .......... 93
Figura 35: Indicadores utilizados quando o faturamento superior a US$ 20 milhes ....... 94
xiii
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Alguns atributos dos fluxos de materiais .............................................................. 9
Quadro 2: Modelo de Referncia da Cadeia de Suprimento Nvel 1 Mtricas .............. 20
Quadro 3: Estratgia de operaes em uma cadeia de suprimento....................................... 35
Quadro 4: Relao de subsetores .......................................................................................... 61
Quadro 5: Empresas selecionadas para aplicao da pesquisa ............................................. 65
Quadro 6: Empresas com faturamento acima de US$ 10 milhes por ano ........................ 107
Quadro 7: Empresas com participao de investimentos estrangeiros acima de 50% ....... 112
CAPTULO I - INTRODUO
O comeo a parte mais difcil do trabalho. Plato
A obteno de insumos para produo e a distribuio de produtos acabados para os
mercados sempre foram elementos importantes para a competitividade das empresas
industriais. No passado, as decises de onde localizar a produo eram feitas com base em
um nmero limitado de fatores, onde o custo de transportes era, de forma geral, o nico
fator logstico considerado na tomada de deciso. Os produtos possuam ciclo de vida longo
e baixa complexidade, o que dava estabilidade s decises de suprimento e distribuio.
Uma vez estabelecidos canais de suprimento e distribuio, estes permaneciam estveis
durante longos perodos de tempo, sem sofrer grandes ameaas por parte de mudanas
sociais, polticas, tecnolgicas ou de outra sorte. Existiam poucas relaes comerciais entre
regies e pases e estas eram protegidas por acordos polticos que inviabilizavam a ameaa
de novos entrantes. Hoje o cenrio completamente diferente.
A movimentao de produtos vem se intensificando, tanto entre companhias locais,
quanto entre grandes empresas multinacionais. Quedas de barreiras comerciais e
desenvolvimento tecnolgico permitem um aumento substantivo no fluxo de mercadorias
tanto nos nveis locais e regionais quanto no internacional. Organizaes de pequeno porte
podem ter fornecedores de qualquer lugar do planeta (Sammiee e Anckar, 1998), bem como
os clientes de seus produtos podem ser atendidos diretamente em qualquer lugar. A
complexidade dos sistemas produtivos abriu oportunidade para o aparecimento de um novo
tipo de organizao, o operador logstico, a qual se especializa no processo de
movimentao de mercadorias.
2
Os problemas logsticos da produo induziram o desenvolvimento de novas
configuraes de aglomerados industriais. Um exemplo no setor automobilstico, onde uma
grande montadora traz para dentro de sua planta as demais empresas envolvidas no
processo de montagem dos veculos (VW Resende Rio de Janeiro Modular Plant). Outro
exemplo no setor de duas rodas o caso da Fbrica da Moto Honda, em Manaus, onde a
montadora atrai os seus fornecedores para se localizarem junto a sua planta, atravs de um
processo seletivo e parcerias de longo prazo. Neste contexto de crescente competitividade
surge este estudo.
1.1. Objetivo
O objetivo geral da tese ora proposta configurar um modelo de avaliao da
competitividade logstica industrial. Este objetivo geral se divide em trs objetivos
especficos:
a) reviso das tcnicas de avaliao de desempenho utilizadas para a gesto de
processos logsticos e anlise das prticas em um plo industrial brasileiro;
b) anlise das tcnicas de avaliao da competitividade logstica empregadas pelas
empresas, verificando pontos de semelhana e diferena;
c) proposio de um modelo de avaliao da competitividade logstica industrial.
1.2. Importncia do tema
comum nos processos produtivos industriais a existncia de fases na fabricao de
um produto que so realizadas em diferentes unidades organizacionais ou mesmo diferentes
empresas, que podem estar localizadas na mesma cidade, regio ou mesmo em pases
distintos, indicando uma independncia de localidade, desde que existam benefcios em tal
3
distribuio de funes. Pesquisas como a realizada por Filippini et al. (2004) indicam a
necessidade de um rpido desenvolvimento de produtos em funo da competitividade para
atender s necessidades do consumidor. Esta necessidade faz com que as empresas
busquem alternativas globais para atendimento dos requisitos que os consumidores esperem
ou que elas pretendam ofertar para o mercado de maneira competitiva.
Assim, as empresas, com o contexto do mundo contemporneo, buscam sua
localizao industrial onde forem mais competitivas sob a tica de sua teia de relaes e
estruturas de custos. Estudos como Park (2004) indicam, externamente ao sistema empresa,
onde poderiam ser localizados centros de distribuio de seus produtos. Muitas solues
alternativas de processos vm sendo desenvolvidas com a percepo de explorar ao
mximo a localizao e a vocao de cada unidade industrial, de tal forma a maximizar os
lucros da operao fabril, no s atravs da minimizao de custos, mas tambm da
maximizao dos resultados atravs da aplicao de ferramentas de inovao tecnolgica
ou marketing.
Com a competio cada vez mais acirrada entre as empresas, ou mesmo em funo
da estruturao de Clusters (McGahan e Porter, 1997), as companhias optam por buscar um
posicionamento ou operao onde forem mais competitivas sob diferentes aspectos,
oportunizando uma maximizao do resultado financeiro. Se por um lado a localizao
importe cada vez menos, em funo da percepo de encurtamento das distncias entre as
cidades, em razo da malha global de transporte, por outro lado tornam-se mais relevantes
as questes logsticas nas anlises e composies de custo e tempo para levar os produtos
aos mercados. Isso se d em funo dos impactos na competitividade da empresa pela
existncia de um mercado global com uma quase sincronizao das expectativas dos
4
consumidores ao redor do mundo, em funo da Internet e da maior conexo cultural entre
as regies e pases.
O mercado passa a ser simultaneamente global e local, pois empresas podem
alcanar praticamente qualquer mercado do mundo, graas s progressivas redues das
barreiras internacionais e desenvolvimento da malha de transporte. Independentemente do
contexto, a competitividade da empresa ser perseguida na busca de um melhor
desempenho econmico final. Detentores de capital visam, portanto, a maximizao das
possibilidades de produo de mais capital, a partir de seus limitadores e paradigmas
prprios, independentemente da localizao ou pas. O mundo contemporneo, portanto,
passa a ser observado pelos detentores de capital como um manancial de alternativas para
produzir mais riquezas, a partir das oportunidades de mercado. Com isso a busca de
competitividade se torna mais acentuada a cada dia, uma vez que o capital fica mais
desconectado de bandeiras nacionais, formando uma identidade prpria, onde empresas
chegam a produzir mais riquezas que o Produto Interno Bruto de muitos pases.
Ademais, deve ser considerado o entorno onde est inserida cada organizao,
oportunizando uma maior ou menor competitividade, em razo das facilidades e
concorrncias existentes em cada mercado produtor ou consumidor. Independentemente do
posicionamento da empresa ou mercado, a logstica dos produtos industrializados e suas
matrias-primas passa a ser fator preponderante para a construo de um melhor resultado
econmico para cada operao industrial, em funo das mencionadas possibilidades de
alcance globais ou locais, tanto para os insumos, quanto para os bens finais.
As organizaes, a partir da tica da teoria de sistemas, na busca da maximizao
dos resultados, dependero de diferentes subsistemas para realizar as atividades as quais se
destinam. Diversos so os sistemas que se juntam para realizar o funcionamento do sistema
5
empresa. A combinao destes fatores , portanto, praticamente infinita, uma vez que as
empresas podem combinar diferentes localidades, com arranjos fabris e logsticos, sem
mencionarmos o processo produtivo. Tal abordagem tende a permitir combinaes como a
realizada pela fabricante finlandesa de telefones celulares, Nokia, que possui fbricas em
diferentes pases e, mesmo possuindo planta fabril no Mxico, pode optar por produzir
aparelhos para o mercado dos EUA a partir de uma unidade no Brasil.
As atividades de logstica, em um contexto amplo, so de fundamental importncia,
pois em uma atividade industrial o sistema empresa ir processar insumos locais ou globais
para produzir produtos para mercados tambm locais ou globais. A movimentao de
produtos entrando e saindo do sistema empresa , portanto, uma necessidade constante em
uma atividade industrial, sem mencionar as movimentaes internas a cada um dos
subsistemas da empresa, como na fabricao de subconjuntos.
O aumento da produo de bens intangveis advindos de capital intelectual, tais
como programas de computadores ou textos, apresentam propriedades peculiares aqui no
abordadas. A transmisso dos resultados pode ser realizada a partir da criao de uma infra-
estrutura para a logstica de telecomunicaes dimensionada de acordo com massa de dados
a ser transmitida, alocando-se as necessrias bandas passantes para transmisso destes.
Com a crescente competitividade entre pases e regies para a criao de postos de
trabalho, desenvolvimento de novos produtos e mercados, tem sido comum a adoo de
plos industriais que congregam diferentes empresas, reduzindo o custo da estrutura de
logstica, atravs de fcil acesso a portos, rodovias, ferrovias e aeroportos. Distritos
Industriais (ou Plos Industriais), conforme Staber (1997) no esto claros como uma teoria
geral, no existindo uma definio precisa do que so. Para este trabalho o entendimento de
Plo Industrial ou Distrito Industrial se d com a indicao de uma rea especfica com um
6
conjunto de condio de fatores que propiciem a reunio de diversas empresas com
atividade industrial nesta rea, quer seja de um nico ou de diferentes setores econmicos.
Nos modelos dos plos industriais muitas das caractersticas de um grupo de
empresas so semelhantes, entretanto, diferentes escolas e estilos de gesto, no caso de
multinacionais, propiciam diferentes modelos administrativos. Em adio a isto, a
diferenciao de segmentos de empresas pode proporcionar uma diversidade de
necessidades, que podem implicar em abordagens de avaliao de desempenho distintas,
uma vez que cada uma estar aderente a um processo estratgico peculiar, com objetivos
prprios. Como os indicadores de desempenho so configurados para monitorar a execuo
de estratgias e as estratgias so pertinentes a cada organizao e modelo de negcios, os
indicadores, portanto, passam a ser prprios de cada empresa, na construo de seu modelo
de negcios.
1.3. Hiptese
O estabelecimento das hipteses propostas para serem testadas um passo muito
importante em um trabalho cientfico. A hiptese uma proposio que se admite,
independentemente de ser verdadeira ou falsa, mas unicamente a ttulo de um princpio a
partir do qual se pode deduzir um determinado conjunto de conseqncias (Houaiss, 2001).
Para Viegas (2007) a hiptese desempenha um papel muito relevante em um processo de
pesquisa cientfica, tanto do ponto de vista pragmtico, quanto do ponto de vista lgico,
sendo uma ferramenta do cientista.
A hiptese (ex-ante-factum) a ser verificada nesta tese que existe uma abordagem
metodolgica para a auto-avaliao da competitividade logstica entre um grupo de
empresas industriais de capital predominantemente brasileiro, inseridas em um plo
7
industrial. Como hipteses so respostas provisrias, a pesquisa pretende verificar a
validade desta hiptese e, supondo a sua validade, estabelecer um modelo de avaliao da
competitividade logstica das empresas industriais inseridas em um contexto tal qual o
estudado.
Ao avaliar seu prprio desempenho as empresas fazem uma verificao de sua
competitividade em relao aos seus concorrentes, pois os parmetros escolhidos para sua
avaliao de desempenho so as referncias para a execuo de seu posicionamento
estratgico singular. Com isso o modelo da tese indica um parmetro para a avaliao da
competitividade logstica de um grupo de empresas industriais, baseando-se nos seus
referenciais de auto-avaliao.
O trabalho est dividido em seis captulos e trs anexos. O Captulo I a presente
introduo. O Captulo II faz uma reviso bibliogrfica sobre a temtica em estudo, onde
nas sees 2.1 a 2.4 faz um recorte temporal da evoluo dos artigos cientficos escritos
sobre o tema. Nas demais sees apresentada uma reviso sobre cadeias de suprimento,
sua anlise de desempenho, um modelo de anlise de cadeias de suprimento e uma reviso
sobre localizao industrial e competitividade. O Captulo III apresenta aspectos
metodolgicos. O Captulo IV relata o estudo de caso realizado, seguido pelo Captulo V o
qual apresenta a discusso sobre o tema do trabalho. O Captulo VI realiza as concluses e
recomendaes para pesquisas futuras. Em seguida so apresentadas as referncias e anexos.
CAPTULO II - REVISO BIBLIOGRFICA
Os princpios tm que se estabelecer sobre conceitos Kant
Para iniciar a presente reviso necessrio contextualizar a pesquisa. Neste estudo
cada empresa ou unidade industrial percebida como parte de um sistema maior, tal como
apresentado na Figura 1. Naturalmente a empresa integrante do ambiente em seu entorno,
construindo uma cadeia de relaes entre seus clientes e fornecedores, no que diz respeito
ao fluxo de materiais.
EMPRESA
Fornecedor 1
Fornecedor 2
Fornecedor n
.
.
.
Fluxo de insumos
Cliente 1
Cliente 2
Cliente n
.
.
.
Fluxo de produtos
Figura 1: Os fluxos de materiais e a empresa como um sistema Fonte: Elaborao do autor
Cada um dos fluxos de materiais que so entradas para a empresa pode estar chegando
atravs de diferentes origens, utilizando-se de diferentes modais, com diferentes custos, a
partir de diferentes rotas e assim por diante. Algumas destas variveis esto apresentadas no
Quadro 1. A configurao de cada empresa ser singular. Em princpio empresas do mesmo
setor tendem a possuir solues prprias para a configurao de seus fluxos entrada
(insumos) e sadas (produtos). Vale ainda observar que neste contexto no verificada a
logstica reversa, onde, por vezes, aps o consumidor utilizar o produto pode existir fluxos
9
de retorno para a empresa ou outro local, mas estes no esto apresentados fluxos de
devolues de produtos, em caso de defeitos ou ajustes posteriores.
Quadro 1: Alguns atributos dos fluxos de materiais Fonte: Elaborao do autor
Atributo Exemplo de dado Origem Local de origem Tipo de fornecedor Fabricante
Distribuidor Revenda Empresa de consolidao Operador logstico
Rota Via Honk-Kong Via Los Angeles Via Miami
Modal Areo Aquavirio Rodovirio Ferrovirio Dutovirio
Tempo de trnsito Minutos Horas Dias
Custo associado Moeda / Unidade de transporte Unidade de transporte Pea
Lote (x peas) Metros cbicos Continer 20 Continer 40 Litros TU
Responsabilidade Prpria Fornecedor
Utiliza Operador Logstico Sim No
A partir da viso do fluxo de materiais apresentada no Quadro 1, como um grafo, as
origens de dados podem assumir diferentes estruturas, tais como a Figura 2 representa. Isso
demonstra o grande conjunto de variveis associadas a uma anlise deste tipo. A
interferncia e avaliao de um sistema com tantas variveis como este pode ser complexa
10
e de difcil compreenso, em funo das inter-relaes externas ao sistema, que so
normalmente impraticveis de compreender e mapear, em especial em razo da velocidade
de mudana destes sistemas, ainda mais quando so observados diferentes setores
econmicos. Assim, a seleo de indicadores tende a ser peculiar a cada organizao, uma
vez que cada uma possui estratgias particulares.
Figura 2: Fluxos de Entradas e Sadas Fonte: Elaborao do autor
Como pode ser observado na figura, as entradas e sadas podem estar estruturadas
de diferentes formas, com a possibilidade de existirem caminhos alternativos para cada uma
das rotas, sendo que um mesmo produto pode atingir o destino com alternativas distintas.
Estas alternativas muitas vezes podem ser configuradas a partir das necessidades do
mercado, uma vez que se pode, por exemplo, usar um fornecedor nacional ou estrangeiro
para diferentes componentes.
Essa variedade de configuraes possveis para a construo de uma rede logstica
usualmente se torna nica para cada empresa, negcio e regio. Tanto quando se imaginam
empresas regionais, quanto em redes de franquias instaladas em diferentes cidades, pois
11
cada cidade apresentar um conjunto prprio de caractersticas, que tornar a sua
implementao uma estrutura de custos e desempenho singulares.
O tipo de trfego de um arranjo industrial vai depender dos modais disponveis para
as entradas e sadas. Um projeto deve levar em conta as alternativas existentes. O modelo
de gesto deve ser condizente com o conjunto de fatores estratgicos que o gerente, neste
caso o administrador da rea industrial, queira oportunizar. Uma estratgia poder ser
adequada ou no, conforme a perspectiva de quem administra, pois a avaliao de
desempenho se d pela tica do gestor, a partir de critrios previamente estabelecidos e por
sua ideologia.
Assim, qualquer modelo de gerncia de cargas em um Plo Industrial dever levar
em conta o controle e cumprimento das metas da perspectiva estratgica. Esta perspectiva
deve incluir a disponibilidade de facilidades para transporte de cargas entre as diversas
localidades de fluxo esperado a partir da tica geral, dentre outros fatores de acessibilidade,
qualidade de servio e disponibilidade.
McGee e Prusak (1994) mencionam que a diferenciao entre empresas construda
pela capacidade de realizar a estratgia estabelecida, transformando-as em parte da
realidade cotidiana da mesma. A avaliao de desempenho torna-se, desta forma, uma
ferramenta importante e de presena constante, uma vez que ser a conexo entre a
estratgia e sua execuo, conforme apresentado na Figura 3.
Figura 3: Avaliao do desempenho estratgico Fonte: Adaptada de McGee e Prusak (1994)
12
A Figura demonstra a avaliao de desempenho como o elo que conecta a estratgia
com a sua execuo. Por extenso, percebe-se que a avaliao do desempenho que
indicar se uma estratgia conseguiu ser executada e transformada em realidade, sendo,
portanto, indissociveis. Neste contexto a avaliao de desempenho busca a vinculao de
maneira racional de um mecanismo que verifique se a realidade observada e medida est
aderente estratgia estabelecida.
Do ponto de vista filosfico, esta abordagem de percepo da realidade est
aderente ao que Kant indica em sua Crtica da Razo Pura, quando ressalta que o
primeiro passo para o conhecimento a coordenao da sensao. O indicador de
desempenho estabelece um modelo de coordenao das sensaes de maneira padro,
permitindo assim uma percepo sistemtica da realidade, a partir de um mesmo paradigma.
Da possvel perceber tambm que nem sempre as sensaes podem indicar exatamente a
realidade, por isso faz-se necessria sempre uma anlise crtica em relao aos nmeros que
se apresentam como resultado das medies, pois eles podem deixar de demonstrar fatores
no saudveis.
A partir do contexto aqui estabelecido para um sistema de informao, o Balanced
Scorecard (BSC) um modelo que foi desenvolvido por Robert S. Kaplan e David P.
Norton. A origem se deu em 1990, quando o Instituto Nolan Norton, ligado a KPMG,
realizou um estudo de um ano entre diversas empresas, buscando uma nova forma para a
mensurao de desempenho nas organizaes do futuro, em funo da crena de que os
mtodos vigentes estavam se tornando obsoletos.
O primeiro artigo de Robert Kaplan e David Norton sobre o tema foi publicado na
revista Harvard Business Review, do bimestre janeiro-fevereiro de 1992, com o ttulo The
Balanced Scorecard: measures that drive performance (Kaplan e Norton, 1992). O BSC
13
surge com o objetivo de resolver os problemas que existem em se ter uma nica viso, ou
perspectiva como preferem os autores, na conduo das tomadas de deciso em uma
organizao, contrapondo a contabilidade tradicional, que usa uma linha exclusivamente
financeira. Esta viso amparada como uma evoluo do conceito do Tableaux de Bord,
que anteviu a necessidade de observar empresa no s atravs da perspectiva financeira.
Para Kaplan e Norton (2000), existem cinco princpios que devem ser usados por
organizaes que estejam verdadeiramente orientadas para a estratgia. Espera-se como
resultado do uso da ferramenta um ajuste entre o trabalho das pessoas e o objetivo
estratgico definido. Os princpios so: traduzir a estratgia em termos operacionais; aliar a
organizao estratgia; transformar a estratgia em tarefa de todos; converter a estratgia
em processo contnuo; e mobilizar a mudana por meio da liderana executiva.
O BSC estruturado a partir de um balanceamento entre diferentes pontos de vista
da observao da implementao da estratgia. Esta abordagem usa o princpio de analisar
os problemas com uma viso multidimensional, a partir de diferentes ngulos ou
perspectivas. As perspectivas do BSC so divididas em perspectiva financeira, perspectiva
do cliente, perspectiva dos processos internos e a perspectiva de aprendizado e crescimento.
Cada uma destas perspectivas busca um referencial relevante para uma forma de
implementar o desenvolvimento da estratgia na organizao em questo. Este caminho
escolhido para implementar o BSC amparado pela viso sistmica, a qual indica que tudo
est interligado em uma teia de relaes, conectando a empresa ao meio-ambiente no qual
est inserida. O BSC pode ser aplicado em diferentes contextos ou unidades de uma
organizao, entretanto, no foi desenvolvido como uma proposta restritiva para o
desempenho de uma cadeia de suprimento.
14
Um modelo e anlise do efeito do compartilhamento de informaes e previses nos
parmetros de desenvolvimento em uma cadeia de suprimento, tal qual apresentado na
Figura 4, foi desenvolvido por Byrne e Heavey (2006).
Estoque Processamento do estoque Estoque ProcessamentoEstoquePronto
1
2
3
1
2
n
n
1
2
n
Distribuidores
Armazm Conjunto de operaes
Figura 4: Estrutura da cadeia de suprimento Fonte: Byrne e Heavey (2006)
A competitividade crescente em todos os ramos de atividades, o que tem
provocado buscas constantes por inovao tecnolgica, no esforo para criao de novos
nichos de mercado. Esta preocupao se destaca em um plo industrial em razo da natural
evoluo da dinmica da produo e de necessidades de transporte, ao longo do tempo, em
funo de mudanas provocadas pela inovao tecnolgica, modificando, por vezes,
requisitos do transporte, modal ou outros elementos inerentes ao processo logstico. Por
exemplo, onde se transportavam televisores com cinescpio, com a inovao tecnolgica
tais televisores passaram a ser fabricados com telas de cristal lquido (LCD) ou plasma, o
que fez a carga passar a ter um novo perfil. Outra forma destacada por Terzi e Cavalieri
(2004) se d atravs da busca de novas formas de parcerias e de diferentes maneiras que
15
permitam uma reduo de custos no fluxo dos processos de aquisio, atravs da lgica da
gerncia da cadeia de suprimentos. Ademais, indicam a existncia de uma competitividade
crescente em todos os setores da indstria, provocando um aumento constante dos
processos organizacionais e das transaes requisitadas pelos consumidores.
O aprendizado das estruturas de suprimento, ou o que vem antes na cadeia de
suprimento o que apresenta Thomas (2001), indicando que a que esto as maiores
oportunidades de ganho. A viso foi compartilhada anteriormente tambm por Towill
(1997), adicionando ainda a existncia de uma ao predadora na busca de competitividade
no fluxo logstico, tal qual preconiza a idia de competitividade crescente. O domnio e a
compreenso das relaes na estrutura vertical da cadeia, entre fornecedores e clientes,
conduz a um maior domnio na estrutura de custos do sistema.
A reduo de custos na cadeia logstica a partir de um bom projeto global o que
aponta o trabalho de Goetschalckx et al. (2002), que indica diferentes arranjos entre os
possveis fornecedores de produtos, usando centros de distribuio. Neste caso a anlise da
melhor alternativa realizada atravs de uma heurstica de otimizao destas variveis,
permitindo uma busca de um modelo timo de variveis, o que se torna invivel em um
complexo e amplo modelo de plo industrial.
A questo da relao entre os consumidores dentro de uma cadeia de suprimento
analisada por Hsu (2005), onde existe a indicao que a interao entre compradores e
fornecedores que vai determinar o quo competitiva a cadeia. Entretanto, foi verificado
que existem diferentes influncias, tanto de fatores internos, quanto externos na
composio da estrutura de competitividade da cadeia de suprimentos. Isso refora o
indicativo que a complexidade de uma cadeia de suprimentos muito grande, possuindo
muitas variveis e dificultando sobremaneira uma seleo das melhores variveis para
16
mensurar o desempenho da mesma, uma vez que as relaes podem no aparentar clareza,
dada a complexidade de modelos to amplos.
Beamon (1999) aponta que existe uma cadeia virtual de suprimento, integrada pelos
fornecedores, fabricantes, distribuidores e revendas, que trabalham juntos para o
atendimento da necessidade do consumidor. Tal viso indica que a atuao efetiva na
cadeia como um todo poder contribuir para uma maior competitividade da organizao e
da cadeia. Entretanto, intervir em modelos assim provoca uma resistncia dos seus
elementos, que normalmente no querem abrir mo de suas margens de lucro. Por exemplo,
em modelos de negcio como o da indstria de msica, a estrutura da cadeia de distribuio
msico gravadora fbrica de discos distribuidor varejo consumidor vem sendo
atacada de maneira intensa pelo modelo de msicas em MP3, que em uma configurao
formal pode at mesmo passar a ser msico consumidor, eliminando os intermedirios da
cadeia. Com isso se configura de outra forma toda a estrutura da cadeia de suprimentos e
estabelecido um novo modelo de negcios. Por isso tantos debates e embates tm
acontecido neste setor ao longo dos ltimos anos.
Assim, para uma anlise dos fluxos, a competitividade de cada segmento de negcio
poder provocar diferentes resultados. Uma indstria inovadora com produtos pequenos e
de alto valor agregado, tais como telefones celulares, tero critrios de anlise distintos de
uma empresa que fabrique e distribua caixas de papelo, que tenham que chegar ao cliente
dentro do processo produtivo, por exemplo. Bens finais podero ter critrios de anlise
distintos de bens intermedirios. Neiro e Pinto (2004), por exemplo, analisam este aspecto
da cadeia do petrleo e l destacam que as empresas necessitam possuir uma viso
ampliada da sua cadeia de suprimento, pois a complexidade da indstria petrolfera e as
relaes dela com outras cadeias apontam para um conjunto muito grande de inter-relaes
17
de fornecedores e clientes em diferentes setores da economia. Uma viso semelhante a este
modelo pode ser verificada na Figura 5, uma vez que as atividades da cadeia de suprimento
variam conforme a atividade econmica e o tipo de matria-prima.
Figura 5: Atividades de uma cadeia de suprimento
Fonte: New e Payne (1995) Uma pesquisa feita para o presente trabalho, com respeito ao desempenho do
transporte, da logstica ou de uma cadeia de suprimento identificou atravs de mquinas de
busca da Internet mais de 570 artigos oriundos de publicaes indexadas ao redor do
mundo que possuem vinculao com o tema. Estas pesquisas foram exportadas para
software de gerncia de citaes e a partir da leitura dos resumos dos artigos, foi feita uma
lista resumida dos artigos que possuam vinculao direta com o estudo. Posteriormente,
com uma leitura detida de cada artigo, foi feita uma nova seleo e se buscou uma
similaridade entre os textos.
Este universo de abordagens distintas para tratar o mesmo assunto aponta para uma
quantidade muito significativa de trabalhos realizados com relao ao assunto, bem como
uma diversidade muito grande de abordagens possveis para a questo, o que natural, em
funo da complexidade j mencionada. Uma reviso mais minuciosa desta bibliografia
apontou para pouco mais de 60 artigos que possuem maior conexo com a abordagem deste
texto. Dentre estes artigos, os mais relevantes compem a presente reviso bibliogrfica. O
18
critrio de seleo foi a maior conexo com o estudo realizado e com os objetivos deste
texto e a classificao temporal foi percebida a partir da vinculao dos temas ao longo do
tempo, aps a realizao da compilao, j que no existia inicialmente tal inteno.
Desta forma, a seqncia desta reviso bibliogrfica est construda
predominantemente a partir destes textos, publicados entre 1997 e 2008. Com este
arcabouo bsico de conceitos para o presente estudo, a reviso bibliogrfica ser dividida a
seguir a partir de uma viso cronolgica, demonstrando a evoluo do pensamento
cientfico neste campo. As sees 2.1 a 2.4 fazem esta reviso temporal. Em seguida as
sees posteriores fazem um recorte distinto, destacando algumas teorias relevantes ao
entorno do tema ora estudado.
2.1. Qual a cadeia de suprimentos certa para o produto? (1997)
Em 1997 a preocupao dos trabalhos cientficos selecionados apontava para a
identificao da melhor configurao da cadeia de suprimento para o produto. Fisher (1997)
indica esta pergunta de maneira direta. Na viso do autor o tipo de produto deve ser
aderente ao tipo de cadeia de suprimento estruturado: primariamente inovadora ou
primariamente funcional.
Com o continuar de fluxos logsticos Inman e Gonsalvez (1997) verificaram que a
instabilidade de fluxos logsticos pode provocar impactos negativos no desempenho da
cadeia de suprimento. O estudo verificou que a estabilidade da agenda uma cadeia de
suprimentos de um grande fabricante em uma indstria automotiva integrada importante
para a busca de reduo de custos, pois existe um perpassar de custos ao longo das etapas
de uma cadeia de suprimentos automotiva.
19
Assim, uma cadeia de suprimentos estvel e planejada, configurada da maneira
adequada para cada perfil distinto de clientes tem a possibilidade de obter resultados
melhores em um sistema logstico. Webster, Alder et al. (1997) verificaram que a
subcontratao de partes do processo produtivo, em especial na indstria eletroeletrnica de
partes e peas comum. No modelo estudado os autores selecionam duas empresas para
compor um modelo genrico, a partir da contrastao entre as abordagens das empresas,
que esto vinculados s competncias e expertise.
De certa forma contrapondo a viso de cadeia de suprimento estvel e planejada
Staber (1997) fez um levantamento de dados entre 1946 e 1993, em um distrito industrial
alemo, verificando que empresas especializadas possuem uma vantagem de sobrevivncia
em relao a empresas mais integradas. Com isso, por uma lado mais interessante para a
empresa estar em uma cadeia de suprimentos mais controlada e integrada, para um
desempenho superior, por outro, para a sua sobrevivncia mais interessante que a empresa
seja mais especializada. Difcil escolha.
2.2. O controle interno do sistema (de 1998 a 2000)
Beamon (1999) indica que o mtodo de escolha do processo adequado para medir o
desempenho da cadeia de suprimento difcil e complexo. O texto ora referenciado
apresenta um fluxo para a seleo de sistemas de medio para a cadeia de suprimento. O
autor prope que diferentes negcios devem possuir modelos especficos para avaliar seu
desempenho. Esta viso reforou a percepo j existente que a compreenso de uma
cadeia de suprimento depender da estratgia de cada negcio. Assim, os modelos de
cadeia de suprimento se utilizam de duas abordagens distintas: (1) custo e (2) uma
combinao de custos e a capacidade de ser responsivo s necessidades. Entretanto, o autor
20
prope que o desempenho seja medido por trs variveis especficas: (1) nvel de uso
eficiente dos recursos; (2) nvel de servio para o consumidor; e (3) habilidade para
responder s mudanas do ambiente.
Ying e De Souza (1998) tambm observaram a partir de ferramentas de simulao,
algoritmos de redes neurais e aes nas restries do processo produtivo, atravs da atuao
nos gargalos e outros mecanismos, internos ao processo podem oportunizar a estabilidade
do mesmo. A abordagem, desta forma, est voltada para o processo de fabricao do
produto, onde tambm existem oportunidades de ganhos. O olhar da pesquisa estava,
portanto, para dentro do sistema.
Smichi-Levi et al. (2000) propuseram que o desempenho de uma cadeia de
suprimento afeta a habilidade de oferecer valor ao cliente. O modelo de referncia para o
processo est vinculado com mtricas especficas para cada empresa, estabelecendo-se o
objetivo de melhoria daquela cadeia onde a empresa esteja inserida, conforme demonstrado
no Quadro 2.
Quadro 2: Modelo de Referncia da Cadeia de Suprimento Nvel 1 Mtricas Fonte: Smichi-Levi et al. (2000)
Perspectiva Mtricas Medida Consistncia da Cadeia de Suprimentos
Entrega no tempo certo Percentual Tempo para faturamento Dias Taxa de acerto Percentual Acuracidade da ordem Percentual
Flexibilidade e grau de resposta
Tempo de resposta da cadeia de suprimento
Dias
Flexibilidade da produo Dias Despesas Custo de gerncia da cadeia de
suprimento Percentual
Custo de garantia como percentual da venda
Percentual
Valor adicionado por empregado Dlares Ativos / utilizao Inventrio total por dia de suprimento Dias
Tempo de ciclo de caixa Dias Giro de estoques Vezes de giro
21
Esta abordagem apresenta uma soluo de entendimento que montada dentro da
perspectiva sistmica, onde alguns processos podem ter uma modelagem similar em
diferentes sistemas. No texto do autor no existem referncias com respeito a sua aplicao
em sistemas maiores e interdependentes, mas embasa a percepo de uma organizao
estendida, como se posiciona a tendncia posterior. Este modelo citado ser retomado sob
outra tica na seo 2.7.
2.3. A organizao estendida (2001 e 2002)
A percepo que a gesto da eficincia de um negcio no restrita aos domnios
do negcio, configurando uma questo sistmica, sobre como a organizao se posiciona
frente ao ambiente onde est inserida e sua rede de relaes uma viso importante deste
perodo 2001-2002. As publicaes cientficas destacaram isso como um fator relevante
para a percepo da estrutura da cadeia de suprimento e o conseqente aumento de
produtividade. Os autores Li e OBrien (2001) identificaram atravs de uma anlise
quantitativa a variao do desempenho e trs estratgias tpicas da cadeia de suprimento:
fabricar para pedidos, fabricar de estoques e fabricar para estoques. Isso foi conjugado com
diferentes caractersticas de produtos: adio de valor e incerteza de demanda. Os
resultados analticos atravs de modelos matemticos de otimizao e anlise de
sensibilidade identificaram algumas relaes quantitativas entre o desempenho da cadeia de
suprimento e os atributos dos produtos, os quais podem ajudar no processo de gerncia da
cadeia de suprimentos.
Ahmad e Schroeder (2001) fizeram uma anlise da evoluo das ferramentas de
Intercmbio Eletrnico de Dados (Eletronic Data Interchange, EDI) relatando que a
22
literatura sobre ela era ainda inconclusiva. O trabalho investigou dois tipos de fatores: no
gerenciais (diversidade de produtos, personalizao de produtos, instabilidade de produtos e
tamanho organizacional) e gerenciais (just-in-time e gerncia da qualidade). Os autores
verificaram que a extenso do uso de EDI no proporciona impacto direto no resultado, a
menos que se faa um controle efetivo dos fatores mencionados: fatores gerenciais e no
gerenciais.
Com uma viso longitudinal Dresner, Yao et al. (2001) verificaram a indstria
alimentcia e o uso da Internet ao longo da cadeia de suprimento para atividades de EDI. As
pesquisas indicaram que no existiam diferenas significativas entre os elementos da cadeia
(fabricantes, distribuidores, varejistas). Foi verificado, entretanto, que o tamanho da
empresa proporcionava diferentes nveis de uso e controle da cadeia de suprimento atravs
da Internet. Apesar de existir uma natural diferena no tamanho das companhias fabricantes
das distribuidoras ou revendas, verificou-se que os fabricantes fazem mais uso da Internet,
pelo menos na perspectiva da amostra coletada pelos autores. A extenso da cadeia de
suprimento percebida como relevante e a Internet um importante elo de relao entre as
partes do sistema da cadeia de suprimento.
O modelo da indstria caladista, de moda e confeco vem sendo debatido, uma
vez que so setores econmicos intensos em mo-de-obra, possuindo por isso importncia
para os nveis de emprego em um pas. A indstria nestes setores tem sido protegida atravs
de mecanismos para minimizar o desequilbrio decorrente dos nveis salariais desiguais
entre os pases. Por exemplo, internacionalmente a indstria txtil foi cercada por quotas de
importao na tentativa de balancear os fluxos de mercadorias entre os pases. Entretanto,
este tipo de abordagem de soluo vem sendo evitado ou no mais usado, em funo de
uma tentativa de abertura ampla dos mercados ao redor do mundo, proporcionada pela
23
globalizao crescente e pela queda dos marcos regulatrios restritivos, como o fim das
quotas txteis realizado h poucos anos.
Empresas como a rede de lojas espanhola Zara, tm sido reconhecidas pela sua
agilidade em movimentar e girar o estoque nos pontos de venda (loja de varejo),
controlando tambm o processo de transporte e produo de maneira decisiva,
posicionando-se como uma empresa integrada. A Austrlia, atravs de uma iniciativa
governamental para a indstria txtil, caladista e de vestimentas tem buscado aumentar a
sua competitividade internacional. Um estudo de Perry e Sohal (2001) dividiu a cadeia de
suprimento em seis atividades principais: acessando o comprometimento e prontido da
empresa; formulao de cadeias de suprimentos com clusters; encontros em mesas-
redondas; workshops e seminrios; implementao de tecnologias e tcnicas de respostas
rpidas; e auditoria de avaliao de melhorias.
Seguindo a tica da viso sistmica e estendida, Romano e Vinelli (2001)
verificaram que o desempenho de uma cadeia de suprimentos no est associado to
somente aos processos logsticos em si, mas tambm vinculado com as extenses de
outros processos, como, por exemplo, a gerncia da qualidade. O estudo verificou que uma
ao integrada e ampla com gerenciamento mais moderno dos processos atravs de
abordagens como a gesto da qualidade, atravs de prticas que ultrapassem solues
tradicionais cliente-fornecedor, atravs de aes e procedimentos voltados para a gesto da
qualidade pode oportunizar ganhos de desempenho.
Com resultado semelhante David et al. (2002) verificaram 194 empresas, de 20
setores industriais distintos, entre 1989 e 1994. A pesquisa realizada a partir de dados do
Centro para Estudos Avanados sobre Compras (Center for Advanced Purchasing Studies,
CAPS) e vincula com dados financeiros do COMPUSTAT (Standard & Poors). Como
24
parte das concluses sugere que o processo de aquisio, elemento em uma anlise mais
ampla da cadeia de suprimento, deve estar integrado ao processo de estratgia competitiva
da organizao, para que ela consiga estabelecer melhores resultados frente ao seu mercado.
Esta concluso suscita para este estudo uma valiosa questo que a forma como a poltica
de aquisio deve ser considerada em estudos de competitividade.
Shah e Ward (2002) fizeram um estudo exploratrio da cadeia de suprimento e a sua
relao com sistemas de informao entre organizaes. O estudo conclui que a troca de
informaes atravs de sistemas entre empresas muito importante para alinhar os esforos
estratgicos para a gerncia da cadeia de suprimento. As concluses sugerem que sistemas
de informaes de organizaes interconectados contribuem para um melhor desempenho
da gerncia da cadeia de suprimento. A logstica entre as empresas pode ser sensivelmente
beneficiada a partir das trocas de dados e informaes entre as mesmas, tal qual como se a
organizao estendida, para aquele aspecto, fosse considerada como uma nica organizao.
Tan et al. (2002) constatam que muitas empresas nos Estados Unidos adotaram a
poltica de integrar a rea de aquisio com a rea de logstica. Ademais, verificam que,
com o incio do sculo XXI, a gesto da cadeia de suprimentos est ficando cada vez mais
estratgica e as empresas esto se esforando mais e mais para melhorar a qualidade, o
servio ao seu consumidor e seu posicionamento competitivo. Tambm existe a constatao
da organizao estendida, a partir da viso da aquisio integrada com a logstica e a cadeia
de suprimentos. O texto estuda as prticas de gerenciamento da cadeia de suprimento, as
prticas de avaliao de fornecedor e as prticas de medio de desempenho.
Para a medio de desempenho, Tan et al. (2002) preconizam seis variveis: fatia de
mercado, retorno sobre o ativo, preo mdio de venda, qualidade total do produto, posio
competitiva total e nvel total de servio ao consumidor. Entretanto, para a avaliao das
25
prticas do fornecedor, so considerados mais aspectos: (a) nvel de qualidade; (b) nvel de
servio; (c) quantidade correta; (d) entrega no prazo; (e) preo/custo do produto; (f) uso de
EDI; (g) disposio para compartilhar informaes sensveis; (h) presena de certificao
ou outra documentao; (i) flexibilidade para responder a demandas inesperadas; (j)
habilidades/sistemas de comunicao (telefone, fax, e-mail, Internet); (k) responde em
tempo rpido em caso de emergncia, problema ou requisito especial; (l) disposio para
mudar o produto ou servio para atingir novas necessidades; e (m) disposio para
participar na anlise e desenvolvimento de novos produtos.
Zirpoli e Caputo (2002) ao analisarem a indstria automobilstica italiana
verificaram que a vinculao entre o fornecedor e o cliente mudou significativamente,
fazendo-os ficar mais ntimos, com uma estrutura de tomadas de deciso aproximadas.
Assim, a cadeia de suprimento torna-se mais integrada, suscitando mais pesquisas sobre o
tema. Essa preocupao relatada tambm vinculada com a percepo da empresa
estendida para alm de seus domnios, integrando-se cada dia mais com os fornecedores
com o propsito de aumentar a competitividade, pois uma rede de empresas tende a ser
mais poderosa e gerar mais resultado que uma empresa isolada. Esta viso permanece at o
presente, em funo da percepo sistmica. Contudo, a partir de 2003 a predominncia dos
temas publicados mudou para um vis mais tecnolgico e da busca de melhor desempenho.
2.4. Novas tecnologias e desempenho (de 2003 em diante)
A partir de 2003 os artigos cientficos vinculados com o presente estudo comearam
a tratar dos impactos das novas tecnologias, como o comrcio eletrnico ou a inovao
tecnolgica, bem como passa a existir uma preocupao ainda maior com o desempenho
das cadeias de suprimentos. A competitividade fica ainda maior. Os pases ocidentais
26
passam a ser pressionados ainda mais pelos pases asiticos, em especial a China,
fornecendo produtos para o mundo todo com um posicionamento de preos menor que o
praticado por empresas locais, quer seja na Europa ou nas Amricas. As barreiras
comerciais seguem reduzindo e a China, admitida na Organizao Mundial do Comrcio
(OMC), o que facilita ainda mais o seu acesso aos mercados globais.
Cagliano, Caniato et al. (2003) analisam como a estratgia de negcios eletrnicos
(e-business) est seno usada para integrar ainda mais as cadeias de suprimentos,
posicionando as empresas, j percebidas como redes de empresas, de uma maneira mais
integrada atravs da Internet e das novas tecnologias da informao e comunicao. A
pesquisa foi realizada em empresas europias (Dinamarca, Alemanha, Hungria, Irlanda,
Itlia, Noruega, Espanha e Reino Unido). O estudo verificou que as estratgias para uso da
Internet so distintas entre as empresas pesquisadas, identificando que a Internet utilizada
de maneira muito intensa nas atividades da cadeia de suprimento do universo pesquisado.
Outra concluso do artigo que o uso extensivo da Internet ao longo da cadeia de
suprimento esperado em um futuro breve. Ademais, tambm se percebe este uso para
uma aproximao maior dos relacionamentos de colaborao, enquanto sua adoo limitada
freqentemente vinculada ao compartilhamento de informaes.
Voltando para o tema da avaliao de desempenho e da sua mensurao ao longo da
cadeia de suprimento, Chan (2003) indica que os mtodos tradicionais de avaliao de
desempenho estavam associados ao custo e qualidade. Com isso, aponta cinco outras
vises para a avaliao do desempenho: flexibilidade, visibilidade, confiana e capacidade
de inovar. O artigo demonstra a aplicao da tcnica a partir de dados da indstria
eletrnica. Uma abordagem para avaliao de desempenho mais ampla, como o caso da
viso do autor, preconiza uma anlise atravs de dados qualitativos e quantitativos. O
27
problema que surge a forma de serem utilizados valores quantitativos, porque eles podem
possuir diferentes interpretaes, conforme o avaliador e os critrios empregados.
Dois anos depois, Chan e Chan (2005) escreveram:
(...) Cadeia de Suprimento uma rede integrada e o problema da cadeia de
suprimento deveria ser considerado como um todo, ao invs de ser um problema
localizado de tomada de deciso. A maior parte dos relatrios de pesquisa estava
trabalhando em problemas localizados ao invs da integrao de problemas. Em
outras palavras, somente um pequeno conjunto de pesquisadores esto orientados a
resolver problemas do sistema. (...)
A considerao do arranjo da cadeia de suprimentos como um todo uma
perspectiva importante a ser considerada. A cincia ao longo dos anos tem se desdobrado,
com a viso cartesiana, em compreender as partes para posteriormente construir a
compreenso do todo, atravs da viso analtica. Entretanto, as relaes constroem o mundo
como o conhecemos, configurando cadeias de suprimento atravs dos diversos elementos
que a compem. Neste contexto, de uma abordagem na linha da extenso de negcio, Davis
e Spekman (2004) acreditam que a extenso da empresa o prximo passo da
transformao das organizaes. Isso est representado na Figura 6. A consolidao de
relacionamentos e de fornecedores uma tendncia necessria para a manuteno e o
crescimento da competitividade das organizaes em momentos prximos e futuros.
28
Figura 6: Implementao da empresa estendida: documentao da jornada Fonte: Adaptao a partir de Davis e Spekman (2004)
Assim, a pesquisa conduziu a percepo do todo: a organizao estendida. Ademais,
este todo deve identificar as novas tecnologias, como a Internet e seus aplicativos, como
elementos que podem contribuir para a melhoria do desempenho, visando simultaneamente
reduo de custos e aumento da diferenciao. Avaliar o desempenho, portanto, da cadeia
de suprimento para um grupo de empresas deve trazer como premissa este tipo de
abordagem ampliada da percepo da estratgia competitiva.
Folan e Browne (2005) desenvolveram um sistema de mensurao do desempenho
especificamente projetado para o requisito da empresa estendida, atravs de dois fluxos
distintos: seleo e implementao de medidas. O modelo prev um BSC com quatro
perspectivas implementadas, oferecendo uma estrutura genrica para a medio do
desempenho de uma forma holstica. Assim, oferece uma estrutura de sistema de medio
do desempenho para a empresa estendida (Extended Enterprise Performance Management,
EEPM).
Otimizao de Empresa Grande (Enterprise Wide Optimization, EWO) um
modelo concebido por Grossman (2005), que envolve otimizao de operaes de
suprimento, fabricao e distribuio de atividades em uma companhia para reduzir custos
Comprastradicionais
Gerncia demateriais
Fornecimentoestratgico
Gerncia da cadeiade suprimento
Empresaestendida
29
e estoques. Realiza-se isso com tcnicas de Tecnologia da Informao (TI), conectadas com
a Internet. Os modelos de otimizao so lineares e no-lineares, atravs de ferramentas de
software com caractersticas analticas. A complexidade deste modelo faz com que ele
tenha o seu uso restrito. Contudo, ressalta-se aqui a forma de conectar a percepo do
gerenciamento da cadeia de suprimentos, com uso de recursos tecnolgicos computacionais,
bem como a Internet.
A diversidade de publicaes e abordagens para o tema desempenho da cadeia de
suprimento sugere que a cincia est longe de encontrar uma abordagem que vislumbre
algum tipo de unanimidade sobre o tema. As empresas seguem buscando competitividade
em um mercado global, mas a forma de enxergar a estrutura de desenvolvimento de custos
e desempenho pode implicar em diferentes processos de tomada de deciso, dificultando a
seleo, por exemplo, da melhor localidade para se realizar uma determinada produo, em
funo da diferenciao dos custos ou do desempenho de uma determinada a cadeia de
suprimento.
O compartilhamento de informaes para o melhor desempenho uma prtica entre
companhias multinacionais. Voltando-se no tempo, em uma viso clssica, para Isard (1956)
a empresa faz a seleo da localidade para operar considerando reas de mercado, regras de
uso do solo, comrcio e estrutura urbana. A busca do equilbrio entre estas variveis ajudam
as organizaes a posicionarem suas operaes. Entretanto, depois de instalada uma planta
industrial em uma determinada localidade a avaliao de seu desempenho de maneira
ampla estar conectada determinantemente ao local, ao ambiente de entorno do
empreendimento e sua teia de relaes.
Em um contexto contemporneo existem tambm preocupaes vinculadas aos
impactos associados com o meio ambiente nas plantas fabris. Brent e Visser (2005)
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estudaram o Gerenciamento do Ciclo de Vida (Life Cicle Management, LCM). No contexto
de um pas em desenvolvimento o trabalho estabelece um indicador de impacto de
desempenho de recurso ambiental (Environmental Performance Resource Impact Indicator,
EPRII). Os autores da Universidade da frica do Sul estabeleceram um procedimento de
clculo primeiro para o indicador de impacto de recurso (Resource Impact Indicator, RII) e
depois estabelecida uma relao entre os indicadores, chegando-se a uma verificao
sobre os impactos na gua, ar, solo e recursos abiticos. O modelo especfico para aquela
regio estudada.
Campos (2004) apresenta uma tese com metodologia para avaliao do desempenho
logstico. Para a realizao de uma avaliao de desempenho o autor fez uma compilao
de 26 fontes distintas para construir uma base de dados com respeito temtica da
avaliao de desempenho, categorizando os indicadores em quatorze tipos: qualidade;
produtividade; utilizao de recursos; tempo; custo; servio ao cliente; capacidade de
inovao; gesto de ativos; sadas; lucratividade; flexibilidade; eficcia; eficincia; e
qualidade de vida no trabalho.
A tese prope um mtodo para a elaborao de sistema integrado de avaliao de
desempenho logstico. O autor indica que a avaliao de desempenho com foco na logstica
no algo devidamente utilizado pelas empresas, a partir de pesquisas realizadas desde
os anos 1990 nas Universidades Federais do Amazonas e de Santa Catarina. Pela ausncia
de modelos de medio do desempenho talvez possa ser inferido que a competitividade do
contexto estudado ainda no est demandando uma anlise mais aprofundada com respeito
ao processo de transporte, oportunizando uma anlise maior sobre o processo de avaliao
do desempenho da logstica de cargas em um Plo Industrial.
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Kleijnen e Smits (2003) apresentam uma anlise crtica de diferentes mecanismos
de mtricas para a cadeia de suprimento, a partir de uma empresa especfica. Da anlise
realiza uma associao com a teoria econmica e prope que o BSC lide com a
multiplicidade de mtricas, de acordo com a viso estratgica da empresa. Conclui pela
proposio de quatro pontos principais para os pesquisadores da gerncia da cadeia de
suprimento: (a) selecionar uma cadeia de suprimento especfica (feito contra pedido, feito
para estoque etc.); (b) determinar a lista de mtricas de desempenho recomendadas e
mtricas derivadas, vinculando os diferentes interessados (stakeholders) e a avaliao
destes; (c) projetar um sistema de simulao que demonstre como atingir as expectativas de
resultado para as mtricas usuais; e (d) executar anlise de sensitividade, otimizao e
robustez do modelo configurado para a cadeia de suprimento. Com este conjunto indica
ainda para a busca de uma metodologia para a avaliao de desempenho de uma maneira
ampla.
Rafele (2004) indica que no passado a abordagem para melhoria do desempenho era
devotada para um nico elemento de toda uma cadeia de suprimentos, tendo evoludo para
uma percepo sistmica. A associao proposta pelo autor vincular o desempenho com o
nvel de servio percebido pelo cliente, uma vez que, ao fim de tudo, quem efetivamente
avalia o resultado o cliente atravs de sua percepo da realidade. A Figura 7 apresenta a
conexo destas percepes.
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Figura 7: Servio percebido e servio desejado Fonte: Rafele (2004)
Assim, Rafele (2004) concluiu que o processo de avaliao de desempenho estar
vinculado de maneira determinante ao Servio Percebido. Assim, o servio que o cliente
verificar o que indica o resultado da cadeia de suprimentos e atendimento s metas. O
nvel de servio seria, portanto, mensurvel, mas no completamente, em funo da
influncia de variveis externas ao processo da cadeia de suprimento, tais como marketing,
atendimento ps venda e outros.
Ainda sob a premissa sistmica, a ampliao da percepo da cadeia de suprimento
como um manancial de oportunidades para melhorar a competitividade em um plo
industrial foi tambm extrapolada por trabalhos como de Turkay, Oruc et al. (2004), onde
os autores apresentam um modelo que associa a cadeia de suprimento com a integrao de
diferentes processos em zonas industriais, tais como utilitrios fabris (aquecedores, tanques
de combustvel etc.). Com isso o estudo demonstra uma abordagem de integrao da cadeia
de suprimentos no que diz respeito sinergia das empresas do plo industrial, com o
propsito de melhorar o resultado financeiro e reduzir impactos ambientais do conjunto de
empresas. O trabalho apresenta uma abordagem sistemtica para tal.
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De acordo com Gunasekaran e Kobu (2007) indicadores de desempenho e mtricas
so essenciais para operaes logsticas, particularmente em uma economia global e
competitiva. Segundo os autores o desafio real para gerentes neste novo ambiente
empresarial desenvolver medies e mtricas adaptadas ao processo de tomada de deciso
para uma maior competitividade. Os autores indicam que esta problemtica no est
completamente resolvida, bem como apontam para uma necessidade de pesquisa maior no
que diz respeito competitividade das empresas, pois o texto uma reviso bibliogrfica
das prticas de avaliao de desempenho.
Yeung (2008) fez uma anlise da importncia de fornecedores estratgicos na
estrutura da Cadeia de Suprimentos. A pesquisa se deu em 225 empresas do setor
eletroeletrnico. O estudo verificou que a anlise estratgica de desempenho alm dos
indicadores da ISO 9000 so realizados com o propsito de serem reduzidos os custos
operacionais.
Aps este apanhado temporal, o presente Captulo segue com as sees: 2.5 Cadeia
de suprimento, apresentando a perspectiva da cadeia de suprimentos para a melhor tomada
de deciso; 2.6 Desempenho de cadeias de suprimento; 2.7 O modelo SCOR, destacando
alguns pontos relevantes deste modelo; e 2.8 Localizao industrial e competitividade,
demonstrando como a localizao de empresas e a busca por uma melhor competitividade
so importantes para uma boa gesto. O propsito elucidar alguns aspectos
complementares do entorno do tema em estudo nesta tese.
2.5 Cadeia de suprimento
A anlise de cadeias de suprimento (supply chain) tem sido adotada para uma
melhor compreenso sistmica de processos logsticos. Ballou (2006) define-a como um
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conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques etc.) que se repetem
inmeras vezes ao longo do canal pelo qual matrias-primas vo sendo convertidas em
produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor. Esta viso ampla pode ser
localizada para qualquer ambiente onde exista movimentao de bens para a produo
industrial.
Autores como Bowersox, Closs e Cooper (2006) indicam que a cadeia de
suprimentos mistura o entendimento dela com as idias de cadeia de valor e cadeia de
demanda, apontando que para cada empresa envolvida, o relacionamento da cadeia de
suprimento reflete uma escolha estratgica. Complementam que o trabalho da logstica a
execuo de movimentao do inventrio na cadeia de suprimentos, identificando logstica
como um subsistema da cadeia de suprimentos. O entendimento que este trabalho possui
concorda com a idia da sobreposio da cadeia de suprimento como parte da cadeia de
valor, entretanto, a cadeia de valor diz respeito a mais variveis do que a cadeia de
suprimento costuma gerenciar.
Fisher (1997) avalia que produtos indicam a melhor caracterstica operacional da
Cadeia de Suprimento, conforme o modelo de demanda de cada produto, colocando-a
tambm com um sentido estratgico. Assim, a cadeia de suprimento, a partir de uma
percepo industrial singular ser uma construo voltada para a criao de resultados
positivos para a empresa.
A administrao integrada das cadeias de suprimento tem se tornado possvel a
partir da conexo dos diferentes sistemas de informao que contemplam o processo
logstico, conforme demonstrado nas Figura 1, Figura 4 e Figura 5. Integrar todo aquele
processo de movimentao de materiais possvel hoje de uma forma muito diferente do
passado. A utilizao de sistemas integrados de gesto, conectados atravs da Internet
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oportunizam um controle mais amplo das operaes logsticas, permitindo uma anlise em
tempo real de todas as operaes singulares realizadas.
O controle possibilita uma administrao muito prxima do comportamento do
desempenho das operaes logsticas. Contudo, em operaes industriais os controles esto
mais voltados para a eficincia de processos produtivos. Conforme a maior ou menor
competitividade de cada empresa e negcio a ateno gerencial direcionado para um
aspecto ou outro.
Cohen e Roussel (2005) apontam cinco componentes para a gesto da cadeia de
suprimentos apresente posicionamento estratgico para as organizaes: estratgia de
operaes, de fornecedores, de canal, de servio ao consumidor e rede de ativos. As
estratgias so configuradas conforme a organizao.
A estratgia de operaes est apresentada no Quadro 3.
Quadro 3: Estratgia de operaes em uma cadeia de suprimento Fonte: adaptado a partir de informaes em Cohen e Roussel (2005) Estratgia Aplicao Fazer para estoque (make to stock) Produtos padronizados com alto volume Fazer para pedido (make to order) Produtos personalizados ou produtos com
demanda no freqente Configurado para pedido (configure to order) Abordagem hbrida quando um produto
parcialmente alterado antes da entrega Projeto para pedido (engineer to order) usado em indstrias onde produtos e
servios complexos so criados para requisitos nicos de clientes
A estratgia de canal define como a empresa vai se dirigir ao mercado. Cadeias de
Suprimento estruturadas e geis constroem negcios competitivos com mais giros de
estoque. Canais que colocam produtos no mercado so desafios a serem superados por
qualquer organizao empresarial. Cada empresa faz uma configurao que pode ser feita
atravs de meios como Internet, rede de distribuidores, revendas, representantes comerciais,
36
grandes lojas etc. Por exemplo, indstrias que atuam com a fabricao de produtos para
outras empresas como sub-componentes no caso de fabricantes de partes de motocicletas
para empresas como a Moto Honda vo ter a cadeia de distribuio ajustada aos requisitos
de just-in-time necessrios a este perfil de cliente, enquanto a Moto Honda vai ter a sua
rede de concessionrias como uma sada de sua produo. As concessionrias, por sua vez,
tero os consumidores pessoas fsicas ou jurdicas como seus canais. Assim, cada empresa
sempre em sua percepo sistmica da realidade vai ajustar suas entradas e sadas para a
maneira mais competitiva configurvel por seu grupo de gesto.
Os requisitos de cada elo da cadeia de suprimento sero particulares. Cada modelo
de negcios ir demandar um perfil de desempenho especfico. Quando se fala de partes de
peas chegando ao longo do processo produtivo em uma linha de produo de motocicletas,
minutos podem fazer grande diferena, enquanto a entrega de motocicletas em uma
concessionria, um dia pode representar esta diferena, mas ser pouco provvel que
minutos sejam to importantes e relevantes como so na etapa anterior da cadeia. Os
requisitos de indstrias, em funo do tempo e dos volumes envolvidos geralmente so
muito mais restritivos que etapas posteriores da cadeia de suprimentos.
A estratgia de fornecedores profundamente dependente do escopo e da escala. O
custo industrial pode ser impactado de maneira significativa e o uso de fornecedores de
sub-conjuntos vem sendo feito entre empresas com o propsito de ser realizada uma
reduo dos custos, especialmente em razo de uma especializao cada vez maior ser
necessria na elaborao de qualquer parte de produto, em funo da dinmica da mudana
tecnolgica.
A estratgia de servio ao cliente ser configurada conforme a regra necessria ao
negcio. A idia desta estratgia baseada no volume e na rentabilidade da transao de
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cada cliente. Mercados mais sofisticados possuem altos requisitos por parte do cliente. A
configurao do modelo ser muito dependente dos volumes envolvidos, perfil do produto,
competitividade do mercado em questo e outros fatores. Como nas demais estratgias este
aspecto muito prprio de cada negcio e regio. Contudo, as variveis de controle esto
normalmente associadas ao custo financeiro da operao e o tempo para a realizao da
atividade.
A Rede de Ativos pode possuir, segundo Coehen e Roussel (2005), um Modelo
Global, Regional ou de Pas. No Modelo Global a fabricao de uma linha de produtos
feita em uma locao para o mercado global. A escolha deste modelo direcionada por
fatores como a necessidade de colocar a fabricao com Pesquisa & Desenvolvimento
(P&D), o controle de custos para operaes muito intensivas em custo ou necessidade de
conhecimento elevado. Indstrias de componentes, como parte da indstria
eletroeletrnica fabricante de circuitos integrados so normalmente unidades fabris que
atendem empresas no mundo inteiro.
Modelos Regionais so realizados por uma variedade de fatores, onde se incluem
nveis de servio, impostos e a necessidade de serem adaptados requisitos de produtos
especificamente regionais. Por fim, o Modelo de Pas realizado normalmente para
produtos onde existem restries para exportao, por questes legais ou de custo.
Atualmente a China tem se posicionado na fabricao de produtos com escala, para
atender a clientes globalmente. O posicionamento de uma indstria na China indica que a
empresa busca por um grande volume de produo, atendendo um grande mercado,
objetivando reduo substancial dos custos. Um estudo de Lai, Zhao et. al. (2006)
demonstrou o impacto das ferramentas de Tecnologia da Informao (TI) na construo de
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vantagens competitivas na China. O estudo concluiu que as ferramentas de TI contribuem
de maneira significativa para a construo de diferenciais.
Hsu, Levermore et. al. (2007) verificaram que existe uma necessidade de serem
estabelecidos novos mtodos de informaes sob demanda em bases de dados globais. Os
autores destacam a importncia do papel da tecnologia RFID (Radio Frequency
Identification) neste novo contexto com sistemas mais integrados. As consultas atualmente
precisam ser globais, para que as empresas possam estar efetivamente em um mundo
contemporneo independente de localizao.
Cohen e Roussel (2005) tambm indicam quatro critrios para uma boa estratgia de
cadeia de suprimento: alinhada com a estratgia do negcio, com as necessidades do
consumidor, com a posio de poder (ou influncia) e com modelo adaptativo, por causa de
uma vantagem competitiva temporria. A seo seguinte trata do desempenho de Cadeias
de Suprimento.
2.6 Desempenho de cadeias de suprimento
A competitividade de cadeias de suprimento muito dependente de cada caso.
Reiner e Trcka (2004) realizaram um