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E aí pessoal, agora vamos começar pra valer nossa preparação pra a tão sonhada carreira de Auditor Fiscal da Receita federal do Brasil. Como sabemos que o concurso exige demais dos candidatos, vamos nos preparar para a nota máxima, topam? Então vamos lá!! Classificação, Estrutura e Normas Constitucionais: Classificação das Constituições. Vamos ver agora como a doutrina classifica as Constituições. Cada classificação refere-se a um foco específico de observação, logo, não são classificações excludentes e sim "cumulativas", já que uma constituição pode ter umas várias classificações diferentes, dependendo tão somente de qual quesito está sendo observado, por exemplo a sua estrutura, extensão, formação e até mesmo a forma como ela se relaciona com a realidade da sociedade. Vamos então analisar cada um desses quesitos: 1- Quanto à origem: Significa a forma pela qual a Constituição se originou. Quanto à origem, a Constituição pode ser: Promulgada (popular, ou democrática) - É aquela legitimada pelo povo. É elaborada por uma assembléia constituinte formada por representates eleitos pelo voto popular, (ex. Brasil de 1891, 1934, 1946 e 1988) Outorgada (imposta) - É aquela imposta unilateralmente pelos governantes sem manifestação popular. Muitos autores chamam de "Carta" e não de "Constituição", (ex. Brasil de 1824, 1937, 1967 e a EC 1/69, que pode ser considerada como uma Constituição autônoma) Cesarista (ou bonapartista) uma carta considerada outorgada, porém, é submetida a uma votação popular para que seja ratificada. Não se pode dizer essa participação popular torna a constituição democrática, já que se trata tão somente de uma ratificação para fins de consentimento do povo com a vontade do governante.

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E aí pessoal, agora vamos começar pra valer nossa preparação pra a tão sonhada carreira de Auditor Fiscal da Receita federal do Brasil. Como sabemos que o concurso exige demais dos candidatos, vamos nos preparar para a nota máxima, topam? Então vamos lá!!

Classificação, Estrutura e Normas Constitucionais:

Classificação das Constituições. Vamos ver agora como a doutrina classifica as Constituições.

Cada classificação refere-se a um foco específico de observação, logo, não são classificações excludentes e sim "cumulativas", já que uma constituição pode ter umas várias classificações diferentes, dependendo tão somente de qual quesito está sendo observado, por exemplo a sua estrutura, extensão, formação e até mesmo a forma como ela se relaciona com a realidade da sociedade.

Vamos então analisar cada um desses quesitos:

1- Quanto à origem:

Significa a forma pela qual a Constituição se originou. Quanto à origem, a Constituição pode ser:

• Promulgada (popular, ou democrática) - É aquela legitimada pelo povo. É elaborada por uma assembléia constituinte formada por representates eleitos pelo voto popular, (ex. Brasil de 1891, 1934, 1946 e 1988)

• Outorgada (imposta) - É aquela imposta unilateralmente pelos governantes sem manifestação popular. Muitos autores chamam de "Carta" e não de "Constituição", (ex. Brasil de 1824, 1937, 1967 e a EC 1/69, que pode ser considerada como uma Constituição autônoma)

• Cesarista (ou bonapartista) -É uma carta considerada outorgada, porém, é submetida a uma votação popular para que seja ratificada. Não se pode dizer essa participação popular torna a constituição democrática, já que se trata tão somente de uma ratificação para fins de consentimento do povo com a vontade do governante.

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Pulo do Gato:

No Brasil tivemos 8 Constituições - 4 promulgadas e 4 Outorgadas. Foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 (dica: A primeira é um número par, as demais são ímpares). Por outro lado, foram promulgadas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 (dica: A primeira é um número ímpar, as demais são pares).

2- Quanto à forma:

• Escrita (ou instrumental) - É formalizada em um texto escrito, (ex. Brasil de 1988)

Como já foi visto, a forma escrita é uma das caracterísitcas do conceito ideal de Constituição do constitucionalismo moderno e, para o Prof. Canotilho, a constituição escrita tem função de racionalizar, estabilizar, dar segurança jurídica, além de ser instrumento de publicidade e calculabilidade (calculabilidade significa que a Constituição escrita consegue expor com maior clareza o que se pode e o que não se pode fazer).

• Não-escrita - Também chamada de Constumeira (Consuetudinária), não se manifesta em estrutura solene. A matéria constitucional está assentada e reconhecida pela sociedade em seus usos, costumes e etc. (ex. Inglaterra)

a) Para Alexandre de Moraes, para ser escrita a constituição deve estar codificada em um texto único. Se a constituição for baseada em leis esparsas não pode ser considerada uma Constituição escrita.

b) Para o Prof. André Ramos Tavares, se a constituição estiver sistematizada em um documento único será chamada de codificada, já se estiver em textos esparsos, será chamada de legal.

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c) O Prof. Pinto Ferreira utiliza a mesma lógica de André Ramos Tavares, mas chama a primeira (texto único) de reduzida, enquanto a segunda (textos esparsos) denomina de variada.

d) É importante não confundir a nomenclatura "legal" da classificação do Prof. Tavares com outra proposta por Alexandre de Moraes. Para este autor (Alexandre de Moraes), constituição legal seria aquela que tem o poder de se impor, tem força normativa tal qual as leis (essa classificação costuma ser usada pela FCC).Assim, se utilizarmos o exemplo da CF/88, ela não seria legal, mas sim codificada sob a ótica do Prof. Tavares (a qual relaciona estes termos ao fato de os termos estarem ou não compilados), porém, seria uma constituição legal se analisada sob este aspecto proposto por Alexandre de Moraes (o qual utiliza o termo, não para distinguir a condensação ou não dos textos, mas para demonstrar a sua força normativa).

3- Quanto à extensão:

• Sintéticas - São concisas, ou seja, aquelas que restringem-se a tratar das matérias essenciais a uma Constituição -basicamente a organização do Estado e direitos fundamentais. (Ex. EUA)

• Analíticas - São as extensas, prolixas, que tratam de várias matérias que não são as fundamentais. Elas são a tendência das Constituições atuais, já que se percebeu que o papel do Estado não pode se limitar a garantir as liberdades do povo, mas deve agir ativamente para assegurar os direitos. (Ex. Brasil 1988)

4- Quanto ao conteúdo:

• Material - Quando adotam-se como constitucionais apenas as normas essenciais a uma Constituição.

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A Constituição brasileira de 1824 era material, pois possuía em seu art. 178 o seguinte texto: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos". Ou seja, ela limitou o que seria ou não Constitucional usando como critério o conteúdo, matéria tratada e não a forma.

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• Formal - Independe do conteúdo, basta que o assunto seja tratado em um texto rígido supremo para ser tido como constitucional. (Ex. Brasil de 1988)

5- Quanto à elaboração:

• Dogmática - É aquela elaborada por um órgão Constituinte consolidando o pensamento que uma sociedade possui naquele determinado momento, por isso é necessariamente escrita, pois precisa esclarecer estas situações que ainda não estão "maduras", solidificadas no pensamento da sociedade.Diz-se que a Constituição dogmática sistematiza as idéias da teoria política e do direito dominante naquele determinado momento da história de um Estado.

• Histórica - Diferentemente da dogmática, a histórica não é elaborada em um momento específico, ela surge ao longo do tempo. Desta forma, ela não precisa ser escrita pois possui seus fundamentos já solidificados.

6- Quanto à alterabilidade (ou estabilidade):

• Rígida - Quando se sobrepõe a todas as demais normas. Assim, somente um processo legislativo especial e complexo poderá alterar seu texto. É o que ocorre na CF/1988, que prevê um processo muito mais rígido para se elaborar uma Emenda Constitucional do que para elaborar uma simples lei ordinária.

• Flexível - Quando está no mesmo patamar das demais lei, não necessitando nenhum processo especial para alterá-la.

• Semirrígidasou semi-flexível- Possuem uma parte rígida e outra flexível, a Constituição Brasileira de 1824 era semirrígida pois, como vimos, trazia em seu art. 178 que: "É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos políticos e individuais dos cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinárias".

• Imutáveis - Não podem ser alteradas.

• Super-rígidas - É como o Prof. Alexandre de Moraes classifica a CF/88. Isso ocorre pois na Constituição de 1988 temos as chamadas "cláusulas pétreas", normas que não podem ser abolidas por emendas constitucionais.

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7- Quanto à finalidade:

• Garantia (ou negativa) - É aquela que se limita a trazer elementos limitativos do poder do Estado.

• Dirigente - Possui normas programáticas traçando um plano para o governo.

• Balanço - Utilizada para ser aplicada em um determinado estágio político de um país. De tempos em tempos é revista para se adequar o texto à realidade social, ou criar uma nova Constituição.

8- Quanto à relação com a realidade (classificação ontológica):

Classificação desenvolvida por Karl Loewenstein. Classificam-se as Constituições de acordo com o modo que os agente políticos aplicam a norma.

• Constituição normativa É a Constituição que é efetivamente aplicada, normatiza o exercício do poder e obriga realmente a todos.

• Constituição nominal, nominalista ou nominativa - É ignorada na prática.

• Constituição semântica - É aquela que serve apenas para justificar a dominação daqueles que exercem o poder político. Ela sequer tenta regular o poder.

Essa classificação de Loewenstein possui nomenclatura semelhante a uma outra classificação trazida pelo Prof. Alexandre de Moraes. Segundo o Professor:

• Constituições nominalistas - Seriam aquelas que em seu texto já possuem direcionamentos para resolver os casos concretos. Basta uma aplicação pura e simples das normas através de uma interpretação gramatical-literal.

• Constituições semânticas - Seriam aquelas constituições onde, para se resolverem os problemas concretos, precisaria de uma análise de seu conteúdo sociológico, ideológico e metodológico, o que propicia uma maior aplicabilidade "político-normativa-social11 de seu texto.

Assim, segundo a classificação de Loewenstein, entendemos que o Brasil teria uma Constituição normativa, pois ela é uma norma a ser seguida e podemos exigir o seu cumprimento (embora muitos

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doutrinadores adotem como sendo nominalista, pois defendem que, na prática, muitos de seus preceitos são ignorados, principalmente os programáticos). Segundo a classificação trazida pelo Prof. Alexandre de Moraes, ela seria nominalista pois traz em seu texto os meios para solucionar as controvérsias.

9- Quanto à dogmática (ou ideologia):

• Ortodoxas (ou simples) - influenciada por ideologia única.

• Ecléticas (ou complexas) - influenciada por várias ideologias.

10- Outras Classificações:

A doutrina ainda traz a classificação das Constituições denominadas Pactuadas ou Dualistas que se referem a um compromisso firmado entre o rei e o Poder Legislativo, pelo qual a monarquia ficaria sujeitada aos esquemas constitucionais. Assim a Constituição se sujeitaria a dois princípios: monárquico e democrático. Um exemplo foi a Magna Carta inglesa de 1215, onde o rei João Sem Terra, para não ser deposto de seu trono, teve de aceitar uma carta imposta pelos barões, se submetendo a um rol de exigências destes.

Classificação da Constituição Brasileira de 1988:

Promulgada, escrita, analítica, rígida (ou super-rígida), formal, dogmática, dirigente, eclética, normativa (ou nominalista - sem consenso, neste caso - na classificação de Loewenstein), nominalista (na classificação de resolução dos problemas de Alexandre de Moraes), codificada (para André Ramos Tavares) ou reduzida (para Pinto Ferreira), legal (pelo fato de valer como lei, para Alexandre de

V Moraes). È

Quadro-resumo sobre a classificação das Constituições:

Critério Classificaçã o Conceito No Brasil

(CF/88)

Origem

Outorgada Imposta pelo governante.

Promulgada Origem Promulgad a

Legitimada pelo povo através de uma Assembleia Constituinte. Promulgada Origem

Cesarista Imposta pelo governante, mas posteriormente levada à aprovação popular (não deixa

Promulgada

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de ser outorgada).

Forma

Escrita Documento Escrito (se único = codificada/se vários = legal).

Escrita e Codificada. Forma

Não-Escrita Consuetudinária (costumeira). O que importa é o conteúdo e não como ele é tratado.

Escrita e Codificada.

Extensão

Sintética Dispõe apenas sobre matérias essenciais (organização do Estado e limitação do poder).

Analítica Extensão

Analítica É extensa tratando de vários assuntos, ainda que não sejam essenciais.

Analítica

Conteúdo

Formal

Independe do conteúdo tratado. Se estiver no corpo da Constituição será um assunto constitucional, já que o importante é tão somente a forma. Formal Conteúdo

Material

O importante é apenas o conteúdo. Não precisa estar formalizado em uma constituição para ser um assunto constitucional.

Formal

Elaboração Dogmática

Necessariamente escrita. Reflete a realidade presente na sociedade em um determinado momento. Dogmática Elaboração

Histórica Consolidada ao longo do tempo.

Dogmática

Alterabilida de ou estabilidad e.

Flexível

Pode ser alterada por leis de status ordinário. Prescinde de procedimento especial para ser alterada. Rígida (ou super-

rígida já que possui cláusulas pétreas).

Em 1824 era semirrígida.

Alterabilida de ou estabilidad e.

Rígida Somente pode ser alterada por um procedimento especial.

Rígida (ou super-rígida já que possui cláusulas pétreas).

Em 1824 era semirrígida.

Alterabilida de ou estabilidad e.

Semirrígida ou semi-flexível

Possui uma parte rígida e outra flexível.

Rígida (ou super-rígida já que possui cláusulas pétreas).

Em 1824 era semirrígida.

Alterabilida de ou estabilidad e.

Imutável Não podem ser alteradas

Rígida (ou super-rígida já que possui cláusulas pétreas).

Em 1824 era semirrígida.

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Ontológica ou conexão com a realidade

Nominalista É ignorada. Normativa ou nominalista (sem consenso)

Ontológica ou conexão com a realidade

Normativa Efetivamente aplicada. Normativa ou nominalista (sem consenso)

Ontológica ou conexão com a realidade

Semântica Criada apenas para justificar o poder de um governante.

Normativa ou nominalista (sem consenso)

Finalidade

Dirigente Possui normas programáticas traçando um plano para o governo.

Dirigente Finalidade Garantia

Constituição negativa, sintética. Não traça planos, apenas limita o poder e organiza o Estado.

Dirigente Finalidade

Balanço Utilizada para ser aplicada em um determinado estágio político de um país.

Dirigente

Ideologia Ortodoxa Única ideologia

Eclética Ideologia Eclét ica Vár ias ideologias

Eclética

1. (FCC/ Juiz Substituto/ TJ-GO/ 2012) A classificação "ontológica" das Constituições (normativas, nominais e semânticas), radicada na relação das normas constitucionais com a realidade do processo do poder, é da autoria de

(A) Hans Kelsen.

(B) Carl Schmitt.

(C) Karl Loewenstein.

(D) Pontes de Miranda.

(E) José Joaquim Gomes Canotilho. Comentários:

Tal classificação foi criada por Karl Loewenstein Gabarito: Letra C.

2. (FCC/AJEM-TRT-7a/2009) A Constituição que prevê somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais é classificada como:

a) pactuada.

b) analítica.

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c) dirigente.

d) dualista.

e) sintética.

Comentários: Questão bem direta, acho que não há dúvidas que tal constituição seria uma Constituição "sintética", não é mesmo? Ela trata apenas daquilo que é essencial: organização do Estado e direitos fundamentais.

A letra A e a letra D são excludentes... Pactuada seria o mesmo que dualista, são as constituições fruto de um acordo entre o rei e o legislativo.

Analítica é o contrário da sintética, não fala só das coisas que o enunciado propôs, mas sim sobre um monte coisa que nem precisava estar ali.

A letra C traz uma constituição que se caracteriza por também ser analítica, pois além de limitar o poder e organizar o Estado, traz as norma programáticas, ou seja, normas que irão traçar um plano para o governo se orientar. Ex. "Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas".

Gabarito: Letra E.

3. (FCC/AJEM-TRT-16a/2009) A doutrina constitucional tem classificado a nossa atual Constituição Federal (1988) como escrita, legal:

a) formal, pragmática, outorgada, semirrígida e sintética.

b) material, pragmática, promulgada, flexível e sintética.

c) formal, dogmática, promulgada, rígida e analítica.

d) substancial, pragmática, promulgada, semirrígida e analítica.

e) material, dogmática, outorgada, rígida e sintética.

Comentários: Essa questão, embora simples, faz necessário o apontamento de algumas observações:

Io - O enunciado da questão, por si, já afirma que a Constituição de 88 é uma constituição legal. Veja que a FCC adota, então, a doutrina de Alexandre de Moraes, e não a classificação do Prof. Tavares. Isso quer dizer que a CF/88 para a FCC é uma Constituição legal, pois

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"vale como lei", e não por estar elencada em textos esparsos (que é o que Tavares chama de constituição legal).

2o - A questão cita por 3 vezes o termo "pragmática". Somente a FCC, e por duas vezes, fez uso deste termo. Tal termo não é desconhecido no direito, geralmente é usado para temas como interpretação de normas. Ser pragmático significa, grosso modo, ser eficiente, buscar a concretização das normas, estando aberto para a realidade social. Maaaaaaas.... na minha humilde opinião, a FCC colocou este termo APENAS para confundir os desavisados... Não afirmo que estou certo, mas nas vezes que a banca fez uso do termo "pragmático" não deu esta resposta como correta, até porque nenhuma das doutrinas dos principais autores sobre "classificação das constituições" faz uso do termo "pragmática" como sendo uma das classificações da Constituição.

Então, considerando que a CF/88 é mesmo uma constituição legal e, deixando de lado o fato de ela ser ou não "pragmática", vamos analisar as assertivas:

Letra A - Errada. A Constituição não é outorgada, nem semirrígida, nem sintética.

Letra B - Errada. Ela não é material, nem flexível e nem sintética.

Letra C - Perfeito!

Letra D - Errada. Ela não é substancial, nem semirrígida.

Letra E - Errada. Ela não é material, nem outorgada, nem sintética.

Gabarito: Letra C.

4. (FCC/AJEM-TRT-4a/2009) A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), pode ser classificada quanto ao seu conteúdo, seu modo de elaboração, sua origem, sua estabilidade e sua extensão, como:

a) formal, histórica ou costumeira, promulgada, flexível e sintética.

b) material, dogmática, outorgada, rígida e sintética.

c) formal, dogmática, promulgada, super-rígida e analítica.

d) material, pragmática, outorgada, semirrígida e sintética.

e) formal, histórica ou costumeira, outorgada, flexível e analítica.

Comentários: Questão muito interessante. Sabemos que a CF de 1988 é uma constituição rígida, pois somente com um processo bem complexo é que pode ser modificada (precisa seguir todo o rito que o art. 60 estabeleceu).

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O Prof. Alexandre de Moraes classifica a CF/88 como super-rígida, pois possui as cláusulas pétreas, ou seja, matérias que não podem ser abolidas.

A FCC costuma seguir a doutrina do Alexandre de Moraes no tema "classificação das constituições", tanto que, conforme vimos, considera a CF/88 como sendo uma Constituição legal.

Assim, a CF/88, embora seja uma Constituição rígida, também poderá ser considerada super-rígida, aliás, recomendo seguir esta classificação quando mencionada pela questão, ok?

Desta forma:

Letra A - Errado, pois ela não é histórica ou costumeira, nem flexível e nem sintética.

Letra B - Errada, pois ela não é material, nem outorgada, nem sintética.

Letra C - Perfeito.

Letra D - Errada, pois ela não é material, nem semirrígida e nem sintética.

Letra E - Errada, pois ela não é histórica ou costumeira, nem outorgada, e nem flexível.

Gabarito: Letra C.

5. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) Assinale a opção correta acerca de classificações de Constituição. (a) A Constituição nominal é aquela cujas normas efetivamente dominam o processo político.

(b) Denomina-se Constituição cesarista a Constituição outorgada submetida a plebiscito ou referendo.

(c) As Constituições francesas da época de Napoleão I são classificadas como Constituições imutáveis.

(d) A Constituição garantia caracteriza-se por conter normas definidoras de tarefas e programas de ação a serem concretizados pelos poderes públicos.

(e) Constituições ortodoxas são aquelas que procuram conciliar ideologias opostas.

Comentários:

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Letra A. Errado. O item se refere à classificação ontológica (relação com a realidade). A constituição nominal é justamente o oposto do afirmado, pois não é efetivada na prática. Letra B. Correto. O item se refere à classificação quanto à origem, Imposta pelo governante, mas posteriormente levada à aprovação popular(não deixa de ser outorgada).

Gabarito: Letra B.

6. (CESPE/ FUB-DF/ 2013) A constituição é outorgada quando é externada com a participação dos cidadãos, uma vez que as normas constitucionais são estatuídas pela deliberação majoritária dos agentes do poder constituinte. Comentários: A promulgada é a legitimada pelos cidadãos. Gabarito: Errado.

7. (CESPE/ FUB-DF/ 2013) A CF, no que diz respeito à forma, é uma constituição consuetudinária.

Comentários: Errado. Quanto à forma, nossa Constituição Federal é escrita. A constituição consuetudinária é a não escrita.

Gabarito: Errado.

8. (CESPE/ Procurador do Banco Central- Bacen/ 2013) No que se refere ao modo de elaboração, a constituição dogmática espelha os dogmas e princípios fundamentais adotados pelo estado e não será escrita.

Comentários:

As Constituições dogmáticas são sempre escritas, daí o erro, no mais, consubstanciam os dogmas estruturais e fundamentais adotados pelo estado, como afirma a assertiva.

Gabarito: Errado.

9. (CESPE/TJAA-CNJ/2013) Constituição não escrita é aquela que não é reunida em um documento único e solene, sendo composta de costumes, jurisprudência e instrumentos escritos e dispersos, inclusive no tempo.

Comentários:

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Exatamente, a Constituição não-escrita diferencia-se da escrita não por não ter efetivamente documentos escritos, mas pelo fato das normas de conteúdo constitucional não estarem sistematizadas em um documento único, formalmente superior aos demais. A Constituição não-escrita reconhece a constitucionalidade através do conteúdo e não da forma. Com efeito, esse "conteúdo constitucional" pode estar presente nos costumes, jurisprudências e até em diversos instrumentos escritos, dispersos.

Gabarito: Correto.

10. (CESPE/Analista - TJ-RR/2012) Na denominada constituição semântica, a atividade do intérprete limita-se à averiguação de seu sentido literal.

Comentários: A constituição semântica é aquela que serve apenas para justificar a dominação daqueles que exercem o poder político. Ela sequer tenta regular o poder, por isso incorreto o item.

Gabarito: Errado.

11. (CESPE/MPE-PI/2012) A doutrina denomina constituição semântica as cartas políticas que apenas refletem as subjacentes relações de poder, correspondendo a meros simulacros de constituição.

Comentários: Isso mesmo, veja o conceito que a própria banca deu sobre constituição semântica.

Gabarito: Correto.

12. (CESPE/Técnico Judiciário - TJ-RR/2012) A CF pode ser classificada, quanto à mutabilidade, como rígida, uma vez que não pode ser alterada com a mesma simplicidade com a qual se modifica uma lei.

Comentários: Dizemos que uma constituição é rígida quando processo legislativo especial e complexo poderá alterar seu texto, como ocorre na Constituição de 1988, que prevê um processo muito mais rígido para alteração do texto via emenda constitucional, que é bem mais difícil que para elaborar uma simples lei ordinária, daí acertada a afirmação.

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Gabarito: Correto.

13. (CESPE/ Técnico Judiciário - TJ-RR/ 2012) A CF, elaborada por representantes legítimos do povo, é exemplo de constituição outorgada.

Comentários: Quando a constituição for elaborada por representantes do Povo será Promulgada, Pê de Povo, Pê de Promulgada. Veja que o item inverteu os conceitos.

Gabarito: Errado.

14. (ESAF/Analista Administrativo-DNIT/2013) A Constituição Federal de 1988 pode ser classificada como:

a) material, escrita, histórica, promulgada, flexível e analítica.

b) material, escrita, dogmática, outorgada, imutável e analítica.

c) formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica.

d) formal, escrita, dogmática, promulgada, semirrígida e sintética.

e) material, escrita, histórica, promulgada, semirrígida e analítica.

Comentários: A opção correta é a letra C, vamos relembrar os conceitos que classificam nossa constituição:

Quanto ao conteúdo: Formal - Independe do conteúdo. Ainda que o assunto tratado não seja essencial a uma Constituição, basta que esse assunto seja incorporado a um texto rígido supremo que ele será tido como constitucional.

Quanto à forma: Escrita (ou instrumental) - É formalizada em um único texto escrito.

Quanto à elaboração: Dogmática - É aquela elaborada por um órgão Constituinte, consolidando o pensamento que determinada sociedade possui naquele momento, por isso é necessariamente escrita, pois precisa esclarecer essas situações que ainda não estão "maduras", solidificadas no pensamento da sociedade. Diz-se que a Constituição dogmática sistematiza as ideias da teoria política e do direito dominante naquele determinado momento da história de um Estado.

Quanto à origem: Promulgada (popular ou democrática) - É aquela legitimada pelo povo. É elaborada por uma assembleia constituinte formada por representantes eleitos pelo voto popular.

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Quanto à alterabilidade (ou estabilidade): Rígida- Quando se sobrepõe a todas as demais normas. Assim, somente um processo legislativo especial e complexo poderá alterar seu texto.

Quanto à extensão: Analíticas: São as extensas, prolixas, que tratam de várias matérias que não são as fundamentais. Elas são a tendência das Constituições atuais, já que se percebeu que o papel do Estado não pode se limitar a garantir as liberdades do povo, mas deve agir ativamente para assegurar os direitos.

Gabarito: Letra C.

15. (ESAF/MDIC/2012) Sabe-se que a doutrina constitucionalista classifica as constituições. Quanto às classificações existentes, é correto afirmar que:

I. quanto ao modo de elaboração, pode ser escrita e não escrita.

I I . quanto à forma, pode ser dogmática e histórica.

I I I . quanto à origem, pode ser promulgada e outorgada.

IV. quanto ao conteúdo, pode ser analítica e sintética.

Assinale a opção verdadeira.

a) I I , I I I e IV estão corretas.

b) I, II e IV estão incorretas.

c) I, I I I e IV estão corretas.

d) I, II e I I I estão corretas.

e) II e I I I estão incorretas.

Comentários:

I - Errado. Quanto à elaboração as constituições podem ser dogmáticas (elaboradas em um texto formal, em um determinado momento da história de um Estado), ou então históricas (se consolidaram ao longo dos tempos) a classificação que divide as Constituições em escritas ou não-escritas seria quanto à "forma", ou seja, a formalidade em que ela se encontra no mundo jurídico.

I I- Errado. Motivo dito no item anterior: dogmática e histórica é modo de elaboração. Forma = escrita ou não-escrita.

I I I- Correto.

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IV- Errado. Quanto ao conteúdo, as Constituições se classificam em material ou formal. A Classificação como sintética ou analítica se refere à "extensão".

Gabarito: Letra B.

16. (ESAF/AFRFB/2012) O Estudo da Teoria Geral da Constituição revela que a Constituição dos Estados Unidos se ocupa da definição da estrutura do Estado, funcionamento e relação entre os Poderes, entre outros dispositivos. Por sua vez, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é detalhista e minuciosa. Ambas, entretanto, se submetem a processo mais dificultoso de emenda constitucional. Considerando a classificação das constituições e tomando-se como verdadeiras essas observações, sobre uma e outra Constituição, é possível afirmar que

a) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, analítica e rígida, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e negativa.

b) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é do tipo histórica, rígida, outorgada e a dos Estados Unidos rígida, sintética.

c) a Constituição dos Estados Unidos é do tipo consuetudinária, flexível e a da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, rígida e detalhista.

d) a Constituição dos Estados Unidos é analítica, rígida e a da República Federativa do Brasil de 1988 é histórica e consuetudinária.

e) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é democrática, promulgada e flexível, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e democrática.

Comentários: Letra A - Item correto, exigindo conhecimento da Constituição dos EUA do candidato... a título de informação, a constituição negativa é sinônimo de Garantia , que é aquela que se limita a trazer elementos limitativos do poder do Estado.

Letra B - Errado. O erro está em afirmar que a CF-88 é histórica, na verdade ela é dogmática, pois foi elaborada por um órgão Constituinte, consolidando o pensamento que determinada sociedade possui naquele momento.

Letra C - Errado. A constituição dos Estados Unidos não é consuetudinária (costumeira) ela é escrita, inclusive sabemos que foi a primeira constituição escrita da história, diferentemente do que diz o item. A classificação da Constituição de 88 está correta.

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Letra D - Errado. O item inverteu características das constituições do Brasil e dos EUA.

Letra E - Errado. A do Brasil não é flexível, é rígida, pois somente pode ser alterada por procedimento especial.

Gabarito: Letra A

17. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição dogmática se apresenta como produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante.

Comentários: A constituição dogmática é marcada justamente por expor em um papel aquela ideia de um determinado momento da sociedade. Deve ser necessariamente escrita, pois, diferentemente das constituições histórica, seus dogmas ainda não estão solidamente arraigados na sociedade.

Gabarito: Correto.

18. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A constituição material é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos.

Comentários: Inverteu-se o conceito. Tal descrição é de uma constituição formal, aquela preocupada apenas com o status formal da norma (forma escrita, procedimento de alteração e etc.). A constituição material é aquela onde não importam as formas e os procedimentos e sim o conteúdo que está sendo tratado.

Gabarito: Errado.

19. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A constituição formal designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais.

Comentários: Este é o conceito de constituição material. Para a constituição ser formal ela precisa necessariamente estar escrita e prever um processo complexo de alteração de seu texto.

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Gabarito: Errado.

20. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição escrita, também denominada de constituição instrumental, aponta efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade.

Comentários: As constituições escritas podem realmente ser chamadas de instrumentais. E nas palavras do mestre Canotilho, apresentam efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade. Já que é o fato de estar escrita, facilita a sua permanência e a publicidade de seu conteúdo.

Gabarito: Correto.

21. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição sintética, que é constituição negativa, caracteriza-se por ser construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, oposta à autoridade.

Comentários: A Constituição sintética se limita a organizar o poder e resguardar as liberdades. Daí ser uma constituição negativa, pois não age positivamente como instrumento direcionador do Estado.

Gabarito: Correto.

22. (ESAF/MPU/2004) Constituições semirrígidas são as constituições que possuem um conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado.

Comentários:

As semirrígidas são aquelas que possuem uma parte flexível, podendo ser alterada sem nenhum procedimento especial e uma parte que para ser alterada precisaria de um rito especial tal qual o das emendas constitucionais previstas na Constituição Brasileira de 88. Assim, nas semirrígidas temos a parte que é facilmente alterada e a parte que é dificilmente alterada, mas não "imutável".

Gabarito: Errado.

23. (ESAF/PGFN/2007) A distinção entre constituição em sentido material e constituição em sentido formal perdeu relevância considerando-se as modificações introduzidas pela Emenda

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Constitucional n. 45/2004, denominada de "Reforma do Poder Judiciário".

Comentários: A referida classificação é doutrinária e não algo que está inserido no texto constitucional capaz de ser "apagado" por uma emenda.

Gabarito: Errado.

24. (ESAF/PGFN/2007) Considera-se constituição não-escrita a que se sustenta, sobretudo, em costumes, jurisprudências, convenções e em textos esparsos, formalmente constitucionais.

Comentários: Está errada a parte que fala em "formalmente constitucionais". Nas Constituições não escritas, o que importa é unicamente a matéria tratada e não a forma.

Gabarito: Errado.

25. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A constituição escrita apresenta-se como um conjunto de regras sistematizadas em um único documento. A existência de outras normas com status constitucional, per si, não é capaz de descaracterizar essa condição. Comentários:

Segundo Alexandre de Moraes, para ser escrita a constituição deve estar codificada em um texto único. Se a constituição for baseada em leis esparsas não pode ser considerada uma Constituição escrita. Assim, a Constituição escrita é uma só, não concorre com outros textos de status Constitucional, isso romperia com a unicidade constitucional.

Gabarito: Errado.

26. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) As constituições dogmáticas, como é o caso da Constituição Federal de 1988, são sempre escritas, e apresentam, de forma sistematizada, os princípios e idéias fundamentais da teoria política e do direito dominante à época.

Comentários: A Constituição de 1988 realmente é dogmática. A constituição dogmática é aquela elaborada por um órgão Constituinte consolidando o pensamento que uma sociedade possui naquele determinado momento, por isso é necessariamente escrita, pois precisa esclarecer estas situações que ainda não estão "maduras",

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solidificadas no pensamento da sociedade.Diz-se que a Constituição dogmática sistematiza as idéias da teoria política e do direito dominante naquele determinado momento da história de um Estado.

Gabarito: Correto.

27. (ESAF/APOFP-SEFAZ-SP/2009) Assinale a opção correta relativa à classificação da Constituição Federal de 1988.

a) É costumeira, rígida, analítica.

b) É flexível, promulgada, analítica.

c) É rígida, outorgada, analítica.

d) É parcialmente inalterável, outorgada, sintética.

e) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada.

Comentários: Letra A - Errada. A CF/88 é rígida e analítica, mas não é costumeira, já que se trata de uma CF dogmática (aquela constituição que deve ser necessariamente escrita, pois, diferentemente da constumeira) não é a evolução de um lento pensar da sociedade, que vai se arraigando na cabeça de todos, mas sim, estabelece aqueles dogmas, pensamentos, em um determinado momento

Letra B - Ela não é flexível já que é rígida.

Letra C - Ela não é outorgada, já que é promulgada.

Letra D - Não é outorgada, nem sintética - já que é analítica. Letra E - Foi dada como resposta correta. A CF/88 realmente é uma constituição rígida e promulgada. A questão considerou correto o termo "parcialmente inalterável" pelo fato da existência das cláusulas pétreas (CF art. 60 §4°) , porém, lembramos que isso não é de todo uma verdade, já que a existência das cláusulas pétreas em nosso ordenamento não torna a parte gravada como inalterável, mas, impede tão somente que haja uma "redução" (ou extinção) da eficácia de tais normas. Nada impede, porém, que haja uma alteração para promover a ampliação do seu escopo.

Gabarito: Letra E

28. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.

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Comentários: Vamos usar o "pulo do gato":

No Brasil tivemos 8 Constituições - 4 promulgadas e 4 Outorgadas. Foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 (dica: A primeira é um número par, as demais são ímpares). Por outro lado, foram promulgadas as de 1891, 1934, 1946 e 1988 (dica: A primeira é um número ímpar, as demais são pares).

Desta forma, basta gravar 2 constituições:

1824 - Constituição do Império - (império=outorga).

1891 - Ia Constituição republicana - (república = promulgação)

Todas as impares que se seguem à do império são também outorgadas.

Todas as pares que se seguem à da república são também promulgadas

Assim, a resposta está incorreta, já que as Constituições do enunciado são promulgadas.

Gabarito: Errado.

29. (ESAF/PGFN/2007) As constituições outorgadas não são precedidas de atos de manifestação livre da representatividade popular e assim podem ser consideradas as Constituições brasileiras de 1824, 1937 e a de 1967, com a Emenda Constitucional n. 01 de 1969.

Comentários: As outorgadas são as constituições impostas unilateralmente. No Brasil tivemos 8 Constituições - 4 promulgadas e 4 Outorgadas. Foram outorgadas as Constituições de 1824, 1937, 1967 e 1969 - na verdade o que se considera CF /69 foi apenas uma emenda constitucional que alterou substancialmente a CF/67.

Gabarito: Correto.

30. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A Constituição Federal de 1988 é considerada, em relação à estabilidade, como semirrígida, na medida em que a sua alteração exige um processo legislativo especial.

Comentários: É considerada rígida, justamente por necessitar sempre deste procedimento especial.

Gabarito: Errado.

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31. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) No que se refere à origem, a Constituição Federal de 1988 é considerada outorgada, haja vista ser proveniente de um órgão constituinte composto de representantes eleitos pelo povo.

Comentários: Justamente por ser proveniente de um órgão constituinte composto de representantes eleitos pelo povo, ela é considerada promulgada e não outorgada.

Gabarito: Errado.

32. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Nas constituições materiais, como é o caso da Constituição Federal de 1988, as matérias inseridas no documento escrito, mesmo aquelas não consideradas "essencialmente constitucionais", possuem status constitucional.

Comentários:

Realmente na CF/88 as matérias inseridas no documento escrito, mesmo aquelas não consideradas "essencialmente constitucionais", possuem status constitucional, por este motivo ela é uma constituição formal, e não material. Já que o que importa é a forma (escrita) e não o conteúdo da norma.

Gabarito: Errado.

33. (ESAF/ENAP/2006) Segundo a doutrina, são características das constituições concisas: a menor estabilidade do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do conteúdo constitucional.

Comentários:

A constituição concisa, ou sintética, é aquela que não se preocupa com detalhes e prolixidades deixando isto para a legislação infraconstitucional. Deste forma, ela se torna de mais fácil adaptação pois irá trazer apenas as organizações e disciplinamentos essenciais e possui também maior estabilidade pois não há muito o que ficar alterando no texto. Destaca-se que a tendência atual é por constituições analíticas e não por sintéticas.

Gabarito: Errado.

34. (ESAF/CGU/2006) O conceito formal de constituição e o conceito material de constituição, atualmente, se confundem, uma vez que a moderna teoria constitucional não mais distingue as normas que as compõem.

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Comentários: No conceito formal não temos diferenciação de normas, o que é bem diferente de falar que o "conceito formal" se confunde com o "conceito material". São classificações doutrinárias disitintas.

Gabarito: Errado.

35. (ESAF/CGU/2006) Quanto ao sistema da Constituição, as constituições se classificam em constituição principiológica - na qual predominam os princípios - e constituição preceituai - na qual prevalecem as regras.

Comentários: Em um texto constitucional podemos encontrar dois tipos de normas: os princípios e as regras. Os princípios, como o próprio nome sugere, serve de ponto de partida para o pensamento do aplicador. Eles possuem um grau de abstração maior que as regras, são orientadores. As regras, por sua vez, são definidoras de uma ação, direcionam o aplicador a um fim específico, concreto. Elas não comportam um cumprimento parcial, ou são cumpridas ou não são. Assim, de acordo com o exposto, classifica-se as constituições conforme o enunciado dispôs.

Gabarito: Correto.

36. (ESAF/CGU/2006) Uma constituição rígida não pode ser objeto de emenda.

Comentários: Pode haver emendas, embora estas sejam elaboradas através de um rito especial, mais dificultoso do que as leis ordinárias.

Gabarito: Errado.

Estrutura e elementos da Constituição:

A CF/88 possui 2 partes:

1- Parte Permanente: Formada pelo Preâmbulo + Parte Dogmática (250 artigos) dividida em 9 títulos:

• Título I: Princípios Fundamentais

• Título I I : Dos Direitos e Garantias Fundamentais

• Título I I I : Da Organização do Estado

• Título IV: Da Organização dos Poderes

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• Título V: Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

• Título V: Da Tributação e do Orçamento

• Título VI I : Da Ordem Econômica e Financeira

- Título VI I I : Da Ordem Social

• Título IX: Das Disposições Constitucionais Gerais;

2- Parte Transitória: ADCT (até a EC 71/12 possui 97 artigos)

A Constituição pode segundo José Afonso da Silva ser dividida em elementos. Baseado nas suas definições temos os seguintes elementos na Constituição:

1- Orgânicos: Normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Organizam a estruturação do Estado. Ex. Título I I I - Da Organização do Estado; Título IV - Da organização do poderes e do Sistema de Governo; Forças Armadas; Segurança pública; Tributação, Orçamento;

2- Limitativos: Limitam a atuação do poder do Estado, são os direitos e gatantias fundamentais (exceto os direitos sociais = eles são sócio-ideológicos);

3- Sócio-ideológicos: Tratam do compromisso entre o Estado individualista, que protege a autonomia das vontades, com o Estado Social, onde as pessoas fazem parte de uma coletividade a ser respeitada como um todo. Ex. Direitos Sociais, Título VII - Da ordem econômica e financeira; Título VII I - Da Ordem Social;

4-De Estabilização Constitucional: São os elementos que tratam da solução de conflitos constitucionais, defesa do Estado, Constituição e instituições democrátitcas como o Controle de Constitucionalidade, os procedimentos de reforma, o estado de sítio, estado de defesa e a intervenção federal;

5- Formais de aplicabilidade: Regras de aplicação da Constituição, como o ADCT e normas como o art. 5o §1° - "As normas definidoras dos Direitos e Garantias Fundamentais têm aplicação imediata". Também podemos inserir nesta classificação o "preâmbulo", que embora não tenha força de norma jurídica, pode servir de base para interpretar e aplicar as normas constitucionais.

37. (FCC/ Assessor Técnico- AL-PE/ 2013) Sobre os elementos das Constituições, são considerados elementos orgânicos as normas

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(A) que revelam o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado Social.

(B) que regulam a estrutura do Estado e do Poder.

(C) destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.

(D) que estabelecem regras de aplicação de outras normas constitucionais.

(E) que compõem o elenco dos direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação dos Poderes estatais.

Comentários: Letra A. Errado, os elementos que tratam dos compromissos entre o Estado e o indivíduo são os sócios ideológicos.

Letra B. Correto. Os elementos orgânicos são os que regulam a estrutura do Estado e do Poder e organizam a estruturação do Estado.

Letra C. Errado. Os elementos que tratam da solução de conflitos constitucionais, defesa do Estado e instituições democráticas são os elementos de estabilização conctitucional.

Letra D. Os elementos que estabelecem regras de aplicação de outras normas constitucionais são os formais de aplicabilidade. Letra E- Errado. Os compõe o rol de direitos fundamentais são os limitadores do poder do Estado, daí que são chamados de limitativos. Gabarito: Letra B.

38. (FCC/TCE-MG/2007) As normas constitucionais relativas aos direitos e garantias individuais, inseridas no título relativo aos direitos e garantias fundamentais, contêm elementos da Constituição ditos:

a) sócio-ideológicos, por revelar o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado social.

b) orgânicos, por regularem a estrutura do Estado e do poder.

c) limitativos, por limitarem a atuação do Estado, dando ênfase à sua configuração como Estado de Direito.

d) de estabilização constitucional, na medida em que asseguram a defesa da Constituição e das instituições democráticas.

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e) formais de aplicabilidade, diante da aplicação imediata das normas definidoras de direitos dessa espécie.

Comentários: Pela teoria que expusemos acima. Depreende-se claramente que a resposta correta a ser assinalada seria a letra C. Já os direitos e garantias fundamentais têm o objetivo justamente de limitar o poder do Estado face ao povo.

Gabarito: Letra C.

39. (CESPE/Analista-EBC/2011) As normas previstas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias possuem natureza de norma constitucional. Comentários: Toda a parte dogmática e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias fazem parte da Constituição, com mesma hierarquia e valor normativo, ressalva-se tão somente o preâmbulo, que segundo o Supremo, não possui força normativa. Gabarito: Correto.

Normas, Regras e Princípios Constitucionais:

Primeiramente, lembramos que pelo fato de o Brasil adotar a conceito de Constituição formal, todas as normas estão em um mesmo patamar jurídico, não havendo supremacia entre normas constitucionais, sejam elas da parte permanente, dos ADCT, originárias ou derivadas.

Todas as normas constitucionais (exceto o preâmbulo - segundo a jurisprudência do STF) possuem eficácia jurídica, pois mesmo que não consigam alcançar seu destinatário, conseguem, ao menos, impor a sua observância às demais de hierarquia inferior, sendo capaz de as tornarem inconstitucionais caso a contrariem, dizendo-se assim que possuem caráter vinculante imediato.

Normas Regras X Normas Princípios: Em um estudo doutrinário costuma-se dizer que entre as normas temos a presença das regras e dos princípios. As regras são mais concretas, aquelas normas que definem um procedimento, condutas. Regras, ou são totalmente cumpridas, ou não são cumpridas, elas não admitem o cumprimento parcial, vale a ideia do tudo ou nada!

Por outro lado, os princípios são mais abstratos, não são definidores de condutas, são os chamados "mandados de otimização", ou seja,

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eles devem ser utilizados para se alcançar o grau ótimo de concretização da norma. Devido a esta abstração dos princípios, eles admitem um cumprimento parcial.

Diz-se que quando duas regras entram em conflito, o aplicador deve cumprir uma ou outra, nunca as duas, pois uma regra exclui a outra. Já quando dois princípios entram em conflito dizemos que houve uma "colisão11 de princípios (nunca uma contradição) e, desta forma, ambos poderão ser cumpridos, embora em graus diferentes de cumprimento. Estuda-se então o caso concreto, e descobre-se qual o princípio irá pervalecer sobre o outro, sem que um deles seja totalmente excuído pelo outro.

Os princípios constitucionais podem estar expressos na Constituição (princípio da igualdade, princípio da uniformidade georgráfica, princípio da anterioridade tributária...) ou podem estar implícitos no texto constitucional, sendo decorrentes das normas expressas do texto e dos regimes expressamente adotados pela Constituição, ou então devido a direcionamentos do direito constitucional geral, aplicável aos vários ordenamentos jurídicos (princípio da razoabilidade, princípio da proporcionalidade...).

Em concursos, costuma-se cobrar, com bastante frequência, os princípios constitucionais que se referem aos direcionamentos aplicáveis aos diversos entes (Estados, Municípios e DF) que formam a nossa federação. São eles:

• Os princípios sensíveis - são aqueles presentes no art. 34, VII da Constituição Federal, que se não respeitados poderão ensejar a intervenção federal.

• Os princípios federais extensíveis (ou comuns) - são aqueles princípios federais que são aplicáveis pela simetria federativa aos demais entes políticos, como por exemplo, as diretrizes do processo legislativo, dos orçamentos e das investiduras nos cargos eletivos. São também chamados de "princípios comuns" pois se aplicam a todos os entes da federação, de forma comum.

OBS. - As normas que estão presentes na Constituição Federal podem estar presentes na Constituição Estadual de duas formas:

• Normas de Reprodução Obrigatória - São aquelas normas da Constituição da República que são de observância obrigatória pelas Constituições Estaduais.

• Normas de Imitação - São as normas que podem, facultativamente, estar presentes na Constituição Estadual.

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• Os princípios estabelecidos - são aqueles que estão expressamente ou implicitamente no texto da Constituição Federal limitando o poder constituinte do Estado-membro.

Falaremos um pouco mais sobre princípios quando formos estudar os "princípios fundamentais" e também na parte referente à interpretação constitucional.

Normas Materiais X Normas Formais: O termo "materiais" vem de matéria, conteúdo. Formais vem de forma, estrutura, roupagem.

Normas materiais são aquelas que tratam de assuntos, conteúdos, essenciais a uma Constituição moderna: organização do Estado e limitação dos seus poderes face ao povo (não é pacífico a exatidão do que é e o que não é materialmente constitucional).

Normas fomais são todas aquelas que foram alçadas a um status constitucional, independentemente do conteúdo tratado.

No Brasil, todas as normas da Constituição são formais, independente de seu conteúdo. Porém, algumas, além de formais, também são materiais. Assim, é importante destacar que a classificação entre normas materialmente constitucionais e normas formalmente constitucionais não são excludentes, já que uma norma pode ser ao mesmo tempo materialmente e formalmente constitucional. Assim temos:

• Normas formalmente e materialmente constitucionais -São as normas da Constituição que, além de formais, tratam de assuntos essenciais a uma Constituição.

• Normas apenas formalmente constitucionais - São as normas da Constituição que não tratam de assuntos essenciais a uma Constituição, porém, não deixam de ser formais já que possuem a roupagem de Constituição, apenas não são materiais.

40. (CESPE/AJAJ - TRE-MS/2013) Somente possuem supremacia formal as normas constitucionais que se relacionam com os direitos fundamentais.

Comentários:

O Brasil adota o conceito formal de Constituição, isso significa que, independente do conteúdo tratado, todas as normas constitucionais possuem supremacia formal sobre o resto do ordenamento jurídico e

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não somente as normas que se relacionam com os direitos fundamentais.

Gabarito: Errado.

41. (CESPE/Advogado - IBRAM-DF/2009) O preâmbulo, por estar na parte introdutória do texto constitucional e, portanto, possuir relevância jurídica, pode ser paradigma comparativo para a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma infraconstitucional.

Comentários: O STF já decidiu pela ausência de força jurídica do preâmbulo da Constituição. Assim, ele não pode ser usado para tornar normas infraconstitucionais como inconstitucionais.

Gabarito: Errado.

42. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São constitucionais as normas que dizem respeito aos limites, e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As demais disposições que estejam na Constituição podem ser alteradas pelo quórum exigido para a aprovação das leis ordinárias.

Comentários:

Se ocorresse o descrito no enunciado, teríamos uma constituição semirrígida. A nossa constituição é totalmente rígida, não havendo qualquer distinção ou hierarquia entre normas constitucionais, independente do conteúdo que elas veiculam. Trata-se da visão jurídica que olha apenas para o aspecto formal da Constituição, não se importando com o aspecto material.

Gabarito: Errado.

43. (ESAF/ATA-MF/2009 - Adaptada) Ao exercitarem o seu poder constituinte derivado-decorrente, os Estados-membros, a teor do disposto na Constituição Federal, respeitam os princípios constitucionais sensíveis, princípios federais extensíveis e princípios constitucionais estabelecidos (Certo/Errado).

Comentários: Exatamente os que vimos, está correta a questão.

Gabarito: Correto.

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44. (ESAF/Analista-SUSEP/2010 - Adaptada) Os princípios regionais são os que regem e modelam o sistema normativo das instituições constitucionais, como os princípios regedores da Administração Pública.

Comentários: A questão traz uma classificação pouco cobrada em concursos. Parece tratar da classificação de princípios segundo a sua abrangência. Esta classificação não se mostra apenas para o direito mas para diversas ciências. José Cretella Neto traz uma classificação bem didática sobre tais princípios se separados segundo a abrangência de cada um. São eles:

a) onivalentes - proposições gerais, de validade integral, aplicáveis a todas às ciências. Orientam o pensamento, motivo pelo qual também são chamados de princípios racionais do conhecimento ou primeiros princípios;

b)plurivalentes -são aqueles comuns a mais de uma ciência, ou a um grupo de ciências, orientando-se apenas nos aspectos que se interpenetram;

c) monovalentes -são aqueles cuja validade é restrita a um único campo do conhecimento; e

d )setoriais ou regionais - proposições básicas em que repousam os diversos setores em que se baseia determinada ciência;

Desta forma, levando esta classificação ao direito constitucional, podemos realmente dizer que cada instituição constitucional estaria alicerçada sobre seus princípios setoriais ou regionais, ou seja, aqueles que definiriam as normas basilares daquele "nicho", daquele setor específico.

Gabarito: Correto.

Eficácia e aplicabilidade das normas

Eficácia é a capacidade que uma norma tem para produzir efeitos, o grau de eficácia das normas constitucionais é um dos temas mais controversos da doutrina, mas para nosso objetivo, as considerações abaixo serão suficientes.

Doutrina clássica x Normas Programáticas: A doutrina clássica, de Rui Barbosa, baseada na doutrina norte-americana, dividia as normas em auto-aplicáveis (auto-executáveis) e não auto-aplicáveis(não auto-executáveis), estas, diferentemente

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das primeiras exigiam a complementação do legislador para produzirem efeitos.

Essa classificação,atualmente, não costuma ser aceita no Brasil.

Em que pese tal fato, algumas bancas, costumam cobrar o conceito de não auto-aplicáveis em associação às normas programáticas. As normas programáticas são aquelas que definem planos de ação para o Estado, como combater a pobreza, a marginalização e os direitos sociais do art. 6o . As normas programáticas possuem o que se chama de eficácia diferida, ou seja, sua aplicação se dará ao longo do tempo, na medida em que forem sendo concretizadas.

Eficácia e aplicabilidade segundo a José Affonso da Silva: Essa é a doutrina majoritária, a mais cobrada em concursos. Divide em 3 tipos as normas:

1- Eficácia Plena - Não necessitam de nenhuma ação do legislador para que possam alcançar o destinatário, e por isso são de aplicação direta e imediata, pois independem de uma lei que venha mediar os seus efeitos. As normas de eficácia plena também não admitem que uma lei posterior venha a restringir o seu alcance.

Ex. : Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado (CF, art. 5o , XX).

2- Eficácia Contida - É aquela norma que, embora não precise de qualquer regulamentação para ser alcançada por seus receptores - também tem aplicabilidade direta e imediata, não precisando de lei para mediar os seus efeitos -, poderá ver o seu alcance restringido pela superveniência de uma lei infraconstitucional. Enquanto não editada essa lei, a norma permanece no mundo jurídico com sua eficácia de forma plena, porém no futuro poderá ser restringida pelo legislador infraconstitucional.

Ex. : É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendida às qualificações profissionais que a lei estabelecer (CF, art. 5 o , X I I I ) . Ou seja, As pessoas podem exercer de forma plena qualquer trabalho, ofício ou profissão, salvo se vier uma norma estabelecendo certos requisitos para conter essa plena liberdade.

Observação: Em regra, as normas de eficácia contida são passíveis de restrição por leis infraconstitucionais, porém, também se manifestam como normas de eficácia contida as normas onde a própria constituição estabelece casos de relativização. Exemplo

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disto é o direito de reunião que pode ser restringido no caso de Estado de Sítio ou Defesa. Ou ainda, o direito de propriedade, que é relativizado pela norma da desapropriação e pela necessidade do cumprimento da função social.

A doutrina ainda considera que certos preceitos ético-jurídicos como a moral, os bons costumes e etc. também podem ser usados para conter as normas.

3- Eficácia Limitada - É a norma que, caso não haja regulamentação por meio de lei, não será capaz de gerar os efeitos para os quais foi criada, assim dizemos que tem aplicação indireta ou mediata, pois há a necessidade da existência de uma lei para "mediar" a sua aplicação. Como vimos, é errado dizer que não possui eficácia jurídica, ou que é incapaz de gerar efeitos concretos, pois desde logo manifesta a intenção dos legisladores constituinte, fornecendo conteúdo para ser usado na interpretação constitucional e é capaz de tornar inconstitucionais as normas infraconstitucionais que sejam com ela incompatíveis (daí se falar em eficácia negativa ou paralisante das normas de eficácia limitada). Desta forma, sua aplicação é mediata, mas sua eficácia jurídica (ou seja, seu caráter vinculante) é imediata.

Ex. : O estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 5o , XXXII ) .Se a lei não estabelecesse o Código de Defesa do Consumidor, não se poderia aplicar essa norma por si só, ou, acaso as normas criadas pelo CDC não fossem favoráveis aos consumidores, seriam inconstitucionais por contrariar as normas de eficácia limitada que trata da matéria.

Observação: O prof. José Afonso da Silva, ainda divide as normas de eficácia limitada em dois grupos:

a) Normas de princípio programático - São as que direcionam a atuação do Estado instituindo programas de governo. Terão eficácia diferida e necessitam de atos normativos e administrativos para concretizarem os objetivos para quais foram criadas.

b) Normas de princípio institutivo - São as normas que trazem apenas um direcionamento geral, e ordenam o legislador a organizar ou instituir órgãos, instituições ou regulamentos, observando os direcionamentos trazidos. O professor ressalta as expressões "na forma da lei", "nos termos da lei", "a lei estabelecerá" e etc. como meios de identificação destas normas.

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Observação: Baseado na doutrina do Professor Canotilho, ainda podemos classificar as normas programáticas como normas-fim, pois traduz uma finalidade a ser buscada pelo Poder Público.

Eficácia e aplicabilidade segundo a Maria Helena Diniz: A classificação das normas, segundo esta autora, muda pouco comparado a José Affonso da Silva. Maria Helena Diniz aborda mais um tipo em sua classificação: as normas de eficácia absoluta ou supereficazes. Assim, segundo ela, teríamos a seguinte classificação:

1- Eficácia absoluta ou supereficazes: seriam as clásulas pétreas (CF, art. 60 §4°) , ou seja, as normas que não podem ser abolidas por emendas constitucionais. Para esta doutrina, as normas de eficácia absoluta sequer são suscetíveis de emendas constitucionais (este pensamento não é o seguido pelo STF, que aceita o uso das emendas constitucionais desde que usadas para fortalecer ou ampliar as cláusulas pétreas).

2- Eficácia plena = Eficácia plena de J.A. Silva

3- Eficácia relativa restringível = Eficácia contida de J.A. Silva

4- Eficácia relativa complementável = Eficácia limitada de J.A. Silva

Normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais: Art. 5o § Io - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Isso não quer dizer que sejam todas de eficácia plena, como já foi cobrado em concurso. É apenas um apelo para que se busque efetivamente aplicá-las e assim não sejam frustrados os anseios da sociedade.

Lembramos ainda que tanto as plenas como também as contidas possuem aplicação imediata.

Vamos propor um fluxograma para facilitar nossa vida nas questões sobre classificação das normas:

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Pergunta 1 -Você consegue, só pelo que está ali escrito, aplicar o

preceito?

Sim

Pergunta 2a - Existe a possibilidade de que, caso se

edite uma lei, essa norma fique restringida?

Sim Não

Não

Pergunta 2b - A norma busca traçar

um plano de governo para direcionar o Estado, ou é uma norma que está

ordenando a criação de órgãos, institutos

ou regulamentos?

Traça um plano de governo

Ordena a criação de institutos, órgãos ou

regulamentos

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Normas de eficácia exaurida: É o comum o uso do termo "normas de eficácia exaurida" para denominar aquelas normas presentes nos ADCT (atos transitórios) que já perderam o seu poder de produzir novos efeitos jurídicos. Por exemplo:

ADCT, Art 2o. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. ADCT, Art. 3o. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

Tais normas já produziram seus efeitos e, embora permaneçam no corpo da Constituição, não têm papel prático na atualidade ou no futuro. Diz-se que possuem "aplicabilidade esgotada".

45. (FCC/Defensor-DPE-SP/2010) Utilizando-se a classificação de José Afonso da Silva no tocante a eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, a norma constitucional inserida no artigo 5o , XI I : "é inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal", pode ser classificada como norma

a) de eficácia plena, isto é, de aplicabilidade direta, imediata e integral, não havendo necessidade de lei infraconstitucional para resguardar o sigilo das comunicações.

b) de eficácia limitada, isto é, de aplicabilidade indireta, mediata e não integral, ou seja, o sigilo somente poderá ser garantido após a integração legislativa infraconstitucional.

c) de eficácia contida, isto é, de aplicabilidade direta, imediata, porém não integral, ou seja, a lei infraconstitucional poderá restringir sua eficácia em determinadas hipóteses.

d) com eficácia relativa restringível, isto é, o sigilo pode ser limitado em hipóteses previstas em regramento infraconstitucional.

e) de eficácia relativa complementável ou dependente de complementação legislativa, isto é, depende de lei complementar ou ordinária para se garantir o sigilo das comunicações.

Comentários:

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Vamos analisar a questão utilizando fluxograma:

Passo 1 - ler a norma calmamente:

"é inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal" Passo 2 - responder à pergunta 1: Eu consigo aplicar o preceito? Claro... ele garante a inviolabilidade das comunicações. Pronto, as comunicações estão invioláveis! É garantido o sigilo.

Então, a norma tem aplicação imediata, está pronta para ser aplicável.

Passo 3 - responder à pergunta 2a: Ahhh... mas tem um "porém". A norma traz uma possibilidade de restringir o último caso (comunicações telefônicas), por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer.

Desta forma, pode vir uma lei trazendo hipóteses de restrição, contendo a plena aplicação da norma.

Caramba... Já acabou! Estou diante de uma norma que tem aplicação imediata, porém, de eficácia contida, já que ela é aplicável desde logo, mas pode sofrer limitações posteriores em virtude de lei.

Fácil, fácil...

Gabarito: Letra C.

46. (FCC/APOFP-SP/2010) As normas constitucionais de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade direta e imediata, mas não integral, porque sujeitas a restrições. Observa-se que tais restrições podem ser impostas:

a) pelo legislador constitucional, por outras normas constitucionais e como decorrência do uso de conceitos ético-jurídicos consagrados.

b) pelo legislador comum, pelos Tribunais Superiores e pelos Chefes do Poder Executivo.

c) pela União Federal, pelos Estados-membros, pelo Distrito Federal e pelos Municípios com exclusão dos Territórios Federais.

d) por outras normas constitucionais, pelo Supremo Tribunal Federal e pelo órgão superior do Ministério Público Federal.

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e) pelo Conselho da República, pela União Federal, pelos Estados-membros e como decorrência de conceitos ético-jurídicos consagrados.

Comentários: Mais uma ótima questão. Questão bem incomum, mas nada que assuste meus alunos, que estão ou estarão, mais que preparados para o 100%.

Vamos relembrar o conceito de normas de eficácia contida:

"É aquela norma que, embora não precise de qualquer regulamentação para ser alcançada por seus receptores - também tem aplicabilidade direta e imediata, não precisando de lei para mediar os seus efeitos -, poderá ver o seu alcance limitado pela superveniência de uma lei infraconstitucional. Enquanto não editada essa lei, a norma permanece no mundo jurídico com sua eficácia de forma plena, porém no futuro poderá ser restringida pelo legislador infraconstitucional11.

Acabou por aí??? Não, temos uma observação: "Em regra, as normas de eficácia contida são passíveis de restrição por leis infraconstitucionais, porém, também se manifestam como normas de eficácia contida as normas onde a própria constituição estabelece casos de relativização ( . . . ) A doutrina ainda considera que certos preceitos ético-jurídicos como a moral, os bons costumes e etc. também podem ser usados para conter as normas11.

Pronto!!! Fecha a conta e passa a régua!

Gabarito: Letra A.

47. (FCC/Auditor Fiscal - ISS-SP/2007) Dispõem os incisos IX e XI I I do artigo 5o e o artigo 190, todos da Constituição: "Art. 5o. ( . . . ) IX. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XI I I . é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.11 "Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento da propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional." Referidos dispositivos constitucionais consagram, respectivamente, normas de eficácia

a) plena, contida e limitada.

b) contida, limitada e plena.

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c) plena, limitada e contida.

d) contida, plena e limitada.

e) plena, limitada e limitada.

Comentários: Ia normaf passo a passo:

Passo 1 - ler a norma calmamente: é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Passo 2 - responder à pergunta 1:

Eu consigo aplicar o preceito, pois ainda que não tenha lei, a Constituição me assegura a liberdade de expressão.

Passo 3 - responder à pergunta 2a: Não, não existe margem para que uma lei venha a diminuir esta minha liberdade.

Resultado: Norma de eficácia plena.

2a normaf passo a passo:

Passo 1 - ler a norma calmamente: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Passo 2 - responder à pergunta 1:

Eu consigo aplicar o preceito, pois ainda que não tenha lei, a Constituição me assegura a liberdade de profissão. Trata-se então de aplicabilidade imediata.

Passo 3 - responder à pergunta 2a: Sim, a lei pode restringir, pois a CF diz 11 atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer". Ou seja, eu tenho a liberdade de profissão, mas se a lei estabelecer qualificações profissionais, eu tenho que me enquadrar no que a lei diz.

Resultado: Norma de eficácia contida.

3a norma, passo a passo:

Passo 1 - ler a norma calmamente: A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento da propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e

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estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.

Passo 2 - responder à pergunta 1: Eu não consigo aplicar a norma de pronto, pois ela manda que a lei é que venha a estabelecer como serão feitas essas coisas.

Passo 3 - responder à pergunta 2b: A lei virá a estabelecer regulamentações para aquisição e arrendamento.

Resultado: Norma de eficácia limitada, definidora de princípio institutivo.

Gabarito: Letra A

48. (CESPE/ Auditor - SEFAZ-ES/ 2013) As normas constitucionais programáticas caracterizam-se por fixar políticas públicas ou programas estatais destinados à concretização dos fins sociais do Estado, razão pela qual são de aplicação ou execução imediata. Comentários: De fato as normas programáticas são aquelas que definem planos de ação para o Estado, como o combate à pobreza, a marginalização e os direitos sociais previstos no art. 6o da CF. Tais normas têm, no entanto, eficácia diferida, de forma que sua aplicação se dará ao longo do tempo, na medida em que forem sendo concretizadas. Assim, são normas "não autoaplicáveis". Gabarito: Errado.

49. (CESPE/ Auditor - SEFAZ-ES/ 2013) Constitui exemplo de norma de eficácia limitada o dispositivo constitucional segundo o qual os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencherem os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. Comentários: Correto, acaso a matéria não seja regulamentada por meio de lei, não será capaz de gerar os efeitos para os quais foi criada. Gabarito: Correto.

50. (CESPE/ Auditor - SEFAZ-ES/ 2013) As normas constitucionais de eficácia contida não podem ser aplicadas imediatamente, pois necessitam de complementação legal para a produção de efeitos. Comentários:

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Errado, as normas de eficácia contida têm aplicação imediata, de forma que podem ser aplicadas imediatamente, já que não necessitam de complementação legal para produzir efeitos, em verdade, a complementação legal pode vir restringir seus efeitos. Gabarito: Errado.

51. (ESAF/Analista-SUSEP/2010) Quando a Constituição prevê que a ordem econômica e social tem por fim realizar a justiça social, não estamos diante de uma norma-fim, por não abranger todos os direitos econômicos e sociais, nem a toda a ordenação constitucional.

Comentários: Normas-fim são as normas que direcionam o poder público a alcançar um objetivo, uma norma programática. Segundo Canotilho, a determinação constitucional segundo a qual as ordens econômicas e social tem por fim realizar a justiça social constitui uma norma-fim, que permeia todos os direitos econômicos e sociais e os demais princípios informadores da ordem econômica são da mesma natureza.

Gabarito: Errado.

52. (ESAF/AFRFB/2009) O disposto no artigo 5<\ inciso XI I I da Constituição Federal - "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer", cuida-se de uma norma de eficácia limitada.

Comentários: Este é o exemplo mais clássico que temos de uma norma de eficácia contida, já que enquanto a lei não estabelecer as qualificações que devem ser atendidas, será livre o exercício de qualquer profissão.

Gabarito: Errado.

53. (ESAF/AFT/2006) Segundo a doutrina mais atualizada, nem todas as normas constitucionais têm natureza de norma jurídica, pois algumas não possuem eficácia positiva direta e imediata.

Comentários: Todas as normas constitucionais possuem natureza jurídica, pois, todas são escalonadas em hierarquia superior às demais leis. Ainda que algumas não exerçam sua eficácia de forma positiva, elas podem tornar outras normas inconstitucionais, assim devem ser respeitadas.

Gabarito: Errado.

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54. (ESAF/AFC-STN/2005) Uma norma constitucional de eficácia limitada não produz seus efeitos essenciais com a sua simples entrada em vigor, porque o legislador constituinte não estabeleceu sobre a matéria, objeto de seu conteúdo, uma normatividade suficiente, deixando essa tarefa para o legislador ordinário ou para outro órgão do Estado.

Comentários: As normas de eficácia limitada possuem aplicabilidade apenas através da edição de uma norma infraconstitucional para mediar sua aplicação. Por isso diz-se que as normas de eficácia limitada possuem aplicabilidade "mediata" enquanto as normas de eficácia plena e contida possuem aplicabilidade "imediata", estas não dependem da edição de nenhuma outra lei para que comecem a produzir efeitos.

Gabarito: Correto.

55. (ESAF/PFN/2006) Normas constitucionais de eficácia restringida não apresentam eficácia jurídica alguma senão depois de desenvolvidas pelo legislador ordinário.

Comentários: Como nós já comentamos, toda e qualquer norma constitucional possui eficácia jurídica, já que, deve ser respeitada e poderá ser usada para se declarar inconstitucionais as leis de hirerarquia inferior que sejam a ela contrárias.

Gabarito: Errado.

56. (ESAF/Advogado-IRB/2006) Uma norma constitucional classificada quanto à sua aplicabilidade como uma norma constitucional de eficácia contida não possui como característica a aplicabilidade imediata.

Comentários: Como vimos, a aplicabilidade da norma de eficácia contida é imediata, pois consegue produzir seus efeitos imediatamente (diferente do que ocorre com as de eficácia limitada). Desta forma, a norma de eficácia contida não precisa da edição de nenhuma lei para "mediar" seus efeitos, da mesma forma que as de eficácia plena. A diferença entre ela e a plena ocorre apenas pelo fato de que, no futuro, pode vir alguma lei que restrinja o seu alcance.

Gabarito: Errado.

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Poder Constituinte:

GRAVEM MUITO BEM UM COISA: Em direito, quase todos os termos tem um origem lógica, quanto mais vocês ficarem atentos a isso, mais fácil a vida de vocês será facilitada.

Poder Constituinte é o poder de "constituir", ou seja, de fazer ou modificar aquilo que está escrito como "Constituição".

Espécies: O tal do "poder de constituir" (poder constituinte) se divide basicamente em 2: originário e derivado. Veja, originário vem de "origem" (simples não?!). Assim, o poder originário é o que expressa a vontade inicial do Povo, dá origem a toda a ordenação estatal, constituindo o Estado e, dessa forma, fazendo surgir a Constituição. Ele pode também ser chamado de poder constituinte de primeiro grau.

O poder derivado é o que "deriva" do inicial, ele é criado pelo poder constituinte originário, que lhe dá o poder de modificar as coisas que foram anteriormente estabelecidas ou estabelecendo coisas que não foram inicialmente previstas, é o chamado poder constituinte de segundo grau.

De uma forma mais analítica, podemos elencar 5 poderes constituintes (sempre um único originário e o resto derivando dele):

1- Originário (PCO) - É o poder inicial do ordenamento jurídico, um poder político (organizador). Todos os outros são poderes jurídicos, pois foram instituídos pelo originário, ou seja, já estão na ordem jurídica, enquanto o originário é "pré-jurídico".

2- Derivado Reformador - É o poder de fazer emendas constitucionais. Trata-se da reforma da Constituição, ou seja, a alteração formal de seu texto. (CF, art. 60).

3- Derivado Revisor - É o poder que havia sido instituído para se manifestar 5 anos após a promulgação da Constituição e depois se extinguir. Seu objetivo era restabelecer uma possível instabilidade política causada pela nova Constituição (instabilidade esta que não ocorreu). O poder , então, manifestou-se em 1994, quando foram elaboradas as 6 emendas de revisão, e após isso acabou, não podendo ser novamente criado, segundo a doutrina. O procedimento de revisão constitucional era um procedimento bem mais simples que a reforma (vide CF, art. 3o ADCT).

4- Derivado Decorrente - É o poder que os Estados possuem para elaborarem as suas Constituições Estaduais. É a faceta da autonomia estatal chamada de "auto-organização".

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A criação pelos Municípios de suas "leis orgânicas municipais" não é considerada como fruto deste poder constituinte decorrente, já que a lei orgânica não possui aspecto formal de constituição e sim de uma lei ordinária, embora materialmente seja equiparada a uma Constituição. No entanto, alguns doutrinadores costumam dizer que se trata de um "poder constituinte de terceiro grau".

5- Difuso - Ganha espaço na doutrina recente. É o poder de se promover a mutação constitucional. Mutação constitucional é a alteração do significado das normas constitucionais sem que seja alterado o texto formal. Ela se faz através das novas interpretações emanadas principalmente pelo Poder Judiciário. Assim, diz-se que a mutação provoca a alteração informal da Constituição. Informal porque não altera a "forma", ou seja, a estrutura do texto, mas somente a sua interpretação.

Poder Constituinte Originário X Derivado: O poder constituinte originário (PCO) é um poder inovador, defendido pioneiramente pelo Abade Sieyès, em sua obra "O que é o terceiro Estado?" publicada pouco antes da Revolução Francesa. Assim, segundo o abade, decorreria da soberania que a nação possui para organizar o Estado. Decorrente do pensamento de Sieyés, temos que o povo é o titular da soberania (poder supremo que é exercido pelo Estado nos limites de um determinado território, sem que se reconheça nenhum outro de igual ou maior força) e por consequência disso, também será o titular do poder constituinte originário, que é a expressão desta soberania.

Como já vimos, o PCO não é um poder jurídico, mas sim um poder político, ele é inicial, tem seu fundamento de validade anterior à ordem jurídica. Assim, ele é o poder que organiza o Estado. Quando se faz uso do poder constituinte originário está se organizando o Estado e assim criando a ordem jurídica. Dentro desta ordem jurídica estará também instituindo-se os demais poderes constituintes (revisor, reformador e decorrente). Estes poderes, então, serão chamados de poderes jurídicos, já que foram instituídos pelo PCO e retiram o seu fundamento diretamente da ordem jurídica instituída. Tais poderes não são mais poderes iniciais, mas sim derivados.

Os poderes constituintes derivados estão presentes no corpo da Constituição. Eles possuem sua manifestação condicionada pelo PCO

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nos limites do texto constitucional. Na CF brasileira, os encontramos nos seguintes dispositivos:

Reformador - CF, art. 60;

Revisor - CF, ADCT, art. 3 o ;

Decorrente - CF, art. 25 e CF, ADCT, art. 11.

Difuso - Embora não esteja expresso na CF, decorre implicitamente dela, reconhecido pela doutrina e jurisprudência, através do poder que os órgãos políticos possuem de direcionar o Estado, interpretando a Constituição.

Modos de manifestação do Poder Constituinte Originário: O Poder Constituinte Originário, segundo alguns doutrinadores, pode ser considerado histórico (quando sua manifestação ocorre para dar origem a um novo Estado) ou revolucionário (quando sua manifestação tem como objetivo instituir uma nova ordem política e jurídica em um Estado já existente).

Embora entenda-se que o poder constituinte tem o povo como seu titular, e é na vontade desse povo que se deve instituir a nova ordem, muitas vezes esse poder é usurpado pelo governante. Na história, então, vemos que este poder tem sido manifestado das seguintes formas:

• Convenção ou Assembleia Nacional Constituinte - Reunião de legitimados pelo povo para que se elabore um texto constitucional.

• Revolução - Depõe-se através de uma revolução o poder até então vigente, para que se institua uma nova ordem constitucional.

• Outorga - O governante, unilateralmente impõe uma nova Constituição (ou Carta Constitucional) de observância obrigatória para o povo, sem que este se manifeste.

• Método Bonapartista ou Cesarista - O governante impõe a Constituição ao povo, porém, este ratifica o texto constitucional através de um referendo. Desta forma, não obstante ser um Constituição outorgada, temos a participação popular para que entre em vigor.

Titular do Poder X Exercente do Poder: É comum que as pessoas confundam o exercício com a titularidade, achando que por ser a Assembleia Nacional Constituinte a reunião de legitimados, ela tomaria para si a titularidade.

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O titular do poder é o povo, pois ele é o titular do Poder Político, poder para organizar o Estado. A Assembleia Nacional Constituinte é apenas o exercente deste poder do povo, que é permanente, não se esgotando com a feitura da Constituição. Já que se o povo perceber que aquela ordem constitucional não é mais válida para seus anseios, poderá dissolvê-la e instituir uma nova.

Poder Constituinte Supranacional: Entendimentos recentes defendem a possibilidade da existência do poder constituinte supranacional, aquele que transcenderia às fronteiras de um Estado. Ele ocorreria na medida em que se criaria uma Constituição única para ordenar politicamente e juridicamente diversos Estados, como se tentou, sem sucesso, na União Européia.

Características do PCO e suas definições:

1- Poder político - Pois é ele que organiza o Estado e institui todos os outros poderes;

2- Inicial - É ele que dá início a todo o novo ordenamento jurídico;

3- Ilimitado, irrestrito, ou soberano - Não reconhece nenhuma limitação materialao seu exercício (é o que diz a corrente positivista adotada pelo Brasil). Uma parte da doutrina que resgata o pensamento "jusnaturalista" diz que o PCO deve ser limitado pelos direitos humanos supranacionais. Porém, para fins de concurso esta afirmação não é válida, a não ser que se mencione expressamente a doutrina jusnaturalista, já que o Brasil adota majoritariamente a corrente positivista.

Apesar dessa inexistência de limitações defendida pela corrente positivista, existe historicamente nas Constituições (de países democráticos) um respeito dos princípios básicos como o da dignidade da pessoa humana e da justiça. A diferença é que para os jusnaturalistas esse respeito seria uma obrigação instransponível, enquanto para os positivistas seria apenas um bom senso, um respeito aos direitos conquistados, e decorrência lógica dos regimes que se pretendem instituir.

4- Autônomo - Ele não se submete a nenhum outro poder.

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5- Incondicionado - Não existe nenhum procedimento formal pré-estabelecido para que ele se manifeste.

6 - Permanente - Porque não se esgota no momento de seu exercício.

tome notaX Cada característica possui a sua

exclusiva definição. Não se pode definir a uma certa característica usando a definição de outra.

Desta forma, é incorreto, por exemplo, falar que "o PCO é ilimitado, pois não se sujeira a nenhum procedimento pré-estabelecido de manifestação". É errado pois definiu "ilimitado" com o conceito de "incondicionado". Isso é muito comum em concursos.

Características dos Poderes Derivados (em especial o reformador) e suas definições

1- Poder Jurídico - Pois foi instituído pelo PCO dentro da ordem jurídica.

2- Derivado - Pois não é o inicial, e sim deriva do PCO.

3- Condicionado - Pois sua manifestação se condiciona ao rito estabelecido pelo art. 60

4- Limitado - Deve respeitar os limites impostos pela Constituição.

Consequências do exercício do Poder Constituinte Originário:

1- Revogação de todo o ordenamento constitucional anterior.

Ao entrar em vigor, inaugurando a nova ordem jurídica, a nova constituição revoga completamente todas as normas da constituição anterior. Desta forma, não é aceito no Brasil a chamada "teoria da desconstitucionalização". A teoria da desconstitucionalização defende que as normas constitucionais anteriores, que não fossem conflitantes, estariam albergadas pela nova Constituição, continuando assim a vigorar, porém, com status rebaixado, como se fossem leis ordinárias. Essa posição, aceitando a "teoria da desconstitucionalização" só deverá ser marcada como correta no concurso caso se fale em "doutrina minoritária".

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2- Recepção do ordenamento infraconstitucional compatível ma teriaImen te.

Essa é a chamada teoria da recepção. Agora, não estamos falando mais de normas constitucionais e sim daquelas leis com status inferior à Constituição. Nessa teoria, entende-se que todas essas leis que forem compatíveis em seu conteúdo com a nova Constituição serão recebidas por esta e continuarão a viger, independente de sua forma. É uma face do princípio da conservação das normas e da economia legislativa.

Ratificamos que para que ocorra a recepção basta analisar seu conteúdo material, pouco importando a forma. Por exemplo, o CTN (Lei n° 5.172/66) criado como lei ordinária em 1966 sob a vigência da CF de 1946 vigora até os dias de hoje, mas com status de lei complementar, que é a forma exigida para o tratamento da matéria tributária pela CF de 1967 e 1988. Ainda falando sobre CTN, vemos neste caso uma recepção parcial, já que parte de seu conteúdo contraria o disposto na CF/88 e assim está revogada, vigorando apenas uma parte que não é conflitante com a Constituição. Assim, a recepção parcial é perfeitamente válida.

Outro fator que deve ser levado em consideração ao falar em recepção é o fato que só podem ser recepcionadas normas que estejam em vigor no momento do advento da nova constituição, assim, normas anteriores já revogadas, anuladas, ou ainda em vacatio legis (período normalmente de 45 dias entre a publicação da lei e a sua efetiva entrada em vigor) não poderão ser recepcionadas.

As normas que não forem recepcionadas serão consideradas revogadas. Não há o que se falar em inconstitucionalidade delas, pois para que uma norma seja considerada inconstitucional, ela já deve nascer com algum problema, algum vício. Assim, não existe no Brasil a tese da "inconstitucionalidade superveniente", ou seja, uma lei para ser inconstitucional ela deve nascer inconstitucional, se ela não nasceu com o vício (inconstitucionalidade congênita) ela nunca irá durante sua existência se tornar inconstitucional, podendo ser, no máximo, revogada.

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Rèvogação - não se pode falar em inconstitucionalidade superveniente. Para ser inconstitucional tem que fazer a averiguação da compatibilidade em face da CF do momento que foi criada.

3- Produção de efeitos com retroatividade mínima.

Quando uma lei é publicada, em regra, esta lei é irretroativa, ou seja, será aplicada somente para os fatos que ocorrerem em data posterior à entrada em vigor.

Diz-se que as normas constitucionais, ao contrário das leis, são dotadas de retroatividade (podem retroagir), mas trata-se de uma retroatividade mínima, já que só retroagem para alcançar os efeitos futuros dos casos passados. A doutrina divide os efeitos da retroatividade das normas, geralmente em 3 modos:

• Máxima - Quando atinge inclusive os fatos passados já consolidados. Ex. As prestações que já venceram e que já foram pagas.

• Média - Quando atinge os fatos passados, mas apenas se estes estiverem pendentes de consolidação.Ex. As prestações já vencidas mas que não foram pagas.

• Mínima - Quando não atinge os fatos passados, mas apenas os efeitos futuros que esses fatos puderem vir a manifestar. Essa é a teoria adotada no Brasil. Ex. As prestações que ainda irão vencer.

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Importante salientar que: esta é a regra que acontece caso a Constituição não diga nada a respeito. Já que, como o PCO é um poder ilimitado, ele poderá inclusive retroagir completamente, desde que faça isso de forma expressa no texto.

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Para explicar e exemplificar essa produção de efeitos: Existem basicamente 2 coisas: retroatividade e irretroatividade.

Irretroatividade significa que não alcança nada que veio do passado. É irretroativo, não retroage nada, vale somente daqui pra frente, e somente para o que for acontecer daqui pra frente.

Retroatividade significa que, de alguma forma, pegaremos algo que está no passado, ou que veio do passado.

Esse "passado", por sua vez, está dividido em 3 coisas (imagine um contrato de compra de algo, com pagamento feito em parcelamentos):

1- Temos vários fatos que já se consumaram (a assinatura do contrato e as parcelas que venceram no passado, já foram pagas, e acabou!).

2- Aqueles fatos que ainda não se consumaram (parcelas que venceram no passado, mas ainda não foram pagas, logo ainda não se consumaram).

3- Os efeitos futuros dos fatos passados (as parcelas que ainda nem venceram, vão vencer, mas são decorrentes desse contrato firmado no passado).

Se a nova norma alcançar o caso 1 é será retroatividade máxima, o caso 2 é média e o 3 é mínima.

Os 3 casos dizem respeito a algo no passado, nem que tenha sido um contrato firmado, pendente do pagamento de parcelas.

Se 49estivéssemos diante de uma irretroatividade, o simples fato de esse contrato ter sido firmado no passado, já o deixaria livre de sofrer qualquer modificação, seja no seu teor ou seja nas parcelas decorrentes dele.

Um exemplo muito utilizado para se demonstrar a produção de efeitos com retroatividade mínima é a "vedação da vinculação ao salário mínimo" - CF, art. 7o , IV.

Com o advento da Constituição em 1988 ficou vedada a vinculação de pensões e benefícios em geral a certo número de salários mínimos. Assim, no momento da vigência da norma constitucional, era necessário modificar a maneira de calculá-las, pois a norma é de aplicação imediata. No entanto, essa nova maneira de calcular o benefício não vai retroagir alcançando aqueles proventos que já foram pagos, nem aqueles proventos que já deviam ter sido pagos mas não foram. Vai valer somente para os próximos proventos.

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Veja que não podemos confundir isso com "irretroatividade", pois estamos falando de um benefício que tem o seu início no passado e será atingido pela nova norma. Se a norma fosse irretroativa, os novos vencimentos continuariam sendo pagos com a vinculação anterior estabelecida em número de salários mínimos e não é isso que ocorre. O fato passado foi alcançado, mas somente em seus "efeitos futuros".

Reforma Constitucional:

Como vimos, a reforma constitucional, fruto do PCD reformador, está condicionada e limitada no art. 60 da Constituição Federal. Vamos ver quais são as condições e limitações ao seu exercício:

Iniciativa da Emenda Constitucional de Reforma (CF, art. 60)

A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

1. De pelo menos 1/3 dos Deputados ou Senadores; 2. Do Presidente da República; 3. De mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Obs. Maioria relativa = maioria simples (mais da metade dos votos dos presentes);

Limitação circunstancial

(CF, art. 60 §1<>)

A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

Limitação Procedimental

(CF, art. 60 §2°)

A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 do votos dos respectivos membros.

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Promulgação

(CF, art. 60 §3° )

A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

Limitação Material Expressa (Cláusulas Pétreas Expressas)

(CF, art. 60 §4° )

Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

1. a forma federativa de Estado;

2. o voto direto, secreto, universal e periódico;

3. a separação dos Poderes;

4. os direitos e garantias individuais.

Obs.Entende-se que não se pode sequer reduzir o alcance destas matérias, mas observe que elas não são imutáveis, pois poderá ser mexido no caso de aumentar o poder de alcance delas.

Obs2. Voto obrigatório não é cláusula pétrea, apenas o fato de ser direto, secreto, universal e periódico.

Limitação Material Implícita (Cláusulas Pétreas Implícitas)

(Reconhecidas pela doutrina e jurisprudência )

1. o povo como titular do poder constituinte;

2. o poder igualitário do voto.

3. o próprio art. 60 (que estabelece os procedimentos de reforma);

Princípio da irrepetibilidade (Limitação Formal)

(CF, art. 60 §5° )

A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Obs2. Não confunda sessão legislativa (anual) com legislatura

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(período de 4 anos).

Limitação Temporal A limitação temporal ocorre quando somente depois de decorrido certo lapso temporal a Constituição poderá ser reformada.

A CF/88 não estabeleceu nenhuma limitação temporal, mas, tal limitação pode ser encontrada em Constituições de outros países.

Demais considerações:

• Veja que a forma republicana não foi protegida pela Constituição de 1988 como uma cláusula pétrea. Expressamente, é apenas um princípio sensível, aquele que se não for respeitado ensejará uma "intervenção federar'. O entendimento sobre isso não é unânime, algumas doutrinas reconhecem a forma republicana como cláusula pétrea implícita, devido à proteção dada ao "voto periódico", típico dos governos republicanos. Em concursos, se não houver abertura na questão para os pensamentos doutrinários, deve-se indicar que a república não é uma cláusula pétrea.

• Lembre-se que são gravados de forma pétrea apenas os direitos e garantias individuais, mas, estes não se resumem ao art. 5o da CF, estando espalhados ao longo dela.

• Essa vedação à alteração do art. 60 (cláusula pétrea implícita) é o que chamamos de proibição à "dupla revisão", ou seja, é vedado que o legislador primeiramente modifique o art. 60, desprotegendo as matérias gravadas como pétreas, e depois edite outra emenda extinguindo as cláusulas. Alguns entendem que essa vedação de modificação do art. 60 seria absoluta, não podendo o legislador alterar este rito, nem facilitando, nem dificultando o processo.

Revisão Constitucional: CF, ADCT, art. 3o ->A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da data de promulgação da CF, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameraL

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Revisão Constitucional:

CF, ADCT, art. 3o ->A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da data de promulgação da CFpelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral.

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Essas emendas têm o mesmo poder das emendas de reforma, mas, percebe-se que foi um procedimento mais simples(bastava maioria absoluta em sessão unicameral, enquanto as outras será 3/5, em 2 turnos, nas duas Casas), porém, após o uso deste poder de revisão, ele se extinguiu não podendo mais ser utilizado e nem se pode por EC criar outro similar.

Mutação Constitucional:

É um tema muito relevante na atualidade. Trata-se da alteração do significado das normas constitucionais sem que seja alterado o texto formal. Ela se faz através das novas interpretações emanadas principalmente pelo Poder Judiciário. Assim, diz-se que a mutação provoca a alteração informal da Constituição. É fruto do Poder Constituinte Derivado Difuso.

Diz-se que a alteração é "informal11 pois não altera a "forma" como a norma está escrita. O dispositivo constitucional continua lá, igualzinho, o que se muda é apenas a forma de interpretá-lo. Exemplo:

CF, art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade; à igualdade, à segurança e à propriedade(...).

Veja que o dispositivo acima diz o termo "residente", assim, em uma leitura "seca", poderíamos concluir que somente aquele estrangeiro que decidisse fixar o seu domicílio no Brasil é que teria acesso às inviolabilidades ali previstas. Certo? Porém, o STF decidiul2 que deve ser entendido como "todo estrangeiro que estiver em território brasileiro e sob as leis brasileiras, mesmo que em trânsito". Assim o estrangeiro em trânsito também estará amparado pelos direitos individuais.

Isso foi uma mutação constitucional. A forma como está escrito o dispositivo continuou a mesma. Porém, informalmente, deu-se uma interpretação expansiva, aumentando o leque de proteção daqueles direitos.

Princípios a serem observados pelo Poder Constituinte Derivado Decorrente:

O Poder Constituinte Derivado Decorrente fornece o principal passo da auto-organização estadual. Este poder como sabemos não é

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ilimitado, precisa observar certos princípios (que serão visto em pormenores posteriormente). São eles:

• Os princípios sensíveis - são aqueles presentes no art. 34, VII da Constituição Federal, que se não respeitados poderão ensejar a intervenção federal.

• Os princípios federais extensíveis (ou comuns) - são aqueles princípios federais que são aplicáveis pela simetria federativa aos demais entes políticos, como por exemplo, as diretrizes do processo legislativo, dos orçamentos e das investiduras nos cargos eletivos. São também chamados de "princípios comuns" pois se aplicam a todos os entes da federação, de forma comum.

j fique atento! Simetria federativa seria "espelhar" em

cada esfera da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) aqueles princípios básicos, que podem ser estendidos. Por exemplo: Aquilo que cabe ao Presidente da República em âmbito federal, caberá ao Governador no âmbito estadual, e ao Prefeito no âmbito municipal (observados, obviamente, certas peculiaridades e limites).

• Os princípios estabelecidos - são aqueles que estão expressamente ou implicitamente no texto da Constituição Federal limitando o poder constituinte do Estado-membro.

57. (FCC/Defensor-DPE-RS/2011) No que se refere ao Poder Constituinte, é INCORRETO afirmar:

a) O Poder Constituinte genuíno estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes que o regerão.

b) Existe Poder Constituinte na elaboração de qualquer Constituição, seja ela a primeira Constituição de um país, seja na elaboração de qualquer Constituição posterior.

c) O Poder Constituinte derivado decorre de uma regra jurídica constitucional, é ilimitado, subordinado e condicionado.

d) Quando os Estados-Federados, em razão de sua autonomia político-administrativa e respeitando as regras estabelecidas na Constituição Federal, autoorganizam-se por meio de suas constituições estaduais estão exercitando o chamado Poder Constituinte derivado decorrente.

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Simetria federativa seria "espelhar" em cada esfera da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) aqueles princípios básicos, que podem ser estendidos. Por exemplo: Aquilo que cabe ao Presidente da República em âmbito federal, caberá ao Governador no âmbito estadual, e ao Prefeito no âmbito municipal (observados, obviamente, certas peculiaridades e limites).

• Os princípios estabelecidos - são aqueles que estão expressamente ou implicitamente no texto da Constituição Federal limitando o poder constituinte do Estado-membro.

57. (FCC/Defensor-DPE-RS/2011) No que se refere ao Poder Constituinte, é INCORRETO afirmar:

a) O Poder Constituinte genuíno estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes que o regerão.

b) Existe Poder Constituinte na elaboração de qualquer Constituição, seja ela a primeira Constituição de um país, seja na elaboração de qualquer Constituição posterior.

c) O Poder Constituinte derivado decorre de uma regra jurídica constitucional, é ilimitado, subordinado e condicionado.

d) Quando os Estados-Federados, em razão de sua autonomia político-administrativa e respeitando as regras estabelecidas na Constituição Federal, autoorganizam-se por meio de suas constituições estaduais estão exercitando o chamado Poder Constituinte derivado decorrente.

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e) Para parte da doutrina, a titularidade do Poder Constituinte pertence ao povo, que, entretanto, não detém a titularidade do exercício do poder.

Comentários: Letra A - Correto. Genuíno está como sinônimo de ''originário''. É o poder inicial, criador.

Letra B - Correto. Sempre que se criar uma Constituição há manifestação de poder constituinte. Segundo a doutrina o poder constituinte pode ser considerado histórico (quando sua manifestação ocorre para dar origem a um novo Estado) ou revolucionário (quando sua manifestação tem como objetivo instituir uma nova ordem política e jurídica em um Estado já existente).

Letra C - Errado. O PCD é realmente subordinado e condicionado, porém ele é "limitado" e não "ilimitado" como diz a assertiva.

Letra D - Correto. O PCD decorrente é o Poder que os Estados possuem para se auto organizarem, criando suas constituições.

Letra E - Correto. A titularidade do Poder não se confunde com o exercício do Poder. O Povo é o titular do Poder, porém, que o exerce é a Assembleia Constituinte que elabora uma Constituição tendo como finalidade os anseios do Povo.

Gabarito: Letra C.

58. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) Poder constituinte revolucionário é aquele responsável pelo surgimento da primeira Constituição de um Estado.

Comentários: Errado. O poder constituinte originário pode ser subdividido em histórico (ou fundacional) e revolucionário. Histórico seria o verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez, o Estado. Revolucionário seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a ordem estabelecida e instaurando um novo Estado, logo ele não é responsável pela primeira Constituição.

59. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) Os princípios constitucionais extensíveis consagram normas organizatórias para a União que se estendem aos estados, seja por previsão constitucional expressa ou implícita.

Comentários: Correto. Exatamente isso.

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60. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) O poder constituinte derivado caracteriza-se por ser um poder instituído, ilimitado e incondicionado juridicamente.

Comentários: Errado. O PCD se caracteriza por ser jurídico, e não político; derivado, porque não é originário; condicionado juridicamente, pois sua manifestação se condiciona ao rito estabelecido na Constituição e limitado, pois deve observar os limites estabelecidos na Constituição. Gabarito: Errado.

61. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) O poder constituinte decorrente é aquele encarregado da alteração do texto constitucional. Comentários: Errado, o poder constituinte decorrente tem a função de estruturar as constituições dos estados membros. As características da questão se referem ao PCD reformador. Gabarito: Errado.

62. (CESPE/AJAJ - TRE-MS/2013) A recepção material de normas constitucionais pretéritas é admitida pelo direito constitucional brasileiro, inclusive de forma tácita.

Comentários: Não se pode falar em recepção de normas "constitucionais", apenas de normas infraconstitucionais, já que, com o advento de uma nova Constituição, todas as normas de status constitucional pretéritas ficam revogadas.

Gabarito: Errado.

63. (CESPE/AJAJ - TRE-MS/2013) Com o advento de uma nova Constituição, toda a legislação infraconstitucional anterior torna-se inválida.

Comentários: Isso é o que acontece com a legislação "constitucional". A legislação infraconstitucional só será revogada caso seja materialmente incompatível, caso contrário ela não fica revogada, mas é recepcionada pela nova ordem.

Gabarito: Errado.

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64. (CESPE/AJAJ- TRE-MS/2013) O voto direto, secreto, universal e periódico é considerado cláusula pétrea da CF.

Comentários: É a previsão do art. 60, § 4o da CF, que traz as cláusulas pétreas expressas, in verbis; "Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: II - o voto direto, secreto, universal e periódico".

Gabarito: Correto.

65. (CESPE/AJAJ- TRE-MS/2013) O poder constituinte originário é inicial, incondicionado, mas limitado aos princípios da ordem constitucional anterior.

Comentários: O PCO é considerado inicial, ilimitado e incondicionado.

Gabarito: Errado.

66. (ESAF/PFN/2012) Sobre o poder constituinte, é incorreto afirmar que

a) o poder constituinte originário é inicial, ilimitado e incondicionado.

b) o poder constituinte derivado é limitado e condicionado. c) o poder constituinte decorrente, típico aos Estados Nacionais unitários, é limitado, porém incondicionado. d) os limites do poder constituinte derivado são temporais, circunstanciais ou materiais.

e) a soberania é atributo inerente ao poder constituinte originário.

Comentários: Letra A - Correto. O PCO realmente é inicial, por ser a base da nova ordem jurídica, ilimitado por não possuir conteúdos que não possa tratar e incondicionado, por não se sujeitar a nenhum procedimento pré-estabelecido.

Letra B - Correto. O PCD possui limitações de conteúdo, por isso é limitado e também limitações procedimentais, por isso é incondicionado.

Letra C - Errado. Poder Derivado Decorrente é típico de Federações e não de Estados Unitários, já que se trata do Poder dos Estados membros em editar suas próprias constituições. Por ser derivado, também é limitado e condicionado.

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Letra D - Correto. Trata-se de assertiva doutrinária. No Brasil, não há limitações temporais ao Poder de Reforma, mas doutrinariamente elas existem. Assim, as limitações temporais seriam aquele lapso temporal, antes do qual o Poder Derivado não poderia ser exercido, por expressa previsão do Poder Originário. As circunstanciais seriam impedimentos para o exercício do Poder Derivado quando fossem observadas certas circunstâncias (no Brasil: intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa) e as materiais seriam as limitações de conteúdo a ser tratado, as famosas "cláusulas pétreas".

Letra E - Correto. O Poder Constituinte Originário é Soberano, pois é um Poder Político que expressa a vontade do Povo em organizar o Estado, através da elaboração de sua Constituição.

Gabarito: Letra C.

67. (ESAF/MDIC/2012) O Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. A respeito do Poder Constituinte, é correto afirmar que

a) no Poder Constituinte Derivado Reformador, não há observação a regulamentações especiais estabelecidas na própria Constituição, vez que com essas limitações não seria possível atingir o objetivo de reformar.

b) o Poder Constituinte Originário é condicionado à forma prefixada para manifestar sua vontade, tendo que seguir procedimento determinado para realizar sua constitucionalização.

c) no Poder Constituinte Derivado Decorrente, há a possibilidade de alteração do texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição. No Brasil é exercitado pelo Congresso Nacional.

d) as formas básicas de expressão do Poder Constituinte são outorga e convenção.

e) o Poder Constituinte Originário não é totalmente autônomo, tendo em vista ser necessária a observância do procedimento imposto pelo ordenamento então vigente para sua implantação.

Comentários:

Letra A - Errado. O Poder Constituinte Derivado Reformador (PCD Reformador) é o poder de se modificar o texto constitucional através de emendas constitucionais, alterando aquilo que está escrito na

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Constituição. Como se trata de um procedimento bastante peculiar, não pode ser usado de forma indiscriminada, tendo a Constituição estabelecido expressamente, em seu art. 60 (e seus parágrafos) procedimentos e limitações especiais para que se consiga efetivar as respostas. Destacamos a impossibilidade de suprimir as cláusulas pétreas (CF, art. 60 §4°) que são as chamadas "limitações materiais", além de diversas limitações chamadas de "circunstanciais", "procedimentais" e "formais".

Letra B - Errado. O Poder Constituinte Originário (PCO) é o poder inicial, político, que é responsável por concretizar no texto constitucional a vontade suprema do Povo, por este motivo, é um poder incondicionado (não possui nenhuma limitação procedimental) e também ilimitado (não possui nenhuma limitação quanto ao conteúdo que será tratado)

Letra C - Errado. Esta seria a definição do PCD Reformador. O PCD Decorrente é o poder que os Estados-membros de nossa federação (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás.. ,) possuem para elaborar suas próprias constituições estaduais.

Letra D - Correto. É isso aí. Basicamente a Constituição pode ter origem em uma "outorga" (imposição unilateral da vontade) ou em uma "convenção" (formação da assembleia constituinte para manifestar a vontade do povo)

Letra E - Errado. O PCO é um poder supremo, por este motivo é inicial, autônomo, incondicionado, ilimitado.

Gabarito: Letra D.

68. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Sobre o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado, assinale a única alternativa correta.

a) A revisão constitucional prevista por uma Assembleia Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitações expressas e implícitas originalmente definidas no texto constitucional.

b) Entre as características do poder constituinte originário destaca-se a possibilidade incondicional de atuação, ou seja, a Assembleia Nacional Constituinte não está sujeita a forma ou procedimento pre-determinado.

c) O poder constituinte derivado decorrente é aquele atribuído aos parlamentares no processo legiferante, em que são discutidas e

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aprovadas leis, observadas as limitações formais e materiais impostas pela Constituição.

d) O poder emanado do constituinte derivado reformador, que é fundado na possibilidade de alteração do texto constitucional, não é passível de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal.

e) O titular do poder constituinte é aquele que, em nome do povo, promove a instituição de um novo regime constitucional ou promove a sua alteração.

Comentários: Letra A - Errada. O erro da questão está em dizer que não respeitaria as limitações. Segundo o STF a revisão constitucional deve sofrer as limitações materiais da reforma constitucional (ADI 981-MC, Rei. Min. Néri da Silveira, julgamento em 17-3-93, DJ de 5-8-94).

Letra B - Correta. Não existe procedimento pré-fixado para o PCO se manifestar. Ele é incondicionado.

Letra C - Errada. Processo legiferante (elaboração de leis) não é Poder Constituinte, já que este se resume a elaboração e modificação de "Constituições" e não de leis. O PCD Decorrente é o poder de os Estados-membros elaborarem as Constituições Estaduais.

Letra D - Errada. É pacífico o entendimento de que cabe controle jurisdicional sobre o procedimento de reforma elaborado fora dos termos estabelecidos pela Constituição.

Letra E - Errado. O titular do PC é o próprio povo.

Gabarito: Letra B

69. (ESAF/PFN/2006) Considerando o Direito Brasileiro, assinale a opção correta, no que diz respeito às consequências da ação do poder constituinte originário.

a) Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituição entrega à competência privativa dos Municípios fica imediatamente revogada com o advento da nova Carta.

b) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi editada, mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora objeto de controle de constitucionalidade, não é considerada recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e esteja de acordo com o novo processo legislativo.

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c) Para que a lei anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que seja compatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como do conteúdo dos seus preceitos.

d) Normas não recebidas pela nova Constituição são consideradas, ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade superveniente.

e) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal convergem para afirmar que normas da Constituição anterior ao novo diploma constitucional, que com este não sejam materialmente incompatíveis, são recebidas como normas infraconstitucionais.

Comentários: Letra A - Errada. Se uma lei federal anterior trata de assunto que agora pertence aos Municípios, essa lei federal, se compatível materialmente, passará a viger no novo ordenamento jurídico como se fosse uma lei municipal, não sendo assim revogada. O inverso, porém, não é verdadeiro, pois não podemos vislumbrar a recepção como lei federal de normas municipais, pois haveria um conflito sobre qual norma dos milhares de municípios brasileiros é que seria a aproveitada, o que não acontece no caso do aproveitamento da norma federal pelos municípios.

Letra B - Correta. Não existe recepção de normas inconstitucionais. Ainda que a nova Constituição permita a matéria tratada, não há convalidação do vício.

Letra C - Errada. Para que haja recepção, basta analisar a matéria (conteúdo). Não importa o aspecto formal.

Letra D - Errada. Nós vimos que as normas que não forem recepcionadas serão consideradas REVOGADAS, não há o que se falar em inconstitucionalidade superveniente no Brasil. Para uma lei ser considerada inconstitucional ela deve nascer inconstitucional, nunca poderá se tornar inconstitucional ao longo do tempo.

Letra E - Errada. Essa seria a teoria da "desconstitucionalização", tal teoria não é aceita no Brasil que considera como revogadas todas as normas constitucionais anteriores, não havendo qualquer aproveitamento de normas constitucionais, apenas das normas infraconstitucionais.

Gabarito: Letra B.

70. (ESAF/PFN/2006 - Adaptada) Do poder constituinte dos Estados-membros é possível dizer que é inicial, limitado e condicionado.

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Comentários: Como visto, trata-se de um poder derivado (decorrente), ele realmente é limitado e condicionado, porém, não é inicial já que, como o nome diz, ele é "derivado", deriva do PCO.

Gabarito: Errado.

71. (ESAF/AFRF/2005) Sobre o poder constituinte, marque a única opção correta.

a) A impossibilidade de alteração da sua própria titularidade é uma limitação material implícita do poder constituinte derivado.

b) A existência de cláusulas pétreas, na Constituição brasileira de 1988, está relacionada com a característica de condicionado do poder constituinte derivado.

c) Como a titularidade da soberania se confunde com a titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a titularidade do poder constituinte originário é do Estado, uma vez que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.

d) A impossibilidade de a Constituição Federal ser emendada na vigência de estado de defesa se constitui em uma limitação material explícita ao poder constituinte derivado.

e) O poder constituinte originário é inicial porque não sofre restrição de nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior.

Comentários: Letra A - Correto. O povo como o titular do Poder Constituinte é implicitamente protegido como cláusula pétrea, bem como o próprio art. 60 que não pode ser alterado para que não ocorra a "dupla revisão".

Letra B - Errada. Essa é um tipo de questão "clássica" nos concursos ESAF, ou seja, começou a colocar as características e embolar as definições. A característica que se relaciona às cláusulas pétreas é a de "limitado". A característica de ser condicionado se refere ao "procedimento" e não à proteção de "conteúdo".Cada característica possui a sua exclusiva definição. Não se pode definir a uma certa característica usando a definição de outra.

Letra C - Errada. No Brasil, adota-se a teoria da soberania "popular". O titular do poder constituinte é o povo e não o Estado.

Letra D - Errada. Trata-se de limitação circunstancial que pode ser encontrada no art. 60 §1° , e não de uma limitação material.

Letra E - Errada. É incorreto falarmos que o PCO é inicial "porque não sofre restrição de nenhuma limitação imposta por norma de direito

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positivo anterior", já que esta é a sua característica de ser ilimitado. Mais uma vez: cada característica possui a sua exclusiva definição. Não se pode definir a uma certa característica usando a definição de outra.

Gabarito: Letra A.

72. (ESAF/TCU/2006) Para o positivismo jurídico, o poder constituinte originário tem natureza jurídica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o gérmen da ordem jurídica.

Comentários: O PCO tem natureza política, pois organiza, é instituidor dos outros.

Gabarito: Errado.

73. (ESAF/AFRFB/2009) Marque a opção correta.

a) O Poder Constituinte Originário é ilimitado e autônomo, pois é a base da ordem jurídica.

b) O Poder Constituinte Derivado decorrente consiste na possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos com caráter representativo.

c) A outorga, forma de expressão do Poder Constituinte Originário, nasce da deliberação da representação popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário.

d) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional.

e) A doutrina aponta a contemporaneidade da ideia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituições históricas, visando, também, à limitação do poder estatal.

Comentários: Letra A - Errado. Errou-se na definição das características. O PCO é ilimitado e autônomo pois não sofre limitação alguma para seu exercício. O fato se ser a base da ordem jurídica está relacionado com a sua característica de ser inicial.

Letra B - Errado. Alterar o texto constitucional é papel do poder constituinte derivado reformador e não do poder constituinte derivado decorrente que é o poder de se elaborar as constituições estaduais.

Letra C - Errado. Existem basicamente 2 formas de expressão do PCO: a assembleia constituinte, que produz uma constituição promulgada, de acordo com a vontade do povo; e a outorga, que

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produz uma carta imposta segundo a vontade dos governantes. Desta forma, o enunciado encontra-se incorreto.

Letra D - Correto. O Poder Constituinte Derivado recebe este nome pois deriva do originário sendo um poder instituído que deve respeitar os limites traçados pela Constituição Federal.

Letra E - Errado. A teoria sobre o poder constituinte foi primeiramente concebida alguns meses antes da Revolução Francesa pelo Abade Sièyès, este período foi um marco para as constituições dogmáticas e não para as históricas.

Gabarito: Letra D.

74. (ESAF/ENAP/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitações a impossibilidade de promoção de alteração da titularidade do poder constituinte originário.

Comentários: Exatamente uma das limitações do poder constituinte derivado. O titular do Poder Constituinte Originário é o povo e o Poder Constituinte Derivado não poderá alterar tal titularidade, trata-se de uma cláusula pétra implícita da Constituição Federal.

Gabarito: Correto.

75. (ESAF/CGU/2006) A existência de um poder constituinte derivado decorrente não pressupõe a existência de um Estado federal.

Comentários: Afirmação totalmente incorreta. O Poder Constituinte Derivado Decorrente existe para instituir o Estado-membro de auto-organização e assim ser o passo principal de sua autonomia política. Ou seja, se existe um poder constituinte derivado decorrente é porque existe um ente com autonomia para se organizar e esta autonomia só existe em Estados federais como é o caso do Brasil, já que em Estados unitários não existem entes autônomos descentralizados.

Gabarito: Errado.

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Pontos importantes a serem fixados:

Poder Constituinte:

Originário (PCO) - Seu titular é o povo, o seu exercente é a assembleia constituinte. É um poder inicial, político (pré-jurídico), autônomo, soberano, irrestrito, permanente. Lembrando que:

• Inicial - pois dá início a um novo ordenamento jurídico;

• Ilimitado, irrestrito, ou soberano - Não reconhece nenhuma limitação material;

• Incondicionado - Não existe nenhuma limitação ou procedimento forma! pré-estabelecido;

Derivado (PCD) - Deriva do originário, sendo jurídico, derivado, condicionado e limitado. Lembrando que:

• Condicionado - Possui limitações formais;

• Limitado - Deve respeitar limites materiais (cláusulas pétreas - CF, art. 60 §4°) .

O PCD se divide em: 1- Reformador - Poder de fazer a reforma constitucional (emendas constitucionais de reforma) para alterar formalmente o texto da Constituição (CF, art. 60). Manifesta-se da seguinte forma:

Iniciativa:

• Presidente da República;

• Pelo menos um terço dos Deputados ou dos Senadores;

• Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Procedimento:

• Votação em dois turnos em cada Casa do Congresso;

• Deve obter 3/5 dos votos.

Promulgação:

• Pelas Mesas de ambas as casas (não passa pelo Presidente, ele inicia e termina no Legislativo).

Limitação circunstancial:

• A Constituição não pode ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

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Limitação Material Expressa (Cláusulas Pétreas Expressas):

• Forma federativa de Estado;

• voto direto, secreto, universale periódico; • Separação dos Poderes;

• Direitos e garantias individuais.

Limitação Material Implícita (Cláusulas Pétreas Implícitas)

• Povo como titular do poder constituinte;

• Poder igualitário do voto.

• Próprio art. 60 - é a vedação à dupla revisão.

2- Revisor - Mesmo poder e mesmas limitações da reforma, porém através de um procedimento bem mais simples: bastava maioria simples em turno único. Foi instituído para se manifestar 5 anos após a promulgação da Constituição e depois se extinguir.

3- Decorrente - Poder para os Estados elaborarem as suas Constituições Estaduais.

4- Difuso - É o poder de se promover a mutação constitucional (alteração informal da Constituição).

LISTA DAS QUESTÕES DA AULA:

1. (FCC/ Juiz Substituto/ TJ-GO/ 2012) A classificação "ontológica" das Constituições (normativas, nominais e semânticas), radicada na relação das normas constitucionais com a realidade do processo do poder, é da autoria de

(A) Hans Kelsen.

(B) Carl Schmitt.

(C) Karl Loewenstein.

(D) Pontes de Miranda.

(E) José Joaquim Gomes Canotilho. 2. (FCC/AJEM-TRT-7a/2009) A Constituição que prevê somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais é classificada como:

a) pactuada.

b) analítica.

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c) dirigente.

d) dualista.

e) sintética.

3. (FCC/AJEM-TRT-16a/2009) A doutrina constitucional tem classificado a nossa atual Constituição Federal (1988) como escrita, legal:

a) formal, pragmática, outorgada, semirrígida e sintética.

b) material, pragmática, promulgada, flexível e sintética.

c) formal, dogmática, promulgada, rígida e analítica.

d) substancial, pragmática, promulgada, semirrígida e analítica.

e) material, dogmática, outorgada, rígida e sintética.

4. (FCC/AJEM-TRT-4a/2009) A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), pode ser classificada quanto ao seu conteúdo, seu modo de elaboração, sua origem, sua estabilidade e sua extensão, como:

a) formal, histórica ou costumeira, promulgada, flexível e sintética.

b) material, dogmática, outorgada, rígida e sintética.

c) formal, dogmática, promulgada, super-rígida e analítica.

d) material, pragmática, outorgada, semirrígida e sintética.

e) formal, histórica ou costumeira, outorgada, flexível e analítica.

5. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) Assinale a opção correta acerca de classificações de Constituição.

(a) A Constituição nominal é aquela cujas normas efetivamente dominam o processo político.

(b) Denomina-se Constituição cesarista a Constituição outorgada submetida a plebiscito ou referendo.

(c) As Constituições francesas da época de Napoleão I são classificadas como Constituições imutáveis.

(d) A Constituição garantia caracteriza-se por conter normas definidoras de tarefas e programas de ação a serem concretizados pelos poderes públicos.

(e) Constituições ortodoxas são aquelas que procuram conciliar ideologias opostas. 6. (CESPE/ FUB-DF/ 2013) A constituição é outorgada quando é externada com a participação dos cidadãos, uma vez que as normas

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constitucionais são estatuídas pela deliberação majoritária dos agentes do poder constituinte. 7. (CESPE/ FUB-DF/ 2013) A CF, no que diz respeito à forma, é uma constituição consuetudinária.

8. (CESPE/ Procurador do Banco Central- Bacen/ 2013) No que se refere ao modo de elaboração, a constituição dogmática espelha os dogmas e princípios fundamentais adotados pelo estado e não será escrita.

9. (CESPE/TJAA-CNJ/2013) Constituição não escrita é aquela que não é reunida em um documento único e solene, sendo composta de costumes, jurisprudência e instrumentos escritos e dispersos, inclusive no tempo.

10. (CESPE/Analista - TJ-RR/2012) Na denominada constituição semântica, a atividade do intérprete limita-se à averiguação de seu sentido literal.

11. (CESPE/MPE-PI/2012) A doutrina denomina constituição semântica as cartas políticas que apenas refletem as subjacentes relações de poder, correspondendo a meros simulacros de constituição.

12. (CESPE/Técnico Judiciário - TJ-RR/2012) A CF pode ser classificada, quanto à mutabilidade, como rígida, uma vez que não pode ser alterada com a mesma simplicidade com a qual se modifica uma lei.

13. (CESPE/ Técnico Judiciário - TJ-RR/ 2012) A CF, elaborada por representantes legítimos do povo, é exemplo de constituição outorgada.

14. (ESAF/Analista Administrativo-DNIT/2013) A Constituição Federal de 1988 pode ser classificada como:

a) material, escrita, histórica, promulgada, flexível e analítica.

b) material, escrita, dogmática, outorgada, imutável e analítica.

c) formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica.

d) formal, escrita, dogmática, promulgada, semirrígida e sintética.

e) material, escrita, histórica, promulgada, semirrígida e analítica.

15. (ESAF/MDIC/2012) Sabe-se que a doutrina constitucionalista classifica as constituições. Quanto às classificações existentes, é correto afirmar que:

I. quanto ao modo de elaboração, pode ser escrita e não escrita.

I I . quanto à forma, pode ser dogmática e histórica.

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I I I . quanto à origem, pode ser promulgada e outorgada.

IV. quanto ao conteúdo, pode ser analítica e sintética.

Assinale a opção verdadeira.

a) I I , I I I e IV estão corretas.

b) I, II e IV estão incorretas.

c) I, I I I e IV estão corretas.

d) I, II e I I I estão corretas.

e) II e I I I estão incorretas.

16. (ESAF/AFRFB/2012) O Estudo da Teoria Geral da Constituição revela que a Constituição dos Estados Unidos se ocupa da definição da estrutura do Estado, funcionamento e relação entre os Poderes, entre outros dispositivos. Por sua vez, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é detalhista e minuciosa. Ambas, entretanto, se submetem a processo mais dificultoso de emenda constitucional. Considerando a classificação das constituições e tomando-se como verdadeiras essas observações, sobre uma e outra Constituição, é possível afirmar que

a) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, analítica e rígida, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e negativa.

b) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é do tipo histórica, rígida, outorgada e a dos Estados Unidos rígida, sintética.

c) a Constituição dos Estados Unidos é do tipo consuetudinária, flexível e a da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, rígida e detalhista.

d) a Constituição dos Estados Unidos é analítica, rígida e a da República Federativa do Brasil de 1988 é histórica e consuetudinária.

e) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é democrática, promulgada e flexível, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e democrática.

17. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição dogmática se apresenta como produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante.

18. ( ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A constituição material é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos.

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19. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) A constituição formal designa as normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais.

20. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição escrita, também denominada de constituição instrumental, aponta efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade.

21. (ESAF/AFRFB/2009) A constituição sintética, que é constituição negativa, caracteriza-se por ser construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, oposta à autoridade.

22. (ESAF/MPU/2004) Constituições semirrígidas são as constituições que possuem um conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado.

23. (ESAF/PGFN/2007) A distinção entre constituição em sentido material e constituição em sentido formal perdeu relevância considerando-se as modificações introduzidas pela Emenda Constitucional n. 45/2004, denominada de "Reforma do Poder Judiciário".

24. (ESAF/PGFN/2007) Considera-se constituição não-escrita a que se sustenta, sobretudo, em costumes, jurisprudências, convenções e em textos esparsos, formalmente constitucionais.

25. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A constituição escrita apresenta-se como um conjunto de regras sistematizadas em um único documento. A existência de outras normas com status constitucional, per si, não é capaz de descaracterizar essa condição.

26. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) As constituições dogmáticas, como é o caso da Constituição Federal de 1988, são sempre escritas, e apresentam, de forma sistematizada, os princípios e idéias fundamentais da teoria política e do direito dominante à época.

27. (ESAF/APOFP-SEFAZ-SP/2009) Assinale a opção correta relativa à classificação da Constituição Federal de 1988.

a) É costumeira, rígida, analítica.

b) É flexível, promulgada, analítica.

c) É rígida, outorgada, analítica.

d) É parcialmente inalterável, outorgada, sintética.

e) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada.

28. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo

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eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.

29. (ESAF/PGFN/2007) As constituições outorgadas não são precedidas de atos de manifestação livre da representatividade popular e assim podem ser consideradas as Constituições brasileiras de 1824, 1937 e a de 1967, com a Emenda Constitucional n. 01 de 1969.

30. (ESAF/SEFAZ-CE/ 2007) A Constituição Federal de 1988 é considerada, em relação à estabilidade, como semirrígida, na medida em que a sua alteração exige um processo legislativo especial.

31. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) No que se refere à origem, a Constituição Federal de 1988 é considerada outorgada, haja vista ser proveniente de um órgão constituinte composto de representantes eleitos pelo povo.

32. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Nas constituições materiais, como é o caso da Constituição Federal de 1988, as matérias inseridas no documento escrito, mesmo aquelas não consideradas "essencialmente constitucionais", possuem status constitucional.

33. (ESAF/ENAP/2006) Segundo a doutrina, são características das constituições concisas: a menor estabilidade do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do conteúdo constitucional.

34. (ESAF/CGU/2006) O conceito formal de constituição e o conceito material de constituição, atualmente, se confundem, uma vez que a moderna teoria constitucional não mais distingue as normas que as compõem.

35. (ESAF/CGU/2006) Quanto ao sistema da Constituição, as constituições se classificam em constituição principiológica - na qual predominam os princípios - e constituição preceituai - na qual prevalecem as regras.

36. (ESAF/CGU/2006) Uma constituição rígida não pode ser objeto de emenda.

37. (FCC/ Assessor Técnico- AL-PE/ 2013) Sobre os elementos das Constituições, são considerados elementos orgânicos as normas

(A) que revelam o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado Social.

(B) que regulam a estrutura do Estado e do Poder.

(C) destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.

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(D) que estabelecem regras de aplicação de outras normas constitucionais.

(E) que compõem o elenco dos direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação dos Poderes estatais.

38. (FCC/TCE-MG/2007) As normas constitucionais relativas aos direitos e garantias individuais, inseridas no título relativo aos direitos e garantias fundamentais, contêm elementos da Constituição ditos:

a) sócio-ideológicos, por revelar o compromisso da Constituição entre o Estado individualista e o Estado social.

b) orgânicos, por regularem a estrutura do Estado e do poder.

c) limitativos, por limitarem a atuação do Estado, dando ênfase à sua configuração como Estado de Direito.

d) de estabilização constitucional, na medida em que asseguram a defesa da Constituição e das instituições democráticas.

e) formais de aplicabilidade, diante da aplicação imediata das normas definidoras de direitos dessa espécie.

39. (CESPE/Analista-EBC/2011) As normas previstas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias possuem natureza de norma constitucional. 40. (CESPE/AJAJ - TRE-MS/2013) Somente possuem supremacia formal as normas constitucionais que se relacionam com os direitos fundamentais. 41. (CESPE/Advogado - IBRAM-DF/2009) O preâmbulo, por estar na parte introdutória do texto constitucional e, portanto, possuir relevância jurídica, pode ser paradigma comparativo para a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma infraconstitucional.

42. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) São constitucionais as normas que dizem respeito aos limites, e atribuições respectivas dos poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As demais disposições que estejam na Constituição podem ser alteradas pelo quórum exigido para a aprovação das leis ordinárias.

43. (ESAF/ATA-MF/2009 - Adaptada) Ao exercitarem o seu poder constituinte derivado-decorrente, os Estados-membros, a teor do disposto na Constituição Federal, respeitam os princípios constitucionais sensíveis, princípios federais extensíveis e princípios constitucionais estabelecidos (Certo/Errado).

44. (ESAF/Analista-SUSEP/2010 - Adaptada) Os princípios regionais são os que regem e modelam o sistema normativo das

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instituições constitucionais, como os princípios regedores da Administração Pública.

45. (FCC/Defensor-DPE-SP/2010) Utilizando-se a classificação de José Afonso da Silva no tocante a eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, a norma constitucional inserida no artigo 5o , XI I : "é inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal", pode ser classificada como norma

a) de eficácia plena, isto é, de aplicabilidade direta, imediata e integral, não havendo necessidade de lei infraconstitucional para resguardar o sigilo das comunicações.

b) de eficácia limitada, isto é, de aplicabilidade indireta, mediata e não integral, ou seja, o sigilo somente poderá ser garantido após a integração legislativa infraconstitucional.

c) de eficácia contida, isto é, de aplicabilidade direta, imediata, porém não integral, ou seja, a lei infraconstitucional poderá restringir sua eficácia em determinadas hipóteses.

d) com eficácia relativa restringível, isto é, o sigilo pode ser limitado em hipóteses previstas em regramento infraconstitucional.

e) de eficácia relativa complementável ou dependente de complementação legislativa, isto é, depende de lei complementar ou ordinária para se garantir o sigilo das comunicações.

46. (FCC/APOFP-SP/2010) As normas constitucionais de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade direta e imediata, mas não integral, porque sujeitas a restrições. Observa-se que tais restrições podem ser impostas:

a) pelo legislador constitucional, por outras normas constitucionais e como decorrência do uso de conceitos ético-jurídicos consagrados.

b) pelo legislador comum, pelos Tribunais Superiores e pelos Chefes do Poder Executivo.

c) pela União Federal, pelos Estados-membros, pelo Distrito Federal e pelos Municípios com exclusão dos Territórios Federais.

d) por outras normas constitucionais, pelo Supremo Tribunal Federal e pelo órgão superior do Ministério Público Federal.

e) pelo Conselho da República, pela União Federal, pelos Estados-membros e como decorrência de conceitos ético-jurídicos consagrados.

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47. (FCC/Auditor Fiscal - ISS-SP/2007) Dispõem os incisos IX e XI I I do artigo 5o e o artigo 190, todos da Constituição: "Art. 5o. ( . . . ) IX. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XI I I . é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer." "Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento da propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional." Referidos dispositivos constitucionais consagram, respectivamente, normas de eficácia

a) plena, contida e limitada.

b) contida, limitada e plena.

c) plena, limitada e contida.

d) contida, plena e limitada.

e) plena, limitada e limitada.

48. (CESPE/ Auditor - SEFAZ-ES/ 2013) As normas constitucionais programáticas caracterizam-se por fixar políticas públicas ou programas estatais destinados à concretização dos fins sociais do Estado, razão pela qual são de aplicação ou execução imediata. 49. (CESPE/ Auditor - SEFAZ-ES/ 2013) Constitui exemplo de norma de eficácia limitada o dispositivo constitucional segundo o qual os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencherem os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. 50. (CESPE/ Auditor - SEFAZ-ES/ 2013) As normas constitucionais de eficácia contida não podem ser aplicadas imediatamente, pois necessitam de complementação legal para a produção de efeitos. 51. (ESAF/Analista-SUSEP/2010) Quando a Constituição prevê que a ordem econômica e social tem por fim realizar a justiça social, não estamos diante de uma norma-fim, por não abranger todos os direitos econômicos e sociais, nem a toda a ordenação constitucional.

52. (ESAF/AFRFB/2009) O disposto no artigo 5°, inciso XII I da Constituição Federal - ué livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer", cuida-se de uma norma de eficácia limitada.

53. (ESAF/AFT/2006) Segundo a doutrina mais atualizada, nem todas as normas constitucionais têm natureza de norma jurídica, pois algumas não possuem eficácia positiva direta e imediata.

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54. (ESAF/AFC-STN/2005) Uma norma constitucional de eficácia limitada não produz seus efeitos essenciais com a sua simples entrada em vigor, porque o legislador constituinte não estabeleceu sobre a matéria, objeto de seu conteúdo, uma normatividade suficiente, deixando essa tarefa para o legislador ordinário ou para outro órgão do Estado.

55. (ESAF/PFN/2006) Normas constitucionais de eficácia restringida não apresentam eficácia jurídica alguma senão depois de desenvolvidas pelo legislador ordinário.

56. (ESAF/Advogado-IRB/2006) Uma norma constitucional classificada quanto à sua aplicabilidade como uma norma constitucional de eficácia contida não possui como característica a aplicabilidade imediata.

57. (FCC/Defensor-DPE-RS/2011) No que se refere ao Poder Constituinte, é INCORRETO afirmar:

a) O Poder Constituinte genuíno estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes que o regerão.

b) Existe Poder Constituinte na elaboração de qualquer Constituição, seja ela a primeira Constituição de um país, seja na elaboração de qualquer Constituição posterior.

c) O Poder Constituinte derivado decorre de uma regra jurídica constitucional, é ilimitado, subordinado e condicionado.

d) Quando os Estados-Federados, em razão de sua autonomia político-administrativa e respeitando as regras estabelecidas na Constituição Federal, autoorganizam-se por meio de suas constituições estaduais estão exercitando o chamado Poder Constituinte derivado decorrente.

e) Para parte da doutrina, a titularidade do Poder Constituinte pertence ao povo, que, entretanto, não detém a titularidade do exercício do poder.

58. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) Poder constituinte revolucionário é aquele responsável pelo surgimento da primeira Constituição de um Estado.

59. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) Os princípios constitucionais extensíveis consagram normas organizatórias para a União que se estendem aos estados, seja por previsão constitucional expressa ou implícita.

60. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) O poder constituinte derivado caracteriza-se por ser um poder instituído, ilimitado e incondicionado juridicamente.

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61. (CESPE/ Out. e Del. de Notas- TJ-PI/ 2013) O poder constituinte decorrente é aquele encarregado da alteração do texto constitucional. 62. (CESPE/AJAJ - TRE-MS/2013) A recepção material de normas constitucionais pretéritas é admitida pelo direito constitucional brasileiro, inclusive de forma tácita. 63. (CESPE/AJAJ - TRE-MS/2013) Com o advento de uma nova Constituição, toda a legislação infraconstitucional anterior torna-se inválida.

64. (CESPE/AJAJ- TRE-MS/2013) O voto direto, secreto, universal e periódico é considerado cláusula pétrea da CF.

65. (CESPE/AJAJ- TRE-MS/2013) O poder constituinte originário é inicial, incondicionado, mas limitado aos princípios da ordem constitucional anterior.

66. (ESAF/PFN/2012) Sobre o poder constituinte, é incorreto afirmar que

a) o poder constituinte originário é inicial, ilimitado e incondicionado.

b) o poder constituinte derivado é limitado e condicionado. c) o poder constituinte decorrente, típico aos Estados Nacionais unitários, é limitado, porém incondicionado.

d) os limites do poder constituinte derivado são temporais, circunstanciais ou materiais.

e) a soberania é atributo inerente ao poder constituinte originário.

67. (ESAF/MDIC/2012) O Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. A respeito do Poder Constituinte, é correto afirmar que

a) no Poder Constituinte Derivado Reformador, não há observação a regulamentações especiais estabelecidas na própria Constituição, vez que com essas limitações não seria possível atingir o objetivo de reformar.

b) o Poder Constituinte Originário é condicionado à forma prefixada para manifestar sua vontade, tendo que seguir procedimento determinado para realizar sua constitucionalização.

c) no Poder Constituinte Derivado Decorrente, há a possibilidade de alteração do texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição. No Brasil é exercitado pelo Congresso Nacional.

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d) as formas básicas de expressão do Poder Constituinte são outorga e convenção.

e) o Poder Constituinte Originário não é totalmente autônomo, tendo em vista ser necessária a observância do procedimento imposto pelo ordenamento então vigente para sua implantação.

68. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Sobre o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado, assinale a única alternativa correta.

a) A revisão constitucional prevista por uma Assembleia Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alteração do texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitações expressas e implícitas originalmente definidas no texto constitucional.

b) Entre as características do poder constituinte originário destaca-se a possibilidade incondicional de atuação, ou seja, a Assembleia Nacional Constituinte não está sujeita a forma ou procedimento pre-determinado.

c) O poder constituinte derivado decorrente é aquele atribuído aos parlamentares no processo legiferante, em que são discutidas e aprovadas leis, observadas as limitações formais e materiais impostas pela Constituição.

d) O poder emanado do constituinte derivado reformador, que é fundado na possibilidade de alteração do texto constitucional, não é passível de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal.

e) O titular do poder constituinte é aquele que, em nome do povo, promove a instituição de um novo regime constitucional ou promove a sua alteração.

69. (ESAF/PFN/2006) Considerando o Direito Brasileiro, assinale a opção correta, no que diz respeito às consequências da ação do poder constituinte originário.

a) Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituição entrega à competência privativa dos Municípios fica imediatamente revogada com o advento da nova Carta.

b) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi editada, mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora objeto de controle de constitucionalidade, não é considerada recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e esteja de acordo com o novo processo legislativo.

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c) Para que a lei anterior à Constituição seja recebida pelo novo Texto Magno, é mister que seja compatível com este, tanto do ponto de vista da forma legislativa como do conteúdo dos seus preceitos.

d) Normas não recebidas pela nova Constituição são consideradas, ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade superveniente.

e) A Doutrina majoritária e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal convergem para afirmar que normas da Constituição anterior ao novo diploma constitucional, que com este não sejam materialmente incompatíveis, são recebidas como normas infraconstitucionais.

70. (ESAF/PFN/2006 - Adaptada) Do poder constituinte dos Estados-membros é possível dizer que é inicial, limitado e condicionado.

71. (ESAF/AFRF/2005) Sobre o poder constituinte, marque a única opção correta.

a) A impossibilidade de alteração da sua própria titularidade é uma limitação material implícita do poder constituinte derivado.

b) A existência de cláusulas pétreas, na Constituição brasileira de 1988, está relacionada com a característica de condicionado do poder constituinte derivado.

c) Como a titularidade da soberania se confunde com a titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a titularidade do poder constituinte originário é do Estado, uma vez que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.

d) A impossibilidade de a Constituição Federal ser emendada na vigência de estado de defesa se constitui em uma limitação material explícita ao poder constituinte derivado.

e) O poder constituinte originário é inicial porque não sofre restrição de nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior.

72. (ESAF/TCU/2006) Para o positivismo jurídico, o poder constituinte originário tem natureza jurídica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o gérmen da ordem jurídica.

73. (ESAF/AFRFB/2009) Marque a opção correta.

a) O Poder Constituinte Originário é ilimitado e autônomo, pois é a base da ordem jurídica.

b) O Poder Constituinte Derivado decorrente consiste na possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos com caráter representativo.

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c) A outorga, forma de expressão do Poder Constituinte Originário, nasce da deliberação da representação popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário.

d) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional.

e) A doutrina aponta a contemporaneidade da ideia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituições históricas, visando, também, à limitação do poder estatal.

74. (ESAF/ENAP/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui como uma das suas limitações a impossibilidade de promoção de alteração da titularidade do poder constituinte originário.

75. (ESAF/CGU/2006) A existência de um poder constituinte derivado decorrente não pressupõe a existência de um Estado federal.

GABARITO:

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