Upload
agostinhoufes10
View
321
Download
3
Embed Size (px)
Citation preview
05/08/2010
1
Psicologia social II
VALESCHKA MARTINS GUERRA
CRENÇAS E NORMAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOCENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA SOCIAL E DO DESENVOLVIMENTO
Crenças, Normas, Atitudes e Valores
De acordo com Rokeach (1981):
� Esses construtos estão organizados juntos, formandoum sistema cognitivo funcionalmente integrado.
� Uma mudança em qualquer parte do sistema afetaráoutras partes e culminará em mudançacomportamental.
(Rokeach, 1981)
CRENÇAS
� Qualquer proposição simples, consciente ouinconsciente, inferida a partir do que uma pessoa fazou diz, capaz de ser precedida pela frase: ‘euacredito que’ (Rokeach, 1981, p. 92).
� Podem ser tanto pessoais como socialmentecompartilhadas.
� Admite-se que as crenças estejam organizadas empropriedades estruturais descritíveis e mensuráveis.
� Além disso, as crenças possuem conseqüênciascomportamentais observáveis. Por exemplo,conversão política ou religiosa.
(Rokeach, 1981)
� Nem todas as crenças são igualmente importantespara o indivíduo; as crenças variam ao longo deuma dimensão periférico-central.
� Quanto mais central uma crença, tanto maisresistirá à mudança.
� Quanto mais central for a crença que mudou, tantomais difundidas as repercussões no resto do sistemade crenças.
Tipos de Crenças
(Rokeach, 1981)
Consenso unânime
� São aquelas aprendidas pelo encontro direto com oobjeto da crença.
� Não estão sujeitas a controvérsias; são tomadascomo certas e incontestáveis.
� São reforçadas por um consenso social unânimeentre todas as referências de pessoas e grupo.
� As crenças primitivas de um indivíduo representamsuas “verdades básicas” sobre a realidade física,social e a natureza do “eu”.
Crenças primitivas
(Rokeach, 1981)
05/08/2010
2
Consenso zero
� Também são aprendidas pelo encontro direto com oobjeto da crença;
� Envolvem percepções pessoais, subjetivas, baseadasna experiência do indivíduo;
� São independentes do consenso do grupo.
Crenças primitivas
(Rokeach, 1981)
Crenças de autoridade
� Em relação as crenças primitivas, este tipo é maisfácil de mudar e é tida como tendo menor grau deimportância.
� Grupos de referência – se ampliam gradualmenteatravés do encontro direto com autoridades. Porexemplo, pais, professor, pares.
� Estão sujeitas à controvérsias, sendo maisfacilmente modificadas.
(Rokeach, 1981)
Crenças derivadas
� Acreditar numa autoridade específica, implica naaceitação de outras crenças vistas comoprovenientes de tal autoridade.
� Deriva do processo de identificação com aautoridade mais do que pelo encontro direto com oobjeto de crença.
� Estão sujeitas à controvérsias, sendo maisfacilmente modificadas.
(Rokeach, 1981)
Crenças inconseqüentes
� Crenças que representam questões de gosto maisou menos arbitrário.
� Origina-se da experiência direta com o objeto decrença.
� São passíveis de mudança.
� Sua manutenção não requer, necessariamente, umconsenso social.
(Rokeach, 1981)
Pesquisas e teorias
� A quase totalidade de teorias da Psicologia utilizacrenças cognitivas como a sua base explicativa.
� Teoria da crença no mundo justo: Sugere que osindivíduos recebem o que merecem e merecemaquilo que têm. Quando negativo, leva a umpensamento incriminatório, gerando umaculpabilização individual pela situação desofrimento.
(Jodelet, 2008)
Crença no mundo justo
� Para justificar a ocorrência de fatos acidentais, ohomem desenvolve a crença de que bons eventosacontecem a boa gente (ex.: cumpridores dasnormas sociais) e maus eventos, a pessoas ruins(ex.: aqueles que infringem as normas), diminuindo,assim, a sensação de que a vida é aleatória.
� Nesse sentido, ela torna o mundo estável eprevisível.
� Ex.: Pesquisa com pacientes soropositivo (atores) emédicos (observadores).
(Regato & Assmar, 2004)
05/08/2010
3
Estereótipos
� Uma crença formada e compartilhada acerca de umdeterminado grupo ou categoria social.
� Pode ser relativa ao comportamento, àpersonalidade ou a qualquer outro atributo dos seusmembros.
� Ativar um estereótipo é fazer lembrar quais são osatributos mais característicos dos membros de umdeterminado grupo ou categoria.
(Freire & Pereira, 2009)
Estereótipos
� Exemplos:
- Os idosos são mais experientes;
- As mulheres são mais delicadas.
� Pesquisas sobre estereótipos buscam compreender amudança no desempenho das pessoas quando estessão ativados:
- Dois grupos experimentais: para o primeiro, sãoativados estereótipos positivos e para o segundo,negativos. O primeiro apresenta melhordesempenho em testes.
(Freire & Pereira, 2009)
Crenças e o contexto
� As crenças são baseadas nas interações sociais e naexperiência, direta ou indireta com o objeto;
� Por isso, estão intimamente relacionadas com ocontexto sócio-cultural de inserção do indivíduo;
� Por serem elaboradas socialmente, estão sujeitas aum sistema de regras implícitas e explícitas deaceitação por parte da sociedade.
(Aronson, Wilson, & Akert, 2002; Rokeach, 1981)
� Normas são regras implícitas ou explícitas decomportamentos e crenças aceitáveis.
� Todo grupo tem certas expectativas em relação àmaneira como seus membros devem se comportar.
� Os membros mais respeitados do grupoconformam-se à essas regras estabelecidas. Os quenão o fazem são considerados diferentes, podendoser ridicularizados, punidos ou mesmo rejeitados.
� Normas sociais são compartilhadas entre diferentesmembros de um grupo.
NORMAS
(Aronson et al., 2002; Crisp & Turner, 2008)
� Cialdini e Trost (1998) definem as normas sociaiscomo regras ou padrões compartilhados pelosmembros de um grupo, guiando seuscomportamentos sem a força de uma lei explícita.
� Miller e Prentice (1996) definem normas comoatributos de um grupo que descrevem eprescrevem comportamentos, mas acrescentamque normas não são fixas e podem se originar danecessidade de cada ocasião, variando conforme ocontexto.
Normas
(Iglesias & Gunther, 2007)
� Em qualquer situação, o comportamento égovernado por normas provenientes de váriasfontes:
1. Normais locais e grupais: aplicam-se a gruposespecíficos;
2. Normas subculturais: aplicam-se a grandenúmeros de pessoas que compartilhamcaracterísticas específicas (ex.: grupos raciais);
3. Normas sociais: aplicam-se a todas as pessoas deuma sociedade, especificando ou limitandocomportamentos de acordo com a situação (ex.:como se vestir, atividades sexuais, etc.).
Normas
(Michener, DeLamater & Myers, 2005)
05/08/2010
4
� Neste sentido, as normas sociais ajudam a definir adireção e o conteúdo do preconceito em umasociedade.
� Indivíduos necessitam de padrões e referênciaspara fazerem as suas avaliações e julgamentos.
� Quando a situação é coletiva, é o grupo que forneceessas referências.
Normas
(Lima, Machado, Ávila, Lima & Vala, 2006)
� A norma social exerce influência direta quando aatenção dos sujeitos estiver focada nela.
� Dois tipos de normas podem operar:
- Descritivas: expressam aquilo que está sendo feito,indicando qual a ação mais efetiva e adaptativa.Referem-se ao que os outros estão fazendo, qual oexemplo a ser seguido;
- Injuntivas: expressam aquilo que é comumenteaprovado ou desaprovado, antecipandorecompensas e punições em função docomportamento exercido. Referem-se a sançõesinformais, raramente explícitas.
Normas
(Iglesias & Gunther, 2007)
� Conformidade é um termo usado para descrever umcomportamento de concordância com normassociais implícitas.
� A tendência à conformidade deriva da necessidadehumana de companheirismo e aceitação.
� Um exemplo clássico de conformidade é o estudo deAsch (1951). O participante deveria identificar quala linha que mais se aproximava ao primeiroestímulo apresentado. Seus resultados mostraramque cerca de 76% dos participantes apresentaramrespostas erradas para não ir de encontro ao grupo.
Conformidade
(Aronson et al., 2002; Crisp & Turner, 2008; Michener et al., 2005)
� Obediência, por sua vez, diz respeito à umcomportamento de concordância com normassociais explícitas ou ordens diretas.
� O experimento de Milgram (1963) solicitava que osparticipantes aplicassem choques elétricos a umsuposto aprendiz cada vez que este errasse atarefa. A cada novo erro, o choque aumentaria deintensidade. Os resultados mostraram que 65% dosparticipantes obedeceram o pesquisador eaplicaram um choque de 450 volts.
Obediência
(Crisp & Turner, 2008; Michener et al., 2005)
De acordo com Milgram (1963), três fatores estãopresentes em situações de alta obediência.
1. Norma cultural de obediência à autoridades: aspessoas acreditam que autoridades são, em geral,confiáveis e legítimas.
2. Solicitação gradual da obediência: os choquecomeçaram leves e foram aumentando gradualmente.
3. Atribuição de responsabilidade à terceiros presentes nasituação.
Obediência
(Crisp & Turner, 2008)
� Um comportamento desviante é qualquer ato queinfringe as normas sociais que se aplicam adeterminada situação.
� O desvio, assim como as normas, é uma construçãosocial. Um comportamento é desviante ou não deacordo com as normas ou expectativas em relação aesse comportamento na situação em que ele ocorre.
� Violações de normas locais podem ser apenas daalçada de determinado grupo. Violações de normassubculturais e sociais podem afetar as interaçõesdiárias da pessoa e submetê-la à ação de agênciasde controle, como a polícia ou tribunais.
Comportamento desviante
(Michener et al., 2005)
05/08/2010
5
Referências
Aronson, E., Wilson, T & Akert, R. (2002). Psicologia social. Rio deJaneiro: LTC.
Bock, A., Furtado, O., & Teixeira, M. (1999). Psicologias: Uma
introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva.Crisp, R. & Turner, R. (2008). Essential social psychology. London:
Sage.Freire, V. & Pereira, M. (2009). Crenças estereotipadas acerca de
atletas que sofreram lesões. Ciências & Cognição, 14, 225-234.Iglesias, F. & Gunther, H. (2007). Normas, justiça, atribuição e
poder: Uma revisão e agenda de pesquisa sobre filas de espera.Estudos de Psicologia, 12, 03-11.
Jodelet, D. (2008). Os processos psicossociais da exclusão. Em B.Sawaia (Org.). As artimanhas da exclusão: Análise psicossocial eética da desigualdade social (pp. 53-66). 8ª ed. Petrópolis: Vozes.
Referências
Lima, M., Machado, C., Ávila, J., Lima, C. & Vala, J. (2006). Normassociais e preconceito: O impacto da igualdade e da competição nopreconceito automático contra os negros. Psicologia: Reflexão e
Crítica, 19, 309-319.Michener, H., DeLamater, J., & Myers, D. (2005). Psicologia social.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning.Regato, V. & Assmar, E. (2004). A AIDS de nossos dias: Quem é o
responsável? Estudos de Psicologia, 9, 167-175.Rokeach, M. (1981). Crenças, atitudes e valores. Rio de Janeiro:
Interciência.
Temas para o trabalho final
• Auto-estima• Atração interpessoal:- amor- amizade- relacionamentos íntimos• Comportamento antissocial :- agressão- violência- crime• Comportamento pró-social:- ajuda- altruísmo• Coping e resiliência• Espiritualidade e religiosidade• Estados emocionais• Exclusão social• Identidade social• Individualismo e coletivismo
• Linguagem e produção de sentido• Personalidade• Preconceito:- sexo- idade- peso- orientação sexual- religião- nacionalidade- raça• Preferência musical• Sexualidade:- pornografia- infidelidade- comportamento/assertividade sexual- gênero- LGBT• Satisfação com a vida