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DIREITO ADMINISTRATIVO – JURISPRUDÊNCIA PARA O MPU PROFESSOR: ARMANDO MERCADANTE 1 www.pontodosconcursos.com.br Direito Administrativo Jurisprudência para concurso do MPU (Aula nº 1 – 22/07/10) Prezado(a) aluno(a), Com enorme satisfação dou início a esse curso sobre jurisprudência para o concurso do MPU. Em todas as minhas aulas e conversas com alunos faço questão de destacar a importância do estudo da jurisprudência. Por meio do Ponto dos Concursos recebo a oportunidade de desenvolver esse trabalho e espero que você faça excelente proveito dele. Não tenha dúvidas que vou me esforçar ao máximo para que as aulas sejam agradáveis e muito produtivas. Nessa aula três matérias serão abordadas: - Princípios administrativos com destaque teórico para os princípios da impessoalidade e da moralidade; - Administração indireta com destaque teórico para as autarquias; - Servidores públicos (parte 1) com destaque teórico para a distinção entre cargos, empregos e funções públicas; Ao final da aula, as questões de concursos que foram reproduzidas durante minhas explicações serão listadas para resolução. Minha proposta é conciliar doutrina, jurisprudência e questões de provas anteriores. Qualquer dúvida utilize-se do fórum disponibilizado pelo Ponto dos Concursos. Grande abraço e ótima aula, Armando Mercadante [email protected]

Aula 01 - Direito Administrativo - Armando Mercadante

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(Aula nº 1 – 22/07/10)

Prezado(a) aluno(a),

Com enorme satisfação dou início a esse curso sobre jurisprudência para o concurso do MPU.

Em todas as minhas aulas e conversas com alunos faço questão de destacar a importância do estudo da jurisprudência.

Por meio do Ponto dos Concursos recebo a oportunidade de desenvolver esse trabalho e espero que você faça excelente proveito dele.

Não tenha dúvidas que vou me esforçar ao máximo para que as aulas sejam agradáveis e muito produtivas.

Nessa aula três matérias serão abordadas:

- Princípios administrativos com destaque teórico para os princípios da impessoalidade e da moralidade;

- Administração indireta com destaque teórico para as autarquias;

- Servidores públicos (parte 1) com destaque teórico para a distinção entre cargos, empregos e funções públicas;

Ao final da aula, as questões de concursos que foram reproduzidas durante minhas explicações serão listadas para resolução.

Minha proposta é conciliar doutrina, jurisprudência e questões de provas anteriores.

Qualquer dúvida utilize-se do fórum disponibilizado pelo Ponto dos Concursos.

Grande abraço e ótima aula,

Armando Mercadante [email protected]

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TTEEMMAA 11 PPrriinnccííppiioo ddaa iimmppeessssooaalliiddaaddee xx

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Inicio a aula lançando a seguinte pergunta para você: seria legítima a atribuição de nome de pessoa viva à determinada rua de sua cidade?

O CESPE também fez essa indagação, porém de forma mais elaborada. Veja a assertiva abaixo:

(JUIZ FEDERAL 5ª REGIÃO 2009 - CESPE) Suponha que seja construído grande e moderno estádio de futebol para sediar os jogos da copa do mundo de 2014 em um estado e que o nome desse estádio seja o de um político famoso ainda vivo. Nessa situação hipotética, embora se reconheça a existência de promoção especial, não háqualquer inconstitucionalidade em se conferir o nome de uma pessoa pública viva ao estádio. (Gabarito: errada)

Fiz questão de destacar sublinhando e negritando o erro da frase, pois haverá sim inconstitucionalidade por ofensa ao princípio da impessoalidade!

Portanto, seja numa prova objetiva ou discursiva, caindo questão que indague se a atribuição do nome de pessoa viva a bens públicos é inconstitucional, diga que sim, por ofensa ao princípio da impessoalidade (art. 37, §1º, CF).

Esse é o posicionamento do Pleno1 do STF, que foi externado no julgamento da ADI2 307/CE (13/02/08), por meio da qual se buscava a declaração de inconstitucionalidade de alguns dispositivos da Constituição do Ceará, dentre eles, a do art. 20, V, cuja redação é a seguinte: “É vedado aos Estados e aos Municípios: V - atribuir nome de pessoa viva a avenida, praça, rua, logradouro, ponte, reservatório de água, viaduto, praça de esporte, biblioteca, hospital, maternidade, edifício público, auditórios, cidades e salas de aula”.

Inclusive, no âmbito federal, existe a Lei 6.454/77 com essa proibição:

“Art. 1º. É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às pessoas jurídicas da Administração indireta. Art. 2º. É igualmente vedada a inscrição dos nomes de autoridades ou administradores em placas indicadores de obras ou em veículo de propriedade ou a serviço da Administração Pública direta ou indireta. Art. 3º. As proibições constantes desta Lei são aplicáveis às entidades que, a qualquer título, recebam subvenção ou auxílio dos cofres públicos federais”.

1 O Pleno ou Plenário do STF é composto de 11 ministros, conforme art. 101 da CF. Esse número de ministros é cobrado na prova de Direito Constitucional. Para gravar vai um macete: STF termina com F de futebol e time de futebol tem 11 jogares (= 11 ministros).

2 ADI significa Ação Direta de Inconstitucionalidade. Trata-se de ação ajuizada no STF com o objetivo de obter a declaração de inconstitucionalidade de leis e de atos normativos. Não vou adentrar no tema por pertencer ao Direito Constitucional. Dê uma olhada no art. 102, I, a, da CF.

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Conforme combinei na aula demonstrativa, não me limitarei apenas à análise de jurisprudência, mas também estudaremos a parte teórica.

Por conta disso, vamos recordar o que você sabe sobre princípio da impessoalidade...

Você deve analisar esse princípio associando-o aos seguintes aspectos:

• à finalidade da lei; • ao princípio da isonomia; • à vedação de promoção pessoal pelos agentes públicos; • ao princípio da imputação volitiva.

(FCC/2009/TRT 7ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) O princípio da impessoalidade tem dois sentidos: um relacionado à finalidade, no sentido de que ao administrador se impõe que só pratique o ato para o seu fim legal; outro, no sentido de excluir a promoção pessoal das autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas. (Gabarito: correta – o fato de a banca apenas ter indicado dois aspectos não torna a questão errada)

Veja como as bancas cobram cada um desses aspectos:

a) Associado à finalidade da lei:

A finalidade da lei é a preservação do interesse público.

Por isso, os agentes públicos exercem suas funções utilizando-se de seus poderes como instrumentos destinados ao atendimento dos interesses públicos.

(CESPE/2004/TÉCNICO JUDICIARIO/TRT 10ª REGIÃO) Considerando que Adriano foi recentemente nomeado para cargo público de provimento em comissão no Ministério do Trabalho e Emprego, julgue o seguinte item: Violaria o princípio administrativo da impessoalidade o fato de, no exercício do cargo, Adriano dar precedência aos interesses do partido a que é filiado, em detrimento do interesse público (adaptada). (Gabarito: correta)

(FCC/2008/MPE-RS/ASSESSOR/ÁREA ADMINISTRAÇÃO) Pelo princípio da finalidade, impõe-se à Administração Pública a prática, e tão só essa, de atos voltados para o interesse público. (Gabarito: correta)

(FCC/2010/TRE-AM/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ENFERMAGEM) O administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum. (Gabarito: correta)

(FUNDEP/2005/TJ-MG/TÉCNICO JUDICIÁRIO) O princípio da impessoalidade deve ser respeitado nas relações da Administração Pública com os administrados e, também, com o próprio administrador público. (Gabarito: correta)

Daí alguns autores e algumas bancas equipararem o princípio da impessoalidade ao princípio da finalidade.

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(FCC/2009/TJ-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA) Princípio da impessoalidade também é conhecido como princípio da finalidade. (Gabarito: correta)

(CESPE/UnB/TRE/PA/2006) A administração pública resume-se em um único objetivo: o bem comum da coletividade administrada. No desempenho dos encargos administrativos, o agente do poder público não tem a liberdade de procurar outro objetivo, ou de dar fim diverso do prescrito em lei para a atividade. Hely Lopes Meirelles. Direito administrativo brasileiro. Editora Malheiros, 2004, p. 86. Altair, servidor de um órgão federal, decidiu tornar a sua atuação diferenciada dos padrões adotados no setor. Ele decidiu personalizar o atendimento aos usuários. No entanto, Altair, apesar da boa vontade, estava infringindo um dos princípios básicos da administração pública. Considerando o tema abordado no texto e a situação hipotética acima, assinale a opção correspondente ao princípio infringido por Altair. a) princípio da legalidade b) princípio da moralidade c) princípio da finalidade d) princípio da razoabilidade e) princípio da publicidade

Dessa forma, você pode considerar como CORRETA uma questão de prova que afirme que o princípio da impessoalidade nada mais é que o clássico princípio da finalidade.

(FCC/2004/TRE-PE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) A Constituição Federal não se referiu expressamente ao princípio da finalidade, mas o admitiu sob a denominação de princípio da: a) impessoalidade; b) publicidade; c) presunção de legitimidade; d) legalidade; e) moralidade.

Inclusive, quando a banca fizer referência no enunciado à finalidade da lei ou finalidade do interesse público, saiba que é enorme a possibilidade de a resposta ser princípio da impessoalidade. Veja a título de exemplo a questão abaixo:

(ESAF/ANALISTA COMPRAS RECIFE/2003) A finalidade, como elemento essencial de validade do ato administrativo, corresponde na prática e mais propriamente à observância do princípio fundamental de a) economicidade; b) legalidade; c) moralidade; d) impessoalidade;

(ESAF/AGU/98) Um ato administrativo estará caracterizando desvio de poder, por faltar-lhe o elemento relativo à finalidade de interesse público, quando quem o praticou violou o princípio básico da a) economicidade b) eficiência c) impessoalidade d) legalidade e) moralidade

(ESAF/2004/CGU/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE) Entre os princípios básicos da Administração Pública, conquanto todos devam ser observados em conjunto, o que se aplica, particular e apropriadamente, à exigência de o administrador, ao realizar uma obra pública, autorizada por lei, mediante procedimento licitatório, na modalidade de menor preço global, no exercício do seu poder discricionário, ao escolher determinados fatores, dever orientar-se para o de melhor atendimento do interesse público, seria o da a) eficiência; b) impessoalidade; c) legalidade; d) moralidade; e) publicidade

Outra informação importante para seu estudo é que o princípio da impessoalidade não foi previsto expressamente na Lei 9.784/99 (que regula o processo administrativo federal), mas sim implicitamente.

Apenas lembrando que impessoalidade é princípio expresso na Constituição Federal.

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(FCC/2009/TRT - 15ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Os princípios da eficiência e da impessoalidade, de ampla aplicação no Direito Administrativo, não estão expressamente previstos na Constituição Federal. (Gabarito: errada)

Contudo, a doutrina considera que referido princípio está representado na citada Lei 9.784/99 pelo princípio da finalidade (este sim consta expressamente do art. 2º).

A propósito, veja a redação desse art. 2º:

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Observe que o princípio da finalidade consta expressamente da redação, o mesmo não acontecendo quanto o princípio da impessoalidade.

De qualquer maneira, não há dúvidas de que o princípio da impessoalidade está presente de forma implícita na Lei 9.784/99, o que pode ser confirmado pela análise do parágrafo único, inciso III, desse mesmo art. 2º: “objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades”.

Outra demonstração da presença implícita desse princípio na referida lei decorre das normas contidas nos arts. 18 a 21, que contém regras sobre impedimento e suspeição nos processos administrativos federais.

Abaixo reproduzirei esses artigos cuja leitura é importante para seu estudo, pois essa lei está prevista na grande maioria dos programas de concursos públicos:

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.

Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

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Dessa forma, o agente público deve perseguir a finalidade expressa ou implícita (virtual) na lei, não promovendo perseguições ou favorecimentos aos administrados e aos próprios integrantes do quadro de pessoal do Estado.

(CESPE/2007/TCU/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/COMUM A TODOS) O atendimento do administrado em consideração ao seu prestígio social angariado junto à comunidade em que vive não ofende o princípio da impessoalidade da administração pública. (Gabarito: errada)

(FCC/2008/TRT-2R/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Sobre os princípios básicos da Administração, considere: I. Exigência de que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. II. A atuação da Administração Pública deve sempre ser dirigida a todos os administrados em geral, sem discriminação de qualquer natureza. Essas afirmações referem-se, respectivamente, aos princípios da (Gabarito: eficiência e impessoalidade)

b) Associado ao princípio da isonomia:

O segundo aspecto que você deve considerar no seu estudo sobre princípio da impessoalidade diz respeito à sua associação ao princípio da isonomia (igualdade). A Administração Pública, agindo de forma impessoal, deve tratar com igualdade os administrados que se encontrem na mesma situação jurídica.

(CESPE/2009/ANATEL/ANALISTA ADMINISTRATIVO) O presidente de um tribunal de justiça estadual tem disponível no orçamento do tribunal a quantia de R$ 2.000.000,00 para pagamento de verbas atrasadas dos juízes de direito e desembargadores. Cada juiz e desembargador faz jus, em média, a R$ 130.000,00. Ocorre que o presidente da Corte determinou, por portaria publicada no Diário Oficial, o pagamento das verbas apenas aos desembargadores, devendo os juízes de direito aguardar nova disponibilização de verba orçamentária para o pagamento do que lhes é devido. O presidente fundamentou sua decisão de pagamento inicial em razão de os desembargadores estarem em nível hierárquico superior ao dos juízes. Irresignados, alguns juízes pretendem ingressar com ação popular contra o ato que determinou o pagamento das verbas aos desembargadores. Considerando a situação hipotética acima apresentada, julgue os itens subsequentes, acerca do controle e dos princípios fundamentais da administração pública. A decisão do presidente do tribunal de justiça violou o princípio da impessoalidade, na medida em que esse princípio objetiva a igualdade de tratamento que o administrador deve dispensar aos administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. (Gabarito: correta)

Você deve se lembrar do seu professor de Administrativo ou Constitucional dizendo em sala de aula que a essência da igualdade é tratar desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Isso ocorre, por exemplo, com a reserva de vagas para portadores de necessidades especiais nos concursos públicos.

(FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade impedir que determinadas pessoas recebam tratamento favorecido em concursos públicos, em razão de deficiência física.(Gabarito: errada)

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Veja como a FCC abordou esse tema:

(FCC/TRE/MG/ANAL. JUDICIÁRIO/2005) A obrigação atribuída ao Poder Público de manter uma posição neutra em relação aos administrados, não podendo atuar com objetivo de prejudicar ou favorecer determinada pessoa, decorre do princípio da: a) moralidade; b) impessoalidade; c) legalidade; d) motivação; e) imperatividade

A realização de licitações e de concursos públicos são também expressões do princípio da impessoalidade associado à isonomia, pois oportunidades iguais são conferidas a todos aqueles que preencherem os requisitos previstos na lei e no edital.

(FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade é considerar inconstitucionais os critérios de títulos em concursos para provimento de cargos públicos. (Gabarito: errada)

Sob essa ótica foi elaborada a questão abaixo, cujo enunciado está correto:

(CESPE/AFPS) Uma vez que a licitação permite a disputa de várias pessoas que satisfaçam a critérios da lei e do edital, é correto afirmar que, com isso, estão sendo observados os princípios constitucionais da isonomia, da legalidade e da impessoalidade da administração pública. (Gabarito: correta)

c) Associado à vedação de promoções pessoais pelos agentes públicos:

O princípio também deve ser analisado como uma vedação aos agentes públicos para que se utilizem de seus cargos, empregos ou funções visando à sua promoção pessoal ou de terceiros.

Veja o que diz o art. 37, §1º, da CF/88:

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

Portanto, determinada obra não deve ser associada ao agente público, mas sim à pessoa jurídica. Por exemplo: “obra realizada pelo Estado do Rio de Janeiro” e não “obra realizada pelo Governo Fulano de tal”.

(CESPE/2009/SECONT-ES/AUDITOR DO ESTADO/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO)Como decorrência do princípio da impessoalidade, a CF proíbe a presença de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos. (Gabarito: correta)

(FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade proibir que constem, na publicidade das obras e serviços públicos, nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades. (Gabarito: correta)

(CESPE/2009/TRT17/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS) As sociedades de economia mista e as empresas públicas que prestam

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serviços públicos estão sujeitas ao princípio da publicidade tanto quanto os órgãos que compõem a administração direta, razão pela qual é vedado, nas suas campanhas publicitárias, mencionar nomes e veicular símbolos ou imagens que possam caracterizar promoção pessoal de autoridade ou servidor dessas entidades. (Gabarito: errada)

Não significa que o agente público não possa se identificar na prática dos atos administrativos. Pelo contrário, pois é direito dos administrados exigir a identificação funcional das autoridades administrativas, sendo dever destes se identificarem. O que não se tolera no nosso ordenamento jurídico é que o agente público busque a sua promoção pessoal ou de terceiros por meio da vinculação do nome a serviços, programas ou obras dos órgãos públicos.

(FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade impedir que servidores públicos se identifiquem pessoalmente como autores dos atos administrativos que praticam. (Gabarito: errada)

d) Associado ao princípio da imputação volitiva:

O princípio da impessoalidade também se associa ao princípio da imputação volitiva. Este princípio preceitua que os atos praticados pelos agentes públicos são imputados à pessoa jurídica em nome da qual atua. É a chamada teoria do órgão.

(FGV/2008/TCM-RJ/PROCURADOR) A assertiva "que os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário" encontra respaldo, essencialmente no princípio _________: (Gabarito: da impessoalidade)

(FCC/2010/CASA CIVIL/SP/EXECUTIVO PÚBLICO) O princípio ou regra da Administração Pública que determina que os atos realizados pela Administração Pública, ou por ela delegados, são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário é o da impessoalidade. (Gabarito: correta)

Com base nessa teoria, se um servidor público causar prejuízo a um particular, como por exemplo, agredindo-o fisicamente a ponto de causar-lhe lesões, a ação judicial pleiteando a reparação civil (gastos com uma cirurgia plástica, por exemplo) será proposta contra o ente público em nome da qual agiu o servidor agressor. Se nesse exemplo o servidor for lotado na autarquia INSS, será contra esta entidade que a vítima das lesões proporá a ação indenizatória. Posteriormente, se o INSS suportar algum prejuízo, ajuizará ação regressiva contra o agente causador dos danos.

(FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade considerar que o servidor age em nome da Administração, de modo que a Administração se responsabiliza pelos atos do servidor, e este não possui responsabilidade. (Gabarito: errada)

O princípio da imputação volitiva explica porque os atos praticados pelos funcionários de fato (agentes de fato) são considerados válidos, obviamente se realizados de acordo com o ordenamento jurídico.

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Funcionários de fato são aqueles irregularmente investidos na função pública (ex: servidor que ingressou sem o obrigatório concurso público), mas sua situação tem aparência de legalidade.

(CESPE/2009/PGE-PE/Procurador de Estado) De acordo com o princípio da impessoalidade, é possível reconhecer a validade de atos praticados por funcionário público irregularmente investido no cargo ou função, sob o fundamento de que tais atos configuram atuação do órgão e não do agente público. (Gabarito: correta)

Seus atos são considerados válidos sob o fundamento de que foram praticados pela pessoa jurídica e com o propósito de proteger a boa-fé dos administrados.

Imaginem um servidor que foi nomeado sem concurso público e ao longo dos anos praticou diversos atos. Há uma irregularidade em sua investidura (ausência de concurso), o que, com base na teoria do órgão, não invalidará os seus atos se praticados de acordo com o ordenamento jurídico, pois, conforme já dito, consideram-se praticados pela pessoa jurídica a qual integra.

Com essas considerações chego ao fim do primeiro tema na expectativa de que você tenha gostado da maneira como a aula está sendo conduzida e, principalmente, esteja aprimorando seus conhecimentos sobre princípio da impessoalidade, tema tão explorado nos concursos públicos.

TTEEMMAA 22 PPrriinnccííppiiooss aaddmmiinniissttrraattiivvooss xx

nneeppoottiissmmoo

Principalmente após a edição da súmula vinculante nº 13 do STF, questões envolvendo o tema nepotismo marcaram presença forte nas provas de concursos públicos.

Inclusive, nesse mês de junho, foi publicado o Decreto nº 7.203/10, que dispôs sobre a vedação do nepotismo no âmbito da administração pública federal, cuja íntegra está disponibilizada no final desse tema.

De início, analise o conteúdo da súmula vinculante nº 13:

“A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente3, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

3 Parentes em linha reta até o 3º grau: filhos, pai/mãe, netos, avós/avôs, bisnetos e bisavós; Parentes em linha colateral até o 3º grau: irmãos, tios e sobrinhos; Parentes por afinidade até o 3º grau: os parentes do cônjuge ou companheiro até o 3º grau.

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Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF.”

Analise comigo quais são as possíveis informações constantes dessa súmula que podem ser objeto de questão de prova.

Veja se concorda com as minhas conclusões:

• Quem está sujeito ao nepotismo: cônjuge, companheiro e parente até o 3º grau;

Pegadinha: banca substituir “3º grau” por “2º grau”.

• Com quem ocorrem os vínculos acima para caracterização do nepotismo: autoridade nomeante ou servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento;

Pegadinha: banca substituir “cargo de direção, chefia ou assessoramento” por “cargo efetivo”, ou acrescentar essa expressão na assertiva, pois não haverá nepotismo se a nomeação for para ocupar cargo efetivo (cujo ingresso se dá por meio de concurso público).

• Nepotismo caracteriza-se em quais cargos/funções: cargos em comissão ou funções de confiança

Pegadinha: banca substituir “cargo em comissão ou função de confiança” por “cargo efetivo”, conforme já dito acima.

Em resumo, haverá nepotismo nas seguintes hipóteses:

• se a autoridade nomear seu cônjuge, companheiro ou parente até o 3º grau para ocupar cargo em comissão ou exercer função de confiança;

• se o servidor nomeado for cônjuge, companheiro ou parente até o 3º de servidor da mesma pessoa jurídica que ocupe cargo de direção, chefia ou assessoramento;

• se ocorrer nepotismo cruzado, em que a autoridade A nomeia, por exemplo, o cônjuge da autoridade B, e esta nomeia o irmão da autoridade A. São as designações recíprocas citadas na súmula.

Além dessas colocações, existem alguns pontos não constantes da súmula vinculante nº 13, mas que foram discutidos e decididos pelos Ministros do STF:

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• Não há nepotismo nas nomeações para cargos de natureza política, tais como os cargos de Secretários de Governo e Ministros de Estado4, salvo se for nepotismo cruzado;

(CESPE/2009/AGU/ADVOGADO) Considere que Platão, governador de estado da Federação, tenha nomeado seu irmão, Aristóteles, que possui formação superior na área de engenharia, para o cargo de secretário de estado de obras. Pressupondo-se que Aristóteles atenda a todos os requisitos legais para a referida nomeação, conclui-se que esta não vai de encontro ao posicionamento adotado em recente julgado do STF. (Gabarito: correta)

(ADVOGADO DA UNIÃO/ADV AGU 2009/CESPE) Com base no princípio da eficiência e em outros fundamentos constitucionais, o STF entende que viola a Constituição a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas. (Gabarito: correta)

(SEAPA/CESPE/2009/CONHECIMENTOS BÁSICOS) O nepotismo corresponde a prática que pode violar o princípio da moralidade administrativa. A esse respeito, de acordo com a jurisprudência do STF, seria inconstitucional ato discricionário do governador do DF que nomeasse parente de segundo grau para o exercício do cargo de secretário de Estado da SEAPA/DF. (Gabarito: errada)

(IBRAM/CESPE/2009/ANALISTAS DE ATIVIDADES DO MEIO AMBIENTE) Ofende os princípios constitucionais que regem a administração pública, a conduta de um prefeito que indicou seu filho para cargo em comissão de assessor do secretário de fazenda do mesmo município, que efetivamente o nomeou. (Gabarito: correta)

• Não há necessidade de que a vedação ao nepotismo seja prevista em lei formal, pois de acordo com o STF a sua proibição decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37 da CF, mais precisamente dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência.

(CESPE/AGU/2009) Segundo entendimento do STF, a vedação ao nepotismo não exige edição de lei formal, visto que a proibição é extraída diretamente dos princípios constitucionais que norteiam a atuação administrativa. (Gabarito: correta)

(ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) A rejeição à figura do nepotismo no serviço público tem seu amparo original no princípio constitucional da: a) moralidade; b) legalidade; c) impessoalidade; d) razoabilidade; e) eficiência

(MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA/FINEP/ANALISTA/ADMINISTRAÇÃO DE

4 O STF não procedeu à enumeração de quais são os cargos considerados políticos para fins de nepotismo, o que afastaria as dúvidas que têm surgido. De qualquer forma, por enquanto, considere apenas os cargos de Secretário de Governo e de Ministro de Estado. As eventuais dúvidas deverão ser dirimidas pelo próprio STF, como fez quando foi provocado a decidir se o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas é político, ocasião em que decidiu que não, mas sim cargo administrativo, sujeito, portanto, às regras do nepotismo.

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MATERIAL E LICITAÇÕES/CESPE) Exige-se edição de lei formal para coibir a prática do nepotismo, uma vez que a sua vedação não decorre diretamente dos princípios contidos na Constituição Federal (CF). (Gabarito: errada)

É interessante destacar que a prática de nepotismo constitui ato de improbidade administrativa por ofensa aos princípios da Administração Pública (art. 11 da Lei 8.429/92), cuja caracterização, conforme vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça, independe de dano ou de lesão material ao erário.

Conforme combinado, segue o Decreto nº 7.203/10 em sua íntegra:

DECRETO Nº 7.203, DE 4 DE JUNHO DE 2010.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1o A vedação do nepotismo no âmbito dos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta observará o disposto neste Decreto.

Art. 2o Para os fins deste Decreto considera-se: I - órgão: a) a Presidência da República, compreendendo a Vice-Presidência, a Casa Civil, o Gabinete Pessoal e a Assessoria Especial; b) os órgãos da Presidência da República comandados por Ministro de Estado ou autoridade equiparada; e c) os Ministérios; II - entidade: autarquia, fundação, empresa pública e sociedade de economia mista; e III - familiar: o cônjuge, o companheiro ou o parente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau. Parágrafo único. Para fins das vedações previstas neste Decreto, serão consideradas como incluídas no âmbito de cada órgão as autarquias e fundações a ele vinculadas.

Art. 3o No âmbito de cada órgão e de cada entidade, são vedadas as nomeações, contratações ou designações de familiar de Ministro de Estado, familiar da máxima autoridade administrativa correspondente ou, ainda, familiar de ocupante de cargo em comissão ou função de confiança de direção, chefia ou assessoramento, para: I - cargo em comissão ou função de confiança; II - atendimento a necessidade temporária de excepcional interesse público, salvo quando a contratação tiver sido precedida de regular processo seletivo; e III - estágio, salvo se a contratação for precedida de processo seletivo que assegure o princípio da isonomia entre os concorrentes. § 1o Aplicam-se as vedações deste Decreto também quando existirem circunstâncias caracterizadoras de ajuste para burlar as restrições ao nepotismo, especialmente mediante nomeações ou designações recíprocas, envolvendo órgão ou entidade da administração pública federal. § 2o As vedações deste artigo estendem-se aos familiares do Presidente e do Vice-Presidente da República e, nesta hipótese, abrangem todo o Poder Executivo Federal. § 3o É vedada também a contratação direta, sem licitação, por órgão ou entidade da administração pública federal de pessoa jurídica na qual haja administrador

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ou sócio com poder de direção, familiar de detentor de cargo em comissão ou função de confiança que atue na área responsável pela demanda ou contratação ou de autoridade a ele hierarquicamente superior no âmbito de cada órgão e de cada entidade.

Art. 4º Não se incluem nas vedações deste Decreto as nomeações, designações ou contratações: I - de servidores federais ocupantes de cargo de provimento efetivo, bem como de empregados federais permanentes, inclusive aposentados, observada a compatibilidade do grau de escolaridade do cargo ou emprego de origem, ou a compatibilidade da atividade que lhe seja afeta e a complexidade inerente ao cargo em comissão ou função comissionada a ocupar, além da qualificação profissional do servidor ou empregado; II - de pessoa, ainda que sem vinculação funcional com a administração pública, para a ocupação de cargo em comissão de nível hierárquico mais alto que o do agente público referido no art. 3º; III - realizadas anteriormente ao início do vínculo familiar entre o agente público e o nomeado, designado ou contratado, desde que não se caracterize ajuste prévio para burlar a vedação do nepotismo; ou IV - de pessoa já em exercício no mesmo órgão ou entidade antes do início do vínculo familiar com o agente público, para cargo, função ou emprego de nível hierárquico igual ou mais baixo que o anteriormente ocupado. Parágrafo único. Em qualquer caso, é vedada a manutenção de familiar ocupante de cargo em comissão ou função de confiança sob subordinação direta do agente público.

Art. 5º Cabe aos titulares dos órgãos e entidades da administração pública federal exonerar ou dispensar agente público em situação de nepotismo, de que tenham conhecimento, ou requerer igual providência à autoridade encarregada de nomear, designar ou contratar, sob pena de responsabilidade. Parágrafo único. Cabe à Controladoria-Geral da União notificar os casos de nepotismo de que tomar conhecimento às autoridades competentes, sem prejuízo da responsabilidade permanente delas de zelar pelo cumprimento deste Decreto, assim como de apurar situações irregulares, de que tenham conhecimento, nos órgãos e entidades correspondentes.

Art. 6º Serão objeto de apuração específica os casos em que haja indícios de influência dos agentes públicos referidos no art. 3o: I - na nomeação, designação ou contratação de familiares em hipóteses não previstas neste Decreto; II - na contratação de familiares por empresa prestadora de serviço terceirizado ou entidade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou entidade da administração pública federal.

Art. 7o Os editais de licitação para a contratação de empresa prestadora de serviço terceirizado, assim como os convênios e instrumentos equivalentespara contratação de entidade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou entidade da administração pública federal, deverão estabelecer vedação de que familiar de agente público preste serviços no órgão ou entidade em que este exerça cargo em comissão ou função de confiança.

Art. 8o Os casos omissos ou que suscitem dúvidas serão disciplinados e dirimidos pela Controladoria-Geral da União.

Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 4 de junho de 2010; 189o da Independência e 122o da República.

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Por fim, um pouco de teoria sobre o princípio da moralidade.

De acordo com o princípio da moralidade o agente público deve agir de forma ética, observando a moral administrativa (moral jurídica – composta de regras de boa administração), que difere da moral comum.

(ESAF/TCU/2000) A conduta ética do administrador deve-se pautar pelo atendimento ao princípio da moralidade. (Gabarito: correta)

Enquanto a moral comum vincula o indivíduo em sua conduta externa, preocupando-se em diferenciar o bem do mal, a moral administrativa está associada à disciplina interna da Administração.

O princípio da moralidade também se aplica ao particular que se relaciona com a Administração Pública.

(RECEITA FEDERAL/ESAF/AUDITOR FISCAL/2005) O princípio da moralidade administrativa incide apenas em relação às ações do administrador público, não sendoaplicável ao particular que se relaciona com a Administração Pública. (Gabarito: errada)

Grave que a moralidade constitui requisito de validade de todo ato da Administração Pública!

(CESPE/TCE-PE/2004) Um ato administrativo que ofenda o princípio constitucional da moralidade é passível de anulação e, para que esta ocorra, não é indispensável, em todos os casos, examinar a intenção do agente público. (Gabarito: correta)

(TÉCNICO JUDICIÁRIO/TER-MA/2006/CESPE) A moralidade administrativa nãoconstitui, a partir da Constituição de 1988, pressuposto de validade de todo ato da administração pública. (Gabarito: errada)

São diversos os instrumentos de combate à imoralidade administrativa previstos no ordenamento jurídico pátrio, tais como a ação popular, ação civil pública e a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), que regulamenta o art. 37, §4º, da CF, cuja redação é a seguinte:

“Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.

Muita atenção na prova quanto a esse dispositivo constitucional, pois as bancas costumam inverter “suspensão dos direitos políticos” e “perda da função pública” colocando que os atos de improbidade geram a perda de direitos políticos (o que não existe no Brasil) e a suspensão da função pública.

Quando falei de nepotismo, destaquei que não é preciso editar lei formal para regulamentar o tema, uma vez que a sua proibição decorre dos princípios constitucionais. Essa mesma discussão existiu quanto ao princípio da moralidade, sustentando o STF que não é preciso lei formal para dar eficácia ao princípio da moralidade, podendo, inclusive, a Administração Pública

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disciplinar o assunto por meio de atos normativos infralegais, tais como decretos e regulamentos. Tome como exemplo o recente decreto sobre nepotismo (Decreto nº 7.203/10) e o Código de Ética dos Servidores Federais (Decreto nº 1.171/94).

(AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO/AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS/TCU/CESPE/2009) Os princípios constitucionais, assim como as regras, são dotados de força normativa. Com base nesse entendimento doutrinário, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendido que o princípio da moralidade, por exemplo, carece de lei formal que regule sua aplicação, não podendo a administração disciplinar, por meio de atos infralegais, os casos em que reste violado esse princípio, sob pena de desrespeito ao princípio da legalidade. (Gabarito: errada)

Para finalizar, uma pergunta que considero muito interessante: qual expressão possui maior abrangência: imoralidade administrativa ou improbidade administrativa?

Responda na sua prova que é “improbidade administrativa”. O motivo é simples: a imoralidade administrativa corresponde ao desrespeito ao princípio da imoralidade; enquanto a improbidade administrativa corresponde à ofensa aos princípios da Administração Pública, conforme art. 11 da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa).

Portanto, a expressão improbidade administrativa abrange a expressão imoralidade administrativa, não sendo verdadeiro o contrário.

(HEMOBRÁS/CESPE/2009/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA) A conduta do administrador público, em desrespeito ao princípio da moralidade administrativa, enquadra-se nos denominados atos de improbidade administrativa. (Gabarito: correto)

Encerrado mais um tema, apresento a seguir súmulas relacionadas aos princípios administrativos.

Leia cada uma dessas súmulas com a devida atenção, pois constituem uma rica fonte para formulação de questões de concursos públicos.

Qualquer dúvida lembre-se do fórum disponibilizado pelo Ponto dos Concursos.

SSÚÚMMUULLAASS ssoobbrree pprriinnccííppiiooss aaddmmiinniissttrraattiivvooss

Princípio da ampla defesa e contraditório

-- SSúúmmuullaa vviinnccuullaannttee nnºº 33

Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,

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excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

-- SSúúmmuullaa vviinnccuullaannttee nnºº 55

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a constituição.

-- SSúúmmuullaa vviinnccuullaannttee nnºº 2211

É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTFF nnºº 2200

É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de funcionário admitido por concurso.

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTJJ nnºº 337733

É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

Princípio da autotutela

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTFF nnºº 334466

A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTFF nnºº 447733

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Princípio da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência

-- SSúúmmuullaa vviinnccuullaannttee nnºº 1133

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a constituição federal.

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AAddmmiinniissttrraaççããoo PPúúbblliiccaa IInnddiirreettaa

TTEEMMAA 33 CCoonnsseellhhooss ddee PPrrooffiissssõõeess RReegguullaammeennttaaddaass::

nnaattuurreezzaa jjuurrííddiiccaa ddee aauuttaarrqquuiiaass

Você deve estar se perguntando: por que o Armando considera importante tratar de conselhos de fiscalização nessa aula?

A resposta é simples: porque são autarquias em regime especial, matéria abrangida pelo tema administração indireta, presente em diversos concursos públicos.

Você não precisar conhecer o funcionamento do Conselho Federal de Medicina ou do Conselho Federal de Engenharia, que são exemplos de conselhos de profissões regulamentadas, mas tem que saber que esses conselhos são enquadrados como autarquias, exceto a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB.

Portanto, se a banca afirmar numa prova que todos os conselhos de profissões são classificados como autarquias, essa assertiva estará errada, pois a OAB, em que pese ser conselho de profissão, não é considerada pelo STF como autarquia. Os demais conselhos são autarquias.

De acordo com o STF, a OAB é uma pessoa jurídica de direito público, porém, não se enquadra com autarquia, motivo pelo qual não integra a administração indireta, não sendo obrigada a realizar concursos públicos nem a prestar contas ao TCU (ADI 3026/DF).

(CESPE/2009/PC-PB/DELEGADO) A OAB, conforme entendimento do STF, é umaautarquia pública em regime-especial e se submete ao controle do TCU. (Gabarito: errada)

(ANALISTA JUDICIÁRIO/TER-GO/2009/CESPE) De forma geral, as autarquias corporativas, como a OAB e os demais conselhos de profissões regulamentadas, devem prestar contas ao Tribunal de Contas da União (TCU), fazer licitações e realizar concursos públicos para suas contratações. (Gabarito: errada)

(CESPE/2009/PC-PB/Delegado) Os conselhos de profissões regulamentadas, como o CREA e o CRM, são pessoas jurídicas de direito privado. (Gabarito: errada)

Dessa forma, para fazer o ponto na prova: os conselhos de profissão são autarquias, exceto a OAB5.

5 Ressaltou-se a diferença entre a OAB e os demais conselhos profissionais a justificar o seu tratamento diferenciado, uma vez que aquela não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas, mas também a defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.

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Você deve aplicar aos conselhos de profissões regulamentadas todas as características e as prerrogativas das autarquias que a seguir serão revisadas, ressalvando-se apenas uma particularidade: os servidores dos conselhos de profissões federais não são regidos pela Lei 8.112/90, mas sim pelo regime trabalhista (CLT), de acordo com a Lei 9.649/98 (ADI 1.717-DF).

Atenção para esse último detalhe (regime trabalhista dos conselhos), pois se a banca afirmar que todas as autarquias federais são regidas pela Lei 8.112/90, essa assertiva está equivocada, pois os conselhos profissionais não são, além de outras autarquias cujo respectivo ente público optou pelo regime celetista, conforme será estudado oportunamente.

Agora estudaremos a também importante parte teórica...

Optei por aproveitar esse tema conselho de profissões e fazer um apanhado geral sobre as autarquias. A proposta não é aprofundar nos temas, mas sim abordar o máximo de informações possíveis de forma resumida.

Então, vamos ao que interessa...

1) Exemplos:

INSS, INCRA, CADE, CVM, IBAMA, Banco Central do Brasil, ANATEL, CVI e Conselhos de Fiscalização de profissões regulamentadas (exceto OAB, conforme entendimento do STF - ADI nº 1.717-DF)

2) Natureza jurídica:

Possuem personalidade jurídica de direito público interno (art. 41, IV, Código Civil), podendo ser federais, estaduais, distritais ou municipais.

(CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se por serem entidades dotadas de personalidade jurídica de direito público. (Gabarito: correta)

(CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se como órgãos prestadores de serviços públicos dotados de autonomia administrativa. (Gabarito: errada)

3) Criação:

Criada por lei específica, nos termos do art. 37, XIX, CF.

(PGM/NATAL/PROCURADOR/2008/CESPE) A criação de uma autarquia federal é feita por decreto do presidente da República. (Gabarito: errada)

4) Momento da aquisição da personalidade jurídica:

A regra prevista no art. 45 do Código Civil de que a existência legal das pessoas jurídicas tem início com a inscrição no registro próprio de seus atos

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constitutivos não se aplica às autarquias, pois essa norma se restringe às pessoas de direito privado. O momento de criação da autarquia coincide com o de vigência da lei específica que a instituiu, motivo pelo qual não é necessário o registro de seus atos constitutivos no Cartório.

5) Extinção:

Pelo princípio da simetria ou paralelismo das formas jurídicas, pelo qual a forma de nascimento dos institutos jurídicos deve ser a mesma de sua extinção, será lei específica o instrumento legislativo idôneo para extinção das autarquias, de competência privativa do Chefe do Executivo.

(PGE/CE/PROCURADOR/2008/CESPE) As autarquias são criadas e extintas por ato do chefe do Poder Executivo. (Gabarito: errada)

6) Iniciativa do projeto de lei de instituição/extinção:

Competência privativa do Chefe do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos), conforme art. 61 da CF:

Art. 61. ( ... ) § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: ( ... ) II - disponham sobre: e) criação e extinção de Ministérios e órgãos6 da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;

A CF/88 refere-se ao Presidente da República, devendo tal regra pelo princípio da simetria constitucional ser aplicada também aos Estados (governadores), Distrito Federal (governador) e Municípios (prefeitos) com as devidas adaptações.

Apenas para fins de esclarecimento, a palavra “órgão” nesse dispositivo constitucional foi utilizada de forma imprecisa, pois a Constituição atribuiu-lhe um sentido amplo, abrangendo os órgãos propriamente ditos e entidades da administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).

7) Organização:

É reservada ao Chefe do Poder Executivo a competência para editar decretos aprovando o regulamento ou estatuto da autarquia. É o que determina o art. 84, VI, “a”, da CF/88:

6 Apenas para esclarecer, a palavra “órgão” nesse artigo foi utilizada de forma imprecisa, pois a Constituição atribui-lhe um sentido amplo, abrangendo os órgãos propriamente ditos e as entidades da administração indireta.

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Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: ( ... ) VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

8) Conceito:

Do decreto-lei nº 200/67 (art. 5º, I): “o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada”.

Como muitos alunos acham esse conceito complexo, segue outra definição: pessoa jurídica de direito público, de natureza administrativa, integrante da Administração Indireta, com patrimônio próprio exclusivamente público, criada por lei específica para execução de funções típicas do Estado.

(ESAF/ANALISTA MPU/2004) O serviço público personificado, com personalidade de direito público, e capacidade exclusivamente administrativa, é conceituado como sendo um(a): a) empresa pública b) órgão autônomo c) entidade autárquica d) fundação pública e) sociedade de economia mista

(CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se por integrarem a administração pública centralizada. (Gabarito: errada)

9) Objetivos sociais:

Serviços públicos (saúde, educação, previdência social etc) ou desempenho de atividades administrativas (Banco Central fiscalizando atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras). Estão excluídas do seu objeto atividades de cunho econômico e mercantil. As autarquias não visam lucros.

(UNB/CESPE/MMA/AGENTE ADMINISTRATIVO/2009) Autarquias podem ser criadas para exercerem atividades de ensino, em que se incluem as universidades. (Gabarito: correta)

10) Autonomia administrativa:

Todas as entidades integrantes da Administração Indireta possuem essa característica.

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11) Supervisão ministerial:

Entre a autarquia e a pessoa política instituidora não há hierárquica, mas apenas vinculação (tutela ou controle finalístico), por meio da qual a administração direta fiscaliza se a autarquia está desempenhando as funções que lhe foram atribuídas.

(CESPE/SEJUS/ES/2009) A autarquia, embora possua personalidade jurídica própria, sujeita-se ao controle ou à tutela do ente que a criou. (Gabarito: correta)

(PGE/CE/PROCURADOR/2008/CESPE) As autarquias são hierarquicamentesubordinadas à administração pública que as criou. (Gabarito: errada)

(PGM/NATAL/PROCURADOR/2008/CESPE) A relação entre uma autarquia e o ente que a criou é de subordinação. (Gabarito: errada)

12) Patrimônio:

O patrimônio é próprio e público, de acordo com o art. 987 do Código Civil.

Os bens das autarquias, por serem públicos, possuem as seguintes características:

• impenhorabilidade: não podem ser penhorados.

(ESAF/COMEX/98) Os bens das autarquias não estão sujeitos a penhora. (Gabarito: correta)

• imprescritibilidade: os bens públicos são imprescritíveis, não estando sujeitos à usucapião.

• não sujeição a ônus: sobre um bem público não incide gravames (ônus), como exemplos, uma hipoteca ou um penhor.

• alienação condicionada: o bem público poderá ser alienado8, desde que observados alguns requisitos previstos em lei (art. 17 da Lei 8.666/93).

13) Pagamento de débitos decorrentes de sentença judicial:

Os débitos das pessoas jurídicas de direito público decorrentes de sentença judicial são pagos por meio de precatório, nos termos do art. 100 da CF, ou

7 Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

8 A expressão alienação nesse contexto significa transferência da titularidade de determinado bem (“trocar o dono”). Alienar não se resume à venda, pois existem outros meios de mudança de proprietário, como ocorre na doação, na permuta e na dação em pagamento.

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por meio de Requisição de Pequeno Valor - RPV, quando de pequeno valor (no âmbito federal, até 60 salários mínimos).

(CESPE/ PROCURADOR INSS/1998) Os bens do INSS são impenhoráveis. Os débitos deste ente público, definidos em sentença judicial, são pagos exclusivamente por meio de precatórios. (Gabarito: errada)

Quanto a esse item eu chamo a sua atenção para o fato de que os débitos das pessoas públicas, não decorrentes de sentença judicial, não são pagos por precatório ou RPV, mas sim administrativamente.

Dessa forma, se a União desapropriar um imóvel e o proprietário concordar com a indenização proposta, o valor será pago administrativamente, e não por meio de precatório ou de RPV, pois o débito não decorreu de sentença judicial.

14) Nomeação dos dirigentes e aprovação prévia do Legislativo:

Atualmente, mudando sua posição originária, o STF considera constitucionala exigência de que a nomeação pelo Chefe do Executivo de dirigentes de autarquias, que são ocupantes de cargos em comissão, esteja condicionada à prévia aprovação pelo Poder Legislativo (ADI nº 1.281-PA).

Inclusive, o art. 84, XIV, da CF, condiciona a nomeação do presidente e dos diretores do Banco Central à aprovação pelo Senado Federal, bem como de outros servidores, quando determinado em lei:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XIV - Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei.

15) Regime de trabalho:

A Emenda Constitucional nº 19/98, alterando o caput do art. 39 da CF, pôs fim à obrigatoriedade das pessoas jurídicas de direito público adotarem regime jurídico único para os seus servidores, possibilitando às autarquias a adoção do regime de pessoal estatutário (por ex., Lei 8.112/90 para as autarquias federais) ou celetista (CLT), de acordo com o que estabelecesse a lei.

Passou a ser possível determinado ente federado ser estatutário e as suas autarquias celetistas. Conforme eu disse, a EC 19/98 pôs fim ao regime jurídico único, passando a conviver dois regimes distintos: estatutário, que se baseia num estatuto, e celetista, baseado na CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas.

O regime estatutário é reservado para os ocupantes de cargos públicos, enquanto o regime celetista para os ocupantes de emprego público.

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Inclusive, no âmbito federal foi editada a Lei 9.962/00 para disciplinar o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional.

Porém, depois de aproximadamente 10 anos da promulgação da EC 19/98, olha o que acontece...

Identificaram um vício na votação do seu projeto, e por conta desse vício foi proposta uma ação direta de inconstitucionalidade no STF (ADI 2135). Não deu outra: o STF, em 02/08/07, deferiu parcialmente medida cautelar para suspender com efeitos ex nunc (daquele momento para frente) a eficácia do indigitado art. 39, caput, com a redação da EC nº 19/98.

Se a EC 19/98 pôs fim ao regime jurídico único ao alterar o art. 39 da CF, com a suspensão de sua aplicação volta a ser aplicado o art. 39 com sua redação anterior, ou seja, fica restabelecido o regime jurídico único.

Com essa decisão, o regime jurídico a ser adotado obrigatoriamente pelas pessoas jurídicas de direito público volta a ser o estatutário (posição que prevalece na doutrina e na jurisprudência).

Mas e os entes federados que adotaram o regime de emprego público após a EC 19/98? Como a decisão do STF teve efeitos ex nunc, só produzindo efeitos a partir daquele momento, essas situações permanecerão inalteradas, aplicando-se, contudo, o regime jurídico único para as nomeações posteriores à decisão do STF.

Elaborei um quadro para facilitar seu estudo:

Entre CF/88 e EC 19/98

Entre a EC 19/98 e a publicação da cautelar na ADI 2.135

A partir da publicação da cautelar na ADI 2.135

Regime jurídico único: estatutário

Regime jurídico estatutário ou celetista

Regime jurídico único: estatutário. Porém, será mantido o regime celetista para os empregados contratados entre a EC 19/98 e a ADI 2.135, pois a decisão teve efeitos ex nunc.

16) Prerrogativas:

As autarquias gozam das mesmas prerrogativas e privilégios assegurados à Fazenda Pública (União, Estados, DF e Municípios):

(CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se pelo desempenho de atividades tipicamente estatais. (Gabarito: correta)

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• imunidade tributária (art. 150, §2º, CF/88), que veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços das autarquias, desde que estes sejam vinculados a suas finalidades essenciais;

(CESPE/BACEN/97) O patrimônio, a renda e os serviços das autarquias estão sempreprotegidos pela imunidade tributária, prevista no texto constitucional vigente. (Gabarito: errada)

• impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas;

• imprescritibilidade de seus bens (não podem ser adquiridos por terceiros via usucapião);

• prescrição qüinqüenal, significando que as dívidas e direitos de terceiros contra as autarquias prescrevem em cinco anos, salvo exceções legais;

• créditos sujeitos à execução fiscal;

• os débitos decorrentes de condenação em sentença judicial são pagos por meio de precatórios ou de RPV (requisição de pequeno valor).

• prazos processuais dilatados, conforme art. 188 do CPC: “computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público”.

(CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se por beneficiarem-se dos mesmos prazos processuais aplicáveis à administração pública centralizada. (Gabarito: correta)

17) Foro dos litígios:

De início, faça a seguinte divisão:

• ações que envolvam discussões sobre relação laboral (sobre relação de trabalho, como exemplo, ações pleiteando pagamento de férias, 13º, horas extras etc...)

• demais ações (ações de dano moral, de ressarcimento etc...).

Destaco que todo o meu raciocínio será desenvolvido levando-se em conta autarquias federais...

- Ações que envolvam discussões sobre relação laboral

Se o regime de trabalho da autarquia for celetista (lembre-se que durante um período conviveram os regimes celetista e estatutário), as ações trabalhistas serão julgadas na Justiça do Trabalho. Portanto, um empregado de uma autarquia celetista deve propor uma ação na Justiça do Trabalho para pleitear horas extras não pagas.

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Agora, se o regime for estatutário, as ações que envolvam relação laboral serão julgadas na Justiça Federal. Portanto, se determinado Polícia Federal pretender pleitear diferenças em suas remunerações, deverá propor a ação na Justiça Federal.

Será também da Justiça Federal, e não da Justiça do Trabalho, a competência para julgamento das ações envolvendo servidores temporários e autarquias federais, conforme decidiu o STF na Reclamação nº 5.171.

Demais ações

Quanto às demais ações (dano moral, ressarcimento...), a competência será da Justiça Federal, conforme art. 109, I, da CF, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

(AFPS/INSS/2002) A entidade da Administração Pública Federal, com personalidade jurídica de direito privado, que é submetida ao controle jurisdicional na Justiça Federal de Primeira Instância, nas ações em que figure como autora ou ré, quando não se tratar de falência, acidente de trabalho, questão eleitoral e matéria trabalhista, é a : a) autarquia. b) empresa pública. c) fundação pública. d) sociedade de economia mista. e) fazenda pública.

18) Agências reguladoras e agências executivas

De forma resumida ... - Agências reguladoras

No Brasil estão sendo criadas como autarquias em regime especial para regular e/ou fiscalizar as atividades de determinados setores que desempenham atividades econômicas no país (ex: ANATEL, ANVISA, ANS etc).

Nada impede que sejam criadas com outra forma jurídica, como fundações públicas, por exemplo.

(ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) As agências criadas nos últimos anos na esfera federal assumiram a forma jurídica de: a) fundações públicas b) órgãos da administração direta c) empresas públicas d) sociedades de economia mista e) autarquias

(ESAF/PROCURADOR FORTALEZA/2002) As agências reguladoras representam uma nova categoria jurídica no âmbito da Administração Direta, distintas de autarquias e fundações. (Gabarito: errada)

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(CESPE/ ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 6ª/2002) As agências reguladoras constituem espécie distinta de ente da administração pública indireta: não são autarquias nem empresas públicas; possuem personalidade jurídica de direito privado, amplos poderes normativos e seus dirigentes não são demissíveis ad nutum. (Gabarito: errada)

- Agências Executivas

Poderão ser qualificadas como agências executivas as autarquias e as fundações públicas que celebrem com o Poder Público contrato de gestão, com o objetivo de obterem maior autonomia administrativa e financeira. Em contraprestação, assumem o compromisso de alcançar determinadas metas de desempenho.

(UNB/CESPE/SEPLAG/IBRAM/ADVOGADO/2009) Uma autarquia pode ser qualificada como agência executiva desde que estabeleça contrato de gestão com o ministério supervisor e tenha também plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento. (Gabarito: correto)

(ESAF/PFN/2003) A qualificação como agência executiva pode recair tanto sobre entidade autárquica como fundacional, integrante da Administração Pública. (Gabarito: correta)

19) Associações Públicas:

A Lei 11.107/05 institui a possibilidade de a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios reunirem-se para a realização de objetivos de interesse comum por meio de consórcios públicos. Dessa reunião constituir-se-á pessoa jurídica de direito privado ou pessoa jurídica de direito público. Neste último caso, será denominada de associação pública, que nos termos do art. 41, IV, do Código Civil, tem natureza jurídica de autarquia.

SSÚÚMMUULLAASS ssoobbrree aaddmmiinniissttrraaççããoo iinnddiirreettaa

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTFF nnºº 551177

As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a União intervém como assistente ou opoente.

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTFF nnºº 555566

ÉÉ ccoommppeetteennttee aa jjuussttiiççaa ccoommuumm ppaarraa jjuullggaarr aass ccaauussaass eemm qquuee éé ppaarrttee ssoocciieeddaaddee ddee eeccoonnoommiiaa mmiissttaa..

-- SSúúmmuullaa ddoo SSTTJJ nnºº 333333

Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

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OOUUTTRRAASS DDEECCIISSÕÕEESS ssoobbrree aaddmmiinniissttrraaççããoo iinnddiirreettaa

FFuunnddaaççõõeess ppúúbblliiccaass:: nnaattuurreezzaa jjuurrííddiiccaa

A redação do art. 37, XIX, CF, provoca dúvidas em muitos concurseiros relativamente à natureza jurídica das fundações públicas:

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

Pela leitura desse dispositivo conclui-se que as autarquias serão criadas por lei específica, daí serem pessoas jurídicas de direito público, enquanto as demais entidades, incluindo-se as fundações, terão sua criação autorizada por lei específica, portanto, pessoas jurídicas de direito privado.

Só que essa interpretação literal não revela a posição que prevalece na doutrina e na jurisprudência: existem duas fundações públicas.

Fundação pública de direito público • criada por lei (denominada de fundação autárquica) • pessoa jurídica de direito público

Fundação pública de direito privado • criação autorizada por lei • pessoa jurídica de direito privado

Na sua prova você deve seguir a interpretação do STF quanto ao art. 37, XIX, da CF/88: duas fundações públicas integram a administração indireta, uma de natureza pública e outra de natureza privada.

EEnnttiiddaaddeess pprriivvaaddaass iinntteeggrraanntteess ddaa aaddmmiinniissttrraaççããoo ppúúbblliiccaa xx ppeennhhoorraa ssoobbrree sseeuuss bbeennss

É certo que os bens públicos, pertencentes às pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, DF, Municípios, autarquias e fundações públicas de direito público), são impenhoráveis.

Resta saber se os bens das pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração pública (fundações públicas de direito privado, empresas públicas e sociedades de economia mista) possuem a mesma proteção

A posição que você deve adotar nas suas provas, seguindo a jurisprudência majoritária, inclusive do STF, é a seguinte:

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Fundações públicas de direito privado Empresas públicas prestadoras de serviços públicos

Sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos

Os bens vinculados à prestação do serviço público são impenhoráveis

Empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas

Os seus bens são penhoráveis

SSoocciieeddaaddee ddee eeccoonnoommiiaa mmiissttaa ee eemmpprreessaa ppuubblliiccaa eexxpplloorraaddoorraass ddee aattiivviiddaaddee eeccoonnôômmiiccaa xx

ccoonnttrroollee ddoo TTrriibbuunnaall ddee CCoonnttaass

A questão aqui é bem direta: saber se as sociedades de economia mista e as empresas públicas exploradoras de atividade econômica estão sujeitas ao controle do Tribunal de Contas.

Baseando-se no art. 70 da CF, abaixo reproduzido, o STF entende que o TCU exerce controle sobre essas empresas, sejam prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividades econômicas:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

CCrriiaaççããoo ddee ssuubbssiiddiiáárriiaass ddee eemmpprreessaass ppúúbblliiccaass ee ssoocciieeddaaddeess ddee eeccoonnoommiiaa mmiissttaa xx aauuttoorriizzaaççããoo lleeggiissllaattiivvaa

Esse tema está relacionado ao art. 37, XX, da CF, cuja redação é a seguinte:

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

O dispositivo constitucional é claro ao exigir a autorização legislativa para criação de subsidiárias, porém, o que as bancas exploram nos concursos públicos é a seguinte questão: há necessidade da edição de uma lei específica veiculando essa autorização?

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No julgamento do ADI 1.649, o STF pacificou a controvérsia ao analisar a criação de subsidiárias da Petrobrás.

Veja como você deve se posicionar na prova: é dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a sociedade de economia mista ou a empresa pública matrizes, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora.

Ou seja, se a lei que autorizou a criação da empresa pública ou da sociedade de economia mista já prevê a possibilidade de instituição de subsidiárias, não será preciso editar uma nova lei para autorizar que já está autorizado.

DDiissttiinnççããoo eennttrree eemmpprreessaass ppúúbblliiccaass ee ssoocciieeddaaddeess ddee eeccoonnoommiiaa mmiissttaa qquuee pprreessttaamm sseerrvviiççoo ppúúbblliiccoo ee qquuee ddeesseennvvoollvveemm aattiivviiddaaddee

eeccoonnôômmiiccaa

Quanto a essa questão, o STF na ADI 1.642 apenas confirmou o que já consta expressamente na Constituição Federal. Veja a redação do art. 173, §1º:

Art. 173 ... §1º. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômicade produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade. II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração fiscal, com a participação dos acionistas minoritários; V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

Portanto, cuidado com questões de provas comparando as empresas estatais que exploram atividades econômicas, que são regidas pelo art. 173, com as que prestam serviços públicos.

As disposições dessa art. 173 não devem ser aplicadas às prestadoras de serviços públicos, que se norteiam por um regime jurídico predominantemente público.

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SSeerrvviiddoorreess ppúúbblliiccooss ((aarrtt.. 3377 aa 4411 –– ppaarrttee 11))

TTEEMMAA 44 RReeqquuiissiittooss ppaarraa pprreeeenncchhiimmeennttoo ddee ccaarrggoo ppúúbblliiccoo::

nneecceessssiiddaaddee ddee pprreevviissããoo eemm lleeii

Você certamente já presenciou alguma discussão envolvendo a obrigatoriedade ou não de previsão legal para exigência de determinados requisitos em concurso público, tais como exame psicotécnico, altura mínima, idade máxima etc.

Diante de uma questão de prova não se preocupe, pois basta você marcar que esses requisitos só podem ser exigidos se previstos em lei e harmônicos com os princípios administrativos.

Agindo assim, não tem erro. É ponto garantido!

Veja duas súmulas do STF quanto ao tema:

Súmula 683: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”. Súmula 686: “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”.

Especificamente quanto ao exame psicotécnico, no ano de 2009 foi editado o Decreto nº 6.944/09, que traçou regras gerais sobre concursos públicos a serem observados na Administração federal. Em seu art. 14 tratou do tema da seguinte forma:

Art. 14. A realização de exame psicotécnico está condicionada à existência de previsão legal expressa específica e deverá estar prevista no edital. § 1o O exame psicotécnico limitar-se-á à detecção de problemas psicológicos que possam vir a comprometer o exercício das atividades inerentes ao cargo ou emprego disputado no concurso. § 2o É vedada a realização de exame psicotécnico em concurso público para aferição de perfil profissiográfico, avaliação vocacional ou avaliação de quociente de inteligência.

A obrigatoriedade de observância a requisitos legais consta expressamente do art. 37, I, da CF: “os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”.

Vamos aproveitar e dar uma dissecada nesse inciso...

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- Cargo público: é um o lugar na organização do serviço público, com denominação própria e atribuições específicas, para ser provido e exercido por um titular.

De acordo com o art. 3º da Lei 8.112/90 é o “conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor”.

Os cargos são criados por lei, de iniciativa de cada Poder, que definirá a sua denominação e remuneração.

Pelo princípio da simetria das formas, se o cargo é criado por lei deverá ser extinto também por lei.

Quanto a essa regra, a EC nº 32 trouxe uma exceção, pois o art. 84, VI, “b”, CF, passou a admitir a extinção de funções e de cargos vagos por meio de decreto do Chefe do Executivo.

Cuidado na prova, pois somente se o cargo estiver vago é que poderá ser extinto por decreto. Se estiver provido (preenchido), somente será extinto por meio de lei.

As principais espécies de cargo público são efetivo e comissionado.

O cargo efetivo é aquele obrigatoriamente preenchido por meio de aprovação em concurso público.

Fique atento para não confundir efetividade com estabilidade. É muito comum ouvir em sala de aula aluno dizendo que após 3 anos de serviço público o servidor torna-se efetivo. De forma nenhuma! Efetividade não guarda relação com tempo de serviço, mas sim com investidura por força de aprovação em concurso público.

Já o cargo em comissão, conforme art. 37, V, CF, é de livre nomeação e exoneração, devendo ser preenchido por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei. Tanto a nomeação como a exoneração de cargo em comissão são classificados como atos discricionários.

Esse inciso V revela que os cargos em comissão, num percentual mínimo, só podem ser preenchidos por servidores concursados de carreira. Quanto ao percentual remanescente, poderão ser nomeados servidores e/ou particulares. De qualquer forma, tanto num como noutro caso, deve-se observar a súmula vinculante nº 13, que veda a prática do nepotismo.

Você só encontrará cargo público, efetivo ou em comissão, na administração direta (União, Estados, DF e Municípios), nas autarquias e nas fundações públicas de direito público. Ou seja, só existem cargos públicos nas

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pessoas jurídicas de direito público que adotam regime jurídico estatutário (ex: Lei 8.112/90).

Se o vínculo for contratual (celetista ou de emprego público), haverá emprego e não cargo. Esse regime contratual é obrigatório para as pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração pública indireta, quais sejam, fundações públicas de direito privado, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Interessante lembrar que existem pessoas políticas que adotam o regime contratual (celetista), possuindo empregados públicos, o que é a realidade de diversos municípios brasileiros.

- Função pública: é o conjunto de atribuições e de responsabilidades atribuídas a um servidor. Da mesma forma que os cargos, depende de lei para criação e para extinção.

Daí ser importante ficar atento(a) para o seguinte jogo de palavras que as bancas costumam fazer: todo cargo público tem função, mas nem toda função está vinculada a um cargo público.

De fato, qualquer cargo possui atribuições (tarefas), mas existem agentes públicos, tais como os mesários de eleição e os jurados do Tribunal do Júri, que exercem apenas função, sem ocupar um correlato cargo.

A CF, no seu inciso V, já citado linhas acima, disciplinou a função de confiança, cujas atribuições são de direção, chefia e assessoramento, as mesmas do cargo em comissão, e só pode ser desempenhada por servidores efetivos.

Se compararmos cargo em comissão com função de confiança identificaremos duas diferenças:

• Enquanto o cargo em comissão é um lugar na organização do serviço público, a função de confiança é um conjunto de atribuições;

• Enquanto o cargo em comissão pode ser ocupado por qualquer pessoa, reservando-se um percentual mínimo para servidores de carreira, a função de confiança só pode ser atribuída a servidores efetivos.

Vou aproveitar e fazer uma tabelinha que faço em sala para meus alunos com as terminologias corretas que devem ser usadas relativamente a cargos e funções. Adotarei como referência as expressões usadas pela Lei 8.112/90:

Ingresso Saída sem punição Saída com punição Cargo efetivo Nomeação Exoneração Demissão Cargo em comissão Nomeação Exoneração Destituição Função de confiança Designação Dispensa Destituição

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- Emprego público: distingue-se do cargo efetivo e do comissionado por conta do regime de trabalho adotado: regime de emprego (celetista).

As normas reguladoras estão previstas na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, submetida às regras do art. 7º da CF e de alguns incisos do art. 37.

Só para fazer uma comparação:

• enquanto os empregados públicos estão sujeitos à CLT, os ocupantes de cargos públicos estão sujeitos a um estatuto (ex: Lei 8.112/90);

• enquanto os empregados públicos sujeitam-se às normas do art. 7º da CF e a alguns dispositivos do art. 37, os ocupantes de cargos públicos sujeitam-se a todos os dispositivos do art. 37 e a alguns do art. 7º9.

Também será legal se compararmos o regime estatutário com o regime de emprego:

• o regime estatuário tem natureza legal; o regime de emprego tem natureza contratual;

• o regime estatutário é caracterizado pela pluralidade normativa, pois cada pessoa da federação que adote o regime estatutário terá a sua lei estatutária; o regime de emprego é caracterizado pela unicidade normativa, porque o conjunto integral das normas reguladoras se encontra em um único diploma: CLT.

No âmbito federal, a União editou a Lei 9.962/00, que disciplina o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional, que não afasta a aplicação da CLT.

Interessante destacar que essa lei se restringe às pessoas públicas (União, autarquias e fundações autárquicas), não sendo aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia mista, que continuam com seu pessoal regido pela CLT e pela CF.

A criação e a extinção de empregos para pessoas jurídicas de direito público também dependem de lei (art. 61, §1º, II, a, CF).

E pra fechar esse tópico...

- Estrangeiros: diferentemente dos brasileiros10, que podem ocupar qualquer cargo público desde que atendam aos requisitos legais, os estrangeiros só podem ocupar os cargos que a lei permitir.

9 Veja a redação do art. 39, § 3º: “Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir”.

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Inclusive, o STF considera que o inciso I do art. 37 da CF constitui norma de eficácia limitada, ou seja, norma que depende da edição de lei para sua plena eficácia:

“Estrangeiro. Acesso ao serviço público. Art. 37, I, da CF/1988. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que o art. 37, I, da Constituição do Brasil [redação após a EC 19/1998], consubstancia, relativamente ao acesso aos cargos públicos por estrangeiros, preceito constitucional dotado de eficácia limitada, dependendo de regulamentação para produzir efeitos, sendo assim, não autoaplicável.” (RE 544.655-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-9-2008, Segunda Turma, DJE de 10-10-2008.)

Portanto, os estrangeiros só poderão ser contratados ou nomeados para emprego ou cargo público se houver lei regulamentando o tema.

No âmbito federal, por exemplo, a Lei 8.112/90, prevê no seu art. 5º, § 3º, que “As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistasestrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei”. O art. 207, §1º, da CF, tem redação no mesmo sentido: “é facultado às universidades admitir professores técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei”.

SSÚÚMMUULLAASS ssoobbrree sseerrvviiddoorreess ppúúbblliiccooss

((ppaarrttee 11))

- Súmula vinculante nº 4

Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

- Súmula vinculante nº 6

Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

-- SSúúmmuullaa vviinnccuullaannttee nnºº 1133

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou

10 Apenas recordando Direito Constitucional, nos termos do art. 12, §3º, existem alguns cargos privativos de brasileiros natos: Presidente e Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do STF; carreira diplomática; oficial das forças armadas; Ministro de Estado da Defesa.

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assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a constituição federal.

- Súmula vinculante nº 15

O cálculo de gratificação e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

- Súmula vinculante nº 16

Os arts. 7º, IV, e 39, §3º (redação dada pela EC nº 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.

- Súmula do STF nº 11

A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, ficando o funcionário em disponibilidade, com todos os vencimentos.

- Súmula do STF nº 15

Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.

- Súmula do STF nº 16

Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.

- Súmula do STF nº 17

A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.

- Súmula do STF nº 18

Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público.

- Súmula do STF nº 19

É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira.

- Súmula do STF nº 20

É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de funcionário admitido por concurso.

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- Súmula do STF nº 21 Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.

- Súmula do STF nº 22

O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.

- Súmula do STJ nº 137

Compete à justiça comum estadual processar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos relativos a vínculo estatutário.

- Súmula do STJ nº 218

Compete à justiça dos estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.

- Súmula do STJ nº 266

O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.

- Súmula do STJ nº 377

O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.

- Súmula do STJ nº 378

Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salarias decorrentes.

OOUUTTRRAASS DDEECCIISSÕÕEESS ssoobbrree sseerrvviiddoorreess ppúúbblliiccooss

((ppaarrttee 11))

RReeqquuiissiittooss ppaarraa pprreeeenncchhiimmeennttoo ddee ccaarrggoo ppúúbblliiccoo:: mmoommeennttoo ddaa ccoommpprroovvaaççããoo

Os requisitos para preenchimento de cargo público devem ser comprovados no momento da posse, conforme súmula do STJ nº 266: “O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público”.

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O STF excepciona essa regra nos concursos para Magistratura e para Ministério Público, cuja comprovação da prática jurídica deve ocorrer no ato da inscrição definitiva. Para as demais carreiras, aplica-se o enunciado da citada súmula nº 266 do STJ.

CCoommppeettêênncciiaa lleeggiissllaattiivvaa ee iinniicciiaattiivvaa ppaarraa pprroojjeettoo ddee lleeii ssoobbrree rreeggiimmee jjuurrííddiiccoo ddee sseerrvviiddoorreess ppúúbblliiccooss

A iniciativa dos projetos de leis que versem sobre regime jurídico dos servidores públicos e provimento de cargos públicos é de competência do Chefe do Poder Executivo, nos termos do art. 61, §1º, II, c, CF.

Em diversas ocasiões o STF foi chamado a manifestar-se acerca de inconstitucionalidades ocorridas por vícios formais de iniciativa decorrentes da não aplicação do dispositivo citado. Os julgados abaixo exemplificam estas hipóteses de usurpação pelos parlamentares da competência privativa do Chefe do Poder Executivo:

- ADI 3167-SP (DJ 06/09/07), de relatoria do Min. Eros Grau: o Plenário declarou a inconstitucionalidade de dispositivos da LC 792/95 do Estado de São Paulo que, modificando o Estatuto dos Servidores, fixou prazo máximo para concessão de adicional por tempo de serviço.

- ADIN 2619/RS (DJ 05/05/06), também de relatoria do Min. Eros Grau: o Plenário declarou a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei estadual 11.678/01 (RS), de iniciativa parlamentar, que dispunham sobre o realinhamento dos vencimentos básicos dos cargos de provimento efetivo classificados nos níveis elementar e médio da administração direta, das autarquias e das fundações de direito público.

- Na ADI /PI (DJ 09/11/07), de relatoria da Min. Ellen Gracie: o Plenário declarou a inconstitucionalidade do art. 54, I, da Constituição do Estado do Piauí, que veda a limitação de idade para prestação de concurso público naquele estado.

AAuussêênncciiaa ddee ddiirreeiittoo aaddqquuiirriiddoo aa rreeggiimmee jjuurrííddiiccoo ffuunncciioonnaall

A inexistência de direito adquirido ao regime jurídico funcional é matéria pacífica no âmbito do STJ e do STF. De acordo com esse tribunais, o servidor público não possui direito adquirido à permanência no regime jurídico funcional anterior e nem a preservar determinado regime de cálculo de vencimento ou proventos. Só não pode haver decréscimo de vencimentos no valor nominal da remuneração anterior.

Dessa forma, estarão corretas questões de provas que afirmem que é possível a alteração do regime funcional do servidor, mudando, por exemplo, de

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celetista para estatutário, bem como a mudança da sistemática de remuneração, com a transformação de remuneração em subsídio, desde que não haja redução do valor nominal.

TTeemmppoorráárriiooss:: rreeqquuiissiittooss ppaarraa ccoonnttrraattaaççããoo

Você estuda os agentes temporários por meio da leitura do art. 37, IX, da CF: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”.

A posição do STF quanto ao tema confirma a norma constante desse dispositivo, listando os requisitos da seguinte forma:

• os casos excepcionais estejam previstos em lei; • o prazo de contratação seja predeterminado; • a necessidade seja temporária; • o interesse público seja excepcional.

DDiirreeiittoo àà nnoommeeaaççããoo ddooss aapprroovvaaddooss ddeennttrroo ddoo nnúúmmeerroo ddee vvaaggaass ooffeerreecciiddaass nnoo eeddiittaall

O STJ mudou posição até então consolidada de que a aprovação em concurso público constitui mera expectativa de direito à nomeação. Atualmente, a posição majoritária na Casa é de que o aprovado em concurso público dentro do número de vagas previsto no edital tem direito subjetivo à nomeação.

Quanto ao STF, a Primeira Turma, por maioria, no julgamento do RE 227.480 (DJe 20/08/09), posicionou-se de acordo com esta tese, contrariando posição tradicional de que o aprovado em concurso público tem mera expectativa de direito à nomeação. Neste julgamento, os Mins. Menezes Direito e Ricardo Lewandowski votaram de acordo com a posição tradicional, enquanto os Mins. Carmen Lúcia e Marco Aurélio sustentaram que “os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso”. Interessante destacar que no voto de desempate o Min. Carlos Brito reiterou seu posicionamento harmônico com a posição tradicional do STF, votando, contudo, com os Mins. Carmem Lúcia e Marco Aurélio, por entender que no presente caso houve preterição da ordem de nomeação por conta das nomeações que foram realizadas após o encerramento da validade do concurso. Este julgamento demonstrou que a posição tradicional do STF não é mais unânime.

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DDiirreeiittoo àà nnoommeeaaççããoo ddoo aapprroovvaaddoo pprreetteerriiddoo eemm ffuunnççããoo ddaa nnoommeeaaççããoo ddee pprreeccáárriiooss

A hipótese prevista no item anterior – direito à nomeação dos aprovados dentro do nº de vagas - encontra respaldo na jurisprudência do STJ e ainda depende de uniformização no STF -, já a presente questão é pacífica nos dois tribunais.

STF e STJ comungam o entendimento de que os aprovados em concurso público têm direito subjetivo à nomeação quando as respectivas vagas estão preenchidas por servidores precários (contratação sem concurso público).

Inclusive, o STF tem súmula nesse sentido (súmula 15): "dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação”.

IIddoonneeiiddaaddee mmoorraall:: aapprroovvaaddoo qquuee rreessppoonnddee aa iinnqquuéérriittoo ppoolliicciiaall oouu aaççããoo ppeennaall

A posição que você deve adotar nas suas provas é a que o princípio da presunção de inocência ou da não-culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF/1988) não se restringe ao âmbito exclusivamente penal e deve também ser observado na esfera administrativa.

STF e STJ comungam o entendimento segundo o qual viola o princípio da presunção de inocência (art. 5º, inc. LVII, da CF/1988), aplicável tanto na esfera penal como na administrativa, afastar-se o candidato do concurso público, na fase de investigação social, pelo fato de ter contra si inquérito policial e procedimento administrativo sem nenhuma sentença transitada em julgado quanto às acusações a ele atribuídas.

O mesmo raciocínio vale para a hipótese em que o candidato esteja respondendo a ação penal sem pena condenatória transitada em julgado.

Contudo, o STF já considerou que não tem capacitação moral para o exercício da atividade policial o candidato que está subordinado ao cumprimento de exigências decorrentes da suspensão condicional da pena prevista no art. 89 da Lei nº 9.099/95 que impedem a sua livre circulação, incluída a freqüência a certos lugares e a vedação de ausentar-se da comarca, além da obrigação de comparecer pessoalmente ao Juízo para justificar suas atividades.

PPooddeerr JJuuddiicciiáárriioo ee ppoossssiibbiilliiddaaddee ddee aannuullaaççããoo ddee qquueessttããoo ddee pprroovvaa

O entendimento do STJ e do STF é no sentido de que não cabe ao Poder Judiciário discutir critérios de correção de questões de provas, bem como avaliação de títulos, salvo se houver ilegalidade, quando então será

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cabível a intervenção por tratar-se de controle de legalidade e não de mérito administrativo.

A ilegalidade faz-se presente, quanto à correção, nos casos de erro crasso ou inclusão em questão de matéria não abrangida pelo conteúdo programático constante do edital.

EExxoonneerraaççããoo ddee sseerrvviiddoorr eemm eessttáággiioo pprroobbaattóórriioo ee pprroocceessssoo aaddmmiinniissttrraattiivvoo

Quanto a essa questão, tenha atenção relativamente à seguinte pegadinha: a exoneração de servidor público aprovado em concurso público e ainda em estágio probatório depende de procedimento administrativo específico, descabendo, contudo, a instauração de processo administrativo disciplinar com todas as suas formalidades.

STJ e STF comungam entendimento de que a exoneração do servidor em estágio probatório por inaptidão ou insuficiência no exercício da função exige a observância dos princípios da ampla defesa e do contraditório através de processo administrativo, não sendo necessária a instauração de processo administrativo disciplinar, até porque a exoneração não se trata de sanção disciplinar.

PPrraazzoo ddoo eessttáággiioo pprroobbaattóórriioo:: 22 ((ddooiiss)) oouu 33 ((ttrrêêss)) aannooss??

Atualmente STJ e STF têm a mesma posição quanto ao tema, que é muito bem representada pelas palavras do Ministro Gilmar Mendes: "A nova ordem constitucional do art. 41 é imediatamente aplicável. Logo, as legislações estatutárias que previam prazo inferior a três anos para o estágio probatório restaram em desconformidade com o comando constitucional. Isso porque, não há como se dissociar o prazo do estágio probatório do prazo da estabilidade”.

Em resumo: o prazo do estágio probatório é de 3 anos, coincidente com o prazo para aquisição da estabilidade.

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QQUUEESSTTÕÕEESS RREEPPRROODDUUZZIIDDAASS NNEESSSSAA AAUULLAA

As questões abaixo foram citadas durante essa aula. Você deve julgá-las e ao final avaliar o seu aproveitamento:

1) (JUIZ FEDERAL 5ª REGIÃO 2009 - CESPE) Suponha que seja construído grande e moderno estádio de futebol para sediar os jogos da copa do mundo de 2014 em um estado e que o nome desse estádio seja o de um político famoso ainda vivo. Nessa situação hipotética, embora se reconheça a existência de promoção especial, não há qualquer inconstitucionalidade em se conferir o nome de uma pessoa pública viva ao estádio.

2) (FCC/2009/TRT 7ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) O princípio da impessoalidade tem dois sentidos: um relacionado à finalidade, no sentido de que ao administrador se impõe que só pratique o ato para o seu fim legal; outro, no sentido de excluir a promoção pessoal das autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas.

3) (CESPE/2004/TÉCNICO JUDICIARIO/TRT 10ª REGIÃO) Considerando que Adriano foi recentemente nomeado para cargo público de provimento em comissão no Ministério do Trabalho e Emprego, julgue o seguinte item: Violaria o princípio administrativo da impessoalidade o fato de, no exercício do cargo, Adriano dar precedência aos interesses do partido a que é filiado, em detrimento do interesse público (adaptada).

4) (FCC/2008/MPE-RS/ASSESSOR/ÁREA ADMINISTRAÇÃO) Pelo princípio da finalidade, impõe-se à Administração Pública a prática, e tão só essa, de atos voltados para o interesse público.

5) (FCC/2010/TRE-AM/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ENFERMAGEM) O administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum.

6) (FUNDEP/2005/TJ-MG/TÉCNICO JUDICIÁRIO) O princípio da impessoalidade deve ser respeitado nas relações da Administração Pública com os administrados e, também, com o próprio administrador público.

7) (FCC/2009/TJ-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA) Princípio da impessoalidade também é conhecido como princípio da finalidade.

8) (CESPE/UnB/TRE/PA/2006) A administração pública resume-se em um único objetivo: o bem comum da coletividade administrada. No desempenho dos encargos administrativos, o agente do poder público não tem a liberdade de procurar outro objetivo, ou de dar fim diverso do prescrito em lei para a atividade. Hely Lopes Meirelles. Direito administrativo brasileiro. Editora Malheiros, 2004, p. 86. Altair, servidor de um órgão federal, decidiu tornar a sua atuação diferenciada dos padrões adotados no setor. Ele decidiu personalizar o atendimento aos usuários. No entanto, Altair, apesar da boa vontade, estava infringindo um dos princípios básicos da administração pública. Considerando o tema abordado no texto e a situação hipotética acima, assinale a opção correspondente ao princípio infringido por Altair. a) princípio da legalidade b) princípio da moralidade c) princípio da finalidade d) princípio da razoabilidade e) princípio da publicidade

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9) (FCC/2004/TRE-PE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) A Constituição Federal não se referiu expressamente ao princípio da finalidade, mas o admitiu sob a denominação de princípio da: a) impessoalidade; b) publicidade; c) presunção de legitimidade; d) legalidade; e) moralidade.

10) (ESAF/ANALISTA COMPRAS RECIFE/2003) A finalidade, como elemento essencial de validade do ato administrativo, corresponde na prática e mais propriamente à observância do princípio fundamental de a) economicidade; b) legalidade; c) moralidade; d) impessoalidade;

11) (ESAF/AGU/98) Um ato administrativo estará caracterizando desvio de poder, por faltar-lhe o elemento relativo à finalidade de interesse público, quando quem o praticou violou o princípio básico da a) economicidade; b) eficiência; c) impessoalidade; d) legalidade; e) moralidade;

12) (ESAF/2004/CGU/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE) Entre os princípios básicos da Administração Pública, conquanto todos devam ser observados em conjunto, o que se aplica, particular e apropriadamente, à exigência de o administrador, ao realizar uma obra pública, autorizada por lei, mediante procedimento licitatório, na modalidade de menor preço global, no exercício do seu poder discricionário, ao escolher determinados fatores, dever orientar-se para o de melhor atendimento do interesse público, seria o da a) eficiência; b) impessoalidade; c) legalidade; d) moralidade; e) publicidade

13) (FCC/2009/TRT - 15ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Os princípios da eficiência e da impessoalidade, de ampla aplicação no Direito Administrativo, não estão expressamente previstos na Constituição Federal.

14) (CESPE/2007/TCU/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/COMUM A TODOS)O atendimento do administrado em consideração ao seu prestígio social angariado junto à comunidade em que vive não ofende o princípio da impessoalidade da administração pública.)

15) (FCC/2008/TRT-2R/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) Sobre os princípios básicos da Administração, considere: I. Exigência de que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. II. A atuação da Administração Pública deve sempre ser dirigida a todos os administrados em geral, sem discriminação de qualquer natureza. Essas afirmações referem-se, respectivamente, aos princípios da _______ e _________.

16) (CESPE/2009/ANATEL/ANALISTA ADMINISTRATIVO) O presidente de um tribunal de justiça estadual tem disponível no orçamento do tribunal a quantia de R$ 2.000.000,00 para pagamento de verbas atrasadas dos juízes de direito e desembargadores. Cada juiz e desembargador faz jus, em média, a R$ 130.000,00. Ocorre que o presidente da Corte determinou, por portaria publicada no Diário Oficial, o pagamento das verbas apenas aos desembargadores, devendo os juízes de direito aguardar nova disponibilização de verba orçamentária para o pagamento do que lhes é devido. O presidente fundamentou sua decisão de pagamento inicial em razão de os desembargadores estarem em nível hierárquico superior ao dos juízes. Irresignados, alguns juízes pretendem ingressar com ação popular contra o ato que determinou o pagamento das verbas aos desembargadores. Considerando a situação hipotética acima apresentada, julgue os itens subsequentes, acerca do controle e dos princípios fundamentais da administração pública. A decisão do presidente do tribunal de justiça

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violou o princípio da impessoalidade, na medida em que esse princípio objetiva a igualdade de tratamento que o administrador deve dispensar aos administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica.

17) (FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade impedir que determinadas pessoas recebam tratamento favorecido em concursos públicos, em razão de deficiência física.

18) (FCC/TRE/MG/ANAL. JUDICIÁRIO/2005) A obrigação atribuída ao Poder Público de manter uma posição neutra em relação aos administrados, não podendo atuar com objetivo de prejudicar ou favorecer determinada pessoa, decorre do princípio da: a) moralidade; b) impessoalidade; c) legalidade; d) motivação; e) imperatividade

19) (FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade é considerar inconstitucionais os critérios de títulos em concursos para provimento de cargos públicos.

20) (CESPE/AFPS) Uma vez que a licitação permite a disputa de várias pessoas que satisfaçam a critérios da lei e do edital, é correto afirmar que, com isso, estão sendo observados os princípios constitucionais da isonomia, da legalidade e da impessoalidade da administração pública.

21) (CESPE/2009/SECONT-ES/AUDITOR DO ESTADO/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Como decorrência do princípio da impessoalidade, a CF proíbe a presença de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos.

22) (FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade proibir que constem, na publicidade das obras e serviços públicos, nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades.

23) (CESPE/2009/TRT17/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/EXECUÇÃO DE MANDADOS) As sociedades de economia mista e as empresas públicas que prestam serviços públicos estão sujeitas ao princípio da publicidade tanto quanto os órgãos que compõem a administração direta, razão pela qual é vedado, nas suas campanhas publicitárias, mencionar nomes e veicular símbolos ou imagens que possam caracterizar promoção pessoal de autoridade ou servidor dessas entidades.

24) (FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade impedir que servidores públicos se identifiquem pessoalmente como autores dos atos administrativos que praticam.

25) (FGV/2008/TCM-RJ/PROCURADOR) A assertiva "que os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário" encontra respaldo, essencialmente no princípio da _________.

26) (FCC/2010/CASA CIVIL/SP/EXECUTIVO PÚBLICO) O princípio ou regra da Administração Pública que determina que os atos realizados pela Administração Pública, ou por ela delegados, são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas

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ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário é o da impessoalidade.

28) (FCC/2002/TRE-CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Uma das possíveis aplicações do princípio da impessoalidade considerar que o servidor age em nome da Administração, de modo que a Administração se responsabiliza pelos atos do servidor, e este não possui responsabilidade.

27) (CESPE/2009/PGE-PE/Procurador de Estado) De acordo com o princípio da impessoalidade, é possível reconhecer a validade de atos praticados por funcionário público irregularmente investido no cargo ou função, sob o fundamento de que tais atos configuram atuação do órgão e não do agente público.

29) (CESPE/2009/AGU/ADVOGADO) Considere que Platão, governador de estado da Federação, tenha nomeado seu irmão, Aristóteles, que possui formação superior na área de engenharia, para o cargo de secretário de estado de obras. Pressupondo-se que Aristóteles atenda a todos os requisitos legais para a referida nomeação, conclui-se que esta não vai de encontro ao posicionamento adotado em recente julgado do STF.

30) (ADVOGADO DA UNIÃO/ADV AGU 2009/CESPE) Com base no princípio da eficiência e em outros fundamentos constitucionais, o STF entende que viola a Constituição a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas.

31) (SEAPA/CESPE/2009/CONHECIMENTOS BÁSICOS) O nepotismo corresponde a prática que pode violar o princípio da moralidade administrativa. A esse respeito, de acordo com a jurisprudência do STF, seria inconstitucional ato discricionário do governador do DF que nomeasse parente de segundo grau para o exercício do cargo de secretário de Estado da SEAPA/DF.

32) (IBRAM/CESPE/2009/ANALISTAS DE ATIVIDADES DO MEIO AMBIENTE) Ofende os princípios constitucionais que regem a administração pública, a conduta de um prefeito que indicou seu filho para cargo em comissão de assessor do secretário de fazenda do mesmo município, que efetivamente o nomeou.

33) (CESPE/AGU/2009) Segundo entendimento do STF, a vedação ao nepotismo não exige edição de lei formal, visto que a proibição é extraída diretamente dos princípios constitucionais que norteiam a atuação administrativa.

34) (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) A rejeição à figura do nepotismo no serviço público tem seu amparo original no princípio constitucional da: a) moralidade; b) legalidade; c) impessoalidade; d) razoabilidade; e) eficiência

35) (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA/FINEP/CESPE) Exige-se edição de lei formal para coibir a prática do nepotismo, uma vez que a sua vedação não decorre diretamente dos princípios contidos na Constituição Federal (CF).

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36) (ESAF/TCU/2000) A conduta ética do administrador deve-se pautar pelo atendimento ao princípio da moralidade.

37) (RECEITA FEDERAL/ESAF/AUDITOR FISCAL/2005) O princípio da moralidade administrativa incide apenas em relação às ações do administrador público, não sendo aplicável ao particular que se relaciona com a Administração Pública.

38) (CESPE/TCE-PE/2004) Um ato administrativo que ofenda o princípio constitucional da moralidade é passível de anulação e, para que esta ocorra, não é indispensável, em todos os casos, examinar a intenção do agente público.

39) (TÉCNICO JUDICIÁRIO/TER-MA/2006/CESPE) A moralidade administrativa não constitui, a partir da Constituição de 1988, pressuposto de validade de todo ato da administração pública.

40) (AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO/AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS/TCU/CESPE/2009) Os princípios constitucionais, assim como as regras, são dotados de força normativa. Com base nesse entendimento doutrinário, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem entendido que o princípio da moralidade, por exemplo, carece de lei formal que regule sua aplicação, não podendo a administração disciplinar, por meio de atos infralegais, os casos em que reste violado esse princípio, sob pena de desrespeito ao princípio da legalidade.

41) (HEMOBRÁS/CESPE/2009/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA) A conduta do administrador público, em desrespeito ao princípio da moralidade administrativa, enquadra-se nos denominados atos de improbidade administrativa.

42) (CESPE/2009/PC-PB/Delegado) A OAB, conforme entendimento do STF, é uma autarquia pública em regime-especial e se submete ao controle do TCU.

43) (ANALISTA JUDICIÁRIO/TER-GO/2009/CESPE) De forma geral, as autarquias corporativas, como a OAB e os demais conselhos de profissões regulamentadas, devem prestar contas ao Tribunal de Contas da União (TCU), fazer licitações e realizar concursos públicos para suas contratações.

44) (CESPE/2009/PC-PB/Delegado) Os conselhos de profissões regulamentadas, como o CREA e o CRM, são pessoas jurídicas de direito privado.

45) (CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se por serem entidades dotadas de personalidade jurídica de direito público.

46) (CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se como órgãos prestadores de serviços públicos dotados de autonomia administrativa.

47) (PGM/NATAL/PROCURADOR/2008/CESPE) A criação de uma autarquia federal é feita por decreto do presidente da República.

48) (PGE/CE/PROCURADOR/2008/CESPE) As autarquias são criadas e extintas por ato do chefe do Poder Executivo.

49) (ESAF/ANALISTA MPU/2004) O serviço público personificado, com personalidade de direito público, e capacidade exclusivamente administrativa, é conceituado como sendo um(a): a) empresa pública

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b) órgão autônomo c) entidade autárquica d) fundação pública e) sociedade de economia mista

50) (CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se por integrarem a administração pública centralizada.

51) (UNB/CESPE/MMA/AGENTE ADMINISTRATIVO/2009) Autarquias podem ser criadas para exercerem atividades de ensino, em que se incluem as universidades.

52) (CESPE/SEJUS/ES/2009) A autarquia, embora possua personalidade jurídica própria, sujeita-se ao controle ou à tutela do ente que a criou.

53) (PGE/CE/PROCURADOR/2008/CESPE) As autarquias são hierarquicamente subordinadas à administração pública que as criou.

54) (PGM/NATAL/PROCURADOR/2008/CESPE) A relação entre uma autarquia e o ente que a criou é de subordinação.

55) (ESAF/COMEX/98) Os bens das autarquias não estão sujeitos a penhora.

56) (CESPE/ PROCURADOR INSS/1998) Os bens do INSS são impenhoráveis. Os débitos deste ente público, definidos em sentença judicial, são pagos exclusivamente por meio de precatórios.

57) (CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se pelo desempenho de atividades tipicamente estatais.

58) (CESPE/BACEN/97) O patrimônio, a renda e os serviços das autarquias estão sempre protegidos pela imunidade tributária, prevista no texto constitucional vigente.

59) (CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se por beneficiarem-se dos mesmos prazos processuais aplicáveis à administração pública centralizada.

60) (AFPS/INSS/2002) A entidade da Administração Pública Federal, com personalidade jurídica de direito privado, que é submetida ao controle jurisdicional na Justiça Federal de Primeira Instância, nas ações em que figure como autora ou ré, quando não se tratar de falência, acidente de trabalho, questão eleitoral e matéria trabalhista, é a : a) autarquia. b) empresa pública. c) fundação pública. d) sociedade de economia mista. e) fazenda pública.

61) (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) As agências criadas nos últimos anos na esfera federal assumiram a forma jurídica de: a) fundações públicas b) órgãos da administração direta c) empresas públicas d) sociedades de economia mista e) autarquias

62) (ESAF/PROCURADOR FORTALEZA/2002) As agências reguladoras representam uma nova categoria jurídica no âmbito da Administração Direta, distintas de autarquias e fundações.

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63) (CESPE/ ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 6ª/2002) As agências reguladoras constituem espécie distinta de ente da administração pública indireta: não são autarquias nem empresas públicas; possuem personalidade jurídica de direito privado, amplos poderes normativos e seus dirigentes não são demissíveis ad nutum.

64) (UNB/CESPE/SEPLAG/IBRAM/ADVOGADO/2009) Uma autarquia pode ser qualificada como agência executiva desde que estabeleça contrato de gestão com o ministério supervisor e tenha também plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento.

65) (ESAF/PFN/2003) A qualificação como agência executiva pode recair tanto sobre entidade autárquica como fundacional, integrante da Administração Pública.

Gabarito: 1) errada, 2) correta, 3) correta, 4) correta, 5) correta, 6) correta, 7) correta, 8) C, 9) A, 10) D, 11) C, 12) B, 13) errada, 14) errada, 15) eficiência e impessoalidade, 16) correta, 17) errada, 18) B, 19) errada, 20) correta, 21) correta, 22) correta, 23)correta, 24) errada, 25) princípio da impessoalidade, 26) correta, 27) correta, 28) errada, 29) correta, 30) correta, 31) errada, 32) correta, 33) correta, 34) A, 35) errada, 36) correta, 37) errada, 38) correta, 39) errada, 40) errada, 41) correta, 42) errada, 43) errada, 44) errada, 45) correta, 46) errada, 47) errada, 48) errada, 49) C, 50) errada, 51) correta, 52) correta, 53) errada, 54) errada, 55) correta, 56) errada, 57) correta, 58) errada, 59) correta, 60) B, 61) E, 62) errada, 63) errada, 64) correto, 65) correta.

Após conferir o gabarito, preenche o quadro abaixo e veja seu aproveitamento. Quando fizer novamente essas questões lance as informações nesse mesmo quadro. Atinja 100% de aproveitamento.

Data Nº questões Acertos % acerto Data Nº questões Acertos % acerto 65 65

Data Nº questões Acertos % acerto Data Nº questões Acertos % acerto 65 65

Data Nº questões Acertos % acerto Data Nº questões Acertos % acerto 65 65

Com essas questões encerra a minha primeira aula.

Fique à vontade para enviar suas dúvidas durante a semana.

Lembre-se que concurseiro não pode colecionar dúvidas.

Grande abraço

Armando Mercadante