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Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO AULA 03 – CULPABILIDADE / IMPUTABILIDADE / CONCURSO DE PESSOAS / EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Caros alunos, Sejam bem vindos à nossa terceira aula!!! Hoje veremos temas interessantes e importantes para a sua PROVA. Começaremos a aula tratando da culpabilidade/imputabilidade e, posteriormente, veremos as regras penais que definem o concurso de pessoas. Por fim, analisaremos a extinção da punibilidade. Vamos começar! Bons estudos!!! ***************************************************************** 3.1 CULPABILIDADE Para começarmos nossa análise é pertinente trazer as duas definições mais respeitadas, no Direito jurídico pátrio, sobre culpabilidade: 1. A CULPABILIDADE COMO PRESSUPOSTO DA PENA; 2. A CULPABILIDADE COMO CARACTERÍSTICA DO CRIME. Vamos compreender melhor o tema, através de uma análise histórica. A culpabilidade é um instituto que sofreu grandes evoluções. Desde o período em que se considerava apenas o nexo de causalidade existente entre a ação e o resultado (responsabilidade objetiva), até os dias atuais em que o referido tema alçou elementos como a imputabilidade, a inexigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude. Nos primórdios, a reprovação da conduta tinha características de vingança, recaindo a sanção no próprio corpo do infrator.

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AULA 03 – CULPABILIDADE / IMPUTABILIDADE / CONCURSO DE PESSOAS / EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Caros alunos,

Sejam bem vindos à nossa terceira aula!!!

Hoje veremos temas interessantes e importantes para a sua PROVA.

Começaremos a aula tratando da culpabilidade/imputabilidade e, posteriormente, veremos as regras penais que definem o concurso de pessoas. Por fim, analisaremos a extinção da punibilidade.

Vamos começar!

Bons estudos!!!

*****************************************************************

3.1 CULPABILIDADE

Para começarmos nossa análise é pertinente trazer as duas definições mais respeitadas, no Direito jurídico pátrio, sobre culpabilidade:

1. A CULPABILIDADE COMO PRESSUPOSTO DA PENA;

2. A CULPABILIDADE COMO CARACTERÍSTICA DO CRIME.

Vamos compreender melhor o tema, através de uma análise histórica.

A culpabilidade é um instituto que sofreu grandes evoluções. Desde o período em que se considerava apenas o nexo de causalidade existente entre a ação e o resultado (responsabilidade objetiva), até os dias atuais em que o referido tema alçou elementos como a imputabilidade, a inexigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude.

Nos primórdios, a reprovação da conduta tinha características de vingança, recaindo a sanção no próprio corpo do infrator.

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Assim, de penas pessoais (lei de Talião), passando pela era da composição (Direito Romano), a pena desligou-se do caráter religioso que possuía.

Com o advento da Lei das Doze Tábuas, a pena consagrou-se como instituto aplicado ao agressor, e não mais a sua família ou tribo. Isso trouxe a tona o dolo e a culpa como caracterizadores da culpabilidade, foco da responsabilidade subjetiva.

Nesta fase o Direito Romano foi fundamental para a evolução de temas como erro, dolo, culpa etc. Contudo, o povo germânico, não contando com leis escritas, influenciado pelos povos bárbaros, trouxe novamente a pena imposta contra toda a estirpe do agressor, um retrocesso.

O período medieval, ao qual se atribuí retrocesso em várias áreas da evolução social, tornou a pena um acontecimento aplicado ao pecador.

Já com características atuais, o Direito Penal moderno, influenciado pelo Iluminismo, pregou uma reforma nas leis e na administração da justiça.

A obra “dei delitte e delle pene”, publicada por Beccaria, traçou os primeiros esforços para se mudar o sistema punitivo da época, trazendo uma visão mais humanista às punições estatais.

Para a escola clássica, influenciada por Beccaria e representada por Carrara, não bastava apenas o nexo causal entre a ação e o dano, e sim a existência de culpa na conduta praticada.

Certamente, nossa legislação penal adotou como regra a teoria subjetiva, exigindo-se, na conduta do agente, a culpa em sentido lato, ou seja, o dolo (vontade) ou a culpa em sentido estrito (previsibilidade). É a reprovação da sociedade perante o ato típico e ilícito praticado.

Perante a teoria normativa da culpabilidade (amparada na teoria finalista), foram retirados os elementos anímicos subjetivos (dolo e culpa stricto sensu) dos elementos do juízo de reprovação, passando aqueles a pertencerem à conduta, ficando a culpabilidade, segundo a teoria em questão, com os seguintes elementos:

A) IMPUTABILIDADE;

B) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA; E

C) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.

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3.1.1 TEORIAS ACERCA DO FENÔMENO DA CULPABILIDADE

TEORIA PSICOLÓGICA: Segundo referida teoria o juízo de reprovação é caracterizado pela relação psíquica do autor com o fato praticado.

A culpa estaria consubstanciada no nexo psicológico que une o agente ao fato, o dolo (vontade) e a culpa em sentido estrito (previsibilidade) restariam como tipos de culpabilidade.

A Teoria Psicológica, embora respeitada, possui algumas incongruências, como no caso de culpa inconsciente, quando o agente pratica o fato delituoso não possui a previsão do resultado em seu psicológico, inexistindo, então, o laço psicológico entre o agente e o resultado.

TEORIA PSICOLÓGICA NORMATIVA: Referida teoria trouxe um avanço significativo no estudo da culpabilidade, pois seus inspiradores procuravam um liame normativo entre o dolo e a culpa em sentido estrito, afastando de vez a possibilidade de classificar o dolo e a culpa como espécies de culpabilidade.

Dessa forma, pelos estudos de Frank, ficou provado que o sujeito que age dolosamente ou ao menos com culpa, só será punido se sua conduta for reprovável, ou seja, não haveria outro meio licito de o agente praticar a conduta.

Assim, a culpabilidade como juízo de reprovação da sociedade frente à determinada conduta típica e ilícita só estaria configurada com a reprovabilidade de tal conduta.

TEORIA NORMATIVA PURA: Por essa teoria, elaborada a partir de inquietações trazidas pela teoria psicológico-normativa, o dolo não poderia continuar sendo um elemento da culpabilidade, pois o dolo seria um elemento psicológico, enquanto a culpabilidade seria um juízo de reprovação puramente normativo.

Dessa forma foram retirados os elementos anímicos subjetivos (dolo e culpa stricto sensu) dos elementos do juízo de reprovação, passando aqueles a pertencerem à conduta, ficando a culpabilidade, segundo a teoria em questão, com os seguintes elementos:

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A)IMPUTABILIDADE;

B) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA; E

C) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.

3.2 IMPUTABILIDADE

A imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade. Mas o que exatamente é a culpabilidade?

Como vimos, a culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação, exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito.

São requisitos da culpabilidade:

A) IMPUTABILIDADE;

B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE ��� Para merecer uma pena, o sujeito deve ter agido na consciência de que sua conduta era ilícita. Se não detiver o necessário conhecimento da proibição (que não se confunde com desconhecimento da lei, o qual é inescusável), sua ação ou omissão não terá a mesma reprovabilidade.

C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA ��� Está relacionada, primordialmente, com a coação moral irresistível e com a obediência hierárquica à ordem manifestamente ilegal.

Na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o sujeito não é considerado culpado, em face da exclusão da exigibilidade de conduta diversa.

Na obediência hierárquica, se a ordem é aparentemente legal e o subordinado não podia perceber sua ilegalidade, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica isento de pena.

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3.2.1 CONCEITO DE IMPUTABILIDADE

Segundo Damásio E. de Jesus a imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível.

Sobre outro enfoque temos o conceito de Heleno Cláudio Fragoso que define a imputabilidade como condição pessoal de maturidade e sanidade mental que confere ao agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar segundo esse entendimento.

Do exposto, podemos afirmar que a imputabilidade depende de dois elementos:

1. INTELECTIVO ��� Diz respeito à integridade mental do indivíduo;

2. VOLITIVO ��� Refere-se ao domínio da vontade, ou seja, o agente controla e comanda seus impulsos relativos à compreensão do caráter ilícito do fato.

Esses dois elementos devem coexistir para que o indivíduo seja considerado imputável.

Por fim, cabe ressaltar que o legislador penal optou por inserir no Brasil um critério cronológico para aferição da imputabilidade, ou seja, presume-se imputável o indivíduo no dia em que ele completa 18 anos.

3.2.2 MOMENTO PARA CONSTATAÇÃO DA IMPUTABILIDADE

O código penal, ao começar a dispor sobre a imputabilidade, dispõe em seu art. 26:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (grifei)

Observe que o Código Penal é claro ao fixar o tempo da ação ou omissão como o momento para a aferição da imputabilidade. Neste ponto, cabe ressaltar que qualquer alteração posterior, como a superveniência de doença

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mental, por exemplo, será IRRELEVANTE para fins penais, influenciando apenas na esfera processual.

3.2.3 SISTEMAS PARA AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE

Para aferição da inimputabilidade existem três sistemas, sendo que um deles é adotado como regra em nosso país. Vamos analisar::

SSIISSTTEEMMAA BBIIOOLLÓÓGGIICCOO � Entende que inimputáveis são aquelas pessoas que têm determinadas doenças, não se fazendo maiores questionamentos.

Nesse caso, não se discute os efeitos da doença nem o momento da ação ou omissão, só sendo examinada a causa (moléstia). Em síntese, esse sistema considera apenas as alterações fisiológicas no organismo do agente.

O principal problema deste sistema é que não há qualquer margem de liberdade ao julgador, ficando este “refém” de um laudo. Para ficar bem claro, imaginemos que em determinado processo penal é apresentado ao juiz um laudo constatando a doença mental do indivíduo.

Para o magistrado, será irrelevante se ao tempo da ação o agente se mostrava completamente lúcido de entender o ilícito, pois pelo sistema biológico a doença mental ocasiona presunção ABSOLUTA de inimputabilidade.

SSIISSTTEEMMAA PPSSIICCOOLLÓÓGGIICCOO � Neste sistema, pouco importa se o indivíduo apresenta ou não deficiência mental. Será inimputável o agente se, no momento da ação ou omissão, mostrar incapacidade de entender um ilícito.

Atenção que não se exige doença de qualquer tipo para a constatação da inimputabilidade, mas sim INCAPACIDADE DE ENTENDER UM ILÍCITO.

O problema deste sistema é dar uma liberdade muito grande ao julgador.

SSIISSTTEEMMAA BBIIOOPPSSIICCOOLLÓÓGGIICCOO � É o adotado pelo Brasil e resulta da união entre os dois sistemas que acabamos de tratar. Segundo o sistema biopsicológico, é inimputável aquele que, ao tempo da conduta, apresenta um problema mental e, em razão disso, não possui capacidade para entender o caráter ilícito do fato.

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Neste sistema há uma conjugação entre a atuação do perito e do magistrado. Enquanto o primeiro analisa os aspectos biológicos, o segundo verifica a situação psicológica do agente.

3.2.4 CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE

O legislador penal definiu as seguintes hipóteses de inimputabilidade:

1. Menoridade;

2. Desenvolvimento mental retardado;

3. Desenvolvimento mental incompleto;

4. Doença mental;

5. Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.

Vamos agora começar a conhecer as particularidades de cada uma destas espécies:

3.2.4.1 MENORIDADE

Como já vimos, para a aferição da menoridade utiliza-se o critério biológico. Assim, não importa o quanto é inteligente, perspicaz ou entendedor de seus atos o menor de 18 anos, pois há presunção absoluta de inimputabilidade.

Nos termos do art. 27 do CP temos:

EXCEÇÃO AO SISTEMA BIOPSICOLÓGICO FAZ-SE IMPORTANTE RESSALTAR QUE, EXCEPCIONALMENTE, O SISTEMA BIOLÓGICO É ADOTADO NO TOCANTE AOS MENORES DE 18 ANOS, OU SEJA, NÃO IMPORTA A CAPACIDADE MENTAL, BASTANDO A SIMPLES QUALIFICAÇÃO COMO MENOR PARA CARACTERIZAR A INIMPUTABILIDADE.

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Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

Mas como provar ao juiz que o indivíduo é menor de 18 anos?

Segundo a súmula 74 do STJ, para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil, ou seja, preferencialmente deve ser apresentada a certidão de nascimento. Todavia esta pode ser suprida por qualquer outro documento tais como a carteira de identidade, certidão de batismo etc.

“Mas, professor, agora surgiu uma dúvida: E como é que ficam os crimes permanentes em que o agente começa o delito como menor e termina como maior?”

Excelente pergunta! Nessas espécies de crimes o menor só poderá ser responsabilizado pelos fatos cometidos após ter atingido a maioridade. Imaginemos, por exemplo, a seguinte situação: Tício, menor, seqüestra Mévia. Ainda com 17 anos tortura a vítima e, um dia após completar 18 anos é descoberto pela polícia.

Primeira pergunta: Poderá Tício responder pela tortura? A resposta é negativa, pois há presunção absoluta de inimputabilidade.

Segunda pergunta: Tício poderá responder pelo seqüestro? A resposta é positiva, pois a permanência cessou após o agente haver completado 18 anos.

OBSERVAÇÃO 01 A EMANCIPAÇÃO NA ESFERA CIVIL NÃO ATINGE A PENAL, OU SEJA, SE O INDIVÍDUO FOR EMANCIPADO, PARA FINS PENAIS, CONTINUARÁ SENDO CONSIDERADO INIMPUTÁVEL QUANTO À ASPECTOS PENAIS.

OBSERVAÇÃO 02 CONSIDERA-SE COMPLETADOS OS 18 ANOS ÀS 00:00H DO DIA EM QUE O INDIVÍDUO COMPLETA SEU 18º ANOS DE VIDA, OU SEJA, PARA EFEITOS PENAIS É INDIFERENTE A HORA DE NASCIMENTO.

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3.2.4.2 DOENÇA MENTAL

A expressão “doença mental”, sem dúvida, possui um caráter bem subjetivo. Todavia, no que diz respeito ao tema imputabilidade penal, entende a doutrina que deve ser interpretada em sentido amplo, ou seja, abrangendo não só os problemas patológicos, mas também os de origem toxicológica.

Quanto a este ponto, é irrelevante o fato de a doença mental ser permanente ou transitória. O que importa é que ela esteja presente no momento da ação ou omissão.

Cabe por fim ressaltar que, como já vimos, o legislador penal optou por adotar o sistema biopsicológico, o que nos leva a concluir que pelo simples fato de o indivíduo possuir doença mental, já podemos afirmar que ele é inimputável, correto??? CLARO QUE NÃO!!!

Pelo critério biopsicológico, se o “doente mental” apresentar lucidez no momento do ato, mesmo que seja portador de alguma enfermidade, responderá este pelo ato ilícito sendo considerado imputável.

3.2.4.3 DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO

Segundo a doutrina, os silvícolas e os menores possuem desenvolvimento mental incompleto.

Os silvícolas, que nada mais são do que os índios, nem sempre serão inimputáveis, dependendo do grau de assimilação dos valores sociais, a ser revelado por exame pericial.

Da conclusão da perícia, o silvícola pode ser:

• IMPUTÁVEL � Se integrado à vida em sociedade.

• SEMI-IMPUTÁVEL � No caso de estar dividido entre o convívio na tribo e na sociedade; e

• INIMPUTÁVEL � Quando está completamente INADAPTADO, ou seja, fora da sociedade.

A fim de exemplificar o tema, observe o interessante julgado:

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3.2.4.4 DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO

O art. 26 do Código Penal, ao tratar do tema, dispõe:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O desenvolvimento mental retardado compreende o estado mental dos oligofrênicos (nos graus de debilidade mental, imbecilidade e idiotia) e as pessoas que, por ausência ou deficiência dos sentidos, possuem deficiência psíquica (Ex: surdo-mudo).

Segundo Ramos MARANHÃO, “o retardo mental é uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, especialmente caracterizada por um comprometimento de habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, as quais contribuem para o nível global da inteligência e compreensão”.

STJ, HC 30.113/MA, DJ 16.11.2004

I. Hipótese em que o paciente, índio Guajajara, foi condenado, juntamente com outros três co-réus, pela prática de tráfico ilícito de entorpecentes, em associação, e porte ilegal de arma de fogo, pois mantinha plantio de maconha na reserva indígena Piçarra Preta, do qual era morador.

II. Não é indispensável a realização de perícia antropológica, se evidenciado que o paciente, não obstante ser índio, está integrado à sociedade e aos costumes da civilização.

III. Se os elementos dos autos são suficientes para afastar quaisquer dúvidas a respeito da inimputabilidade do paciente, tais como a fluência na língua portuguesa, certo grau de escolaridade, habilidade para conduzir motocicleta e desenvoltura para a prática criminosa, como a participação em reuniões de traficantes, não há que se falar em cerceamento de defesa decorrente da falta de laudo antropológico.

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“Mas professor, quer dizer então que o indivíduo com desenvolvimento mental retardado será sempre inimputável?”

A resposta é negativa e, para caracterizar a inimputabilidade deve-se verificar o ocorrido no momento da ação ou omissão. Analisando:

1. AGENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: IMPUTÁVEL!

2. AGENTE PARCIALMENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: SEMI-IMPUTÁVEL!

3. AGENTE INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: INIMPUTÁVEL!

3.2.5 EFEITOS DA INIMPUTABILIDADE

Um erro muito comum entre as pessoas é pensar que nada ocorre com o inimputável. Seria justo que um menor cometesse um homicídio e o Estado nada fizesse? É claro que não, logo de uma conduta ilícita sempre advém um determinado efeito. Vamos conhecê-los:

• Para os menores de 18 anos ��� Ficam sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

• Demais inimputáveis ��� Submetem-se à justiça penal sendo processados e julgados como qualquer outro indivíduo.

OBSERVAÇÃO: SEMI-IMPUTÁVEL

A PENA PODE SER REDUZIDA DE UM A DOIS TERÇOS, SE O AGENTE, EM VIRTUDE DE PERTURBAÇÃO DE SAÚDE MENTAL OU POR DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO NÃO ERA INTEIRAMENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO. (CP, ART. 26, PARÁGRAFO ÚNICO)

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“Mas, professor, agora enrolou tudo...o indivíduo é inimputável e mesmo assim é processado e julgado?”

Exatamente isso. Você se lembra da teoria finalista que estudamos quando vimos o conceito de crime? Na ocasião dissemos que crime é fato típico e ilícito sendo a CULPABILIDADE MERO PRESSUPOSTO DE APLICAÇÃO DA PENA.

Como a imputabilidade integra a culpabilidade, podemos dizer, com certeza, que o agente cometeu um crime, mas, com base na culpabilidade, a pena não poderá ser imposta.

Trata-se da chamada sentença de absolvição imprópria, pois o réu é absolvido no tocante a pena( em sentido penal), mas contra ele é aplicada uma medida de segurança.

3.2.6 SEMI-IMPUTABILIDADE

Sobre o tem dispõe o parágrafo único do art. 26 da seguinte forma:

Art. 26

[...]

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era

CONHECER PARA ENTENDER: MEDIDA DE SEGURANÇA

A MEDIDA DE SEGURANÇA É TRATAMENTO A QUE DEVE SER SUBMETIDO O AUTOR DE CRIME COM O FIM DE CURÁ-LO OU, NO CASO DE TRATAR-SE DE PORTADOR DE DOENÇA MENTAL INCURÁVEL, DE TORNÁ-LO APTO A CONVIVER EM SOCIEDADE SEM VOLTAR A DELINQÜIR (COMETER CRIMES). NÃO TEM NATUREZA DE PENA E O TRATAMENTO DEVERÁ SER FEITO EM HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO, NOS CASOS EM QUE É NECESSÁRIA INTERNAÇÃO DO PACIENTE OU, QUANDO NÃO HOUVER NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO, O TRATAMENTO SERÁ AMBULATORIAL (A PESSOA SE APRESENTA DURANTE O DIA EM LOCAL PRÓPRIO PARA O ATENDIMENTO), DANDO-SE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO PACIENTE.

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inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O supracitado dispositivo legal cuida da semi-imputabilidade que ocorre quando o agente não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento em virtude de:

1. Perturbação de saúde mental;

2. Desenvolvimento mental incompleto;

3. Desenvolvimento mental retardado.

Neste caso não ocorre a exclusão da culpabilidade e, portanto, estará sujeito à pena o agente. Entretanto, o legislador achou por bem definir uma causa OBRIGATÓRIA de diminuição de pena, devendo o juiz reduzir esta de um a dois terços.

Por fim, cabe ressaltar que se o magistrado julgar conveniente poderá substitui a pena por medida de segurança.

3.2.7 EMOÇÃO E PAIXÃO

Para começar este tópico imaginemos a seguinte situação: Tício torcedor do Fluminense é casado com Mévia. Determinado dia, ao entrar em casa, encontra Mévia vestida com uma camisa do Flamengo e, acometido de uma cólera imensa, comete o crime de homicídio.

Neste caso, poderá ser Tício condenado?

Claro que sim, pois nos termos do art. 28, I do Código Penal:

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

I - a emoção ou a paixão;

Para uma correta compreensão, vamos começar definindo as duas palavras:

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• Emoção: É o estado afetivo que acarreta na perturbação transitória do equilíbrio psíquico, tal como no medo, ira, cólera, ansiedade, alegria, surpresa, prazer erótico e vergonha.

• Paixão: É a emoção mais intensa e duradoura do equilíbrio psíquico. Exemplos: Ciúme, vingança, ódio, ambição etc.

Nas lições de Nélson Hungria, pode dizer-se que a paixão é a emoção que se protrai no tempo, incubando-se, introvertendo-se, criando um estado contínuo e duradouro de perturbação afetiva em torno de uma idéia fixa, de um pensamento obsidente. A emoção dá e passa; a paixão permanece, alimentando-se de si própria. Mas a paixão é como o borralho que, a um sopro mais forte, pode chamejar de novo, voltando a ser fogo crepitante, retornando a ser estado emocional agudo.

Portanto, resumindo o que até agora vimos, podemos dizer que a diferença entre a emoção e a paixão repousa na duração e que na ocorrência de qualquer das duas situações não ocorre a inimputabilidade.

3.2.7.1 EXCEÇÃO: EMOÇÃO E PAIXÃO PATOLÓGICAS

Existem determinadas situações em que a emoção ou paixão configuram um estado patológico, ou seja, caracterizam uma verdadeira psicose, indicativa de doença mental.

Caso seja comprovado através da perícia que se trata desta modalidade de emoção ou paixão, que é capaz de retirar do agente o entendimento do caráter ilícito da situação, restará caracterizada a inimputabilidade ou semi-imputabilidade, dependendo do caso.

Emoção e Paixão

Normal

Patológica

Imputabilidade

Inimputabilidade

Semi-imputabilidade

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3.2.8 EMBRIAGUEZ

Ensina Luiz Régis Prado que “a embriaguez consiste em um distúrbio físico-mental resultante de intoxicação pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos, afetando o sistema nervoso central, como depressivo/narcótico”.

3.2.8.1 FASES DA EMBRIAGUEZ

1. Fase de excitação (fase do macaco) - o indivíduo apresenta um comportamento inquieto, falante, mas ainda consciente de seus atos e palavras e além disso as vezes consegue atingir níveis de persuasão - por estar mais eloqüente - que talvez não fosse capaz antes.

2. Fase de confusão (fase do leão) - quando o embriagado torna-se eventualmente (dependendo do temperamento da pessoa) nocivo: fica voluntarioso, age irrefletida e violentamente. Caracteriza-se por perturbações psicossensoriais profundas.

3. Fase superaguda ou comatosa (fase do porco) - inicialmente há sono e o coma se instala progressivamente. Nessa terceira fase o ébrio somente pode praticar crimes omissivos.

3.2.8.1 ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ

• Quanto à intensidade: 1. COMPLETA: É a embriaguez que chegou à segunda ou terceira

fase.

2. INCOMPLETA: É a embriaguez que está na primeira fase.

• Quanto à origem:

1. VOLUNTÁRIA: É a forma de embriaguez em que o indivíduo ingere bebidas com a intenção de embriagar-se. Neste caso ele não quer praticar infrações penais, mas quer exceder os limites.

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2. CULPOSA: Este é o caso daquele indivíduo que não sabe beber, ou seja, ele não quer embriagar-se, mas, por não conhecer seus limites, acaba embriagado.

3. PREORDENADA OU DOLOSA: Essa é a forma de embriaguez do sujeito que além de “mal-caráter” é covarde, ou seja, ele quer cometer uma infração e se embriaga para que os efeitos do álcool tornem mais fácil sua atuação.

4. ACIDENTAL OU FORTUITA: É a embriaguez resultante de caso fortuito ou força maior:

� Caso fortuito: Ocorre quando o indivíduo não percebe ser atingido pelo álcool ou desconhece determinada situação fisiológica que potencializa os efeitos da bebida. Exemplo: Tício toma determinado medicamento que faz com que fiquem mais fortes os efeitos do álcool e, devido a isso, acaba embriagado.

� Força maior: Ocorre em situações em que o indivíduo é obrigado a beber. Exemplo: Mévio, trabalhador de uma destilaria, cai em um tonel cheio de bebida e acaba embriagado.

Resumindo:

EMBRIAGUEZ – ESPÉCIES

QUANTO À INTENSIDADE QUANTO À ORIGEM

COMPLETA VOLUNTÁRIA

INCOMPLETA CULPOSA

PREORDENADA

ACIDENTAL

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3.2.8.2 CONSEQUÊNCIAS DA EMBRIAGUEZ

O Código Penal ao tratar do tema dispõe da seguinte forma:

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

[...]

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Do supracitado texto legal extraímos que a embriaguez acidental ou fortuita, SE COMPLETA, é capaz de ao tempo da conduta tornar o agente inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, exclui a imputabilidade penal.

Todavia, a embriaguez acidental ou fortuita INCOMPLETA, isto é, aquela que no momento da conduta retira do agente apenas parte do entendimento do caráter ilícito do fato, autoriza a diminuição de pena de um a dois terços, ou seja, equivale à semi-imputabilidade.

Podemos resumir o tema da seguinte forma:

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3.2.8.2 TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA

Denomina-se "actio libera in causa" a ação de quem usa deliberadamente um meio para colocar-se em estado de incapacidade física ou mental, parcial ou plena, no momento da ocorrência do fato criminoso.

É também a ação de quem, apesar de não ter a intenção de praticar o delito, podia prever que tal meio o levaria a cometê-lo.

A teoria da "actio libera in causa" foi adotada na Exposição de Motivos original do CP, de modo que se considera imputável quem se põe em

ESPÉCIES

DE

EMBRIAGUEZ

NÃO ACIDENTAL

ACIDENTAL

PATOLÓGICA

PREORDENADA

VOLUNTÁRIA

CULPOSA

COMPLETA

INCOMPLETA

NÃO EXCLUI A

IMPUTABILIDADE

EXCLUI A

IMPUTABILIDADE

NÃO EXCLUI A

IMPUTABILIDADE,

MAS DIMINUI A

PENA

(DE 1/3 A 2/3)

EQUIPARA-SE À

DOENÇA MENTAL,

PODENDO SER

INIMPUTÁVEL OU

SEMI-IMPUTÁVEL

NÃO EXCLUI A

IMPUTABILIDADE

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estado de inconsciência ou de incapacidade de autocontrole, seja dolosa ou culposamente, e nessa situação comete o crime.

Ao adotar tal orientação, o Código Penal adotou a doutrina da responsabilidade objetiva, pela qual deve o agente responder pelo crime. Portanto, essa teoria leva em conta os aspectos meramente objetivos do delito, sem considerar o lado subjetivo deste.

Considera-se a responsabilidade penal objetiva quando o agente é considerado culpado apenas por ter causado o resultado.

Como já vimos, frente ao princípio constitucional do estado de inocência e à teoria finalista adotada pelo Código Penal, é inadmissível a responsabilidade penal objetiva, salvo nos casos da "actio libera in causa".

Assim, no que diz respeito à embriaguez, invoca-se esta teoria para justificar a penalização do indivíduo que ao tempo da conduta encontrava-se em estado de inconsciência. O dolo ou culpa é analisado no momento da embriaguez e não no instante da ação ou omissão.

A teoria da actio libera in causa não só é aplicável para justificar a punição no caso de embriaguez, mas também nos demais estados de inconsciência.

**************************************************************************

ENCERRAMOS AQUI O PRIMEIRO TEMA DE NOSSA AULA. PASSEMOS AO PRÓXIMO!!!

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3.3 CONCURSO DE PESSOAS

Dificilmente tomamos conhecimento de crimes cometidos por um só indivíduo. Muitas vezes, ainda na fase da cogitação do delito, já ocorre a idéia de “chamar” alguém para participar do intento, seja diretamente, cometendo o delito principal, ou indiretamente, auxiliando ou participando para o sucesso do crime.

Assim, para o correto entendimento da aplicação da lei penal para estes casos, torna-se necessário conhecer as normas que definem as consequências do chamado CONCURSO DE PESSOAS que nada mais é do que a colaboração empreendida por duas ou mais pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal.

3.3.1 REQUISITOS

Para que seja possível a ocorrência do concurso de pessoas será necessário a conjugação de 05 requisitos:

1. P luralidade de agentes e condutas;

2. R elevância causal das condutas;

3. I dentidade de infração;

4. V ínculo subjetivo; e

5. E xistência de fato punível.

Perceba que a primeira letra de cada um dos requisitos forma a palavra PRIVE e, portanto, fica fácil lembrá-los na hora da prova!

Vamos agora começar a tratar de cada um dos requisitos:

3.3.1.1 PLURALIDADE DE AGENTES E CONDUTAS

Para que seja possível a ocorrência do concurso de pessoas há necessidade de pelo menos dois agentes e, consequentemente, duas ou mais condutas. Essas condutas podem ser principais, o que ocorre no caso da co-autoria, ou um principal e outra secundária, como na situação em que se associam um autor e um partícipe.

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“Mas, professor, qual a diferenciação entre autor, co-autor e partícipe?”

Para responder a esta pergunta, vamos abrir o nosso dicionário do concurseiro:

Por fim, ainda tratando da pluralidade de agentes, cabe ressaltar que essa pluralidade exige que os co-autores ou partícipes sejam culpáveis sob pena de caracterização da chamada autoria mediata.

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

AUTOR ��� TODA A PESSOA QUE PRATICA O NÚCLEO DO TIPO PENAL.

EXEMPLO: ART. 121, CP: “MATAR ALGUÉM...”. O AUTOR SERÁ AQUELE QUE MATA.

TIPO OU TIPO PENAL É UM MODELO ABSTRATO QUE DESCREVE UM COMPORTAMENTO PROIBIDO NO MEIO SOCIAL.

O NÚCLEO DO TIPO REVELA-SE POR UM OU MAIS VERBOS, POR EXEMPLO: “MATAR” (121, CP), “SOLICITAR OU RECEBER” (357, CP).

EM SUMA, QUEM PRATICA O VERBO DO TIPO, PRATICA O SEU NÚCLEO E, CONSEQUENTEMENTE É AUTOR DO CRIME.

CO-AUTOR ��� PODE SER ENTENDIDO COMO AQUELE AGENTE QUE MAIS SE APROXIMA DO NÚCLEO DO TIPO PENAL, JUNTAMENTE COM O AUTOR PRINCIPAL, PODENDO SUA PARTICIPAÇÃO SER PARCIAL OU DIRETA.

EXEMPLO: TÍCIO E MÉVIO ESFAQUEIAM A VÍTIMA ATÉ A MORTE. SÃO CO-AUTORES DO DELITO DE HOMICÍDIO

PARTÍCIPE ��� É AQUELE INDIVÍDUO QUE NÃO PARTICIPA DOS ATOS DE EXECUÇÃO, MAS AUXILIA O AUTOR (OU CO-AUTOR) NA REALIZAÇÃO DO FATO TÍPICO.

ESTA PARTICIPAÇÃO PODE SER MORAL OU MATERIAL.

A PARTICIPAÇÃO MORAL PODE OCORRER QUANDO O PARTÍCIPE INDUZIR O AUTOR A REALIZAR UM FATO ILÍCITO (OU ANTIJURÍDICO), “ATÉ ENTÃO INEXISTENTE”.

O PARTÍCIPE PODE AINDA INSTIGAR O AUTOR A REALIZAR A IDÉIA PRÉ-EXISTENTE NA SUA CABEÇA, REFORÇANDO-A.

NA PARTICIPAÇÃO MATERIAL, COMO O PRÓPRIO NOME SUGERE, O AGENTE PARTICIPA MATERIALMENTE COM A CONDUTA.

EXEMPLO: TÍCIO FORNECE UMA ARMA PARA MÉVIO MATAR SEU DESAFETO, LOGO, É PARTÍCIPE DO DELITO.

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Ocorre autoria mediata quando o autor domina a vontade alheia e, desse modo, serve-se de outra pessoa que atua como instrumento. Exemplo: Médico quer matar inimigo que está hospitalizado e usa a enfermeira para ministrar injeção letal no paciente.

3.3.1.2 RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS

Para que seja caracterizado o concurso de pessoas há que se verificar a relevância das condutas para que o crime acontecesse exatamente como ocorreu, ou seja, não se pode considerar co-autor ou partícipe de um crime quem não da causa ao crime, quem não realiza qualquer conduta sem a qual não ocorreria o resultado, ou mesmo quem assume uma atitude meramente negativa.

O concurso de pessoas exige que o co-autor ou partícipe haja antes, durante ou depois, mas em prol do delito, devido a um ajuste prévio. Vamos exemplificar para ficar bem claro.

Imaginemos que Tício diz a Mévio que vai assassinar Caio e solicita que Mévio fique do lado de fora, com o carro ligado, a fim de possibilitar a fuga. Neste caso, se tudo ocorrer conforme o planejado, haverá concurso de pessoas?

A resposta é positiva, pois há relevância causal das condutas, ou seja, ocorreu um ajuste prévio para que tudo acontecesse daquela forma.

Agora, vamos analisar outra situação: Tício mata Caio e, ao sair da residência deste último, encontra, por acaso, Mévio, que o ajuda na fuga. Agora, pergunto caro aluno, haverá nesta situação o concurso de pessoas?

A resposta é negativa e Mévio não responderá por ser partícipe do crime de homicídio, mas sim por ser AUTOR do delito de favorecimento pessoal (CP, art. 348).

3.3.1.3 IDENTIDADE DE INFRAÇÃO

Para a caracterização do concurso de pessoas, os sujeitos de um crime, unidos pelo vínculo psicológico, devem querer praticar a mesma infração penal.

Assim, se em um homicídio tivermos cinco indivíduos que esfaquearam a vítima, duas pessoas que ficaram do lado de fora da residência verificando se os policiais chegavam e um outro indivíduo que forneceu as facas

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(sabendo que seriam utilizadas no crime), teremos os oito respondendo pelo homicídio.

3.3.1.4 VÍNCULO SUBJETIVO

Para a ocorrência do concurso de pessoas todos os agentes devem estar ligados por um vínculo subjetivo (também chamado de concurso de vontades), ou seja uma vontade homogênea visando o resultado.

E se não houver o vínculo subjetivo?

Neste caso, estaremos diante da chamada autoria colateral.

Para finalizar o assunto, pergunto: Para que haja vínculo subjetivo, há necessidade de ajuste prévio?

A resposta é negativa e, para a correta compreensão, vamos exemplificar:

Imagine que Tício decide matar Mévio, por não agüentar mais ver seu nome relacionado com o dele nos livros de direito e, nas aulas do Ponto. Pouco antes do delito conta por telefone sua pretensão para sua noiva e Caio escuta a conversa.

Assim, na hora que Mévio sai da faculdade, Tício fica a espreita, aguardando o momento certo para cometer o delito.

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

AUTORIA COLATERAL

OCORRE QUANDO NÃO HÁ CONSCIÊNCIA DA COOPERAÇÃO NA CONDUTA COMUM.

EXEMPLO: TÍCIO E MÉVIO, AO MESMO TEMPO, SEM CONHECEREM A INTENÇÃO UM DO OUTRO, EFETUAM DISPAROS SOBRE CAIO. NESTE CASO, RESPONDERÃO CADA UM POR UM CRIME.

SE OS DISPAROS DE AMBOS FOREM CAUSA DA MORTE, RESPONDERÃO OS DOIS POR HOMICÍDIO.

SE A VÍTIMA MORREU APENAS EM DECORRÊNCIA DA CONDUTA DE UM, O OUTRO RESPONDERÁ POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO.

HAVENDO DÚVIDA INSANÁVEL QUANTO À CAUSA DA MORTE, OU SEJA, SOBRE A AUTORIA, A SOLUÇÃO DEVERÁ OBEDECER AO PRINCÍPIO IN DÚBIO PRO RÉU, PUNINDO-SE AMBOS POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO.

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Ocorre que Mévio percebe a intenção Tício e começa a fugir. Durante a fuga, Caio, que havia por acaso escutado a conversa telefônica, derruba dolosamente Mévio e Tício consegue alcançá-lo e matá-lo.

Neste caso, caio será partícipe do crime cometido por Tício, pois para a caracterização do vínculo subjetivo é suficiente a atuação do partícipe no sentido de auxiliar a conduta do autor, mesmo que este desconheça a colaboração.

Para finalizar, observe o julgado em que o STF, em um caso concreto, se pronuncia sobre o tema:

3.3.1.5 EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL

Quanto a este requisito não há muito o que comentar, pois ,obviamente, para que haja o concurso de pessoas, o fato cometido deve ser passível de punição.

3.3.2 TEORIAS SOBRE O CONCURSOS DE PESSOAS

Existem três teorias que surgiram com relação ao concurso de agentes, são elas:

A) TEORIA MONISTA OU UNITÁRIA;

B) TEORIA DUALISTA;

C) TEORIA PLURALÍSTICA.

STF, Inq. 2.245/MG, DJ 09.11.07 Está também minimamente demonstrado o vínculo subjetivo entre os acusados. Isto porque foram realizadas inúmeras reuniões nas quais, aparentemente, decidiu-se o modo como se dariam os repasses das vultosas quantias em espécie, quais seriam os beneficiários, os valores a serem transferidos a cada um, além da fixação de um cronograma para os repasses, cuja execução premeditadamente se protraía no tempo.

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A teoria monista, também conhecida como unitária, preceitua que todos os participantes (autores ou partícipes) de uma infração penal responderão pelo mesmo crime, isto é, o crime é único. Haveria, assim, uma pluralidade de agentes e unidade de crimes.

Nas palavras de Damásio E. de Jesus:

“(...) É predominante entre os penalistas da Escola Clássica. Tem como fundamento a unidade de crime. Todos os que contribuem para a integração do delito cometem o mesmo crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes.”

Já a teoria dualista estabelece que haveria um crime único entre os autores da infração penal e um crime único entre os partícipes.

Há, portanto, uma distinção entre o crime praticado pelos autores daquele cometido pelos partícipes. Haveria, assim, uma pluralidade de agentes e uma dualidade de crimes.

Manzini, defensor desta teoria, sustentava que:

“(...) se a participação pode ser principal e acessória, primária e secundária, deverá haver um crime único para os autores e outro crime único para os chamados cúmplices stricto sensu. A consciência e vontade de concorrer num delito próprio conferem unidade ao crime praticado pelos autores; e a de participar no delito de outrem atribui essa unidade ao praticado pelos cúmplices.”

Por fim, para a teoria pluralística haverá tantas infrações quantos forem o número de autores e partícipes. Existe, assim, uma pluralidade de agentes e uma pluralidade de crimes.

Para Cezar Roberto Bitencourt:

“(...) a cada participante corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À pluralidade de agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso.”

O Código Penal Brasileiro adotou a teoria monista ou unitária.

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3.3.2 PUNIÇÃO NO CONCURSO DE AGENTES

O Código Penal, ao começar a tratar do concurso de pessoas, dispõe em seu art. 29:

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Este artigo deixa claro, como já tratamos, que o legislador penal optou por adotar a teoria monista, ou seja, todos os indivíduos envolvidos na infração responderão por ela.

Mas isso quer dizer que todos os envolvidos terão a mesma pena?

A resposta é negativa, pois o que prega a teoria monista é a unidade de infração e não de pena. Assim, a penalização será aplicada na medida da CULPABILIDADE de cada agente.

Para a correta compreensão, imagine um homicídio em que Tício empresta sua arma à Mévio e este desfere 10 tiros em Caio. Nessa situação tanto Tício quanto Mévio responderão pelo homicídio, todavia a penalização de Mévio, bem provavelmente, será superior a de Tício.

3.3.3 PARTICIPAÇÃO EM CRIME MENOS GRAVE

Imaginemos a seguinte situação: Tício e Mévio resolvem se unir para furtar um veículo. Chegando ao local, iniciam a conduta típica, mas logo percebem a chegada do dono do carro.

OBSERVAÇÃO:

De acordo com o professor Damásio, apesar de o nosso Código Penal ter adotado a teoria monista ou unitária, existem exceções pluralísticas a essa regra. É o caso, por exemplo: do crime de corrupção ativa (art. 333 do CP) e passiva (art. 317 do CP); do falso testemunho (art. 342 do CP) e corrupção de testemunha (art. 343 do CP); o crime de aborto cometido pela gestante (art. 124 do CP) e aquele cometido por terceiro com o consentimento da gestante (art. 126 do CP); dentre outros.

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Mévio, assustado, começa a correr para fugir do local, mas Tício resolve pegar sua arma e efetua diversos disparos no dono do veículo.

Pergunto: Responderão Tício e Mévio pelo latrocínio?

Para responder a este questionamento, deve-se recorrer ao parágrafo 2º do art. 29 que dispõe:

Art. 29.[...]

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

Perceba com base no supra texto legal que Tício responderá pelo latrocínio, enquanto Mévio responderá pela tentativa de furto, pois o vínculo subjetivo só existia em relação ao delito menos grave.

Veda-se, portanto, a responsabilidade penal objetiva, pois não se permite a punição de um agente por crime praticado exclusivamente por outrem, frente ao qual não agiu com dolo ou culpa.

Para finalizar, aproveitando o mesmo exemplo, imagine que Mévio soubesse que Tício andava constantemente armado e que já havia matado mais de vinte. Seria previsível que pudesse ocorrer uma morte caso o dono chegasse?

Claro que sim! Logo, para estes casos A PENA DO CRIME MENOS GRAVE deverá ser aumentada até a metade.

3.3.3 PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA

A participação, quando analisada como espécie do gênero concurso de pessoas, deve ser compreendida como uma intervenção voluntária e consciente de um terceiro a um fato alheio, revelando-se como um comportamento acessório que favorece a execução da conduta principal.

É nesse cenário que pode surgir a participação de menor importância que encontra previsão no parágrafo 1º do art. 29 do Código Penal. Observe:

Art. 29. [...]

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

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Trata-se de uma contribuição ínfima, que comparada com a conduta praticada pelo autor ou co-autor, se mostra insignificante, ou seja, quando a instigação, o induzimento ou o auxílio não forem determinantes para a realização do delito.

Ressalte-se que somente é possível aplicar essa causa de diminuição de pena ao partícipe, não alcançando o co-autor. Não se cogita, portanto, a existência de uma "co-autoria de menor importância", vez que o co-autor executa a conduta típica.

Outro aspecto relevante a ser analisado: a diminuição prevista nesse § 1º é facultativa ou obrigatória?

É caso de aplicação obrigatória, desde que comprovada a diminuta participação.

3.3.4 CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS

As denominadas circunstâncias incomunicáveis são aquelas que não se transmitem aos co-autores e partícipes. Sobre o tema dispõe o Código Penal:

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Para o correto entendimento deste artigo precisamos abrir o dicionário do concurseiro e aprender/relembrar a diferenciação entre elementares, circunstâncias e condições de caráter pessoal:

OBSERVAÇÃO: PARTICIPAÇÃO INCUA

É AQUELA QUE EM NADA CONTRIBUIU PARA O RESULTADO, OU SEJA, É PENALMENTE IRRELEVANTE.

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Visto isso, vamos aprofundar a análise do art. 30:

• Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal.

Imagine que Mévio percebe que sua filha foi violentada por Tício. Diante da situação de relevante valor moral contrata Caio para matar o estuprador. Caio pratica o homicídio.

Sabendo que o relevante valor moral é circunstância que atenua a pena, pergunto: Tal circunstância aplicável à Mévio será estendida à Caio?

Nos termos do art. 30 não se comunicam as circunstâncias, logo não recairá sobre caio a circunstância atenuante, mesmo havendo co-autoria.

• Comunicam-se as elementares:

Imagine que Tício, funcionário público, pratica o delito de peculato junto com Mévio, que não faz parte do quadro da Administração. Poderá Mévio, sendo particular, responder pelo citado crime (PECULATO)?

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

CONDIÇÕES DE CARÁTER PESSOAL��� SÃO QUALIDADES PESSOAIS DE DETERMINADO INDIVÍDUO. EXEMPLIFICANDO: SER MENOR DE 18 ANOS CIRCUNSTÂNCIAS ��� SÃO DADOS SUBJETIVOS OU OBJETIVOS QUE FAZEM PARTE DO FATO DELITUOSO, AGRAVANDO OU ATENUANDO A PENALIDADE, SEM MODIFICAÇÃO DE SUA ESSÊNCIA. ASSIM, AS CIRCUNSTÂNCIAS SÃO ELEMENTOS QUE SE AGREGAM AO DELITO, SEM ALTERÁ-LO SUBSTANCIALMENTE, EMBORA PRODUZAM EFEITOS E CONSEQÜÊNCIAS RELEVANTES. EXEMPLIFICANDO: UM FURTO PRATICADO POR UM MAIOR PRODUZ EFEITOS PENAIS DIVERSOS DAQUELE PRODUZIDO POR UM MENOR CONFESSO (A MENORIDADE E A CONFISSÃO SÃO ATENUANTES GENÉRICAS DA PENA). ELEMENTARES ��� SÃO DADOS ESSENCIAIS PARA A OCORRÊNCIA DE DETERMINADO DELITO. EXEMPLIFICANDO: A CONDIÇÃO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO NO CRIME DE PECULATO, O VERBO “MATAR” E A PALAVRA “ALGUÉM” NO CRIME DE HOMICÍDIO OBS: EXCLUINDO-SE UMA ELEMENTAR O FATO SE TORNA ATÍPICO OU OCORRE A DESCLASSIFICAÇÃO PARA UM OUTRO DELITO.

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A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicável, desde que cumprido um requisito essencial: É necessário que o terceiro (particular) tenha conhecimento de que pratica o delito juntamente com um funcionário público. Observe o disposto sobre o tema no Código Penal:

Para exemplificar, imagine que Caio é convidado por Tício, funcionário público, para cometer um furto. Sem saber da qualidade especial de Tício, Caio pratica o delito. Nesta situação, responderá Tício por peculato-furto e Caio por furto.

É importante ressaltar que não há necessidade de que o terceiro conheça EXATAMENTE o que o funcionário público faz, ou seja, aqui vale o dolo eventual, bastando que saiba que o “companheiro do delito”, também chamado executor primário, exerce serviço de natureza pública.

3.3.5 CO-AUTORIA

Ocorre a co-autoria quando dois ou mais agentes executam o núcleo do tipo. Esta pode ser:

1. Parcial � Quanto os atos de execução não são iguais, mas somados produzem o resultado. Exemplo: Tício segura Mévia para que esta seja estuprada por Caio.

2. Direta � Todos os autores executam a mesma conduta criminosa. Exemplo: Caio e Tício efetuam disparas contra Mévio.

Agora, pergunto: É possível a co-autoria em todos os tipos de delito? Para responder corretamente, vamos analisar (Obs.: Aqui serão importantes os conceitos aprendidos na AULA 01, mais especificamente no tocante a classificação dos crimes.):

• CRIMES PRÓPRIOS � São aqueles que exigem uma característica particular do sujeito. Nesta espécie de delito é admissível a co-autoria.

Exemplo 01: dois funcionários públicos se unem para cometer o delito de corrupção passiva.

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Exemplo 02: um funcionário público e um particular que conhece a qualidade especial do agente se unem para cometer o crime de peculato.

• CRIMES DE MÃO PRÓPRIA � São os que embora não exijam uma qualidade especial só podem ser praticados pelo próprio indivíduo que se encontra em determinada situação. Exemplo: Falso Testemunho.

Nesta espécie de delito NÃO é admissível a co-autoria.

• CRIMES CULPOSOS � Segundo o entendimento do STF e STJ, admite-se a co-autoria nos crimes culposos. Observe o julgado:

3.3.6 PARTICIPAÇÃO

Como já tratamos brevemente, o partícipe é aquele que efetivamente colabora para a prática de uma conduta delituosa, todavia, sem realizar diretamente o núcleo do tipo penal incriminador.

Podemos dividir a participação em:

1. Participação moral � Nesta forma de participação não ocorre colaboração através de meios materiais.

Pode ocorrer quando o partícipe induzir o autor a realizar um fato ilícito (ou antijurídico), “até então inexistente” ou quando o partícipe instigar o autor a realizar a idéia pré-existente na sua cabeça, reforçando-a.

2. Participação material � Consiste em auxiliar materialmente a ocorrência de determinado delito. O partícipe que presta auxílio material é chamado de cúmplice.

STJ, HC 40.474/PR, DJ 13.02.2006 É perfeitamente admissível, segundo o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a possibilidade de concurso de pessoas em crime culposo, que ocorre quando há um vínculo psicológico na cooperação consciente de alguém na conduta culposa de outrem. O que não se admite nos tipos culposos, ressalve-se, é a participação. Precedentes desta Corte.

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A participação apresenta as seguintes espécies:

1. Participação por omissão � Embora haja muita divergência quanto a este ponto, para sua PROVA, entenda que é cabível a participação:

a. Em crime omissivo próprio � Ex: "A" induz "B" a não pagar pensão alimentícia. "A" será partícipe de "B", no crime de abandono material (artigo 244 do CP)

b. Nos delitos omissivos impróprios � Ex: "A" instiga "B", que ele não conhece, a não alimentar o filho. "B" cometerá o crime de homicídio por omissão, já que "B" tem o dever jurídico de evitar o resultado. "A" será partícipe.

2. Participação sucessiva � É admissível em nosso ordenamento jurídico. Ocorre quando, presente o induzimento ou instigação do executor, se sucede outro induzimento ou instigação.

Exemplo: Tício instiga Mévio a matar Caio. Mário, sem saber da instigação de Tício, também instiga Mévio a cometer o homicídio.

3. Participação da participação � Esse tipo de participação é melhor compreendido através de exemplos: Tício instiga Mévio a instigar Caio para que este mate Mário ou Mévio induz Tício que induz Caio a matar Mário.

4. Participação em crimes culposos � O entendimento majoritário é de que pode haver nos crimes culposos a co-autoria, mas não participação.

Sendo o tipo do crime culposo aberto, composto sempre de imprudência, negligência ou imperícia, segundo o disposto no artigo 18 do CP, não é aceitável dizer que uma pessoa auxiliou, instigou ou induziu outrem a ser imprudente, sem ter sido igualmente imprudente. Portanto, quem instiga outra pessoa a tomar uma atitude imprudente está inserido no mesmo tipo penal. (STF, RTJ 120/1136, STJ, Resp. 40180, 6ª Turma, STF, HC 61405, RTJ, 113:517; RHC55.258).

3.3.6.1 TEORIAS DA ACESSORIEDADE

Como vimos, a condutas do partícipe tem natureza acessória em relação à conduta principal. Essa acessoriedade encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos:

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Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

Do exposto, podemos concluir que para que o partícipe possa ser punido é necessário ao menos o início da execução e, para tratarmos da punição do agente que participa de um delito, precisamos estudar as teorias da acessoriedade.

Observe a seguinte questão:

(JUIZ SUBSTITUTO – TJ-PI / 2007) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o fato principal seja:

I. típico.

II. antijurídico.

III. culpável.

IV. punível.

A quantidade de itens certos é igual a:

A) 0.

B) 1.

C) 2.

D) 3.

E) 4.

COMENTÁRIOS: A participação pressupõe sempre a ocorrência de um fato principal. O partícipe presta auxílio à conduta do autor. Por isso, hoje, é amplamente dominante o entendimento segundo o qual a participação é acessória, auxiliar em relação aos atos de autoria.

A teoria da acessoriedade da participação estabelece um sistema valorativo que impõe tratamento distinto entre os atos de autoria e de participação.

Visando definir os pressupostos mínimos necessários para a punição do partícipe, especificamente no que diz respeito à sua relação com o autor, a doutrina elaborou as seguintes teorias da acessoriedade:

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• ACESSORIEDADE MÍNIMA;

• ACESSORIEDADE LIMITADA;

• ACESSORIEDADE MÁXIMA; E

• HIPERACESSORIEDADE.

Sob a perspectiva da acessoriedade mínima, concebeu-se que, para a responsabilização do partícipe, bastaria que o autor principal realizasse uma conduta típica.

Exemplo: Tício contrata Mévio para matar Caio. Mévio caminha pela calçada e repentinamente é atacado por Caio que porta uma faca. Mévio, diante de tal situação, mata Caio em legítima defesa.

Neste caso, embora Mévio tenha agido em legítima defesa, como cometeu uma conduta típica, Tício deveria ser responsabilizado.

A teoria da acessoriedade limitada exige, para a punição do partícipe, que o autor, no mínimo, pratique conduta típica e ilícita.

Esta teoria visa superar as dificuldades da teoria da acessoriedade mínima, incluindo a exigência de ser ilícito o fato realizado em conjunto com o autor. Agora, a punição do partícipe depende de que a sua conduta preste auxílio à realização de fato ilícito.

É a teoria adotada majoritariamente pela doutrina e pelas bancas.

Exemplo: Tício instiga Mévio, INIMPUTÁVEL, a matar Caio e este assim o faz. Neste caso, como o fato cometido por Mévio é típico e ilícito, está configurado o concurso de pessoas no qual Tício é partícipe e Mévio é autor.

A teoria da acessoriedade máxima exige, para a punição do partícipe, que o autor realize um fato típico, ilícito e culpável.

No exemplo acima apresentado, como Mévio é inimputável e, portanto, não culpável, não seria Tício partícipe.

Por fim, a teoria da hiperacessoriedade exige, para a punição do partícipe, que o autor realize uma conduta típica, ilícita, culpável e punível.

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Exemplo: Tício contratou Mévio para matar Caio. Mévio mata caio e suicida-se. Neste caso, como a morte do agente extingue a punibilidade, Tício não seria partícipe do delito.

Como a questão trata da teoria da hiperacessoriedade, a resposta correta é a alternativa “E”.

Resumindo:

� ACESSORIEDADE MÍNIMA ��� FATO TÍPICO;

� ACESSORIEDADE LIMITADA ��� FATO TÍPICO + ILÍCITO;

� ACESSORIEDADE MÁXIMA ��� FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL;

� HIPERACESSORIEDADE ��� FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL + PUNÍVEL.

3.3.7 AUTORIA – TEORIAS

Como último tópico de nossa aula, vamos estudar as diversas teorias que buscam fornecer o conceito correto de AUTOR.

1. TEORIA SUBJETIVA OU UNITÁRIA ��� Os defensores dessa teoria não diferenciam autor de partícipe, ou seja, autor é aquele que de QUALQUER FORMA contribuiu para o resultado.

2. TEORIA EXTENSIVA ��� Também não diferencia o autor do partícipe, todavia admite a diminuição de pena nos casos em que a autoria é menos importante para o resultado.

3. TEORIA OBJETIVA OU DUALISTA ��� Apresenta uma clara diferenciação entre o autor e o partícipe. Subdivide-se em:

a. Teoria objetivo-formal � Segundo esta teoria autor é quem realiza o núcleo do tipo enquanto o partícipe é quem de qualquer modo colabora para a conduta típica.

Nesta teoria o autor intelectual, ou seja, aquele que planeja a conduta criminosa é PARTÍCIPE, pois não executa o núcleo do tipo penal.

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b. Teoria objetivo-material � Para esta teoria autor é aquele que contribui fundamentalmente para a ocorrência do resultado, ou seja, aquele que presta a contribuição mais importante para a ocorrência do crime. Diferentemente, o partícipe é aquele que atua de forma menos relevante.

Perceba que segundo esta teoria, não necessariamente para ser autor é necessário realizar o núcleo do tipo.

c. Teoria do domínio do fato � Essa teoria foi criada por Hans Welzel e procura ocupar uma posição intermediária entre a teoria subjetiva e a objetiva. Segundo ela, autor é quem possui controle sobre o domínio do fato.

Podemos dizer que segundo a teoria do domínio fato considera-se autor:

• AQUELE QUE PRATICA O NÚCLEO DO TIPO;

• O AUTOR INTELECTUAL;

• O AUTOR MEDIATO;

• OS CO-AUTORES.

Segundo essa teoria, também é admissível a figura dos partícipes que, neste caso, seriam aqueles que além de não praticar o núcleo do tipo, também não detém o domínio sobre o fato.

Faz-se necessário ressaltar que esta teoria só tem aplicabilidade nos crimes dolosos, pois não há como se admitir domínio do fato no caso de delitos culposos.

Para finalizar, cabe ressaltar que o código penal, a doutrina majoritária, a FCC, a ESAF, e praticamente todas as outras bancas de prova adotam a teoria objetivo formal, todavia, no que diz respeito ao conceito de autor intelectual. O CESPE, particularmente, tem adotado em suas provas a teoria do domínio do fato. Observe:

(CESPE / Promotor de Justiça Substituto / 2006) É co-autor quem, à distância, ajusta a execução de um homicídio, fornecendo os recursos necessários para aquisição dos instrumentos para o cometimento do crime, mas não participa dos atos executórios.

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Assim, APESAR DA SUA BANCA SER O CESPE, caso você vá resolver alguma PROVA ou questão de outras bancas para treinar, muito cuidado para não confundir conceitos e levar o entendimento errado para sua PROVA!!!

3.3.8 CO-AUTORIA – PESSOAS FÍSICAS X PESSOAS JURÍDICAS

Sabemos que as pessoas jurídicas são entidades dotadas de personalidade jurídica, ou seja, sujeitos de direito e obrigação.

Todavia, a jurisprudência majoritária, quanto a aspectos penais, tem adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica.

Exemplo: Segundo a lei de crimes ambientais, quando o poluidor é pessoa jurídica, a denúncia deve incluir no pólo passivo da ação, não apenas a pessoa jurídica infratora, mas, também, as pessoas físicas que contribuíram para o delito ambiental.

Essa tese foi referendada pelo STJ, no REsp 564.960, rel. Min. Gilson Dipp, que sublinhou:

"Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica são classificados na doutrina como explícitos: 1) que a violação decorra de deliberação do ente coletivo; 2) que autor material da infração seja vinculado à pessoa jurídica; e 3) que a infração praticada se dê no interesse ou benefício da pessoa jurídica; e implícitos no dispositivo: 1') que seja pessoa jurídica de direito privado; 2') que o autor tenha agido no amparo da pessoa jurídica; e 3') que a atuação ocorra na esfera de atividades da pessoa jurídica.

Disso decorre que a pessoa jurídica, repita-se, só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral, conforme o art. 3º da Lei 9.605/98.

Luís Paulo Sirvinskas ressalta que 'de qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.' Essa atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa. Porém, tendo participado do evento delituoso, todos os envolvidos serão responsabilizados na medida se sua culpabilidade. É o que dispõe o parágrafo único do art. 3º da Lei 9.605/98, que institui a co-responsabilidade, nestes termos: Parágrafo único. A responsabilidade das

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pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato".

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Passemos, agora, ao último tema de nossa aula!

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3.4 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Com a prática do crime, o direito de punir do Estado, que era abstrato, torna-se concreto, surgindo a punibilidade, que é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção.

O art. 107 do Código Penal prevê diversas formas de extinção da punibilidade em rol meramente exemplificativo. Observe:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Vamos analisar agora os diversos casos de extinção:

3.4.1 MORTE DO AGENTE

Prevista no artigo 107, I, do Código Penal, a morte do agente é uma das causas de extinção da punibilidade e, sendo assim, extingue a punibilidade a qualquer tempo.

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O fundamento para esta afirmação reside no Princípio da Pessoalidade da pena (Personalidade da pena, Responsabilidade penal ou Intranscendência da pena) que impede a punição por fato alheio. Em outras palavras, somente o autor da infração penal pode ser apenado.

Como conseqüência, a morte extingue todos os efeitos penais da condenação, porém, os efeitos civis permanecem. Este princípio é uma garantia constitucional previsto no artigo 5º, XLV:

Art. 5º: [...]

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.

A morte deve ser comprovada com a certidão de óbito. Se a extinção for baseada em certidão falsa, pode ser reaberto o processo, pois não fez coisa julgada em sentido estrito, e o fato em que se funda é juridicamente inexistente, não produzindo qualquer efeito (STF, HC 84.525/MG, DJ 03.12.2004).

3.4.2 ANISTIA, GRAÇA E INDULTO

A anistia, a graça e o indulto são, nos dizeres de Rogério Sanches, espécies de renúncia estatal ao direito de punir do Estado.

A anistia advém de ato legislativo federal (artigos 21, inciso XVII e 48, inciso VIII, da CF/88), ou seja, tem status de lei penal, sendo devidamente sancionada pelo executivo.

Através desse ato, o Estado, em razão de clemência, política social e outros fatores “esquece” um fato criminoso, perdoando a prática de infrações penais o que acarreta a exclusão dos seus efeitos penais (e não civis).

Para Rogério Greco, a anistia, em regra, dirige-se a crimes políticos, o que não impede que ela também seja concedida a crimes comuns.

De acordo com a Lei de Execuções Penais, concedida a anistia, o juiz declarará extinta a punibilidade de ofício, a requerimento do MP ou do interessado, por proposta administrativa ou do Conselho Penitenciário.

Para a doutrina é possível falar-se em anistia:

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• Própria e imprópria: própria é aquela concedida antes da condenação e a imprópria é a concedida depois da condenação;

• Restrita e irrestrita: irrestrita é aquela que atinge todos os autores do fato criminoso indistintamente, enquanto que a restrita impõe condições pessoais para a concessão do beneficio, como a primariedade, por exemplo;

• Condicionada e incondicionada: a depender da imposição de requisitos, como a reparação do dano, por exemplo.

• Comum ou especial: diz-se comum quando atingir delitos comuns. Fala-se em especial quando beneficiar agentes que praticaram crimes políticos.

Vamos, agora, tratar da graça e do indulto:

A graça e o indulto são concedidos pelo Presidente República, por meio de decreto presidencial e consubstanciam-se, assim como a graça, em forma de extinção da punibilidade. A diferença entre a graça e o indulto reside no fato de que a graça é concedida individualmente, enquanto o indulto de maneira coletiva a determinados fatos impostos pelo Chefe do Poder Executivo, daí a opção de alguns doutrinadores em denominar a graça de indulto individual.

A anistia, como visto, pode ser própria ou imprópria (concedida antes ou depois da condenação criminal), o que a distingue da graça e do indulto, pois estes institutos pressupõem condenação.

O indulto pode ser pleno ou parcial, sendo que o indulto pleno extingue totalmente a pena, enquanto que o indulto parcial impõe a diminuição da pena ou a sua comutação. Veja-se, assim, que a comutação da pena é a substituição de uma sanção por outra menos gravosa, uma espécie de indulto parcial. A este respeito, a Lei de Execuções Penais dispõe:

Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de comutação.

3.4.3 RETROATIVIDADE DA LEI – ABOLITIO CRIMINIS

Conforme o art. 2º do Código Penal, ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

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3.4.4 RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA OU PERDÃO ACEITO, NOS CRIMES DE AÇÃO PRIVADA

A renúncia, ato unilateral, é a desistência do direito de ação por parte do ofendido. Assim, o direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente (art. 104, do CP).

A renúncia pode ser expressa ou tácita. A renúncia expressa deve constar de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por procurador com poderes especiais, não obrigatoriamente advogado, nos termos do artigo 50 do CPP.

Não se perfaz a renúncia expressa quando firmada por procurador sem poderes especiais para esse fim, formalidade prevista no artigo 50 do CPP. A renúncia é tácita quando o querelante pratica ato incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa (art.104, parágrafo único, primeira parte, do CP).

Deve tratar-se de atos inequívocos, conscientes e livres, que traduzam uma verdadeira reconciliação, ou o positivo propósito de não exercer o direito de queixa. São exemplos de renúncia tácita o reatamento de amizade com o ofensor, a visita amigável, a aceitação de convite para uma festa etc.

O perdão do ofendido, diferentemente da renúncia, tem como condição a aceitação do querelado. O perdão será processual ou extraprocessual.

O perdão processual se dá mediante declaração expressa nos autos. Já o extraprocessual, se divide em tácito e expresso, sendo tácito quando o querelante pratica ato incompatível com a intenção de prosseguir na ação, admitindo qualquer meio de prova, e expresso quando declarado pelo querelante o perdão, devendo o querelado aceitar, sendo que essa aceitação conste de declaração assinada por este, seu representante legal ou procurador com poderes especiais, nos termos do art. 59, do Código de Processo Penal.

3.4.5 RETRATAÇÃO DO AGENTE

A retratação do agente é um ato jurídico unilateral, não dependendo de aceitação do suposto ofendido, devendo ser reduzida a termo pelo juiz. Poderá ser feita pelo próprio suposto ofensor ou por procurador com poderes especiais.

Luiz Régis Prado ensina que para a retratação “é irrelevante a espontaneidade da declaração, bem como os motivos que a fundaram, mas é imprescindível sua voluntariedade”.

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A retratação do agente só é possível, como mencionado, nos casos em que a lei a admite. A título de exemplo podemos citar:

• Art. 143 do CP (calúnia e difamação);

• Art. 342, § 2º, do CP (falso testemunho e falsa perícia);

3.4.6 PERDÃO JUDICIAL

Sob determinadas circunstâncias, deixará o juiz de aplicar a pena ao réu que comprovadamente é o autor do delito. Cabe o perdão apenas nas situações previstas expressamente na lei penal (vedada a analogia in bonam partem).

Nos termos da súmula 18 do STJ, a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.

3.4.7 DECADÊNCIA, PEREMPÇÃO E PRESCRIÇÃO

Podemos definir os institutos da seguinte forma:

• Decadência � É a perda do direito de ação, por não havê-lo exercido o

ofendido durante o prazo legal.

• Perempção � É a perda, causada pela inércia processual do querelado, do direito de continuar a movimentar a ação penal exclusivamente privada

• Prescrição � É a perda do direito de punir do Estado, pelo decurso de certo tempo.

Vamos, a partir de agora, conhecer um pouco mais sobre os aspectos relacionados à prescrição:

No Código Penal, encontramos dois grandes grupos de prescrição:

1 – A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA � Subdividida em:

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• PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA;

• PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE; E

• PRESCRIÇÃO RETROATIVA.

2 – A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA.

Mas qual a principal diferença entre os dois grandes grupos?

A linha divisória entre os dois é o TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO, ou seja, na prescrição da pretensão punitiva, não há trânsito em julgado para acusação e defesa ou para uma das partes. Diferentemente, na prescrição da pretensão executória, a sentença penal condenatória já transitou em julgado para as duas partes.

Esquematizando:

Vamos, a partir de agora, tratar bem objetivamente de cada forma de prescrição:

PRESCRIÇÃO DA

PRETENSÃO

PUNITIVA

PRESCRIÇÃO DA

PRETENSÃO

EXECUTÓRIA

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

PRESCRIÇÃO RETROATIVA

Não há trânsito em

julgado da condenação

para nenhuma das

partes.

Há trânsito em julgado

para a acusação, mas

não para a defesa.

Há trânsito em julgado

para ambas as partes

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3.4.1 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE DITA

Na prescrição da pretensão punitiva propriamente dita, não há trânsito em julgado para acusação nem para defesa. A prescrição da ação penal é calculada com base no máximo da pena privativa de liberdade ABSTRATAMENTE COMINADA ao crime.

A prescrição da pretensão punitiva propriamente dita está disciplinada no art. 109, caput, do CP, nos seguintes termos:

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010):

SE A PENA COMINADA É: A PRESCRIÇÃO OCORRERÁ EM:

Maior que 12 anos 20 anos

Maior que 08 e até 12 anos 16 anos

Maior que 04 e até 08 anos 12 anos

Maior que 02 e até 04 anos 08 anos

De 01 até 02 anos 04 anos

Menor que 01 ano 03 anos

CONHECER PARA ENTENDER A PENA EM ABSTRATO COMINADA É A QUE O LEGISLADOR DETERMINOU NA ELABORAÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL, OU SEJA, A PENA MATERIAL PREVISTA NO CÓDIGO PENAL. JÁ A PENA EM CONCRETO, É AQUELA APLICADA PELO MAGISTRADO AO CASO CONCRETO, APÓS A ANÁLISE DO MÉRITO DO CASO.

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O termo inicial de contagem do prazo prescricional encontra-se disposto no art. 111 do CP:

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:

I - do dia em que o crime se consumou;

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.

3.4.2 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, SUPERVENIENTE OU SUBSE-QUENTE

A prescrição intercorrente encontra previsão no parágrafo 1º do art. 110 do Código Penal:

Art. 110

[...]

§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

É a modalidade de prescrição da pretensão punitiva que se verifica entre a publicação da sentença recorrível e o trânsito em julgado para ACUSAÇÃO. Daí o nome superveniente, ou seja, posterior à sentença.

É calculada com base na pena concreta, nos termos da súmula 146 do STF, que dispõe:

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A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação.

A prescrição intercorrente começa a fluir com a publicação da sentença condenatória recorrível, embora condicionada ao trânsito em julgado para a acusação.

A prescrição superveniente pode ocorrer por dois motivos:

1. Demora em comunicar (intimar) o réu da sentença; e

2. Demora no julgamento do recurso de defesa.

O termo inicial da prescrição intercorrente ou superveniente é a publicação da sentença condenatória.

3.4.3 PRESCRIÇÃO RETROATIVA

Recentemente, a Lei nº 12.234, de 2010 alterou os aspectos pertinentes à prescrição retroativa. Vamos analisar:

Quando a prescrição é observada após o trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, refazendo-se a contagem com base na pena imposta, em concreto, diz-se que há prescrição retroativa, intercorrente ou superveniente, cujo termo inicial podia ter data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa (CP, art. 110, §§ 1o e 2o, com a redação anterior à nova lei).

Nesses termos, a prescrição retroativa só pode ser reconhecida após sentença condenatória, diferente da prescrição abstrata, que leva em conta, como se viu, a pena máxima prevista na lei.

Será necessário, então, rever todo o percurso temporal, desde o recebimento da denúncia, segundo a nova lei, até a sentença penal condenatória recorrível.

No exemplo do furto simples, cuja pena máxima em abstrato é 04 (quatro) anos, suponha-se que foi aplicada a pena mínima, ou seja, 01 (um) ano. Tendo transitado para a acusação, essa pena não poderá ser aumentada, correspondendo a um prazo prescricional hoje fixado em 03 anos.

Segundo a regra anterior, se entre a data do fato e o recebimento da denúncia houvesse o transcurso, nesse exemplo, de 04 anos, deveria ser

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declarada a extinção da punibilidade. Note-se que, levando em conta a pena em abstrato, não há prescrição. Contudo, com a imposição da pena, deveria ser revista tal situação, aplicando-se a prescrição retroativa.

Com a alteração na redação do § 1o, do art. 110 do CP, “a prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.”

A análise da prescrição retroativa, então, dar-se-á tão somente a partir do recebimento da denúncia, é dizer, a partir da fase judicial da persecução criminal.

No exemplo dado, o fato de ter transcorrido prazo superior a 03 (três) anos entre a prática do crime e o recebimento da denúncia não mais ocasionará o reconhecimento da prescrição com base na pena em concreto imposta.

De outro lado, se já decorreram 3 (três) anos entre o recebimento da denúncia e a prolação de sentença condenatória, deverá haver o reconhecimento da prescrição retroativa, ainda vigente no ordenamento pátrio (mas, repita-se, somente aplicável durante a fase processual penal).

O objetivo principal do autor do projeto de lei que culminou na Lei 12.234/2010, Deputado Antônio Carlos Biscaia, era acabar com a prescrição retroativa que, segundo ele, só existe no Brasil. Não teve aprovada sua proposta original, mas foi esse um importante passo nessa direção.

Em resumo temos o seguinte:

1 – ENTRE O COMETIMENTO DO CRIME E O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA: APLICA-SE A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, COM BASE NA PENA MÁXIMA EM ABSTRATO PREVISTA PARA O DELITO. NÃO OCORRENDO A PRESCRIÇÃO SEGUNDO ESSE CRITÉRIO, TAL PERÍODO NUNCA MAIS SERÁ OBJETO DE ANÁLISE, QUALQUER QUE SEJA A PENA NO FUTURO IMPOSTA.

2 - ENTRE O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA E A SENTENÇA CONDENATÓRIA: INICIALMENTE SERÁ AVERIGUADA A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA NOS MESMOS MOLDES SUPRA INDICADOS. APÓS A CONDENAÇÃO, SERÁ APURADA A INCIDÊNCIA OU NÃO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA, TENDO EM CONTA A PENA EM CONCRETO FIXADA, SEMPRE DA DENÚNCIA EM DIANTE.

Exemplo prático:

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1 – DATA DO CRIME: 02/01/2000. Pena: de 1 a 4 anos. Prescrição (pena em abstrato): 8 anos.

2 – RECEBIMENTO DA DENÚNCIA: 02/01/2006.

3 – SENTENÇA CONDENATÓRIA: 02/01/2008. Pena fixada: 2 anos. Prescrição (pena em concreto): 4 anos.

Análise segundo a regra antiga do CP:

a) não houve prescrição com base na pena em abstrato, pois entre os marcos temporais da interrupção (crime x denúncia, denúncia x sentença) não decorreu o prazo de 8 anos.

b) houve prescrição retroativa, já que o novo prazo, com base na pena aplicada, passou a ser de 04 anos, e entre 02/01/2000 e 02/01/2006 decorreu prazo superior a esse. Nesse caso, dever-se-ia reconhecer a prescrição, e sequer seria necessária a verificação relativa ao prazo seguinte, entre a denúncia e a sentença.

Análise segundo a regra atual:

a) não houve prescrição com base na pena em abstrato, pois entre os marcos temporais da interrupção (crime x denúncia, denúncia x sentença) não decorreu o prazo de 08 anos.

b) não houve prescrição retroativa, já que o novo prazo, com base na pena aplicada, passou a ser de 04 anos, e entre 02/01/2006 e 02/01/2008 decorreu prazo inferior a esse. Não mais se apura qualquer prescrição retroativa anterior à denúncia. Nesse caso, a pena deve ser cumprida.

Como se percebe, a modificação buscou impedir a ocorrência da prescrição em face da demora na fase policial. Em determinados crimes, a investigação é demasiadamente complexa, o que, combinada com um prazo prescricional curto, culminava por gerar impunidade a uma infinidade de casos concretos.

Eis as razões do autor da proposta:

O projeto de lei em tela propõe a revogação do disposto no artigo 110, § 2°, do Código Penal, dispositivo legal que consagrou o instituto da "prescrição retroativa".

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A prática tem demonstrado, de forma inequívoca, que o instituto da prescrição retroativa, consigne-se, uma iniciativa brasileira que não encontra paralelo em nenhum outro lugar do mundo, tem se revelado um competentíssimo instrumento de impunidade, em especial naqueles crimes perpetrados por mentes preparadas, e que, justamente por isso, provocam grandes prejuízos seja à economia do particular, seja ao erário, ainda dificultando sobremaneira a respectiva apuração.

É sabido que essa casta de crimes (p. ex. o estelionato e o peculato) reclama uma difícil apuração, em regra exigindo que as autoridades se debrucem sobre uma infinidade de documentos, reclamando, ainda, complexos exames periciais, o que acaba redundando, quase sempre, em extinção da punibilidade, mercê da prescrição retroativa, que geralmente atinge justamente o período de investigação extraprocessual.

Pior, os grandes ataques ao patrimônio público, como temos visto ultimamente, dificilmente são apurados na gestão do mandatário envolvido, mas quase sempre acabam descortinados por seus sucessores. Assim, nesse tipo de crime específico, quando apurada a ocorrência de desfalque do erário, até quatro anos já se passaram, quando, então, tem início uma intrincada investigação tendente a identificar os protagonistas do ilícito penal, o que pode consumir mais alguns anos, conforme a experiência tem demonstrado.

Outrossim, o instituto em questão é potencial causa geradora de corrupção, podendo incitar autoridades a retardar as investigações, providências, ou decisões, a fim de viabilizar a causa extintiva da punibilidade.

Por último, a pena diminuta de vários crimes, aliado ao grande número de feitos que se acumulam no Poder Judiciário - considerando-se, inclusive, a possibilidade de recursos até os Tribunais Superiores, bem como o entendimento de que as suas decisões confirmatórias da condenação não interrompem o curso do prazo prescricional, tornando tais crimes, na prática, não sujeitos a qualquer punição, o que seguramente ofende o espírito da lei penal.

Desse modo, o dispositivo de lei mencionado tem beneficiário determinado: o grande fraudador ou o criminoso de alto poder aquisitivo, capaz de manipular autoridades e normas processuais, por meio de infindáveis recursos.

Ademais, o instituto da prescrição retroativa, além de estar protagonizando uma odiosa impunidade, cada vez mais tem fomentado homens mal intencionados a enveredarem pelo ataque ao patrimônio público, cônscios de que se eventualmente a trama for descoberta a justiça tardará e, portanto, não terá qualquer efeito prático.

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3.4.4 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

É a perda, em razão da inércia do Estado, do direito de executar uma sanção penal definitivamente aplicada pelo judiciário. Encontra previsão no art. 110, do CP:

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

É calculada com base na pena concreta, fixada na sentença ou no acórdão, pois já existe trânsito em julgado da condenação para a acusação e para a defesa. É o que consta na súmula 604 do STF, que dispõe:

Tem seu termo inicial definido no art. 112 do Código Penal:

Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.

Enquanto na prescrição da pretensão punitiva, o agente nada sofre em relação ao efeito da pena, na prescrição da pretensão executória, resta-lhe o lançamento no rol dos culpados, custas, reincidência etc. Na verdade, o indivíduo FOI CONDENADO, só não vai ficar PRESO.

A PRESCRIÇÃO PELA PENA EM CONCRETO É SOMENTE DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE

LIBERDADE.

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Isso quer dizer que se operar a prescrição da pretensão punitiva e o agente praticar um novo delito, a conduta anterior não será considerada a título de reincidência, por exemplo. Todavia, na prescrição da pretensão executória, a sentença condenatória gera título executivo e a reincidência será considerada.

3.4.5 FORMAS ESPECIAIS DE PRESCRIÇÃO

1 – PRESCRIÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

Nos termos do parágrafo único do art. 109 do CP, aplicam-se às penas restritivas de direitos os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. Veja:

Art. 109 [...]

Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.

2 – PRESCRIÇÃO NO CONCURSO DE CRIMES

Conforme dispõe o art. 119 do CP, no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

Observe o texto legal:

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

CONHECER PARA ENTENDER

O concurso de crimes consiste na ocorrência de mais de um delito, mediante a prática de uma ou mais ações. Há dois sistemas acolhidos pela legislação brasileira, que determinam regras para resolver o concurso de crimes: o primeiro é o do concurso material ou real, que prescreve que sejam somadas as penas cominadas aos diversos crimes. O segundo é o do concurso formal ou ideal, que determina a aplicação da pena correspondente a um só dos crimes, se idênticos, ou ao mais grave deles, se distintos, aumentada, porém, de um quantum determinado por lei.

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3– PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA

A pena de multa é prevista no Código Penal e é aplicada de acordo com a capacidade econômica do agente. A prescrição desta penalização encontra previsão no art. 114 do Código Penal, e ocorrerá:

1. Em 02 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

2. No mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

4– PRESCRIÇÃO NO CASO DE EVASÃO DO CONDENADO OU DE REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Conforme o art. 113 do Código Penal:

Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Vamos compreender o supracitado dispositivo:

O livramento condicional consiste na antecipação da liberdade ao condenado que cumpre pena privativa de liberdade, desde que cumpridas determinadas condições durante certo tempo.

Serve como estímulo à reintegração na sociedade daquele que aparenta ter experimentado uma suficiente regeneração. Traduz-se na última etapa do cumprimento da pena privativa de liberdade no sistema progressivo, representando uma transição entre o cárcere e a vida livre.

Sendo assim, imagine que Tício foi condenado a uma pena de 4 anos de reclusão e, após 3 anos, obteve a concessão do livramento condicional. O que isto quer dizer?

Quer dizer que Tício deixará de cumprir a pena privativa de liberdade e estará livre, mas sujeito ao cumprimento de determinadas condições (que não são importantes para a prova).

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Imagine agora que Tício não cumpriu as “regras” determinadas pelo Código Penal e pelo Magistrado e, após 06 meses de liberdade, teve revogado o livramento condicional. Eis que surge o importante questionamento: “Como será regulada a contagem do prazo prescricional?”

Resposta: Nos termos do art. 113, pelo tempo que resta da pena, ou seja, 01 ano. Assim, pela tabela que já analisamos na página 16, o prazo de um ano de pena corresponde a um prazo prescricional de 04 anos.

“Mas professor, se ele já havia cumprido 03 anos e permaneceu 06 meses em liberdade, não restariam apenas 06 meses e, consequentemente, teríamos um prazo prescricional de 02 anos?”

A resposta é negativa, pois, se revogado o livramento condicional, o tempo que o indivíduo ficou em liberdade NÃO É CONTADO para efeito de prescrição.

Cabe, por fim, ressaltar que as regras aqui apresentadas também são cabíveis no caso de fuga (evasão) do preso.

5– PRESCRIÇÃO DA PENA MAIS LEVE

De acordo com o art. 118 do Código Penal, as penas mais leves prescrevem com as mais graves. Assim, por exemplo, a pena de suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor imposta cumulativamente com a privativa de liberdade prescreve no prazo desta.

3.4.5 CAUSAS DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO

A prescrição admite a interrupção nos termos do art. 117 do CP e a suspensão, conforme previsão do art. 116. Vamos compreender estes dois institutos:

A interrupção do prazo se verifica quando, depois de iniciado seu curso, em decorrência de um fato previsto em lei, tal prazo se reinicia, ou seja, todo o prazo decorrido até então é desconsiderado.

Em se tratando de suspensão, o prazo pára de correr, fica paralisado, mas, com o fim da suspensão, retoma seu curso e deve ser considerado em seu cômputo o prazo anteriormente decorrido.

Para finalizar, observe abaixo as causas de interrupção e suspensão:

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INTERRUPÇÃO SUSPENSÃO

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

II - pela pronúncia;

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;

II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

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Futuros (as) Aprovados (as)

Chegamos ao final de nossa aula e mais uma vez fica claro que é grande a quantidade de detalhes.

O importante agora é consolidar bem o aprendizado e garantir importantes pontos em sua PROVA.

Siga em frente em busca do seu sonho. Lute pelo que você deseja. Lembre-se de que só depende de você.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

"O sucesso é a soma de pequenos esforços - repetidos dia sim, e no outro dia também."

Robert Collier

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

CÓDIGO PENAL

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

I - a emoção ou a paixão;

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Regras comuns às penas privativas de liberdade

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

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§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Casos de impunibilidade

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

Extinção da punibilidade

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Prescrição antes de transitar em julgado a sentença

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;

III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;

IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;

V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;

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VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

Prescrição das penas restritivas de direito

Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.

Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:

I - do dia em que o crime se consumou;

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.

Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível

Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional

Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Prescrição da multa

Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

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II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

Causas impeditivas da prescrição

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;

II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Causas interruptivas da prescrição

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

II - pela pronúncia;

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

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EXERCÍCIOS

1. (CESPE / Analista Judiciário - TJ-ES / 2011) No direito penal, o critério adotado para aferir a inimputabilidade do agente, como regra, é o biopsicológico.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: A questão está correta, pois informa que, "como regra", adota-se o critério biopsicológico. Ressalte-se, todavia, que quanto à menoridade, o critério adotado para aferir a imputabilidade ou inimputabilidade é o critério puramente biológico.

2. (CESPE / Escrivão - PC-ES / 2011) Nos termos do Código Penal, é inimputável aquele que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Questão simples e que exige o conhecimento do art. 26 do Código Penal. Relembrando: Casos de Inimputabilidade � Inimputabilidade por doença ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26), inimputabilidade por menoridade (art. 27), inimputabilidade por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28 §2º).

3. (CESPE / Analista judiciário - TRE-ES / 2011) A prescrição da pena de multa ocorrerá em dois anos quando a multa for cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada a pena privativa de liberdade, independentemente do prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: De acordo com o art. 114, do CP, a prescrição da pena de multa ocorrerá:

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

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II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

4. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Considere que um guarda-vidas e um banhista, ambos podendo agir sem perigo pessoal, tenham presenciado o afogamento de uma pessoa na piscina do clube onde o guarda-vidas trabalha e não tenham prestado socorro a ela. Nesse caso, na hipótese de morte da vítima, os dois agentes devem responder pelo delito de omissão de socorro.

GABARITO: ERRADA.

COMENTÁRIOS: A posição do guarda-vidas é de garante, pois assume obrigação legal de evitar o resultado (§2º "a" do art. 13 do CP). Dessa forma, se assiste o afogamento e podendo agir nada faz, responde por homicídio (comissão) por omissão, caso a vítima morra. Trata-se de crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão. Já o banhista responderá por omissão de socorro (art. 135 CP), eis que podia agir sem risco pessoal e não o fez.

5. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Com relação à autoria delitiva, a teoria extensiva considera que todos os participantes do evento delituoso são autores, não admitindo a existência de causas de diminuição de pena nem de diferentes graus de autoria, compatibilizando-se, apenas, com a figura do cúmplice (autor menos relevante), que deve receber pena idêntica à dos demais agentes.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: De acordo com a teoria extensiva, autor é todo aquele que concorre, de alguma forma, para a consecução do resultado, isto é, é todo aquele que dá causa ao resultado. Assim, segundo a teoria extensiva, não há distinção entre a figura do autor e do partícipe.

6. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Segundo o critério objetivo-formal da teoria restritiva, somente é considerado autor aquele que pratica o núcleo do tipo; partícipe é aquele que, sem realizar a conduta principal, concorre para o resultado, auxiliando, induzindo ou instigando o autor.

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GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: A teoria restritiva do autor é a adotada pelo CP, porquanto o caput e os §§ 1º e 2º do art. 29 faz a nítida distinção entre autor e partícipe. Essa teoria distingue autor de partícipe, estabelecendo como critério distintivo a prática ou não de elementos do tipo.

Assim, autor é aquele que concorre para a realização do crime, praticando elementos do tipo. Co-autor é aquele que concorre para a realização do crime, praticando parte do tipo, ou seja, ele presta uma ajuda considerada essencial, dividindo tarefas essenciais ao crime (divisão de tarefas em sede de tipo). Já o partícipe é aquele que contribui, de qualquer outro modo, para a realização de um crime, sem realizar elementos do tipo.

7. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Em relação à natureza jurídica do concurso de agentes, o CP adotou a teoria unitária ou monista, segundo a qual cada um dos agentes (autor e partícipe) responde por um delito próprio, havendo pluralidade de fatos típicos, de modo que cada agente deve responder por um crime diferente.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: No que se refere à natureza jurídica do concurso de agentes, o Código Penal adotou a teoria monista ou unitária, que considera o crime, ainda quando praticado com o concurso de outras pessoas, único e indivisível (CP art. 29). O erro da questão esta em afirmar que cada agente responde por crime diferente, quando na verdade, como dito, o crime é único e indivisível.

Por fim, cabe ressaltar que a teoria monista ou unitária é adotada de forma temperada. Assim, admite-se a punição menos severa do co-autor que quis participar de crime menos grave (CP art. 29, § 2º).

8. (CESPE / Defensor Público - DPU / 2010) Em se tratando da chamada comunicabilidade de circunstâncias, prevista no Código Penal brasileiro, as condições e circunstâncias pessoais que formam a elementar do injusto, tanto básico como qualificado, comunicam-se dos autores aos partícipes e, de igual modo, as condições e circunstâncias pessoais dos partícipes comunicam-se aos autores.

GABARITO: ERRADA

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COMENTÁRIOS: Conforme o art. 30 do código Penal não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Nos casos de constituírem circunstâncias elementares do crime principal, as condições e circunstancias de caráter pessoal, comunicam-se dos autores aos partícipes, mas não dos partícipes aos autores por ser a participação acessória da autoria.

9. (CESPE / Procurador - AGU / 2010) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensão do art. 29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, sendo esta, exemplo de norma de adequação típica mediata.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Nos crimes plurissubjetivos o concurso é necessário e já está previsto no próprio tipo, não sendo necessária a aplicação de norma de extensão. Do exposto, a subsunção da conduta dos co-autores, nos crimes plurissubjetivos, é imediata, direta.

10. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-BA / 2010) A imputabilidade penal é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Nos moldes da concepção trazida pelo finalismo de Welzel, a culpabilidade é composta pelos seguintes elementos normativos: imputabilidade penal, potencial consciência sobre a ilicitude do fato e exigibilidade de conduta diversa. Assim, é correto afirmar que a imputabilidade integra a culpabilidade e não a tipicidade.

11. (CESPE / TRE – GO / 2009) O agente que, por desenvolvimento mental retardado, for, ao tempo da ação delituosa, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato terá sua pena reduzida.

GABARITO: ERRADA

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COMENTÁRIOS: Essa alternativa trata do inimputável e exige do candidato o conhecimento do artigo 26 do Código Penal. Este dispositivo legal é constantemente cobrado pelas bancas. Observe o disposto:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (grifei)

Segundo o supra texto, a incapacidade total de entender o caráter ilícito do fato, nas citadas situações, é caso de isenção de pena e não de diminuição.

Ainda no artigo 26 podemos responder a um importante questionamento:

Quando deve ser analisada a imputabilidade?

Resposta: NO MOMENTO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, não importando, para efeitos penais, qualquer alteração de estado posterior.

12. (CESPE / TRE – GO / 2009) O agente que possuía perturbação de saúde mental à época da ação delituosa, não sendo, por tal fato, inteiramente capaz de determinar-se de acordo com o entendimento do caráter ilícito do fato, será isento de pena.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Essa alternativa trata do semi-imputável e também é facilmente resolvida com o conhecimento do artigo 26, mas é preciso tomar bastante cuidado para interpretá-la de maneira correta.

Perceba que a banca não diz que o agente era inteiramente incapaz, o que seria necessário para isentá-lo de pena. O que é dito é que ele não era inteiramente CAPAZ. Desta forma, o enquadramento da alternativa não é no “caput” do artigo 26 e sim no parágrafo único, que trata da possibilidade de diminuição da pena nos seguintes termos:

Art. 26

[...]

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por

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desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

13. (CESPE / TRE – GO / 2009) A embriaguez, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não exclui a imputabilidade penal, salvo quando culposa.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: A embriaguez culposa não exclui a imputabilidade nos termos do artigo 28, II, do CP, que dispõe:

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

[...]

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

14. (CESPE / TRE – GO / 2009) A embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, poderá gerar a redução da pena do agente, presentes os requisitos legais.

GABARITO: CORRETA

COMENTÁRIOS: A questão traz a possibilidade de redução de pena presente no parágrafo 2º do artigo 28. Observe:

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

15. (CESPE / TJ – PI / 2007) O Código Penal adotou o critério biológico para aferição da imputabilidade do agente.

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GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Como vimos, o Código Penal adotou o critério biopsicológico.

16. (CESPE / TJ – PI / 2007) A emoção e a paixão, de acordo com o Código Penal, não servem para excluir a imputabilidade penal nem para aumentar ou diminuir a pena aplicada.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Esta questão trata da emoção e da paixão, que são alterações intensas do estado psíquico de longa (paixão) ou curta (emoção) duração. A emoção e a paixão não retiram a imputabilidade, mas podem diminuir a pena.

17. (CESPE / TJ – PI / 2007) A embriaguez preordenada não exclui a culpabilidade do agente, mas pode reduzir a sua pena de um a dois terços.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Para responder esta é só olhar para o esquema apresentado quando tratamos da embriaguez, de onde se conclui que a embriaguez preordenada não reduz a pena.

18. (CESPE / TJ – PI / 2007) A embriaguez involuntária incompleta do agente não é causa de exclusão da culpabilidade nem de redução de pena.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: A embriaguez involuntária incompleta do agente é causa de redução de pena.

19. (CESPE / Agente penitenciário / 2007) A menoridade penal constitui causa de exclusão da imputabilidade, ficando, todavia, sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial, os menores de 18 anos de idade, no caso de praticarem um ilícito penal.

GABARITO: CERTA

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COMENTÁRIOS: Como vimos exaustivamente, a menoridade penal é causa absoluta de presunção de inimputabilidade. Mas isso não quer dizer que o Estado não fará nada com o menor, pois este estará sujeito ao Estatuto da criança e do adolescente (ECA).

20. (CESPE / Agente penitenciário / 2007) Suponha que Joaquim, mentalmente são, praticou, em estado de inconsciência, um homicídio, advindo da ingestão excessiva, porém voluntária, de bebida alcoólica. Nessa situação, Joaquim deverá responder pelo homicídio e poderá ter a pena reduzida de um a dois terços.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Como no caso apresentado pelo CESPE o agente do delito ingeriu VOLUNTARIAMENTE a bebida, não há que se vislumbrar a obrigatoriedade da redução de pena.

21. (CESPE / Polícia Federal / 2004) Considere a seguinte situação hipotética. Hiran, tendo ingerido voluntariamente grande quantidade de bebida, desentendeu-se com Caetano, seu amigo, vindo a agredi-lo e a causar-lhe lesões corporais.

Nessa situação, considerando que, em razão da embriaguez completa, Hiran era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender a ilicitude de sua conduta e de determinar-se de acordo com este entendimento, pode-se reconhecer a sua inimputabilidade.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Mais uma questão em que o CESPE conta uma história longa e tenta confundir o candidato ao associar a embriaguez com a inimputabilidade. Lembre-se SEMPRE: A embriaguez voluntária NÃO GERA A INIMPUTABILIDADE.

22. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os silvícolas inadaptados.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Trata dos silvícolas, que nada mais são, como vimos, do que os índios.

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Os silvículas, , que nada mais são do que os índios, nem sempre serão inimputáveis, dependendo do grau de assimilação dos valores sociais, a ser revelado por exame pericial.

Da conclusão da perícia, o silvícola pode ser:

• IMPUTÁVEL � Se integrado à vida em sociedade.

• SEMI-IMPUTÁVEL � No caso de estar dividido entre o convívio na tribo e na sociedade; e

• INIMPUTÁVEL � Quando está completamente INADAPTADO, ou seja, fora da sociedade.

Como a questão trata do silvícula INADAPTADO, estamos diante de um caso de inimputabilidade.

23. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os surdos-mudos inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: O surdo-mudo, ao completar 18 anos, presume-se IMPUTÁVEL, aplicando a ele as mesmas regras de um indivíduo sem deficiência.

Desta forma, caso seja inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, será IMPUTÁVEL.

24. (CESPE / OAB / 2007) Quando o agente se embriaga para cometer o crime em estado de embriaguez, ocorre a situação tratada pela teoria como da actio libera in causa.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: Denomina-se "actio libera in causa" a ação de se deixar ficar num estado de inconsciência.

No caso apresentado o agente usa deliberadamente um meio para colocar-se em estado de incapacidade física ou mental, parcial ou plena, no momento da ocorrência do fato criminoso.

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25. (CESPE / Polícia Federal / 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem-se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica.

GABARITO: CERTA

COMENTÁRIOS: A questão trata da teoria da dupla imputação que, como vimos, atribui co-responsabilidade à pessoa física pelos atos da pessoa jurídica.

26. (CESPE / Polícia Federal / 2004) Jarbas entrega sua arma a Josias, afirmando que a mesma está descarregada e incita-o a disparar a arma na direção de Mévio, alegando que se tratava de uma brincadeira. No entanto, a arma estava carregada e Mévio vem a falecer, o que leva ao resultado pretendido ocultamente por Jarbas. Nessa hipótese, o crime praticado por Josias e por Jarbas, em concurso de pessoas, foi o homicídio doloso.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: No caso apresentado pela banca não há concurso de pessoas, pois falta o vínculo subjetivo entre os agentes. Para esta situação, dependendo do caso concreto, Jarbas poderia responder pelo homicídio doloso enquanto Josias responderia pelo homicídio culposo.

27. (CESPE / Juiz - TJ-CE / 2012) Nos crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, a interrupção da prescrição em relação a um deles não se estende aos demais, uma vez que a análise do prazo prescricional deve recair, de forma isolada, sobre cada conduta delitiva.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Conforme o art. 117, § 1º, do CP, nos crimes conexos a interrupção da prescrição em relação a um deles se estende aos demais.

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28. (CESPE / Juiz - TJ-CE / 2012) A prescrição da pena de multa e das restritivas de direito ocorre em dois anos quando forem as únicas cominadas ou aplicadas.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: De acordo com o art. 109, parágrafo único, c/c art. 114, do CP, somente as penas de multa prescrevem em 02 anos.

29. (CESPE / Delegado - PC-ES / 2011) Lúcio, cidadão não reincidente em crime doloso, foi condenado a nove meses de prisão pela prática do crime de ameaça, em razão de conduta ocorrida em 1.º de janeiro de 2010, durante as festividades de ano-novo, na cidade do Rio de Janeiro. Nessa situação, considerando as normas penais aplicáveis, a prescrição da pretensão executória será de dois anos e não poderá, sob hipótese alguma, ter por termo inicial data anterior à da denúncia.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: Pegadinha da banca!

1- Na data do crime a Lei 12.234/10 ainda não tinha entrado em vigor, logo o prazo de prescrição ainda era o de 2 anos. Assim, a primeira parte da questão está correta.

2- Porém, como não tinha entrado em vigor a lei, também não tinha havido a alteração do texto do art. 110, §1º do CP, valendo então a redação anterior, mais benéfica ao réu.

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, regula-se, também, pela pena aplicada e verifica-se nos mesmos prazos. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 6.416, de 1977)

Então, a segunda parte da questão está errada, pois pela regra anterior poderia haver termo inicial anterior à denúncia.

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30. (CESPE / Delegado - PC-ES / 2011) A citação válida, por constituir garantia decorrente do devido processo legal, é causa interruptiva da prescrição penal.

GABARITO: ERRADA

COMENTÁRIOS: As causas interruptivas da prescrição estão taxativamente elencadas no art. 117 do CP:

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

II - pela pronúncia;

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS

1. (CESPE / Analista Judiciário - TJ-ES / 2011) No direito penal, o critério adotado para aferir a inimputabilidade do agente, como regra, é o biopsicológico.

2. (CESPE / Escrivão - PC-ES / 2011) Nos termos do Código Penal, é inimputável aquele que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinarse de acordo com esse entendimento.

3. (CESPE / Analista judiciário - TRE-ES / 2011) A prescrição da pena de multa ocorrerá em dois anos quando a multa for cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada a pena privativa de liberdade, independentemente do prazo estabelecido para a prescrição da pena privativa de liberdade.

4. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Considere que um guarda-vidas e um banhista, ambos podendo agir sem perigo pessoal, tenham presenciado o afogamento de uma pessoa na piscina do clube onde o guarda-vidas trabalha e não tenham prestado socorro a ela. Nesse caso, na hipótese de morte da vítima, os dois agentes devem responder pelo delito de omissão de socorro.

5. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Com relação à autoria delitiva, a teoria extensiva considera que todos os participantes do evento delituoso são autores, não admitindo a existência de causas de diminuição de pena nem de diferentes graus de autoria, compatibilizando-se, apenas, com a figura do cúmplice (autor menos relevante), que deve receber pena idêntica à dos demais agentes.

6. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Segundo o critério objetivo-formal da teoria restritiva, somente é considerado autor aquele que pratica o núcleo do tipo; partícipe é aquele que, sem realizar a conduta principal, concorre para o resultado, auxiliando, induzindo ou instigando o autor.

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7. (CESPE / Promotor de Justiça - MPE-ES / 2010) Em relação à natureza jurídica do concurso de agentes, o CP adotou a teoria unitária ou monista, segundo a qual cada um dos agentes (autor e partícipe) responde por um delito próprio, havendo pluralidade de fatos típicos, de modo que cada agente deve responder por um crime diferente.

8. (CESPE / Defensor Público - DPU / 2010) Em se tratando da chamada comunicabilidade de circunstâncias, prevista no Código Penal brasileiro, as condições e circunstâncias pessoais que formam a elementar do injusto, tanto básico como qualificado, comunicam-se dos autores aos partícipes e, de igual modo, as condições e circunstâncias pessoais dos partícipes comunicam-se aos autores.

9. (CESPE / Procurador - AGU / 2010) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensão do art. 29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, sendo esta, exemplo de norma de adequação típica mediata.

10. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-BA / 2010) A imputabilidade penal é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade.

11. (CESPE / TRE – GO / 2009) O agente que, por desenvolvimento mental retardado, for, ao tempo da ação delituosa, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato terá sua pena reduzida.

12. (CESPE / TRE – GO / 2009) O agente que possuía perturbação de saúde mental à época da ação delituosa, não sendo, por tal fato, inteiramente capaz de determinar-se de acordo com o entendimento do caráter ilícito do fato, será isento de pena.

13. (CESPE / TRE – GO / 2009) A embriaguez, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não exclui a imputabilidade penal, salvo quando culposa.

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14. (CESPE / TRE – GO / 2009) A embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, poderá gerar a redução da pena do agente, presentes os requisitos legais.

15. (CESPE / TJ – PI / 2007) O Código Penal adotou o critério biológico para aferição da imputabilidade do agente.

16. (CESPE / TJ – PI / 2007) A emoção e a paixão, de acordo com o Código Penal, não servem para excluir a imputabilidade penal nem para aumentar ou diminuir a pena aplicada.

17. (CESPE / TJ – PI / 2007) A embriaguez preordenada não exclui a culpabilidade do agente, mas pode reduzir a sua pena de um a dois terços.

18. (CESPE / TJ – PI / 2007) A embriaguez involuntária incompleta do agente não é causa de exclusão da culpabilidade nem de redução de pena.

19. (CESPE / Agente penitenciário / 2007) A menoridade penal constitui causa de exclusão da imputabilidade, ficando, todavia, sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial, os menores de 18 anos de idade, no caso de praticarem um ilícito penal.

20. (CESPE / Agente penitenciário / 2007) Suponha que Joaquim, mentalmente são, praticou, em estado de inconsciência, um homicídio, advindo da ingestão excessiva, porém voluntária, de bebida alcoólica. Nessa situação, Joaquim deverá responder pelo homicídio e poderá ter a pena reduzida de um a dois terços.

21. (CESPE / Polícia Federal / 2004) Considere a seguinte situação hipotética. Hiran, tendo ingerido voluntariamente grande quantidade de bebida, desentendeu-se com Caetano, seu amigo, vindo a agredi-lo e a causar-lhe lesões corporais.

Nessa situação, considerando que, em razão da embriaguez completa, Hiran era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender a ilicitude

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de sua conduta e de determinar-se de acordo com este entendimento, pode-se reconhecer a sua inimputabilidade.

22. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os silvícolas inadaptados.

23. (CESPE / OAB / 2007 - Adaptada) São imputáveis os surdos-mudos inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

24. (CESPE / OAB / 2007) Quando o agente se embriaga para cometer o crime em estado de embriaguez, ocorre a situação tratada pela teoria como da actio libera in causa.

25. (CESPE / Polícia Federal / 2009) Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, tem-se adotado a teoria da dupla imputação, segundo a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídica, mas também a pessoa física que agiu em nome do ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabilizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica.

26. (CESPE / Polícia Federal / 2004) Jarbas entrega sua arma a Josias, afirmando que a mesma está descarregada e incita-o a disparar a arma na direção de Mévio, alegando que se tratava de uma brincadeira. No entanto, a arma estava carregada e Mévio vem a falecer, o que leva ao resultado pretendido ocultamente por Jarbas. Nessa hipótese, o crime praticado por Josias e por Jarbas, em concurso de pessoas, foi o homicídio doloso.

27. (CESPE / Juiz - TJ-CE / 2012) Nos crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, a interrupção da prescrição em relação a um deles não se estende aos demais, uma vez que a análise do prazo prescricional deve recair, de forma isolada, sobre cada conduta delitiva.

28. (CESPE / Juiz - TJ-CE / 2012) A prescrição da pena de multa e das restritivas de direito ocorre em dois anos quando forem as únicas cominadas ou aplicadas.

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29. (CESPE / Delegado - PC-ES / 2011) Lúcio, cidadão não reincidente em crime doloso, foi condenado a nove meses de prisão pela prática do crime de ameaça, em razão de conduta ocorrida em 1.º de janeiro de 2010, durante as festividades de ano-novo, na cidade do Rio de Janeiro. Nessa situação, considerando as normas penais aplicáveis, a prescrição da pretensão executória será de dois anos e não poderá, sob hipótese alguma, ter por termo inicial data anterior à da denúncia.

30. (CESPE / Delegado - PC-ES / 2011) A citação válida, por constituir garantia decorrente do devido processo legal, é causa interruptiva da prescrição penal.

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GABARITO

1-C 2-C 3-E 4-E 5-E 6-C 7-E

8-E 9-E 10-C 11-E 12-E 13-E 14-C

15-E 16-E 17-E 18-E 19-C 20-E 21-E

22-E 23-C 24-C 25-C 26-E 27-E 28-E

29-E 30-E ***** ***** ***** ***** *****