91
CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ 1 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br AULA 06 – CONTRATOS: Contratos em Geral. Disposições Gerais. Extinção. Preferências e Privilégios. Olá! Vamos hoje para a nossa aula 06 que trata dos contratos. DISPOSIÇÕES GERAIS FONTES DAS OBRIGAÇÕES (ou fonte geradoras do dever de indenizar) Diz-se fonte de obrigação o fato jurídico de onde nasce o vínculo obrigacional. Trata-se da realidade sub specie iuris que dá vida à relação creditória: o contrato, o negócio unilateral, o fato ilícito, etc. Chama-se fonte de uma obrigação ao fato jurídico de que emerge essa obrigação, ao fato jurídico constitutivo da obrigação. São fontes das obrigações: * Atos Jurídicos; * Contratos; * Ato Ilícito; CONTRATOS Você aprendeu que o ato jurídico é unilateral, ou seja, é uma declaração de vontade. Basta que uma pessoa declare sua vontade para que a lei incidindo sobre esta vontade faça nascer a obrigação dela decorrente. Declaração de vontade LEI Fonte de obrigação: consequência jurídica

Aula 06.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

1 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

AULA 06 – CONTRATOS: Contratos em Geral. Disposições

Gerais. Extinção. Preferências e Privilégios.

Olá! Vamos hoje para a nossa aula 06 que trata dos contratos.

DISPOSIÇÕES GERAIS

FONTES DAS OBRIGAÇÕES

(ou fonte geradoras do dever de indenizar)

Diz-se fonte de obrigação o fato jurídico de onde nasce o vínculo

obrigacional.

Trata-se da realidade sub specie iuris que dá vida à relação

creditória: o contrato, o negócio unilateral, o fato ilícito, etc.

Chama-se fonte de uma obrigação ao fato jurídico de que emerge

essa obrigação, ao fato jurídico constitutivo da obrigação.

São fontes das obrigações:

* Atos Jurídicos;

* Contratos; * Ato Ilícito;

CONTRATOS

Você aprendeu que o ato jurídico é unilateral, ou seja, é uma

declaração de vontade. Basta que uma pessoa declare sua vontade

para que a lei incidindo sobre esta vontade faça nascer a obrigação

dela decorrente.

Declaração de vontade LEI

Fonte de obrigação: consequência jurídica

Page 2: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

2 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

O contrato parte da ideia de NEGÓCIO JURÍDICO; este é

BILATERAL (sempre! Cuidado! Quando que digo que o contrato é

sempre bilateral estou me referindo quanto à sua formação).

O contrato é bilateral porque necessita para a sua formação de pelo

menos duas pessoas (duas vontades) pelo simples fato que não posso realizar negócio comigo mesmo.

Contrato de Compra e Venda

“A” Vendedor Objeto: imóvel “B” Comprador

CONCEITO: Contrato é o ACORDO de duas ou mais vontades, na

conformidade da ordem jurídica (LEI), destinada a estabelecer

uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidadede adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza

patrimonial.

Diz-se contratos o ACORDO vinculativo entre duas ou mais

declarações de vontade (oferta ou proposta, de um lado; aceitação,

do outro), contrapostas mas perfeitamente harmonizáveis entre si,

que visam estabelecer uma composição unitária de interesses.

O contrato é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral isto é,

integrado pela manifestação de duas ou mais vantagens diversas que

se conjugam para a realização de um objetivo comum.

Page 3: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

3 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

REQUISITOS DE VALIDADE DO CONTRATO: Art. 104. A validade

do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Requisitos subjetivos: diz respeito aos sujeitos; existência de

duas ou mais pessoas; capacidade genérica para praticar os

atos da vida civil; aptidão específica para contratar;

consentimento das partes contratantes.

Requisitos objetivos: diz respeito ao objeto do contrato

(compra e venda, locação, etc.) licitude do objeto do contrato;

possibilidade física ou jurídica do objeto do negócio jurídico;

determinação do objeto do contrato; economicidade de seu

objeto.

Requisitos formais: a forma deve ser prescrita ou não defesa

em lei.

PRINCÍPIOS QUE REGEM OS CONTRATOS

PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE OU PRINCÍPIO DA

LIBERDADE DE CONTRATAR: Art. 421. A liberdade de contratar

será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.

Consiste no poder das partes de estipular livremente, como melhor

lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus

interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica,

envolvendo, além da liberdade de criação do contrato, a liberdade de

contratar ou não contratar, de escolher o outro contraente e de fixar

o conteúdo do contrato, limitadas pelas normas de ordem pública,

pelos bons costumes e pela revisão judicial dos contratos.

Atribui aos contraentes o poder de fixarem, em termos vinculativos, a

disciplina que mais convém à sua relação jurídica.

Page 4: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

4 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

É uma aplicação da regra da liberdade negocial, sendo ambos eles

um corolário do princípio da autonomia privada, trazendo, porém,

limitações.

Em virtude deste princípio, ninguém pode ser compelido à realização

de um contrato. O princípio da liberdade contratual desdobra-se em

vários aspectos:

a) A possibilidade de as partes contratarem ou não contratarem,

como melhor lhes aprouver;

b) A faculdade de, contratando, escolher cada uma delas,

livremente, o outro contraente;

c) A possibilidade de, na regulamentação convencional dos seus

interesses, se afastarem dos contratos típicos ou

paradigmáticos disciplinados na lei ou de incluírem em qualquer

destes contratos paradigmáticos cláusulas divergentes da

regulamentação supletiva contida no Código Civil.

liberdade de contratar e as suas limitações: Os dois termos

(liberdade e limitação) envolve a junção de duas ideias sucessivas desinal oposto.

Por um lado, através do termo liberdade, exprime a faculdade de os

indivíduos formularem sem limitações às suas propostas e decidirem

sem nenhuma espécie de coação externa sobre a adesão às

propostas que outros lhes apresentem.

Por outro lado, a liberdade reconhecida às partes aponta para a

criação do contrato. E o contrato é um instrumento jurídico

vinculativo, é um ato com força obrigatória.

A liberdade de contratar é, por conseguinte, a faculdade de criarsem constrangimento um instrumento objetivo, um pacto que, uma

vez concluído, nega a cada uma das partes a possibilidade de se

afastar (unilateralmente) dele – pacta sunt servanda.

Porém, a liberdade de contratar sofre limitações ou restrições em

vários tipos de casos (o princípio da função social do contrato –

estudado adiante – se traduz numa dessas limitações: todo contrato

deve cumprir uma social).

Limites à liberdade de contratar: Depois de se decidir livremente

contratar, a pessoa goza ainda da faculdade de escolher livremente a

pessoa (o outro contratante) com quem vai realizar o

contrato.

Page 5: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

5 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Essa faculdade reveste uma importância especial nos negócios

realizados intuitu personae, nos contratos a crédito ou nos contratos

destinados a criar relações entre os contraentes.

Mas também neste domínio existem limitações à liberdade contratual,

umas resultantes da vontade das partes, outras provenientes diretamente da lei.

A livre fixação do conteúdo dos contratos: limitações: Além da

liberdade de contratar e da liberdade de escolha do outro contraente,

reconhece-se aos contraentes a faculdade de fixarem livremente o

conteúdo do contrato.

Tomando como ponto de referência os contratos em especial

regulados na lei, a liberdade de modelação do conteúdo do contrato

desdobra-se sucessivamente:

a) Na possibilidade de celebrar qualquer dos contratos típicos ou

nominados previstos na lei; b) Na faculdade de aditar a qualquer desses contratos as cláusulas

que melhor convirem aos interesses prosseguidos pelas partes;

c) Na possibilidade de se realizar contratos distintos dos que a lei

prevê e regula.

Porém, como a liberdade de contratar e a liberdade de escolha do

outro contraente, também a regra da livre fixação do conteúdo do

contrato está sujeita a limitações.

Estes limites abrangem concretamente, em primeiro lugar, os

requisitos formulados quanto ao objeto do negócio jurídico;

compreendem ainda as numerosas disposições dispersas por toda alegislação, que proíbem, no geral sob pena de nulidade a celebração

de contratar com certo conteúdo.

Em segundo lugar, cumpre mencionar os contratos-normativos e os

contratos-coletivos, cujo conteúdo, fixado em termos genéricos, se

impõe, em determinadas circunstâncias, como um padrão que os

contraentes são obrigados a observar nos seus contratos individuais

de natureza correspondente (contrato de adesão: plano de saúde).

As normas imperativas, que se refletem no conteúdo dos contratos:

umas aplicáveis à generalidade dos contratos ou a certas categorias

de contratos; outras, privativas de certos contratos em especial, e

que são vulgares nos sistemas de economia fortemente dirigida.

Page 6: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

6 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS: Art. 421. A

liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da

função social do contrato.

O princípio da função social do contrato limita a liberdade de

contratar (é um limite a autonomia da vontade).

O princípio da função social do contrato possui nítido relacionamento

com o princípio da boa fé, que exige que as partes ajam com lealdade

e confiança recíprocas, devendo colaborar, mutuamente, na formação

e execução do contrato, tudo na mais absoluta probidade.

A função social instrumentaliza-se pelos princípios do equilíbrio

contratual e da boa-fé objetiva, ressaltando-se que o princípio do

pacta sunt servanda não vigora mais em toda a sua intensidade.

O princípio da função social do contrato revela-nos que o contrato

não pode mais ser visto pela ótica meramente individualista, já que

possui um sentido social para toda a comunidade.

Considera-se violado o princípio da função social dos contratos

quando os efeitos externos do pacto prejudicarem injustamente os

interesses da sociedade ou de terceiros não ligados ao contrato

firmado.

O art. 421 do Código Civil instituiu um novo requisito de validade dos

contratos (negócio jurídico, pactos), subordinando a eficácia das

avenças à observância de determinados padrões de probidade

(honestidade), lealdade e sociabilidade, o que sinaliza que não

podemos pensar no contrato de modo isolado, mas sim no contexto

do ordenamento jurídico em que está inserido, através do qual deveser assegurado, principalmente, o princípio da igualdade.

O que o princípio imperativo da “função social do contrato” estatui é

que este não pode ser transformado em um instrumento para

atividades abusivas, causando dano à parte contrária ou a

terceiros, uma vez que, nos termos do Art. 187, também comete

ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede

manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou

social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

O art. 421 veio atrelar o princípio da autonomia de vontade ao da

função social doc ontrato (socialidade), uma vez que a liberdade de

contratar é limitada pela função social do contrato, sendo esse artigo

Page 7: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

7 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

consequência dos princípios constitucionais da função social da

propriedade e da igualdade, atendendo aos interesses sociais, uma

vez que limita o arbítrio dos contratantes, criando condições para o

equilíbrio econômico-contratual.

Assim, determinou-se que a liberdade de contratar deve ser exercida

em razão e nos limites da função social do contrato.

O art. 421 protege o mais fraco, na contratação, que, possa estar

sofrendo pressão econômica ou os efeitos de clausulas abusivas ou

de propaganda enganosa.

O atendimento a função social pode ser enfocado sob dois aspectos:

um individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato

para satisfazer seus interesses próprios, e outro, público, que é o

interesse da coletividade sobre o contrato.

Reflete este princípio a prevalência dos valores coletivos sobre os

individuais (preservando, porém, a dignidade da pessoa humana).

A função social do contrato exige dos seus contratantes e de terceiros a colaboração entre si, como forma de garantir o

adimplemento (cumprimento).

Nada mais é do que: o respeito mútuo entre as partes, assim

como de terceiros que sofrem os efeitos oriundos da relação

contratual. A função social se apresenta como um fator limitador da

conduta de terceiros, julgada de acordo com o princípio da boa-fé,

sob um corte subjetivo, onde se pressupõe que o terceiro tenha

ciência do contrato, e mesmo assim agiu em desacordo com o

estipulado contratualmente, assumindo o risco do seu não

cumprimento.

O princípio da função social do contrato reflete a demanda social da

coletividade, pois ele propõe uma harmonia social pacificadora narelação contratual, protegendo a coletividade (contratos contra o

consumidor), e também terceiros que podem sofrer ou causar danos

à relação contratual estipulada e conhecida.

PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO: Segundo esse princípio, o

simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar contrato

válido, pois a maioria dos negócios jurídicos bilaterais é consensual,

embora alguns, por serem solenes, tenham sua validade

condicionada à observância de certas formalidades legais.

Page 8: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

8 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA CONVENÇÃO OU

PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA: as cláusula

(estipulações) feitas no contrato deverão ser fielmente

cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o

inadimplente.

O contrato é norma jurídica entre as partes, constituindo lei

entre as partes; por isso é intangível, salvo se ambas as partes o

rescindam voluntariamente ou haja previsão de arrependimento ou

caso fortuito ou força maior - não se poderá alterar seu conteúdo,

nem mesmo judicialmente.

PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO: Por esse princípio, a avença apenas vincula as partes que nela

intervieram, não aproveitando nem prejudicando terceiros, salvo

raras exceções.

PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: Segundo esse princípio, na interpretação

do contrato é preciso ater-se mais à intensão do que ao sentido literal da linguagem, e, em prol do interesse social de segurança das

relações jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e confiança

recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e na execução do

contrato.

O princípio da boa-fé divide-se em: BOA-FÉ SUBJETIVA e BOA-FÉ

OBJETIVA:

BOA-FÉ SUBJETIVA: A boa-fé subjetiva é também conhecida como

boa-fé crença porque diz respeito a substâncias psicológicas

internas do agente.

Consiste em uma situação psicológica, estado de espírito ou ânimo do

sujeito, que realiza algo, ou, vivência um momento, sem ter a noção

do vício que a inquina.

O estado subjetivo deriva da ignorância do sujeito, a respeito de

determinada situação; ocorre, por exemplo, na hipótese do possuidor

da boa-fé subjetiva, que desconhece o vício que macula a sua posse.

Assim, neste caso do exemplo, o legislador cuida de ampará-lo, não

fazendo o mesmo em relação ao possuidor de má-fé.

Na aplicação dessa boa-fé, o juiz deverá se pronunciar acerca do

estado de ciência ou de ignorância do sujeito. A boa-fé subjetiva

Page 9: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

9 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

constitui atributo natural do ser humano, sendo a má-fé o resultado

de um desvio de personalidade.

A boa-fé subjetiva se refere ao estado psicológico da pessoa,

consistente na justiça, ou, na licitude de seus atos, ou na ignorância

de sua antijuricidade.

BOA-FÉ OBJETIVA: Art. 422. Os contratantes são obrigados a

guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

princípios de probidade e boa-fé.

Se apresenta como um princípio geral que estabelece um roteiro a

ser seguido nos negócios jurídicos, incluindo normas de condutas que

devem ser seguidas pelas partes, ou, por outro lado, restringindo o

exercício de direitos subjetivos, ou, ainda, como um modo

hermenêutico das declarações de vontades das partes de um negocio,

em cada caso concreto.

A boa-fé objetiva, ou simplesmente, boa-fé lealdade, relaciona-se

com a lealdade, honestidade e probidade (honestidade) com a qual a pessoa mantém em seu comportamento.

Trata-se, de ética. Um exemplo é o dever de guardar fidelidade à

palavra dada ou ao comportamento praticado, na ideia de não

fraudar ou abusar da confiança do outrem.

Funções da boa-fé objetiva:

a) Função interpretativa e de colmatação;

b) Função criadora de deveres jurídicos anexos ou de proteção;

c) Função delimitadora do exercício de direitos subjetivos.

Função interpretativa e de colmatação: Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do

lugar de sua celebração. A boa-fé objetiva serve para orientar o

magistrado em casos que ocorram integração de lacunas.

Função criadora de deveres jurídicos anexos ou de proteção: A

boa-fé possui essa importante função criadora de deveres anexos ou

de proteção: Lealdade e confiança recíprocas; Assistência;

Informação; Sigilo ou confidencialidade.

Função delimitadora do exercício de direitos subjetivos: tem-se

a função delimitadora do exercício de direitos subjetivos. A boa-fé

objetiva também tem o condão de evitar o exercício abusivo aos

direitos subjetivos, não podendo se aceitar “cláusulas leoninas ou

Page 10: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

10 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

abusivas”, seja em relações de consumo, seja nos contratos cíveis em

geral.

Um exemplo real do tema em comento, é o dispositivo contratual que

prevê a impossibilidade de se aplicarem as normas da teoria da

imprevisão (onerosidade excessiva), em prol de parte prejudicada.

A função integrativa da boa-fé advém do art. 422 do C.C. Além de

servir à interpretação do negócio jurídico, a boa-fé é na verdade uma

fonte, criadora de deveres jurídicos para as partes. Tanto antes,

quanto durante e depois, deve-se agir pelo princípio da boa-fé em

uma realização de negócio jurídico entre partes.

Questão 01. No que se refere aos contratos, é correto afirmar:

(A) Os princípios da probidade e da boa-fé estão ligados não só à

interpretação dos contratos, mas também ao interesse social de

segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes têm o dever

de agir com honradez e lealdade na conclusão do contrato e na sua

execução. (B) A liberdade de contratar no Direito Brasileiro é absoluta, pois há o

princípio da autonomia da vontade, onde se permite às partes

pactuar, mediante acordo de vontade, a disciplina de seus interesses.

(C) O contrato de adesão é um contrato paritário, pois o aderente é

tutelado pelos Códigos Civil e de Defesa do Consumidor em relação

ao ofertante.

(D) A compra e venda entre cônjuges, qualquer que seja o regime de

casamento, está proibida para evitar a venda fictícia entre marido e

mulher na constância do casamento, o que poderia levar à lesão de

direitos de terceiros.

(E) A pena convencional poderá ter efeito pleno iure, mas é

necessário ter prova de que houve prejuízo com a inexecução docontrato ou inadimplemento da obrigação.

Comentários:

(A) Os princípios da probidade e da boa-fé estão ligados não só à

interpretação dos contratos, mas também ao interesse social de

segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes têm o dever

de agir com honradez e lealdade na conclusão do contrato e na sua

execução. Correta.

O princípio da boa fé e função social do contrato estão previstos no

Código Civil.

Page 11: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

11 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos

limites da função social do contrato.

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na

conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de

probidade e boa-fé.

(B) A liberdade de contratar no Direito Brasileiro é absoluta, pois há o

princípio da autonomia da vontade, onde se permite às partes

pactuar, mediante acordo de vontade, a disciplina de seus interesses.

Incorreta.

A liberdade de contratar não é absoluta, pois limitada pelos princípios

da boa fé e função social do contrato.

Tais limites são trazidos pelo próprio legislador: Art. 421. A liberdade

de contratar será exercida em razão e nos limites da função social

do contrato.

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim naconclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de

probidade e boa-fé.

Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo

Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual,

mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando

presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à

dignidade da pessoa humana.

(C) O contrato de adesão é um contrato paritário, pois o aderente é

tutelado pelos Códigos Civil e de Defesa do Consumidor em relação

ao ofertante. Incorreta porque o contrato de adesão não tem comocaracterística a paridade, uma vez que não há possibilidade do

aderente discutir o conteúdo prévio e unilateralmente elaborado pelo

ofertante.

Ressalte-se que ao contrato de adesão se aplicam as disposições do

Código Civil e CDC, conforme segue: Código Civil Código de Defesa

do Consumidor

Art. 424. Nos contratos de

adesão, são nulas as cláusulas

que estipulem a renúncia

antecipada do aderente a direito

resultante da natureza do

Art. 54. Contrato de adesão é

aquele cujas cláusulas tenham

sido aprovadas pela autoridade

competente ou estabelecidas

unilateralmente pelo fornecedor

Page 12: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

12 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

negócio. de produtos ou serviços, sem que

o consumidor possa discutir ou

modificar substancialmente seu

conteúdo.

Art. 423. Quando houver no

contrato de adesão cláusulas

ambíguas ou contraditórias,

dever-se-á adotar a

interpretação mais favorável ao

aderente.

§ 1º A inserção de cláusula no

formulário não desfigura a

natureza de adesão do contrato.

§ 2º Nos contratos de adesão

admite-se cláusula resolutória,

desde que a alternativa, cabendo

a escolha ao consumidor,

ressalvando-se o disposto no §

2º do artigo anterior. § 3 o Os contratos de adesão

escritos serão redigidos em

termos claros e com caracteres

ostensivos e legíveis, cujo

tamanho da fonte não será

inferior ao corpo doze, de modo

a facilitar sua compreensão pelo

consumidor.

§ 4º As cláusulas que implicarem

limitação de direito do

consumidor deverão ser redigidas

com destaque, permitindo sua

imediata e fácil compreensão.

(D) A compra e venda entre cônjuges, qualquer que seja o regime de

casamento, está proibida para evitar a venda fictícia entre marido e

mulher na constância do casamento, o que poderia levar à lesão de

direitos de terceiros. Incorreta, pois: "É lícita a compra e venda entre

cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.

(E) A pena convencional poderá ter efeito pleno iure, mas é

necessário ter prova de que houve prejuízo com a inexecução do

contrato ou inadimplemento da obrigação. Incorreta.

O Código Civil dispõe que a pena convencional terá efeito pleno iuredesde que, culposamente: O devedor deixe de cumprir a obrigação

(inadimplemento absoluto) ou o devedor incorra mora

(inadimplemento relativo).

Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde

que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em

mora.

Page 13: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

13 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Além disso, não é necessário que o credor prove que houve prejuízo,

conforme artigo 416: Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é

necessário que o credor alegue prejuízo.

Gabarito: a

FORMAÇÃO DO CONTRATO

FASES DE FORMAÇÃO DO VÍNCULO CONTRATUAL

1. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES - (Fase pré-contratual)

NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES ou Fase pré-contratual, não cria

obrigações contratuais, mas, podem gerar obrigações

extracontratuais. Consistem nas conversações prévias, sondagens

e estudos sobre os interesses de cada contraente, tendo em vista o

contrato futuro, sem que haja qualquer vinculação jurídica entre os

participantes, embora excepcionalmente surja responsabilidade

aquiliana (extracontratual).

2. PROPOSTA

Proponente Oblato

dirigida ao

Destinatário da proposta

Proposta, oferta ou solicitação: Conceito: Declaração de vontade, receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa

(proponente, ofertante) a outra (oblato), por meio da qual o

proponente manifesta a sua intenção de se considerar vinculada, se a

outra parte aceitar a proposta. Esta outra pessoa (oblato) tem a

opção de aceitar ou não a proposta, oferta.

Page 14: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

14 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Há que ser a proposta séria, revestir-se de força vinculante, conter

todos os elementos essenciais do negócio jurídico. A oferta ou

proposta é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma

pessoa à outra (com quem pretende celebrar um contrato), por força

da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculara,

se a outra parte aceitar.

A regra é que a proposta obriga o proponente, ou seja, o

proponente está vinculado à proposta:

Art. 427. Regra: A proposta de contrato obriga o proponente, se

o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou

das circunstâncias do caso.

Características: É declaração unilateral de vontade por parte do

proponente. - Reveste-se de força vinculante em relação ao que a

formula, se, o contrário, não resultar dos termos dela, da natureza do

negócio ou das circunstâncias do caso.

É um negócio jurídico receptício. Deve conter todos os elementos

essenciais do negócio jurídico proposto. Elemento inicial do contrato, devendo ser, por isso, séria, completa, precisa e inequívoca

Obrigatoriedade da proposta:

a) Manutenção desta dentro de prazo razoável;

b) A morte ou a incapacidade do proponente supervenientemente não

infirma a proposta, exceto se a intenção for outra. Art. 427. A

proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar

dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do

caso.

A obrigatoriedade da oferta consiste no ônus imposto ao proponente,

de não a revogar por um certo tempo, a partir de sua existência, sobpena de ressarcir perdas e danos, subsistindo, até mesmo, em face

da morte ou de incapacidade superveniente do proponente antes da

aceitação, salvo se outra houver sido a sua intenção.

Porém, essa sua força vinculante não é absoluta, porque o CC

reconhece algumas situações em que deixará de ser obrigatória.

Exceção à obrigatoriedade da proposta:

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi

imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa

Page 15: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

15 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

que contrata por telefone ou por meio de comunicação

semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo

suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do

proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a

resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao

conhecimento da outra parte a retratação do proponente.

PROPOSTA (OFERTA) AO PÚBLICO: é a propaganda do

supermercado, os panfletos, jornais, outdoors, folhetos ofertados em

massa ao público em geral: essas propostas equivalem a uma

proposta normal realizada entre duas pessoas:

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra

(contém) os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o

contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.

Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta

realizada.

A revogação da proposta ao público deve ocorrer pela mesma via da

divulgação. Por isso, sempre consta nos anúncios: “enquanto durar

nosso estoque; ou promoção até a data “X”.

Page 16: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

16 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

3. ACEITAÇÃO

Proponente Oblato

dirigida ao

Aceita a proposta nos exatos termos

Aceitação: Manifestação expressa ou tácita da vontade por

parte do destinatário da proposta, feita dentro do prazo, aderindo

em todos os seus termos. Se a aceitação foi condicional, equivalerá à

nova proposta.

A aceitação é a manifestação da vontade, expressa ou tácita, da

parte do destinatário de uma proposta, feita dentro do prazo,

aderindo a esta em todos os seus termos, tornando o contratodefinitivamente concluído, desde que chegue, oportunamente, ao

conhecimento do ofertante.

Requisitos:

Não exige obediência a determinada forma, salvo nos contratos

solenes, podendo ser expressa ou tácita;

Deve ser oportuna;

Deve corresponder a uma adesão integral à oferta;

Deve ser conclusiva e coerente.

ACEITANTE

Regra: com a aceitação tem-se por concluído (realizado) o contrato

(nos contratos entre pessoas presentes)

Page 17: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

17 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Aceitação nos Contratos "Inter Praesentes": Se o negócio for

entre presentes, a oferta poderá estipular ou não o prazo para a

aceitação. Se não contiver prazo, a aceitação deverá ser manifestada

imediatamente, e, se houver prazo, deverá ser pronunciada no

termo concedido.

Aceitação nos Contratos "Inter Absentes": Se o contrato for entre ausentes, existindo prazo, este deverá ser observado, mas se a

aceitação se atrasar, sem culpa do oblato, o proponente deverá dar

ciência do fato ao aceitante, sob pena de responder por perdas e

danos.

Se o ofertante não estipulou qualquer prazo, a aceitação deverá ser

manifestada dentro de tempo suficiente para chegar a resposta ao

conhecimento do proponente.

Retratação do aceitante: O aceitante poderá arrepender-se, desde

que sua retratação chegue ao conhecimento do ofertante antes da

aceitação ou juntamente com ela.

Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar

tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á

imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por

perdas e danos.

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou

modificações, importará nova proposta.

Contra proposta: A aceitação fora do prazo se transforma em uma

nova proposta. Agora, o aceitante (oblato) será o proponente e o

proponente, o oblato. É o exemplo: ofereço meu carro por $ 30 mil e

o oblato diz assim: eu pago R$ 28 mil.

Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a

aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado,

reputar-se-á concluído (perfeito, realizado) o contrato, não

chegando a tempo a recusa.

É o caso da loja de roupas que faz a programação de pedidos para o

ano inteiro à indústria para entregas mensais programadas; Para

cancelas as entregas posteriores deverá recusar (cancelar) com

antecedência.

Page 18: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

18 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

MOMENTO DA CONCLUSÃO (realização) DO CONTRATO

CONTRATO ENTRE PRESENTES: Teoria da Recepção: Neste

contrato as partes encontrar-se-ão vinculadas no mesmo instante

em que o oblato aceitar a oferta; no momento em que o oblato se

transformar em aceitante; só então o contrato começará a produzir

efeitos jurídicos.

CONTRATO ENTRE AUSENTES: Teoria da Expedição: Segundo a

teoria da agnição ou declaração, na sua segunda modalidade, isto é,

no momento da expedição (da resposta do oblato ao proponente),

os contratos com correspondência epistolar ou telegráfica

tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, desde

que não se apresentem as exceções, hipóteses em que se aplicam a

teoria da recepção.

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos

(realizados) desde que a aceitação é expedida, exceto (salvo):

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.

Retratação da Aceitação: Art. 433. Considera-se inexistente a

aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a

retratação do aceitante.

Retratação do aceitante: O aceitante poderá arrepender-se, desde

que sua retratação chegue ao conhecimento do ofertante antes da

aceitação ou juntamente com ela. A retratação nada mais é do que o

arrependimento.

LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO: Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

Pela LINDB, art. 9º, § 2º, aplicável no Direito Internacional Privado, a

obrigação resultante do contrato considerar-se-á constituída no lugar

em que residir o proponente.

Page 19: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

19 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

1º) Quanto à natureza da obrigação contraída:

a) Unilaterais ou Bilaterais;

b) Onerosos ou gratuitos;

c) Comutativos ou aleatórios;

d) Paritários ou por adesão.

UNILATERAIS: Só um dos contratantes assume obrigações diante do

outro. Ex.: doação, comodato, mútuo. Aqui diz respeito quanto aos

efeitos da obrigação em si para um dos contratantes. Lembre-se que

quanto à formação TODO E QUALQUER CONTRATO É BILATERIAL

(exige-se no mínimo duas pessoas).

BILATERAIS: Cada um dos contratantes é simultânea e

reciprocamente credor e devedor do outro (Sinalagma: dependência

recíproca). Ex.: Compra e venda (comprador e vendedor); locação

(locador e locatário).

DISTINÇÃO: 1º) O exceptio non adimpleti contractus cláusula resolutiva tácita

para os contratos bilaterais;

2º) Aplicabilidade da teoria dos riscos somente dos contratos

bilaterais ; e

3º) incidência da segunda parte do art. 1 092, relativo aos contratos

bilaterais.

ONEROSOS: Vantagens para os dois contratantes e ônus mútuos.

Ex.: locação.

GRATUÍTOS: Oneram apenas uma das partes, proporcionando à outra

um benefício, sem a correspondente contraprestação. Ex.: A doaçãopura e simples.

DISTINÇÃO:

1º) gratuitos : a responsabilidade do devedor pelo ilícito deverá ser

examinada levando-se em conta somente a conduta dolosa do credor

da doação; já nos onerosos as partes por simples culpa.

2º) gratuidos : o doador não responde pela evicção e nem pelos

vícios redibitórios, salvo nas doações com encargos, nos contratos

onerosos os contratantes respondem por uma e por outra.

3º ) gratuitos : interpretação restritiva, onerosos : isto não acontece.

4º) gratuitos : o erro sobre a pessoa é mais grave, nos onerosos não

(salvo nos casos de obras artísticas ).

Page 20: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

20 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

COMUTATIVOS: Cada contratante, além de receber do outro

prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar de imediato

essa equivalência subjetiva (compra e venda).

ALEATÓRIOS: A prestação de uma ou de ambas as partes depende de

um risco futuro e incerto; as partes se põem sob a perspectiva de uma álea que se refletirá na existência ou na quantidade da parte

contratada (seguro, exploração de petróleo à risco). Esse risco de

ganhar ou de perder pode sujeitar um ou ambos os contratantes,

porém a incerteza do evento terá que ser dos dois. Não há, portanto,

nos contratos aleatórios, equivalência.

DISTINÇÃO:

1º) Comutativos: antevisão do que irão receber. Aleatórios: não;

2º) Comutativos: vícios redibitórios (sujeição). Aleatórios: vícios

redibitórios não incidem;

3º) A rescisão por lesão só se aplica aos comutativos.

DIFERENÇAS ENTRE CONDIDIONAIS E ALEATÓRIOS:CONDICIONAIS:

I - A existência e a eficácia do contrato estão na dependência de

evento futuro e incerto, ao passo que os aleatórios, ter-se-á o

contrato perfeito desde logo;

II - Nos condicionais, ambas as partes poderão ter lucros, sem que o

ganho de um represente, necessariamente, a perda de outro; nos

aleatórios, em regra, a vantagem de um acarretará perda do outro.

III - nos condicionais, o acontecimento deverá ser sempre futuro e

incerto. Nos aleatórios, o risco pode ser atual, desde que as partes o

ignorem ou o desconheçam.

CONTRATOS PARITÁRIOS: Igualdade das partes na discussão dos

termos do negócio, cláusulas e condições.

CONTRATOS POR ADESÃO: excluem a liberdade sobre as cláusulas e

condições, que são previamente redigidas por um dos contratantes.

Supõe:

a) Uniformidade;

b) Proposta permanente e geral; e

c) Superioridade econômica de uma das partes.

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas

ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação

mais favorável ao aderente.

Page 21: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

21 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Cláusulas ambíguas são aquelas que dão ensejo à várias

interpretações.

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que

estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito

resultante da natureza do negócio.

CONTRATOS QUANTO À FORMA: a) Concensuais; b) Formais e c)

reais.

CONSENSUAIS: perfazem pela simples anuência das partes

(transporte, compra e venda de bens móveis)

FORMAIS: impõem, para sua validade, forma especial, solene

(compra e venda de imóvel, seguro, fiança).

REAIS: se ultimam com a entrega da coisa, por um contratante a

outro ( depósito, comodato ).

CONTRATOS QUANTO AO NOME: a) nominados; e b) inominados:

NOMINADOS ou TÍPICOS: que têm nomen iuris e servem de base àfixação de modelos de regulamentação da lei.

INOMINADOS: os que se afastam dos modelos estabelecidos pela lei.

(Ex.: contratos sobre exploração de lavoura de café, por ser um

misto de locação de serviço, arrendamento rural e parceria agrícola,

Contrato de hospedagem: locação de coisa e de serviços e de

depósito). A qualificação jurídica depende dos elementos que

compõem o contrato.

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos,

observadas as normas gerais fixadas neste Código.

CONTRATOS DE EXECUÇÃO IMEDIATA OU INSTANTÂNEA:nascimento e execução do contrato ocorrem no mesmo momento:

compra e venda à vista.

CONTRATOS DE EXECUÇÃO CONTINUADA OU PERIÓDICA: exemplo

clássico: a locação, onde a execução do contrato ocorre durante

muitos meses ou anos. São os que se protraem no tempo, por

exemplo: compra e venda à prazo.

Sobrevivem com a persistência da obrigação, muito embora ocorram

soluções parciais, até aqui pelo implemento de uma condição ou

Page 22: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

22 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

decurso do prazo, cessa o próprio contrato. Importância dos

Contratos de execução continuada:

1ª) a nulidade do contrato de execução continuada não afeta os

efeitos já produzidos;

2ª) a teoria da imprevisão só recai sobre os contratos de execução

continuada.

CONTRATOS PESSOAIS (PERSONALÍSSIMOS) INTUITO PERSONAE:

aqueles em que se contrata uma pessoa tendo em vista suas

qualidades essenciais, por exemplo, a contratação de um show de um

cantor famoso; a pintura de uma tela por um pintor famoso. Só o

devedor pode realizar e não se aceita que terceiros cumpram a

obrigação. Caso este não possa realizar a obrigação, pagará perdas e

danos (se com culpa do inadimplemento). Caso não a tenha realizado

por caso fortuito ou força maior, está desobrigado.

A pessoa do contraente é considerada pelo outro como elemento

determinante de sua conclusão.

A pessoa do contraente tem influência decisiva no consentimento do

outro, que tem interesse em que as obrigações contratuais sejam por

ele cumpridas, por sua habilidade particular, competência, idoneidade.

CNTRATOS IMPESSOAIS (NÃO PERSONALÍSSIMOS): a pessoa do

contraente é juridicamente indiferente, irrelevante, pouco importando

quem execute a obrigação. Pode a execução do contrato ser realizada

por um terceiro estranho. Geralmente pessoal de manutenção,

zeladoria, portaria etc, num contrato de prestação de serviço por uma

empresa terceirizada. Se alguns deles faltar será substituído por

outro.

DISTINÇÃO:

a) intuitu personae: intransmissíveis; b) não podem ser cedidos e

c) são anuláveis havendo erro essencial sobre a pessoa do

contratante.

EFEITOS JURÍDICOS DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS

1º) O contrato deve ser cumprido como se lei fosse para os

contraentes;

2º) O contratante não pode liberar unilateralmente do vínculo

obrigacional, exceto se houver cláusula em que o contratante se

reservar o poder de isentar-se do liame por sua exclusiva vontade, ou

Page 23: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

23 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

que esse efeito liberatório resulte da própria natureza do contrato,

como ocorre com a fiança sem prazo determinado, ou, ainda, que se

tenha ajustado o direito de arrependimento.

3º) O contrato poderá atingir pessoas que não o estipularam. Ex.: os

sucessores, a título universal, porque o princípio geral é o de que o

contrato não beneficia nem prejudica terceiros. Os sucessores, a título singular, como no caso de quem adquiriu do cedente direitos

contratuais, são alheios ao contrato.

4º) Contrato por terceiro: quando uma pessoa se compromete a

obter prestação de fato de um terceiro não participante dele -

contrato.

Ex.: A promete a B obter de C a realização ou a execução da

prestação em proveito de B. Se C executar a prestação, o devedor

primário A se libera; se C não executá-la, A será inadimplente e

responderá por perdas e danos (Obrigação de fazer).

ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

Partes do contrato:

Estipulante

Permitente ou devedor

Beneficiário

Contrato entre duas pessoas (estipulante e promitente devedor),

em que uma delas (estipulante) convenciona com outra

(promitente/devedor) certa vantagem patrimonial em proveito de

3º (beneficiário), alheio à formação do ajuste contratual (exemplo:

contrato de seguro).

O promitente (devedor) se obriga perante o estipulante a

beneficiar o terceiro, mas nem por isso se desobriga ante o

estipulante, visto que este tem o direito de exigir o adimplemento

da obrigação e até reservar-se o direito de substituir o terceiro

beneficiário; o estipulante pode exonerar o promitente, se o

contrato não houver cláusula que dê ao beneficiário o direito de

reclamar-lhe a promessa.

Page 24: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

24 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Estipulante

Promitente ou Devedor Beneficiário (terceiro)

Definição: Acordo de vontades pelo qual um das partes se

compromete a cumprir uma obrigação em favor de alguém que não

participa do ato negocial.

Natureza jurídica: Contratual.

Vínculo Obrigacional: Forma-se com o consentimento do estipulante e

do promitente, sendo necessário apenas que o terceiro (beneficiário)

seja determinável (inclusive pessoa futura).

Objeto: Benefício em favor do terceiro, sem que haja uma

contraprestação do mesmo.

Características:

* O terceiro torna-se credor do promitente;

* O direito subjetivo do terceiro nasce com o contrato;

* O terceiro pode recusar-se a receber (exoneração do promitente);

* O promitente pode opor as exceções que tiver contra o beneficiárioe aquelas fundadas no contrato;

Exemplos: Seguro de vida, Doação com encargo, etc.

Relações:

a) Entre estipulante e promitente:

*O contrato se aperfeiçoa com o consentimento do estipulante e do

promitente;

* O estipulante contrai obrigação em benefício de terceiro;

* O estipulante pode exigir o cumprimento da obrigação;

* O estipulante pode trocar o beneficiário (ato inter vivos ou causa

mortis);

* Exonerar o promitente, salvo se reservou o direto do beneficiário dereclamar a prestação. Neste caso a obrigação deve ser cumprida em

favor do estipulante.

Page 25: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

25 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

b) Entre promitente e beneficiário:

* O beneficiário é credor do promitente;

* Não gera direito, apenas expectativa se houver termo ou condição;

* O beneficiário tem direito de exigir o cumprimento da obrigação (se

estiver

previsto no contrato) – próprio / impróprio (não prevê este direito);

* O promitente pode opor as exceções que tenha contra obeneficiário.

c) Entre estipulante e beneficiário:

* Faculdade de criar direito subjetivo para o terceiro;

* Beneficiário pode rejeitar sem qualquer justificativa;

* Se houver encargo, o estipulante pode exigir seu cumprimento.

Legislação

Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o

cumprimento da obrigação.

Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a

obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o

inovar nos termos do art. 438.

Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se

deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante

exonerar o devedor.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o

terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência

e da do outro contratante.

Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou

por disposição de última vontade.

PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

Partes:

Promitente

Page 26: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

26 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Promissário

Terceiro

Outra modalidade contratual é a promessa de fato de terceiro -

artigos 439 e 440.

Na promessa de fato de terceiro, determinado contratante

(promitente/estipulante) celebra com outro contratante (promissário) uma determinada prestação, mas essa prestação

ajustada deve ser prestada por um terceiro não envolvido pelo

contrato.

Caso o terceiro não cumpra a tarefa esperada, a responsabilização

por perdas e danos será do promissário devedor – art. 439, caput.

Porém, o Código Civil admite que o terceiro possa também se obrigar

a cumprir aquele fato.

Se isso ocorrer, desaparece a responsabilidade do estipulante,

passando a ser do próprio terceiro (art. 440), salvo se ajustarem os

contratantes, por livre convenção, eventual responsabilidade solidária entre o terceiro e o estipulante.

Todavia, se o terceiro for cônjuge do estipulante casados em regime

de bens que permita que a responsabilidade por perdas e danos do

estipulante possa de alguma forma atingir esse patrimônio do terceiro

que não anuiu ao cumprimento da obrigação, ficará afastada a

responsabilização (artigo 439, parágrafo único).

Observe o desenho:

Promitente

Promissário Terceiro

Page 27: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

27 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Imagine que o estipulante (credor) é uma casa de show. O

estipulante realiza um contrato com o promissário (devedor,

empresário de uma banda famosa), que se compromete que a banda

(terceiro) vai realizar um show na data “tal” na casa de show.

O promissário se obriga por um fato (realização do show) de um

terceiro (banda).

Legislação

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por

perdas e danos, quando este o não executar.

Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o

cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser

praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de

algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por

outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.

CONTRATO ALEATÓRIO

CONCEITO: Aleatório é o contrato em que uma prestação pode

deixar de existir em virtude de um acontecimento incerto e futuro.

É o caso, no mesmo contrato de compra e venda, quando se compra

coisa incerta ou futura (compro a colheita de um campo de trigo, que

pode existir se o campo produzir o trigo, ou deixar de existir, caso

não produza).

Outro exemplo é o contrato de seguro, em que a contraprestação do

segurador só é devida se ocorrer um evento futuro (no seguro contra

incêndio, a indenização só será devida se a coisa se incendiar).

O contrato aleatório se refere a coisas futuras (colheita), cujo risco de

não virem a existir seria assumido pelo “adquirente comprador”

(“emptio spei”).

Page 28: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

28 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

O art. 458 admite que “qualquer das partes pode assumir o risco de

nada obter”.

O contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma ou de mais

partes depende do risco, futuro e incerto, risco este que não se pode

antecipar o seu quantum: Aleatório será o contrato se a prestação

depender de um evento casual (álea = sorte), sendo, por isso,

insuscetível de estimação prévia, dotado de um extensão incerta.

Este risco pode ser total ou absoluto (quando uma das partes apenas

cumpre sua prestação sem perceber nada em troca) e parcial ou

relativo (quando cada um dos contratantes se responsabiliza por

alguma prestação independente de serem iguais ou não).

Existem duas modalidades de contratos aleatórios então, aqueles que

se referem a coisas futuras e aqueles que versam sobre coisas já

existentes mas que estão sujeitas a riscos futuros, como colocado por

O art. 458 trata do risco sobre a “existência” da coisa, retratando,

desta forma a “emptio spei”, ou seja, a venda da “esperança”, a

“probabilidade da coisa existir”, caso em que o alienante terá direito

a todo o preço da coisa que venha a não existir.

Exemplo disto é a venda de colheita futura, como já apresentado

anteriormente, independente da existência da safra ou não existir, em que o comprador deve assumir o risco da completa frustração da

safra, ou seja, sua não existência, salvo se o risco cumprir-se por

dolo ou culpa do vendedor.

O art. 459 trata dos casos de coisas futuras, quando o adquirente

assume o risco de virem a existir em qualquer quantidade: O preço

será devido ao alienante, ainda que a quantidade seja inferior à

esperada. Trata-se da emptio rei speratae.

Escreve o autor ALVES que trata-se do risco sobre a “quantidade”

exata da coisa, retratando a “emptio rei speratae”, ou seja, venda da

coisa esperada, a probabilidade da coisa existir na quantidade deseja

ou prometida, caso em que o alienante terá o direito a todo o preço da coisa que venha existir quantitativamente diferenciada, como

sucede ainda no exemplo da venda da colheita futura quando a safra

alcança quantidade inferior ou mínima.

A sorte (risco), neste caso, se vincula à quantidade e não a

existência da coisa, como no artigo anterior e, o alienante

Page 29: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

29 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

(vendedor), não terá direito ao preço contratado, se houver agido

com dolo ou culpa.

Ou seja, conclui-se daí que enquanto o artigo 458 se refere ao risco

da coisa em si, à própria existência da coisa objeto do negócio

jurídico; o seu seguinte, 459 refere-se à quantidade menor ou não

que venha a existir da coisa.

Salienta-se que em ambos os casos o vendedor deve empregar todaa sua diligência para que a esperança, total ou parcial.

Há a necessidade preeminente de se examinar o caso concreto, se o

adquirente se comprometeu a pagar em qualquer situação,

independente se o resultado do negócio jurídico (“coisa”) venha a

existir ou não, ou se ele se comprometeu a pagar “desde que” haja a

existência do resultado (“coisa”) e em qual quantidade. A este

respeito refere-se o parágrafo único do artigo 459: Parágrafo único –

Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o

alienante restituirá o preço recebido.

Na distinção entre os dois contratos, adverte que na doutrina se

prevalece o critério objetivo, ou seja, que há venda de “esperança”,

se a existência das coisas futuras depende do “acaso”; e, há venda

de coisa “esperada”, se a existência das coisas futuras está na “ordem natural”.

Uma colheita, por exemplo, será objeto de emptio rei speratae,

porque é de se esperar normalmente que haja frutificação. No fundo,

trata-se de uma quaestio voluntatis, devendo-se, na dúvida, preferir

a emptio rei speratae, por ser mais favorável ao comprador.

Numa safra de algodão, por exemplo, o adquirente animado pela

espera da colheita farta, sucedendo, no entanto, quantidade irrisória

resultado do algodão se achar praguejado, e o alienante se omitir

sobre tal circunstância, agiu ele com dolo. Nesta situação o contrato é

nulo.

Conclui-se que se o alienante atuou dolosamente, com intuito de

causar prejuízo ao adquirente, nenhum direito terá ao preço

ajustado, obrigando-se a restituir.

Se o risco foi assumido sobre a “quantidade”, a não existência da

coisa traz como conseqüência a nulidade do contrato, obrigando-se o

Page 30: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

30 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

alienante a restituir o valor recebido, certo que nada existindo, a

alienação não existirá.

Além destas duas características dos contratos “de futuro”, existe

ainda outra modalidade de contrato aleatório, que se refere às coisas

já existentes, mas que estão sujeitas a se danificarem ou que podem

se depreciar.

Estes casos estão previstos no artigo 460: Trata-se de contratoaleatório tendo por objeto coisas existentes mas expostas a risco. O

adquirente assume o risco de não receber a coisa adquirida, ou

recebê-la parcialmente, ou ainda danificada, deteriorada, ou

desvalorizada, pagando, entretanto, ao alienante todo o valor [...]

exemplo da mercadoria embarcada, tomando sobre si o adquirente a

sorte (álea) de vir ou não a receber, devido a acidente ou naufrágio.

Desta forma, mesmo que a coisa resultado do objeto do contrato já

não existisse no todo ou em parte, o risco assumido obriga o

adquirente ao pagamento do preço, com a exceção trazida pelo artigo

461 em que o contrato poderá ser anulado, provando o adquirente e

prejudicado a conduta dolosa do alienante que, não ignorando o

perecimento do bem em detrimento da consumação do risco, o aliena mesmo quando já não existe.

É imprescindível que o contratante não saiba da inexistência das

coisas quando do contrato, caso contrário estará agindo de má-fé,

conforme expõe o artigo 461 (o contrato pode ser anulado por dolo

se o outro contraente já sabia da consumação do risco, isto é, da

materialização da inexistência da coisa).

Imagine a compra de mercadoria sitiada em zona de guerra, ou em

região sob estado de calamidade pública. O adquirente assume o

risco de que as mercadorias não mais existam quando da tradição.

Tal não inibe o alienante de receber todo o preço contratado.

Neste caso não existe a sorte desse contrato exatamente na

assunção do risco por parte do comprador, que sabe que as

mercadorias contratadas já não mais correm risco, ou no caso do

alienante, se este já sabe não mais existir qualquer mercadoria.

Daí decorre a explicação para o artigo 461: O risco aqui tratado é da

existência total ou parcial das coisas. Não se pode confundir este caso

com os vícios ocultos na própria coisa, que sujeitam as partes às

Page 31: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

31 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

consequências dos vícios redibitórios, próprios dos contratos

comutativos.

Legislação

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou

fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes

assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi

prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa,

ainda que nada do avençado venha a existir.

Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras,

tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer

quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde

que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha

a existir em quantidade inferior à esperada.

Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não

haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.

Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas

existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá

igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já

não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.

Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente

poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o

outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no

contrato se considerava exposta a coisa.

Do Contrato Preliminar

Vamos iniciar com um exemplo: imagine a compra de um

apartamento na planta. Esse é o contrato preliminar. Contrato

preliminar ao contrato futuro de compra e venda. Por que não se

pode em casos como este realizar de imediato o contrato definitivo de

compra e venda? Porque o apartamento (o bem, a coisa, o imóvel

ainda não existe). Assim, faz se uma promessa de compra futura.

Page 32: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

32 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

CONCEITO: O contrato preliminar é aquele por via do qual ambas as

partes ou uma delas se comprometem a celebrar mais tarde outro

contrato, que será o principal. Os contratos preliminares têm,

portanto, a função de tornar obrigatória no futuro a contratação,

quando as partes não querem ou não podem, desde logo, contratar

definitivamente.

O objeto do contrato preliminar é uma prestação de fazer adjetiva, ou

seja, de celebrar o contrato principal. Distingue-se deste por isso,

pois o contrato principal tem por objeto uma prestação substantiva,

que cria, transfere ou extingue direitos e obrigações.

Embora incida no processo de formação do contrato principal,

coroando as respectivas negociações, o contrato preliminar é

autônomo e não pode ser considerado como uma simples fase do

aludido processo.

Corresponde, em verdade, ao ponto seguinte ao final das tratativas,

“figura intermediária entre as meras negociações e o contrato

perfeito e acabado”.

Se as partes resolverem, de comum acordo, adicionar cláusulas e

condições ao contrato preliminar, é porque reabriram as tratativas

para, expressa ou tacitamente, aditá-lo.

Por ser o contrato preliminar autônomo, pode a lei dispensá-lo dos

requisitos de forma especial, acaso exigidos do contrato principal,

como faz certo o artigo 462.

Nisto, aliás, reside a primordial razão da utilidade do contrato

preliminar: trata-se do único instrumento jurídico disponível para que

as partes desde logo se vinculem a um negócio, enquanto o requisitoessencial de forma do contrato tipo, exigido do instrumento

definitivo, aguarda preenchimento.

Nos casos, em que, por conveniência das partes, quer-se postergar a

eficácia da vinculação, mas assegurando-a contratualmente desde

logo, tal efeito pode também ser obtido através de contratação

definitiva sujeita a condição suspensiva ou termo inicial.

Nos contratos preliminares bilaterais, ambas as partes assumem

reciprocamente a obrigação de celebrar o contrato principal. Nos

unilaterais, somente uma das partes assume tal obrigação, ficando a

outra com o direito potestativo de exigir a celebração do contrato,

desde que o faça no prazo pertinente (artigo 466).

Page 33: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

33 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

O conceito de contrato preliminar será mais precisamente apreendido

se o compararmos com figuras afins, o que passamos a fazer nos

parágrafos seguintes.

O Código Civil de 2002 veio dar disciplina geral aos contratos

preliminares nos artigos 462 a 465.

Dispõe o artigo 462 que o contrato preliminar deve conter todos os

requisitos essenciais do contrato principal a ser celebrado, exceto

quanto à forma. Segundo o artigo 463, o contrato preliminar

celebrado com observância do disposto no artigo 462 propicia a

qualquer das partes exigir da outra a celebração do contrato

principal, desde que não contenha cláusula de arrependimento.

Sendo bilateral o contrato preliminar, caso não tenha fixado prazo

para a celebração do contrato principal, qualquer das partes poderá,

a qualquer tempo, notificar a outra assinando-lhe prazo razoável para

firmar o contrato definitivo (artigo 463).

Sendo unilateral, o credor da obrigação de contratar deverá

manifestar-se no prazo previsto no contrato, ou, não havendo prazo

estipulado, naquele que for razoavelmente fixado pelo devedor

(artigo 466).

Esgotado o prazo sem que o contrato principal seja celebrado, o Juiz,

a pedido do interessado, suprirá a vontade da parte inadimplente,

conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se

opuser a natureza da obrigação ou for excluído pelo título (artigos

464 do C.C. e 466-B do C.P.C.). Entretanto, a parte prejudicada, se

preferir, poderá dar por desfeito o contrato preliminar e reclamar

perdas e danos (art. 465).

O parágrafo único do artigo 463 determina que o contrato preliminar

seja levado ao registro competente. Há quem sustente que o registro

é tão somente condição de eficácia do contrato preliminar perante

terceiros.

Porém, considerando os termos do referido dispositivo, recomenda-se

a efetivação do registro para que a tutela específica seja

indubitavelmente assegurada, ainda que se não queira opor o

contrato a terceiros.

Page 34: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

34 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

A promessa de compra e venda de imóvel registrada no Registro

Geral de Imóveis é objeto de normas especiais previstas nos artigos

1417 e 1418 do CC.

Requisitos Essenciais: No processo de negociação de grandes

contratos, complexo e gradativo, em que as partes vão ponto a ponto

discutindo, resolvendo e documentando os variados elementos do negócio, não é fácil traçar com nitidez a linha fronteiriça entre as

tratativas e a consumação expressa ou tácita do contrato.

As tratativas geram protocolos, cartas de intenção, memorandos de

entendimentos, minutas rubricadas ou assinadas pelas partes e

diversos outros documentos para registrar o processo de formação do

contrato, em que as partes presumivelmente não manifestam

vontade de se vincularem.

Geram também contratos preparatórios ou provisórios mediante os

quais concordam em se obrigarem desde logo a respeito de certos

pontos do negócio, sob condição de que seja celebrado finalmente,

em sua completude, o contrato principal ou um contrato preliminar.

Acontece por vezes que o título atribuído pelas partes ao documento

não reflete adequadamente o seu conteúdo vinculativo. Também

ocorrem dúvidas diante de acordos provisórios, se as partes já teriam

chegado a consenso sobre todos os pontos que julgam necessário

acertar ou se alguns ainda restam para que se complete o contrato

que têm em vista firmar.

Qual o critério para se concluir, se um documento firmado pelas

partes, no decorrer ou ao final de tratativas, reuniu os elementos

para ser considerado um contrato preliminar, tornando obrigatória a

celebração do contrato principal?

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter

todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado, e o artigo

463 diz que o contrato preliminar concluído com observância do

artigo 462 confere a qualquer das partes o direito de exigir da outra a

celebração do contrato principal.

Basta a presença dos requisitos essenciais do contrato principal

(exceto quanto à forma) para que se configure um contrato

preliminar?

Por requisitos essenciais entendem-se usualmente os mencionados

no artigo 104 (requisitos gerais de validade do negócio jurídico) e os

Page 35: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

35 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

requisitos especiais (essentialia negotii) do contrato tipo que se tem

em mira celebrar em caráter definitivo.

A resposta afirmativa a essa pergunta teria consequências absurdas,

na prática. Um acordo provisório, de que constassem os requisitos

essenciais do contrato principal, firmado antes de as partes se terem

posto em consenso sobre determinada condição suspensiva (indubitavelmente elemento acidental), que uma das partes

reputasse indispensável para se vincular ao negócio, teria de ser

considerado acordo preliminar, obrigando a celebração do contrato

principal com tal lacuna, ou, na falta deste, funcionando como se

fosse contrato definitivo e completo.

A própria letra do artigo 462 já desautoriza essa conclusão, pois se

refere aos requisitos essenciais do contrato definitivo. Refere-se,

portanto, a um determinado contrato que as partes projetam ao

firmar o contrato preliminar; focaliza aquele contrato concebido no

caso pelo consenso das partes e não um tipo de contrato; um

indivíduo criado pela vontade das partes que se destaca dos demais

indivíduos da mesma espécie ou gênero.

Os requisitos essenciais gerais, do artigo 104, e especiais, da

doutrina, são definidores de categorias (os negócios jurídicos e cada

tipo de contrato).

As categorias são necessariamente abstratas e, por isso mesmo, os

requisitos para se ingressar em uma categoria são definidos mediante

qualificações: “objeto lícito, possível, determinado ou determinável”,

ou abstrações (os elementos essenciais contrato de compra e venda

são consenso, coisa e preço, em abstrato).

Acresce que um dos efeitos do contrato preliminar é a possibilidadedo suprimento judicial da vontade da parte inadimplente, para que se

complete a formação do contrato principal.

Segundo o artigo 464 do Código Civil, o juiz efetua o suprimento

judicial “conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar”, redação

diferente do artigo 466-B do Código de Processo Civil (antigo 639),

que, disciplinando a mesma matéria, menciona “uma sentença que

produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado”.

O artigo 464 do Código Civil reflete com maior rigor o pensamento de

que “a sentença não tem a virtude de criar, sequer em parte, o

objeto ou conteúdo do contrato que se deveria concluir”: Preferiu a

Page 36: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

36 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

simples atribuição de caráter definitivo ao que as partes já

consignaram no contrato preliminar.

A expressão “requisitos essenciais” constante do artigo 462 tem

sentido próprio, pois se refere a um contrato principal projetado pelas

partes em determinada negociação. Por isso, a expressão abrange os

elementos essenciais do negócio e do tipo contratual, mais os elementos acidentais que, concretamente, as partes convencionaram

incluir no aludido contrato principal.

Legislação

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter

todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do

disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula

de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a

celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.

Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro

competente.

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado,

suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da

obrigação.

Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar,

poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.

Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena

de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela

previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado

pelo devedor.

Page 37: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

37 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Do Contrato com Pessoa a Declarar

CONCEITO: Contrato com pessoa a declarar ocorre quando um dos

contratantes mantém para si a faculdade de indicar uma outra pessoa

que, em seu lugar, irá adquirir os direitos e assumir as obrigações

dele decorrentes, salvo se estivermos diante de uma obrigação

personalíssima.

Pessoa a declarar é uma faculdade, é facultativa.

Neste tipo de contrato, existe uma cláusula: Cláusula "pro amico

eligendo": para o amigo escolhido.

Ex: Alguém deseja comprar um imóvel para depois revendê-lo. Está

pagando o imóvel e consegue vendê-lo.

Para não pagar dois impostos, estabelece no contrato que este pode

ser fechado para outra pessoa que não ele mesmo.

É a hipótese da pessoa a declarar.

A pessoa escolhida passa a fazer parte do contrato no lugar do

primeiro.

Os direitos e obrigações passam a ser deles desde o início do

contrato.

Se a pessoa indicada não aceitar a indicação, o contrato continuará

entre os contratantes originários. Também ocorrerá se a pessoa

indicada for incapaz.

Prazo: No contrato pode existir um prazo.

Ex: Após o término do pagamento

Se o contrato não estipular nada o prazo será de 05 (cinco) dias.

Legislação

Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das

partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir

os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.

Page 38: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

38 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo

de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido

estipulado.

Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se

não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o

contrato.

Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigosantecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes

do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.

Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes

originários:

I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a

aceitá-la;

II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o

desconhecia no momento da indicação.

Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no

momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os

contratantes originários.

VÍCIOS REDIBITÓRIOS

Alienação = transferência. Alienação é o gênero, do qual a compra e

venda, a doação são espécies.

Alienante (loja) vende os aparelhos acima ao adquirente

(consumidor).

Page 39: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

39 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Imagine a seguinte situação: você foi a uma loja e comprou um

celular, um liquidificador e um ventilador. Ao chegar em cada

verificou que o celular não faz chamadas, o liquidificador não

liquidifica e o ventilador não ventila. É ou não o CAOS? Quem já não

passou por isso? Ou pelo menos conhece alguém que já passou por

essa situação?

VÍCIOS REDIBITÓRIOS: São falhas ou defeitos ocultos existentes

na coisa alienada (vendida), objeto de contrato comutativo, que a

tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o negócio não se realizaria

se esses defeitos fossem conhecidos, ensejando ação redibitória ao

adquirente para redibir (extinguir) o contrato ou para reduzir o

preço, abatendo-o (actio quanti minoris).

Art. 441. A coisa (bem) recebida em virtude de contrato

comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos,

que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe

diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações

onerosas.

A doação onerosa é quando o doador doa um bem, porém exige uma

condição (ou encargo), faz uma disposição em troca da doação para

ser cumprida pelo donatário: “A” doa um veículo a “B”, se este passar

no vestibular para medicina.

Pode-se evitar a extinção do contrato: Art. 442. Em vez de rejeitar a

coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar

abatimento no preço.

Efeito do vício redibitório: ação redibitória ao adquirente para

redibir o contrato ou para reduzir o preço, abatendo-o (actio quantiminoris).

FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE: repousa no Princípio de

Garantia. Todo adquirente tem o direito de adquirir uma coisa (bem)

e esta se restar ao uso ao qual normalmente se destina. Todo

alienante (vendedor) responde pelos vícios redibitórios.

REQUISITOS:

a) coisa adquirida em virtude de contrato comutativo ou de

doação gravada com encargo;

b) vício ou defeito oculto que torna a coisa imprópria a sua

destinação ou lhe diminui seu valor;

c) defeito existente no momento da celebração do negócio.

Page 40: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

40 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

EFEITOS JURÍDICOS DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS:

1º) A ignorância do vício pelo alienante não o exime da

responsabilidade, salvo cláusula expressa em contrário;

2º) Os limites da garantia, relativos à indenização (quantum) e os

prazos poderão ser ampliados ou restringidos ;

3º) A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça

em poder de quem a adquiriu (alienatário) em razão de vício oculto já

existente ao tempo da tradição, se perca.

4º) O adquirinte poderá redibir (extinguir) o contrato refutando a

coisa defeituosa ou recebê-la com abatimento do preço, através da

ação estimatória ou quanti minoris.

O prazo é DECADENCIAL: Art. 445. O adquirente decai do direito

de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias

se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega

efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais

tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até

o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens

móveis; e de um ano, para os imóveis.

§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por

vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta

desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo

antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na

constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve

denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu

descobrimento, sob pena de decadência.

5º) O defeito oculto de uma coisa vendida conjuntamente com outras

não autoriza a rejeição de todas.

6º) A renúncia, expressa ou tácita, à garantia impede o ajuizamento

das ações ditas edilícias.

Conhecimento ou não do vício pelo alienante (vendedor):Art. 443. Se

o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que

Page 41: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

41 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente

restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa

pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já

existente ao tempo da tradição.

DA EVICÇÃO

CONCEITO: A evicção é a PERDA da perde a posse ou a propriedade

de determinado BEM (COISA, OBJETO) em virtude de sentença

judicial, que as atribui a terceiro (ESTRANHO À RELAÇÃO

CONTRATUAL), reconhecendo que o alienante não era titular

legítimo do direito que transferiu. O adquirente perde o bem

adquirido no contrato porque foi determinado na sentença judicial

que esse bem não pertencia ao alienante (mas a terceiro) e por isso o

alienante não podia ter transferido.

Caracteriza a perda da posse ou da propriedade de um bem, pelo

adquirente, em virtude de sentença judicial, na qual se declara que o

alienante não tinha qualidade para realizar a alienação.

O terceiro que realiza a evicção é o evictor, titular legítimo do direito.

O adquirente é o evicto, pois sofre a evicção, perdendo o direito que

acredita ter legitimamente adquirido.

O alienante é o responsável pelos prejuízos decorrentes da evicção,

pois transmitiu um direito inexistente ou viciado, ou seja, um direitoalheio.

REQUISITOS: Para que haja evicção é necessário:

em contrato oneroso, exista um vício no direito do alienante

transferido ao adquirente;

perda do domínio ou da posse da coisa;

seja o vício anterior à alienação;

haja sentença, transitada em julgado, em virtude da qual o

adquirente perdeu o uso, a posse ou o domínio da coisa alienada.

denunciação à lide;

Em primeiro lugar é preciso que haja vício no título do alienante,

porque, não sendo viciado, não ocorre a evicção.

Page 42: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

42 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

É preciso também que o vício de direito seja anterior à alienação,

porque, se lhe for posterior, não mais será problema do alienante,

mas sim do adquirente.

É necessário que haja uma sentença judicial determinando a evicção,

ou seja, a perda do direito do adquirente em benefício do evictor.

Somente após a ação do evictor contra o adquirente é que este pode

agir contra o alienante, pois antes não existia o pressuposto

necessário para a ação do adquirente contra o alienante.

As partes na relação de evicção são:

a) Evictor: é o reivindicante da coisa;

b) Evicto: é o adquirente da coisa;

c) Alienante: é aquele que transferiu a coisa por meio de um

contrato translativo de domínio.

CLASSIFICAÇÃO

A evicção pode ser total ou parcial.

Quando o objeto da evicção se identifica completamente com o da

alienação, a evicção é total; quando ao contrário, a evicção só recai

sobre uma parte do objeto da alienação, ela é parcial.

Responsabilidade pela evicção

A garantia do alienante pelos prejuízos decorrentes da evicção existe

nos contratos onerosos, podendo as partes, mediante cláusulas\

contratual, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade decorrente

da lei (artigo 448). Ademais, essa garantia subsiste mesmo em casosde aquisição em hasta pública.

A nossa legislação fixa nessa matéria determinados princípios a fim

de conciliar a boa-fé das partes com a segurança contratual, não

primando, todavia, pela clareza o disposto no artigo 449 do Código

Civil.

Prevê assim o Código Civil vigente quatro hipóteses distintas, que são

as seguintes:

a) O adquirente sabe da litigiosidade da coisa e exclui a

responsabilidade do alienante na hipótese de evicção; exclui-se

qualquer responsabilidade do alienante.

Page 43: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

43 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

b) O adquirente sabe da litigiosidade da coisa, mas não exclui

a responsabilidade do alienante no caso de evicção;

É a hipótese em que o adquirente conhece do risco, mas não assume,

neste caso, vitorioso o evictor, cabe ao adquirente o direito de exigir

a devolução do preço que foi pago, não podendo pedir perdas e

danos, pois tem ciência do vício.

c) O adquirente exclui a responsabilidade pela evicção, mas

não sabe da existência de ação de terceiro ou do vício do

direito; pode exigir do alienante a devolução do preço pago, não

cabendo perdas e danos em virtude da convenção existente entre as

partes.

d) O adquirente não exclui a responsabilidade pela evicção e

ignora o vício do direito;

Neste caso o alienante responde amplamente, devendo devolver o

preço acrescido das perdas e danos, abrangendo custas, despesas,

indenização dos frutos restituídos e das benfeitorias úteis ou

necessárias realizadas e prejuízos decorrentes da desvalorização monetária.

O bem que sofreu a evicção pode ter sido deteriorado pelo adquirente

culposamente ou em virtude de força maior. Se o adquirente tiver

auferido vantagem das deteriorações e não pagou uma indenização

por elas ao evictor, as quantias recebidas serão descontadas da

indenização que o adquirente deve receber do alienante, pois senão

receberia uma indenização superior ao prejuízo sofrido.

Se o adquirente realizou benfeitorias úteis ou necessárias, a lei lhe

assegura a faculdade de exigir indenização do evictor por estas,

dando-lhe o direito de retenção.

Se o evictor não indenizar as benfeitorias úteis e necessárias, o

alienante será obrigado a ressarcir o seu valor, tendo, todavia, ação

regressiva contra o evictor, com base na teoria do enriquecimento

sem causa.

Se as benfeitorias existentes foram realizadas pelo alienante e

indenizadas pelo evictor, seu valor é descontado da indenização que

o adquirente pode exigir do alienante, porque, caso contrário, haveria

um enriquecimento sem causa.

Sendo a evicção parcial, mas considerável, o adquirente pode optar

entre a rescisão do negócio coma exigência das perdas e danos e a

Page 44: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

44 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

manutenção do contrato, com a restituição de parte do preço,

compensando assim os prejuízos decorrente da evicção parcial.

Preferindo o adquirente pedir o abatimento do preço, o cálculo será

feito atendendo-se ao valor do bem no momento da evicção e não

por ocasião da compra e venda, verificando-se a desvalorização

sofrida em virtude da evicção parcial.

O adquirente, no momento em que sofre a ação por parte do evictor,

deve chamar ao processo o alienante imediato, ou qualquer dos

anteriores, para que faça a defesa do seu direito juntamente com o

adquirente. Fazendo a Denunciação à Lide que visa assegurar ao

alienante uma ampla defesa e é condição necessária e imprescindível

para a posterior ação regressiva do adquirente contra o alienante.

A jurisprudência tem admitido a evicção independentemente de

sentença judicial quando:

1 – houver perda de domínio do bem pelo implemento de condição

resolutiva;

2 – houver apreensão policial da coisa, em razão de furto ou roubo

ocorrido anteriormente à sua aquisição;

3 – o adquirente ficar privado da coisa por ato inequívoco de qualquer

autoridade.

EVICÇÃO - resumo

É a perda da coisa, por força de decisão judicial, fundada em motivo

jurídico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, e o

reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa,não denunciado oportunamente no contrato.

Condições necessárias para a configuração da responsabilidade pela

evicção:

Onerosidade da aquisição do bem;

Perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da coisa

alienada pelo adquirente;

Sentença judicial, transitada em julgado, declarando a evicção;

Anterioridade do direito do evicto;

Page 45: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

45 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Denunciação à lide.

Pode ocorrer o reforço, redução e exclusão da responsabilidade

pela evicção:

O Código Civil, no artigo 448, confere às partes o direito de modificara responsabilidade do alienante, reforçando, diminuindo ou excluindo

a garantia, desde que o faça expressamente.

Todavia, apesar de haver cláusula que exclua a responsabilidade pela

evicção, se esta se der, o evicto terá direito de recobrar o preço que

pago pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou dele

informado, não o assumiu.

Direito do evicto:

Demandar pela evicção, movendo ação contra o transmitente,

exceto nos casos do artigo 449;

Reclamar, no caso de evicção total, além da restituição integraldo preço ou das garantias pagas, as verbas do artigo 450, I a III;

Obter o valor das benfeitorias, conforme os artigos 453 e 454;

Receber o valor das vantagens das deteriorações da coisa, desde

que não tenha sido condenado a indenizá-las;

Haver o que o reforço ou redução da garantia lhe assegurar;

Convocar o alienante à integração da lide, se proposta uma ação

para evencer o bem adquirido;

Citar como responsável o seu alienante imediato, em caso de

vendas sucessivas, embora nada obste que cite todos os

alienantes;

Optar, se parcial a evicção, entre a rescisão contratual e a

restituição da parte do preço correspondente ao desfalque

sofrido;

Responsabilizar os herdeiros do alienante pela evicção, se este

vier a falecer.

Legislação

Page 46: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

46 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção.

Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em

hasta pública.

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir

ou excluir a responsabilidade pela evicção.

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a

evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele

informado, não o assumiu.

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além

da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que

diretamente resultarem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele

constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do

valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao

desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisaalienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações,

e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será

deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que

sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção

tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta

na restituição devida.

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto

optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço

correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.

Page 47: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

47 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o

adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos

anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e

sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar

de oferecer contestação, ou usar de recursos.

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia quea coisa era alheia ou litigiosa.

................

Da Extinção do Contrato

Os contratos podem extintos pelos seguintes motivos:

a) Execução do contrato – meio normal de extinção dos contratos.

Todas as partes cumprem com o que foi por elas entabulado. É o

cumprimento espontâneo do contrato.

b) Nulidade – sanção pela qual se retira os efeitos do contrato

firmado sem que se tenha atendido aos pressupostos de validade dos

negócios jurídicos. Pode ser:

b.1.) absoluta – nulidade de pleno direito. Não convalesce

com o passar do tempo, não produzindo efeitos desde sua

formação. Efeitos “ex tunc”.

b.2.) relativa – a sanção que retira os efeitos do contrato deve

ser buscada pela pessoa protegida pela lei. É possível nos casos

de contratos firmados por relativamente incapazes não

assistidos, bem como nos casos de vício de consentimento

(erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra

credores). O contrato produz efeitos até a data da sua

anulação. Efeitos “ex nunc”.

c) Condição resolutiva – pode estar prevista tácita ou

expressamente.

Page 48: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

48 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

A cláusula de resolução tácita é a exceção do contrato não cumprido,

impondo a resolução do contrato se nenhuma das partes cumprir com

sua própria obrigação, salvo se convencionada em um contrato

paritário a cláusula solve et repete, permitindo que uma das partes

exija da outra o cumprimento da obrigação sem, no entanto, ter

necessariamente cumprido a sua. A cláusula de resolução tácita é

implícita em todo contrato bilateral já que as prestações são

sinalagmáticas, ou seja, há uma correlação entre prestação e

contraprestação.

A cláusula de resolução expressa é o pacto comissório convencional,

por meio do qual fica estipulado que caso não seja pago o preço em

determinada data o contrato será extinto. Essa espécie de disposição

é legal, sendo vedada apenas nos contratos de direito real, pacto

comissório real em que o credor com garantia real fica com o bem ao

invés de levá-lo à excussão.

A cláusula de resolução expressa opera-se de pleno direito,

independentemente de qualquer intervenção judicial, já a cláusula de

resolução tácita depende de interpelação judicial para que seja

efetivada.

Ambas as cláusulas são formas de extinção dos contratos

classificadas como espécie de resolução.

Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a

tácita depende de interpelação judicial.

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução

do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.

c.1.) previsão tácita – admitida ante o que estabelecem os

artigos 474 e 475. Assim, em todos os contratos sinalagmáticos

havendo o descumprimento da obrigação por uma das partes à

outra é facultado pedir a rescisão do contrato por inexecução,

ou, exigir o cumprimento da avença com indenização por

perdas e danos. A rescisão não se opera de pleno direito, sendo

necessário o pronunciamento judicial.

c.2.) previsão expressa – prevista expressamente a cláusula

resolutiva, a rescisão será de pleno direito, sendo desnecessário

o pronunciamento judicial.

Page 49: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

49 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

d) Direito de arrependimento – se o contrato prevê a possibilidade

de as partes se arrependerem, o mesmo poderá ser rompido pelo

exercício de tal direito. O arrependimento deve ser manifestado

dentro do prazo contratualmente fixado, ou, não havendo essa

previsão, antes da execução do contrato, pois uma vez cumprida a

prestação, tem-se a renúncia ao direito de arrependimento, bem

como a extinção do contrato por sua execução.

e) Resolução:

e.1.) por onerosidade excessiva (art. 478) - se o contrato for

comutativo, de execução continuada ou diferida, caso um

evento extraordinário e imprevisível (à data da contratação)

torne excessivamente onerosa a prestação de uma das partes,

com extrema vantagem para a outra, poderá o devedor pedir a

resolução do contrato, se não for possível sua alteração para se

alcançar o equilíbrio.

Da Resolução por Onerosidade Excessiva

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a

prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com

extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos

extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data

da citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a

modificar eqüitativamente as condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das

partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou

alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade

excessiva.

e.2.) por inexecução voluntária – o inadimplemento da

obrigação se dá por culpa da parte. Viabiliza perdas e danos.

Extingue o contrato de forma retroativa. Assim, se o contrato

for de execução única, todas as consequências do contrato

serão canceladas, acarretando o dever de devolução de valores

jpa recebidos (efeitos “ex tunc”). Se, por outro lado, o contrato

Page 50: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

50 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

for de execução continuada, a resolução não atinge o passado,

não cabendo restituição dos valores.

e.3.) por inexecução involuntária (força maior e caso

fortuito) – fatos alheios à vontade da parte a impedem de

cumprir com sua prestação. Não há culpa, afastando a

possibilidade de indenização por perdas e danos. Cabe a

intervenção judicial para forçar uma das partes a restituir aquilo

que eventualmente possa ter recebido de forma antecipada.

f) Resilição:

f.1.) bilateral (distrato) – rompimento do vínculo contratual

convenciondado por todas as partes. Deve respeitar às mesmas

normas e forma do contrato que se extingue.

Rescisão é gênero, admitindo as seguintes espécies: resilição e

resolução.

A resilição pode ser unilateral ou bilateral. A resilição bilateral é o

distrato, contrato que visa a pôr fim a outro contrato, que, de acordo

com o princípio da atração das formas, deve ter a mesma forma

exigida pela lei para a criação do contrato. O distrato tem efeito ex

nunc, salvo disposição em contrário, não podendo prejudicar

terceiros.

A resilição unilateral excepciona o princípio pacta sunt servanda, já

que a lei autoriza que uma das partes denuncie o contrato à outra,

comunicando que pretende extinguir o contrato, normalmente de

execução continuada. Essa comunicação é feita por meio da renúncia

ou da revogação, com efeito ex nunc.

Do Distrato

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou

implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra

parte.

Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das

partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução,

Page 51: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

51 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo

compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

f.2.) unilateral – somente se admite em casos excepcionais. O

artigo 473 do CC é expresso ao dispor que “a resilição

unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o

permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte”. O

respectivo parágrafo único determina que se “dada a natureza

do contrato, uma das partes houver feito investimentos

consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só

produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a

natureza e o vulto dos investimentos.”

g) Morte (para as obrigações personalíssimas) – só implica a

extinção do contrato firmado “intuitu personae”, pois com o

falecimento do contratante (possuidor das qualidades pessoais que

motivaram a contratação), extinguiu-se a força determinante para a

conclusão do contrato.

Da Exceção de Contrato não Cumprido

A exceção de contrato não cumprido – exceptio non adimpleti

contractus – se acha consagrada pelo art. 476: “nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua

obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de

cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das

partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de

comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou,

pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela

satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

Nos contratos bilaterais, as prestações devem guardar entre si uma

relação de reciprocidade e interdependência, cada uma delas se

constituindo na causa jurídica da outra.

Page 52: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

52 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Nos contratos sinalagmáticos, as obrigações recíprocas das partes se

servem mutuamente de causa, ou seja, de suporte jurídico.

Além disso, para que se lhes possa aplicar a exceção de contrato não

cumprido, as prestações devem ser simultâneas.

A exceptio non adimpleti contractus não se aplica indistintamente a

todo e qualquer contrato bilateral, posto que de um mesmo contrato

desse tipo podem emanar prestações diversas que não sejam

correspectivas.

Nem todas as dívidas e obrigações que se originam dos contratos

bilaterais são dívidas e obrigações bilaterais, em sentido estrito, isto

é, em relação de reciprocidade. (...) A bilateralidade – prestação -

contraprestação – faz ser bilateral o contrato; mas o ser bilateral o

contrato não implica que todas as dívidas e obrigações que deles se

irradiam sejam bilaterais.

CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO

CONTRATOS UNILATERAL E BILATERAL

Os unilaterais são aqueles que em sua constituição, são geradas

obrigações para apenas uma das partes. Além do que “o peso” nos

contratos unilaterais, no dizer de Venosa, “onera só uma das partes”.

Não há reciprocidade de prestações, como ocorre nos contratos

bilaterais, nos quais, existem obrigações para ambas as partes.

Com efeito, o contrato bilateral para fins de aplicação da exceptio são

aqueles “que exigem, para sua caracterização, a presença de

prestações e contraprestações interligadas genética e

funcionalmente”.

Já para alguns autores, a maior utilidade da distinção entre contratos

unilaterais e bilaterais existe na possibilidade de aplicar a exceção do

contrato não cumprido, pois esta somente pode ser aplicada aos

bilaterais.

CONTRATOS SINALAGMÁTICOS

São contratos com obrigações correlatas, sendo a interdependência

recíproca das prestações, contendo necessariamente prestação e

contraprestação, tendo ambas as partes deveres e direitos. Não há

impedimento de que uma das partes tenha maior número de direito

que a outra, pois tal fato não retira a bilateralidade contratual

permitindo a aplicação da exceptio.

Page 53: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

53 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

De acordo com o artigo 476 do Código Civil apenas aos contratos

bilaterais pode ser aplicada a exceção do contrato não cumprido.

Logo, fica excluída a aplicação aos contratos unilaterais, tendo como

justificativa de que nestes não há contraprestação para uma das

partes.

Cabe salientar que a reciprocidade não se confunde com a

multiplicidade ocasional de vários débitos e créditos entre as mesmas

pessoas.

ORDEM NORMAL DE EXECUÇÃO DAS PRESTAÇÕES NÃO

MODIFICADAS

Em caso de não ocorrência de simultaneidade entre as prestações,

também não existe espaço para o exercício da exceptio non adimpleti

contractus. Não pode, desse modo, ser meio de defesa para

prestação futura, como no caso do consórcio ou financiamento de

veículo automotor.

Assim sendo, a exceção de contrato não cumprido somente poderá

ser exercida quando a legislação ou o contrato não dispuser sobre a

quem cabe cumprir primeiro a obrigação. Pacificado é tal

entendimento, pois cada um dos contraente é simultaneamente

credor e devedor um do outro, uma vez que as respectivas

obrigações têm por causa as do seu co-contratante, e, assim, a

existência de uma é subordinada a da outra parte.

A EXCEÇÃO DE INEXECUÇÃO DEVE SER UTILIZADA DE ACORDO

COM AS REGRAS DA BOA-FÉ

Segundo alguns autores a exceção do contrato não cumprido é

“instituto animado de um sopro de equidade”, além do que sua

aplicação tem como pressuposto indispensável o princípio da boa-fé.

A justificativa deste princípio esta no justo equilíbrio dos contratantes

no cumprimento das prestações. Assim os romanos mesmo não

sabendo a regra “non servanti findem non est fides servanda, criaram

a exceptio dol, cuja base era a boa-fé.

Esse princípio está cristalino no Código Civil em seu artigo 477, dando

autorização ao devedor para que este peça uma garantia ao outro

contratante do cumprimento da prestação. Para ilustrar o instituto

temos o exemplo de Venosa, no qual um contratante entra com o

capital e materiais para o fim de uma empreitada e vem a ter

conhecimento de que o empreiteiro tem costume de envolver-se em

Page 54: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

54 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

operações arriscadas, que colocam em risco sua credibilidade.

Adimplir com o capital nesta ocasião seria correr um enorme risco de

não ver completada a obrigação.

Porém, deve ser lembrado que o exercício indiscriminado da exceptio

também é contrário ao princípio da boa-fé. É contrário ao instituto

àquele que dele se beneficia, por sua culpa anterior, deu causa a

inexecução por parte contrária.

No caso de cumprimento parcial, defeituoso ou incompleto da

prestação, aplica-se a regra geral devido a consequência ser a

mesma, ou seja, o inadimplemento. Logo, para que a obrigação seja

tida como adimplida esta deve ser cumprida na forma contratada, no

lugar e no tempo convencionado.

É necessário ainda que ocorra a proporcionalidade à luz do princípio

da boa-fé. Isto se deve ao fato de “não ser justo suspender

prestações de vulto por contraprestações inexpressivas ou de escassa

relevância”. Com efeito, deve haver uma tolerância mínima entre os

contratantes, uma vez que o defeito de execução da prestação são de

escassa importância se olhado no conjunto.

Outra condição a ser observada é o objetivo da exceptio, ou seja,

tem esta eficácia apenas dilatória. Tem o demandado conquista o

direito de não cumprimento da sua prestação até o adimplemento da

contraprestação pela parte contrária.

DAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS

É princípio consagrado em direito e conhecido de que os bens do

devedor são a garantia comum dos seus credores.

Vencida uma obrigação e não a pagando o devedor, o credor pode

cobrá-la judicialmente.

Se tratar de dívida representada por título executivo judicial

(sentença) ou extrajudicial (promissória, duplicata, cheque, etc.), o

Page 55: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

55 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

credor, para promover a cobrança lança mão do processo de

execução, cujo procedimento é de rito sumário, iniciando-se com a

citação do devedor para pagar em vinte quatro horas, sob pena de

penhora.

Não estando a dívida representada por título executivo (judicial ou

extrajudicial), o credor lançará mão da ação comum de cobrança, que

pode ter procedimento ordinário ou sumaríssino, dependendo do valor de a causa exceder ou não o valor de vinte vezes o salário

mínimo vigente.

O processo será então o de execução, mas o de conhecimento ou

cognição.

Nesse caso, o devedor será citado para contestar a ação em quinze

dias, não havendo, portanto, a penhora no início do processo.

Produzidas as provas que se fizerem necessárias e realizada a

audiência de instrução e julgamento (se necessária), o juiz prolatará

a sentença.

Se a ação for julgada improcedente e transitada em julgado a

respectiva sentença, o processo de conhecimento estará extinto.

Se, ao contrário, a sentença for condenatória e desde que ocorra o

trânsito em julgado, ela se transformará em título executivo judicial e a respectiva dívida poderá se exigida por via do processo de

execução, isto é, o devedor será citado para pagar a dívida em vinte

e quatro horas, sob pena de penhora.

Em qualquer caso, ultimado o processo de execução e se o devedor,

no curso dele, não tiver pago a dívida, juros, custas e honorários

advocatícios, os bens penhorados serão levados ã hasta pública,

pagando-se, com o produto da praça ou do leilão a totalidade da

dívida e devolvendo-se ao executado o saldo, se houver.

Essa, em síntese é a execução singular, isto é, quando a cobrança é

promovida por um só credor.

Porém, pode ocorrer que existam vários credores; se o patrimônio do

devedor não der para saldar todas as dívidas, qualquer dos credores pode requerer a declaração judicial da insolvência do devedor,

habilitando-se nesse processo todos os demais credores, mesmo os

que ainda não tenham dado início à cobrança em juízo.

Page 56: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

56 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Nesse caso, os bens do devedor serão arrecadados para, ao final,

depois de organizado o quadro de credores, serem vendidos em hasta

pública (leilão), e com o saldo apurado, serem os credores pagos

proporcionalmente aos créditos que tiverem. Essa espécie de

execução é, então, denominada de coletiva, ou universal.

Essa espécie de execução não ocorre apenas no caso de insolvência,

mas também de falência.

Dá-se a insolvência quando os bens do devedor civil não forem

suficientes para saldar todas as suas dívidas.

Caracteriza-se a falência quando o devedor – empresário ou

sociedade – deixa de pagar algum de seus débitos.

A distinção entre a insolvência e a falência consiste no seguinte: a

falência somente ocorre contra devedor empresário ou sociedade, e a

sua característica é impontualidade no pagamento.

A insolvência ocorre contra devedor (pessoa natural, civil), não

empresário, sendo a sua característica a insuficiência de bens para

atender ao montante da dívida.

Tanto na insolvência, como na falência, dá-se a execução coletiva,

que tem o seu encerramento com o concurso universal de bens, isto

é, os bens do devedor são levados à hasta pública, para satisfazer os créditos de todos os credores que se tenham habilitado no processo

falimentar ou de insolvência.

Na execução singular procede-se à hasta pública para satisfazer o

crédito daquele credor que tenha promovido o processo de execução.

Se o devedor civil somente possuir bens onerados, não dispondo, de

outros para dá-los em garantia em processo de execução que

responda, presume-se que esteja ele insolvente e, com essa simples

presunção, pode o credor promover o respectivo processo.

O concurso de credores é a execução coletiva de credores contra

devedor comum, tendo como epílogo, de modo geral, a venda em

hasta pública dos bens do devedor, para solver os compromissos do

falido ou do insolvente, na proporção em que o rateio o permitir.

Os saldos devedores continuam existindo em favor dos credores, só

se extinguindo após cinco anos do encerramento da falência ou da

insolvência.

Page 57: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

57 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

O Código Civil trata do concurso de credores do artigo 955 e

seguintes:

Art. 955. Procede-se ao concurso de credores, toda vez que as

dívidas excedam à importância dos bens do devedor.

O concursos de credores é a participação de vários credores nos bens

do devedor comum, quando este se torne insolvente ou falido, a fim

de receberem os seus respectivos créditos no rateio proporcional que for elaborado, levando em conta o ativo do devedor e o seu passivo

apurado no quadro geral dos credores que se habilitaram no processo

de insolvência ou falência.

Art. 956. A discussão entre os credores pode versar, quer

sobre a preferência entre eles disputada, quer sobre a

nulidade, simulação, fraude, ou falsidade das dívidas e

contratos.

O artigo não se refere ao devedor, mas apenas à discussão entre

credores. É óbvio, entretanto que também ao devedor cabe o mesmo

direito, inclusive porque pelo direito comum está estabelecido que o

devedor pode opor exceções a qualquer dívida que lhe seja

apresentada não fazendo nenhuma ressalva ou restrição sobre

dívidas em concurso de credores.

Art. 957. Não havendo título legal à preferência, terão os

credores igual direito sobre os bens do devedor comum.

Na disputa travada entre os credores, têm preeminência os títulos

legais de preferência, que são os privilégios e os direitos reais.

Não havendo preferência ou privilégios a serem observados entre os

créditos habilitados, todos os credores terão iguais direitos sobre os

bens do devedor.

Não havendo títulos legais de preferência que devam figurar em

primeiro lugar no quadro classificatório dos créditos, esse quadro será

organizado por ordem alfabética, porque serão iguais os direitos de

todos os credores.

Art. 958. Os títulos legais de preferência são os privilégios eos direitos reais.

Preferência vem a ser a vantagem conferida por lei a determinado

credor, pela natureza de seu crédito, não só para haver a coisa, com

Page 58: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

58 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

exclusão dos demais, como de preferir os concorrentes no

recebimento do crédito.

Privilégio é um direito pessoal, de preferência, de ser pago, que o

credor desfruta sobre os outros, por força da qualidade do crédito. O

privilégio diz-se geral, quando se refere a todos os bens do devedor;

especial, quando se refere somente a determinados bens. Os

privilégios somente se estabelecem por força de lei, não o podendo por convenção.

Os credores privilegiados preferem aos quirografários (credor

comum).

O artigo equipara aos títulos legais de preferência os direitos reais.

Nem todos os direitos reais são títulos legais de preferência, mas

apenas os direitos reais de garantia, tais como o penhor, a anticrese

e a hipoteca, incluindo-se ainda, a caução, como modalidade de

penhor que grava os títulos de crédito.

Art. 959. Conservam seus respectivos direitos os credores,

hipotecários ou privilegiados:

I. Sobre o preço de seguro da coisa gravada com hipoteca

ou privilégio, ou sobre a indenização devida, havendo

responsável pela perda ou danificação da coisa. II. Sobre o valor da indenização, se a coisa obrigada a

hipoteca ou privilégio foi desapropriada, ou submetida a

servidão legal.

Justifica-se plenamente a sub-rogação no preço do seguro da coisa

gravada com hipoteca ou privilégio, uma vez que o credor

concedendo o crédito ao devedor, pretendeu garantir-se com preço

da coisa sobre que incide a hipoteca ou privilégio.

No caso do seguro, por exemplo, o preço pelo qual a coisa é

segurada, correspondendo, como corresponde, à própria coisa, deve

pertencer ao credor, caso a coisa venha a ser danificada ou venha a

perecer.

Estando segurada a coisa dada em garantia, a sub-rogação do credorse dará no direito de ação que competia ao proprietário, no caso de

desapropriação ou imposição de servidão legal.

O mesmo ocorrerá se a coisa não estiver segurada e houver

danificação ou perecimento ocasionada por terceiro. O preço que este

Page 59: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

59 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

pagar como indenização substituirá a coisa dada em hipoteca ou

privilégio.

Art. 960. Nos casos a que se refere o artigo antecedente, o

devedor do seguro, ou da indenização, exonera-se pagando

sem oposição dos credores hipotecários ou privilegiados.

O direito de sub-rogação a que se refere o artigo anterior pode ser

exercido por via de ação própria contra o segurador, ou contra o terceiro responsável pela indenização, para que pague ao

proprietário.

O credor, porém, não é obrigado a mover essa ação, cabendo sim. Ao

devedor, depositar o respectivo preço, para ser levantado por quem

de direito.

Se o devedor do seguro ou da indenização faz o pagamento

diretamente ao proprietário, mas com prévia ciência dos

interessados, estará exonerado de sua obrigação. Caso porém esse

pagamento seja feito à revelia dos interessados, isto é, sem a citação

desses interessados, o devedor do seguro ou da indenização terá de

pagá-los novamente, ficando, porém, com direito de regresso contra

o proprietário que recebeu o pagamento.

Art. 961. O crédito real prefere ao pessoal de qualquerespécie; o crédito pessoal privilegiado, ao simples; e o

privilégio especial, ao geral.

O Código trata de critério para a classificação dos créditos

remanescentes, depois de expurgados os impugnados.

Crédito real é o determinado por aqueles direitos de garantia; a

hipoteca, o penhor e a anticrese.

Tais créditos gozam de preferências sobre o crédito pessoal de

qualquer espécie, salvo exceções: Excetua-se desta regra (que

estabelece preferência de credores por crédito real aos por crédito

pessoal) à dívida proveniente de salários de trabalhador agrícola, a

fim de ser pago pelo produto da colheita para a qual houver

concorrido com o seu trabalho, precipuamente a qualquer outro crédito.

O crédito pessoal privilegiado prefere ao simples, o que seria

dispensável ser frisado, pois á uma decorrência da própria ideia de

privilégio. É justamente o privilégio que confere a preferência.

Page 60: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

60 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

O crédito com privilégio especial prefere ao geral.

Art. 962. Quando concorrerem aos mesmos bens, e por título

igual, dois ou mais credores da mesma classe especialmente

privilegiados, haverá entre eles rateio proporcional ao valor

dos respectivos créditos, se o produto não bastar para o

pagamento integral de todos.

Estando os credores munidos de títulos que se equivalem quanto àpreferência, terão todos iguais direitos sobre o patrimônio do devedor

comum.

O recurso será fazer rateio entre eles, se o produto não der para o

pagamento integral de cada um. No caso de rateio, este se fará

proporcionalmente ao valor de cada crédito.

Art. 963. O privilégio especial só compreende os bens sujeitos,

por expressa disposição de lei, ao pagamento do crédito que

ele favorece; e o geral, todos os bens não sujeitos a crédito

real nem a privilégio especial.

A primeira parte do artigo em epígrafe sobre o privilégio especial,

deixa claro que, no caso não se admite interpretação extensiva.

Somente gozam do privilégio especial os créditos expressamente

previsto na lei.

Quanto à Segunda parte, desde que o crédito real e o privilégio

especial preferem ao geral, este somente poderá alcançar os bens

que não estejam gravados com os ônus daqueles.

Art. 964. Têm privilégio especial:

I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e

despesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação;

II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de

salvamento;

III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias

necessárias ou úteis;

IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas,

ou quaisquer outras construções, o credor de materiais,dinheiro, ou serviços para a sua edificação, reconstrução, ou

melhoramento;

Page 61: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

61 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes,

instrumentos e serviços à cultura, ou à colheita;

VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios

rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às

prestações do ano corrente e do anterior;

VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do

editor, o autor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição;

VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver

concorrido com o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer

outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola,

quanto à dívida dos seus salários.

Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os

bens do devedor:

I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a

condição do morto e o costume do lugr;

II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a

arrecadação e liquidação da massa;

III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e

dos filhos do devedor falecido, se foram moderadas;

IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o

devedor, no semestre anterior à sua morte;

V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor

falecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento;

VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no

ano corrente e no anterior;

VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço

doméstico do devedor, nos seus derradeiros seis meses de

vida;

VIII - os demais créditos de privilégio geral.

O Código relaciona os créditos que gozam de privilégio geral. A

enumeração constante do artigo é explícita, dispensando maiores explicações sobre os itens que o compõem.

Page 62: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

62 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

O Concurso de credores é um capítulo do código civil, que trata dos

direitos dos credores sobre os bens de um devedor comum entre

eles.

Então, vencido as obrigações do devedor, e este não a liquidando, o

credor por direito poderá cobrá-la judicialmente.

Porém se houver vários credores, e o patrimônio do devedor não for

suficiente para liquidação de todas as dívidas, qualquer dos credores poderá requerer declaração judicial de insolvência (para caracterizar

que o devedor não pode pagar o que deve) ou a falência (para

caracterizar a impontualidade no pagamento), incluindo todos os

demais credores no processo, mesmo que esses ainda não tenham

dado início na cobrança.

Tanto a insolvência (pessoa física) ou a falência (pessoa jurídica),

tem o seu encerramento com o concurso universal de bens, que nada

mais é do que a arrecadação de todos os bens do devedor pela

justiça para serem vendidos em hasta pública, e com o valor

arrecadado serem pagos os credores proporcionalmente aos seus

direitos. Porém os saldos remanescentes continuaram a existir até 5

anos após o encerramento do processo.

Legislação

Art. 955. Procede-se à declaração de insolvência toda vez que as

dívidas excedam à importância dos bens do devedor.

Art. 956. A discussão entre os credores pode versar quer sobre a

preferência entre eles disputada, quer sobre a nulidade, simulação,

fraude, ou falsidade das dívidas e contratos.

Art. 957. Não havendo título legal à preferência, terão os credores

igual direito sobre os bens do devedor comum.

Art. 958. Os títulos legais de preferência são os privilégios e os

direitos reais.

Art. 959. Conservam seus respectivos direitos os credores,hipotecários ou privilegiados:

I - sobre o preço do seguro da coisa gravada com hipoteca ou

privilégio, ou sobre a indenização devida, havendo responsável pela

perda ou danificação da coisa;

Page 63: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

63 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

II - sobre o valor da indenização, se a coisa obrigada a hipoteca ou

privilégio for desapropriada.

Art. 960. Nos casos a que se refere o artigo antecedente, o devedor

do seguro, ou da indenização, exonera-se pagando sem oposição dos

credores hipotecários ou privilegiados.

Art. 961. O crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie; o

crédito pessoal privilegiado, ao simples; e o privilégio especial, ao geral.

Art. 962. Quando concorrerem aos mesmos bens, e por título igual,

dois ou mais credores da mesma classe especialmente privilegiados,

haverá entre eles rateio proporcional ao valor dos respectivos

créditos, se o produto não bastar para o pagamento integral de

todos.

Art. 963. O privilégio especial só compreende os bens sujeitos, por

expressa disposição de lei, ao pagamento do crédito que ele

favorece; e o geral, todos os bens não sujeitos a crédito real nem a

privilégio especial.

Art. 964. Têm privilégio especial:

I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e

despesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação;

II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento;

III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias

ou úteis;

IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou

quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou

serviços para a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento;

V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e

serviços à cultura, ou à colheita;

VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios

rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do

ano corrente e do anterior;

VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, oautor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado

contra aquele no contrato da edição;

Page 64: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

64 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com

o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda

que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus salários.

Art. 965. Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens

do devedor:

I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do

morto e o costume do lugar;

II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação

e liquidação da massa;

III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos

filhos do devedor falecido, se foram moderadas;

IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor,

no semestre anterior à sua morte;

V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor

falecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento;

VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano

corrente e no anterior;

VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do

devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida;

VIII - os demais créditos de privilégio geral.

QUESTÕES

Questão 01. CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz Acerca do modo de

extinção e quitação dos contratos, assinale a opção correta.

a) Nos contratos de trato sucessivo, a resolução por inexecução

voluntária produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e

obrigando as restituições recíprocas.

b) O CDC prevê hipótese excepcional de arrependimento, na qual o

consumidor pode desistir do contrato, unilateralmente, em sete dias,

sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial.

c) Em ação de resolução de contrato, a exceção de contrato nãocumprido, por ser de natureza material, não pode ser alegada pelo

réu em sua defesa.

d) À luz do que dispõe o Código Civil, tanto o distrato quanto a

quitação devem ser feitos pela mesma forma exigida para o contrato.

Page 65: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

65 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

e) A anulabilidade de um contrato advém de uma imperfeição da

vontade; por essa razão, mesmo com o vício congênito e não

decretada judicialmente, a avença é eficaz, podendo ser arguida por

ambas as partes e reconhecida de ofício pelo juiz.

Comentários:

a – errada: Resolução– 1) por inexecução voluntária, decorre de comportamento culposo de um dos contraentes, com prejuízo ao

outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e

obrigando a restituição recíprocas, sujeitando ainda o inadimplente ao

pagamento de perdas e danos e dacláusula penal, convencionada

para o caso de total inadimplemento da prestação (compensatória) –

vide arts. 475 e 409 a 411 do Código Civil.

Entretanto, se o contrato for detrato sucessivo (de prestação de

serviços de transporte por ex.) a resolução não produz efeito em

relação ao pretérito, não se restituindo as prestações cumpridas. Oefeito será, nesse caso, ex nunc.

c - errada Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos

contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o

implemento da do outro. logo, o devedor pode alegar.

Esta expressão latina que significa a exceção do contrato não

cumprido. É a regra, nos contratos bilaterais, pois é um meio de

defesa para uma das partes que ainda não cumpriu com sua

obrigação porque a parte contrária também não o fez.

d - errada Art. 320. A quitação... Parágrafo único. Ainda sem os

requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus

termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. A

quitação não precisa seguir a forma do contrato a que se refere, poiso artigo 320, caput, do Código Civil admite que a quitação “sempre

poderá ser dada por instrumento particular”, independentemente da

forma que assumiu o contrato. Logo, não há, na quitação, a a força

atrativa de forma que existe no distrato (art. 472 do CC). Art. 472. O

distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

b - correta Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo

de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do

produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de

produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,

especialmente por telefone ou a domicílio. CDC

Page 66: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

66 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

e: errada: A anulabilidade pode ser requerida pelos interessados ou

terceiros prejudicados. É justamente em relação aos atos anuláveis

por terceiros que se fala em eficácia e ineficácia, porque o ato ou

negócio anulável produz efeitos enquanto não anulado por sentença,

enquanto que o ato nulo não produz efeito em tempo algum. São

exemplos de negócios ineficazes em relação a terceiros: a venda da

coisa litigiosa, a venda de bens penhorados, a fraude em execução, a fraude contra credores, os atos ou negócios que o falido pratica no

período suspeito da falência ou com intenção de prejudicar credores.

Gabarito: b

Questão 02. CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz No que concerne a

evicção, assinale a opção correta de acordo com o Código Civil.

a) A responsabilidade decorrente da evicção deriva da lei e prescinde,

portanto, de expressa previsão contratual; todavia, tal

responsabilidade restringe-se à ação petitória, não sendo possível se

a causa versar sobre posse.

b) Responde o alienante pela garantia decorrente da evicção caso o

comprador sofra a perda do bem por desapropriação do poder

público, cujo decreto expropriatório seja expedido e publicado posteriormente à realização do negócio.

c) Dá-se a evicção quando o adquirente perde, total ou parcialmente,

a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior, e o

alienante tem o dever de assistir o adquirente, em sua defesa, ante

ações de terceiros, sendo, entretanto, tal obrigação jurídica incabível

caso o alienante tenha atuado de boa-fé.

d) De acordo com o instituto da evicção, o alienante deve responder

pelos riscos da perda da coisa para o evicto, por força de decisão

judicial em que fique reconhecido que aquele não era o legítimo

titular do direito que convencionou transmitir ao evictor.

e) Sendo a evicção uma garantia legal, podem as partes, em reforço

ao já previsto em lei, estipular a devolução do preço em dobro, oumesmo minimizar essa garantia, pactuando uma devolução apenas

parcial.

Comentários: e - correta Art. 448. Podem as partes, por cláusula

expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela

evicção.

a: "Enquanto as ações possessórias visam à defesa da posse

(situação de fato), as ações petitórias têm por finalidade a

defesa da propriedade (situação de direito). As ações

petitórias são aquelas em que o autor quer a posse do bem, e

ele assim deseja pelo fato de ser proprietário." Sabe-se que a

evicção não discute a posse em nenhum momento.

Page 67: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

67 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

B: Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia

que a coisa era alheia ou litigiosa.

Gabarito: e

Questão 03. CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público Em face

da aplicação, no ordenamento jurídico brasileiro, do princípio da

função social do contrato, o princípio da autonomia contratual deixou de ter aplicabilidade no direito brasileiro, aplicando-se, em

contrapartida, de forma atenuada, o princípio da autonomia privada.

Comentários: A tese dos deveres anexos gera responsabilidade civil.

É a chamada “violação positiva do contrato”. Tal violação não

decorrerá do descumprimento da prestação principal do mesmo, mas

sim da inobservância dos deveres anexos decorrentes do princípio da

boa-fé objetiva em sua função de proteção e de tutela. São exemplos

desta “violação” o dever de informação, de proteção, de assistência,

de cooperação, e de sigilo. Se, qualquer desses deveres for

descumprido haverá a “violação positiva do contrato”, que poderá

ensejar o pedido, pela parte inocente, da resolução do contrato ou

até mesmo a oposição da exceção de contrato não cumprido.

Neste sentido, TJ/SP - Apelação Com Revisão 1103592002 - Data do

julgamento: 07/04/2008: Ementa: Contrato de venda e instalação

de mármore e granito. Prestação defeituosa do serviço e pedras de

qualidade insatisfatória. Violação positiva do contrato. Boa-fé

objetiva. Procedência do pedido de indenização por

inadimplemento do contrato. Acolhimento. Reconvenção rejeitada. Recurso provido.

Gabarito: errado

Questão 04. CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público Caso

haja, em contrato de adesão, cláusulas ambíguas, adota- se, nodireito brasileiro, a interpretação in dubio pro fragile.

Comentários: Art. 423. Quando houver no contrato de adesão

cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a

interpretação mais favorável ao aderente.

TOMANDO-SE COMO PREMISSA A CONDIÇÃO MAIS VANTAJOSA

DAQUELE QUE ELABORA O CONTRATO DE ADESÃO, O LEGISLADOR

IMPÔS A ESSE A ELABORAÇÃO DE UM CONTRATO CLARO E

OBJETIVO, SOB PENA DE – NOS CASOS DE OBSCURIDADE OU

AMBIGUIDADE – ESSAS CLÁUSULAS SEREM INTERPRETADAS DE

FORMA MAIS BENÉFICA PARA O ADERENTE. É A MÁXIMA IN DUBIO

PRO FRAGILE.

Page 68: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

68 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Gabarito: correta

Questão 05. CESPE - 2012 - MPE-RR - Promotor de Justiça No

que se refere aos princípios contratuais, assinale a opção correta.

a) O instituto da pacta corvina é admitido pelo ordenamento jurídico

pátrio.

b) O princípio da função social dos contratos limita a liberdade de A contratar com B.

c) Determinada pessoa pode exercer um direito contrariando um

comportamento anterior próprio, sem necessidade de observância

dos elementos constitutivos da boa-fé objetiva.

d) Dados os predicados do princípio da boa-fé objetiva, a violação dos

deveres anexos tipifica a incidência do inadimplemento.

e) O princípio da boa-fé objetiva se relaciona com o ânimo das

pessoas envolvidas nos polos ativo e passivo da relação jurídica de

direito material.

Comentários:

A: errada: Pacta corvina: pacto dos corvos! As lendas e a associação

do animal à morte vindoura apenas por causa de sua plumagem negra. Mas o que é? Contrato cujo objeto é herança de pessoa viva.

Note as duas expressões na mesma frase: “herança”, que faltamente

traz a ideia de morte “e pessoa viva”, que eventualmente nos lembra

também da ideia abstrata de “pessoa morta”. Nossa legislação não

permite o pacta corvina. Isso significa que não se pode contratar em

cima de uma herança de alguém que ainda esteja vivendo, ou de um

bem que provavelmente será ganho, mas que não foi transferido

ainda. Observação: nada a ver com seguro de vida. Art. 426: “Não

pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

b: Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos

limites da função social do contrato. LIMITE A LIBERDADE DE CONTRATAR. TUTELA EXTERNA DO CRÉDITO = RELATIVIDADE DOS

EFEITOS DO CONTRATO EM RELAÇÃO A TERCEIROS. O princípio da

função social dos contratos limita a liberdade de A contratar com B.

Está errada. A liberdade de contratar abrange a liberdade sobre (i)

quando contratar, (ii) o quê contratar, e (iii) com QUEM contratar. O

princípio da função social do contrato limita essa liberdade, mas não

no que se refere a QUEM. A pode ser qualquer pessoa e B pode ser

qualquer pessoa. Física ou jurídica. Contanto que o objeto do contrato

e suas circunstâncias sejam relativizadas, as partes contratuais

desimportam.

Page 69: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

69 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

D: correta, pois faz parte da função integrativa da boa-fé objetiva

estabelecer deveres anexos para a relação contratual. Assim,

determina o enunciado 24 da Jornada: "Em virtude do princípio da

boa-fé, positivado no art. 422, a violação dos deveres anexos

constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa."

e: errada: Tal dispositivo demonstra o que já foi dito anteriormente:o princípio da boa-fé não atinge apenas o polo passivo e o polo ativo

de uma relação processual, mas engloba da mesma forma, as

condutas de todo o aparato que o Poder Judiciário possui, sendo ato

de um juiz, de um servidor, de uma testemunha, perito e etc, pois o

dever com a boa-fé é de interesse das partes - que espera uma

prestação eficaz da jurisdição – e do Estado - que defende o ideal da

justiça e da sociedade.

Gabarito: d

Questão 06. FCC - 2012 - Prefeitura de São Paulo - SP - Auditor

Fiscal do Município - Gestão Tributária - Os contratos de adesão não

possuem validade jurídica.

Comentários: Os contratos de adesão não possuem validade jurídica:

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas

ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável

ao aderente.

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que

estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da

natureza do negócio.

Gabarito: errado

Questão 07. FCC - 2001 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área JudiciáriaEm virtude de contrato comutativo, recebi um objeto

com defeito oculto, que o tornou impróprio ao uso a que sedestinava. Nesse caso, sabendo-se que o alienante

a) não conhecia o defeito, ele se exime de responsabilidade.

b) não conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, mais

perdas e danos.

c) não conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, mais as

despesas do contrato.

d) conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, em dobro.

e) conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, em dobro,

mais perdas e danos.

Comentários: Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da

coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não

conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas

Page 70: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

70 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

do contrato.

Gabarito: c

Questão 08. FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Área Jurídica

A empresa X comprou um liquidificador na empresa Y para uso de

seus funcionários no refeitório. Quando o empregado Felipe ligou o

liquidificador, o botão que liga e desliga o aparelho soltou-se impossibilitando o seu uso. Neste caso, o direito da empresa X em

obter a redibição, segundo o Código Civil brasileiro, contados da

entrega efetiva do liquidificador decairá no prazo de

a) dois anos.

b) sessenta dias.

c) noventa dias.

d) um ano.

e) trinta dias.

Comentários: Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a

redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a

coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega

efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais

tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até

o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens

móveis; e de um ano, para os imóveis.

§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por

vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta

desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo

antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância

de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito

ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob

pena de decadência.

Gabarito: correto

Questão 09. FCC - 2012 - TRE-PR - Analista Judiciário - Área

Judiciária Em relação a Contrato, considere:

I. É anulável o contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva.

II. Os contratos atípicos não precisam observar as normas gerais

fixadas pelo Código Civil.

III. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou

contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao

Page 71: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

71 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

aderente.

IV. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da

função social do contrato.

V. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulam a

renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do

negócio.

Está correto o que se afirma APENAS em a) I, III e IV.

b) II, III e IV.

c) I, IV e V.

d) I, III e V.

e) III, IV e V.

Comentários: I - INCORRETA - Art. 426: "Não pode ser objeto de

contrato a herança de pessoa viva". Dito contrato é nulo, e não

anulável.

II - INCORRETA - Art. 425: "É lícito às partes estipular contratos

atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código".

III - CORRETA - Art. 423: "Quando houver no contrato de adesão

cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente".

IV - CORRETA - Art. 421: "A liberdade de contratar será exercida em

razão e nos limites da função social do contrato".

V - CORRETA - Art. 424: "Nos contratos de adesão, são nulas as

cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito

resultante da natureza do negócio".

Gabarito: e

Questão 10. FCC - 2012 - TRE-PR - Analista Judiciário - Área

Administrativa Os contratos inominados são

a) nulos, porque vedados expressamente pelo Código Civil.

b) lícitos sem necessidade de observância de qualquer disposiçãolegal, exceto se ilícito seu objeto.

c) ilícitos, por contrariarem a ordem pública.

d) lícitos, desde que observadas as normas gerais fixadas pelo Código

Civil.

e) apenas anuláveis, porque a lei os considera inválidos sem cominar

sanção.

Comentários: Sendo os contratos nominados aqueles dispostos no

Título VI do Livro I da Parte Especial do CC (Compra e venda, troca,

doação...), serão inominados os contratos atípicos, os quais devem

respeitar, para que sejam válidos, a licitude do objeto, capacidade

das partes, etc.

Page 72: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

72 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Art. 425. É lícito as partes estipular contratos atípicos, observadas as

normas gerais fixadas neste código.

CONTRATOS NOMINADOS E INOMINADOS:Os nominados,

também chamados típicos, são espécies contratuais que possuem

denominação (nomem iuris) e são regulamentados pela legislação. OCódigo Civil rege e esquematiza dezesseis tipos dessa espécie de

contrato: compra e venda, troca, doação, locação, empréstimo,

depósito, mandato, gestão, edição, representação dramática,

sociedade, parceria rural, constituição de renda, seguro, jogo e

aposta, e fiança”.

Os inominados ou atípicos são os que resultam da

consensualidade, não havendo requisitos definidos na lei, bastando

para sua validade que as partes sejam capazes (livres), o objeto

contrato seja lícito, possível e suscetível de apreciação econômica.

Sendo assim os contratos inominados são lícitos, observando,

sempre, o Código Civil. Gabarito: d

Questão 11. FCC - 2011 - MPE-CE - Promotor de JustiçaA proposta de

contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos

dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Deixa,

entretanto, de ser obrigatória a proposta

a) se, com prazo, por telefone, não foi imediatamente aceita.

b) se, feita com prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo

suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente,

independentemente do termo final.

c) se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação

expressa e chegar a tempo a recusa.

d) se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento daoutra parte a confirmação do proponente.

e) se, feita com prazo a pessoa presente, não foi imediatamente

aceita.

Comentários: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente

aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por

telefone ou por meio de comunicação semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo

suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta

dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da

outra parte a retratação do proponente.

Page 73: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

73 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Aceitação tácita nos contratos entre ausentes: Art. 432:Se o negócio

for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o

proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não

chegando a tempo a recusa.

Gabarito: c

Questão 12. FCC - 2008 - TCE-AL - Procurador Nos contratos deexecução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes

se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a

outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,

poderá o devedor

a) pedir a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da sentença à

data da citação, mas a resolução poderá ser evitada oferecendo-se o

réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.

b) pedir a revisão das cláusulas para assegurar o quanto possível o

valor real da prestação, mas não poderá pedir a resolução do

contrato.

c) pedir a resolução do contrato, produzindo-se os efeitos da

sentença a partir do trânsito em julgado, salvo se concedida pelo juiz

antecipação da tutela, mas a resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do

contrato.

d) apenas pedir a resolução do contrato, mas não poderá pedir a

revisão de cláusulas, ainda que para assegurar o equilíbrio das

prestações.

e) pedir remissão da dívida, no que exceder o valor total de seus

bens, porque estará caracterizado seu estado de insolvabilidade.

Comentários: Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou

diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente

onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de

acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedorpedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar

retroagirão à data da citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a

modificar equitativamente as condições do contrato.

Teoria da Imprevisão (arts. 478 e 317): Art. 317. Quando, por

motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o

valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá

o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto

possível, o valor real da prestação.

Gabarito: a

Questão 13. FCC - 2008 - TRT - 19ª Região (AL) - Analista Judiciário

Page 74: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

74 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

- Área Judiciária A respeito da evicção, é correto afirmar:

a) O preço, na evicção total, será sempre o valor constante do

contrato.

b) A responsabilidade pela evicção não pode ser excluída pelas

partes, através de cláusula contratual.

c) O adquirente pode demandar pela evicção mesmo sabendo que a

coisa era litigiosa. d) As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a

evicção, serão pagas pelo alienante.

e) Não subsiste a garantia da evicção, se a aquisição tiver sido

realizada em hasta pública.

Comentários: A) ERRADA "Art. 450 - Parágrafo único. O preço, seja a

evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se

evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção

parcial."

B) ERRADA "Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa,

reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção."

C) ERRADA "Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção,

se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa." D) CORRETA "Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não

abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante."

E) ERRADA "Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde

pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha

realizado em hasta pública."

Gabarito: d

Questão 14. FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista

Judiciário - Execução de Mandados Os contratos atípicos

a) são anuláveis, mesmo se os que os pretendam celebrar sejam

capazes e o objeto seja lícito e possível, se a forma não estiver

prescrita em lei. b) são nulos de pleno direito, mesmo que os pretendam celebrar

sejam capazes e o objeto seja lícito e possível, porque a forma não é

prescrita em lei.

c) são válidos, desde que os agentes que os pretendam celebrar

sejam capazes, o objeto seja lícito e possível e a forma não seja

defesa em lei.

d) só têm validade se os que pretendam celebrar sejam capazes, o

objeto seja lícito e possível e tenha havido prévia homologação

judicial.

e) só têm validade se os que pretendam celebrar sejam capazes, o

objeto seja lícito e possível e tenha havido prévia aprovação pelo

Ministério Público.

Page 75: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

75 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Comentários: Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos,

observadas as normas gerais fixadas neste Código.

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Os contratos podem ser classificados em típicos e atípicos:

Típicos (ou nomidados): são os contratos que têm denominação

prevista na Lei, são tipificados pela Lei (ex.: compra e venda,

locação, comodato, etc.).

Atípicos (ou inominados): são os contratos criados pelas partes,

dentro do princípio da liberdade contratual e que não correspondem a

nenhum tipo previsto na Lei; não têm tipificação (ex.: cessão de

clientela, factoring, etc.).

Gabarito: c

Questão 15. FCC - 2011 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista

Judiciário - Área Judiciária Se a coisa recebida em virtude de contrato comutativo apresentar defeitos ocultos que a tornem imprópria ao

uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor,

a) o adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento

no preço, no prazo de um ano, se a coisa for imóvel, contado da

entrega efetiva.

b) a responsabilidade do alienante não subsiste se a coisa perecer em

seu poder por vício oculto já existente ao tempo da tradição.

c) o prazo para o adquirente obter a redibição ou abatimento no

preço conta-se da alienação, ficando reduzido a um terço se já estava

na posse da coisa.

d) o alienante sabendo do vício ou defeito da coisa, deverá devolver

ao comprador o dobro do que recebeu e o dobro das perdas e danos. e) o alienante desconhecendo o vício ou defeito da coisa, deverá

devolver ao comprador o valor recebido, as despesas do contrato,

além de perdas e danos.

Comentários: Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a

redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a

coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega

efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação,

reduzido à metade.

B) INCORRETA. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste

ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por

vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

Page 76: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

76 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

C) INCORRETA. Se o adquirente já estava na posse da coisa, o prazo

não se reduz de um terço, mas sim, de metade. Art. 445. O

adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no

preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for

imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido à metade.

D) INCORRETA. Se o alienante já conhecia o vício, terá que pagar tão

somente as perdas e danos (além de, obviamente, restituir o que

recebeu e pagar as despesas do contrato). Art. 443. Se o alienante

conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com

perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor

recebido, mais as despesas do contrato.

E) INCORRETA. Se o alienante não conhecia o vício, não terá que

pagar perdas e danos, já que não se configuraria a má-fé dele.

Deverá pagar apenas as despesas do contrato e restituir o que

recebeu. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa,

restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

CONTRATO COMUTATIVO - Aquele de natureza bilateral e onerosa,

cujas obrigações são perfeitamente equivalentes. Exemplo típico é a

compra e venda, no qual uma das partes transfere a coisa vendida

mediante recebimento de um preço equivalente ao valor daquela.

VÍCIOS OCULTOS = VÍCIOS REDIBITÓRIOS - Vício ou defeito oculto

da coisa recebida, em razão de contrato comutativo, já existente

antes da celebração do negócio jurídico, que a impede que seja

utilizada ou a torna desvalorizada.

Gabarito: a

Questão 16. FCC - 2011 - TRE-RN - Técnico Judiciário - Área

Administrativa Com relação à Evicção, considere:

I. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a

evicção, serão pagas pelo alienante.

II. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da

restituição integral do preço ou das quantias que pagou, às custas

judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

III. Pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa

era litigiosa, em razão da soberania do direito de demandar

judicialmente.

IV. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou

excluir a responsabilidade pela evicção. Está correto o que se afirma

APENAS em

Page 77: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

77 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

a) II e IV.

b) II, III e IV.

c) I e IV.

d) I, II e IV.

e) I, II e III.

Comentários: I - CERTA. Fundamento: Art.453. As benfeitorias necessárias ou

úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo

alienante.

II- CERTA. Fundamento: Art. 450. Salvo estipulação em contrário,

tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das

quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido

obrigado a restituir;II - à indenização pelas despesas dos contratos e

pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às

custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

III- ERRADA. Fundamento: Art. 457. Não pode o adquirente

demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

IV- CERTA Fundamento:Art. 448. Podem as partes, por cláusula

expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela

evicção.

Gabarito: d

Questão 17. FCC - 2011 - TRE-RN - Técnico Judiciário - Área

Administrativa Tratando-se de coisa móvel da qual o adquirente já

estava na posse, ele, de regra, decai do direito de obter a redibição

ou abatimento no preço no prazo de

a) quarenta e cinco dias contados da alienação. b) trinta dias contados da alienação.

c) quinze dias contados da alienação.

d) sessenta dias contados da alienação.

e) noventa dias contados da alienação.

Comentários: Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a

redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa

for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se

já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à

metade. O prazo Geral do Código Civil para móvel é de 30 (trinta

dias), no entanto conta-se reduzindo à metade da alienação.

Page 78: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

78 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

VÍCIOS REDIBITÓRIOS: defeito oculto, que cause alteração (uso

ou preço).

Prazo para REDIBIR ("rejeitar") ou PEDIR ABATIMENTO no preço

é decadencial:

REGRA: Bem MÓVEL: 30 dias

Bem IMÓVEL: 1 ano.

EXCEÇÃO (se já estava em uso, o prazo caí pela metade):

Bem MÓVEL: 15 dias

Bem IMÓVEL: 6 meses.

Vícios Que só puderem ser descobertos no future (445 § 1º):

Imóveis: 1 ano (momento da ciência)

Móveis: 180 dias (momento da Ciência)

Gabarito: c

Questão 18. FCC - 2011 - TRE-RN - Técnico Judiciário - ÁreaAdministrativa Quando, simultaneamente à determinada proposta de

contrato, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do

proponente, esta

a) deixa de ser obrigatória.

b) continua sendo obrigatória tendo em vista que a retratação deve

chegar ao conhecimento do proponente antes da proposta.

c) continua sendo obrigatória, mas a retratação pode gerar efeitos

dependendo do seu conteúdo jurídico.

d) passa a não existir, mas o proponente responderá pelas perdas e

danos provenientes da retratação.

e) passa a não existir, mas o proponente arcará com a multa prevista

no Código Civil brasileiro de 10% sobre o valor da proposta.

Comentários: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente

aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por

tefefone ou outro meio de comunicação semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo

suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta

dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da

outra parte a retratação do proponente.

Gabarito: a

Page 79: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

79 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Questão 19. FCC - 2007 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área

Administrativa De acordo com o Código Civil Brasileiro, a coisa

recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por

vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é

destinada, ou lhe diminuam o valor. Em regra, o adquirente decai do

direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de

a) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,contado da entrega efetiva.

b) sessenta dias se a coisa for móvel, e de seis meses se for imóvel,

contado da entrega efetiva.

c) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da celebração do contrato, independentemente da entrega

efetiva.

d) sessenta dias se a coisa for móvel, e de seis meses se for imóvel,

contado da celebração do contrato, independentemente da entrega

efetiva.

e) noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva.

Comentários: Art. 441. A coisa recebida em virtude de contratocomutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a

tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações

onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441),

pode o adquirente reclamar abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa,

restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-

somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa

pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já

existente ao tempo da tradição.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou

abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for

móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva;

se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido

à metade.

Gabarito: a

Questão 20. FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área

Administrativa Com relação à evicção é certo que

Page 80: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

80 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

a) salvo estipulação em contrário, não tem direito o evicto à

indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir.

b) nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, não

subsistindo esta garantia se a aquisição se tenha realizado em hasta

pública.

c) não podem as partes, ainda que por cláusula expressa, diminuir ou

excluir a responsabilidade pela evicção, tendo em vista o princípio da boa fé contratual que protege o contratante que cumpre fielmente as

determinações legais.

d) para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o

adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos

anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

e) salvo estipulação em contrário, não tem direito o evicto às custas

judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Comentários:

Alternativa a) errada - Art. 450 CC - ...tem direito ... + inciso I

Alternativab) errada - Art. 447 CC -... subsistindo ...

Alternativa c) errada - Art. 448 CC - Podem ...

Alternativa d) correta - Art. 456 CC

Alternativa e) errada - Art. 450 CC, inciso II

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além

da resrituição integral do preço e das quantias que pagou: I - à

indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir. (a letra "a"

está errada).

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção.Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em

hasta pública. (a letra "b" está errada).

Art.448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforça, diminuir ou

excluir a responsabilidade pela evicção. ( a letra "c" está errada).

Art. 456. Para poder execitar o direito que da evicção lhe resulta, o

adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos

anteriores, quando e como lhe determinar as leis do processo. ( a

letra "d" está correta).

Art. 450 - inciso III - às custas judiciais e aos honorários do

advogado por ele constituído. ( a letra "e" está errada).

Page 81: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

81 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Gabarito: d

Questão 21. FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área Administrativa De acordo com o Código Civil brasileiro, a coisa

recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por

vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é

destinada, ou lhe diminuam o valor. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de

a) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido à metade.

b) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido de 1/3.

c) sessenta dias se a coisa for móvel, e de três anos se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido de 1/3.

d) noventa dias se a coisa for móvel, e dois anos se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido de um 1/3. e) noventa dias se a coisa for móvel, e dois anos se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido à metade.

Comentários: Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a

redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa

for móvel, e de um ano se for imóvel imóvel, contado da entrega

efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação,

reduzido à metade.

Gabarito: a

Questão 22. FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Administrativa Com relação aos contratos é certo que:

a) É ilícito às partes estipular contratos atípicos, havendo expressa

vedação legal à celebração desses contratos.

b) Nos contratos de adesão, são válidas as cláusulas que estipulem a

renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do

negócio

c) Em regra, reputar-se-ão celebrados os contratos no lugar em que

forem propostos.

d) A herança de pessoa viva pode ser objeto de contrato, tratando-se

de direito assegurado pelas normas civis vigentes.

e) Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a

aceitação é expedida, inclusive se o proponente se houver

comprometido a esperar resposta.

Page 82: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

82 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Comentários: a) Art. 425. É lícito às partes estipular contratos

atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.

b) Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que

estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da

natureza do negócio.

c) CORRETA Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em

que foi proposto.

d) Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa

viva.

e) Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde

que a aceitação é expedida, exceto:

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.

Gabarito: c

Questão 23. CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz No que concerne a evicção,

assinale a opção correta de acordo com o Código Civil.

a) A responsabilidade decorrente da evicção deriva da lei e prescinde,

portanto, de expressa previsão contratual; todavia, tal

responsabilidade restringe-se à ação petitória, não sendo possível se

a causa versar sobre posse.

b) Responde o alienante pela garantia decorrente da evicção caso o

comprador sofra a perda do bem por desapropriação do poder

público, cujo decreto expropriatório seja expedido e publicado

posteriormente à realização do negócio.

c) Dá-se a evicção quando o adquirente perde, total ou parcialmente,a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior, e o

alienante tem o dever de assistir o adquirente, em sua defesa, ante

ações de terceiros, sendo, entretanto, tal obrigação jurídica incabível

caso o alienante tenha atuado de boa-fé.

d) De acordo com o instituto da evicção, o alienante deve responder

pelos riscos da perda da coisa para o evicto, por força de decisão

judicial em que fique reconhecido que aquele não era o legítimo

titular do direito que convencionou transmitir ao evictor.

e) Sendo a evicção uma garantia legal, podem as partes, em reforço

ao já previsto em lei, estipular a devolução do preço em dobro, ou

mesmo minimizar essa garantia, pactuando uma devolução apenas

parcial.

Page 83: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

83 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Comentários: Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela

evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

Gabarito: b

LISTA DAS QUESTOES APRESENTADAS

Questão 01. CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz Acerca do modo de

extinção e quitação dos contratos, assinale a opção correta.

a) Nos contratos de trato sucessivo, a resolução por inexecução

voluntária produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi executado e

obrigando as restituições recíprocas.

b) O CDC prevê hipótese excepcional de arrependimento, na qual o

consumidor pode desistir do contrato, unilateralmente, em sete dias,

sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial.

c) Em ação de resolução de contrato, a exceção de contrato não

cumprido, por ser de natureza material, não pode ser alegada pelo réu em sua defesa.

d) À luz do que dispõe o Código Civil, tanto o distrato quanto a

quitação devem ser feitos pela mesma forma exigida para o contrato.

e) A anulabilidade de um contrato advém de uma imperfeição da

vontade; por essa razão, mesmo com o vício congênito e não

decretada judicialmente, a avença é eficaz, podendo ser arguida por

ambas as partes e reconhecida de ofício pelo juiz.

Questão 02. CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz No que concerne a

evicção, assinale a opção correta de acordo com o Código Civil.

a) A responsabilidade decorrente da evicção deriva da lei e prescinde,

portanto, de expressa previsão contratual; todavia, talresponsabilidade restringe-se à ação petitória, não sendo possível se

a causa versar sobre posse.

b) Responde o alienante pela garantia decorrente da evicção caso o

comprador sofra a perda do bem por desapropriação do poder

público, cujo decreto expropriatório seja expedido e publicado

posteriormente à realização do negócio.

c) Dá-se a evicção quando o adquirente perde, total ou parcialmente,

a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior, e o

alienante tem o dever de assistir o adquirente, em sua defesa, ante

ações de terceiros, sendo, entretanto, tal obrigação jurídica incabível

caso o alienante tenha atuado de boa-fé.

d) De acordo com o instituto da evicção, o alienante deve responder

pelos riscos da perda da coisa para o evicto, por força de decisão

Page 84: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

84 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

judicial em que fique reconhecido que aquele não era o legítimo

titular do direito que convencionou transmitir ao evictor.

e) Sendo a evicção uma garantia legal, podem as partes, em reforço

ao já previsto em lei, estipular a devolução do preço em dobro, ou

mesmo minimizar essa garantia, pactuando uma devolução apenas

parcial.

Questão 03. CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público Em face

da aplicação, no ordenamento jurídico brasileiro, do princípio da

função social do contrato, o princípio da autonomia contratual deixou

de ter aplicabilidade no direito brasileiro, aplicando-se, em

contrapartida, de forma atenuada, o princípio da autonomia privada.

Questão 04. CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público Caso

haja, em contrato de adesão, cláusulas ambíguas, adota- se, no

direito brasileiro, a interpretação in dubio pro fragile.

Questão 05. CESPE - 2012 - MPE-RR - Promotor de Justiça No

que se refere aos princípios contratuais, assinale a opção correta.

a) O instituto da pacta corvina é admitido pelo ordenamento jurídicopátrio.

b) O princípio da função social dos contratos limita a liberdade de A

contratar com B.

c) Determinada pessoa pode exercer um direito contrariando um

comportamento anterior próprio, sem necessidade de observância

dos elementos constitutivos da boa-fé objetiva.

d) Dados os predicados do princípio da boa-fé objetiva, a violação dos

deveres anexos tipifica a incidência do inadimplemento.

e) O princípio da boa-fé objetiva se relaciona com o ânimo das

pessoas envolvidas nos polos ativo e passivo da relação jurídica de

direito material.

Questão 06. FCC - 2012 - Prefeitura de São Paulo - SP - Auditor

Fiscal do Município - Gestão Tributária - Os contratos de adesão não

possuem validade jurídica.

Questão 07. FCC - 2001 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área Judiciária Em virtude de contrato comutativo, recebi um objeto

com defeito oculto, que o tornou impróprio ao uso a que se

destinava. Nesse caso, sabendo-se que o alienante

a) não conhecia o defeito, ele se exime de responsabilidade.

b) não conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, mais

perdas e danos.

c) não conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, mais as

despesas do contrato.

Page 85: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

85 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

d) conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, em dobro.

e) conhecia o defeito, ele deve restituir o valor recebido, em dobro,

mais perdas e danos.

Questão 08. FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Área Jurídica

A empresa X comprou um liquidificador na empresa Y para uso de

seus funcionários no refeitório. Quando o empregado Felipe ligou o liquidificador, o botão que liga e desliga o aparelho soltou-se

impossibilitando o seu uso. Neste caso, o direito da empresa X em

obter a redibição, segundo o Código Civil brasileiro, contados da

entrega efetiva do liquidificador decairá no prazo de

a) dois anos.

b) sessenta dias.

c) noventa dias.

d) um ano.

e) trinta dias.

Questão 09. FCC - 2012 - TRE-PR - Analista Judiciário - Área

Judiciária Em relação a Contrato, considere:

I. É anulável o contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva. II. Os contratos atípicos não precisam observar as normas gerais

fixadas pelo Código Civil.

III. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou

contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao

aderente.

IV. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da

função social do contrato.

V. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulam a

renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do

negócio.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I, III e IV. b) II, III e IV.

c) I, IV e V.

d) I, III e V.

e) III, IV e V.

Questão 10. FCC - 2012 - TRE-PR - Analista Judiciário - Área

Administrativa Os contratos inominados são

a) nulos, porque vedados expressamente pelo Código Civil.

b) lícitos sem necessidade de observância de qualquer disposição

legal, exceto se ilícito seu objeto.

c) ilícitos, por contrariarem a ordem pública.

d) lícitos, desde que observadas as normas gerais fixadas pelo Código

Civil.

Page 86: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

86 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

e) apenas anuláveis, porque a lei os considera inválidos sem cominar

sanção.

Questão 11. FCC - 2011 - MPE-CE - Promotor de JustiçaA proposta de

contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos

dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Deixa,

entretanto, de ser obrigatória a proposta a) se, com prazo, por telefone, não foi imediatamente aceita.

b) se, feita com prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo

suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente,

independentemente do termo final.

c) se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação

expressa e chegar a tempo a recusa.

d) se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da

outra parte a confirmação do proponente.

e) se, feita com prazo a pessoa presente, não foi imediatamente

aceita.

Questão 12. FCC - 2008 - TCE-AL - Procurador Nos contratos de

execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a

outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,

poderá o devedor

a) pedir a resolução do contrato, retroagindo os efeitos da sentença à

data da citação, mas a resolução poderá ser evitada oferecendo-se o

réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.

b) pedir a revisão das cláusulas para assegurar o quanto possível o

valor real da prestação, mas não poderá pedir a resolução do

contrato.

c) pedir a resolução do contrato, produzindo-se os efeitos da

sentença a partir do trânsito em julgado, salvo se concedida pelo juiz

antecipação da tutela, mas a resolução poderá ser evitada,oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do

contrato.

d) apenas pedir a resolução do contrato, mas não poderá pedir a

revisão de cláusulas, ainda que para assegurar o equilíbrio das

prestações.

e) pedir remissão da dívida, no que exceder o valor total de seus

bens, porque estará caracterizado seu estado de insolvabilidade.

Questão 13. FCC - 2008 - TRT - 19ª Região (AL) - Analista Judiciário

- Área Judiciária A respeito da evicção, é correto afirmar:

a) O preço, na evicção total, será sempre o valor constante do

contrato.

b) A responsabilidade pela evicção não pode ser excluída pelas

Page 87: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

87 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

partes, através de cláusula contratual.

c) O adquirente pode demandar pela evicção mesmo sabendo que a

coisa era litigiosa.

d) As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a

evicção, serão pagas pelo alienante.

e) Não subsiste a garantia da evicção, se a aquisição tiver sido

realizada em hasta pública.

Questão 14. FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista

Judiciário - Execução de Mandados Os contratos atípicos

a) são anuláveis, mesmo se os que os pretendam celebrar sejam

capazes e o objeto seja lícito e possível, se a forma não estiver

prescrita em lei.

b) são nulos de pleno direito, mesmo que os pretendam celebrar

sejam capazes e o objeto seja lícito e possível, porque a forma não é

prescrita em lei.

c) são válidos, desde que os agentes que os pretendam celebrar

sejam capazes, o objeto seja lícito e possível e a forma não seja

defesa em lei.

d) só têm validade se os que pretendam celebrar sejam capazes, oobjeto seja lícito e possível e tenha havido prévia homologação

judicial.

e) só têm validade se os que pretendam celebrar sejam capazes, o

objeto seja lícito e possível e tenha havido prévia aprovação pelo

Ministério Público.

Questão 15. FCC - 2011 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista

Judiciário - Área Judiciária Se a coisa recebida em virtude de contrato

comutativo apresentar defeitos ocultos que a tornem imprópria ao

uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor,

a) o adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento

no preço, no prazo de um ano, se a coisa for imóvel, contado daentrega efetiva.

b) a responsabilidade do alienante não subsiste se a coisa perecer em

seu poder por vício oculto já existente ao tempo da tradição.

c) o prazo para o adquirente obter a redibição ou abatimento no

preço conta-se da alienação, ficando reduzido a um terço se já estava

na posse da coisa.

d) o alienante sabendo do vício ou defeito da coisa, deverá devolver

ao comprador o dobro do que recebeu e o dobro das perdas e danos.

e) o alienante desconhecendo o vício ou defeito da coisa, deverá

devolver ao comprador o valor recebido, as despesas do contrato,

além de perdas e danos.

Questão 16. FCC - 2011 - TRE-RN - Técnico Judiciário - Área

Page 88: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

88 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

Administrativa Com relação à Evicção, considere:

I. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a

evicção, serão pagas pelo alienante.

II. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da

restituição integral do preço ou das quantias que pagou, às custas

judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

III. Pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisaera litigiosa, em razão da soberania do direito de demandar

judicialmente.

IV. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou

excluir a responsabilidade pela evicção. Está correto o que se afirma

APENAS em

a) II e IV.

b) II, III e IV.

c) I e IV.

d) I, II e IV.

e) I, II e III.

Questão 17. FCC - 2011 - TRE-RN - Técnico Judiciário - Área

Administrativa Tratando-se de coisa móvel da qual o adquirente já estava na posse, ele, de regra, decai do direito de obter a redibição

ou abatimento no preço no prazo de

a) quarenta e cinco dias contados da alienação.

b) trinta dias contados da alienação.

c) quinze dias contados da alienação.

d) sessenta dias contados da alienação.

e) noventa dias contados da alienação.

Questão 18. FCC - 2011 - TRE-RN - Técnico Judiciário - Área

Administrativa Quando, simultaneamente à determinada proposta de

contrato, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do

proponente, esta a) deixa de ser obrigatória.

b) continua sendo obrigatória tendo em vista que a retratação deve

chegar ao conhecimento do proponente antes da proposta.

c) continua sendo obrigatória, mas a retratação pode gerar efeitos

dependendo do seu conteúdo jurídico.

d) passa a não existir, mas o proponente responderá pelas perdas e

danos provenientes da retratação.

e) passa a não existir, mas o proponente arcará com a multa prevista

no Código Civil brasileiro de 10% sobre o valor da proposta.

Questão 19. FCC - 2007 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área

Administrativa De acordo com o Código Civil Brasileiro, a coisa

recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por

Page 89: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

89 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é

destinada, ou lhe diminuam o valor. Em regra, o adquirente decai do

direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de

a) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva.

b) sessenta dias se a coisa for móvel, e de seis meses se for imóvel,

contado da entrega efetiva. c) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da celebração do contrato, independentemente da entrega

efetiva.

d) sessenta dias se a coisa for móvel, e de seis meses se for imóvel,

contado da celebração do contrato, independentemente da entrega

efetiva.

e) noventa dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva.

Questão 20. FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área

Administrativa Com relação à evicção é certo que

a) salvo estipulação em contrário, não tem direito o evicto à

indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir. b) nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, não

subsistindo esta garantia se a aquisição se tenha realizado em hasta

pública.

c) não podem as partes, ainda que por cláusula expressa, diminuir ou

excluir a responsabilidade pela evicção, tendo em vista o princípio da

boa fé contratual que protege o contratante que cumpre fielmente as

determinações legais.

d) para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o

adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos

anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.

e) salvo estipulação em contrário, não tem direito o evicto às custas

judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Questão 21. FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área Administrativa De acordo com o Código Civil brasileiro, a coisa

recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por

vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é

destinada, ou lhe diminuam o valor. O adquirente decai do direito de

obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de

a) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido à metade.

b) trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido de 1/3.

Page 90: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

90 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

c) sessenta dias se a coisa for móvel, e de três anos se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido de 1/3.

d) noventa dias se a coisa for móvel, e dois anos se for imóvel,

contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido de um 1/3.

e) noventa dias se a coisa for móvel, e dois anos se for imóvel,contado da entrega efetiva sendo que, se já estava na posse, o prazo

conta-se da alienação, reduzido à metade.

Questão 22. FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário -

Área Administrativa Com relação aos contratos é certo que:

a) É ilícito às partes estipular contratos atípicos, havendo expressa

vedação legal à celebração desses contratos.

b) Nos contratos de adesão, são válidas as cláusulas que estipulem a

renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do

negócio

c) Em regra, reputar-se-ão celebrados os contratos no lugar em que

forem propostos.

d) A herança de pessoa viva pode ser objeto de contrato, tratando-sede direito assegurado pelas normas civis vigentes.

e) Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a

aceitação é expedida, inclusive se o proponente se houver

comprometido a esperar resposta.

Questão 23. CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz No que concerne a evicção,

assinale a opção correta de acordo com o Código Civil.

a) A responsabilidade decorrente da evicção deriva da lei e prescinde,

portanto, de expressa previsão contratual; todavia, tal

responsabilidade restringe-se à ação petitória, não sendo possível se

a causa versar sobre posse.

b) Responde o alienante pela garantia decorrente da evicção caso ocomprador sofra a perda do bem por desapropriação do poder

público, cujo decreto expropriatório seja expedido e publicado

posteriormente à realização do negócio.

c) Dá-se a evicção quando o adquirente perde, total ou parcialmente,

a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior, e o

alienante tem o dever de assistir o adquirente, em sua defesa, ante

ações de terceiros, sendo, entretanto, tal obrigação jurídica incabível

caso o alienante tenha atuado de boa-fé.

d) De acordo com o instituto da evicção, o alienante deve responder

pelos riscos da perda da coisa para o evicto, por força de decisão

judicial em que fique reconhecido que aquele não era o legítimo

titular do direito que convencionou transmitir ao evictor.

e) Sendo a evicção uma garantia legal, podem as partes, em reforço

Page 91: Aula 06.pdf

CURSO DE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCÍCIOS) PARA O

CARGO DE ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA DO

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ

91 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

ao já previsto em lei, estipular a devolução do preço em dobro, ou

mesmo minimizar essa garantia, pactuando uma devolução apenas

parcial.

GABARITO

01. b 02. e 03. e 04. c 05. d

06. e 07. c 08. c 09. e 10. d

11. c 12. a 13. d 14. c 15. a

16. d 17. c 18. a 19. a 20. d

21. a 22. c 23. b

Abraços,

Prof. Márcia Albuquerque