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Estudo de caso com profissionais da Enfermagem

Aula 12 - Absente_smo e Sofrimento No Trabalho

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  • Estudo de caso com profissionais

    da Enfermagem

  • Absentesmo uma palavra com origem

    no latim, onde absens significa estar

    fora, afastado ou ausente

    O absentesmo consiste no ato de

    se abster de alguma atividade ou funo

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  • Dentro do contexto organizacional, o

    absentesmo pode ser compreendido como as

    ausncias ao trabalho por motivos relacionadas

    ao prprio empregado e a fatores de natureza

    organizacional e social

    O absentesmo pode ser causado por doenas,

    por motivos familiares, motivos pessoais,

    dificuldades financeiras e de transporte, falta

    de motivao, atitudes imprprias da entidade

    patronal, etc.

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  • O absentesmo pode revelar aos responsveis pelaempresa informaes importantes sobre o climaorganizacional que nela existe

    Ex.: dados sobre funcionrios que no estotrabalhando bem com a equipe; necessidade deum tratamento mais humano pela chefia; ou atmesmo uma excessiva carga laboral em algumasocasies

    Em muitas ocasies, o absentesmo apresentacausas sociais ou psquicas, e no materiais. Poresse motivo, uma das melhores maneiras decombater o absentesmo fomentar as relaeshumanas dentro da empresa

  • O ABSENTESMO NAS EQUIPES DE ENFERMAGEM

  • O hospital possui caractersticas

    organizacionais peculiares: um ambiente em

    que a assistncia ao cliente no pode ser

    adiada e deve ser de qualidade

    Percebe-se que existe uma precarizao das

    condies e relaes de trabalho, que afetam

    diretamente o moral das equipes, causando

    baixos nveis de satisfao e motivao dos

    empregados e altos nveis de absentesmo e

    rotatividade

  • Observou-se nos hospitais que costuma-

    se considerar absentesmo apenas as

    licenas mdicas por motivo doena, o

    que demonstra que os hospitais no

    esto preocupados com o contedo

    dessas faltas

    No entanto, verifica-se que a questo do

    absentesmo muito mais complexa e

    multifatorial

  • As ausncias justificadas por atestado mdico soum fenmeno mundial, mas no eliminam um certoclima de desconfiana quanto veracidade equanto responsabilidade do trabalhador pelasausncias

    20 a 25% do absentesmo relacionado doenajustifica a ausncia ao trabalho

    So raros os estudos que vo alm da doena,relacionados realidade concreta de vida dotrabalhador, compreendendo sua situaosocioeconmica

  • Sobrecarga de trabalhoBaixa remuneraoMuitas horas extrasTrabalho desgastanteSubstitutos improvisados

    Essas questes afetam no s aqualidade do servio prestado como asade do trabalhador

  • Quando o trabalho realizado em

    equipe, a ausncia de um elemento traz

    sobrecarga aos companheiros e afeta a

    qualidade do trabalho

  • A pesquisa foi realizada atravs de

    entrevistas com auxiliares de

    enfermagem de um hospital pblico de

    grande porte em Belo Horizonte

    A escolha das entrevistadas recaiu sobre

    as que tinham faltas ou licenas mdicas

    frequentes

  • O absentesmo foi considerado em sua

    totalidade, relacionado ao mundo do

    trabalho e da vida pessoal

    A partir das discusses foram agrupados

    categorias interdependentes: Condies de sade pessoal

    Condies sociais que afetam o trabalho

    Condies do ambiente de trabalho

    Consequncias para o setor de trabalho e

    assistncia

  • Do ponto de vista fsico foram destacadasdoenas crnicas como diabetes,cardiopatias, doenas respiratrias, entreoutras, alm de doenas emocionais,estresse irritabilidade e rejeio aoambiente de trabalho

    As entrevistadas relacionaram as alteraesno estado de sade ao estresse decorrentedas caractersticas de trabalho

  • Alm disso, entraram tambm nessa

    categoria o transporte coletivo precrio,

    m remunerao, infra-estrutura

    domstica inadequada e sobrecarga

    fsica e mental no trabalho

  • So as situaes cotidianas relacionadas

    organizao das auxiliares para se

    dirigirem ao trabalho

    Responsabilidades familiares, a diviso

    sexual do trabalho e o papel da mulher

    na sociedade e na famlia (cuidar dos

    filhos pequenos e doentes, por exemplo)

  • Essa classe trabalhadora no tem acesso a

    servios de sade de qualidade e isso provoca

    grande revolta porque elas no podem oferecer

    a seus familiares sequer aquilo que fazem em

    troca de pssimos salrios

    Historicamente as mulheres so consideradas

    pela sociedade como cuidadoras, o que implica

    em sobrecarga na vida privada e pouca

    valorizao nas organizaes, onde as profisses

    ligadas funo de cuidar so, em sua maioria,

    pouco valorizadas

  • Inclui a organizao e as relaes detrabalho. Na realidade observada, aquantidade de recursos humanos, a divisodas tarefas e do tempo mostrou-seinadequada

    Falta material bsico como roupas, materialesterilizado e equipamentos em quantidadee qualidade

    A defasagem nos recursos humanos grande e vem sendo compensada com horasextras

  • A falta de organizao no trabalho e ovolume excessivo de pacientes implica noestabelecimento de prioridades paraatender os clientes

    Isso tudo gera insatisfao e sobrecargapara os funcionrios, alm de aumentar oestresse, o absentesmo e reduzir aqualidade da assistncia

    Observou-se ainda negligncia daadministrao no fornecimento deinstrumentos de trabalho necessrios assistncia, demora no reparo deequipamentos e excesso de burocracia

  • impressionante como as auxiliares

    descrevem o sofrimento fsico e psquico

    que experimentam na sua relao com a

    organizao em seu cotidiano de

    trabalho, onde, por um compromisso

    tico, apesar de todas as dificuldades

    encontradas, buscam exercer as

    atividades assistenciais.

  • O trabalho desgastante, pesado,

    cansativo e estressante das auxiliares

    caracteriza o que Dejours classifica

    trabalho patognico, situao em que os

    trabalhadores so impossibilitados de

    elaborar estratgias defensivas para

    dominar o sofrimento no trabalho e

    transform-lo em processos criativos,

    sendo, ento, impelidos para a doena

  • Diante dessas dificuldades, muitas vezes

    as auxiliares lanam mo de mecanismos

    de fuga e resistncia e simulam uma

    doena para fugir da situao

    indesejvel de sofrimento no trabalho,

    mesmo que isso signifique corte em seu

    salrio

  • As consequncias so vistas pelas

    auxiliares em dois eixos que penalizam

    as prprias auxiliares e os clientes:

    sobrecarga de trabalho e queda na

    qualidade da assistncia

  • A realidade observada com as auxiliares de

    enfermagem nos permite compreender que o

    absentesmo decorrente do intenso sofrimento,

    tanto na vida pessoal, quanto de trabalho e que,

    na maioria das vezes, no recebe o apoio e o

    reconhecimento de sua importncia para a

    sociedade

  • Deve-se pensar na reduo do sofrimentono trabalho atravs da adoo de umagesto de Recursos Humanos mais flexvel eda promoo de um ambiente de trabalhohumanizado, solidrio e participativo entreos membros da equipe

    Porm, isso s tem chance de acontecer apartir do momento em que o cuidar passara ser uma funo valorizada

  • SAMPAIO, Jder dos Reis (org).

    Qualidade de vida, Sade Mental e

    Psicologia Social: estudos

    contemporneos II. So Paulo: Casa do

    Psiclogo, 1999.