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    Aula 19 - Direito Civil 2 - Unicap - Transmisso das Obrigaes

    Cesso de Crdito e Assuno de Dbito

    1 Cesso de crdito: a venda de um direito de crdito; a transferncia ativa da

    obrigao que o credor faz a outrem de seus direitos; corresponde sucesso ativa darelao obrigacional.

    Em direito a sucesso pode ocorrer inter vivos ou mortis causa. A sucessomortis causa ns vamos estudar em Civil 7, que a herana. A cesso de crditocorresponde sucesso entre vivos no direito obrigacional. A cesso de crdito tambmno se confunde com a cesso de contrato que a cesso de direitos e deveres daquelarelao jurdica, e no apenas de um crdito.

    Quando estudamos pagamento por sub-rogao vimos que a cesso de crdito uma de suas espcies (348), mas na sub-rogao a dvida mantem o valor, j a cesso de

    crdito pode envolver valores diversos tendo em vista a liberdade entre as partes (ex: Adeve cem a B para pagar daqui a seis meses, C ento se oferece para adquirir estecrdito contra A por oitenta pagando a B a vista; C age na esperana de ter um lucro aoreceber os cem de A no futuro; isto acontece no comrcio no desconto de cheques pr -datados).

    Conceito: cesso de crdito o negcio jurdico onde o credor de umaobrigao, chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionrio, sua posioativa na relao obrigacional, independentemente da autorizao do devedor, que sechama cedido.

    Tal transferncia pode ser onerosa ou gratuita, ou seja, o terceiro pode comprar ocrdito ou simplesmente ganh-lo (= doao) do cedente.

    Anuncia do devedor: como j disse, a cesso a venda do crdito, afinal o cedidocontinua devendo a mesma coisa, s muda o seu credor. O cessionrio ( = novo credor)

    perante o cedido/devedor fica na mesma posio do cedente ( = credor velho). Acesso dispensa a anuncia do devedor que no pode impedi-la, salvo se o devedor seantecipar e pagar logo sua dvida ao credor primitivo. Todavia, o cedido ( = devedor)deve ser notificado da cesso, no para autoriz-la, mas para pagar ao cessionrio ( =novo credor, 290).

    Justificativa: a cesso de crdito se justifica/se fundamenta para estimular acirculao de riquezas, atravs da troca de ttulos de crdito (ex: cheques, duplicatas,notas promissrias, ttulos que vocs vo estudar em Direito Comercial/Empresarial).Alm do exemplo acima do desconto de cheques pr-datados, a cesso de crdito muito comum entre bancos e at a nvel internacional do Governo Federal, em defesa damoeda e da disciplina cambial.

    Forma da cesso: no exige formalidade entre o novo e o velho credor, pode atser verbal, mas para ter efeito contra terceiros deve ser feita por escrito (288). Aescritura pblica aquela do art. 215, feita em Cartrio de Notas. O contrato particular

    feito por qualquer advogado.

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    Que crditos podem ser objeto de cesso? Todos, salvo os crditos alimentcios(ex: penso, salrio), afinal tais crditos so inalienveis e personalssimos, estandoligados sobrevivncia das pessoas. A lei probe tambm a cesso de alguns crditoscomo o crdito penhorado (298 vocs vo estudar penhora em processo civil) e ocrdito do rfo pelo tutor (1749, III tutela assunto de Civil 6). O devedor pode

    tambm impedir a cesso desde que esteja expresso no contrato celebrado com o credorprimitivo, caso contrrio, como j disse, caso queira impedir a cesso o devedor ter quese antecipar e pagar logo. Vide art. 286.

    Espcies de cesso: 1) convencional: a mais comum, e decorre do acordo devontades como se fosse uma venda (onerosa) ou doao (gratuita) de alguma coisa, sque esta coisa um crdito; 2) legal: imposta pela lei (ex: nosso conhecido 346; no 287tambm imposto pela lei a cesso dos acessrios da dvida como garantias, multas e

    juros); 3) judicial: determinada pelo Juiz no caso concreto, explicando os motivosna sentena para resolver litgio entre as partes.

    A cesso pode tambm ser pro soluto ou pro solvendo; na pro soluto ocedente responde pela existncia e legalidade do crdito, mas no responde pelasolvncia do devedor (ex: A cede um crdito a B e precisa garantir que esta dvidaexiste, no ilcita, mas no garante que o devedor/cedido C vai pagar a dvida, trata-sede um risco que B assume). Na cesso pro solvendo o cedente responde tambm pelasolvncia do devedor, ento se C no pagar a dvida (ex: o cheque no tinha fundos), ocessionrio poder executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionrio cobrar docedido para depois cobrar do cedente.

    Quando a cesso onerosa, o cedente sempre responde pro soluto, idem se acesso foi gratuita e o cedente agiu de m-f (ex: dar a terceiro um cheque sabidamentefalsificado gera responsabilidade do cedente, mas se o cedente no sabia da ilegalidadeno responde nem pro soluto, afinal foi doao mesmo - 295); mas o cedente sresponde pro solvendo se estiver expresso no contrato de cesso (296).

    2 Assuno de dvida: a transferncia passiva da obrigao, enquanto a cesso atransferncia ativa. A assuno rara e s ocorre se o credor expressamente concordar,afinal para o devedor faz pouca diferena trocar o credor ( = cesso de crdito), mas

    para o credor faz muita diferena trocar o devedor, pois o novo devedor pode serinsolvente, irresponsvel, etc. (299 e 391). E mesmo que o novo devedor seja mais rico,o credor pode tambm se opor, afinal mais dinheiro no significa mais carter, e muitos

    devedores ricos usam os infindveis recursos da lei processual para no pagar suasdvidas. Ressalto que o silncio do credor na troca do devedor implica em recusa, afinalem direito nem sempre quem cala consente (p do 299). Na assuno o novo devedorassume a dvida como se fosse prpria, ao contrrio da fiana onde o fiador responde

    por dvida alheia (veremos fiana em Civil 3).

    Conceito: contrato onde um terceiro assume a posio do devedor,responsabilizando-se pela dvida e pela obrigao que permanece ntegra, comautorizao expressa do credor.

    Observao: ao contrrio do p do 299, ns percebemos que quem cala

    consente no art. 303; trata-se de uma aceitao tcita do credor para a troca dodevedor, afinal na hipoteca a garantia a coisa (assunto de Civil 5).

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    Aula 14 - Direito Civil 2 - Unicap - Pagamento por sub-rogao

    4Pagamento por sub-rogao

    Sub-rogar substituir o credor, de modo que o pagamento por sub-rogaoassemelha-se cesso de crdito por se tratar da substituio da pessoa do credor (348;veremos cesso de crdito mais adiante).

    Conceito: ocorre a sub-rogao quando a dvida de algum paga por umterceiro que adquire o crdito e satisfaz o credor, mas no extingue a dvida e nem liberao devedor, que passa a dever a esse terceiro. Ex: A deve cem a B, mas C resolve pagaressa dvida, ento B vai se satisfazer e A vai passar a dever a C. Via de regra no h

    prejuzo para o devedor que passa a dever a outrem.

    Como vocs j sabem, a lei permite que qualquer pessoa pague a dvida dos outros,ento se o devedor quer evitar isso, deve se antecipar e cumprir logo suas obrigaes. Oterceiro que paga essa dvida pode ou no ter interesse jurdico, vimos isso algumasaulas atrs, lembram?

    Se o terceiro solvens tem interesse jurdico vai se sub-rogar nos direitos do credorprimitivo, ou seja, vai adquirir todas as eventuais vantagens, privilgios, garantias epreferncias do credor primitivo, alm de, bvio, exigir o reembolso. Ex: A deve cem aB com uma garantia de fiana ou hipoteca; se C pagar essa dvida ter direito a cobraros cem de A, mas s ter direito garantia da fiana ou da hipoteca caso C possuainteresse jurdico (346, III). Veremos fiana e hipoteca, respectivamente, em Civil 3 eCivil 5. Caso C no possua interesse jurdico s ter direito ao reembolso (305). A leitrata diferente para evitar especulaes e constrangimentos, depois revisem a aula 11.

    Efeitos da sub-rogao: 1) satisfativo em relao ao credor primitivo. O credorprimitivo vai se satisfazer com o pagamento feito pelo terceiro, mas a obrigaopermanece para o devedor; a sub-rogao no extingue a dvida; 2) translativo: o novocredor vai receber todas as vantagens e direitos do credor primitivo, desde que o

    pagamento tenha sido feito por sub-rogao (349).

    Espcies de sub-rogao: 1) legal: decorrente da lei, nas hipteses do art. 346; a lei

    determina independente da vontade das partes; 2) convencional: depende deacordo escrito entre as partes, quando o terceiro solvens faz acordo com o credorprimitivo e fica com o direito de sub-rogao mesmo sem interesse jurdico e mesmosem a anuncia do devedor. Atravs de acordo escrito se transferem todas as vantagensdo credor primitivo para o solvens, igual a uma cesso de crdito (347 e 348).

    5Dao em pagamento

    dar alguma coisa em pagamento, diferente da coisa devida. Os romanos chamavamde datio insolutum. Dao vem assim do verbo dar. Por favor, no da ao em

    pagamento, mas dao mesmo, do verbo dar.

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    Conceito: o acordo liberatrio em que o credor concorda em receber do devedorprestao diversa da ajustada (356). No pode haver imposio do devedor em pagaralgo diferente do devido (313), afinal quem deve dinheiro s paga com um objeto se ocredor aceitar. Ex: devo dinheiro e pago com uma TV, um livro, uma casa, etc.

    Requisitos da dao: 1) consentimento, concordncia, anuncia do credor; 2) prestaodiversa da ajustada, ento no se trata de obrigao alternativa, pois nesta a obrigaonasce com duas opes de pagamento; na dao s depois que as partes trocam oobjeto do pagamento.

    Efeitos da dao: 1) satisfatrio em relao ao credor, mesmo recebendo outra coisa,pois o credor pode preferir receber coisa diversa do que receber com atraso ou nadareceber; 2) liberatrio em relao ao devedor, pois a dvida se extingue e o devedor seexonera da obrigao. Estes dois efeitos so os mesmos do pagamento natural.

    Evico: imaginem que A deve 100 e paga com um objeto furtado, que no era dele,

    ento o verdadeiro dono vai exigir a devoluo da coisa e a obrigao vai renascer(359). Ser evicto ser afastado da coisa recebida em pagamento. Ocorre a evicoquando algum perde a propriedade da coisa em virtude de deciso judicial quereconhece a outrem direito anterior sobre essa coisa. Veremos evico em Civil 3.

    6Novao: est em desuso e rara, por isso no vamos estud-la. Saibam apenas quese trata da extino de uma obrigao por outra diferente, destinada a substitu-la. Coma novao se extingue uma dvida e se cria uma nova dvida entre as mesmas partes,enfim no se muda muita coisa, continua a existir uma obrigao entre as mesmas

    partes. mais prtico fazer uma dao em pagamento ou uma cesso de crdito.

    Aula 13 - Direito Civil 2 - Unicap - Modos de Extino das Obrigaes (continuao)

    1Pagamento (j visto)

    2 - IMPUTAO DE PAGAMENTO: o normal entre duas pessoas haver apenas umaobrigao, mas pode acontecer de algum ter mais de uma dvida com o mesmo credor.Assim, se A deve a B cem reais decorrentes de um emprstimo e outros cem reaisdecorrentes de um ato ilcito (ex: A bateu no carro de B), quando A vai pagar apenas

    uma destas dvidas precisa dizer a B qual est quitando. Imputar o pagamento determinar em qual dvida o pagamento est incidindo. Num conceito mais tcnico,imputao de pagamento a operao pela qual o devedor de mais deuma dvida vencida da mesma natureza a um s credor, indica qual das dvidas est

    pagando por ser tal pagamento inferior ao total das dvidas (352). preciso que hajamais de uma dvida, todas vencidas, da mesma natureza (ex: obrigao de dar dinheiro)e o pagamento ser menor do que a soma das dvidas. Cabe ao devedor fazer aimputao, dizer qual dvida est quitando, e o devedor deve ser orientado por seuadvogado para quitar logo a dvida de juro maior e a dvida com garantia (ex: hipoteca,

    penhor, fiana, porque a o devedor libera a coisa dada em garantia/odevedor libera ofiador). Se o devedor no imputar, o credor poder faz-lo (353), devendo o credor ser

    orientado por seu advogado para pedir a quitao na dvida de juro menor e na dvidaquirografria ( =dvida sem garantia). Lembrem-se que pelo art. 314 o credor no est

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    obrigado a receber pagamento parcial, mas na prtica pode ser melhor o credor aceitaralguma coisa e depois brigar pelo restante. Se o devedor e o credor no fizerem aimputao, a lei far na dvida de maior valor, conforme art. 355 ( =imputao legal).

    3PAGAMENTO POR CONSIGNAO

    Este o terceiro dos modos de extino das obrigaes que ns estamos estudando. atravs da consignao que o devedor vai exercer o seu direito de pagar, afinal jdissemos que pagar no s um dever, um direito tambm, concordam? Imaginemque o locador morreu e o inquilino desconhece seu herdeiro, deve ento consignar oaluguel para evitar a mora e o despejo. Consignar onde? Em Juzo, e o Juiz vai procuraro sucessor do credor. A parte operacional da consignao em pagamento vocs voestudar em processo civil, mas conhecendo o direito, o processo fica fcil de aprender(335, IIIcredor desconhecido). Outro exemplo, imaginem que algum morre e deixa amulher como beneficiria do seguro de vida, s que o falecido tinha uma esposa e umacompanheira, ento a seguradora vai pagar a qual das duas? Paga em Juzo, numa conta

    a disposio do Juiz, o Juiz d uma sentena seguradora, que servir de quitao,enquanto as duas mulheres seguem no processo disputando o dinheiro (793, 335, IV).

    prudente a seguradora fazer isso at para no correr risco de pagar mulher errada eefetuar pagamento indevido.

    Conceito: pagamento por consignao consiste no depsito judicial da coisa devida,realizada pelo devedor nas hipteses do art. 335 do CC. Este artigo taxativo (=exaustivo), no exemplificativo, de modo que no h outras possibilidades deconsignao. Outro detalhe importante: s existe consignao nas obrigaes de dar,

    pois no se pode depositar um servio (obrigao de fazer) ou uma omisso (obrigaode no-fazer), mas apenas coisas, em geral dinheiro. Admite-se tambm depsito deimveis, gado, colheita, etc (341), e o Juiz vai ter que arranjar um depositrio paracuidar dessas coisas at o credor aparecer (343). Quando o depsito de pecnia(dinheiro) coloca-se em banco oficial: Banco do Brasil ou Caixa Econmica Federal,em conta disposio do Juiz.

    Percebam que na ao de consignao o autor o devedor, o credor o ru e a quitaovem com a sentena. A sentena dir se a consignao equivale ao pagamento, se odevedor teve razo ao consignar e se a obrigao est extinta. Excepcionalmenteadmite-se o credor como autor da ao quando mais de uma pessoa se diz credor, entoqualquer deles pede ao devedor que consigne o pagamento, enquanto os credores

    discutem em Juzo (345).

    Em algumas consignaes o credor est certo de no querer receber pois o devedor querpagar menos do que deve, e vocs sabem que o credor no est obrigado a receber porpartes. Ento o devedor consigna com base no inc. I do 335, alegando que o credor serecusa a receber, mas existe uma justa causa para isso no 314. Isso acontece na prticaquando o devedor usa o cheque especial, atrasa o carto de crdito, etc. e depois quer

    pagar sem incluir os juros contratados. Ora, quando o devedor precisou de crdito obanco emprestou, ento na hora de pagar preciso cumprir o contrato, concordam?

    No Cdigo de Processo existe uma consignao extra-judicial, para dvidas em dinheiro,

    que podem ser feitas diretamente no banco, sem precisar de advogado ou Juiz. Vocsvero isso l em Processo Civil.

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    Efeitos do pagamento por consignao: 1) liberatrio: libera/exonera o devedor daobrigao; 2) extintivo: a consignao extingue a obrigao (334).

    Aula 12 - Direito Civil 2 - Unicap - Modos de Extino das Obrigaes

    MODOS DE EXTINO DAS OBRIGAES

    1PAGAMENTO (continuao)

    Lugar: onde o pagamento deve ser feito? No local de livre escolha das partes, afinal noDireito Civil predomina a autonomia da vontade (art. 78). Se o contrato/sentena foromisso, o lugar do pagamento ser no domiclio do devedor (327 e p). Tratando-se deimvel, o local da coisa determina o lugar do pagamento (328). A doutrina classifica asdvidas em quesvel (querable) e portvel (portable): nesta, cabe ao devedor ir pagar nodomiclio do credor, sob pena de juros e multa ( = mora, assunto do final do semestre,395). J na dvida querable cabe ao credor ir exigir o pagamento no domiclio dodevedor, a iniciativa do credor, sob pena de mora do credor (394, 400, bom, veremosmora mais adiante).

    Tempo: quando deve ser feito o pagamento? No vencimento previsto no ttulo, e se nohouver vencimento porque o credor pode exigir o pagamento imediatamente. achamada satisfao imediata do art. 331. Mas deve-se sempre tolerar um prazo moral,que aquele prazo razovel, do bom-senso, para dar ao devedor um tempo mnimo dese organizar, sacar o dinheiro no banco, esperar a mercadoria chegar do exterior, etc. Ovencimento uma data que favorece o devedor, ento o devedor pode pagar antes dovencimento, mas o credor s pode exigir a partir do vencimento, sob as penas do 939. A

    lei todavia permite, excepcionalmente, cobrana antes do vencimento caso o devedoresteja em dificuldade financeira, nos casos do art. 333.

    Enriquecimento sem causa e pagamento indevido:

    Enriquecer sem causa enriquecer repentinamente sem motivo justo, sem trabalhar,sem herdar. Uma das hipteses de enriquecimento sem causa atravs do pagamentoindevido, por isso estes dois assuntos devem ser estudados em conjunto.

    Ocorre pagamento indevido quando o devedor paga a algum que no o credor, ouseja, oaccipiensno o credor, e o devedor agiu por engano. Quem recebe pagamento

    indevido enriquece sem causa (ex: A deve a Jos da Silva, mas paga a outro Jos daSilva, homnimo do verdadeiro credor; A efetuou pagamento indevido e vai ter quepagar de novo ao verdadeiro credor, pois quem paga mal paga duas vezes; Aobviamente vai exigir o dinheiro de volta do outro Jos da Silva que enriqueceu semcausa, mas o verdadeiro credor no precisa esperar, ele no tem nada a ver com isso).

    Ocorre enriquecimento sem causa quando algum aufere um aumento patrimonial, emprejuzo de outrm, sem justa causa. H outros casos de enriquecimento sem causa almdas hipteses de pagamento indevido, ex: 578, 1255, p do 1817, etc. Estudaremosesses exemplos oportunamente, ao longo do extenso curso de Direito Civil.

    Dois efeitos do pagamento indevido:

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    1 aquele que enriqueceu sem causa fica obrigado a devolver o indevidamenteauferido, no s por uma questo moral (= direito natural), mas tambm por umaquesto de ordem civil (876, 884) e tributria, afinal como explicar Receita Federalum sbito aumento de patrimnio? O objetivo dessa devoluo reequilibrar os

    patrimnios do devedor e do falso credor, alterados sem fundamento jurdico, sem causa

    justa.

    2se o falso credor no quiser voluntariamente devolver o pagamento, surge osegundo efeito que o direito do devedor de propor ao de repetio do indbito(repetitio indebiti) contra tal accipiens. Esta ao tem este nome pois, em linguagem

    jurdica, repetir significa devolver e indbito aquilo que no devido. Ento a

    ao para o falso credor devolver aquilo que no lhe era devido. Tal ao prescreveem trs anos (206, 3, IV).

    Tambm se aplicam as regras do pagamento indevido quando se paga mais doque se deve. Porm no cabe a repetio quando o solvens agiu por liberalidade (ex:

    doao, 877) ou em cumprimento de obrigao natural (ex: gorjeta, dvida de jogo,dvida prescrita, 882, 814) ou quando o solvens deu alguma coisa para obter fim

    ilcito, afinal ningum pode se beneficiar da prpria torpeza (ex: pagou ao pistoleiroerrado para cometer um homicdio, no cabe devoluo, 883).

    E se o objeto do pagamento indevido j tiver sido alienado pelo falso credor aum terceiro? Bem, se tal objeto era coisa mvel, tal alienao vale por uma questo desegurana das relaes jurdicas e porque em geral os mveis so menos valiosos doque os imveis. De qualquer modo o falso credor vai responder pelo equivalente emdinheiro.

    Mas se o objeto do pagamento indevido for um imvel que o falso credor jtenha alienado a um terceiro, tal alienao s valer se feita onerosamente (venda sim,doao no) e o terceiro estiver de boa-f. Caso contrrio o solvens poder perseguir oimvel e recuper-lo do terceiro (879).