27
Pós-Graduação em Economia - Universidade Federal Fluminense ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL 2o Semestre 2004 AULA 3 TEORIA DA FIRMA – TEORIA DA AGÊNCIA

Aula 3-Teoria Da Firma-Teoria Da Agencia1

Embed Size (px)

Citation preview

Pós-Graduação em Economia - Universidade Federal Fluminense

ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL

2o Semestre 2004

AULA 3

TEORIA DA FIRMA – TEORIA DA AGÊNCIA

TEORIA DA AGÊNCIA

•1) ORIGEM E LOCALIZAÇÃO NA TEORIA MICROECONÔMICA

•2) DIREITOS DE PROPRIEDADE E PRDUÇÃO EM EQUIPE

•3) OBJETO E QUESTÕES CENTRAIS DA TEORIA DA AGÊNCIA

•4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO A COMPORTAMENTOS EFICIENTES

•5) TEORIA DA AGÊNCIA E DINÂMICA CONTRATUAL

•6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

 

1) ORIGEM E LOCALIZAÇÃO NA TEORIA

MICROECONÔMICA • Para a teoria neoclássica, a estrutura de propriedade da firma

não é levada em consideração, pois o pressuposto é que ela possui um comportamento maximizador, dada a tecnologia (função de produção), não sendo afetada pelos direitos de propriedade e pela forma legal com que estes são constituídos.

•  O problema clássico provocado pela separação de propriedade e gestão é tratado pela literatura econômica através da teoria da agência.

• A Teoria do Agente Principal ou Teoria da Agência é uma das principais vertentes da Teoria dos Contratos, juntamente com a Teoria dos Custos de Transação, e relaciona-se não apenas com a ocorrência de assimetria de informações entre os agentes, mas também com o direito de propriedade e os contratos.

• A teoria da agência situa-se no corpo de literatura de Economia da Informação e, mais especificamente, trata do caso particular em que há assimetria de informação — uma situação em que um agente sabe algo que o outro agente desconhece, o que leva eles a agirem de maneira estratégica, seja para obter, seja para revelar/esconder informação.

2) DIREITOS DE PROPRIEDADE E PRDUÇÃO EM EQUIPE

2.1) Características da Produção em Equipe Vantagem da produção em equipe: duas ou mais pessoas podem produzir

mais quando trabalham juntas do que quando trabalham separadas.  Problema:– a produção em equipe aumenta os problemas de medição e definição

das responsabilidades de cada membro –        se o comportamento não é observável, os indivíduos só tenderão a

realizar um nível de esforço mínimo (exemplo: dilema do prisioneiro) Hipótese: quando duas ou mais partes estão envolvidas em um processo

de produção conjunta, em que há dificuldade de mensuração do esforço individual que é introduzido no processo de produção, as partes realizarão menor esforço do que o socialmente ótimo.

 

2) DIREITOS DE PROPRIEDADE E PRDUÇÃO EM EQUIPE Como solucionar o problema? Introdução de CONTROLADOR ou

MONITOR Só através do controle por parte de um monitor se poderia evitar

que os colaboradores tentassem esquivar-se da prestação do trabalho que deles era esperado, para assim se beneficiar do trabalho dos outros, recebendo uma remuneração acima da sua contribuição e comportando-se de maneira oportunista (problema de comportamento free-rider).

 O gestor teria de avaliar a contribuição de cada um dos

membros da equipe pelo seu comportamento e ter o poder de contratar, despedir e remunerar. O monitor, por sua vez, seria desincentivado a também se comportar de forma oportunista, na medida em que a sua remuneração deriva-se, em grande parte, dos rendimentos líquidos residuais (lucro) que advenham ao grupo.

2) DIREITOS DE PROPRIEDADE E PRDUÇÃO EM EQUIPE Problema adicional: Quem controla o controlador?– Sistema de incentivos : Garantia de benefício

residual: monitor tem direito sobre a renda residual (renda que é obtida depois de se serem pagos os custos de todos os fatores de produção) => Associação: Beneficiário residual = empresário

 “Controle Residual” (Alchian e Demetz, 1972):

propriedade exercida pela posse de, ativos produtivos, definido como o direito de tomar qualquer decisão concernente à utilização daqueles ativos que não está explicitamente vetada pela lei ou claramente especificada no arcabouço contratual de suas relações com outros agentes.

 

2) DIREITOS DE PROPRIEDADE E PRODUÇÃO EM EQUIPE 2.2) Definição de direitos de propriedade:Instituições sociais que asseguram para determinados indivíduos

e para certos bens qualquer uso não proibido ou ilícito A literatura econômica divide estes direitos em três elementos: 1) o direito de controle ou tomada de decisões; 2) direito ao uso e aos rendimentos provenientes do ativo

(tangível ou intangível); 3) direito à posse e à transferência ou alienação Observação: o direito ao uso não é amplo e pode ser restringido

por lei ou contrato. A existência de direitos de propriedade garantidos é uma

condição necessária para o funcionamento de uma economia decentralizada.

2) DIREITOS DE PROPRIEDADE E PRDUÇÃO EM EQUIPE 2.3) Direitos de Propriedade e Incentivos: O Modelo

de Grossman-Hart-Moore• A propriedade dos ativos confere um maior poder

de negociação em toda situação não prevista no contrato

• Um maior poder de negociação implica uma cota mais elevada de benefícios e, portanto, maiores incentivos a investir

• Os direitos de propriedade sobre os ativos devem ser atribuídos à parte cuja inversão (específica) gera um maior valor para a transação

 

3) OBJETO E QUESTÕES CENTRAIS DA TEORIA DA AGÊNCIA RELACÃO DE AGENCIA: compreende um contrato no qual uma ou

mais pessoas (principal/is) encarregam outra pessoa (agente) quanto à realização de um determinado serviço em seu nome, o que implica em delegar um certo grau de autoridade no processo de tomada de decisões (Jensen e Mackling, 1976).

 Referência Empírica: funcionamento da empresa moderna caracterizada

pela separação entre a “propriedade” e a “gestão”. Exemplos: patrões e empregados; advogados e clientes; diretores e proprietários

 A teoria da agência se interessa por relações bilaterais entre um

indivíduo (o principal) e um outro (o agente), na qual três condições se fazem presentes:

1) o agente dispõe de vários comportamentos possíveis; 2) a ação dos agentes/administradores afetam não apenas seu

próprio bem-estar, mas também do principal/acionistas controladores;

3) as ações do agente dificilmente são observáveis pelo principal, havendo assimetria informacional entre as partes.

3) OBJETO E QUESTÕES CENTRAIS DA TEORIA DA AGÊNCIA Esta literatura discute como um indivíduo (o principal) estabelece um

sistema de compensação (contrato) que motive outro indivíduo (o agente) a agir de acordo com o interesse do principal. São levados em conta, também, as dificuldades de monitorar as atividades do agente. As questões inerentes à relação agente-principal são, então, um problema central da economia dos incentivos.

 Desdobramentos Básicos da Teoria da Agência  A) Teoria dos Agente-Principal: objeto é o desenho ótimo do contrato,

incorporando um sistema eficaz de incentivos  B) Teoria Positiva da Agência: descreve mecanismos de “governança” que

possibilitam limitar o comportamento auto-interessado do agente. Elementos:

1) Custos de supervisão: controle sobre atividades do agente2) Custos de Garantia: importância de se conseguir a confiança do principal3) Perda residual: redução de benefícios derivada das discrepâncias

residuais

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO

Para a teoria da agência, o problema de desenho institucional refere-se à construção de um contrato capaz de fazer com que os agentes revelem informação para a autoridade (principal).

 Problemas: risco moral (moral hazard) e oportunismo. A autoridade pode não ser capaz de observar a ação empreendida pelo agente, apenas seu resultado (problema de ação oculta - hidden action).

 Problema Básico (Formulação):A função de utilidade da autoridade é x – s(x), a produção

menos o pagamento do incentivo. A função utilidade do agente é s(x) – c(a), o pagamento do

incentivo menos o custo da ação. O principal escolhe uma função s(.) que maximiza sua

utilidade sujeita à restrição imposta pelo comportamento maximizador do agente.

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO Há dois tipos de restrição com respeito ao agente: 1) Restrição de participação ou restrição de racionalidade individual.

O agente pode ter outra oportunidade disponível que lhe dê algum nível de reserva de utilidade, de modo que a autoridade (principal) deve garantir ao menos esse nível de reserva para que ele esteja disposto a participar do esquema.

2) Restrição da compatibilidade de incentivos. Supõe que, dado o esquema de incentivos escolhido pela autoridade, o agente escolherá a melhor ação para si mesmo. Isto significa que a autoridade não é capaz de escolher diretamente qual a ação que será empreendida pelo agente.

 Em uma situação ideal de informação completa, a autoridade poderia

observar o nível de esforço realizado pelo agente, premiando-o ou punindo-o de acordo com o esforço.

Numa situação mais realista, a escolha do nível de esforço é uma decisão privada do agente, gerando um problema de ação oculta (hidden action problem). Neste caso, os contratos não podem ser contingentes com relação ao esforço, apenas com relação ao desempenho (este, sim, pode ser observado).

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO Principais problemas inerentes à relação agente-principal:1) Existência de interesses divergentes entre as partes;2) Informação imperfeita quanto ao comportamento dos agentes

(assimetria informacional). 3) Problema de “risco moral” (moral hazard): se efetiva quando

o agente e o principal têm objetivos diferentes e o principal não pode determinar com facilidade em que medida as ações adotadas (ou reportadas) pelo agente visam atingir os objetivos por ele definidos.

4) Problema de “seleção adversa” (Fama e Jensen, 1983): surge quando a habilidade do “agente” para atender determinados requisitos de performance definidos pelo “principal” não pode ser facilmente observada;

5) Problema relativo à repartição do risco entre as partes envolvidas na relação, que surge a partir de diferentes atitudes - ou níveis de aversão - destas partes em relação ao mesmo.

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO Elementos Constituintes de “custos de agência”:

1) Custos associados ao monitoramento de condutas e à montagem de formas de incentivo, os quais incorrem sobre o “principal”.

2) Custos associados a determinadas obrigações suportadas pelo “agente”, os quais referem-se a despesas que ele irá incorrer caso adote ações que lesem os interesses do “principal”.

3) “Custo Oportunidade” implícito na relação, correspondente à perda residual equivalente ao diferencial entre os resultados das ações adotadas pelo “agente” e os resultados que garantiriam uma maximização do benefício do “principal”.

Princípio Geral: repartição dos riscos entre as partes envolvidas. A diferença entre as receitas aleatórias obtidas pelas organizações e as remunerações dos agentes fixadas através de contratos constitui um tipo particular de risco - o risco residual - assumido por aqueles agentes.

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO A) Sistema de Incentivos - princípios gerais: • Benefícios pagos aos agentes devem estar vinculados a sua

performance.• Esforços físicos, intelectuais e “morais” (associados a uma conduta

honesta) dos agentes devem ser recompensados. • Se o monitoramento direto não é possível, sistema deve recorrer a

formas de compensação baseadas na performance observada dos agentes.

• Sistema de incentivos deve contemplar uma repartição dos riscos inerentes à relação.

• Sistema deve contemplar proteção contra fenômenos aleatórios que podem influenciar sua performance  

B) Cenários possíveis em processo de contratação: • Informação completa: “first-best contracts”, que explicitam uma

remuneração a ser paga ao agente independente do nível de esforço e dos resultados obtidos.

• Informação incompleta: “second-best contracts”, utilizando sistemas de compensação baseados no resultado obtido pelo agente. Neste caso, existe perda de eficiência, pois uma parcela do risco ser “carregado” pelo agente ao longo da relação.

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO Elementos básicos de sistema eficaz de incentivos (Milgrom e

Roberts, 1992):

1) nível de esforço realizado pelo agente (e) => 2 alternativas:• e pode ser diretamente observado. • e não pode ser diretamente observado. Neste caso, o

principal tem como observar alguns indicadores imperfeitos de e, “contaminados” por eventos aleatórios fora do controle do agente. Assim:

z = e + x• z medida de performance que opera como indicador

imperfeito de e • x é uma variável aleatória. • Observação: um mesmo valor de z, podem se associar

diferentes combinações de e e x .

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO 2) Medida de desempenho: indicador y• y não é diretamente afetado pelo esforço e, mas está estatisticamente

relacionado a x. • y está associado a algum tipo de informação sobre o contexto no

qual se dá a relação, que afeta a performance do agente.

3) Medidas de Compensação:  w = + (e + x + ky)

• w: valor da compensação incorporada ao sistema de incentivos; : montante básico , equivalente a parcela fixa de incentivos; (e + x + ky): parcela variável de incentivos que varia de acordo com

os elementos observados, z e y. : elemento que denota a intensidade dos incentivos oferecidos ao

agente, • k (parâmetro): peso relativo atribuído à variável informacional y no

sistema de compensação. • z + ky: estimativa do nível de esforço que não pode ser efetivamente

observado pelo contratante.

4) TEORIA DA AGÊNCIA E MECANISMOS DE INDUÇÃO Hipóteses: • agente contratado selecionará seu nível de esforço de

maneira a que os ganhos marginais associados a um esforço adicional se igualem ao seu custo marginal de realização daquele esforço.

• Ganhos marginais correspondem à intensidade de incentivos oferecidos ao agente, de tal modo que uma unidade de aumento do esforço resulta num benefício adicional correspondente ao valor de .

• Custo marginal do agente correspondente à taxa pela qual o custo pessoal de realização de esforços aumenta quando o nível de esforço realizado se eleva.

 Condição de Eficiência Contratual: • Um determinado arcabouço contratual será eficiente se, e

somente se, os valores selecionados de (e, , , k) corresponderem àqueles que maximizam o benefício total para as partes envolvidas na relação, considerando os valores factíveis dentro do universo de contratos “compatíveis com os incentivos”.

5) TEORIA DA AGÊNCIA E DINÂMICA CONTRATUAL

Hipóteses: 1) As transações são disciplinadas através de contratos2) Um contrato é um acordo que especifica as condições de

intercâmbio (Exemplo: contrato de aluguel) 3) Sem mediação de contratos, somente as transações mais simples

poderiam ser realizadas através do mercado, envolvendo operações de prestação e pagamento.

4) Os contratos limitam as possibilidades de oportunismo, mas não as eliminam completamente.

 Problemas inerentes à relação agente-principal estão geralmente

associados à presença de contratos incompletos, dadas as condições de assimetria informacional na qual eles são elaborados.

 Contrato incompleto:• presença ambigüidade • adaptação a situações abertas• não se pode obrigar a outra parte a cumpri-lo

5) TEORIA DA AGÊNCIA E DINÂMICA CONTRATUAL

Abordagem Alternativa: dois tipos alternativos de contrato-padrão: 1) Contratos a “Preço Fixo” Preço é determinado ex-ante, com o pagamento sendo efetuado no

momento de entrega do bem. Características básicas: 1) não exige um acompanhamento de custos ao longo da sua realização; 2) incita o contratado a produzir da forma mais eficaz possível, na medida

em que ele pode conservar ganhos decorrentes da redução de custos; 3) transfere todos os riscos relacionados a aumentos dos custos de inputs

(matérias-primas, energia, salários) ao contratado. 4) comprador procura ativar a concorrência entre os vendedores a cada

operação, buscando reduzir preços dos fatores e apropriar os ganhos de produtividade.

5) Vendedores se defrontam com dois problemas: - ameaça resultante da concorrência potencial com fornecedores

outsiders, que se dispõem a operar com uma margem de lucro deliberadamente mais baixa;

- ameaça decorrente da possibilidade do comprador interromper repentinamente a relação, quando esta já não lhe for vantajosa.

5) TEORIA DA AGÊNCIA E DINÂMICA CONTRATUAL

2) Contratos a "preço de custo"

 

• Contratante assume integralmente o risco relacionado à possibilidade de aumento dos custos de inputs.

• Contrato reforça o problema de assimetrias informacionais, na medida em que o vendedor não tem nenhuma obrigação de performance incorporada explicitamente ao arranjo contratual.

• Este tipo de contrato se mostra adequado no caso de arranjos orientados a um horizonte temporal mais amplo - com prazo de duração superior a um ano - e que requeiram uma efetiva cooperação produtiva e tecnológica entre os agentes.

• Necessidade de mitigar problemas de assimetrias de informações, o que pode ser feito através da incorporação de mecanismos que incitem a transferência de informações entre os agentes e que promovam uma repartição eqüitativa dos riscos e ganhos relacionados à viabilização do acordo.

6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

• Governança Corporativa (GC): compreende um conjunto de questões relativas aos mecanismos de controle utilizados nas grandes corporações. Constitui um sistema por meio do qual se exerce e se monitora o controle nas corporações.

• Sistema está vinculado à estrutura de propriedade, às características do sistema financeiro, a densidade e profundidade dos mercados de capitais e ao arcabouço legal de cada economia.

•  O sistema de governança corporativa emerge justamente para procurar resolver o problema de agência oriundo da separação da propriedade do controle das corporações (Jensen & Meckling, 1976).

• Questão Básica: como estabelecer um sistema de monitoramento e incentivo de modo que os administradores gerenciem as empresas de acordo com o interesse dos acionistas?

• Através da governança corporativa são instituídos mecanismos que regulam as ações dos administradores (incluindo o grau de alavancagem financeira), podendo tal tarefa ser realizada por parte dos acionistas ou mesmo por parte do sistema bancário, através da avaliação de risco.

6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

Economias desenvolvidas apresentam dois modelos estilizados de governança corporativa [Lethbridge (1997)]:

1) nipo-germânico: controle das corporações ocorre, principalmente, através de mecanismos internos formados por participações cruzadas, com participação do capital bancário, companhias seguradoras e mesmo outras corporações;

2) anglo-saxão: pulverização do controle acionário, com presença de um mecanismo externo de controle através do mercado de capitais Nesse modelo, o preço das ações reflete um julgamento do mercado, por mais subjetivo que venha a ser, em relação às performances dos administradores e das empresas que comandam.

Debate sobre eficácia de estruturas de governança ganha relevo quando se busca associar estas estruturas com desempenho competitivo ao nível empresarial e nacional.

6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

Thomsen e Pedersen (1997): a estrutura de propriedade é um dos principais determinantes da governança corporativa. Hipóteses

1) concentração da propriedade por parte de grandes acionistas irá incentivá-los a tomar uma posição ativa, com interesse no desempenho da firma e na implementação de mecanismos de monitoramento dos administradores;

2) Posse de ações por administradores irá afetar os incentivos que estes possuem para maximizar o valor para os acionistas, ao invés de desenvolverem objetivos próprios;

3) identidade dos proprietários é um indicativo de suas prioridades, como, por exemplo, as empresas estatais que seguem diretrizes políticas;

4) acionistas/proprietários que possuem portfólios diversificados não serão aversos a uma postura de maior risco por parte da firma, ao passo que proprietários com uma parcela significativa de sua riqueza em uma única firma tendem a propor estratégias corporativas de baixo risco;

5) liquidez da propriedade irá afetar a preferência temporal dos proprietários e o comportamento de investimentos das corporações;

6) estruturas de propriedade integrada (hierarquias) podem reduzir os custos de coordenar transações com alto grau de especificidade dos ativos.

.

6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

Quando uma grande corporação tem sua propriedade pulverizada e seu controle entregue a executivos não proprietários coloca-se o problema de como garantir que o comportamento destes executivos esteja afinado com a maximização do valor para os acionistas. O monitoramento fica complicado dado o problema do free-rider, numa situação na qual os incentivos para um monitoramento são diminutos. Sistema de governança corporativa (GC) deveria oferecer uma solução eficiente para este problema.

 Hipótese Geral (Teoria da Agência): se todos os fatores de produção

forem avaliados em mercados competitivos, a maximização do resíduo pós-pagamento dos fatores asseguraria a eficiência alocativa da economia. Uma vez que os acionistas não obtêm nenhum outro benefício fora o resíduo, eles estariam todos interessados na maximização do valor do estoque das empresas como reflexo do somatório descontado dos fluxos futuros esperados de resíduo.

 Importância de mecanismos que avaliem competitivamente as empresas e

disciplinem as gerências quando o valor de mercado das empresas é reduzido. Um sistema adequado de governança deve, assim, sustentar-se em dois pilares: na soberania dos acionistas e em mercados de competitivos de controle corporativo.

6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

Críticas (Aoki, 1995; Mayers, 1996; Kester, 1992):• referencial não é adequado para analisar a

maioria das economias capitalistas desenvolvidas, na media em que é voltado basicamente para os casos dos Estados Unidos e da Inglaterra.

• Inadequação da aplicação mecanicista deste modelo a outras economias, na medida que podem ocorrer incompatibilidades com certos condicionamentos históricos.

• Concepção da soberania do acionista não representa necessariamente a solução mais eficiente para o controle das corporações.

• Qualquer sistema de governança corporativa mantém relações de complementaridade com outros arranjos institucionais da economia.

6) TEORIA DA AGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

• Elos e contratos entre outros stakeholders, particularmente aqueles entre a corporação e seus parceiros no comércio (e.g. clientes, fornecedores, subcontratados) são relegados ao domínio das transações de mercado pura e simples, onde é implicitamente assumido que estas relações serão apropriadamente controladas enquanto os mercados forem razoavelmente eficientes e competitivos.

• Um sistema eficiente de governança deve estruturar mecanismos especializados de incentivos, salvaguardas e resolução de conflitos que possam promover a continuidade dos relacionamentos comerciais que são eficientes, os quais, de outro modo, poderiam romper-se sob regras de contratualidade exclusivamente de mercado.

• Importância da estruturação de um sistema de governança corporativa que minimizasse os custos de agência atuando em paralelo com um sistema de governança contratual que minimizasse os custos de transação.

.