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1 Aula 8 Prof. Koffi Djima Amouzou Sustentabilidade e Governança Corporativa O exercício de atividades econômicas sociais e culturais, desenvolvidas pelas empresas no mundo atual, apesar de trazer melhorias à população, trouxe inúmeros desequilíbrios ambientais como aquecimento global, o efeito estufa, o degelo das calotas polares, poluição, extinção de espécies da fauna e flora entre outros. A partir de tais problemas ambientais o mundo todo hoje fala em sustentabilidade um tema que se incorporou nos conceitos de governança corporativa em que se pensa em maneiras de produzir o crescimento econômico, social e cultural sem que o ambiente seja agredido. Se você se lembrar ainda, vimos na nossa primeira aula uma definição da governança corporativa e chegamos à conclusão de que a boa Governança Corporativa assegura aos sócios e acionistas das empresas equidade, transparência, prestação de contas (accountability). De forma complementar, a adoção de práticas de Sustentabilidade Corporativa é fundamental para o sucesso dos negócios ao criar diferenciais competitivos e contribuir para o Desenvolvimento Sustentável. Sendo assim, nessa aula iremos analisar os diversos conceitos de desenvolvimento sustentável e destacar as relações entre sustentabilidade e governança corporativa. Metas Desenvolver uma compreensão do que é sustentabilidade e mostrar suas relações com o mundo corporativo, estudar as características dos das empresas sustentáveis.

Aula 8 Sustentabilidade

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Sustentabilidade

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Aula 8

Prof. Koffi Djima Amouzou

Sustentabilidade e Governança Corporativa

O exercício de atividades econômicas sociais e culturais, desenvolvidas

pelas empresas no mundo atual, apesar de trazer melhorias à

população, trouxe inúmeros desequilíbrios ambientais como

aquecimento global, o efeito estufa, o degelo das calotas polares,

poluição, extinção de espécies da fauna e flora entre outros. A partir de

tais problemas ambientais o mundo todo hoje fala em sustentabilidade

um tema que se incorporou nos conceitos de governança corporativa

em que se pensa em maneiras de produzir o crescimento econômico,

social e cultural sem que o ambiente seja agredido.

Se você se lembrar ainda, vimos na nossa primeira aula uma definição

da governança corporativa e chegamos à conclusão de que a boa

Governança Corporativa assegura aos sócios e acionistas das empresas

equidade, transparência, prestação de contas (accountability). De

forma complementar, a adoção de práticas de Sustentabilidade

Corporativa é fundamental para o sucesso dos negócios ao criar

diferenciais competitivos e contribuir para o Desenvolvimento

Sustentável.

Sendo assim, nessa aula iremos analisar os diversos conceitos de

desenvolvimento sustentável e destacar as relações entre

sustentabilidade e governança corporativa.

Metas

Desenvolver uma compreensão do que é sustentabilidade e mostrar

suas relações com o mundo corporativo, estudar as características dos

das empresas sustentáveis.

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Objetivos

Ao final dessa aula você será capaz de:

• Entender a definição de sustentabilidade.

• Entender os diversos conceitos de desenvolvimento sustentável.

• Compreender a relação entre sustentabilidade e governança

corporativa por meio das características das empresas

sustentáveis.

Definição de Sustentabilidade

Você consegue explicar o que desenvolvimento sustentável?

Repare que no mundo tudo hoje, a atenção dos grandes debates está

voltada para o único tema o sistema capitalista e o desenvolvimento

sustentável e porque isso acontece se antigamente as conferenciais

mundiais, que reuniam as grandes organizações mundiais (ONU, G8)

tinham no centro dos debates, os genocídios de guerras e o sistema de

democratização na África, no Oriente Médio, na Ásia e na América

Latina?

O que fez com que toda a atenção das crianças, jovens e adultos em

sala de aula, no trabalho e em casa, está voltada á um habito ou

educação de consumo e comportamento ecologicamente correto?

O que faz uma empresa hoje dia, adotar um comportamento

ecologicamente correto no seu sistema de transformação de insumos

em bens e serviços ecologicamente corretos ou simplesmente adotar

um sistema de produção chamado de produção mais limpa (P+L)?

Assim resumindo, a grande indagação que se faz hoje por qualquer

produtor e consumidor final é: Como produzir e consumir bens e serviços

sem esgotar recursos naturais importantes e sem despejar poluentes em

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quantidades superiores à capacidade natural de reciclagem do

planeta, ou seja, sem impor à natureza um preço exorbitante?

Bem, essas perguntas e outras serão respondidas nessa aula, mas antes,

não podemos deixar de entender a definição da palavra

sustentabilidade e suas origens.

O que é desenvolvimento sustentabilidade?

De acordo com a ONG Catalisa publicado no seu site

http://www.catalisa.org.br em 2003, define-se por Desenvolvimento

Sustentável um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental

equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas

próprias necessidades.

Entretanto, observe que esta concepção começa a se formar e difundir

junto com o questionamento do estilo de desenvolvimento adotado,

quando se constata que este é ecologicamente predatório na

utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com geração de

pobreza e extrema desigualdade social, politicamente injusto com

concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação

aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos

direitos humanos e aos das demais espécies.

De acordo com o ultimo relatório de sustentabilidade desenvolvido em

São Paulo em maio de 2009, e intitulado “key elements for a sustainable

world: energy, water and climate change”, qualquer empreendimento

humano para ser sustentável, deve ser:

• Ecologicamente correto,

• Economicamente viável,

• Socialmente justo e

• Culturalmente integrado de forma solidária e participativa.

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Segundo Lemos (2005), uma primeira concepção de sustentabilidade

origina-se no interior do discurso desenvolvimentista e é defendida pelo

estado e empresariado, a partir do que foi proclamado pela Comissão

Brundtland, em 1987, no relatório “O Nosso Futuro Comum”, que tornou

público o conceito de sustentabilidade, como a única alternativa para

o futuro da humanidade.

Segundo este relatório, para agir de forma sustentável é preciso visão

de longo prazo e consciência de que as relações sociais e o estilo de

vida impactam diretamente no meio, tendo solidariedade com os

descendentes. Esta concepção foi consolidada pela Agenda 21 que

colocou a economia como o motor do desenvolvimento sustentável.

Na Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, realizada na Cidade do Rio de janeiro, denominada

como Rio-92, que contou com a participação de 182 nações, a

sociedade civil organizada (ONGs) e empresas, reforçou a Agenda 21

como palco das manifestações sobre a questão ambiental.

Uma critica a definição da sustentabilidade: O lado perverso do desenvolvimento sustentável

Decorrente de muitas discussões a cerca da definição de

sustentabilidade os diversos atores institucionais envolvidos com a

questão de ambiental, resolvem trazer uma critica sobre o lado perverso

do desenvolvimento sustentável.

Com base na definição do desenvolvimento sustentável como um

modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado,

que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer

a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias

necessidades faz-se necessário fazer a seguinte critica:

Esta concepção começa a se formar e difundir junto com o

questionamento do estilo de desenvolvimento adotado, quando se

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constata que este é ecologicamente predatório na utilização dos

recursos naturais, socialmente perverso com geração de pobreza e

extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração

e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios

valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e aos

das demais espécies.

Quais Os Principais Conceitos de Sustentabilidade?

Tendo como referência a Rio 92, Steinberger (2001) aborda a existência

de duas noções-chave para a sustentabilidade:

a. A sustentabilidade ampliada, que é “o encontro político entre

a agenda ambiental e a agenda social, anunciando a

indissociabilidade entre fatores sociais e ambientais, e a

necessidade de se enfrentar a degradação ambiental junto

com o problema da pobreza” e;

b. A sustentabilidade progressiva, que “é vista como um

processo a ser construído paulatinamente e capaz de romper

o circulo vicioso da produção excludente e implantar um

circulo virtuoso”. Estas noções se apóiam nos seguintes

preceitos básicos:

• A ética, que considera a vida dos seres humanos e demais

seres;

• O tempo, ligado à necessidade de planejamento em longo

prazo;

• O social, com o pluralismo político e a diminuição das

desigualdades e;

• A prática, que visa à mudança de hábitos de consumo e

comportamento.

Por outro lado, Ekins (2000) conceitua a sustentabilidade em três

dimensões: ética, social e econômica. Para o autor, o espaço físico é

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visto como objeto que propicia o desenvolvimento das referidas

dimensões da sustentabilidade.

Repare então que existe com isso, uma ampla difusão e múltiplas

posições relacionadas com a compreensão de sustentabilidade,

porém, muitos entendem que o conceito ainda esta sendo construído e

se trata de um “principio em evolução” empregado muito mais como

afirmação de imagem corporativa, segundo uma jogada de marketing,

do que com a real aplicabilidade que o planeta necessita.

Independente de sua aplicabilidade, a sustentabilidade está na

agenda positiva de debate das Nações modernas.

Principais abordagens do conceito de sustentabilidade

Com base nos diversos debates promovidos sobre o desenvolvimento

sustentável, distinguem-se sete abordagens principais do conceito de

sustentabilidade, a saber:

a. Sustentabilidade Social - melhoria da qualidade de vida da

população, eqüidade na distribuição de renda e de diminuição

das diferenças sociais, com participação e organização popular;

b. Sustentabilidade Econômica - públicos e privados, regularização

do fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de

produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento,

acesso à ciência e tecnologia;

c. Sustentabilidade Ecológica - o uso dos recursos naturais deve

minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução

dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e

energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e

regras para uma adequada proteção ambiental;

d. Sustentabilidade Cultural - respeito aos diferentes valores entre os

povos e incentivo a processos de mudança que acolham as

especificidades locais;

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e. Sustentabilidade Espacial - equilíbrio entre o rural e o urbano,

equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles,

adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à

saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e

industrialização descentralizada;

f. Sustentabilidade Política

- no caso do Brasil, a

evolução da

democracia

representativa para

sistemas

descentralizados e

participativos,

construção de espaços

públicos comunitários,

maior autonomia dos

governos locais e

descentralização da

gestão de recursos;

g. Sustentabilidade Ambiental - conservação geográfica, equilíbrio

de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito

aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as

dimensões anteriores através de processos complexos.

Os Dez consensos do Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável

Decorrente dos muitos encontros para debater o desenvolvimento

local, integrado e sustentável, os diversos atores institucionais envolvidos

com a questão ambiental, tendo a Agenda 21 como pano de fundo,

conseguem estabelecer 10 consensos sobre tema, como analisa Franco

(1998):

Atividade 01:

Para cada uma das sete aspectos das abordagens

sobre o conceito de sustentabilidade, site exemplos

de empresas seja ela, pública ou privada que tenha

desenvolvido algum projeto que responda a esses

conceitos. Para isso, você deverá identificar as

seguintes informações para essa atividade:

a. Nome da empresa

b. Setor de atuação

c. Tipo de projeto

d. Conceito de sustentabilidade atingido pelo

projeto

e. Público-alvo

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• O primeiro consenso é sobre o conceito de desenvolvimento local

integrado e sustentável que parte do principio de que “é um

novo modo de promover o desenvolvimento, que possibilita o

surgimento de comunidades mais sustentáveis, capazes de suprir

suas necessidades imediatas, descobrir ou despertar suas

vocações locais e desenvolver suas potencialidades específicas,

além de fomentar o intercâmbio externo, aproveitando-se de

suas vantagens locais.

• No segundo consenso, os objetivos do desenvolvimento local

integrado são definidos como “uma via possível para a melhoria

da qualidade de vida das populações e para a conquista de

modos-de-vida mais sustentáveis”.

• O terceiro consenso trata das condições políticas e institucionais,

valorizando as múltiplas experiências locais com a perspectiva de

compor uma “alternativa complementar global de

desenvolvimento do país, a partir de estratégia nacional de

desenvolvimento que compreenda a sua necessidade e uma

política pública conseqüente”.

• O quarto consenso se preocupa com a participação do poder

local como “condição necessária, embora não suficiente, para o

êxito de projetos de desenvolvimento local integrado e

sustentável”.

• Por outro lado, o quinto consenso trata da participação da

sociedade civil organizada como elemento fundamental para

viabilizar a parceria interinstitucional entre Estado, mercado e

sociedade civil.

• O sexto consenso sugere que uma nova dinâmica econômica é

necessária para que ocorra a sustentabilidade, considerando que

a matriz de desenvolvimento não deve ficar refém do mercado.

Para tanto, os atores envolvidos devem estimular “a diversidade

econômica e a complementaridade de empreendimentos” para

produzir a cadeia sustentável de iniciativas. Por outro lado, a

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mudança na dinâmica econômica requer o investimento

intensivo nas matrizes produtivas, sem comprometer a situação

presente e gerar um futuro sustentável.

• No sétimo consenso, o financiamento é o foco o que “exige a

transferência de recursos exógenos e a mobilização de recursos

endógenos, públicos e privados”.

• O oitavo consenso entende que os agentes de desenvolvimento

governamentais, empresariais e da Sociedade Civil, sejam na

condição de voluntários ou não, precisam ser capacitados

tecnicamente para que o desenvolvimento seja, também, do

capital intelectual e do exercício da governança participativa.

• O nono consenso, por sua vez, inclui o debate sobre a

constituição de uma nova base de informação que viabilize um

diagnóstico mais preciso e propositivo da economia e da

realidade social, a partir da produção de indicadores com índices

capazes de medir e acompanhar a oscilação positiva da

qualidade de vida e da sustentabilidade no processo de

desenvolvimento local, integrado e sustentável.

• O décimo consenso complementa o anterior e aborda a

comunicação como um dos principais fatores do

desenvolvimento, uma vez que a população deve ser despertada

para as potencialidades e benefícios de um desenvolvimento

mais solidário, tendo como referência a aplicação de estratégias

de comunicação social e de marketing adequado para cada

realidade local.

Princípios fundamentais a promoção da sustentabilidade

Com base nos 10 consensos acima analisados, dois princípios são

fundamentais na promoção da sustentabilidade: Governança

Corporativa e Inovação. Somente apoiada em boas práticas de

governança corporativa os consensos conseguem assegurar que os

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interesses dos diversos agentes e atores do desenvolvimento sejam

preservados, considerando que a questão da sustentabilidade requer o

reconhecimento e a valorização da interdependência de forma

participativa dos agentes do desenvolvimento, abrindo espaço para a

promoção da Governança Participativa.

Por outro lado, a inovação é o elemento catalisador da mudança de

paradigma acima mencionada, criando novos produtos, redesenhando

processos existentes e repensando o modelo de negócios das

organizações, bem como as matrizes locais de desenvolvimento.

Entretanto, a Agenda 21 apresenta como um dos principais

fundamentos da sustentabilidade, o fortalecimento da democracia e

da cidadania, através da participação dos indivíduos no processo de

desenvolvimento, combinando ideais de ética, justiça, participação,

democracia e satisfação de necessidades.

Focos de sustentabilidade discriminados na Agenda 21

O processo de Agenda 21 iniciado no Rio em 92 reforça que antes de se

reduzir a questão ambiental a argumentos técnicos, deve-se consolidar

alianças entre os diversos grupos sociais responsáveis pela catalisação

das transformações necessárias.

Dentre alguns dos focos discriminados na Agenda 21, podemos

destacar:

• Cooperação internacional

• Combate à pobreza

• Mudança dos padrões de consumo

• Habitação adequada

• Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada

de decisões

• Proteção da atmosfera

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• Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos

recursos terrestres

• Combate ao desflorestamento

• Manejo de ecossistemas

frágeis: a luta contra a

desertificação e a seca

• Promoção do desenvolvimento

rural e agrícola sustentável

• Conservação da diversidade

biológica

• Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões

relacionadas com os esgotos

• Fortalecimento do papel das organizações não-governamentais:

parceiros para um desenvolvimento sustentável

• Iniciativas das autoridades locais em apoio à agenda 21 a

comunidade científica e tecnológica

• Fortalecimento do papel dos agricultores

• Transferência de tecnologia ambientalmente saudável,

cooperação e fortalecimento institucional a ciência para o

desenvolvimento sustentável

• Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento

Sustentabilidade e Governança Corporativa

O que a sustentabilidade tem a ver com governança corporativa? Essa

questão constitui a base dos fundamentos, para explicar a relação

entre os dois conceitos.

Aplicar na Bolsa, visando à formação de patrimônio ou reservas para

utilização futura, envolve normalmente um horizonte de longo prazo.

Selecionar empresas com práticas socialmente responsáveis e

sustentabilidade no longo prazo, é o caminho natural para os

Atividade 02:

Indique uma atividade em que você tenha

contribuído como catalisador (a) de

desenvolvimento sustentável na sua

comunidade ou na sua empresa.

Descreva a atividade e os focos de

sustentabilidade atingidos.

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investidores com essa política de gestão. Essa relação, em muitas

ocasiões é medida pelo um indicador chamado de índice de

sustentabilidade empresarial (ISE). A seguir iremos explicar o que é o ISE

e como isso iniciou.

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

O ISE foi instituído depois de uma longa discussão de varias entidade

com a BM&FBOVESPA1 sobre a criação de um índice composto

somente por ações de empresas que se destacam em responsabilidade

social e sustentabilidade, inspirado nas experiências internacionais.

BM&FBOVESPA decide que, dadas as características especiais desse

indicador, ele seria o resultado de um trabalho conjunto entre a Bolsa e

um grupo de entidades, formada por representantes da BM&FBOVESPA,

Associações e ONGs.

È importante lembrar que esse tipo de iniciativa, já existia nos Estados

Unidos, com o crescimento de investimentos com foco em

sustentabilidade.

De acordo com o relatório de empresas socialmente responsáveis nos

Estados Unidos “report on socially responsible investment trends in the

united states” de 2007, o investimento “SRI”2 está crescendo

rapidamente nos Estados Unidos. De 1995 a 2007 o montante de

investimento envolvido com “SRI” cresceu mais de 320%. Ao final de

2007, dos US$ 25,1 trilhões aplicados na indústria de fundos, US$ 2,7

trilhões (10,76%) estavam aplicados em fundos “SRI”.

1 BM&FBOVESPA Bolsa de Mercadoria Futura da Bolsa de Valores de São Paulo é um órgão da Bovespa, responsável pela

negociação de ações de mercadorias e futuras da BOVESPA.

2 SRI Socially Responsible Investment é o quase o mesmo que o índice de sustentabilidade empresarial.

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Quais as prioridades do ISE?

O Índice de sustentabilidade empresarial destaca as seguintes

prioridades com foco na sustentabilidade:

a. Ser composto por empresas que se destacam em

responsabilidade social, com sustentabilidade no longo prazo.

b. Ser um referencial do desempenho das ações desse tipo de

empresa.

c. Ser percebido como tal pelo mercado (credibilidade).

d. Ser replicável.

e. Estimular boas práticas por parte das demais empresas.

f. Desenvolvimento dos critérios de seleção, através de consulta e

com a participação de representantes dos “stakeholders”.

g. Validação pela Sociedade Civil.

Quais são os critérios de seleção da carteira de ISE?

São encaminhados questionários às empresas pré-selecionadas, com as

150 ações mais líquidas lembrando que a revisão da carteira é anual.

Em seguida, o Conselho escolhe as empresas com melhor classificação,

principalmente considerando:

• Relacionamento com empregados e fornecedores;

• Relacionamento com a comunidade;

• Governança corporativa;

• Impacto ambiental de suas atividades

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Estrutura de Avaliação do Questionário do ISE

Quanto à avaliação dos questionários, seis dimensões são levadas em

consideração:

a. Dimensão geral: os pontos analisados na dimensão geral

considerem o compromisso com o desenvolvimento sustentável e

com a transparência nas suas operações. Nesse tipo de analise

são feitas duas questões relevantes:

• O compromisso com o desenvolvimento sustentável está

formalmente inserido na estratégia da companhia?

• A companhia possui compromisso formal em relação ao

combate a todas as formas de corrupção?

b. Dimensão natureza do produto: nessa dimensão os pontos

atribuídos considerem o consumo ou utilização normal de

produtos, Natureza do Produto produzidos ou comercializados

pela companhia ou por suas controladas poderá ocasionar:

• Morte do usuário/consumidor ou de terceiros?

• Dependência química ou psíquica do usuário/consumidor?

• Riscos ou danos à saúde e integridade física do

usuário/consumidor ou de terceiros?

c. Dimensão governança Corporativa: nessa dimensão as

pontuações são atribuídas de acordo com duas questões

fundamentais:

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• A companhia tem ações preferenciais, no mercado ou em

tesouraria?

• A companhia garante direitos de “tag-along” para as

ações ordinárias além dos que são legalmente exigidos?

d. Dimensão econômico-financeira: nessa dimensão são levantadas

questões como:

• Existem processos e procedimentos implementados de

gestão de oportunidades corporativas que considerem

aspectos socioambientais de curto, médio e longo prazo?

• A companhia calcula o lucro econômico ou outras medidas

de geração de valor econômico?

e. Dimensão ambiental: nessa dimensão as empresas são

classificadas em cinco grupos de acordo com os seguintes

critérios de pontuação:

• Grupo A: Recursos Renováveis

• Grupo B: Recursos Não Renováveis

• Grupo C: Matérias Primas e Insumos

• Grupo D: Transporte e Logística

• Grupo E: Serviços

• Grupo IF: Instituições Financeiras e Seguradoras

Para se identificar os grupos de A á E da dimensão ambiental, as

pontuações considerem os seguintes itens de questões:

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• A companhia possui uma política ambiental documentada

e aprovada pela alta direção e amplamente divulgada às

partes interessadas?

• Há registro de inquérito ambiental (civil ou criminal), nos

últimos três anos, que tenha a companhia ou algum de seus

dirigentes como investigados?

Quanto ao grupo IF é importante saber se:

• A instituição possui uma política corporativa de

responsabilidade ambiental, que estabelece as diretrizes

para a incorporação dos princípios de sustentabilidade nos

negócios?

• A instituição possui uma política socioambiental de

avaliação de crédito?

f. Dimensão social: nessa dimensão considera-se o grau de

compromisso formal da companhia em relação à(ao):

• Erradicação do trabalho infantil?

• Erradicação do trabalho forçado ou compulsório?

• Combate à prática de discriminação em todas as suas

formas?

• Valorização da diversidade?

• Prevenção do assédio moral e do assédio sexual?

• Garantia da livre associação sindical e direito à

negociação coletiva?

Perfil do investidor sustentável

Os investidores sustentáveis hoje têm os seguintes perfis:

a. Pragmático: São aqueles que compram ações de empresas

listadas em índices de sustentabilidade porque acreditam que

essas companhias têm mais chances de permanecerem

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produtivas pelas próximas décadas e que sofrerão menos

passivos judiciais, com ações ambientais, trabalhistas e sociais.

b. Engajado: É aquele que, por comprometimento pessoal, decide

privilegiar as empresas que atuam de forma sustentável, com

respeito a valores éticos, ambientais e sociais. Ele não quer se

envolver com empresas que poluem ou que têm problemas com

direitos humanos. Está disposto a pagar um valor maior pela ação

de empresas que privilegiam os três pilares de sustentabilidade:

econômico, ambiental e social.

Lembra-se que a procura por empresas socialmente responsáveis e

com sustentabilidade por parte dos investidores não é recente. Os

primeiros fundos de investimento nos EUA com esse foco surgiram em

meados da década de 80. E no Brasil, esses fundos foram criados há

alguns anos.