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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F Patrimnio Responsabilizador 1

    A Bblia a Palavra de Deus ao ho-mem ; o Cred o a resposta do homema Deus. A Bblia revela a verdade emforma popular de vida e fato; o Credodeclara a verdade em forma lgica dedoutrina. A Bblia para ser crida e o-be de c ida ; o Credo p ara ser professa-do e ensinad o P. Schaff, The Creeds ofChristendom, 6 ed. revised and enlarged,Grand Rapids, Michigan: Baker Book Hou-se, 1977, Vol. II, p. 3.

    No Declogo (...) Deus fala aos ho-mens; na Orao do Senhor, o homemfala c om Deus; no Credo , o home m fa lacom Deus e aos homens Herman Wit-sius, Sacred Dissertations on The ApostlesCreeds, Escondido, California: The den DulkChristian Foundation, 1993 (Reprinted), Vol.1, p. 15.

    O q ue temos de fazer reconhec erque somos, muito mais do que reco-

    nhecemos, frgeis filhos da tradio,boa ou m, e precisamos aprender aquestionar, luz das Escrituras, aquiloque at aq ui ac eitamos sem pe rgunta s J.I. Packer, O Conforto do Conservado-rismo: In: Michael Horton, ed. Religio dePoder, So Paulo: Cultura Crist, 1998, p.236.

    O mundo no funciona apenascom crenas. Mas dificilmente conse-gue funcionar sem elas Clifford Ge-ertz, Nova Luz Sobre a Antropologia, Rio deJaneiro: Jorge Zahar Editor, 2001, p. 155.

    INTRODUO:

    No devem os filhos entesourar (qhsauri/zw)2para os pais, mas os pais, para

    1Estudo ministrado na Escola Dominical da Igreja Presbiteriana em So Bernardo do Campo, SP., no

    dia 17 de maio de 2009.2

    *Mt 6.19,20; Lc 12.21; Rm 2.5; 1Co 16.2; 2Co 12.14; Tg 5.3; 2Pe 3.7. Para um estudo pormenoriza-

    do da palavra, vejam-se: F. Hauck, qesauro/j: In: G. Friedrich & Gerhard Kittel, eds. Theological Dic-tionary of the New Testament,8 ed. Grand Rapids, Michigan: WM. B. Eerdmans Publishing Co., (re-printed) 1982, Vol. III, p. 136-138; J. Eichler & C. Brown, Posses: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 2os filhos(2Co 12.14). Paulo entendia que como pai na f dos crentes corntios (1Co4.14-15; 2Co 6.13/31Co 3.6,10; 9.1)4 deveria aliment-los e fortalec-los em sua f.Esta analogia fala-nos, portanto, da responsabilidade do pastor em buscar o supri-mento necessrio, por intermdio da Palavra, para o progresso espiritual de seu re-

    banho. Por isso que a infide lidad e ou neglig ncia d e um pa stor fa tal I-greja .5

    Curiosamente a nossa palavra patrimnio(Latim: patrimonium) est associada e-timologicamente palavra pai. Recebemos nosso patrimnio de nossos pais. De fa-to, de modo especial na infncia, com rarssimas excees, dificilmente podemoscontribuir para o aumento dos bens de nossos pais; ns apenas os recebemos. Nofuturo, possivelmente nossos filhos recebero os nossos bens, muito ou pouco; con-tudo, certamente entesourados por ns e pelos nossos pais... Salomo, inspiradopor Deus, escrevera: A casa e os bens vm como herana dos pais....(Pv 19.14a).

    O designativo Pais foi aplicado aos bispos da Igreja no segundo sculo. A obraannima, O Martrio de Policarpo, escrita por uma testemunha ocular do ocorrido,por volta do ano 155 AD, relata que a turba pa g e judia d esejand o m ata r Po-licarpo, por ser cristo, vociferou: Eis o doutor da sia, o pai dos cristos, odestruidor dos deuses, que c om seu ensino, a fasta os homens dos sac rifc ios eda adora o. .6 (Destaque meu). Isto indica que na poca era comum referir-seaos bispos cristos como Pais (no sentido acima descrito, tinha uma conotao pe-jorativa, como pai de uma heresia ou pai dos hereges). O emprego dessa expres-so disseminou-se de tal forma que, no quarto sculo, todos os pastores e mestresque haviam participado do Conclio de Nicia (325), eram chamados de Pais da I-

    greja.7

    Dicionrio Internacional de Teologia do Novo Testamento,So Paulo: Vida Nova, 1981-1983, Vol. III,p. 590-597.314 No vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrrio, para vos admoestar como a

    filhos meus amados.15

    Porque, ainda que tivsseis milhares de preceptores (paidagwgo/j) em Cris-to, no tereis, contudo, muitos pais(path/r); pois eu, pelo evangelho, vos gerei(genna/w) em CristoJesus(1Co 4.14-15). Ora, como justa retribuio (falo-vos como a filhos (te/knon)), dilatai-vos tam-bm vs(2Co 6.13).4

    Irineu (c. 120-202) usa a mesma expresso, dizendo: Quem foi instrudo p or outro po r me io d a

    palavra chamado filho de quem o instruiu e este pai daquele (Irineu, Irineu de Lio, SoPaulo: Paulus, 1995, IV.41.2. p. 513). Vejam-se outras referncias ao emprego da expresso in: A.Hamman, Pai [Padre] Padres da Igreja: In: ngelo Di Berardino, org. Dicionrio Patrstico e de Anti-guidades Crists, Petrpolis, RJ./So Paulo: Vozes/Paulinas, 2002, p. 1059-1060; B. Altaner & A.Stuiber, Patrologia, 2 ed. So Paulo: Paulinas, 1988, p. 18-20.5

    Joo Calvino, As Pastorais,So Paulo: Paracletos, 1998, (1Tm 4.16), p. 126.6O Martrio de Policarpo, XII.2. In: H. Bettenson, Documentos da Igreja Crist, So Paulo: ASTE.,

    1967, p. 39. Para um estudo crtico deste documento, inclusive no que se refere data do martrio,veja-se: J.B. Lightfoot, The Apostolic Fathers, 2 ed. Peabody Massachusetts: Hendrickson Publi-shers. 1989, Vol. I, p. 646-722. Para uma viso abreviada desta discusso, ver: J.B. Lightfoot,The Apostolic Fathers, 10 ed. Grand Rapids, Michigan: Baker, 1978, p. 103-106.7Agostinho (354-430) parece ter sido o primeiro a ampliar o conceito, incluindo So Jernimo, um

    presbtero, entre os Pais(Cf. B. Altaner & A. Stuiber, Patrologia, 2 ed. So Paulo: Paulinas, 1988, p.19). Seguindo o exemplo de Agostinho, Vicente de Lrins em 434, aplicou o termo Paia diversos es-critores eclesisticos sem nenhuma distino hierrquica. (Ver: Vicente de Lrins, Commonitorium,

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    Entre os cristos, a expresso aplicada aos bispos assume uma conotao cari-nhosa, indicando tambm a sua responsabilidade: O conceito de Padre da I-greja evide ncia um a spe c to d a ric a figura p ate rna: o bispo c omo autntic o

    transmissor e garante (sic) da verdadeira f, aquele que vela pela sucessoininterrupta da f d esde os ap stolos be m c omo p ela c ontinuida de e unida -de d a f na c omunho c om a igreja. Ele o fiel mestre d a f, ao q ual se p o-de recorrer nas dvidas da f. Essa autoridade na verdade no torna o Pa-dre da Igreja individualmente inerrante em todos os pormenores ele devese ater Sagrada Escritura e regula fideida igreja universal mas, em sin-tonia com elas, ele testemunha autntica da f e d a do utrina d a Igreja .8

    Etienne Gilson (1884-1978), seguindo uma compreenso clssica, diz que umPai deveria apresentar quatro caractersticas: ortodoxia doutrinal, santidade

    de vida, aprovao da Igreja, relativa Antiguidade (at fins do sculo III a-proximadamente) .9

    Os documentos da Igreja que recebemos, no so infalveis, nem jamais preten-deram isso; contudo, so os tesouroshistricos e teolgicos que nos foram legados.A Igreja no pode sobreviver sem a conscincia de seu passado, de suas lutas, difi-culdades, fracassos e, certamente, por graa, de suas vitrias. Esta conscincia de-ve gerar em ns um esprito de gratido, humildade e desafio diante da magnitudeda Revelao de Deus.

    Muitas vezes em nossas lutas presentes somos terrivelmente dominados pelasensao delas serem nicas ou as mais violentas. A histria de nossos pais podeser fonte de grande estmulo e consolo para ns. Por meio da histria de sua vida etestemunho podemos descobrir s vezes para vergonha nossa , o quanto nossosirmos do passado lutaram bravamente pela f que uma vez por todas foi entregueaos santos e da qual somos herdeiros. O nosso presente tende a assumir dentro dealguns contextos o carter de onipresena, como se fosse um presente contnuo,10assim, pensamos estar sozinhos em nossa empreitada, nos esquecendo da aoabenoadora e preservadora de Deus ao longo da histria que hoje, cabe ser escritapor ns.

    Veith escreve com propriedade:

    31 e 33. In: Philip Schaff & Henry Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of Christian Church,Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (reprinted). (Second Series), 1978, Vol. XI, p. 155 e 156. (Dora-vante citado como NPNF2).8

    Hubertus R. Drobner, Manual de Patrologia, Petrpolis, RJ: Vozes, 2003, p. 11-12.9E. Gilson, A Filosofia na Idade Mdia, So Paulo: Martins Fontes, 1995, Introduo, p. XXI. Do

    mesmo modo: Hubertus R. Drobner, Manual de Patrologia, p. 12; B. Altaner & A. Stuiber, Patrologia,p. 20.10

    Dentro de outro contexto e abordagem, o historiador britnico contemporneo, Eric Hobsbawn(1917-), num de seus livros, analisando a nossa presente era, diz que quase todos os jovens de

    hoje crescem numa espcie de presente contnuo, sem qualquer relao orgnica com opa ssad o pb lico da po ca em q ue vivem (A Era dos Extremos, So Paulo: Companhia das Le-tras, 1995, p. 13).

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    Os c ristos mo dernos so os herdeiros de uma grande trad i o intelec -tual crist. Essa tradio de pensamento ativo e soluo prtica de pro-b lem as um a a liada vita l dos c ristos que lutam c ontra a s tend nc ias in-

    telectuais do mundo contemporneo. O uso das perspectivas do passadopode fornecer uma perspectiva valiosa sobre as questes atuais. Pode-mo s, assim, livra r-nos da t irania do p resente, a suposi o d e q ue a ma nei-ra que a s pessoa s pensam ho je o n ico mod o p ossvel de p ensar .11

    Na Reforma Protestante do sculo XVI, o uso de Catecismos e Confisses, foi degrande valia para a educao dos crentes, partindo sempre do princpio da necessi-dade da f explcita, de que todos os cristos devem conhecer a sua f, sabendo noque crem e porque crem. No Brasil, quando o presbiterianismo foi iniciado(1860),12 o ensino dos smbolos de Westminster teve papel decisivo na consolidao

    de sua identidade como Igreja Reformada. Hoje, em nome de um suposto pluralis-mo pretensamente acadmico, o que podemos perceber, um enfraquecimentodesta nfase, mesmo nos Seminrios ditos Reformados, acarretando um desfigura-mento doutrinrio por parte de muitos de seus pastores e consequentemente, dosmembros da igreja. Por trs de todo pluralismo h o mito da neutralidade acadmi-ca,13 como se fosse possvel algum ensinar sem seus pressupostos que conduzema sua perspectiva da realidade. A nossa percepo e ao fundamentam-se emnossos pressupostos14 os quais so reforados, transformados, lapidados ou aban-donados em prol de outros, conforme a nossa percepo dos fatos. Os pressupos-tos se constituem na janela (quadro de referncia) por meio da qual vejo a realidade;

    o difcil identificar a nossa janela, ainda que sem ela nada enxerguemos.

    15

    Assim,11

    Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, So Paulo: Cultura Crist, 2006, p. 97.12

    Como sabemos o Presbiterianismo brasileiro comemora o seu aniversrio em 12 de agosto, tendocomo marco a chegada de Ashbel G. Simonton (1833-1867) no Rio de Janeiro, em 12/08/1859. To-davia, usei o ano de 1860, no com o intuito de polemizar a respeito alis, porque considero de in-teira irrelevncia uma discusso deste tipo , mas sim, porque foi em 22/04/1860 que ele comeouuma Escola Dominical em sua casa, sendo este o seu primeiro trabalho evanglico realizado em por-tugus. O nosso sistema no episcopal que entende que onde est o bispo est a Igreja... [Vd. maisdetalhes in Hermisten M.P. Costa, Os Primrdios do Presbiterianismo no Brasil: Breves Anotaes,So Paulo, 1997].13

    A neutralidade impossvel tal qual a objetividade completa, no entanto, deve ser buscada. Gil-berto Freyre expressou bem isto, ao dizer:"A p erfei o o bjetiva na s Cincias do home m o u nosEstudos Sociais talvez no exista. Mas o af de objetividade pode existir. a marca do histo-riador intelectualmente honesto. E sua ausncia, o sinal do intelectualismo desonesto" (Gil-berto Freyre, na Apresentao da obra de Davi Gueiros Vieira, O Protestantismo, A Maonaria e aQuesto Religiosa no Brasil, Braslia, Editora Universidade de Braslia, 1980, p. 9).14 As p ressupo si e s a inda dete rminam nossos destinos, mesmo a despe ito de a lgum a in-consistncia no caminho (R.K. McGregor Wright, A Soberania Banida: Redeno para a culturaps-moderna, So Paulo: Editora Cultura Crist, 1998, p. 15).15Seria atenuar os fatos dizer que a cosmoviso ou viso de mundo um tpico importan-te. Diria que c om preend er com o so forma da s as c osmovises e c om o g uiam ou limitam ope nsam ento o p asso e ssenc ial p ara e ntende r tudo o m ais. Comp reend er isso a lgo c om o

    tentar ver o cristalino do prprio olho. Em geral, no vemos nossa prpria cosmoviso, masvemo s tudo olhando po r ela. Em o utras pa lavras, a jane la pe la qua l perceb emo s o m undoe determinamos, quase sempre subconscientemente, o que real e importante, ou irreal e

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 5falar sobre a nossa cosmoviso,16 alm de ser difcil verbaliz-la, paradoxalmentedesnecessrio. Parece que h um pacto involuntrio de silncio o qual aponta paraum suposto conhecimento comum: todos sabemos a nossa cosmoviso. Deste mo-do, s falamos, se falamos e quando falamos de nossa cosmoviso, para os ou-

    tros, os estranhos, no iniciados em nossa forma de pensar. Sire resume bem isso:Uma cosmoviso composta de um conjunto de pressuposies bsicas,ma is ou meno s c onsistentes umas c om as out ras, ma is ou me nos verda deiras.Em geral, no c ostumam ser questiona das por ns mesmo s, ra ramente oununca so m enc iona das por nossos amigos, e so a pena s lembradas quan-do som os desa fiados por um estrange iro de outro universo ideo lg ic o .17

    Tenho observado que se voc sustentar uma posio teolgica histrica, inde-pendentemente de sua tradio e de sua argumentao, ela tender a ser conside-rada radical e limitada. Contudo, se voc simplesmente se limitar a fazer crticas s

    tradies teolgicas, valendo-se de clichs repetidos e mesmo j abandonados,sem propor nenhuma alternativa bblica e historicamente viveis, voc ser conside-rado um intelectual profundo, com grande argcia e capacidade crtica. Talvez atoua a seu respeito: aquele cara meio liberal, mas, uma capacidade; ele nos fazpensar.... Esta uma das falcias do chamado academicismo moderno. A questoepistemolgica antecede prxis. Contudo, como nos aprofundar no campo intelec-tual se abandonamos as questes epistemolgicas? As palavras de Machen (1881-1937) no incio do sculo XX no se tornam ainda mais eloqentes nos dias de ho-je?: A igreja est hoje p erec endo p or falta de pe nsam ento, no po r exc essodo mesmo .18

    No incio do sculo XIX, ouvia-se o clamor de determinados grupos independen-tes nos Estados Unidos, que diziam o seguinte: Nenhum credo seno a Bblia.19 A-titude similar ainda hoje observada em grupos ou pessoas, dentro de denomina-es chamadas histricas, que manifestam de forma clara o seu desprezo para com

    sem imp ortncia (Phillip E. Johnson no Prefcio obra de Nancy Pearcey, A Verdade Absoluta:Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assem-blias de Deus, 2006, p. 11).16

    Em essncia, um conjunto de pressuposies (hipteses que podem ser verdadeiras,parcialmente verdadeiras ou inteiramente falsas) que sustentamos (consciente ou inconsci-entemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a formao bsica do nosso mundo(James W. Sire, O Universo ao Lado, So Paulo: Hagnos, 2004, p. 21).17

    James W. Sire, O Universo ao Lado, So Paulo: Hagnos, 2004, p. 21-22.18

    J.G. Machen, Cristianismo y Cultura, Barcelona: Asociacin Cultural de Estudios de la LiteraturaReformada, 1974, p. 19.19

    Cf. M.A. Noll, Confisses de F: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopdia Histrico-Teolgica da IgrejaCrist, So Paulo: Vida Nova, 1988-1990, Vol. I, p. 340. Este tipo de declarao tambm tornou-secomum pelo menos, no incio do sculo XX, quando alguns fundamentalistas alm de repetirem a a-firmao supra, tambm bradavam: Nenhum CREDO', seno Cristo (Vd. R.B. Kuiper, El CuerpoGlorioso de Cristo: La Santa Iglesia, Grand Rapids, Michigan: SLC., 1985, p. 100; L. Berkhof, Intro-duccion a la Teologia Sistematica, Grand Rapids, Michigan: T.E.L.L., c. 1973, p. 22). Entre o final dosanos 50 e incio dos anos 60, Lloyd-Jones disse com tristeza: No presente sculo h marcante

    averso por credos, confisses e por definies precisas. O cristianismo tornou-se um vago einde finido esprito de bo a vonta de e filantropia (David M. Lloyd-Jones, A Unidade Crist, SoPaulo: PES., 1994, p. 213).

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 6os Credos da Igreja ou, de modo velado, no se interessando por eles, como se osCredos fossem apenas uma srie de pronunciamentos antiquados, sem nenhumarelevncia para a igreja contempornea ou como se eles pretendessem se constituirnuma declarao de f que rivalizasse com as Escrituras Sagradas, devendo portan-

    to, ser rejeitados por no estarem de acordo com o esprito da Reforma que, corre-tamente, enfatizou Sola Scriptura...

    Quando tratamos deste tema, as questes que logo vm baila so: Estariamtais grupos ou pessoas errados? Por outro lado, as denominaes que tm as suasConfisses de F estariam incorrendo em erros? Neste caso, os Credos e as Con-fisses no estariam sendo colocados no mesmo nvel das Escrituras, contrariando,assim, um dos princpios da Reforma, que diz: Sola Scriptura?

    Tais questes parecem-nos de grande relevncia e pertinncia; cremos poderrespond-las ao longo deste texto; todavia, consideramos oportuno realar prelimi-

    narmente, que Lutero e os refo rma dores no queriam d izer por Sola Sc ripturaque a Bb lia a nica autoridade d a igreja . Pelo c ontrrio, que riam d izer quea Bblia a nica autoridade infalveldentro da Igreja .20 A autoridade dosCredos era indiscutivelmente considerada pelos reformadores tendo inclusive Lute-ro e Calvino elaborado Catecismos para a Igreja ; contudo, somente as Escriturasso incondicionalmente autoritativas.

    Ao iniciar este estudo devemos faz-lo com esprito de gratido, tendo como de-safio nos apropriar das contribuies de nossos pais (tradio) e, em submisso aomesmo Esprito, partindo das Escrituras e deste patrimnio riqussimo buscar res-

    postas para as indagaes e questionamentos contemporneos.Ouvimos, Deus, com os nossos prprios ouvidos: Nossos pais nos tm conta-

    do....(Sl 44.1).

    20R. C. Sproul, Sola Scriptura: Crucial ao Evangelicalismo: In: J.M. Boice, ed. O Alicerce da Autorida-de Bblica, So Paulo: Vida Nova, 1982, p. 122.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 71. OS SMBOLOS DE F:

    1.1. Origem da Palavra Smbolo:

    O termo Smbolo proveniente do grego Su/mbolon (sinal para reconhe-cer-se)21, derivado de Sumba/llein, (su/n = junto com & ba/llw = atirar, lan-ar, semear

    22) que significa comparare lanar junto e confrontar, pr juntocom, fazer coincidir. O substantivo Sumbolh/ significa encontro, juntura, ajus-tamento. Symbolpo de signific ar c onc reta mente a a rticula o d o cotove loou do joelho: dois ossos diferentes se unem ou se ajustam um ao outro; nose p od eria , c ontudo , c onc eb er c onc reta mente um sem o outro .23

    Na Antigidade, quando era formalizado um contrato, um objeto era partido e di-vidido entre as partes contratantes; cada parte do objeto dividido era um smbolode identidade para a juno com o outro pedao, um frag mento q ue exigia serc omp letad o p or outra p arte p ara forma r uma realida de c omp leta e funcio-nal .24 Deste modo, as partes reunidas provavam as relaes de hospitalidade oufraternidade j existentes. Posteriormente a palavra passou a significar qualquer si-nal ou senha (contra-senha) que transmitisse determinada mensagem.25 Notemos,portanto, que a idia embutida no conceito de smbolo, de dualismo, separao ejuno: as duas partes so separadas para serem re-unidas; este estigma de sepa-rao o acompanha ainda que apontando para a sua totalidade: a sua perfeita jun-o.26 O smbolo s tem valor porque aponta para a realidade simbolizada e, a reali-

    21 Cf. Emblema: In: J. Corominas & J. A. Pascual, Diccionario Crtico Etimolgico Castellano e Hisp-nico, Madrid: Editorial Gredos, 1980, Vol. 2, p. 562.22

    Vd. Mt 3.10; 13.48; Mc 4.26; 15.24; Ap 14.19. Na voz mdia, tem o sentido de deitar em cima desi, pr sobre si (Ba/llw: In: Isidro Pereira, Dicionrio Grego-Portugus e Portugus-Grego, 7 ed.Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, (1990), p. 101a). Da, por analogia: pensar consigo mesmo,ponderar, deliberar (Cf. ba/llw: In: Lindell & Scott, Greek-English Lexicon, Oxford: Humphrey Mil-ford, 1935, p. 126a).23

    Marc Girard, Os Smbolos na Bblia, 2 ed. So Paulo: Paulus, 2005, p. 26.24

    D. Sartore, Sinal/Smbolo: In: Domenico Sartore & Achille M. Triacca, orgs. Dicionario de Liturgia,So Paulo: Paulinas/Paulistas, 1992, p. 1143b.

    25Ambrsio de Milo, por exemplo, explica: Smbolo o termo grego que significa contribui-o. Principalmente os comerciantes se acostumam a falar de contribuio quando ajun-tam seu d inheiro e a soma assim reunida pe la c ontribui o d e c ad a um c onservad a intei-ra e inviolvel, se b em que ningum ouse c om ete r fraude em rela o c ontribui o. Esse o costume entre os prprios comerciantes para que, se algum cometer fraude, seja rejeita-do co mo fraud ulento (Ambrsio, Explicao do Smbolo, So Paulo: Paulus, 1996, 2. p. 23). Ve- jam-se: F.D. Danker, Simbolismo, Simbologa: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, Michi-gan: T.E.L.L., 1985, p. 500; Fernando B. de vila, Pequena Enciclopdia de Moral e Civismo, (Rio deJaneiro), MEC., 1967, p. 457; Smbolo: In: A. Lalande, Vocabulrio Tcnico e Crtico da Filosofia, SoPaulo: Martins Fontes, 1993,p. 1015; K.S. Latourette, Histria del Cristianismo, 4 ed. Buenos Aires:Casa Bautista de Publicaciones, 1978, Vol. I, p. 180-181. Para uma discusso concernente interpre-tao da palavra entre os escritores cristos primitivos, Vd. J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos,

    Salamanca: Secretariado Trinitario, 1980, p. 71ss.26 Vejam-se: Marc Girard, Os Smbolos na Bblia, p. 26; Gerd Heinz-Mohr, Dicionrio dos Smbolos:imagens e sinais da arte crist, So Paulo: Paulus, 1994, p. viii-ix.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 8dade simbolizada carece daquele sinal que a referencia.

    O substantivo no empregado no Novo Testamento, no entanto, o verbo sum-ba/llw, ocorre seis vezes somente nos escritos de Lucas , com o sentido de

    calcular, considerar, consultar, contender, auxiliar, receber (*Lc 2.19; 14.31;At 4.15; 17.18; 18.27; 20.14)27.28

    1.2. Definio de Smbolo:

    O smbolo est relacionado com algo que ultrapassa o seu valor intrnseco,tendo como carter intencional apontar para alm de si mesmo; ele tem como mar-ca de sua essncia o carter de sua superao, na qual encontra o seu verdadeirosignificado.29 Carl Jung (1875-1961), diz o seguinte: Uma pa lavra o u ima gem

    simb lica quand o imp lic a a lgum a c oisa a lm do seu signific ado manifesto eimediato .30

    O smbolo um veculo de comunicao que contribui para romper as barreiraslingsticas,31 permitindo a identificao sem o uso necessrio de palavras, as quais

    27Maria, porm, guardava (sumba/llw) todas estas palavras, meditando-as (sumba/llw) no cora-

    o (Lc 2.19). Ou qual o rei que, indo para combater (sumba/llw) outro rei, no se assenta pri-meiro para calcular se com dez mil homens poder enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?(Lc14.31). E, mandando-os sair do Sindrio, consultavam(sumba/llw) entre si(At 4.15). E alguns dos

    filsofos epicureus e esticos contendiam com (sumba/llw) ele, havendo quem perguntasse: Quequer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e aressurreio (At 17.18). Querendo ele percorrer a Acaia, animaram-no os irmos e escreveram aosdiscpulos para o receberem. Tendo chegado, auxiliou (sumba/llw) muito aqueles que, mediante agraa, haviam crido(At 18.27). Quando se reuniu (sumba/llw) conosco em Asss, recebemo-lo abordo e fomos a Mitilene(At 20.14).28

    Isidro Pereira indica que sumba/llw, na voz mdia no intransitivo, tem o sentido, entre outros, decoligir, deduzir, julgar, compreender, considerar. (Isidro Pereira, Dicionrio Grego-Portugus ePortugus-Grego, 7 ed. Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, (1990), sumba/llw, p. 539b). Tal-vez indicando a idia de cotejar os fatos.29

    Vd. Agostinho, A Doutrina Crist, So Paulo: Paulinas, 1991, I.2.2. p. 52-53.30

    Carl G. Jung, org. O Homem e Seus Smbolos, 9 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, (s.d.), p. 20.Agostinho j dissera: O sinal , portanto, tod a c oisa que , alm d a imp resso que produz emnossos sentidos, faz com que nos venha ao pensamento outra idia distinta (Agostinho, ADoutrina Crist, II.1.1. p. 93). [Vd. tambm, Agostinho, De Magistro, So Paulo: Abril Cultural, (OsPensadores, Vol. VI), 1973, p. 319-356].31

    Ernest Cassirer (1874-1945), diz: ".... Nenhum processo mental chega a captar a realidadeem si, j q ue, pa ra p od er rep resent -la, para po de r, de a lgum mo do , ret-la tem de soc or-rer-se do signo, do smbolo. E todo o simbolismo esconde em si o estigma da mediatez, oque o ob riga a enc ob rir quanto p rete nde ma nifesta r. Assim, os sons da lingua ge m e sfora m-se por 'expressar' o acontecer subjetivo e objetivo, o mundo 'interno' e 'externo'; porm, oque c ap tam no a vida e a plenitude individua l da prpria e xistnc ia, ma s ap ena s ab re-viatura mo rta . Tod a e ssa 'deno ta o', que a s pa lavras d itas p rete ndem d ar, n o va i, rea l-

    mente, mais longe que a simples 'aluso'; aluso que parecer mesquinha e vazia, frente concreta multiplicidade e totalidade da experincia real" [Ernest Cassirer, Linguagem, Mito eReligio, Porto: Rs-Editora, (s.d.), p. 11-12].

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 9por sua vez tambm so smbolos. A linguagem sempre um elemento simblico; alngua uma espcie daquele gnero. O smbolo no pode ser confundido com oelemento simbolizado e, num primeiro instante, ainda que no seja isso ideal, elepode no ter nenhuma relao intrnseca com o que representa;32 em muitos casos,

    a relao estabelecida apenas no plano de idia, no do ser em si. 33 O valor e li-mite do smbolo est no fato de que ele representa algo, no o substitui; aponta parao simbolizado, no toma o seu lugar. Substituir o smbolo pelo simbolizado significadestruir o smbolo justamente por eliminar o seu valor instrumental e, pior: esvazia osimbolizado, cuja realidade sempre mais ampla do que o smbolo.34 Os smbolosso imagens de c ousas ausentes .35 Por isso que o signum(signo) contras-tado com a res (coisa) que considerada em si e por si mesma.36 Portanto, a pre-sena do simbolizado, torna desnecessrio o smbolo; no entanto, aquilo para o queo smbolo apontava, quando plenificado, pode se constituir em um novo smbolo queaponta para o futuro ou, se transforma num smbolo do que antes era o smbolo,

    mas que agora simbolizado. Cito um exemplo que talvez possa elucidar a minhaobservao: Conheo um homem que todos os sbados viajava 100 quilmetros pa-ra construir a sua casa em outra cidade; este empreendimento durou vrios anos.Todo este esforo, que envolvia obviamente a participao da famlia, inclusive nosentido de se conformar com a sua ausncia, tinha como meta, a concretizao deum sonho em processo de realizao. Estive posteriormente na casa desse meu a-migo. Conversei a respeito disso. Na realidade, a sua bela casa (e essa qualidadepouco importa quanto ao smbolo) a presena do que fora ausente e, ao mesmotempo, serve como smbolo de um esforo contnuo e perseverante de uma famlia.Num futuro esta mesma casa, pode apontar para uma realidade vivida e para um fu-turo almejado: o simbolizado, agora, torna-se smbolo de um esforo e de uma espe-

    rana.

    De certa forma podemos dizer que Gilgal nas Escrituras adquiriu uma condio desmbolo da bno e direo de Deus. Recapitulemos um pouco: Um dos fatos me-morveis registrados nas Escrituras a travessia do rio Jordo pelo povo de Israel,quando ento, adentra terra prometida; ali Deus ordena que os sacerdotes retiremdoze pedras do rio, porque elas sero para sempre por memorial(}OrfKiz)(zikrn)37(LXX: mnhmo/sunon)aos filhos de Israel(Js 4.7).38

    32 aqui que alguns divergem, aplicando esta conceituao ao sinal, entendendo que o smbolo

    tem uma conexo necessria com o simbolizado.33

    Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A Literatura Apocalptico-Judaica, So Paulo: Casa Editora Presbi-teriana, 1992, p. 40ss.34

    Veja-se: F.E. Gaebelein, Simbolismo/Smbolo: In: Merrill C. Tenney, org. ger., Enciclopdia da B-blia. So Paulo: Cultura Crist, 2008, Vol. 5, p. 630.35

    Joo Calvino, As Institutas, IV.17.21.36

    Vd. Signum: In: Richard A. Muller, Dictionary of Latin and Greek Theological Terms, 4 ed. GrandRapids, Michigan: Baker Book House, 1993, p. 282.37

    O nome Zacarias proveniente desta palavra hebraica (hfy:rak:z

    )(Zekary), significando: Zacarias (OSenhor se lembrou).

    38

    Vejam-se tambm: Ex 12.14; 13.9. Nestes textos, a LXX usa a mesma palavra grega.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 10As doze pedras, que tiraram do Jordo, levantou-as Josu em coluna em Gil-

    gal. E disse aos filhos de Israel: Quando no futuro vossos filhos perguntarem aseus pais, dizendo: Que significam estas pedras? Fareis saber a vossos filhos, di-zendo: Israel passou em seco este Jordo. Porque o Senhor vosso Deus fez se-

    car as guas do Jordo diante de vs, at que passsseis, como o Senhor vossoDeus fez ao Mar Vermelho, ao qual secou perante ns, at que passamos. Paraque todos os povos da terra conheam que a mo do Senhor forte: a fim de quetemais ao Senhor vosso Deus todos os dias(Js 4.20-24).

    Cerca de 700 anos depois (c. 725 a.C.), Deus fala ao Reino Norte por intermdiodo profeta Miquias: Povo meu que te tenho feito? e com que te enfadei? Respon-de-me. Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servido te remi; e enviei adian-

    te de ti Moiss, Aro e Miri. Povo meu lembra-te (rfk:z)(zekhr)(LXX: mimnh/skw) a-gora do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balao, filho

    de Beor, e do que aconteceu desde Sitim at Gilgal;

    39

    para que conheas os atos dejustia do Senhor(Mq 6.3-5). Notemos, portanto, que ao mesmo tempo em que Gil-gal tornou-se o smbolo de uma vitria j alcanada (Terra Prometida) servia comosmbolo do cuidado abenoador e poderoso de Deus, que preserva o Seu povoconduzindo-o vitria.

    Os smbolos tm normalmente um duplo significado: objetivoe, obviamente, di-versos sentidos subjetivos;40 eles revelam e encobrem;41 o uso dos smbolos envol-ve normalmente um pblico alvo a quem me dirijo, tentando ser compreendido por

    39

    Gilgal se tornou a base de operaes de Israel, depois da travessia do rio Jordo (Js4.19), e foi foc o d e um a srie d e a c ontec ime ntos durante a c onq uista: do ze p ed ras c om e-morativas foram estabelecidas quando Israel armou acampamento ali (Js 4.20); a nova ge-ra o c resce u no d eserto e s e m G ilga l foi circ uncida da ; a p rime ira Psc oa ce leb rad a emCa na foi efe tua da a li (Js 5.9,10). De G ilga l, Josu liderou as foras israelita s c ont ra Jeric (Js6.11,14ss.). (...) Gilga l tornou-se ao m esmo tem po um lem brete sob re a libe rta o o utorga dapor Deus no passado, um sinal de vitria presente, debaixo de sua orientao, e viu a pro-me ssa da herana que ainda seria ap ossad a (K. A. Kitchen, Gilgal: In: J.D. Douglas, ed. ger. ONovo Dicionrio da Bblia,So Paulo: Junta Editorial Crist, 1966, Vol. II, p. 671).40

    O smbolo assemelha-se ao cristal, que reflete a mesma luz de maneira muito diversa(Gerd Heinz-Mohr, Dicionrio dos Smbolos, p. xiii).41

    Analisando a questo pela perspectiva do intrprete, Julien Naud comenta: Qua ndo um smb olo

    fa miliar a algum , sua c om preenso c onsiste e m seguir o m ovime nto d a ima ge m q ue e s-pontaneamente conduz quilo que esta sugere. Mas quando algum introduzido numc onjunto simb lic o q ue c omp orta uma distnc ia no temp o e no espa o c ultural, nec ess-rio que efetue um longo desvio na interpretao; socorrendo-se de diversos mtodos de lei-tura, pode atingir o que sugerido pelo texto, isto , o tipo de mundo que lhe propostope lo prprio te xto (Julien Naud, Simbolismo: In: Ren Latourelle & Rino Fisichella, dirs. Dicionriode Teologia Fundamental, Petrpolis, RJ./Aparecida,SP.: Vozes/Santurio, 1994, p. 897b). Na mesmalinha, escreveu Gerd Heinz-Mohr na introduo de seu Dicionrio dos Smbolos: Smb olos, na ver-da de , velam e revelam a um s te mp o. Por isso, perma nec e e sem pre pe rma nec er c ertama rge m d e d ivergnc ias em sua interpreta o , sem que se venha a q uestiona r a c onstata - o e a importncia d o todo (Gerd Heinz-Mohr, Dicionrio dos Smbolos, p. vi). frente: A lin-guagem simblica a linguagem da religio com respeito realidade que supera a com-

    preenso humana. a um s tempo mistrio e revelao. Vela as verdades santas ao olharprofano, mas tambm as desvela a quantos sabem l-la (Gerd Heinz-Mohr, Dicionrio dosSmbolos, p. ix).

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 11ele. Por outro lado, de forma explcita ou velada, uso deste recurso para ocultar aminha mensagem, despistar os estranhos, no iniciados. claro que nem sempreisto est em nvel de conscincia, no entanto, quando nos damos conta disso, ten-demos naturalmente a usar desse recurso.

    O homem um animal simblico ;42 a capacidade de responder a smbolos prpria do ser humano;43por isso ele se vale deste veculo para se comunicar; ossmbolos so puramente funcionais; quando esta sua utilidade desaparece quer porseu desgaste, quer por convenes diferentes em lugares outros, aqueles se tornamdesnecessrios j que no funcionam dentro de seu propsito primeiro.

    O smbolo tambm pode ser usado como elemento de convergncia de um povoou de um grupo: reunimos pessoas em torno de um gesto que simboliza os nossosideais e valores;44 o desenho e as cores de nossa bandeira que nos falam de p-

    tria e nao; os hinos que nos emocionam conduzindo-nos a uma postura de lutaem prol de uma causa que eles to bem sintetizam em nosso imaginrio, ainda quecircunstancialmente45... Assim, mudar um smbolo mais do que mudar uma sim-ples marca, modificar uma concepo, uma perspectiva do mundo e da realida-de; este ato envolve a memria e a imaginao, visto que mexe nas estruturas dalembrana de um fato ou no conjunto de fatos que deram origem quele smbolo etambm, no imaginrio coletivo que o smbolo concentra e ao mesmo tempo germi-na: um smbolo tem uma conotao de memria e de esperana; ele marca no tem-po o nosso compromisso com o passado quer de acordo, quer de oposio , e anossa responsabilidade para com o futuro que temos de construir sob aquela mar-ca que nos distingue e identifica. Mudar um smbolo assemelha-se a mudar as leis

    ou a Constituio. Maquiavel (1469-1527) percebeu bem isso, ao dizer: Nuncac oisa nenhuma d eu tanta honra a um g overnante novo c omo a s novas leis ereg ulamentos que e laborasse. Qua ndo e stes so b em funda dos e e ncerramgrande za, fazem c om que ele seja reverenc iado e a dm irad o .46 No toaque h, com freqncia entre os governantes, o desejo de fazer uma nova Constitu-io. Quando no se consegue, muda-se a marca, para que depois, quem sabe, asleis possam ser mudadas.

    42Ernst Cassirer, Antropologia Filosfica, 2 ed. So Paulo: Mestre Jou, 1977, p. 51.

    43 Veja-se: F.E. Gaebelein, Simbolismo/Smbolo: In: Merrill C. Tenney, org. ger., Enciclopdia da B-blia. So Paulo: Cultura Crist, 2008, Vol. 5, p. 626.44

    Os gestos como moe dinhas de c irc ula o indispe nsve l e d iria so ricos em manifesta-o de pensamentos e sentimentos. A sua interpretao no unvoca, variando de acordo com osinteresses de quem os interpreta ou conforme as convenes mltiplas entre os povos. No ha-vend o a ob riga toried ad e d o e nsino m as sua indispe nsab ilida de no a justam ento da c ond utasoc ial, tod o ns ap rend emo s o g esto d esda a infnc ia e no ab and ona mos seu uso p ela e-xistnc ia inteira (Lus da Cmara Cascudo, Histria dos Nossos Gestos, Belo Horizonte/So Pau-lo: Itatiaia/EDUSP., 1987, p. 11,19).45

    Eusbio diz que quando Constantino entrou vitorioso em Roma cantou hinos ao Senhor [Ver Eu-sbio de Cesarea, Historia Eclesiastica, Madrid: La Editorial Catolica, (Biblioteca de Autores Cristia-

    nos, Vols. 349-350), 1973, IX.9.8-9].46 N. Maquiavel, O Prncipe, So Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, Vol. IX), 1973, Cap. XXVI, p.114.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 12Portanto, no de estranhar o fato de que quando Constantino (280-337) se de-

    clarou convertido ao Cristianismo,47 alegando ter uma viso antes da Batalha daPonte Mlvia (28/10/312),48contra Maxncio,49 ordenasse que fosse pintado na ban-deira, no seu capacete e no escudo de seus soldados um smbolo monogramtico

    , que representava o nome de Cristo.50 Dizendo que agora, conforme vira em so-nho, este sinal estava acompanhado da inscrio: Por este sinal vencers (inhoc signo vinces). Eusbio relata que Constantino empregou este smbolo desalvao contra todas as adversidades e inimigos:51 Aqui, conforme queria Cons-tantino, estava um novo sinal que apontava para a origem de suas vitrias: Por es-te sinal vencers! .

    1.3. A Igreja e os Smbolos:

    A Bblia est repleta de smbolos: cores, nmeros, animais, nomes de luga-res e de pessoas, metais, pedras preciosas, etc. Como j vimos, a Igreja ps-apostlica, sentiu-se vontade para empregar figuras que expressassem a sua fem Deus: O acrstico da palavra peixe (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador);as duas letras iniciais do nome Cristo, colocadas uma sobre a outra [X (Chi) e R(Rho)] = (Cristo); um crculo (= vida eterna); e o tringulo com trs lados iguais(= Trindade), so apenas alguns dos muitos smbolos usados pela Igreja.52

    Todavia, a palavra smbolo foi usada pela primeira vez no sentido teolgico, porCipriano53 em 250 nas suas Epstolas(76 ou 69), referindo-se ao cismtico Novaci-

    ano.54

    47Vd. Eusbio de Cesarea, Historia Eclesiastica,IX.9.1ss. Idem, The Life of ConstantineThe Great,

    I.26-40. In: P. Schaff & H. Wace, eds. NPNF2., Vol. I, p. 489-493.48

    Numa p erspec tiva m a is amp la , a vitria d e Co nsta ntino na Ponte de Mlvia foi muito ma isimportante para a histria do Cristianismo do que para a histria de Roma (Mark A. Noll,Momentos Decisivos na Histria do Cristianismo, So Paulo: Cultura Crist, 2000,p. 54) [H uma be-la pintura feita em 1613 por Pieter Lastman (1583-1633), um dos mestres de Rembrandt (1606-1669),A mesma pode ser vista em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Milvbruck.jpg#file]. (acessado em17/07/2008).49Constantino era casado com Fausta, irm de Maxncio. Maxncio foi derrotado nesta batalha, mor-rendo afogado enquanto fugia.50

    Eusebius, The Life of Constantine The Great, I.30-31. In: NPNF2, I, p. 490-491.51

    Eusebius, The Life of Constantine The Great, I.31. In: NPNF2, I, p. 491.52

    Cf. Benjamin Scott, As Catacumbas de Roma, p. 95ss.; F.R. Worth, Simbolism: In: Vergilius Ferm,ed. An Encyclopaedia of Religion, New York: The Philosophical Library, 1945, p. 754; Simbolos, Hist-rico-Cristos: In: Russel N. Champlin & Joo Marques Bentes, Enciclopdia de Bblia, Teologia e Filo-sofia, So Paulo: Candeia, 1991, Vol. VI, p. 276-277.53

    Vejam-se os textos das Epstolas In: A. Roberts & J. Donaldson, eds. The Ante-Nicene Fathers,New York: The Christian Literature Publishing Company, 1885, Vol. V, (Epstola 76), p. 402-404;

    (Epstola69), p. 375-377. (Doravante citado como ANF).54 Cf. Philip Schaff, The Creeds of Christendom, 6 ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House,(Revised and Enlarged), 1977, Vol. I, p. 3 e Philip Schaff, ed. Religious Encyclopaedia: or Dictionary

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    O Credo Apostlico(2 sculo) que fora atribudo tradicionalmente aos apsto-los recebeu o designativo de smbolo, ao que parece no Snodo de Milo (390),numa carta subscrita por Ambrsio (c. 334-397), sendo designado de symbolum

    apostolorum.55

    Lutero (1483-1546) e Melanchthon (1497-1560) foram os primeiros a usarem apalavra smbolo para os credos protestantes,56 passando desde ento, a designaros Catecismos e Confisses adotados pelas Igrejas Luteranas e Reformadas comoelementos distintivos da sua compreenso teolgica.

    of Biblical, Historical, Doctrinal, and Practical Theology, Chicago: Funk & Wagnalls, Publishers, (re-vised edition), (1891) Vol. IV, p. 2276.55

    Ambrsio, Ep. 42,5. (Vd. J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 15; F.D. Danker, Simbolismo,Simbologa: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, p. 500; G.W. Bromiley, Credo, Credos: In:Walter A. Elwell, ed. Enciclopdia Histrico-Teolgica da Igreja Crist, Vol. I, p. 366). Cipriano, Agos-tinho e Rufino encontram-se entre aqueles que utilizaram o nome Smbolo para referirem-se aoCredo Apostlico (Cf. Charles A. Briggs, Theological Symbolics, New York: Charles Scribnerss

    Sons, 1914, p. 3,4).56 Cf. In: Philip Schaff, ed. Religious Encyclopaedia: or Dictionary of Biblical, Historical, Doctrinal, andPractical Theology, IV, p. 2276; Philip Schaff, COC., Vol. I, p. 3-4 (nota).

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 142. CONFISSO E CATECISMOS DE WESTMINSTER:(1647-1648)57

    A Confisso de Westminster bem como os Catecismos Maior (1648) e Menor(1647), foram redigidos na Inglaterra, na Abadia de Westminster, conforme convoca-

    o do Parlamento Britnico. A Assemblia foi aberta no sbado, 01/07/1643, pre-gando o Dr. William Twisse (1575-1646) que iria ser o moderador da Assembliaat a sua morte em julho de 1646 , baseando o seu sermo no texto de Jo 14.18,"No vos deixarei rfos, voltarei para vs". A Assemblia funcionou de 01/07/1643at 22/02/1649, realizando 1163 sesses regulares, sem contar as inmeras reuni-es de comisses e subcomisses.58 O objetivo primrio desta Assemblia, era areviso dos Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra.59 Trabalharam na elabora-o da Confisso, 121 telogos e trinta leigos nomeados pelo Parlamento, a saber:20 da Casa dos Comuns e 10 da Casa dos Lordes (nomeao feita em 12/06/1643);e, tambm 8 representantes escoceses, quatro pastores e quatro presbteros, os

    melhores e mais preclaros homens que possua60

    sendo que dois deles nuncatomaram assento61 , que, mesmo sem direito a voto, exerceram grande influncia.Os principais debates desta Assemblia no foram de ordem teolgica, j que prati-camente todos eram Calvinistas, mas sim no que se refere ao governo da Igreja."Emb ora houve sse d iversidade q uanto Ec lesiolog ia , havia unidade quanto Soteriolog ia ".62

    Neste particular havia quatro partidos representados; os Episcopais: James Us-sher (1581-1656), Brownrigg, Westfield, Prideaux; Presbiterianos: T. Cartwright(1535-1603), Walter Travers (c. 1548-1635), etc.; Independentes: (Congregacionais), Os cinc o Irmos Dissidentes , conforme eram chamados,63 eram: Thomas Good-win (1594-1665); Philip Nye (1596-1672); Jeremiah Burroughs (1599-1646), WilliamBridge (1600-1670), Sidrach Simpson; Erastianos: Assim chamados por seguirem opensamento do mdico de Heidelberg, Thomas Erasto (1524-1583) que defendia

    57Para maiores detalhes sobre os Credos Reformados, ver o texto que estudamos em 15 de maro

    de 2009,A Ortodoxia Protestante e as Confisses Protestantes: Introduo.58

    Vd. P. Schaff, The Creeds of Christendom, Vol. I, p. 753; Archibald A. Hodge, Confisso de FWestminster Comentada por A.A. Hodge, So Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 44; Guilherme

    Kerr, A Assemblia de Westminster, So Paulo: E.F. Beda Editor, 1984, p. 18.59Cf. Douglas F. Kelly, The Westminster Shorter Catechism: In: John L. Carson & David W. Hall, eds.

    To Glory and Enjoy God: A Commemoration of the 350th

    Anniversary of the Westminster Assembly,Carlisle, Pennsylvania, The Banner of Truth Trust, 1994, p. 107; Archibald A. Hodge, Confisso de FWestminster Comentada por A.A. Hodge, So Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 43.60

    Archibald A. Hodge, Confisso de F Westminster Comentada por A.A. Hodge, So Paulo: Editoraos Puritanos, 1999, p. 41.61

    Cf. G. Kerr, A Assemblia de Westminster, p. 12. Os que tomaram assento, foram: Ministros: Ale-xander Henderson, George Gillespie, Samuel Rutherford e Robert Baillie. Presbteros: Lord JohnMaitland e Sir Archibald Johnston (Cf. Archibald A. Hodge, Confisso de F Westminster Comentadapor A.A. Hodge, p. 42).62

    R. T. Kendall, A Modificao Puritana da Teologia de Calvino: In: W. Stanford Reid, ed.Calvino esua Influncia no Mundo Ocidental, p. 264.

    63Cf. Archibald A. Hodge, Confisso de F Westminster Comentada por A.A. Hodge, p. 42.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 15a supremacia do Estado sobre a Igreja64 , Thomas Coleman, John Selden (1584-1654), Whitelocke, J. Lightfoot (1602-1675). Estes entendiam que o trabalho do pas-tor era basicamente o de ensino; o pastor o mestre. Prevaleceu no entanto, o sis-tema Presbiteriano de Governo.

    O Breve Catecismo foi elaborado para instruir as crianas; O Catecismo Maior,como uma espcie de roteiro do que o ministro deveria ensinar igreja dominical-mente.65 Eles substituram em grande parte os Catecismos e Confisses mais anti-gos adotados pelas igrejas Reformadas de fala inglesa. Apesar da teologia dos Ca-tecismos e da Confissode Westminsterser a mesma, sendo por isso sempre ado-tados os trs, parece que os mais usados so o Catecismo Menore a Confisso.66

    Resumindo, os documentos elaborados por esta abenoada Assemblia, foram:67

    a) Diretrio do Culto Pblico a Deus.68

    (Aprovado pelo Parlamento em 4 de janei-ro de 1645, sendo impresso em maro de 1645).

    b) Forma de Governo Eclesistico e Ordenao. (Aprovado pelo Parlamento em1648).

    c) Confisso de F. (Aprovada pelo Parlamento em maro de 1648).

    d) Catecismo Maior e Menor. (Aprovados pelo Parlamento em setembro de 1648).

    e) Saltrio. (Aprovado pelo Parlamento em janeiro de 1646). Verso metrificada

    dos salmos para serem cantados no culto pblico. Os salmos estabelecem uma co-nexo viva entre o culto pblico e o privado.69

    Estes Credos foram logo aprovados pela Assemblia Geral da Igreja da Esccia[Confisso (27/08/1647); Catecismos Maior (20/08/1648) e Menor (28/07/1648)],sendo este ato homologado pelo Parlamento Escocs em 07/02/1649.70 Eles tive-

    64

    Vd. Mark A. Noll, Momentos Decisivos na Histria do Cristianismo, So Paulo: Cultura Crist,2000, p. 197.65

    Quanto a este ponto, divergindo de Schaff, vejam-se: W. Robert Godfrey, Introduo ao Catecismo

    Maior de Westminster: In: Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado, So Pau-lo: Editora Os Puritanos, 2007, p. xiii e Thomas F. Torrance, The Scholl of Faith: the catechisms ofthe reformed church. London: James Clarke & Co., 1959, p. 183.66

    Godfrey apresenta argumentos em prol da importncia de se utilizar com nfase o Catecismo Mai-or(Vejam-se: W. Robert Godfrey, Introduo ao Catecismo Maior de Westminster: In: Johannes G.Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado, p. xi-xxi).67

    Vejam-se: John L. Carson & David W. Hall, eds. To Glory and Enjoy God: A Commemoration ofthe 350

    thAnniversary of the Westminster Assembly. Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth

    Trust, 1994.68

    Publicado em portugus: O Diretrio de Culto de Westminster, So Paulo: Os Puritanos, 2000,66p.69

    Ver: Howard L. Rice & James C. Huffstutler,Reformed Worship,

    Louisville, Kentucky: GenevaPress, 2001, p. 7.70

    Cf. P. Schaff, The Creeds of Christendom, Vol. I, p. 759 e 784.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 16ram e tm uma grande influncia no mundo de fala inglesa, mxime entre os Presbi-terianos embora tambm tenham sido adotados por diversas igrejas batistas econgregacionais.71 No Brasil, estes Credos so adotados pela Igreja Presbiterianado Brasil, Presbiteriana Independente e Presbiteriana Conservadora.

    71Vd. P. Schaff, The Creeds of Christendom, Vol. I, p. 727ss.; D.F. Wright, Catecismos: In: Walter A.

    Elwell, ed. Enciclopdia Histrico-Teolgica da Igreja Crist, Vol. I, p. 251-252; J.M. Frame, Confissode F de Westminster: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopdia Histrico-Teolgica da Igreja Crist, Vol.

    I, p. 331-332; J.M. Frame, Catecismos de Westminster: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopdia Histri-co-Teolgica da Igreja Crist, Vol. I, p. 252; G. Kerr, A Assemblia de Westminster, 31 p.; A.A. Hodge,Esboos de Theologia, 111-112.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 173. A IGREJA PRESBITERIANA E OS SMBOLOS DE WESTMINSTER:

    A Igreja Presbiteriana do Brasil, completa em agosto (2009), 150 anos. A datacomemorativa refere-se chegada de Ashbel Green Simonton (1833-1867) ao Bra-

    sil, proveniente dos Estados Unidos, em 12/08/1859. Simonton veio como Mission-rio da Junta de Misses Estrangeiras da Igreja Presbiteriana da Amrica do Norte.

    Simonton que j havia estudado portugus em New York, dedicou-se aqui, comafinco ao estudo da nossa lngua,72 iniciando uma Escola Bblica Dominical em22/4/1860.73

    Em 25/7/1860, chega outro missionrio enviado pela mesma Misso; Rev. Ale-xander Lattimer Blackford (1829-1890), acompanhado de sua esposa, Elizabeth, ir-m de Simonton. O terceiro missionrio, o Rev. F.J.C. Schneider (1832-1910), che-

    gou em 7/12/1861.Finalmente em 12 de janeiro de 1862, organizou a Primeira Igreja Presbiteriana

    no Brasil, na Capital do Imprio, Rio de Janeiro, Rua Nova do Ouvidor n 31,com as duas primeiras Profisses de F: Um comerciante, norte-americano, HenryE. Milford (com cerca de 40 anos), natural de New York, que veio para o Brasil co-mo agente da Singer Sewing Machine Company e Camilo Cardoso de Jesus (comcerca de 36 anos),74 que posteriormente mudou o seu nome para Camilo Jos Car-doso.75 Ele era natural da cidade do Porto, Portugal, sendo padeiro e, ex-foguistaem barco de cabotagem.76 Ambos eram assduos desde o incio dos trabalhospromovidos por Simonton.77 O Sr. Cardoso seria mais tarde o primeiro dicono e-

    72

    Vejam-se, Hermisten M.P. Costa, Os Primrdios do Presbiterianismo no Brasil, So Paulo, 1990, p.19 e 28.73

    Este tipo de trabalho at onde sabemos , fora iniciado pelos Metodistas no Rio de Janeiro, atra-vs do Rev. Justin Spaulding, no domingo, 01 de maio de 1836. Todavia, este trabalho teria curta du-rao, j em 1841 a Misso Metodista, por diversas razes, encerraria as suas atividades no Brasil,s reiniciando seu trabalho de forma permanente em 5/8/1867, com a chegada do Rev. Junis Eas-tham Newman (1819-1865). A segunda Escola Dominical em nosso territrio, foi organizada pelosCongregacionais, com o Dr. Robert R. Kalley (1809-1888) e a Sr. Sara P. Kalley (1825-1907) em Pe-trpolis, no dia 19/8/1855. Esta foi primeira Escola Dominical em carter permanente em solo brasilei-ro, lecionada em portugus. A Escola Dominical criada por Simonton, at onde pesquisamos, foi aterceira a ser organizada... (Vd. Hermisten M.P. Costa, A Origem da Escola Dominical no Brasil: Es-boo Histrico, So Paulo, 1997).74

    Dirio, 14/01/1862; Rev. Antonio Trajano,Esboo Histrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In:lvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, Rio de Janeiro: Casa Editora Presbyteriana, 1902,p. 7-8.75

    Rev. Antonio Trajano, Esboo Histrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: lvaro Reis, ed.Almanak Historico do O Puritano, p. 8.76

    Rev. Antonio Trajano, Esboo Histrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: lvaro Reis, ed.Almanak Historico do O Puritano, p. 7-9; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, SoPaulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981, p. 24; Jlio A. Ferreira, Histria da Igreja Presbiteriana do

    Brasil,. 2 ed. So Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, Vol.I, p. 28.77Dirio, 25/11/61; 31/12/61; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 24, Veja-senota 131.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 18leito nesta Igreja (02/04/1866), conservando-se neste ofcio at morte.78

    Como o Sr. Milford j fora batizado na infncia na Igreja Episcopal, no foi re-batizado.79 J o Sr. Camilo por ser proveniente do Romanismo, foi rebatizado (este

    era o seu desejo).80 Apesar de Simonton ter titubeado diante do problema de bati-zar ou no batizar o Sr. Cardoso, conversando com os seus colegas, ouvindo aopinio de Kalley e, at mesmo consultando a Junta Missionria em New York,81o rebatismo de catlicos convertidos estava em harmonia com a legislao da Igre-ja Presbiteriana da Amrica, que em 1835, decidira o seguinte: " (...) A Igreja Ca -t lica Rom ana a posta tou essenc ialmente a relig io de nosso Senhor e Sa l-vador Jesus Cristo e, por isso, no rec onhe c ida c om o igreja c rist .82

    Em 1845, mediante consulta ao Presbitrio de Ohio, se o Batismo da Igreja deRoma era vlido, decidiu:

    ... A resposta a essa quest o envolve princp ios vitais para a paz, apureza e a estabilidade da Igreja de Deus. Aps amp la disc usso, quese estendeu por d iversos d ias, a Assem blia de c idiu, pela quase unani-midade de votos (173 a favor e 8 contra), que o batismo administrado pe-la Igreja de Roma no v lido .83

    A segunda Igreja, foi organizada em So Paulo, por Blackford, em 5/3/1865, ruaSo Jos, n 1 (hoje Lbero Badar), permanecendo neste endereo at 1876.84Na ocasio foi celebrada a Santa Ceia pela terceira vez em So Paulo. 18 pessoas

    comungaram e a Igreja recebeu seis novos membros por Profisso de F e Batis-mo.85 Simonton pregou na ocasio.86 Lessa observa que no h registro de or-

    78

    Relatrio de Simonton apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeirono dia 10/07/1866, p. 8; Rev.Antonio Trajano,Esboo Histrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: lvaro Reis, ed. AlmanakHistorico do O Puritano, p. 8; Jlio A. Ferreira, Histria da Igreja Presbiteriana do Brasil, Vol.I, 28.79

    Atas da Igreja do Rio de Janeiro, (1862), p. 5; Dirio, 14/01/62; Boanerges Ribeiro, Protestantismoe Cultura Brasileira, p. 25. Alguns historiadores por um pequeno descuido indutivo, tm afirmado er-radamente que o Sr. Milford tambm foi batizado ocasio; o que de fato no ocorreu. (Como exem-plo do equvoco, Vd. Rev. Antonio Trajano,Esboo Histrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In:lvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, p. 7; Erasmo Braga & Kenneth Grubb, The Repu-blic of Brasil. New York: World Dominion Press, 1932, p. 58; mile G. Lonard, O ProtestantismoBrasileiro, So Paulo: ASTE, (1963), p. 55).80

    Dirio, 14/01/62.81

    Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 25-26; Dirio, 14/01/62.82

    Assembly Digest, Livro VI, Seo 83, p. 560 (1835), ApudCarl J. Hahn, Histria do Culto Protestan-te no Brasil, So Paulo: ASTE. 1989, p. 161.83

    Assembly Digest, Livro III, Seo 13, p. 103 (1845), ApudCarl J. Hahn, Histria do Culto Protestan-te no Brasil, p. 162.84

    Cf. O Estandarte18/01/1912, p. 9.85Cf. Relatrio de Blackford apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de 10/07/1866. In:Coleo Carvalhosa Relatrios Pastorais, 1866-1875, p. 19-20. (fonte manuscrita)

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 19ganizao de Igreja, apenas se menciona a celebrao da Ceia e a recepo demembros; todavia "a data ficou tradicional."87 A terceira Igreja, foi organizada tam-bm por Blackford, em Brotas, interior de So Paulo, numa tera feira, em13/11/1865, na casa do Sr. Antnio Francisco de Gouveia.88 Conceio foi o pre-

    gador. ocasio, onze pessoas foram recebidas por Profisso de F e Batismo;eram todas provenientes do Catolicismo. Celebrou-se a Ceia do Senhor.89 O Rev.Blackford visitara Brotas pela primeira vez em fevereiro de 1865, onde pregou oEvangelho pela primeira vez no domingo 5 do mesmo ms a 10 pessoas, emcasa de D Antonia Justina do Nascimento na vila. Em seguida pregou (...)em c asa do Sr. Antonio (ileg vel) Gouva a 40 pessoa s e d uas vezes em c asado Sr. Manoel Jos Ribeiro a 15 e 30 pessoas respectivamente .90 O trabalhofora intenso; havia um revezamento constante e dedicado: Blackford, Simonton,Chamberlain, Conceio,91 Pitt e Pires.92 Blackford relata: Em fevereiro de 1865visitei pela primeira vez a vila e o Distrito de Brotas.... em maro e abril os srs.Simo nton e Cha mb erla in tamb m foram l.... em junho do m esmo ano, o Sr.

    86Vicente T. Lessa, Annaes da 1 Egreja Presbyteriana de So Paulo:So Paulo: Edio da 1 Egre-

    ja Presbyteriana Independente, 1938, p. 31; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira,p. 49; B. Ribeiro, O Padre Protestante, 2 ed. So Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1979, p. 134.87

    Vicente T. Lessa, Annaes da 1 Egreja Presbyteriana de So Paulo, p. 31.88

    O Rev. Blackford visitou Brotas pela primeira vez em fevereiro de 1865, onde pregou o Evangelhopela primeira vez no domingo 5 do mesmo ms a 10 pessoas, em casa de D Antonia Justina doNascimento na vila. Em seguida pregou (...) em casa do Sr. Antonio (ilegvel) Gouva a 40 pessoas eduas vezes em casa do Sr. Manoel Jos Ribeiro a 15 e 30 pessoas respectivamente. [Livro de Atasda Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I,p. 2 (fonte manuscrita)].89

    Cf. Relatrio de Blackford apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de 10/07/1866. In:Coleo Carvalhosa Relatrios Pastorais, 1866-1875, p. 23. (fonte manuscrita); Livro de Atas da I-greja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, p. 3 e 31 (fonte manuscrita); Blackford, In: Boaner-ges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 311; Vicente T. Lessa, Annaes da 1 EgrejaPresbyteriana de So Paulo, p. 34-35.90

    Livro de Atas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, p. 2 (fonte manuscrita).91

    O prprio Conceio relata ao Presbitrio suas andanas: Aos 28 de fe vereiro d e 1866 sa de So Paulo p reg ando o Evange lho. Tom ei a estrada do

    Sul para Sorocaba.... Segui para Capivari e Piracicaba, onde no preguei, cheguei a SoJoo do Rio Claro, onde preguei e segui para Brotas, onde por muitos dias me conservei

    com os revs. srs. Schneider e Chamberlain visitando e pregando na vila e pelos stios com re-sultados abenoados por Deus pois que muitas converses tiveram lugar em famlias inteiras. Depo is de a termos c elebrado a C eia d o Senhor pa rtimos fic and o e u do ente e m c asa

    do sr. Jos d e Castilho e seg uindo os revs. Sc hne ider e Cha mb erla in pa ra Rio Claro. Log o que me senti melhor preguei e visitei os crentes na Serra do Itaqueri, estive a lguns

    dias em c asa do sr. Paula Lima no c am po , preg uei no Bairro d a fazend a ond e m o os e m e-ninos de ram muita va ia.

    Seg ui pa ra Rio C la ro o nd e p reg uei em c asa do rev. sr. Sc hneide r, pa stor, ouvindo o Vig -rio e grand e nm ero d e p ovo. Seg ui para Lime ira, ond e p reg uei em c asa do sr. Mano el Joa -quim de Melo, que tem casa de jogo, e muitos entre os quais alguns doutores em direito emedicina.... (Relatrio de Conceio apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de10/07/1866.)92

    Livro de Atas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, p. 2-4 (fonte manuscrita); Boa-nerges Ribeiro, Jos Manoel da Conceio e a Reforma Evanglica, So Paulo: Livraria O Semeador,1995, p. 49ss.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 20Bastos93 visitou o luga r c om livros e traba lhou c om suc esso. Em o utub ro e no-vembro desse a no, Concei o e eu p assamo s uns 20 dias p reg ando e ensi-nando c onsta ntemente na vila e nos stios do Distrito .94

    O trabalho crescia rapidamente; em cada registro das Actas da Sesso ou dosPastores, constava o nmero de novos convertidos que professavam sua f: Comovimos, na organizao da Igreja: 11 pessoas (13/11/1865). A Igreja aumentava: 7pessoas (maio de 1866); 4 Profisses de F e Batismo, e 9 Batismos Infantil(20/10/1866); 8 Profisses de F e Batismo, 1 Profisso de F (a pessoa j fora bati-zada) (21/10/1866). Este ritmo continuou.95 Brotas se tornar o grande celeiro deReforma Evanglica.96

    Brotas s viria ter um pastor residente em 04/09/1868, com a vinda do Rev. Ro-bert Lenington (1833-1903),97 quem mais tarde organizaria a Igreja de Borda da Ma-

    ta, a primeira em Minas Gerais.

    A Igreja crescia: agora, temos um Presbitrio. Assim, no sbado, 16/12/1865,98organizou-se o Presbitrio do Rio de Janeiro, em reunio na casa de Blackford, rua So Jos, n 1, So Paulo.99 O Presbitrio era composto por trs pastores:A.G. Simonton, do Presbitrio de Carlisle; A. L. Blackford, do Presbitrio de Wa-shington e F.J.C. Schneider, do Presbitrio de Ohio. Mediante proposta de Simon-ton, Blackford foi escolhido moderador, ficando Schneider como secretrio tempor-rio e Simonton como Secretrio Permanente. O Presbitrio do Rio de Janeiro (orga-nizado em So Paulo), ficou sob a jurisdio do Snodo de Baltimore.100 Segundo

    93Certamente o Sr. Manoel Pereira Bastos, agente da Sociedade Bblica Americana [Cf. Livro de A-

    tas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, p. 2-3 (fonte manuscrita); Relatrio de Black-ford apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de 10/07/1866. In: Coleo CarvalhosaRelatrios Pastorais, 1866-1875, p. 18. (fonte manuscrita)].94

    Relatrio de Blackford apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de 10/07/1866. In:Coleo Carvalhosa Relatrios Pastorais, 1866-1875, p. 22-23 (fonte manuscrita).95

    Vd. Livro de Atas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, p. 31ss. (fonte manuscrita).96

    Vd. Boanerges Ribeiro, O Padre Protestante, p. 123-132; mile G. Lonard, O Protestantismo Bra-sileiro, p. 58-60.97

    Livro de Atas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, p. 4 (fonte manuscrita); Black-ford, In: Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 311; Boanerges Ribeiro, Jos Ma-noel da Conceio e a Reforma Evanglica, p. 52; Boanerges Ribeiro, O Padre Protestante, p. 132.98

    Simonton na ata citou janeiro de 1866; todavia mais tarde verificou-se o erro e corrigiu-se na pr-pria ata apresentando a data de 16/12/1865. Para a verificao correta, o Presbitrio do Rio de Janei-ro nomeou uma Comisso que deu seu relatrio explicando o eqvoco de Simonton. Veja-se relatrioda mesma Reunio do Presbitrio do Rio de Janeiro de 06/09/1884, nona sesso, p. 371-372. Acomisso era composta pelos pastores: A.L. Blackford (relator), F.J.C. Schneider e Robert Lenington.Ao Rev. Modesto P.B. Carvalhosa, como Secretrio Permanente do Presbitrio, coube a tarefa deprovidenciar a retificao onde coubesse. No final da primeira ata do Presbitrio a correo feitacom a assinatura de Carvalhosa. (Vd. Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, p. 7. Original manuscri-to).99

    O livro de atas tem em sua primeira pgina a inscrio: Actas do Presbyterio do Rio de Janeiroconstitudo em So Paulo a 16 de dezembro de 1865 Livro Primeiro.100

    Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, p. 2.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 21Landes, na ocasio os missionrios apresentaram cartas de transferncia dos seusrespectivos presbitrios para o Presbitrio do Rio.101

    Nesse mesmo dia o ex-padre Jos Manoel da Conceio (1822-1873) foi exami-

    nado quanto ao seu desejo de ser Ministro do Evangelho: principiando pelo e-xame de c ostume sob re o s mo tivos que influram nele p ara que d esejasse serinc umb ido do Ministrio do Evange lho ,102 feitos outros de praxe e depois Con-ceio declarou aceitar a Confisso de F [de Westminster] e da Forma de Governoda Igreja Presbiteriana. Mediante proposta de Simonton, o Presbitrio votou favor-vel, dispensando-o inclusive dos demais exames e formalidades exigidos, no po-rm de um sermo pregado como de praxe. Foi marcado o dia seguinte s 10h30m.sendo inclusive indicado o texto do sermo: Evangelho de Lucas, captulo 4, versos18 e 19.103

    No dia seguinte hora marcada, aps a abertura da Sesso, pregou Conceiocom uma audincia de cerca de 25 pessoas. O sermo foi aprovado. s 17 horas,com a parnese de Simonton, baseada em 2 Corntios 5, verso 20, o Presbitrioprocedeu a ordenao do Rev. Jos Manoel da Conceio;104 o primeiro pastor bra-sileiro. O Presbitrio passou a contar agora com quatro pastores.105

    Ainda no havia presbteros na Igreja Presbiteriana no Brasil.106 O Presbitrioera formado por trs igrejas: a do Rio de Janeiro, So Paulo e Brotas.

    Com a organizao de um Presbitrio nacional, ligado ao Snodo de Baltimore,significa que o sistema de liturgia, disciplina e doutrina daquele Snodo tambmadotado aqui. Pois bem, em 1716 os trs Presbitrios americanos de Filadelphia,Newcastle e Long Island107 constituram o Snodo de Filadlfia que, em 19/09/1729,adotou como Smbolo de F, a Confisso de F e os Catecismos Maior e Menor de

    101Philip S. Landes, Ashbel Green Simonton, p. 67. A ata de organizao no cita esse fato no en-

    tanto, possvel e at natural que tenha ocorrido.102

    Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, p. 2-3.103

    Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, p. 4-5.104

    Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, p. 6; Boanerges Ribeiro, O Padre Protestante, 2 ed. SoPaulo: Casa Editora Presbiteriana, 1979, p. 138-141.105

    Um dos participantes da reunio, referindo-se ordenao de Conceio, escreveu: Este a c on-tec ime nto rep resenta um p asso imp ortante no p rog resso d o p rote stantismo neste p as papa l;o c arte r de sse ho mem , e sua influnc ia entre o po vo, vo ter, fora de tod a dvida , efeitoc onside rve l sob re a mente po pular (Mc. F. Gaston, Hunting a Home in Brazil, p. 271-272. ApudJlio A. Ferreira, Histria da Igreja Presbiteriana do Brasil, Vol. I, p. 61)106

    Os primeiros oficiais s seriam eleitos em 1866: Os Diconos (02/04/1866) e os Presbteros em07/07/1866. (Vd. Relatrio de Simonton apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro no dia10/07/1866, p. 7-8; Vicente T. Lessa, Annaes da 1 Egreja Presbyteriana de So Paulo, p. 41).107

    O Rev. Francis Makemie (1658-1708) foi enviado pelas Igrejas da Esccia como missionrio aAmria, pregando exaustivamente em vrias cidades, estabelecendo a primeira Igreja Presbiteriana

    em Maryland no ano de 1684. [Morton H. Smith, Studies in Southern Presbyterian Theology, New Jer-sey: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1987, p. 18-20; Mark A Noll, A History of Chris-tianity in the United States and Canada, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1993 (Reprinted), p. 68].

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 22Westminster, com exceo dos captulos que se referiam aos magistrados civis.108Esta deciso ficou conhecida como Ato de Adoo.109 Refletindo a teologia calvi-nista no presbiterianismo americano, os smbolos de Westminster foram revisados eemendados em 1787 e, confirmados em maio de 1789 na organizao da Assem-

    blia Geral da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos.110 Desta forma, podemosconcluir que os Smbolos de Westminster foram adotados no Presbiterianismo brasi-leiro desde a sua implantao.

    O ensino de Catecismo era parte integrante do pastorado de Simonton. Como vi-mos o seu primeiro trabalho em portugus foi uma Escola Dominical em 22/04/1860.Os textos usados com as cinco crianas presentes (trs americanas da famlia Eu-bank e duas alems da famlia Knaack), foram: A Bblia, O Catecismo de HistriaSagrada

    111 e o Progresso do Peregrino, de Bunyan.112 Duas das crianas, Am-lia e Mariquinhas (Knaack), confessaram ou demonstraram na segunda aula

    (29/04/1860), terem dificuldade em entender John Bunyan.113

    Aqui ns vemos delineados os princpios que caracterizariam a nossa EscolaDominical: O estudo das Escrituras, o estudo da histria Bblica por meio do Cate-cismo de Histria Sagrada

    114 e com uma aplicao tica e mstica, por intermdio do

    108Cf. E.F. Hatfield, Presbyterian Churches: In: Philip Schaff, ed. Religious Encyclopaedia: or Dictio-

    nary of Biblical, Historical, Doctrinal, and Practical Theology, Vol. III, p. 1906-1907; Archibald A.Hodge, Confisso de F Westminster Comentada por A.A. Hodge, So Paulo: Editora os Puritanos,

    1999, p. 45; Morton H. Smith, Studies in Southern Presbyterian Theology, p. 23,25; Kevin Reed, Intro-ductory Essay. In: Samuel Miller, Doctrinal Integrity, Dallas, Texas: Presbyterian Heritage Publica-cions, 1989, p. xv; E.E. Cairns, O Cristianismo Atravs dos Sculos, p. 315; George S. Hendry, LaConfesion de Fe de Westminster, para el da de hoy, Bogot: CCPAL, 1966, p. 14.109

    Este Ato de Adoo convocava tambm os presbitrios a providenciarem para quenenhum candidato ao ministrio fosse admitido sem subscrever todos os artigos essenciais enecessrios da Confisso ou dos Catecismos. Providenciava tambm para que, caso qual-quer ministro do Snod o n o p udesse a c eitar algum a rtigo julga do ne c essrio e essenc ial pe-lo presbitrio, este presbitrio o declarasse impossibilitado de continuar como membro da-quele corpo (C. Gregg Singer, Os Irlandeses-escoceses na Amrica: In: W. Stanford Reid, editor.Calvino e Sua Influncia no Mundo Ocidental, So Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, p. 333-334). (Doravante citada como CSIMO).110

    Morton H. Smith, Studies in Southern Presbyterian Theology, p. 29; Archibald A. Hodge, Confis-so de F Westminster Comentada por A.A. Hodge, p. 45.111

    Estou convencido de que este Catecismo seja o mesmo que ele publicou parcialmente na Impren-sa Evanglicaa partir da edio de 16/02/1867 at 16/11/1867.112

    Dirio,28/04/1860.113

    Dirio, 01/05/1860.114

    Em 1867, A Imprensa d a publicao do Catecismo, iniciando com uma nota explicativa: A Bb lia e m g rande p a rte histria, e o p lano d a nossa red en o a travessa long os sc u-

    los, com e and o a de sc ob rir-se a Ad o e Eva e alca na ndo o seu p erfeito de senvolvimentoc om a d esc ida d o Esprito San to no d ia d e Pente c oste.

    Se q ueremo s c om preender a Bblia e torn-la c om preensvel ao s outros, m ister da rmo s

    a devida importncia sua forma histrica. necessrio acompanhar passo a passo o de-senvolvimento do plano de Deus em relao nossa raa e comentar os fatos na ordemem q ue se suce de m (Imprensa Evanglica,16/02/1867, p. 27).

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 23Progresso do Peregrino.

    Na edio de 04/02/1865 da Imprensa Evanglica, deu-se incio publicao deum Breve catecismo para meninos, com uma nota de agradecimento: Suma men-

    te gratos digna senhora que nos ofereceu esta traduo do ingls, nsc hama mo s a a ten o dos senhores pa is de fa mlia para estas doutrinas topuras e salutares; e o fazemos com a melhor boa vontade, porquanto tam-b m nos lisonjeia a c olabo ra o de t o em inente trad utora .115

    No seu relatrio ao Presbitrio de 1867, Simonton diz que havia dois cultos na I-greja e um s quartas-feiras, fazendo uma modificao no culto matinal, realizando um e xercc io ma is fam ilia r, os memb ros da igreja tom ando p a rte ma is a tivanas oraes e meditao que so o fim dessa reunio. 116 Entendendo que aIgreja deve ser uma escola para o crente, adotou a prtica de uma vez por ms

    substituir o sermo pelo estudo e a explicao do breve catecismo [deWestminster?] , crendo que a exc elnc ia desta exposi o da s doutrinas dasalvao reconhecida por todos.. Seu objetivo era preparar os crentes paradefender-se dos ataques incrdulos; portanto, estou fazendo o que est emmim pa ra gravar este c ate c ismo na m em ria de tod os .117

    Em 1870, aps a Licenciatura de Carvalhosa,118 Torres119 e Trajano,120 o Presbi-

    Este Catecismoseria publicado at a Imprensade 16/11/1867, com a promessa de continuar. No

    entanto, Simonton morreria semanas depois, o que me leva a crer que o referido trabalho era de sua

    autoria.115Imprensa Evanglica, 04/02/1865, p. 8. Este Catecismo foi publicado at a edio de 06/5/1865 (o

    jornal saiu erradamente com a data de 1864), perfazendo um total de 203 perguntas. No conseguiidentificar a origem do referido Catecismo; todavia sabemos que no o Breve Catecismo de West-minster.116

    Relatrio de Simonton apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro no dia 12/07/1867, p. 3117

    Relatrio de Simonton apresentado ao Presbitrio do Rio de Janeiro no dia 12/07/1867, p. 5 doseu relatrio individual.118

    Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa (1846-1917), portugus, professou a sua f e foi bati-zado na Igreja Presbiteriana de So Paulo em 25/03/1866. Foi licenciado em 22/ 08/1870, designadopara a Igreja de Lorena; Ordenado em 20/07/1871. (Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de20/07/1871).119Miguel Gonalves Torres (1848-1892), portugus, professou a sua f e foi batizado na mesma o-casio de Trajano, em 5/3/1865. J durante os estudos, sofria de tuberculose; quando concluiu o Se-minrio, foi encaminhado pelo mdico para Caldas, em Minas Gerais, onde o clima e a altitude ajuda-riam no tratamento de sua enfermidade. Creio que a sua licenciatura foi retardada devido sua sa-de, que era precria; isto se torna ainda mais evidente, pelo fato de Miguel Torres ter chegado emCaldas, transportado numa liteira (Cf. Jlio A. Ferreira, Histria da Igreja Presbiteriana do Brasil, Vol.I, p. 133). A sua licenciatura ocorreu em 19/07/1871 (Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, Sessode 19/07/1871. A. B. Teixeira, numa biografia feita de Cerqueira Leite, publicada no O Estandartede4 e 11/01/1912, p. 31, apresenta a data da Licenciatura como sendo 22/08/1870. Creio que este pe-queno equvoco deveu-se a falta de dados, conforme ele mesmo confessou ao iniciar o artigo. Enga-no semelhante comete lvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, na "Folhinha Histrica"),sendo designado para o campo de Caldas (chamada depois de Parreiras e, novamente Caldas) [Cf.

    Jlio Andrade Ferreira, O Apstolo de Caldas, Franca, SP.: Edio da Grfica Renascena, (s.d.), p.209] e outras cidades de Minas. Ordenado em 10/8/1875. [Torres e Trajano foram ordenados juntos.(Atas do Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de 10/08/1875). Em fontes secundrias tambm en-

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 24trio do Rio de Janeiro decide que os referidos Licenciados se preparem para a pr-xima reunio do Presbitrio (1871) com vistas sua Ordenao ao Sagrado Minist-rio, estudando os captulos 1 a 14 da Confisso de F [Westminster], a fim de seremexaminados minuciosamente. Recomendou-se tambm, que os candidatos estu-

    dassem particularmente sobre estes assuntos Hodges Commentary on theCo nfession of Fa ith e Hodges Outhines of Theology .121

    Em 1876, a Igreja Presbiteriana publicou em portugus a Confisso de F deWestminster,122 constando tambm da Epitome da Frma de Governo e Disciplinada Igreja Presbyteriana, que em seu prefcio, pagina 78, dizia:

    O seg uinte Eptome de Forma de Governo e Disc ip lina da Igreja Presbi-teriana, foi p rep a rado por uma c om isso do Presbitrio do Rio de Jane iro,pa ra de alguma ma neira suprir a falta de uma ed i o auto rizad a em sua

    Forma de Governo e Disc iplina , que a t ago ra no tem sido possvel ofe-recer ao pblico; o que porm se espera seja realizado sem muita demo-ra.

    Durante o ano de 1881 saiu publicado em vrios fascculos, na Imprensa Evang-lica,123 o Livro de Ordem da Igreja Presbyteriana no Brazil. No captulo VII, da Pri-meira Parte, dizia:

    A Constituio da Igreja Presbiteriana no Brasil consiste de seus Smbo-los Doutrinais compreendidos na Confisso de F, nos Catecismos Maior e

    Breve, juntamente com o Livro de Ordem Eclesistica, que abrange aForma de G ove rno, as Reg ras de Disc iplina , e o Diretrio do Culto .

    contrei conflito de informaes: Vejam-se: J.A. Ferreira, O Apstolo de Caldas, p. 46; lvaro Reis, ed.Almanak Historico do O Puritano, p. 86; Vicente T. Lessa, Annaes da 1 Egreja Presbyteriana de SoPaulo, p. 112, 137; "Folhinha Histrica": In: lvaro Reis, ed. Almanak Historico do O Puritano, no dia2/8/1875; A. B. Teixeira, O Estandartede 4 e 11/01/1912, p. 31]. Ficando com as Igrejas de Caldas,Machado e Borda da Mata.120

    Antonio Bandeira Trajano (1843-1921), portugus, professou a sua f e foi batizado na organiza-o da Igreja Presbiteriana de So Paulo (5/3/1865). Foi licenciado em 22/08/1870, designado para

    os campos das Igrejas de Brotas, Jacutinga e Rio Novo. Ordenado em 10/8/1875. [Atas do Presbitriodo Rio de Janeiro, Sesso de 10/08/1875]. Foi empossado como Pastor da Igreja de Brotas em03/10/1875. [Livro de Atas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Livro I, Ata n 79,p. 57. (fon-te manuscrita)]. Em fontes secundrias encontrei conflito de informaes: lvaro Reis, ed. AlmanakHistorico do O Puritano, "Folhinha Histrica", 2/8/1875, na parte final, no paginada; Vicente T. Lessa,Annaes da 1 Egreja Presbyteriana de So Paulo, p. 85-86; Jlio A. Ferreira, Histria da Igreja Presbi-teriana do Brasil, Vol. I, p. 88; O Estandarte, de 18/01/1912, p. 9, data a Ordenao de Trajano em10/08/1875. A 11 Reunio do Presbitrio do Rio de Janeiro, ocorreu em Rio Claro, de 4 a 10 de a-gosto de 1875 (Veja-se, Vicente T. Lessa, Annaes da 1 Egreja Presbyteriana de So Paulo, p. 136)].121

    Ata do Presbitrio do Rio de Janeiro, Sesso de 29/08/1870. Esta obra s seria traduzida para oportugus recentemente: Archibald A. Hodge, Confisso de F Westminster Comentada por A.A.Hodge, So Paulo: Editora os Puritanos, 1999,596p.122

    Confisso de F de Westminster,

    Rio de Janeiro: Livraria Evanglica, 1876, 96p.123 Sobre este jornal, que foi o primeiro jornal evanglico da Amrica Latina, Vd. Hermisten M.P. Cos-ta, Os Primrdios do Presbiterianismo no Brasil, p. 35ss.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 25Para os pastores, presbteros e diconos serem ordenados, tinham que responder

    afirmativamente seguinte pergunta: Recebeis e adotais sinceramente a Con-fisso de F e Catecismos desta Igreja, como fiel exposio do sistema dou-trinrio ensinado na s Santas Esc rituras? .124

    Como exemplo, cito que o Rev. Eduardo Carlos Pereira e o Rev. Jos Zachariasde Miranda, foram ordenados aps cumprirem os exames previstos pelo Livro deOrdem. 125

    Em 1888, a Igreja Presbiteriana no Brasil constava de trs Presbitrios,126 a sa-ber: do Rio de Janeiro (organizado em 16/12/1865); de Campinas-Oeste de Minas(organizado em 14/4/1887) e o de Pernambuco (organizado em 17/8/1888).127 As-sim, autorizados pelas Assemblias Gerais das Igrejas Presbiterianas dos EstadosUnidos (Norte e Sul), estes Presbitrios se reuniram no dia 6 de setembro de 1888,

    no templo da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, sob a direo do Rev. G.W.Chamberlain, para constituir o primeiro Snodo nacional. Na ocasio, pregou o Rev.Eduardo Lane. Em seguida, procedeu-se chamada dos respectivos representantesdos Presbitrios. A convite do presidente, o Rev. A.L. Blackford leu o ato constitutivodo Snodo, que aprovado previamente pelos presbitrios, foi aprovado unanimemen-te pelo Snodo, o qual recebeu o seguinte nome: Synodo da Egreja Presbyterianano Brazil. O Rev. Blackford foi eleito Moderador do Snodo, no primeiro escrut-nio.128

    Aqui, os Padres de Westminster so confirmados como smbolos de F da IgrejaNacional. No Ato Constitutivo, Art 1, 2, lemos:

    Os smbolos da igreja assim constituda sero a Confisso de F e osCatecismos da assemblia de Westminster, recebidos atualmente pelas i-grejas presbiterianas nos Estados Unidos, e o Livro de Ordem publicado naImp rensa Evang lica de 1881, com as em end as j adota da s pelos p resbi-trios .

    A nossa Igreja fiel sua compreenso bblica e ao seu compromisso histrico,continua adotando os mesmos Smbolos de F. A Constituio da Igreja Presbiteria-na do Brasil, promulgada em 20 de julho de 1950 e, ainda hoje em vigor, diz no Ca-

    ptulo I, Art 1:

    A Igreja Presbiteriana do Brasil uma federao de igrejas locais, que

    124Livro de Ordem, I.6. sees 5 e 6.

    125Vejam-se: Livro de Atas da Igreja Evanglica Presbiteriana de Brotas, Ata n 154, p. 1 (fonte ma-

    nuscrita); Imprensa Evanglica e Revista Christ, set/1881, p. 287.126

    Perfazendo um total de 50 igrejas locais, e mais de trs mil membros professos, e no menos dedez mil assistentes. (Cf. Imprensa Evanglica, 5/1/1889, p. 4).127

    Quanto s datas das organizaes dos respectivos Presbitrios, consulte, Hermisten M.P. Costa,Os Primrdios do Presbiterianismo no Brasil, p. 42.128

    Hermisten M.P. Costa, Os Primrdios do Presbiterianismo no Brasil, p. 56.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 26adota c omo nica reg ra de f e p r tica as Esc rituras Sagrad as do Velho eNovo Testame nto e c om o sistem a expositivo de d outrina e p r tic a a suaCo nfisso d e F e os Ca tec ismos Ma ior e Breve.... .

    Como j indicamos, os Padres de Westminster, so os Smbolos de F de todasas Igrejas Presbiterianas do mundo que tiveram a sua origem inglesa ou escoce-sa.129

    129Cf. A.A. Hodge, Esboos de Theologia, p. 112.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 274. O USO DE CATECISMOS E CONFISSES REFORMADOS:

    4.1. Limites:

    Creio ter ficado evidente a relevncia dos Credos Evanglicos130 no que serefere sua formulao doutrinria. O ato de depreciar os Credos significa deixar deusufruir as contribuies dos servos de Deus no passado referentes compreensobblica; uma negao prtica da direo que no passado deu o EspritoSanto Igreja .131

    Por outro lado, temos de entender alis, como sempre foi entendido pelos Re-formados , que os Credos tm o seu limite. O Credo uma resposta do homem Palavra de Deus, sumariando os artigos essenciais da f crist.132Eles [os credos]no so revela o divina, ma s pa rte d a respo sta da Igreja revela o que

    a criou e a renovou na histria, e que tem continuidade no presente .133Desta forma, eles pressupem f; mas no a geram; esta obra do Esprito Santoatravs da Palavra (Rm 10.17). Os credos podem, equivocadamente, ser professa-dos sem, de fato, a experincia de seu contedo, sem o conhecimento experimentaldo que lhe deu significado. Neste caso, temos um smbolo vazio, que nada diz, es-gota-se em si mesmo. O smbolo que se auto-esgota nega a sua condio de smbo-lo: uma contradio. Contudo, ele serve de itinerrio, de rota que auxilia extrema-mente o que cr a conhecer melhor os caminhos que conduzem ao fim da nossa f

    130Chamo aqui de Credos, os Credospropriamente ditos (Apostlico, Niceno, Constantinopolitano,etc), os Catecismose Confisses. Sabemos, contudo, que podemos distingui-los de maneira maisprecisa, conforme o faz McGrath, dizendo que devido ao fato dos credossintetizarem os principaisponto s da f c rist , os q ua is so c om partilhados por todos os c ristos , o termo jam ais em -pregado em relao a declaraes de f que sejam associadas a denominaes especfi-c as. Essas so g eralmente c ham ad as de c onfisse s (...). A c onfisso pertenc e a uma de-nominao e inclui dogmas e nfases especificamente relacionados a ela; o credo per-tence a toda a igreja crist e inclui nada mais, nada menos do que uma declarao dec ren as, as qua is tod o c rist o deve ria ser ca pa z de ac eitar e ob servar. O c red o veio a serconsiderado como uma declarao concisa, formal, universalmente aceita e autorizadados princ ipa is ponto s da f c rist (Alister E. McGrath, Teologia Sistemtica, histrica e filosfica:

    uma introduo teologia crist, p. 54).(Da mesma forma, Alister E. McGrath, Teologia Histrica: umaintroduo histria do Pensamento Cristo, So Paulo: Cultura Crist, 2007, p. 44). [Vejam-se tam-bm: Arthur C. Cochrane (Edited, with Historical Introductions), Reformed Confessions of the 16thCentury, London: SCM Press, 1966, p. 26; Ulisses H. Simes, A Subscrio Confessional: necessi-dade, relevncia e extenso. Belo Horizonte, MG.: Efrata Publicaes e Distribuio, 2002, p. 18].Contudo, as Confissespodem ser chamadas de Credosainda que qualificados como luteraros, cal-vinistas, batistas, presbiterianos, metodistas, etc.131

    Louis Berkhof, Introduccion a la Teologia Sistematica, p. 22. Stott coloca bem esta questo: Des-respe ita r a trad i o e a teo log ia histric a d esrespe ita r o Esp rito Santo que tem a tivame nteiluminad o a Igreja e m tod os os sc ulos (John R.W. Stott, A Cruz de Cristo, Miami: Editora Vida,1991, p. 8).132

    Ver: Arthur C. Cochrane (Edited, with Historical Introductions), Reformed Confessions of the 16th

    Century, London: SCM Press, 1966, p. 25.133 Edward A. Dowey Jr., Documentos Confessionais como Hermenutica: In: Donald K. Mckim, ed.Grandes Temas da Teologia Reformada, So Paulo: Pendo Real, 1999, p. 12.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Smbolos de F: Patrimnio Responsabilizador02/05/09 28(1Pe 1.9). O cr obra da graa!134

    Os Credos baseiam-se na Palavra, porm no so a Palavra nem jamais foi istocogitado pelos seus formuladores; eles no podem substituir a Palavra de Deus;

    somente Ela gera vida pelo poder de Deus (1Pe 1.23; Tg 1.18).135

    Para ns Reformados, os Credos tm a sua autoridade decorrente da Palavra deDeus; em outras palavras, o seu valor no intrnseco mas sim, extrnseco: Eles sorecebidos e cridos enquanto permanecem fiis Escritura; assim, a sua autoridade relativa. Se isto assim, algum poderia insistir: Para que ento, os Credos, sens temos a Bblia?. O Dr. A. A. Hodge (1823-1886), apresenta uma observao re-levante:

    Tod os os que estud am a Bb lia fazem isso nec essariamente no p rp rio

    processo de c ompreende r e c oordena r o seu ensino; e p ela linguage m deque os srios estudantes da Bblia se servem em suas oraes e outros atosde c ulto, e na sua ordinria c onversa o religiosa , todos tornam ma nifestoque, de um ou outro modo, acharam nas Escrituras um sistema de f tocompleto como no caso de cada um deles lhe foi possvel. Se os homensrecusarem o auxlio oferecido pelas exposies de doutrinas elaboradas edefinidas vagarosamente pela Igreja, cada um ter de fazer seu prprioc red o, sem auxlio e c onfiand o s na p rp ria sabed oria . A questo rea l en-tre a Igreja e os imp ugna dores de c red os huma nos no , com o e les mui-tas vezes dizem, uma questo entre a Palavra de Deus e os credos doshomens, ma s questo entre a f p rovada d o c orpo c oletivo do povo d eDeus e o juzo privado e a sabedoria no auxiliada do objetor individu-a l .136

    Os Credos so somente uma aproximao e, relativa exposio correta da verda-de revelada. Desta forma, podem ser modificados pelo progressivo conhecimento daBblia a qual infalvel e inesgotvel. Por isso, no devemos tomar os Credos comoautoridade final para definir um ponto doutrinrio: os limites de nossa reflexo teol-gica esto na Palavra, no nos Credos. Os Credos no estabelecem o limite de nos-sa f, antes a norteia. Conforme ressaltamos, a Palavra de Deus sempre ser maisrica do que qualquer pronunciamento eclesistico por melhor que seja elaborado e

    por mais fiel que seja s Escrituras.137 No entanto, como ressalta Packer, Na ver-dad e a abordag em impiedosaseria tentar aprender de Deus como cavalei-ro solit rio q ue o rgulhosame nte o u imp ac ienteme nte virasse a s c osta s para a

    134 Deus o nic o Pai no mb i