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PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE I Profa. Joseane Garcia

Aula - Kelly

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Teoria Personalidade de Kelly

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Introduo

PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE I

Profa. Joseane Garcia

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GEORGE KELLY E A TEORIA DOS CONSTRUCTOS PESSOAIS

2KELLY1905 1967 (62a)Estudou inicialmente engenharia, e depois optou por educao.Embora no tenha estudado psicologia, atendia muitos estudantes numa clnica de aconselhamento gratuito que ele fundou. Foi reconhecido como psiclogo escolar, trabalhando em vrias escolas rurais do Kansas.Assumiu o cargo que foi de Carl Rogers em Ohio State University, dirigindo o programa de formao clnica. KELLYOpe-se a abordagem psicanaltica e comportamental. Argumenta que essas teorias consideram as pessoas como passivas, a primeira em relao ao inconsciente e a segunda como respondentes aos eventos. Mas pode ser considerada uma precursor da psicologia cognitiva, embora no tenha sido includo nela. Ele focaliza a experincia fenomenolgica do indivduo, mas diferente da perspectiva humanista sua teoria foi criticada por omitir a motivao.Ele prope uma integrao holstica ou mesmo humanista da cognio com outros processos, tais como os emocionais e motivacionais.KELLYColoca nfase nos processos cognitivos como aspecto central da personalidade. nfase na maneira como os indivduos recebem e processam informaes sobre o mundo e como uma forma de determinar os conceitos de uma pessoa. Para ele, interpretamos e organizamos os eventos e as relaes sociais de nossas vidas num sistema ou padro.

Portanto, para compreendermos a personalidade, em princpio temos de compreender nossos padres, as formas como organizamos e construmos nosso mundo.KELLYAbordagem teraputica: Na terapia, os clientes so instrudos para agirem como se fossem outra pessoa, uma pessoa cujo sistema de constructos ir combater os seus prprios aspectos disfuncionais.

Para ele, uma teoria da personalidade deveria ajudar as pessoas.CONSTRUCTOSSegundo Kelly, a pessoa experimenta os eventos, interpreta-os e coloca neles uma estrutura e um significado.Em outras palavras, o homem v o mundo atravs de moldes, ou gabaritos, transparentes que ele cria e ento tenta ajustar a eles as realidades do mundo. O ajuste nem sempre bom, mas sem tais moldes o mundo parece uma homogeneidade indiferenciada a qual o homem no consegue dar sentido. Esses padres, moldes, gabaritos, que o homem constri para dar sentido s realidades do universo, Kelly chama de constructos.CONSTRUCTOSUm constructo uma forma de construir ou interpretar o mundo. um conceito que o indivduo utiliza para categorizar eventos e estabelecer um curso de comportamentos. Quanto mais flexvel for o constructo, menos sofrimento ele causar a si prprio.No se refere a um grupo particular de indivduos, mas a cada indivduo, sua prpria maneira.A teoria dos constructos pessoais regida pelo homem-cientista, so tentativas de ordenar princpios extrados dos seus constructos pessoais, pois antecipar sempre eventos que o universo no mais fornecer.

METFORA DO HOMEM-CIENTISTAAssim, como o cientista procura uma teoria com maior capacidade de predio, a pessoa tenta desenvolver conceitos que tornem a vida pessoal, particularmente no mbito das relaes interpessoais, mais predizvel. Predies precisas permitem controle. A pessoa como o cientista, descobre que as predies nem sempre se confirmam na experincia e, portanto, s vezes tem de revisar esses conceitos pessoais.POSTULADO FUNDAMENTALEnunciou sua teoria na forma de um postulado fundamental e11 corolrios.Os processos de uma pessoa so canalizados psicologicamente pelas maneiras como ela antecipa os acontecimentos. KellyNs nos preparamos para os acontecimentos que antecipamos.Nossas aes, pensamentos e emoes so determinados por essa antecipao.O homem tenta se antecipar ao futuro.Segundo Kelly, o futuro que preocupa o homem, e no o passado.Se os acontecimentos ocorrerem como foram antecipados, houve validao. Caso contrrio, houve invalidao.COROLRIOS Quatro corolrios explicam o processo de construo:

Corolrio da ConstruoNossos planos para o futuro esto baseados no passado. Baseamos nossas expectativas sobre o prximo jogo de futebol a partir das nossas experincias dos jogos anteriores, sobre o prximo show a partir dos anteriores e assim por diante.

COROLRIOSCorolrio da Experincia a formulao de um princpio de desenvolvimento.As pessoas mudam com a experincia. As direes dessas mudanas variam individualmente e podem ser compreendidas a partir dos outros corolrios.Kelly no prope estgios do desenvolvimento. Ele no supe que o desenvolvimento ocorra numa sequncia fixa ou numa determinada direo.Ele no enfatiza o papel do meio na produo de mudanas.

COROLRIOSCorolrio da EscolhaA pessoa escolhe para si a alternativa de um constructo por meio da qual ela pode antecipar a maior possibilidade de ampliao e definio de seu sistema.Uma pessoa sempre faz a escolha elaborativa. O contrrio da elaborao, a constrio, pode ocorrer sob ameaa, quando os constructos j no predizem com preciso. A mxima constrio o suicdio.Na ausncia de ameaa podemos explorar e experimentar, desenvolvendo novos constructos no processo.

COROLRIOSCorolrio da ModulaoA variao no sistema de interpretao de uma pessoa limitada pela permeabilidade dos constructos dentro daquele intervalo de convivncia em que esto asvariveis.

Um constructo que pode ser aplicado a novos elementos denomina-se constructo permevel. Podem ser usados para construir novas experincias.

O contrrio um constructo concreto. No est aberto para novos elementos.

COROLRIOSQuatro dos corolrios de Kelly explicam a estrutura dos sistemas de constructos:Corolrio da DicotomiaOs constructos so sempre bipolares: bom-ruim, inteligente-burro, popular-impopular, etc. Pode ser que o prprio constructo seja irrelevante e nenhum polo seja aplicvel a um determinado acontecimento.Os polos so chamados de extremidade da semelhana e extremidade do contraste. A extremidade da semelhana descreve a maneira pela qual vrias pessoas so vistas como semelhantes.A extremidade do contraste diz como outras pessoas so vistas como diferentes. a mais desconhecida, submersa.A mudana de um polo para outro chamada de movimento comutativo. As dicotomias variam de pessoa para pessoa. O oposto de ambicioso pode ser feliz.COROLRIOSCorolrio da OrganizaoDispondo de vrios constructos, a pessoa precisa ter uma maneira de selecionar os que so relevantes para a antecipao dos acontecimentos. Os constructos so elaborados num arranjo hierrquico.Constructos nucleares referem-se a constructos centrais para a identidade e a existncia da pessoa. So estabilizadores dentro da personalidade e mudam mais lentamente do que os constructos perifricos, menos abrangentes. Se os constructos nucleares no forem adaptativos possvel que uma terapia os modifique.

COROLRIOSCorolrio da FragmentaoAs pessoas nem sempre so consistentes. Este corolrio nos ajuda a compreender a inconsistncia.Nem todos os constructos so operativos ao mesmo tempo. Podemos ser um competidor implacvel num momento e, num outro, um amigo afetuoso. Os observadores podem se enganar, se inferirem a personalidade a partir de uma amostra limitada de comportamentos.COROLRIOSCorolrio da SriesUm constructo conveniente para a antecipao de apenas uma srie finita de acontecimentos.A srie de convenincia de um constructo relaciona-se com o acontecimento ao qual ele se aplica.

COROLRIOSOs trs ltimos corolrios de Kelly colocam o processo de construo no seu contexto social.

Corolrio da IndividualidadeAs pessoas diferem umas das outras nas suas construes dos acontecimentos. nessas construes que as diferenas individuais so encontradas.

Corolrio da ComunidadeEmbora cada pessoa seja nica, existem algumas similaridades entre as pessoas. Na medida em que uma pessoa emprega uma construo da experincia similar empregada por outra, seus processos psicolgicos so similares aos da outra pessoa.

COROLRIOSCorolrio da Sociabilidade

Este ltimo corolrio enfatiza as relaes interpessoais.

Uma pessoa constri os processos de construo de outra, ela desempenha um papel num processo social que envolve a outra pessoa.

Note-se que a similaridade mencionada no Corolrio da Comunidade no necessria para que uma interao social ocorra. O que se requer a compreenso.

o que permite que os terapeutas kellianos estabeleam uma relao teraputica com seus clientes.

COROLRIOSEx: Um terapeuta de um cliente com problemas com lcool ser mais eficiente no se papel teraputico se compreender o modo como o cliente pensa sobre o lcool. E para Kelly, a compreenso ser maior se o prprio terapeuta tiver se recuperado de problemas de dependncia. Numa interao, se nenhuma das pessoas puder construir os processos de construo da outra, um processo social no ser possvel.

Ex: Esse fracasso pode ocorrer entre um psictico uma pessoa normal.

TESTE REPTeste de Repertrio de Constructos de Papel (REP)

Como tcnica de avaliao, um instrumento de mensurao para revelar os constructos das pessoas.

Foi amplamente utilizado em pesquisa bem como em contextos clnicos.

Consiste em dois procedimentos:

TESTE REPDesenvolvimento de uma lista de pessoas com quem o cliente se relaciona, baseada numa lista de ttulos de papis. Geralmente 20 a 30 papis so apresentados. Ex:PaiMeIrmoIrmCnjuge/namorado (a)Amigo do mesmo sexoColega de trabalho que antipatiza vocPessoa com quem vc se sente mais a vontadeProfessor de que gostouProfessor de que no gostou

TESTE REPDesenvolvimento de constructos baseados na comparao de trades de pessoas. O terapeuta seleciona 3 pessoas da lista. O cliente instrudo no sentido de identificar uma maneira pela qual dois desses indivduos so iguais e diferentes do terceiro. A maneira como as duas pessoas so consideradas semelhantes so chamadas polo de semelhana do constructo, e a maneira em que a terceira diferente chamada de polo de contraste do constructo. A cada trade, a pessoa gera um constructo.

TESTE REPA suposio subjacente a de que as pessoas interpretam eventos em dicotomias, parecido versus diferente. Ao forar o cliente a fazer repetidos julgamentos sobre suas relaes sociais, Kelly acreditava que poderia revelar suas antecipaes e expectativas. O terapeuta pode usar esses resultados para identificar material para as sesses de terapia. Ex: Pode-se observar que muitos constructos do cliente referem-se a reaes emocionais de outras pessoas (sensvel, impaciente e emotivo) e que existe uma indicao de um conflito entre estar comprometido com a famlia e independncia. possvel usar o mesmo constructo repetidamente ao considerar as pessoas ou aplicar vrios constructos diferentes. Complexidade cognitiva: refletida pelo nmero de constructos diferentes que ela usa. As pessoas cognitivamente complexas so capazes de ver o comportamento social de vrios pontos de vista, ganhando assim maior flexibilidade.TERAPIA DE KELLYA terapia de Kelly era tipicamente breve, podendo ir de seis sesses realizadas em duas semanas, at 3 meses.No devemos esquecer que ele trabalhava em aconselhamento de estudantes. Com uma compreenso detalhada dos constructos particulares de uma pessoa, o terapeuta pode fazer uma suposio fundamentada sobre a direo em que a pessoa se mover quando as escolhas atualmente em uso deixarem de ser validadas. Isso permite um alerta antecipado contra as mudanas perigosas. TERAPIA DE KELLYUm terapeuta instrumentado com tal informao pode empregar a invalidao planejada de constructos atualmente em operao para desencadear mudanas num cliente quando julgar que tal mudana se dar numa direo segura e desejvelKelly desenvolveu vrias tcnicas e uma das das mais conhecidas a terapia dos papis fixos.Nessa tcnica, o cliente experimenta novos constructos dramatizando uma personalidade fictcia especialmente criada pelo terapeuta. TERAPIA DOS PAPIS FIXOSCaso Clnico:Susan, 24 anos, procurou aconselhamento devido a uma ansiedade centrada em sua vida social. Sua terapeuta imaginou um papel fixo para Susan, empregando constructos que haviam sido evocados no REP e que tinham um forte significado pessoal.Conforme recomendao de Kelly, essa personalidade fictcia recebeu um outro nome: Mary Jones. Assim, Susan podia experimentar esse papel sem perder sua identidade ou se comprometer a mudar antes de estar pronta para isso.TERAPIA DOS PAPIS FIXOSPapel fixo:Mary Jones uma mulher jovem e afvel que aberta e franca com as pessoas que encontra. Gosta de ser generosa com essas pessoas e do sentimento de companheirismo que tem com elas. V a si mesma unida aos seus colegas, como parte do mundo deles.Mary uma pessoa com os ps no cho e geralmente calma e relaxada. capaz de ser paciente com as pessoas que conhece e no muito crtica em relao a elas.Mary tambm uma pessoa curiosa e questionadora quanto ao seu mundo. Pode ser enrgica quando necessrio e tambm animada.Mary o tipo de pessoa que os outros gostam de conhecer.TERAPIA DOS PAPIS FIXOSCom o progresso na terapia, o cliente muda na direo do papel.Envolve geralmente na descoberta de novos constructos e no apenas no realinhamento do indivduo em relao aos constructos existentes. s vezes, o cliente desempenha o papel da outra pessoa e o terapeuta faz o papel do cliente. Alm de ensinar o cliente a ver a situao do ponto de vista do outro, isso permite ao terapeuta modelar o novo papel.DETERMINANTES DA PERSONALIDADEKelly no foi explcito com relao s origens dos sistemas de constructos.Seus comentrios com relao ao desenvolvimento limitam-se a nfase no desenvolvimento de constructos pr-verbais na infncia e a interpretao da cultura a qual envolve um processo de expectativas aprendidas. Kelly no considerava que os eventos passados fossem determinantes do comportamento presente.Ele no discutiu o papel da hereditariedade na personalidade, mas tambm para ele no somos totalmente determinados por influncias ambientais. a operao dos processos mentais, e no os eventos especficos, que influenciam a personalidade.31BIBLIOGRAFIASCHULTZ, D. Teorias da Personalidade. So Paulo: Cengage Learning, 2013.

CLONINGER, Susan C. Teorias da Personalidade. So Paulo: Martins Fontes, 1999.