26
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Conceito de tributo : É toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Art. 3º CTN - prestação pecuniária : prestação exigida em moeda, dinheiro. - compulsória : pagamento é obrigatório. - que não constitua sanção de ato ilícito : penalidades por infração à lei tributária ( multa) não é tributo. - instituída em lei : previsto em lei, legalidade. - cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada : autoridade administrativa está vinculada à previsão legal, não sendo mera liberalidade. ESPÉCIES DE TRIBUTOS Impostos : São aquelas obrigações tributárias, que podem ser cobradas pela União, Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, dentro do âmbito de suas competências, cujo fato gerador ( descrição

Aula - Sistema Tributário Nacional 1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

SISTEMA TRIBUTARIO

Citation preview

Page 1: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Conceito de tributo : É toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Art. 3º CTN

- prestação pecuniária : prestação exigida em moeda, dinheiro.

- compulsória : pagamento é obrigatório.

- que não constitua sanção de ato ilícito : penalidades por infração à lei tributária ( multa) não é tributo.

- instituída em lei : previsto em lei, legalidade.

- cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada : autoridade administrativa está vinculada à previsão legal, não sendo mera liberalidade.

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

Impostos : São aquelas obrigações tributárias, que podem ser cobradas pela União, Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, dentro do âmbito de suas competências, cujo fato gerador ( descrição como nascem os tributos) independe de qualquer atividade estatal. Tem caráter obrigatório, sendo disciplinados em lei, sem correlação com qualquer tipo de vinculação com serviço ou qualquer tipo de contraprestação por parte dos entes estatais. Imposto é uma prestação de valor pecuniário, cobrada pelos entes estatais dos cidadãos para suprir sua capacidade financeira, mediante parâmetros estabelecidos em lei. Os impostos são, pois, prestações pecuniárias desvinculadas de qualquer relação de troca ou utilidade.

Page 2: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

Taxas : São aquelas espécies tributárias que podem ser cobradas pela União, Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, dentro de sua esfera de atribuição. Elas podem ser de dois tipos : a) em razão do exercício do poder de polícia; b) pela utilização, efetiva ou potencial, de serviço públicos, específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou posto a sua disposição. O poder de polícia é toda atividade, preventiva ou repressiva, exercida pela Administração com finalidade de regulamentar o exercício dos direitos individuais, compatibilizando-os com o exercício de outros direitos. Para Alexandre Moraes “ poder de polícia é a faculdade concedida à Administração Pública para restringir e condicionar o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado, em busca da preservação da ordem pública e do estabelecimento de regras de conduta necessárias e suficientes para evitar conflitos e compatibilizar direitos.” A utilização, efetiva ou potencial, de serviço público tem de ser específico e divisível, ou seja, determinado em unidades autônomas e passível de individualização, podendo ser utilizado efetivamente pelo contribuinte ou potencialmente, quando colocado à sua disposição.

A taxa diferencia-se do imposto, pois quando se paga uma taxa, em contrapartida tem-se a prestação de um serviço público, ex. pagar uma taxa para retirar passaporte, ou ainda, pagar taxa para estabelecer uma danceteria, restaurante, lanchonete, curtume, entre outros.

Paga-se uma taxa e em contrapartida recebe-se um alvará de funcionamento. Paga-se uma taxa de coleta de lixo domiciliar e em contrapartida tem-se a prestação de um serviço de coleta de lixo. O serviço domiciliar de coleta de lixo é financiado com a receita das taxas, pois é possível fazer a divisão do serviço de coleta de lixo. Quando o serviço público for divisível para cada contribuinte, será cobrado por meio de um taxa.

Contribuição de melhoria : É decorrente dos benefícios proporcionados por obras públicas, realizadas pela União,

Page 3: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

Estados, Municípios e pelo Distrito Federal, no âmbito de suas atribuições. São dois os requisitos para a sua existência : a) realização de uma obra pública; b) que ela tenha acarretado uma valorização do imóvel. Ela é o imposto sobre a mais-valia imobiliária causada pelo Estado. Sua finalidade é de uma contraprestação pela despesa realizada que tenha acarretado a valorização do imóvel beneficiado.

DEC. LEI Nº 195/67

Art. 2º. Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes obras públicas:I - abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;II - construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e viadutos;III - construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive todas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;IV - serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública;V - proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e canais, retificação e regularização de cursos d’água e irrigação;VI - construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e melhoramento de estradas de rodagem;VII - construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;

VIII - aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.

Page 4: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

O princípio da capacidade contributiva, também conhecido como princípio da capacidade econômica, é a forma de materialização do princípio da igualdade no Direito Tributário, compreendendo um sentido objetivo e um sentido subjetivo. O sentido objetivo, ou absoluto, informa que a capacidade contributiva é a presença de uma riqueza passível de ser tributada, logo, a capacidade contributiva seria um requisito para a tributação. Já o sentido subjetivo, ou relativo, dispõe qual parcela desta riqueza poderá ser tributada em face das condições individuais, funcionando como medida para gradação e limitação dos tributos A capacidade contributiva em sentido objetivo funciona como fundamento jurídico para delimitar a atividade legislativa no momento da eleição fatos passíveis da dar nascimento a obrigações tributárias. Impedindo que o mero capricho do legislador venha a escolher situações que não sejam reveladoras de riqueza. Sendo assim, a elaboração de exações deve estar em harmonia com a Ciência das Finanças , pois é esta disciplina que estuda as situações que espelham as manifestações da riqueza das pessoas. Com isso não se quer dizer que o legislador esteja condicionado a tributar toda e qualquer manifestação de riqueza, pois a escolha de que situações serão efetivamente tributadas é sempre uma decisão política .

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

Configura-se como uma espécie tributária excepcional, somente podendo ser instituída pela União, impedindo sua criação por Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal. O empréstimo compulsório diferencia-se das demais espécies tributárias, chegando alguns, até mesmo, a negar seu caráter tributário, porque, teoricamente, ele se configura como um empréstimo, devendo, posteriormente, ser devolvido aos cidadãos.

Pode ser de dois tipos: a) para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; b)

Page 5: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante

interesse nacional, desde que respeitado o princípio da anterioridade.

A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório é vinculada, isto é, seus recursos apenas podem ser gastos para cobrir a despesa que fundamentou sua criação. ( art. 148, parágrafo único, da CF).

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

A Contribuição Social é um tributo destinado a custear atividades estatais específicas, que não são inerentes ao Estado. Tem como destino 1- a intervenção no domínio econômico (exemplo: FGTS), 2- o interesse das categorias econômicas ou profissionais (exemplo: Contribuição Sindical) e 3- o custeio do sistema da seguridade social(exemplo:Previdência Social).

É considerado também uma Prestação Pecuniária instituída exclusivamente pela União para intervenção no domínio econômico e para interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. (Ver artigo 149 da CF/88)

Contribuição social é um tributo (forma de contribuição pecuniária compulsória/obrigatória ao Estado) devido por todas as pessoas físicas e jurídicas do Estado brasileiro, com a finalidade de constituir um fundo para ser utilizado em benefício de toda a sociedade através da concessão de benefícios previdenciários (todas as formas de aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente, etc.

É de competência privativa da União

LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR

O artigo 150 da Constituição elenca algumas limitações ao poder de tributar, mas nem por isso o faz de maneira nítida e completa, existem

Page 6: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

também outros institutos nesta esfera como as imunidades que constituem limitações ao poder estatal de invadir a propriedade privada através da cobrança de tributos confiscatórios.As limitações ao poder de tributar constituem-se, portanto, em normas legitimadas pela Constituição Federal que não conferem competências positivas para tributar, mas em dispositivos que visam impedir as situações por elas descritas, ou seja, que sejam utilizadas pela força tributária do Estado. Essas limitações não são taxativas, outras podem ser criadas até mesmo por normas infraconstitucionais.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA

O tributo é uma forma incontestável de limitação legal à liberdade e à propriedade privada, sendo campo de atuação restrito ao Poder Legislativo, criar, modificar ou extinguir a espécie tributária.

Desta feita estamos diante da principal característica do princípio da legalidade tributária, que reside na faculdade exclusiva do Estado de criar tributos e que esta só poderá ser exercida mediante lei.

Este princípio tem aplicação prática conjunta com o princípio da anualidade, pois, é este princípio que legitima, por exemplo, a lei de diretrizes orçamentárias (LDO), e é através desta lei que o Estado define as alterações tributárias para o ano subseqüente. Constatamos, portanto, uma clara integração prática entre esses dois princípios.

PRINCÍPIO DA IGUALDADE JURÍDICA TRIBUTÁRIA

O princípio da igualdade jurídica tributária é uma mera decorrência do instituto presente no inciso I do artigo 5º da Constituição Federal, instituto este que defende a igualdade de todo perante a lei nos seguintes termos categóricos: " homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações".

Este instituto aplicado ao Direito Tributário visa coibir privilégios em matéria tributária, ou seja, todos aqueles que estiverem em situações idênticas devem contribuir da mesma maneira. Daí decorre a existência

Page 7: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

das categorias contributivas decorrentes também do princípio da capacidade contributiva .

Ele impede tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Devido aos princípios da isonomia e republicano, toda norma tributária deve ser igual para aqueles que estejam na mesma situação fática e jurídica, evitando tratamentos privilegiados que maculem a estabilidade social.

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE

Em geral, o princípio da irretroatividade veda que as leis possam atingir fatos já realizados. A finalidade é proteger os fatos pretéritos, propiciando aos cidadãos segurança jurídica para que eles possam planejar seu futuro com a certeza da solidez de seu passado. Fruto dessa vedação, nenhuma norma que houver instituído ou aumentado determinado tributo pode retroagir a fatos geradores anteriores ao início de sua vigência ( art. 150, III da CF).Segundo Aliomar Baleeiro o princípio da irretroatividade veda a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

Nenhuma espécie tributária pode ser cobrada no mesmo exercício financeiro em que foi criado ou aumentado ( art. 150, III, b, da CF). Um tributo criado ou que sofreu uma majoração em um exercício financeiro, que começa no dia 01 de janeiro e termina no dia 31 de dezembro, apenas poderá começar a ser cobrado no outro exercício financeiro, ou seja, no ano seguinte à sua instituição ou majoração. O princípio da anterioridade tem a finalidade de garantir um certo lapso temporal para que os cidadãos possam adequar suas condutas de forma a sofrerem uma menor incidência da obrigação tributária instituída ou majorada.

Page 8: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

PRINCÍPIO DA NOVENTENA

A noventena configura-se na vedação à União, aos Estados- membros, ao Distrito Federal e aos Municípios de cobrar tributos antes de decorridos noventa dias da data da publicação da lei que os instituiu ou aumentou, desde que seja observado o princípio da anterioridade tributária, que expressamente impede a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. O princípio da noventena, também chamado de princípio da anterioridade nonagesimal ou da anterioridade mitigada, significa que pelo lapso temporal de noventa dias, o tributo não produzirá nenhum efeito. O princípio da noventena comporta as seguintes exceções: 1-imposto de renda; 2-IPVA; 3-IPTU.

PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO CONFISCO

A atividade arrecadatória por parte do Estado é essencial para a manutenção das prestações estatais, contudo, ela não pode ser tão intensa a ponto de suprimir o direito de propriedade, considerado como prerrogativa fundamental. A proibição do confisco não se reduz apenas à supressão da propriedade, mas também se configura quando a obrigação tributária instituída impede a própria sobrevivência dos negócios privados. Portanto, a acepção da palavra confisco pode significar tanto a perda da propriedade para os entes estatais, quanto à imposição de ônus que torne impraticável a manutenção das atividades privadas.

LIBERDADE DE TRÁFEGO

Os entes estatais têm impedimento para estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvadas a cobrança de pedágios pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA

É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a

Page 9: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País.PAREI AQUI

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

A imunidade tributária consiste no impedimento constitucional absoluto à incidencia da norma tributária, pois restringe as dimensões do campo tributário da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. No tradicional conceito de Aliomar Baleeiro, são as "vedações absolutas ao poder de tributar certas pessoas (subjetiva) ou certos bens (objetiva) e, às vezes uns e outras".

A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA

No seu art. 150,VI,a, a CF proibiu União, Estados, Distrito Federal e Municípios de instituírem impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros.

Trata-se de cláusulas pétreas, por configurar importante regra protetiva do pacto federativo ao impedir a sujeição de um ente federativo ao poder de tributar do outro.

Por força do dispositivo no parágrafo 2º do citado art. 150, a imunidade prevista é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Parte da doutrina denomina a regra de extensão de “ imunidade recíproca extensiva”.

Percebe-se que a extensão da imunidade tributária recíproca às autarquias e fundações públicas não lhes confere uma garantia de igual amplitude àquela conferida aos entes políticos ( União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

Page 10: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

A diferença fundamental é que, nos precisos termos constitucionais, para gozar da imunidade, as autarquias e fundações precisam manter seu patrimônio, renda e serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, restrição esta não aplicável aos entes políticos.

Assim, se a União der a um imóvel uma utilidade totalmente desvinculada de suas finalidades essenciais ( instalação de um campo de golfe, por exemplo), não perderá a imunidade tributária.

Já se o INSS, autarquia federal, fizer a mesma coisa, a imunidade estará afastada.

Outro ponto de fundamental importância é que o Supremo Tribunal Federal entende que a imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150,VI,a da CF, abrange as empresas públicas e as sociedades de economia mista prestadora de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. Esse entendimento é interessante, pois a extensão, abrange, expresamente, as autarquias e fundações públicas.

Além disso, o parágrafo3º, também do art. 150, expressamente exclui da imunidade o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.

A primeira novidade surgiu quando o STF apreciou a possibilidade de extensão da imunidade recíproca à Empresa de Correios e Telegráfos.

A conclusão a que facilmente se chegaria em face dos dispositivos constitucionais citados seria que a ECT, por ser uma empresa pública ( e não uma autarquia ou fundação) e por cobrar preços ou tarifas por seus serviços, não estaria protegida pela cláusula imunizante.

Todavia, o STF entendeu que a ECT, por prestar serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, goza da imunidade, pois, ainda no entender da Corte Suprema, a extensão prevista no citado parágrafo 2º do art. 150 aplica-se às Empresas Públicas.

Parte do texto extraído do voto do Ministro Carlos Velloso, afirmando o seguinte:

Page 11: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

“ Visualizada a questão do modo acima – fazendo-se a distinção entre empresa pública como instrumento da participação do Estado na economia e empresa pública prestadora de serviço público – não tenho dúvida em afirmar que a ECT está abrangida pela iminudade tributária recíproca (CF, art.150, VI,a), ainda mais se considerarmos que presta ela serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, que é o serviço postal.”

O entendimento tem sido bastante exigido em provas de concurso público. O FCC considerou correta a seguinte assertiva: “ segundo entendimento consolidado no Supremo Tribunal Federal, a imunidade tributária recíproca se estende à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ECT, por se tratar de empresa pública prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado.”

IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER NATUREZA

Como a liberdade de culto é direito individual expressamente consagrado ( art. 5º, VI, da CF), e a imunidade religiosa é uma das garantias que protege tal direito, ambos estão protegidos por cláusulas pétreas.

Também aqui a imunidade é aplicável exclusivamente aos impostos, não sendo extensiva, por exemplo, às contribuições sindicais.

É interessante perceber que o legislador constituinte originário, ao proibir os entes federados de instituir impostos sobre os templos de qualquer culto ( CF, ART. 150, VI,b), disse menos do que efetivamente queria dizer.

A afirmação baseia-se na distinção entre o templo (prédio fisicamente considerado) e a entidade religiosa, com todas as atividades que lhe são inerentes. Se a imunidade fosse tão somente do templo, estaria impedida apenas a cobrança dos impostos que incidissem sobre a propriedade do imóvel em que está instalado o templo (IPTU, ITR). Entretanto, nada impediria a cobrança, por exemplo, do imposto de renda sobre as oferendas ou do imposto sobre serviços relativos à celebração do casamento.

Page 12: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

Vista a questão sob o prisma teleológico, há de se concordar que se o objetivo da imunidade era evitar a submissão da entidade religiosa ao Estado, a proteção teria que abranger todo o patrimônio, todas as rendas e todos os serviços destas entidades.

A citada alínea b não fala exatamente numa “entidade”, fala em “templos” de qualquer culto, o que demonstra que o legislador tinha por objetivo imunizar não apenas o templo, mas a própria entidade religiosa.

Nesse ponto, o entendimento do STF é pacífico, conforme demonstra o seguinte excerto,

“ Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. A imunidade prevista no art. 150, VI, b, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas , também, o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. O parágrafo 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da CF. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas”( STF, Min. Gilmar Mendes).

Do trecho trancrito também se pode extrair uma conclusão muito importante. O STF entende que se um imóvel que pertence a ente imune é alugado, não deixa de estar vinculado às finalidades essenciais do ente, não perdendo a imunidade.

Em julgado recente, o STF, reiterando sua tendência de dar interpretação extensiva à regra ora analisada, decidiu que a imunidade dos templos de qualquer culto é aplicável aos cemitérios que funcionam como extensões de entidades religiosas, não tenham fins lucrativos e se dediquem exclusivamente à realização de serviços religiosos e funerários. Seguindo esta linha, o Tribunal afastou a pretensão do Município de Salvador de cobrar IPTU sobre a área em que funciona cemitério à Igreja Anglicana.

Registre-se que, nas razões constantes do voto condutor do julgamento, ficou expressamente asseverado que não se aplica a imunidade religiosa aos cemitérios instituídos por particulares com manifesta finalidade lucrativa. Nas palavras do Relator, “ a pessoa jurídica, que também explora economicamente o terreno com a comercialização de jazigos, também demonstra capacidade contributiva e finalidade não religiosa e, por fim, a não tributação implica risco à livre concorrência, à livre iniciativa e a isonomia” ( Rel. Min. Eros Grau ).

Page 13: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

A imunidade tributária dos partidos políticos, sindicatos de trabalhadores e entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos

A imunidade tributária conferida aos partidos políticos e às fundações por eles mantidas é corolário do Estado Democrático de Direito e assegura o pluralismo político, ao evitar que o Estado use do poder de tributar como pretexto para subjugar partidos políticos cujas concepções contrariem aquelas adotadas por quem esteja no exercício do poder.

Ao imunizar as entidades sindicais dos trabalhadores, o legislador constituinte quis proteger a liberdade de associação sindical estatuída no art. 8º da CF. Percebe-se, contudo, que a proteção somente beneficia os sindicatos de trabalhadores, talvez por estes se encontrarem no lado normalmente mais fraco da relação trabalhista. Os sindicatos de empregadores (patronais) não são, portanto, beneficiários da regra imunizante.

As entidades educacionais e assistenciais sem fins lucrativos também estão protegidas, desde que atendam os requisitos estipulados em lei, conforme exigência expressa do final do art. 150, VI, c, d CF.

O STF reconhece como protegidas pela imunidade as escolas de ensino profissionalizantes mantidas pelos serviços sociais autônomos, como são os casos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC e do SENAI.

A exemplo do que foi discutido quando da análise da imunidade religiosa, o Tribunal Constitucional tem sido bastante flexível quanto ao requisito de manutenção do patrimônio, renda e serviços das instituições imunes vinculados as suas finalidades essenciais.

Segundo a jurisprudência pacífica da Corte, o fato de a entidade utilizar seu patrimônio em atividades que gere renda e, a rigor, não se enquadrar nas suas finalidades essenciais, não afasta a imunidade, desde que os recursos obtidos sejam destinados a tais finalidades essenciais.

Page 14: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CULTURAL

No seu art. 150, VI, d, a CF proíbe os entes federados de instituir sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

A imunidade visa a baratear o acesso à cultura e, por facilidade a livre manifestação do pensamento, a liberdade de atividade intelectual, artística, científica e da comunicação e o acesso à informação, todos direitos e garantias individuais constitucionalmente protegidos ( CF, art. 5º, IV, IX e XIV), configura também, cláusula pétrea.

Das imunidades previstas no inciso VI do art. 150 da CF, esta é a única puramente objetiva, de forma a impedir tão somente a cobrança dos impostos incidentes diretamente sobre os livros, jornais, periódicos e sobre o papel destinado a sua impressão.

Assim, por exemplo, como o objetivo é imune, não se cobra ICMS quando este sai do estabelecimento comercial, nem IPI quando sai da indústria, nem Imposto de Importação quando é estrangeiro e ingressa no território nacional; entretanto, como o sujeito livraria não é imune, deve pagar IR pelos rendimentos que obtém com a venda dos livros, bem como o IPTU com relação ao imóvel de que é proprietária. Nessa linha, a jurisprudência pacífica do STF, conforme demonstra o excerto abaixo trancrito:

“ Empresa dedicada à edição, distribuição e comercialização de livros, jornais, revistas e periódicos. Imunidade que contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e informação escrita, e o papel destinado a sua impressão, sendo, portanto, de natureza objetiva, razão pela qual não se estende às editoras, autores, empresas jornalisticas ou de publicidade – que permanecem sujeitas à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos.” ( STF, Min. Gilmar Mendes )

Ao se afirmar que o principal objetivo da imunidade em discussão é baratear o acesso à cultura, abre-se espaço para a discussão sobre a possibilidade de diferenciar livros, jornais e periódicos quanto ao conteúdo, de forma a reconhecer a imunidade apenas às publicações

Page 15: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

cujas informações veiculadas possuiam relevante valor didático ou artístico.

A possibilidade não existe. Não é lícito ao intérprete restringir direitos ou garantias conferidas de forma irrestrita pelo legislador constituinte. Raciocinando assim, o STF afastou qualquer possibilidade de aferimento do valor cultural das publicações com o objetivo de conferir-lhes ou não imunidade, visto que esta é assegurada irrestritamente pela Constituição Federal. Nessa linha,

“ Álbum de Figurinha. Admissibilidade. A imunidade tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impresssão tem como escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de expressão intelectual, artistica, científica e de comunicação, bem como facilitar o acesso da população à cultura, à informação e a educação. O constituinte, ao instituir esta benesse, não fez ressalva quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Não cabe ao aplicador da norma cosntitucional em tela afastar este benefício fiscal instiuído para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil.” ( STF, Min. Ellen Gracie)

Por configuração, no entender do STF, um “veículo de transmissão de cultura simplificado” as apostilas também estão protegidas pela imunidade.” ( STF, Min. Marco Aurélio)

Apesar de a qualidade cultural da publicação não ser relevante para o efeito do reconhecimento da imunidade, o Supremo Tribunal Federal entende que, por não poderem ser considerados como destinados à cultura e à educação, os encartes com exclusiva finalidade comercial, mesmo que inseridos dentro de jornais, não serão protegidos pela imunidade. Ressalte-se, porém, que a presença de propaganda no corpo da própria publicação, sendo dela inseparável, não lhe retira a imunidade, pois ajuda a financiar a empresa jornalística, diminuindo o preço da publicação, o que, afinal, está em plena consonância com o objetivo da própria norma constitucional.

Seguindo a mesma ideia, o STF decidiu “ O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade não afasta o benefício

Page 16: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

constitucional da imunidade. A inserção visa a permitir a divulgação das informações necessárias ao serviço público a custo zero para os assinantes, consubstanciando acessório que segue a sorte do principal”. ( STF, Rel. Min. Marco Aurélio).

Para a produção de um livro, de um jornal ou de um periódico podem ser necessários vários materiais, como tinta, cola, linha, papel. Destes insumos, o texto expresso do art. 150, VI, d, da CF somente protege o papel destinado à impressão das publicações.

O Supremo Tribunal Federal não dá uma interpretação elástica ao dispositivo, entendendo que somente se aplica ao papel e aos materiais com ele relacionados, como “ papel fotográfico”, não se aplicando, por exemplo à tinta para jornal.

Na mesma linha, o Tribunal editou a Súmula 657 afirmando que “a imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.”

1º QUESTÃO

Município situado na região XYZ do Brasil realizou serviços e obras de rede de água potável e esgoto de certo bairro, durante o primeiro semestre de 2010, o que resultou na valorização de 100 (cem) imóveis da região. O custo total da obra correspondeu a R$ 3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais). Com isso, o Município editou Decreto, em 02/09/2010, a fim de disciplinar a instituição e cobrança de contribuição de melhoria incidente sobre os imóveis alcançados pela valorização imobiliária em questão. A municipalidade, para efetuar a respectiva cobrança, considerou somente a diferença entre o valor venal dos referidos imóveis antes da realização das obras e seu valor venal ao término das obras públicas, com base no cadastro do IPTU local. Em 10/10/2010, os contribuintes foram notificados, mediante recebimento de cobrança, para, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, efetuarem o pagamento .

Page 17: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

Com base nesse cenário, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Discuta a correção da cobrança , como realizada pela municipalidade, justificando com base na legislação e sua interpretação. (Valor: 0,5) b) Analise o cálculo feito pela municipalidade para encontrar o valor devido pelos contribuintes, esclarecendo se é compatível com a legislação em vigor.

QUESTÕES

1) Explique o conceito de tributo.2) O que são impostos? 3) Explique as taxas em razão do exercício do poder de polícia e a pela utilização de serviços públicos.4) O que são contribuições de melhoria e quais são os requisitos para a sua existência?5) Em que consiste o princípio da capacidade contributiva?6) Explique quais são os casos em que pode ser instituído o empréstimo compulsório, comentando a respeito do princípio da anterioridade.7) Explique o que constitui as limitações ao poder de tributar.8) Explique o princípio da legalidade tributária.9) Explique o princípio da isonomia.10) É possível o Estado confiscar bens a titulo de pagamento ? Explique11) Explique em que consiste o princípio da liberdade de tráfego.12) É possível um ente político, componente da Federação, instituir impostos aos demais? Justifique a resposta.13) No que se refere a imunidade dos templos de qualquer natureza, podemos afirmar que sua incidência é exclusivamente aos prédios (templos) onde ocorre a atividade religiosa? Explique.14) As instituições de educação social sem fins lucrativos podem cobrar pelas suas prestações e repartir suas rendas entre os administradores? Justifique sua resposta.15) Explique em que consiste a imunidade cultural.

Page 18: Aula - Sistema Tributário Nacional 1

16) Empresa do ramo automotivo denominada Concessionária Bassan Distribuidora de Veículos S/A, sediada no Município de São Paulo, recebe veículos da Montadora Lopes do Brasil Ltda., atualmente com isenção de IPI, para portadores de deficiência física. A legislação do IPI ( Lei 3.333/03 – fictícia) define como “ portadora de deficiência física “ toda pessoa que possuir deficiência motora nos membros inferiores e superiores, afastando desta definição as pessoas que possuem deficiência visual ( cegueira e outras doenças de visão). José Maria, portador de cegueira congênita, quer adquirir veículo da Concessionária Bassan, para uso pessoal, contratando motorista particular para dirigi-lo e, mesmo assim, soube que sofreria incidência do IPI. Como advogado de José Maria, que argumentos você utilizaria para garantir os direitos do seu cliente?

17) Determinada unidade da federação decide enviar à Assembleia Legislativa projeto de lei para a criação de uma taxa de segurança das praças públicas. Após votação apertada na referida casa legislativa, ocorre a aprovação e criação da mencionada exação tributária. Como advogado de alguns contribuintes, quais argumentos contrários à cobrança da aludida taxa? Fundamente.