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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL (ICMS/RJ) AULA 04 FATOS JURDICOS (1 Parte) PRESCRIO E DECADNCIA
Prof. Lauro Escobar
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 1
Itens especficos do ltimo edital que sero abordados nesta aula FATOS JURDICOS (1 Parte). Atos Jurdicos. Prescrio e Decadncia.
Legislao a ser consultada Cdigo Civil: arts. 189 at 211.
Sumrio
Introduo . ................................................................................... 02 Classificao Geral dos Fatos ......................................................... 07 Prescrio e Decadncia como Fato Jurdico .................................. 10
Prescrio . ..................................................................................... 11 Disposies Gerais . .................................................................. 14 Causas Impeditivas e Suspensivas . .......................................... 19 Causas Interruptivas ................................................................ 24 Prazos Prescricionais . .............................................................. 27 Aes Imprescritveis ............................................................... 30
Decadncia . ................................................................................... 31 Espcies de Decadncia . ........................................................... 34 Prazos Decadenciais . ................................................................ 36
Quadro Comparativo: Prescrio e Decadncia . ............................. 39
RESUMO ESQUEMTICO DA AULA . ................................................. 41
Bibliografia Bsica . ........................................................................ 44
EXERCCIOS COMENTADOS . ........................................................... 45
Aula 04
Fatos Jurdicos 1 Parte
Prescrio e Decadncia
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INTRODUO
Como vimos, uma RELAO JURDICA formada por trs elementos:
Elemento Subjetivo: so as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e
suas relaes. O sujeito ativo o titular do direito oriundo da relao. O
sujeito passivo aquele sobre o qual recai um dever decorrente da
obrigao assumida pela relao e que deve respeitar o direito do sujeito
ativo.
Elemento Objetivo: o objeto do direito; o bem jurdico pretendido pelo
sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que a prestao (a obrigao
de dar, fazer ou no fazer) e objeto mediato (o bem em si: mvel ou
imvel, divisvel ou indivisivel, fungvel ou infungvel, etc.).
Elemento Imaterial: o vnculo que se estabelece entre os sujeitos e os
bens. Este o FATO JURDICO. o fato propulsor idneo produo de
consequncias jurdicas. Ser o ponto desta e da prxima aula. Vejamos.
Toda relao jurdica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode
ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. H sempre um fato
que antecede o surgimento de um direito subjetivo.
FATO, portanto, uma ocorrncia, um evento, um acontecimento. O tema Fatos, Atos e Negcios Jurdicos deve ser visto bem devagar. Por
isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira introdutria. Costumo
fazer isso tambm nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte terica. Os
alunos, de uma forma geral, no gostam muito dessa primeira parte do tema.
Mas ela imprescindvel. Por isso vou tentar torn-la mais agradvel...
Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificaes, e, principalmente da
prescrio e da decadncia. Na realidade este ser o ponto central da aula.
Depois, na prxima aula, passaremos para uma parte mais dinmica, onde
veremos o Negcio Jurdico e seus elementos constitutivos, alm da ineficcia
(nulidade e anulabilidade) do Negcio Jurdico.
Comecemos, ento.
Como dissemos, fato um acontecimento. No entanto, os fatos podem
ser classificados. H fatos que no interessam ao Direito. A doutrina os chama
de fatos comuns, meramente materiais ou ajurdicos. So os acontecimentos
naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrncia no traz o potencial de
repercutir na ordem jurdica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um
jardim, est praticando um fato comum, que no sofre a incidncia do direito.
Porm, se essa pessoa que est passeando comprar um saco de pipocas, alugar
uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando danos vegetao ou mesmo
alimentar os animais em um zoolgico (condutas consideradas como proibidas),
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tais fatos passaro a interessar ao direito, causado repercusses. Portanto, para
que um acontecimento seja considerado como fato jurdico necessrio que
esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no mbito do
Direito. Seja este reflexo lcito ou ilcito. Observem a seguinte classificao:
FATO: qualquer ocorrncia ou acontecimento.
Fato Comum: ao humana ou fato da natureza que no interessa ao
Direito (por isso, no ser objeto do nosso estudo).
Fato Jurdico (em sentido amplo lato sensu): Fato + Direito. o fato
qualificado pelo Direito. Ou seja, o acontecimento natural ou humano ao
qual o Direito atribui efeitos e relevncia jurdica. Ex.: um contrato de
locao um fato jurdico (na verdade ele mais do que isso; um
negcio jurdico), pois tanto o locador, como o locatrio assumem
compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vnculo surgem
efeitos, ou seja, reflexos no campo do Direito (direitos e deveres para
ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos jurdicos:
Acontecimentos previstos em norma de direito, em razo dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relaes jurdicas.
Para efeito de memorizao dos elementos do fato jurdico, costumo usar a
expresso A.R.M.E. (Aquisio, Resguardo, Modificao e Extino) de Direitos.
Vejamos:
AQUISIO DE DIREITO a conjuno (unio) dos direitos com seu titular.
Ocorre a aquisio de um direito com a incorporao do patrimnio
personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se
subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e no
perdido) ou quando eu compro um automvel de um amigo, eu me torno
proprietrio destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser
adquiridos de forma:
a) Originria: o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou
se apropria de um bem de maneira direta, sem a participao de outra
pessoa; no h qualquer relao com o titular anterior ou mesmo que tivesse,
no h uma transmisso pelo seu titular. Ex.: pescar um peixe em alto-mar,
achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc.
b) Derivada: ocorre quando h uma transferncia ou transmisso do
direito de propriedade (sucesso), existindo uma relao jurdica entre o titular
anterior (sucedido) e o atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou uma
casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, da ser
considerada como derivada; outro exemplo a aquisio de direitos pelos
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herdeiros. Lembrando que o direito adquirido com todas as qualidades e
defeitos do ttulo anterior.
A aquisio ainda pode ser classificada em:
c) Gratuita: quando no h uma contraprestao na aquisio; s o
adquirente aufere vantagem. Ex.: uma pessoa adquire um bem por uma
doao; neste caso no h uma contraprestao nesta doao; o mesmo pode
ocorrer quando se recebe uma herana.
d) Onerosa: quando h uma contraprestao na aquisio; h benefcios
recprocos. Ex.: pessoa adquire o bem por meio de uma compra e venda se
por um lado recebeu o bem, por outro lado pagou por este bem, havendo,
portanto uma contraprestao na aquisio; o mesmo ocorre na troca ou na
locao.
RESGUARDO DE DIREITOS (proteo, conservao ou defesa) So atos
praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o
titular de um direito deve praticar atos conservatrios preventivos (garantindo
seu direito contra eventual e futura violao) ou repressivos (so os que visam
restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que no pode haver direito
subjetivo sem a correspondente proteo.
Exemplo: Direito de Reteno. Uma pessoa possui uma casa (o bem no
dela, mas ela est na posse de boa-f, ou seja, acredita que a casa seja sua).
Esta pessoa realiza benfeitorias necessrias (conserto dos alicerces ou do
telhado) ou teis (construo de garagem). Posteriormente o real proprietrio
move uma ao contra o possuidor de boa-f e ganha a ao. O possuidor deve
ir embora, sair da casa e devolv-la. No entanto, como realizou benfeitorias,
deve ser indenizado por elas. Se a outra parte no indenizar, o possuidor pode
reter o bem (a casa) at que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219,
CC). Outros exemplos: arresto (que a apreenso judicial de coisa litigiosa ou
de bens para a segurana da dvida); sequestro (que o depsito judicial da
coisa litigiosa para garantia do direito); protesto, etc. A defesa pode ser:
a) Extrajudicial: so hipteses de defesa de direitos sem ser necessrio
ingressar em juzo. Exemplo: quando se estabelece uma clusula penal (multa)
em um contrato o que se quer na verdade estabelecer uma garantia para o
cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (tambm chamado de
arras) que um adiantamento da quantia que ser paga tambm para garantir
o cumprimento da obrigao; a fiana, que serve para garantir o pagamento da
dvida (se o devedor principal no pagar a dvida, o credor poder acionar o
fiador), etc.
b) Judicial: so as aes judiciais para proteo de direitos. Recorre-se
autoridade judicial competente para restabelecer um direito j violado ou para
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proteger um direito ameaado. Lembrando que para a propositura de uma ao
judicial necessrio ter um interesse legtimo (econmico ou moral). Ex.:
Mandado de Segurana (que visa proteger um direito lquido e certo); Interdito
Proibitrio (que uma ao possessria, que visa proteger uma pessoa de
eventuais ameaas a sua posse), etc.
Lembrem-se do brocardo: A todo Direito corresponde uma Ao que
o assegura. Se houver ameaa ou violao a um direito subjetivo, este ser
protegido por meio de uma ao judicial (art. 5, XXXV, CF/88 a lei no
excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa de direito).
Imaginem o seguinte exemplo: sabemos que todo cidado tem o direito de ir,
vir e permanecer. Esse um Direito que temos; dizemos que este um direito
material. Agora... e se uma autoridade policial diz que voc est preso em
flagrante, sem ter um motivo plausvel para esta priso? o famoso teje
preso. O que voc faria?? Com certeza voc entraria com um Habeas Corpus!!!
Ora, o Habeas Corpus uma Ao. Assim, ns temos um Direito (no caso o
direito de locomoo, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a
Ao (no caso o Habeas Corpus)! Prev o art. 5, LXVIII, CF/88: conceder-se-
habeas-corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer
violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de
poder.
O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um stio. Paguei
por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto meu, eu tenho direito de
propriedade. Mas algum invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer?
Com certeza entrarei com uma ao... no caso Ao Reivindicatria. Portanto,
voltando e reforando a ideia... a todo direito corresponde uma ao.
Ao o meio que o titular do direito dispe para obter a atuao do
Poder Judicirio, no sentido de solucionar litgios relativos a interesses jurdicos
(art. 3 do Cdigo de Processo Civil Para propor ou contestar uma ao
necessrio ter legtimo interesse econmico ou moral neste sentido a Smula
409 do Supremo Tribunal Federal).
Sabemos que no Brasil ns no podemos fazer justia pelas prprias
mos, sob pena at de cometermos um crime (exerccio arbitrrio das prprias
razes art. 345, Cdigo Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel
eu no posso ir at sua casa, lhe dar uns tabefes e exigir o pagamento devido
ou simplesmente coloc-la no olho da rua. No! O correto ingressar com uma
ao de despejo por falta de pagamento e requerer tambm o pagamento dos
aluguis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa
ou autotutela de um direito, como no caso da legtima defesa da posse (art.
1.210, 1, CC), do penhor legal, etc.
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MODIFICAAO DE DIREITOS (transformao) Os direitos podem sofrer
modificaes relativas ao seu contedo (objeto) ou a seus titulares (pessoas),
sem que haja alterao em sua substncia. A modificao do direito pode:
a) Objetiva: diz respeito ao contedo ou objeto da relao jurdica. Pode
ser qualitativa, quando um direito se converte em outra espcie (o credor de
uma saca de feijo aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa est devendo
uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituio) ou
quantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto.
b) Subjetiva: substituio da titularidade do direito, ou seja, de uma das
pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigao, podendo ser inter
vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento morrendo o titular de um
direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos:
desapropriao, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a
transmisso dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurdico. Obs.: h
direitos que no comportam modificao no sujeito por serem
personalssimos (tambm chamados de intuitu personae).
EXTINO DE DIREITOS quando sobrevm uma causa que elimina os seus
elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o
direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extino puder ser
atribuda a algum, este ser o responsvel pelos prejuzos, devendo ressarci-
los. Vejamos os principais exemplos de extino dos direitos (entre outros):
Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e levado
pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo
de plantao invadido pelo mar).
Renncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo
a quem quer que seja; ele abre mo de um direito que teria (ex.: renncia
herana).
Abandono (ou derrelio): inteno do titular de se desfazer da coisa no
querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo).
Alienao: que o ato de transferir o objeto de um patrimnio a outro, de
forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doao).
Falecimento do titular, sendo direito personalssimo, e por isso,
intransfervel.
Confuso: numa s pessoa se renem as qualidades de credor e devedor.
Prescrio ou Decadncia: ser o tema desta aula de forma
pormenorizada.
Com isso encerramos esta parte introdutria sobre os elementos do fato
jurdico.
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Vejamos agora a CLASSIFICAO GERAL DOS FATOS JURDICOS. O
quadro abaixo nos dar uma viso geral sobre o tema, sendo de extrema
importncia.
CLASSIFICAO GERAL DOS FATOS
A) FATO COMUM Acontecimento sem repercusso no Direito.
B) FATO JURDICO Fato + Direito. Acontecimento natural ou humano ao
qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.).
I. FATO JURDICO NATURAL (Fato Jurdico em Sentido Estrito ou
Stricto Sensu) o acontecimento natural do qual decorrem efeitos;
no h manifestao da vontade humana. Divide-se:
1. Ordinrios: so os que normalmente acontecem (previsveis),
produzindo efeitos jurdicos relevantes: nascimento, maioridade, morte
(por causas naturais), aluvio (art. 1.250, CC), avulso (art. 1.251, CC),
decurso de tempo (como a prescrio, a decadncia, a usucapio), etc.
2. Extraordinrios: so os que ocorrem de forma inesperada
(imprevisveis). Exemplos clssicos: caso fortuito ou fora maior.
Tm importncia ao direito por exclurem, como regra, a
responsabilidade: destruio de bens mveis e imveis em virtude de
uma tempestade, desabamento de prdios em virtude de um terremoto,
incndio de uma fbrica em razo de um raio, naufrgio de um navio em
virtude de um maremoto, tsunami, etc.
II. FATO JURDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) o
acontecimento que conta com a participao humana. Abrange tanto os
atos lcitos como os ilcitos. Veremos este tema na prxima aula, de forma
mais detalhada. Por enquanto, importante que se saiba:
1) ATO LCITO tambm chamado de ato jurdico em sentido amplo (lato
sensu) ou ato jurdico voluntrio, previsto no art. 185, CC) praticado
em conformidade com a ordem jurdica:
a) Ato Jurdico em Sentido Estrito (stricto sensu): h a
participao humana, voluntria, consciente e lcita. No entanto, os
efeitos so impostos pela lei e no pelas partes interessadas, no
havendo regulamentao da autonomia privada. No existe liberdade de
escolha nos efeitos jurdicos produzidos, pois estes so automaticamente
conferidos pela lei. Tambm chamado de ato no-negocial. Ex.:
reconhecimento de filho, fixao de domiclio, abandono, ocupao,
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percepo de frutos de uma rvore, atos de comunicao processual,
como a notificao, etc.
b) Negcio Jurdico: h a participao humana e os efeitos desta
participao so ditados pela prpria manifestao de vontade; os
efeitos so desejados pelas partes (ex.: contratos, testamentos,
etc.). H, portanto, autonomia privada; autorregulao de interesses
particulares, em maior ou menor grau.
2) ATO ILCITO ou Involuntrio: o praticado em desacordo com a
ordem jurdica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a
conduta voluntria e consciente, havendo a transgresso a um dever
jurdico. Entretanto, os efeitos da prtica deste ato so involuntrios,
impostos pela lei. A consequncia da prtica do ato ilcito o surgimento
do dever de reparar o dano causado. Ao invs de criarem um direito,
criam deveres e obrigaes. Pode atuar nas seguintes reas do Direito:
a) Penal: violao de um dever tipificado como crime, pressupondo
um prejuzo causado sociedade; desrespeitado, compromete-se a
ordem social (norma de ordem pblica); a sano pessoal, ou seja,
a pessoa do infrator imputvel que ir responder pela conduta (no se
transmite a responsabilidade a terceiros).
b) Administrativo: violao de um dever que se tem para com a
administrao; a sano tambm pessoal.
c) Civil: violao de um dever contratual ou legal, pressupondo um
dano a terceiro; a sano patrimonial, ou seja, atinge o patrimnio do
lesante (como regra).
Costuma-se dizer que enquanto o ato lcito fonte de direito, o ato ilcito
fonte de responsabilidade (obrigaes).
Observaes 01) Parte da doutrina considera que o ato ilcito enquadra-se na noo de
ato jurdico. Da alguns editais de concurso estabelecem: Ato Jurdico: ato lcito
e ilcito. Porm a doutrina majoritria discorda. Para ela, se ato jurdico toda
ao humana lcita, o ato ilcito seria reservado para uma categoria prpria, no
podendo ser enquadrado como ato jurdico. Podemos concluir: o ato ilcito
um fato jurdico (humano), porm no um ato jurdico.
02) Parte da doutrina tambm se refere ao ato-fato jurdico. O atual
Cdigo Civil no trouxe norma especfica quanto a isso, por isso tudo fica no
plano doutrinrio. O ato-fato jurdico seria uma categoria intermediria
entre o ato da natureza e o fato do homem. Ocorre nas situaes em que a lei
encara a ao humana como um fato, sem levar em considerao a vontade, a
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inteno ou a conscincia do agente. Os exemplos clssicos disso so o de
uma criana de 10 anos que compra um doce em uma padaria ou de um louco
que pinta um quadro que se torna uma obra de arte. Em ambos os casos no h
uma vontade direcionada celebrao de um contrato de consumo.
Feitas essas observaes vamos analisar o itens do quadro acima. O
primeiro deles o Fato Jurdico Natural. A doutrina tambm o chama de fato
jurdico em sentido estrito ou fato jurdico stricto sensu. So expresses
sinnimas, mas que costumam cair e confundem...
Fato Natural o acontecimento natural (independe da vontade humana) do qual decorrem efeitos jurdicos, criando, modificando ou
extinguindo direitos. Como vimos, podem ser classificados em:
1. Ordinrios So aqueles que normalmente ocorrem; so
previsveis. Pergunto: o que h de mais certo em nossa vida? A morte! Ela
ocorrer independente de nossa vontade! E trar uma srie de consequncias
jurdicas. Se por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por
outro lado cria inmeros direitos e obrigaes para os sucessores do falecido.
Portanto a morte o exemplo clssico de fato natural. Lgico que estou falando
da morte por causas naturais (costumo brincar: a morte morrida). Pois um
homicdio (brincando ainda: a morte matada) crime, e, portanto, ato ilcito.
Outros exemplos de fato jurdico natural ordinrio: o nascimento (incio da
personalidade), a maioridade (cessao da incapacidade), o decurso de tempo
que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos),
a usucapio (matria que pertence ao Direito das Coisas), alm da prescrio
e da decadncia, etc. Estes ltimos temas so importantssimos e sero
analisados de forma autnoma, ainda nesta aula.
2. Extraordinrios So causas ligadas ao caso fortuito ou fora
maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento,
alm da ausncia de culpa pelo ocorrido. No h uma unanimidade dos
autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito
seria um evento da natureza, imprevisvel e inevitvel (ex.: uma tempestade,
um terremoto, um tsunami, etc.). J fora maior o que decorre de uma
atuao humana imprevisvel e inevitvel interferindo no ato (ex.: uma greve).
Para outros o conceito exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso
fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex.: exploso de uma caldeira em
uma usina) e na fora maior conhece-se a causa, que fato da natureza (ex.:
raio que provoca um incndio). Outros autores tratam ambos os termos como
sinnimos. Slvio Venosa assim leciona: caso fortuito e fora maior so
situaes invencveis, que refogem s foras humanas, ou s foras do devedor,
impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigao. Geralmente
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costuma cair nas provas (especialmente em Direito Civil) as expresses caso
fortuito ou fora maior e no a situao propriamente dita. E quando cai a
situao (ex.: um terremoto), basta o aluno saber classific-la o fato como fato
jurdico natural (ou fato jurdico em sentido estrito stricto sensu)
extraordinrio.
PRESCRIO E DECADNCIA COMO FATO JURDICO
As obrigaes jurdicas no so eternas. Se eu empresto determinada
quantia em dinheiro a uma pessoa eu no posso ficar cobrando esta dvida a
vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da
obrigao; se no cobrar dentro deste prazo no poderei mais faz-lo. Assim,
para que haja uma tranquilidade na ordem jurdica, fundada na necessidade de
estabilidade social, da certeza do direito e de que as relaes jurdicas no se
prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrio e da
decadncia. No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos so
imprescritveis (ex.: direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome,
alimentos, etc.).
Assim, o decurso do tempo, aliado a inrcia do titular do direito, faz
com que a situao de afronta ao direito prevalea sobre o prprio direito. Ex.:
o credor de uma dvida em dinheiro, que no recebeu o que lhe devido, tem o
direito de ajuizar uma ao para cobrar esta dvida. Mas se ele deixa de ajuizar
a ao cabvel, aps certo tempo, perde o direito de faz-lo, consolidando-se
uma situao contrria a seus interesses, mas que ocorreu por sua prpria
culpa; por sua desdia. H um brocardo em latim, muito conhecido, que diz:
dormientibus non succurrit jus (o direito no socorre aos que dormem).
O fundamento primordial dessa proteo a situaes consolidadas no
tempo (ainda que contrrias ao direito de algum) a paz social. Assim,
impede-se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta
lesado em algum direito. Ora, se o prprio interessado no cuidou de defender
seus direitos no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta
como uma renncia ao direito, pois ele aceitou de forma inerte a afronta que
lhe foi feita. No se trata de achar este instituto justo ou injusto. No esta a
preocupao da lei. O que se busca uma questo de segurana jurdica, de
tranquilidade e paz social. Ningum se veria seguro em seus direitos, se a
qualquer tempo pudesse v-los na contingncia de serem contestados por fatos
ocorridos h muito tempo.
Elementos comuns da prescrio e decadncia. Os dois institutos so
causas extintivas decorrentes do no exerccio de um direito em determinado
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prazo. Requisitos: inrcia do titular do direito e decurso de tempo para o
exerccio desse direito.
Ateno Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrio e decadncia, este tema comum a todas as matrias do Direito. O Direito
Penal, Administrativo, Tributrio, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do
assunto. Lgico que cada matria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o
enfoque apenas sob a tica do Direito Civil. Se cair uma questo sobre esse
tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito est sendo abordado.
Reforo: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora muita coisa
possa ser aproveitada por outras matrias).
Curiosidade (j vi isso cair isto em alguns concursos recentes...) O Cdigo Civil anterior no mencionava a expresso decadncia. Para ele tudo
era prescrio. Ele possua um artigo que dizia: Prescreve... e elencava uma
srie de situaes. Era a doutrina que analisando item por item daquela relao
dizia o que era prescrio e o que era decadncia. Mas mesmo assim, no havia
um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma baguna... Hoje a
matria est bem fcil. O Cdigo diz exatamente o que prescrio e o que
decadncia. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situaes e os
prazos de um e outro caso. Alm disso, ainda existem alguns macetes de
concurso que facilitam a diferenciao. Vou mencion-los mais adiante.
I. PRESCRIO (arts 189 a 206, CC)
Direito Subjetivo a faculdade que o ordenamento reconhece a algum
de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da
relao poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever
da outra. A infrao deste dever resulta (nas relaes jurdicas patrimoniais) um
dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve
(ou deveria) ser protegido por uma ao. No momento em que este direito
violado surge o poder de se exigir do devedor uma ao ou omisso, que
permite a composio do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir
de pretenso.
Pretenso a expresso utilizada para caracterizar o poder de exigir de
outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever jurdico. A pretenso
deduzida em juzo por meio de uma ao. Violado um direito nasce para o seu
titular a pretenso. A partir da surge a possibilidade de se fazer valer em juzo
este direito violado e tambm se inicia a contagem do prazo prescricional.
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Portanto, o prazo prescricional se inicia no momento em que o direito
violado... e morre no ltimo dia do prazo prescricional. Havendo violao ao
direito e o titular deste permanecer inerte, a consequncia ser a perda da
pretenso.
DIRETO AO PONTO Prescrio a perda da pretenso do titular de
um direito subjetivo, em virtude de sua inrcia durante um prazo
determinado previsto em lei.
Trata-se de uma sano aplicada a pessoa que foi negligente, pois no
fez valer seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relao s
pessoas naturais (fsicas), como em relao s jurdicas. Portanto, a prescrio
tem por objeto direitos subjetivos patrimoniais e disponveis (como
exemplo as obrigaes), no abrangendo os direitos de personalidade, os
relacionados ao estado da pessoa e os direitos de famlia (que so
imprescritveis, conforme veremos adiante).
A quem a prescrio favorece? Ao devedor que no pagou seu dbito e
no foi acionado em tempo oportuno para faz-lo!
A quem a prescrio prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado,
pois o devedor no pagou a dvida, ficou inerte e no o acionou
judicialmente dentro do prazo fixado em lei!
Requisitos da Prescrio: a) violao de um direito e nascimento da pretenso (possibilidade de se ingressar com uma ao); b) inrcia do titular do
direito violado; c) continuidade desta inrcia durante prazo fixado em lei
(decurso de tempo); d) inexistncia de impedimentos ou causas suspensivas ou
interruptivas do prazo.
Embora esta expresso seja bem tcnica, precisamos mencion-la, pois
muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto , no pode correr a
prescrio enquanto no nascer a ao possvel de ser ajuizada pela violao do
direito.
Vamos agora dar um exemplo completo Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma
pessoa, estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importncia seja
devolvida. A partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o direito
ao crdito. Se o devedor pagar a dvida dentro do prazo estabelecido a
obrigao se extingue pelo seu cumprimento. Mas se ele assim no o fizer,
haver a violao ao direito de crdito. Neste momento nasce a pretenso
(actio nata), que a possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi
violado. A partir da eu j posso ingressar com uma ao pleiteando meu direito.
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Mas nada eterno... eu tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer
meu direito. E no momento em que eu posso ingressar com a ao, surge,
tambm, um prazo para que faa isso. Devo, ento, exercer o direito dentro do
prazo, pois nesse momento tambm se inicia a contagem do prazo prescricional.
Se eu entrar com a ao dentro do prazo, eu exerci meu direito. Mas... e se eu
no ingressar com a ao dentro do prazo? Ora, o meu direito (pretenso)
prescreveu... Eu no posso mais entrar com a ao. Na realidade eu at posso
entrar com a ao... mas esta ao est fadada ao fracasso, pois basta que a
outra parte alegue (e mesmo que no alegue o juiz poder reconhecer de ofcio)
que a ao ser extinta! E eu ainda deverei suportar todos os encargos
processuais da ao (custas processuais, honorrios advocatcios de ambas as
partes, etc.). Portanto o melhor no entrar com a demanda. Com a prescrio
eu perdi o instrumento jurdico para fazer valer meu direito. Agora eu
pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a dvida que estava
prescrita? O pagamento valeu? E o devedor, percebendo que a dvida estava
prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devoluo do
dinheiro? Resposta: de fato, a dvida estava prescrita, mas a pessoa que pagou
no pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dvida
prescrita, este pagamento valeu! E por qu? Porque o direito material (que o
meu direito ao crdito, que nasceu no dia em que eu fiz o emprstimo) ainda
existia. Ele no foi extinto pela prescrio. A pessoa ainda estava me devendo.
A prescrio atingiu apenas a pretenso; com a prescrio eu perdi o
instrumento judicial para cobrar a dvida (ou seja, o direito de ao). E no o
direito ao crdito. Com a prescrio perde-se apenas o direito pretenso
(no havendo mais a ao para exercer o direito em juzo). Mas o direito em si
(o direito ao crdito) ainda se mantm intacto (embora sem proteo jurdica).
Portanto a pessoa pagou algo que existia, valendo este pagamento, mesmo que
a ao esteja prescrita, no se podendo pedir a devoluo da quantia paga.
Alis, dvida prescrita um excelente exemplo de obrigao natural,
isto , de uma obrigao sem proteo judicial, pois no pode ser exigida
pelo credor e o devedor s paga se quiser; mas, pagando, no pode pedir a
restituio do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prev: No se pode
repetir o que se pagou para solver dvida prescrita ou cumprir obrigao
judicialmente inexigvel (lembrando que repetir, em sentido jurdico, significa
pedir de volta).
Vamos recordar. A prescrio no serve para proteger o lesante. Trata-se
de uma punio ao prprio lesado por sua inrcia. Baseia-se no interesse social
de pacificao das demandas. Ela extingue a pretenso. Extinta a pretenso
perde-se o direito de ajuizar a ao, ou seja, perde-se o direito de resolver a
pendncia judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito
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propriamente dito) permanece inclume, s que sem proteo jurdica para
solucion-lo.
DISPOSIES GERAIS SOBRE A PRESCRIO
Vejamos cada item do Cdigo Civil de forma pormenorizada:
Exceo (art. 190, CC)
Determina o Cdigo Civil: A exceo prescreve no mesmo prazo em que a
pretenso (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta
frase, em especial queles que no tm formao jurdica. A expresso
exceo possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa
aquilo que foge regra; que no se inclui em determinada situao; d uma
ideia de ressalva, de reserva, de excluso. No entanto, na tcnica jurdica o
vocbulo significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma
das partes (em geral o ru) em um processo para opor-se a um direito do
adversrio. Substitua no texto legal a expresso exceo por defesa... veja
como ficou mais fcil!
O autor de uma ao deduz uma pretenso (exigindo do ru o
cumprimento de um dever jurdico). E o ru pode se defender por meio de uma
exceo. Muitas vezes esta defesa indireta, pois o ru, sem negar
categoricamente o fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com o
objetivo de elidir ou paralisar a ao proposta. Exemplos: o autor ingressa com
uma ao (deduzindo uma pretenso: cobrando uma dvida) e o ru alega como
defesa que j foi processado, sendo que a ao foi julgada improcedente por
aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceo de coisa julgada); ou alega
que j h uma ao pendente sobre o mesmo assunto (exceo de
litispendncia); ou que aquele juzo incompetente para apreciar este tipo de
questionamentos (exceo de incompetncia); ou que ele no parte legtima
no processo (exceo de ilegitimidade processual); etc.
Outro exemplo: A possui um crdito contra B, mas este se encontra
prescrito. Portanto A no pode exigir de B o pagamento da dvida. Ocorre
que B ingressou contra A uma ao cobrando este por outra dvida.
Pergunta-se: A pode se defender alegando a compensao desta dvida com a
outra da qual credor, mas se encontra prescrita? Resposta: No! Ora, se est
prescrita a pretenso (o crdito de A contra B), prescrita tambm est a
defesa (exceo), que no caso se daria com a compensao. Assim, se o direito
no pode ser alegado como modalidade de ataque (pretenso), tambm no
poder ser invocado como meio de defesa (exceo: no caso a compensao).
Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer que o prazo dado para a
manifestao do contradireito (que a exceo ou a defesa) exatamente o
mesmo que a lei estipula para que o titular da ao exera sua pretenso. Por
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isso costuma-se dizer que a exceo (defesa) nasce com o exerccio da
pretenso.
Renncia (art. 191, CC)
Renncia um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da
manifestao de vontade da outra parte. Uma dvida est prescrita. O credor
no tem mais como cobrar a dvida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode
renunciar a esta prescrio. Dispe a lei que esta renncia pode ser
expressa ou tcita, e s valer, sendo feita sem prejuzo de terceiro, depois
que a prescrio se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo muito
importante, cai muito nas provas e exames, alm de trazer diversas
consequncias jurdicas. Vamos por partes.
Inicialmente nosso Cdigo no admite a renncia prvia ou
antecipada. Ou seja, o devedor no pode renunciar prescrio antes dela
ocorrer, at porque, no se pode renunciar algo que ainda no temos ou que
ainda no existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor no pagou o
que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ao. Mas eu no entrei com a
ao no prazo legal. Portanto ocorreu a prescrio. Mas, mesmo prescrita a
dvida, o devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a
dvida aps o prazo prescricional) estar renunciando prescrio. Portanto a
renncia um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar
prescrio aps a consumao desta. Enquanto o prazo prescricional estiver
fluindo, o devedor no pode renunciar ela. Isto para no destruir a sua eficcia
prtica. Se assim no fosse o credor poderia inserir uma clusula abusiva em
um contrato. Ex.: o credor insere no contrato uma clusula em que o devedor
renuncia (isto desiste do direito de alegar) de forma antecipada, eventual e
futura prescrio. A lei probe esta conduta. Caso contrrio qualquer credor
poderia colocar uma clusula no contrato de que o seu direito permaneceria
vlido e eficaz at o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente
ingressasse com a ao judicial. Ou seja, poderia propor a ao quando
quisesse.
Outra coisa: no pode haver renncia prescrio quando esta for em
prejuzo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dvidas
autnomas). Em relao a B a dvida est prescrita. Resta ento A pagar C. No
entanto A renuncia a prescrio em relao a B e paga sua dvida em relao a
ele. A seguir alega que no tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dvida
estava prescrita. B no tinha mais como cobrar a dvida. E A ao pagar B,
renunciou prescrio, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta
no permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C
pode anular a renncia e pedir a entrega do dinheiro para si.
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A renncia pode ser classificada em:
a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrio aproveitaria; o
devedor) abre mo do direito de forma explcita. Ex.: devedor redige um
documento por escrito abrindo mo da prescrio; como isso possibilita-se ao
credor acionar o devedor exigindo o crdito que estaria prescrito.
b) Tcita: o interessado pratica determinado ato incompatvel com a
prescrio. O exemplo clssico o prprio pagamento da dvida prescrita. Se
eu pago uma dvida que est prescrita, eu estou renunciando tacitamente
prescrio. Outro exemplo o requerimento que o devedor faz de
parcelamento do dbito; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a
dvida prescrita, embora em prestaes.
Cuidado com as expresses usadas pelos examinadores (todas erradas): no pode haver renncia prescrio; a renncia s pode ser
expressa; s pode ser tcita; pode ser expressa ou tcita e ocorrer antes de
sua consumao, etc.
Alegao (art. 193, CC)
A prescrio pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo
em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada
com a sua declarao. Uma ao geralmente interposta perante um Juiz
singular (primeira instncia), seguindo um trmite processual. A prescrio pode
ser alegada em qualquer momento deste trmite: na contestao, na audincia
de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Aps a sentena do
Juiz, as partes podem recorrer da deciso. O processo ento ser encaminhado
para um Tribunal, que o rgo de segunda instncia. Tambm no Tribunal a
prescrio pode ser arguida.
Ateno A doutrina aponta que no cabvel a alegao de prescrio na fase de liquidao em processo de execuo, nem em fase de liquidao da
sentena. Ou seja, o processo, propriamente dito j acabou. Agora somente
estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Portanto no teria
cabimento alegar a prescrio no momento de se executar o que j foi
exaustivamente debatido. Tambm se tem entendido que embora o art. 193
diga que a prescrio possa ser alegada em qualquer grau de jurisdio, ela
no poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de
Justia (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais so
considerados como instncias especiais e extraordinrias. Eles somente
poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prvio debate da
matria em outras instncias (chamamos isso de pr-questionamento).
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EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIO
Um contrato no pode conter clusula declarando que um direito
imprescritvel. S a lei pode faz-lo e mesmo assim em circunstncias
muito especiais, conforme veremos.
Os prazos prescricionais no podem ser alterados pelos
particulares, ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192,
CC), seja para reduzi-los, aument-los ou mesmo suprimi-los, uma vez que
se trata de matria de ordem pblica. No existe prazo prescricional
convencional. Todos os prazos prescricionais so legais. a lei que
determina em que prazo determinada pretenso prescreve (veremos esses
prazos mais adiante), impedindo que eles sejam alterados.
Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessrios.
Antes de consumada irrenuncivel: no se pode renunciar a
prescrio que ainda no ocorreu.
Os relativamente incapazes (art. 4, CC) e as pessoas jurdicas tm direito
a ao regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que
derem causa prescrio, ou no a alegarem oportunamente (art. 195,
CC). Ex.: um rapaz com 16 anos que est sob tutela, possui um crdito.
Seu representante legal sabe disso e no ingressa com a ao para cobrar a
dvida. Com o tempo ocorre a prescrio. Em relao dvida nada mais
pode ser feito. Ela est prescrita. Mas posteriormente o rapaz poder
acionar o seu tutor em razo de sua no-alegao do direito. Trata-se de
mais uma forma de se proteger e preservar o patrimnio de incapazes ou
das empresas. Entende a doutrina que a responsabilidade subjetiva (
necessria a prova do dolo ou da negligncia do agente).
Suspensa a prescrio em favor de um credor solidrio, somente se
suspender a prescrio em favor dos demais se a obrigao for
indivisvel. Ex.: Antnio se comprometeu a entregar um cavalo de raa
para Bernardo e Carlos de forma solidria. Assim, eles so credores
solidrios de um bem indivisvel (o cavalo). Se por algum motivo o prazo
prescricional for suspenso em relao a Bernardo, este prazo, por fora de
lei (art. 201, CC), tambm ficar suspenso em relao a Carlos, pois a
obrigao alm de solidria indivisvel. No entanto, se a obrigao for
divisvel (dinheiro) a prescrio somente ficar suspensa em relao a
Bernardo, correndo normalmente em relao ao outro credor. Falarei um
pouco mais sobre este assunto mais adianate.
Cuidado Todos os efeitos citados acima tm uma grande incidncia em concursos pblicos!!!
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Pessoas a quem aproveita
A prescrio pode ser alegada e aproveita tanto s pessoas fsicas como s
jurdicas. A prescrio iniciada contra uma pessoa continua a correr contra
seu sucessor (art. 196, CC), a ttulo universal (herana) ou singular (legado).
Ex.: Antnio tem um direito de ao em face de Bernardo. Digamos que o prazo
prescricional de dez anos. Passados sete anos Antnio no ingressou com a
ao e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antnio, dispor apenas do prazo
faltante para exercer a pretenso (ou seja, trs anos). O prazo no parou em
razo da morte de Antnio. Ou seja, a morte no interrompe e nem suspende o
prazo prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores.
No entanto... (como no podia deixar de ser...) h uma exceo a essa
regra: na hiptese em que o sucessor absolutamente incapaz. Neste caso a
prescrio no corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante).
Aproveitando o exemplo acima: Antnio faleceu e Carlos, seu nico filho, tem
12 anos de idade. Neste caso a morte de Antnio far com que o prazo
prescricional fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciar quando Carlos
completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz).
Finalmente em relao a este tpico: prescrevendo o direito principal,
prescrevem tambm os acessrios. Exemplo: se a dvida principal prescreveu,
com ela prescreveu tambm a multa contratual (trata-se da aplicao da regra,
que aqui tambm se aplica, de que os acessrios acompanham o principal").
Declarao de Ofcio (ex officio)
Indagao Importante: um Juiz, no curso de uma ao judicial, pode reconhecer a prescrio, mesmo que a outra parte no tenha alegado, ou seja,
mesmo que no tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que
uma eventual pretenso j esteja prescrita. Eu tenho cincia deste fato, mas,
assumindo o risco, ingresso com a ao judicial mesmo assim... A outra parte
no alega a prescrio (dizemos na gria que ela engoliu barriga ou comeu
bola). O Juiz percebe que ocorreu a prescrio. Pergunto: pode o Juiz
reconhecer a prescrio sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso
de declarao ex officio)?
A lei era taxativa no sentido de que o Juiz no podia suprir de ofcio a
alegao de prescrio, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz.
Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n 11.280 de 16 de
fevereiro de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o 5 do art. 219, CPC.
Ou seja, atualmente o Juiz deve reconhecer a prescrio de uma ao,
independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situao (e
no somente para favorecer absolutamente incapaz, como anteriormente).
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Estabelece atualmente o art. 219, 5, CPC: O juiz pronunciar, de ofcio, a
prescrio. O objetivo deste dispositivo foi tornar o processo mais dinmico.
Observem que colocamos o verbo deve entre aspas, pois h quem defenda
que apesar do imperativo pronunciar, trata-se apenas uma faculdade do Juiz
reconhecer a prescrio de ofcio e no de uma obrigao, uma vez que o
prprio Cdigo Civil admite a renncia da prescrio. Alguns autores acham que
recomendvel ao Juiz, antes de declarar a prescrio no curso no processo
(cvel, evidentemente), abrir vista s partes para que se manifestem em relao
eventual prescrio.
Requisitos para se reconhecer a prescrio
pretenso a ser exercida: a pretenso nasce com a violao de um
direito.
inrcia do titular desta pretenso: no exerccio do direito.
decurso de prazo: continuidade da inrcia durante certo lapso de tempo
fixado em lei.
ausncia de algum fato ou ato a que a lei confira eficcia impeditiva,
suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo
adiante.
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrio
Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretenso. E a partir da
comea a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ao adequada.
No entanto a lei prev situaes em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda
que j surgida a pretenso (so as causas impeditivas) ou que suspendem o
curso da prescrio j iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que o prazo
seja reiniciado (causas interruptivas).
A relao das hipteses impeditivas, suspensivas e interruptivas taxativa. Ou seja, as causas esto expressamente previstas na lei, no se
podendo fazer uma interpretao extensiva. Estas causas s podem ser
estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pblica). Vejamos cada uma
das situaes previstas no Cdigo Civil.
CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS
(arts. 197, 198 E 199, CC)
A expresso no corre a prescrio (prevista nos artigos 197, 198, 199 e
200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo prescricional.
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A diferena entre impedimento e suspenso sutil. Ambas possuem o mesmo
regime jurdico. Porm se diferenciam:
Causas impeditivas so circunstncias que impedem que o curso
prescricional se inicie, em razo do estado de uma pessoa individual ou
familiar (atendendo a razes de confiana, amizade, parentesco e de ordem
moral). A contagem do prazo no se inicia enquanto durar a impossibilidade
jurdica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda no comeou a fluir a
causa ou obstculo impede que ele comece.
Causas suspensivas so circunstncias que paralisam
temporariamente o prazo prescricional que j estava em curso, sem
prejuzo do tempo j decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo
normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste
momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, o prazo
prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando-
se o prazo j decorrido antes do fato.
Resumindo: nas causas impeditivas o prazo nem comeou a contar; nas
causas suspensiva o prazo comeou a fluir, mas parou, voltando a contagem
quando cessar o motivo da parada.
Impedimento do Prazo Prescricional
ANOS
IMPEDIMENTO 1 2 3 4 5
O prazo somente comea a fluir aps a cessao da circunstncia que impede que o curso prescricional se inicie.
Suspenso do Prazo Prescricional
Ano Ano
1 2 3 Prazo
4 5
Fluxo de prazo
prescricional de 05 anos, onde j decorreram 03 anos.
Suspenso Cessada a
suspenso, o prazo retoma seu fluxo
pelo saldo (no caso so mais 02 anos).
No corre a prescrio:
Entre os cnjuges na constncia da sociedade conjugal (art. 197, I,
CC). Observem que dependendo do momento em que a dvida venceu pode
ser hiptese de impedimento ou de suspenso do prazo. Ex.: uma mulher
empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da
dvida credora e devedor se casam (no importa saber qual o regime de
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bens adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois no
corre prescrio na constncia do casamento. hiptese de impedimento. Se
o marido no pagar a dvida e eles se separarem a mulher teria (ao menos
em tese) o direito de cobrar a dvida. No entanto se a dvida venceu antes
do casamento, o prazo prescricional j se iniciou, comeou a correr... Aps
isso, sem que haja o pagamento da dvida, credora e devedor se casam.
Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo
prescricional voltar a fluir pelo tempo que ainda resta. Enunciado 296 da IV
Jornada de Direito Civil do STJ: No corre prescrio entre os
companheiros, na constncia da unio estvel.
Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197,
II, CC). Ex.: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre um
menor e seus pais. Seria um absurdo se exigir que o menor ingressasse com
uma ao judicial contra seus ascendentes para preservar seus direitos, sob
pena de prescrio. Portanto, aguarda-se a extino do poder familiar (18
anos), quando ento a pessoa, sentindo-se lesada, poder acionar seus
ascendentes.
Observao: h uma polmica se a prescrio corre entre avs e netos, pois a lei foi genrica (ascendentes e descendentes). No h dvidas de que
avs e netos esto numa relao de parentesco em linha reta. O av
ascendente do neto, e, consequentemente, o neto descendente do av. Ocorre
que o dispositivo legal tambm exige que haja uma relao de poder familiar.
Como somente h poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) entende-se
que entre av e neto pode correr a prescrio. E mesmo que se tratasse de
tratasse de pais e filhos, no haveria causa de impedimento ou suspenso da
fluncia do prazo prescricional caso houvesse sido afastado o poder familiar
(ex.: procedimento judicial de destituio, maioridade, etc.). Neste sentido j
caiu uma questo elaborada pelo CESPE (Advogado SERPRO 2013).
Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a
tutela ou curatela (art. 197, III, CC). a mesma justificativa em relao
ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto
falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores).
Contra os incapazes de que trata o art. 3, CC (art. 198, I, CC). Ex.:
vamos imaginar que uma pessoa que credora de outra, falea. O de cujus
(falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criana nem ao
menos sabe de seus direitos e que tm crditos a receber. Por isso, para
proteg-la, o CC determina que no corre prescrio contra ela, pois
absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja
relativamente incapaz); somente a partir da o fluxo do prazo prescricional
ter incio. No entanto a prescrio pode correr a favor dos absolutamente
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incapazes. Ex.: quando o incapaz o devedor e o credor no o aciona no
tempo certo; neste caso opera-se a prescrio, pois ela foi favorvel ao
incapaz.
Resumindo
a) prescrio contra absolutamente incapazes no corre.
b) prescrio contra relativamente incapazes corre normalmente.
c) prescrio a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) corre
normalmente.
Contra os ausentes do Pas em servio pblico da Unio, dos Estados,
ou dos Municpios (art. 198, II, CC).
Contra os que se acharem servindo nas Foras Armadas, em tempo
de guerra (art. 198, III, CC).
Pendendo condio suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o
desenvolvimento lgico neste exemplo: eu lhe darei um carro se voc passar
no concurso (condio suspensiva). Enquanto voc no passar no concurso,
isto , enquanto a condio no for realizada, voc no adquire o direito. Se
no houve a aquisio do direito, ainda no h uma ao para proteger o
direito. E se no h uma ao que se possa exercitar o prazo prescricional
no se inicia.
No estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo
princpio do item anterior. Se o prazo de uma dvida ainda no venceu, ainda
no se pode exigir o seu pagamento. E se ainda no se pode exigi-lo o prazo
prescricional tambm no pode ter incio.
Pendendo ao de evico (art. 199, III, CC), suspende-se tambm a
prescrio em andamento. Evico a perda da propriedade para terceiro
em virtude de ato jurdico anterior e de sentena judicial. Exemplo: h um
litgio para se saber quem o proprietrio de um imvel. Enquanto no
resolvido este litgio definitivamente, o prazo prescricional no pode ter
incio. Mais uma vez trata-se do princpio da actio nata (a prescrio no
corre enquanto no nascer a ao possvel de ser ajuizada).
Quando a ao se originar de fato que deva ser apurado no juzo
criminal no correr a prescrio antes da respectiva sentena
definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A
acusado de matar B. A alega que no matou (negativa de autoria). Neste
caso a deciso criminal ir influir no Direito Civil. Em regra h independncia
entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em
algumas situaes (ex.: a existncia ou no do fato delituoso e a negativa de
autoria), a deciso criminal faz coisa julgada no cvel. Portanto, deve-se
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aguardar o desfecho do processo criminal. Somente depois que a questo for
resolvida no Juzo Criminal (deciso final com trnsito em julgado),
apontando a autoria e a materialidade do delito que se inicia o prazo
prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentena criminal. Se A for
condenado criminalmente, a partir desta condenao inicia-se o prazo de
prescrio para que os familiares de B ingressem com eventual ao de
reparao de danos pela prtica do ato ilcito no Juzo Cvel.
Vejamos agora um exemplo prtico em relao aos efeitos da
suspenso da prescrio: imaginem um direito qualquer, cujo prazo
prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se trs anos e a
pessoa no entrou com a ao judicial adequada. Aps esse perodo (trs anos),
surge uma causa suspensiva da prescrio. A partir deste momento o prazo
fica paralisado, suspenso. Durante o perodo em que o prazo esteve parado, ele
no computado. Posteriormente a circunstncia que fez com que o prazo fosse
suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de
ingressar com a ao de cobrana. Mas s pelo prazo que resta. No exemplo
dado s restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos trs anos
(prazo que j havia ocorrido), igual a dois anos (o que ainda resta). Assim,
esse o prazo que resta para se ingressar com a ao, antes do prazo fatal da
prescrio. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado.
Observao Importante
Vamos reforar e aprofundar um tema j visto, mas que muito
importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difcil, utiliza o
dispositivo previsto no art. 201, CC: Suspensa a prescrio em favor de um
dos credores solidrios, s aproveitam os outros se a obrigao for indivisvel.
Se uma obrigao tiver credores solidrios (ou seja, duas ou mais
pessoas so credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do
devedor a prestao por inteiro), mas o objeto divisvel (ex.: dinheiro) e
ocorreu uma causa de suspenso de prescrio para apenas um dos credores, a
prescrio ficar suspensa apenas em relao este credor (ou seja, em relao
aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: trs
pessoas so credoras de uma quarta de uma importncia em dinheiro. Um dos
credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso o prazo prescricional
somente no corre (fica suspenso) contra o incapaz, correndo normalmente
contra os demais, pois a obrigao de entregar dinheiro divisvel.
Por outro lado, se a obrigao solidria for indivisvel, uma vez suspensa a
prescrio em favor de um dos credores, tal suspenso aproveitar (ser
estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13
anos (absolutamente incapaz) tm direito de receber um cavalo puro-sangue
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reprodutor (obrigao indivisvel). Neste caso o prazo prescricional somente
comear a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir
da ele deixa de ser absolutamente incapaz). Isso porque, sendo o direito
indivisvel, a prescrio tambm fica indivisvel (aproveita a todos).
Resumindo
Suspensa a prescrio para um dos credores solidrios:
a) Obrigao divisvel (dinheiro) a suspenso no se estende aos demais
credores e continua a correr normalmente para eles.
b) Obrigao indivisvel (cavalo) a suspenso se estende aos demais
credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos.
CAUSAS INTERRUPTIVAS
(arts. 202 a 204, CC)
So circunstncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional,
inutilizando o tempo j decorrido, de modo que o prazo recomea a
correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o perodo j
decorrido inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A
contagem recomea do zero. Exemplo: o prazo prescricional de cinco anos.
Aps trs anos de fluncia de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo
recomea do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ao
apropriada. O efeito instantneo: o prazo recomea a correr da data do ato
que a interrompeu, ou do ltimo ato do processo para a interromper.
Suspenso X Interrupo A grande diferena ente suspenso e interrupo da prescrio que na
suspenso o prazo temporariamente paralisado, de forma que superado o fato
suspensivo, a prescrio continua a correr computando-se o tempo que j tinha
decorrido (recomea a correr pelo tempo faltante). J na interrupo a causa
interruptiva faz com que o prazo j iniciado seja desconsiderado, comeando a
ser contado de novo desde o incio.
Outra coisa: Na interrupo, em regra, exige-se um comportamento ativo,
uma provocao do credor (ex.: a notificao). J na suspenso exige-se
apenas a ocorrncia de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo
prescricional suspenso de forma automtica.
So causas que interrompem a prescrio (art. 202, CC):
Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citao, se
o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui
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necessrio fazer uma conexo com o art. 219 do Cdigo de Processo Civil:
A citao vlida torna prevento o juzo, induz litispendncia e faz litigiosa
a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitui em mora
o devedor e interrompe a prescrio. Notem que h um certo conflito
entre o texto do Cdigo Civil (que menciona o despacho do Juiz) e o texto do
Cdigo de Processo Civil (que menciona a citao em si). A doutrina vem
tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a tese de que a
interrupo se d com a citao, porm, com efeitos retroativos data da
propositura da ao, desde que obedecidos os prazos fixados na lei
processual.
Protesto judicial (trata-se de uma ao judicial, na verdade uma medida
cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto
extrajudicial de um ttulo de crdito como o protesto de um cheque, de uma
nota promissria ou de uma duplicata). Ambas as situaes se destinam a
prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar
qualquer inteno de modo formal. Tais providncias refletem um
comportamento ativo do credor, demonstrando a sua inteno de agir, de
ver seu crdito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a
prescrio.
A apresentao do ttulo de crdito em juzo de inventrio, ou em
concurso de devedores. A habilitao do credor em inventrio, na falncia ou
nos autos de insolvncia civil, constitui comportamento que tambm
demonstra a inteno do credor em interromper a prescrio.
Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Ex.:
interpelao judicial, notificao judicial, aes cautelares de uma forma
geral, etc.
Qualquer ato inequvoco ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela
do dbito, pedido de prorrogao de prazo para pagamento da dvida, etc.
(nesta hiptese no h uma atividade do credor, mas sim do devedor).
Ateno No Direito Civil a interrupo da prescrio s pode ocorrer uma nica vez (art. 202, CC). Tal restrio benfica, evitando
inmeras interrupes abusivas, a m-f e o adiamento da soluo das
pendncias.
Exemplo prtico de uma hiptese de interrupo do prazo de prescrio:
imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco
anos. Passaram-se trs anos e a pessoa no entrou com a ao judicial. Aps
esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrio (ex.: credor ingressa
com uma notificao ou protesta um ttulo de crdito). Neste caso o prazo
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zera, ou seja, volta estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha
cinco anos para exercer o direito. Passaram-se trs e no exerceu. Com a
interrupo devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ao
principal. Observem o quadro abaixo:
Interrupo do Prazo Prescricional
Ano Ano
1 2 3 1 2 3 4 5
Fluxo de um prazo
prescricional de 05 anos, onde j
decorreram 03 anos.
Prazo
Interrompido
Interrompido, o prazo fluir
por mais 05 anos; inicia-se novamente, mas por apenas
uma vez mais.
Quem pode promover a interrupo da prescrio?
Nos termos do art. 203, CC, a interrupo da prescrio poder ser
promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse jurdico. Portanto tm
legitimidade para o ato:
o prprio titular do direito em via de prescrio.
quem legalmente o represente.
terceiro que tenha legtimo interesse (ex.: credores, fiadores ou
herdeiros do credor).
Reflexos da interrupo da prescrio (art. 204, CC)
Eis outro dispositivo que os examinadores gostam para complicar um
pouco... Em princpio a interrupo da prescrio beneficia apenas quem a
promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um
credor promover a interrupo, tal fato beneficiar apenas quem alegou a
interrupo, no se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como
regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrio
em relao a apenas um deles, este fato prejudicial no ser estendido aos
demais devedores. No entanto h excees:
Se for obrigao solidria (passiva ou ativa) a interrupo efetuada contra
um devedor atingir (prejudicando) os demais; e a interrupo aberta por
um dos credores atingir (beneficiando) os demais. Isto porque na
solidariedade os vrios credores so considerados com um s credor e, da
mesma forma, todos os devedores so considerados como um s devedor.
A interrupo operada contra um dos herdeiros do devedor solidrio no
prejudicar os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigao
indivisvel (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade no se
transmite aos herdeiros, salvo se a obrigao for indivisvel.
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Finalmente, se um credor interrompe a prescrio contra o devedor de uma
obrigao principal (ex.: locao), interrompe-se, tambm, eventual prazo
prescricional contra o devedor da obrigao acessria (ex.: fiana).
Lembrem-se mais uma vez da regra: o acessrio segue o principal.
PRAZOS PRESCRICIONAIS
O prazo da prescrio o espao de tempo que decorre entre seu termo
inicial e final. O art. 205, CC optou por um critrio simplificado de 10 anos para
o prazo prescricional geral, tanto para as aes pessoais como para as
reais, salvo quando a lei no lhe haja fixado prazo menor. Assim, para
sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ao, devemos
proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a ao que
desejamos propor est prevista em algum dos pargrafos do art. 206, CC. Se
encontrarmos a situao prevista em algum dispositivo, o prazo o nele
determinado expressamente. Porm, se analisamos todas as situaes legais e
no encontramos a ao que desejamos propor aplica-se a regra geral de 10
anos do art. 205, CC. Assim, temos duas espcies de prazo:
Ordinrio (ou comum): 10 (dez) anos em aes pessoais (ex.: uma ao
de cobrana que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.:
uma ao que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao
patrimnio do titular da pretenso. Art. 205, CC: A prescrio corre em
dez anos, quando a lei no lhe haja fixado prazo menor.
Especial: so prazos mais exguos (de um a cinco anos), pois h uma
presuno de que conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o
exerccio de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do
passado remoto possam ainda ser questionados. Esto previstos no art.
206 e todos os seus pargrafos do CC. A diferena dos prazos repousa em
uma valorao feita pelo legislador, bem como em condies pessoais do
titulares das pretenses. No se discute se eles so longos ou curtos; so
fixados pela lei, que a nica fonte deles em nosso sistema.
Destacamos como mais importantes (somente pelo fato de que h maior
incidncia em concursos pblicos):
02 (dois) anos: pretenso para haver prestaes alimentares, a partir
da data em que se vencerem. a nica hiptese que prescreve em dois
anos. Observao Importante: interessante deixar claro que o direito
aos alimentos imprescritvel (a fome reclama urgncia!). O direito no
cessa pelo seu no exerccio. A qualquer tempo, surgindo a necessidade,
eles podero ser pleiteados. O que se opera a prescrio em relao aos
valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestaes alimentares fixadas
judicialmente e no pagas e nem exigidas no prazo legal. Lembrando,
tambm, que o no pagamento da penso alimentcia fixada em sentena
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judicial pode gerar a priso do devedor inadimplente. Esta priso,
autorizada pela atual Constituio Federal, est plenamente justificada em
face do bem jurdico protegido, que no caso a sobrevivncia digna de
seres humanos incapazes de prover seu prprio sustento.
03 (trs) anos: pretenso de reparao por ato ilcito (ou seja, este o
prazo prescricional para as aes de responsabilidade civil em geral, em
relao a danos materiais e/ou morais); pretenso para haver o pagamento
de ttulos de crdito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposies de
lei especial); pretenso relativa a aluguis de prdios urbanos ou rsticos.
04 (quatro) anos: pretenso relativa tutela, a contar da data da
aprovao das contas ( a nica hiptese que prescreve em quatro anos).
05 (cinco) anos: pretenso dos profissionais liberais em geral
(mdicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorrios, contado o
prazo da concluso do servio.
VAMOS AGORA CITAR TODOS OS PRAZOS PRESCRICIONAIS
Prescrevem em 01 (um) ano
a) a pretenso dos hospedeiros ou fornecedores de vveres destinados a
consumo no prprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou
dos alimentos;
b) a pretenso do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele,
contado o prazo:
- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data
em que citado para responder ao de indenizao proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuncia do
segurador;
- quanto aos demais seguros, da cincia do fato gerador da pretenso;
c) a pretenso dos tabelies, auxiliares da justia, serventurios judiciais, rbitros e peritos, pela percepo de emolumentos, custas e honorrios;
d) a pretenso contra os peritos, pela avaliao dos bens que entraram para a formao do capital de sociedade annima, contado da publicao da ata da
assembleia que aprovar o laudo;
e) a pretenso dos credores no pagos contra os scios ou acionistas e os
liquidantes, contado o prazo da publicao da ata de encerramento da
liquidao da sociedade.
Prescreve em 02 (dois) anos
- a pretenso para haver prestaes alimentares, a partir da data em que se vencerem.
Prescrevem em 03 (trs) anos
a) a pretenso relativa a aluguis de prdios urbanos ou rsticos;
b) a pretenso para receber prestaes vencidas de rendas temporrias ou vitalcias;
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c) a pretenso para haver juros, dividendos ou quaisquer prestaes
acessrias, pagveis, em perodos no maiores de um ano, com capitalizao ou sem ela;
d) a pretenso de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
e) a pretenso de reparao civil;
f) a pretenso de restituio dos lucros ou dividendos recebidos de m-f, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuio;
g) a pretenso contra as pessoas em seguida indicadas por violao da lei ou do estatuto, contado o prazo:
- para os fundadores, da publicao dos atos constitutivos da sociedade annima;
- para os administradores, ou fiscais, da apresentao, aos scios, do
balano referente ao exerccio em que a violao tenha sido praticada, ou da reunio ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
- para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior violao;
h) a pretenso para haver o pagamento de ttulo de crdito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposies de lei especial;
i) a pretenso do beneficirio contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatrio.
Prescreve em 04 (quatro) anos
- a pretenso relativa tutela, a contar da data da aprovao das contas.
Prescrevem em 5 (cinco) anos
a) a pretenso de cobrana de dvidas lquidas constantes de instrumento
pblico ou particular;
b) a pretenso dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais,
curadores e professores pelos seus honorrios, contado o prazo da concluso
dos servios, da cessao dos respectivos contratos ou mandato;
c) a pretenso do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juzo.
Observao ImportanteContas de gua, luz, gs, etc. e descumprimento contratual. No h uma posio definitiva sobre a
prescrio das contas de gua, luz, gs, telefone, etc. A doutrina majoritria
afirma que a prescrio seria de cinco anos (encaixaria na situao dvidas
lquidas constantes de instrumento particular). No entanto tenho visto decises
judiciais (inclusive do STJ) que apontam o prazo de dez anos, isso porque,
como a situao no se amolda perfeitamente em uma das situaes especficas
previstas em lei, deve ser aplicada a regra geral do art. 205, CC. Pelo mesmo
motivo (ausncia de prazo expressamente previsto no art. 206, CC), o STJ vem
decidindo que os danos decorrentes de descumprimento contratual podem
ser pleiteados em at dez anos, de acordo com a regra geral do art. 205, CC,
que estabelece esse prazo quando a lei lhe no fixar prazo menor.
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AES IMPRESCRITVEIS
A prescritibilidade a regra. No entanto, h excees. So imprescritveis
as aes que versam sobre:
os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o
nome, a liberdade, a intimidade, a prpria imagem, as obras literrias,
artsticas ou cientficas, etc.
o estado da pessoa, como filiao (ex.: investigao de paternidade),
condio conjugal (separao judicial, divrcio), interdio dos incapazes,
cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem a seguinte: um
filho nascido fora de um casamento pode mover ao de investigao
de paternidade a qualquer momento? No h prescrio para isso?
Quanto a este tema h uma Smula do Supremo Tribunal Federal a
respeito (n 149): imprescritvel a ao de investigao de paternidade,
mas no o a de petio de herana. Portanto no h prazo par mover
ao de investigao de paternidade. No entanto, a ao de petio de
herana prescreve. Como vimos os prazos prescricionais especiais esto
previstos no art. 206, CC. A petio de herana no est prevista naquele
rol. Logo cai na regra geral do art. 205, CC, cujo prazo de 10 anos
(contados a partir da abertura da sucesso, ou seja, da morte do de
cujus).
o direito de famlia no que concerne questo inerente penso
alimentcia, vida conjugal, regime de bens, etc.
aes referentes aos bens pblicos de qualquer natureza. Lembrem-se
que no pode haver usucapio referente aos bens pblicos, conforme o
art. 102, CC. Smula 340 STF: Desde a vigncia do Cdigo Civil, os
bens dominicais, como os demais bens pblicos, no podem ser adquiridos
por usucapio. Usucapio no deixa de ser uma espcie de prescrio.
Alguns autores inclusive a chamam de prescrio aquisitiva.
ao para anular inscrio do nome empresarial feita com violao de le