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Surge, cerca de 2500 anos atrás, uma nova forma
de pensamento. Na sociedade grega clássica, o
homem passa a abandonar os mitos e utilizar a
razão para conhecer a natureza. Grande parte do
conhecimento ocidental é originado na Filosofia
natural grega, inclusive o estudo da vida, ou
Biologia.
Cláudio Galeno (130 – 200 E.C.)
Com a queda das cidade-estado gregas e a ascensão
do império romano, a Filosofia passa a perder seu
brilho na sociedade, que agora se preocupa
especialmente com a política e superioridade
militar.
Um dos últimos grandes pensadores a representar o
naturalismo grego, aos modelos do pensamento
aristotélico (que se baseava na experiência), foi o
médico Cláudio Galeno (Figura). Galeno desejava
estudar a anatomia e fisiologia humana, mas a
legislação romana o impedia de dissecar cadáveres
humanos ou realizar vivissecção em animais. Sua
estratégia, então, era estudar seus pacientes,
frequentemente gladiadores, durante o tratamento
de feridas e outros males.
Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho (354 – 430 E.C.)
Quando o império romano se torna o império
romano bizantino, ou seja, muda sua capital para
Bizâncio (Constantinopla), o pensamento se torna
cada vez mais fundamentado na política e na
religião, especialmente o cristianismo, que ganhou
destaque sob o imperador Constantino (272-337).
Nesse período, surge Agostinho de Hipona (Santo
Agostinho, que foi um dos primeiros grandes
pensadores da Igreja Católica. Agostinho baseava
seus trabalhos nas ideias de Platão e Plotino,
utilizando-as para fundamentar a teologia da igreja
em seus séculos iniciais.
Ordem dos Beneditinos (529 E.C.)
Em contraste, surgem na época outras ordens
monásticas (monastérios) e escolas de pensamento
vinculadas à igreja (como a ordem dos Beneditinos)
que se baseavam exclusivamente na oração e no
estudo da palavra revelada nos testos religiosos. Ou
seja, seu pensamento se afastava da Filosofia grega.
São Francisco de Assis (1182 - 1226 E.C.)
Dante Alighieri (1265 - 1321 E.C.)
“[São Francisco de Assis foi] a luz
que brilhou sobre o mundo.”
Apesar de conflitos políticos e instabilidade na
estrutura da igreja, o cristianismo permanece e
prospera por mais de mil anos após o governo de
Constantino no Império Bizantino (ver slide 4).
Por volta do século XI, investidas políticas e
religiosas dos europeus (cristãos) permitiram a
tomada de territórios no Oriente Médio. No
território árabe, os europeus entram em contato
com textos da Filosofia grega traduzidos e
comentados em Árabe.
Ao entrar em contato com novos trechos do
pensamento clássico, antes desconhecidos pelos
europeus, surge um movimento que procura
reconciliar o racionalismo grego com a palavra
bíblica. Esse ficou conhecido como Escolástica.
São Francisco de Assis foi um dos principais
representantes do novo pensamento (Escolástica),
suas ideias positivas sobre a natureza e o homem
estimularam o que depois seria a Renascença e da
Filosofia humanista.
São Tomás de Aquino (1225 – 1274 E.C.)
Tomás de Aquino é um dos últimos grandes
pensadores da Escolástica. Seu trabalho utilizava os
pensamentos de Aristóteles como forma de
restabelecer uma justificativa filosófica para o
pensamento teológico. Muito da Filosofia moderna
surge com base em seus pensamentos, seja em
oposição ou a favor deles.
Aquino também é conhecido por apresentar cinco
argumentos para justificar a existência do deus
cristão, são eles:
1. Movimento;
2. Causa;
3. Existência necessária;
4. Gradação;
5. Tendências ordenadas da natureza.
Peste negra (Século XIV)
Yersinia pestis
Surge, no século XIV, uma das maiores pandemias
da história humana. A peste negra, causada pela
bactéria Yersinia pestis e transmitida por ratos e
pulgas, matou milhões de pessoas na Europa
Ocidental em cerca de 10 anos. A peste marca o
intervalo entre a Escolástica e o princípio da
Renascença.
Nicolau Copérnico (1473 – 1543 E.C.)
Um dos primeiros marcos da Renascença é Nicolau
Copérnico, que foi o Astrônomo e Matemático
polonês responsável pela teoria heliocêntrica
moderna.
A ideia de um modelo heliocêntrico vinha de
encontro com a visão geocêntrica da Igreja
Católica, que era principalmente baseada na
Filosofia Aristotélica e na visão religiosa do homem
como sendo o propósito da criação.
Galileu Galilei (1564 – 1642 E.C.)
O modelo heliocêntrico de Copérnico ganhou
destaque nos trabalhos de Galileu Galilei, que
validou o sol como o elemento central do sistema
planetário.
Sua principal contribuição, porém, é desenvolver o
método empírico de Aristóteles em uma nova forma
de pensamento, o método científico. Apesar de se
diferenciar do método em sua estrutura moderna,
Galilei é considerado o “pai do método científico”.
Francis Bacon (1561 – 1626 E.C.)
Contemporâneo de Galilei, Francis Bacon também
fez contribuições vitais para o desenvolvimento do
método científico. Similar a Galilei, Bacon é
conhecido como o “pai da ciência moderna”.
A principal contribuição de Bacon para o método
científico é a consolidação do método indutivo no
empirismo. Ou seja, Bacon apresenta uma forma de
experiências particulares serem utilizadas para
desvendar fenômenos gerais (leis) da natureza.
René Descartes (1596 – 1650 E.C.)
“Cogito, ergo sum”Penso (ou duvido), logo existo
Ainda contemporâneo a Galilei e Bacon, Descartes
faz outra contribuição para a ciência moderna. Seu
método, chamado de Cartesiano, se baseia na
dúvida sistemática, ou seja, é uma forma de
ceticismo metodológico.
Descartes propõe algumas regras fundamentais
para se avaliar algum fenômeno, são elas:
1. Verificar;
2. Analisar;
3. Sintetizar;
4. Enumerar.
John Locke (1632 – 1704 E.C.)
John Locke foi um grande pensador e empirista
que se preocupava especialmente com as ciências
sociais e políticas. Sua contribuição para o
pensamento científico foi, especialmente, propor
que a experiência é a fonte do conhecimento; só
após a experiência de algum fenômeno natural
somos capazes de desenvolver ideias pelo esforço da
razão, diz Locke.
Carl Linnaeus (1707 – 1778)
Bibliotheca botanica (1736)
Carl Linnaeus foi um médico, zoólogo e botânico
suíço. Seu trabalho foi especialmente importante
para as ciências naturais. Linnaeus reestrutura a
visão aristotélica dos seres vivos e cria uma nova
forma de catalogar a vida, a classificação científica
dos organismos.
Para desenvolver o sistema de classificação
científica (taxonomia), Linnaeus propõe a utilização
de uma nomenclatura chamada “binomial”.
Conhecemos esse sistema de nomenclatura ao
lembrar de nossa própria espécie: “Homo sapiens”,
Onde Homo se refere ao gênero e sapiens a nossa
espécie dentro da classificação científica.
REINO
FILO
CLASSE
ORDEM
FAMÍLIA
GÊNERO
ESPÉCIE
Re Fi C O Fa G E
Thomas Beddoes (1760 - 1808)
Karl Friedrich Burdach (1776 - 1847)
Gottfried R. Treviranus (1776 - 1837)
Thomas Beddoes, Karl Burdach e Gottfried Treviranus foram os primeiros (entre 1799 e 1802) a utilizar o termo
“Biologia” como uma disciplina formal de estudo. Seus trabalhos se voltam especialmente para a Fisiologia
animal, Medicina e Biologia geral.
Jean-Baptiste Lamarck (1744 - 1829)
Philosophie Zoologique (1809)
Lamarck foi um naturalista francês. Seus estudos
se basearam especialmente na fauna e flora
francesas. Quando desenvolvia uma investigação
sobre moluscos, chegou a noção de que espécies
sofriam algum processo de transmutação
(mudança) ao longo do tempo.
Essa perspectiva o levou a elaborar uma teoria da
evolução biológica, hoje considerada como pré-
darwiniana. A evolução de Lamarck propunha que:
1. Seres evoluem (transmutam) rumo à perfeição,
movidos por forças externas;
2. O uso e desuso assegura que as características
necessárias a vida sejam mantidas no
organismo;
3. Características adquiridas são transmitidas
para a próxima geração.
Lamarck, também defendia a geração espontânea e
enxergava a vida como uma criação divina.
Alfred Russel Wallace (1823 - 1913)
Charles Robert Darwin (1809 - 1882)
Charles Darwin foi o naturalista britânico
responsável, junto a Alfred Russel Wallace, por
propor mecanismos de evolução através de seleção
natural (e sexual). Dadas as modificações e adições
necessárias à teoria, o modelo Darwiniano é o
atualmente aceito para explicar os fenômenos
evolutivos causadores da biodiversidade em nosso
planeta. Seu trabalho foi revolucionário, segundo o
Biólogo Theodosius Dobzhansky, “Nada na Biologia
faz sentido exceto à luz da evolução.”
Alfred Russel Wallace foi naturalista e antropólogo,
ele é principalmente conhecido como coautor nos
trabalhos que levaram à descoberta da evolução
por meio de seleção natural. Apesar disso, Wallace
também fez contribuições vitais para a
Biogeografia e para a descrição de novas espécies
na Malásia e Indonésia.
Gregor Mendel (1822 - 1884)
Versuche über
Pflanzen-Hybriden (1866)
Mendel foi o botânico e monge agostiniano
responsável por delinear leis sobre a
hereditariedade, ou seja, regras biológicas para a
transmissão de características hereditárias. Seu
trabalho, como sabemos, foi realizado antes da
descoberta do DNA como portador da informação
hereditária de um organismo, mas foi essencial
para desvendarmos as características genéticas da
passagem de características para as gerações
seguintes de uma espécie.
São três as chamadas leis de Mendel:
1. Lei da segregação;
2. Lei da segregação independente;
3. Lei da dominância;
James Watson Francis Crick Maurice Wilkins Rosalind Franklin
Quase cem anos após Darwin, Wallace e Mendel, Rosalind Franklin
obtém a primeira imagem de uma molécula de DNA. O feito foi
realizado por meio do método de cristalografia de raios X. Pouco tempo
depois, James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins utilizam a
imagem para propor a composição molecular e estrutura do DNA,
recebendo o prêmio Nobel em Medicina e/ou Fisiologia pelo trabalho.
Primeira imagem da
molécula de DNA,
obtida por Rosalind
Franklin
Homo sapiens (humano)
Entre 1988 e 2000, uma iniciativa internacional se
propôs a sequenciar (analisar) todo o genoma
humano. O trabalho foi (quase) totalmente
concluído na virada do século, e atualmente
podemos acessar bases de dados online para obter
informações sobre qualquer gene no ser humano (e
de muitas outras espécies).
Na figura ao lado, vemos distribuídos todos os 22
cromossomos (mais o par sexual XY) humanos, que
estão acessíveis na plataforma do Centro Nacional
de Informação em Biotecnologia (NCBI) norte-
americano.
LINHA DO TEMPO
O pensamento científico
e as
Ciências Biológicas
Turma: 1ª série do ensino médio
Disciplina: Biologia
Professor: Hércules Freitas
500 a.E.C.
Filosofia
Grega
1200
Alberto
Magno
“De animalibus”
1450
Prensa
móvel de
Johannes
Gutenberg
1350
Início do
renascimento
Anatomistas
&
Naturalistas
1674
Microscópio
de
Leeuwenhoek
1735
Taxonomia
de Carl
Linnaeus
“Systema
naturae”
1800
Biologia como
disciplina
moderna
Thomas Beddoes
(1760 - 1808)
Karl Burdach
(1776 - 1847)
Gottfried Treviranus
(1776 - 1837)
1809
Teoria da
evolução de
Lamarck
“Philosophie
Zoologique”
1858
Teoria da
evolução de
Darwin/Wallace
1865 1900 1988-20001953
Leis da
hereditariedade
de Gregor
Mendel
Revolução
nas
neurociências
Estrutura do
DNA
Projeto
Genoma
Humano
500 a.E.C.
Filosofia
Grega
130-200
Cláudio
Galeno
1182-1226
São
Francisco
de Assis
354-430
Agostinho de
Hipona
1200 - 1280
Alberto
Magno
“De animalibus”
LEIA MAIS!
Livros de Platão
14501350-1400
Prensa
móvel de
Johannes
Gutenberg
Início da
Renascença
Anatomistas
&
Naturalistas
1265-1321
Dante
Alighieri
“[São Francisco de
Assis foi] a luz
que brilhou sobre o
mundo.”
1343-1353
Peste Negra
Yersinia pestis
1473-1543
Nicolau
Copérnico
Modelo
heliocêntrico
LEIA MAIS!
A divina comédia
1632 – 17041596 – 16501564 – 1642 1561 – 1626
Galileu
Galilei
Astronomia
Física
Método científico
Francis
Bacon
Método indutivo
René
Descartes
Método
cartesiano
“Cogito, ergo sum”
“Penso, logo existo”
John Locke
Empirismo
LEIA MAIS!
Novo Organum
Francis Bacon
1674
Microscópio
de
Leeuwenhoek
1735
Taxonomia
de Carl
Linnaeus
“Systema
naturae”
1800
Biologia como
disciplina
moderna
Thomas Beddoes
(1760 - 1808)
Karl Burdach
(1776 - 1847)
Gottfried Treviranus
(1776 - 1837)
1809
Teoria da
evolução de
Lamarck
“Philosophie
Zoologique”
LEIA MAIS!
Construindo um
microscópio em casa
1858
Teoria da
evolução de
Darwin/Wallace
1822 - 1884
Gregor
Mendel
Leis da
hereditariedade
1900
Revolução
nas
neurociências
Santiago Ramón
y Cajal
LEIA MAIS!
Origem das espécies
Charles Darwin
1988-20001953
Estrutura do
DNA
Projeto
Genoma
Humano
Rosalind Franklin
(1920 - 1958)
Maurice
Wilkins
(1916 - 2004)
Francis Crick
(1916 - 2004)
James
Watson
(1928 -)
James Watson
(1928 -)
2011
Edição de
genomas
CRISPR/Cas9
Harvard/MIT/
UC Berkeley
Complexo
CRISPR/Cas9
LEIA MAIS!
Sobre o Projeto
Genoma Humano
O método científico
Diagrama de contingênciaFILOSOFIA
MATEMÁTICA
FÍSICA
LINGUAGEM
QUÍMICA
BIOLOGIA
BIOLOGIA
MEDICINA
DIETÉTICA
NUTRIÇÃO
Vemos, nesse diagrama, que todo conhecimento
produzido pela espécie humana precisa, primeiro,
derivar da linguagem (símbolos). Depois, a
Filosofia e a Matemática fundamentam o
conhecimento produzido em todas as Ciências
(Física, Química, Biologia...).
O método científico
o Apesar do intenso debate sobre estratégias para separar ciência de não-ciência, existem alguns
instrumentos para classificar hipóteses/teorias como científicas ou pseudocientíficas (não-ciência);
o São aspectos característicos de uma prática científica:
o Proposições científicas devem ser verificáveis por meio de observações replicáveis e individuais;
o Teorias/hipóteses científicas devem ser falseáveis, ou seja, devem apresentar o maior número de
restrições/negações quantas forem possíveis.
Karl Popper
1902-1994
“Para que uma proposição
científica fale sobre a realidade,
ela deve ser falseável; se não é
falseável, não fala sobre a
realidade.”
Segundo Karl Popper, algo verificado de maneira
replicável e de maneira individual precisa sempre
estar sujeito a falseamento, ou seja, estar sujeito a
ser mostrado como inválido (refutação) por
experimentos e verificações posteriores. Veja um
esquema no próximo slide.
“Ciência é a busca sistemática de conhecimento
cuja validade não depende de um indivíduo em
particular, mas pode ser, por qualquer um, checada
e redescoberta.”
Sven Ove Hansson
O método científico
TESTES
OBSERVAÇÕES HIPÓTESES PREDIÇÕES
TEORIA
Inconsistência
Modificar hipótese
Consistência
FalseabilidadeFalsificação
REFUTAÇÃO
Com
água
Sem
água
Sol Sombra
O desenho experimental da predição
Pseudociência
o São aspectos característicos de uma prática pseudocientífica:
o Crença em autoridade (“John Lennox é um matemático cristão, então o cristianismo é verdade.”);
o Experimentos/experiências não replicáveis (“Caí de um avião usando uma blusa verde, sobrevivi.”);
o Exemplos não representativos (“Há vida no planeta terra, assim, extraterrestres existem.”;)
o Indisposição em testar (“A psicanálise não precisa ser testada, Freud já a testou antes.”);
o Refutações ignoradas (“A terra é estática, e o pêndulo de Foucault não refuta a hipótese.”);
o Não-falseabilidade (“Haverá um dia de chuva amanhã, ou não.”);
o Explicações abandonadas sem substituição (“A terra é plana, e se apoia sobre uma tartaruga gigante.”).
Sven Ove Hansson, Science and Pseudo-Science, The Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2017.
O método científico
O cérebro “pensa” Por meio da comunicação
entre neurônios
Como? Como? Com sinais elétricos e
químicos
O método científico também é reducionista, ou seja, procuramos evidenciar mais e mais
detalhes de fenômenos complexos por meio do estudo de suas pequenas partes. Podemos
dizer que a ciência “estuda os tijolos para descobrir como parede funciona.”