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Rio de Janeiro, 14/03/2011. TEMAS 01 e 02: I. Direitos Fundamentais 1. Teoria do Estado 1.1 Concepção Hobesiana É o Estado como Leviatã, que se sobrepõe a todos de maneira exagerada não reconhecendo garantias mínimas das liberdades dos seus súditos. É nesse momento que trabalhamos o surgimento da primeira geração dos direitos fundamentais. O monarca acha que é deus ou representante dele, centralizar os poderes, aumenta o tributo, manda prender, etc. Contra esse estado de coisas surgem fatos históricos, um movimento, conhecido como “constitucionalismo”, afirmando que um governo não embasado na Constituição é um governo de fato, mas não de direito. O Código Civil surge para proteger aqueles que detinham a propriedade, isto é, Teoria do Teoria do Teoria de Direitos

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Rio de Janeiro, 14/03/2011.

TEMAS 01 e 02:

I. Direitos Fundamentais

1. Teoria do Estado

1.1 Concepção Hobesiana

É o Estado como Leviatã, que se sobrepõe a todos de maneira exagerada não reconhecendo garantias mínimas das liberdades dos seus súditos. É nesse momento que trabalhamos o surgimento da primeira geração dos direitos fundamentais.

O monarca acha que é deus ou representante dele, centralizar os poderes, aumenta o tributo, manda prender, etc.

Contra esse estado de coisas surgem fatos históricos, um movimento, conhecido como “constitucionalismo”, afirmando que um governo não embasado na Constituição é um governo de fato, mas não de direito. O Código Civil surge para proteger aqueles que detinham a propriedade, isto é, os poderosos. A Constituição tem a função: 1) Instituir, estrutura e organizar o Estado; 2) Limitar o poder do Estado – a) Separação de Poderes (concepção moderna), b) Proteção aos Direitos e Garantias Fundamentais (concepção moderna), c) Noção programática da Constituição X Governo (concepção contemporânea), atrelado à noção Constituição Diligente (Canotilho) e Políticas Públicas, planos e programas de governo; 3) Serve de fundamento de existência e validade da ordem jurídica.

Teoria do Estado

Teoria do Estado Teoria de Direitos Fundamentais

Acontecem três revoluções burguesas que tem como fulcro ideológico o constitucionalismo: A Revolução Inglesa, a Revolução Americana e a Revolução Francesa.

1.2 De Direito

O estado de direito é consectário do Estado Liberal. O Estado Liberal é a negação do Estado, o Estado mínimo.

O poder do soberano é substituído pelo poder do capital. O capitalismo selvagem.

1.3 Social

O Estado Social ganha força após o advento da primeira guerra mundial e a revolução russa. É a origem do welfare state. Um Estado que, pressionado pelas reivindicações sociais, tenta diminuir as mazelas do capitalismo.

1.4 Regulador

Estado que surge na contradição entre o estado individual e social.

1.5 Gerencial – Managerial

2. Teoria da Constituição

Instituir

Estruturar

Organizar

Limitar o Poder do Estado

Fundamento de Validade e

Existência

Separação de Poderes

Proteção de Direitos e Garantias

Noção Programática

1.

2.

3.

A Constituição tem a função: 1) Instituir, estrutura e organizar o Estado; 2) Limitar o poder do Estado – a) Separação de Poderes (concepção moderna), b) Proteção aos Direitos e Garantias Fundamentais (concepção moderna), c) Noção programática da Constituição X Governo (concepção contemporânea), atrelado à noção Constituição Diligente (Canotilho) e Políticas Públicas, planos e programas de governo; 3) Serve de fundamento de existência e validade da ordem jurídica.

3. Teoria de Direitos Fundamentais

Direitos humanos estão no campo do direito internacional e são pretensões universais relativas às pessoas, já os direitos fundamentais estão no campo do direito interno, notadamente do direito constitucional, são mais do que pretensões são pretensões-sujeições básicas das pessoas.

Há direitos humanos formais (escritos) e direitos humanos materiais. Positivado tem de ter a força de alguém impondo o cumprimento. Nessa esteira diz-se que direitos humanos quando positivados na Constituição de algum Estado serão direitos fundamentais.

DANIEL SARMENTO critica a positivação do tribunal do júri como direito fundamental, pois este é direito fundamental meramente formal.

Os Direitos Humanos, com base no jusnaturalismo ou no juspositivismo podem se concretizar como materiais ou formais, respectivamente.

3.1 Conceito

São posições jurídicas das pessoas, consubstanciadas ou não na Constituição, exercitáveis em face do Estado ou de particulares (eficácia horizontal dos direitos humanos).

3.2 Histórico

3.3 Características

a) Universalidade

Seriam direitos exigíveis por qualquer ser humano em face de qualquer governo, entretanto, em um mundo complexo como o nosso isso é muito difícil.

Há quem sustente que existe um rol mínimo de direitos que são universais. Esta seria a da lista da ONU – Declaração Universal dos Direitos Humanos 1948.

b) Indivisibilidade

Não se poderia aceitar apenas alguns dos direitos, mas todos da lista da ONU.

c) Imprescritibilidade

Mesmo não sendo utilizado, não há que se falar em perda do direito.

d) Irrenunciável / Indisponíveis

Não se pode abrir mão ou negociar.

e) Relativos

Por melhor que seja o direito, ele jamais poderá ser absoluto. Esses direitos são princípios, mais do que Lei.

Segundo Roberto Alexy o choque entre princípios se resolve pela ponderação de princípios.

f) Petrificação

Adquirem característica de cláusulas pétreas, nem por emenda, nem por denúncia de tratados.

g) Proibição do Excesso

Não se pode exercer de forma absoluta.

h) Historicidade

São construções históricas.

i) Não-taxatividade

Por maior que seja a lista de direitos, ela não é fechada (par. 2º do art. 5º da CRFB).

3.4 Gerações

a) Primeira Geração (liberdade)

Trabalha direitos de reação que tem como precedente a Magna Carta (1215). Já na Inglaterra, os reis que sucederam o João Sem-Terra tiveram que jurar a Magna Carta, depois o Bill of Rights, o Petition of Rights, Habeas Corpus Act, Act of Seattlement.

Os direitos de primeira geração são principalmente os individuais (liberdade, segurança e propriedade). São prestações negativas do Estado, de não fazer alguma coisa. É a origem do estado liberal.

b) Segunda Geração (igualdade)

Direito de conhecimento da igualdade. Com o fim da primeira guerra mundial, o advento da Constituição de Weimar (1919) e a Constituição do México (1910).

São direitos de prestação positiva, sociais (coletivos) – trabalho, consumidor, seguridade. É consectário do Estado Social.

Importante salientar que as novas gerações de direito não suprimem as anteriores, somam-se.

c) Terceira Geração (fraternidade)

São os direitos difusos (meio-ambiente, etc). É o Estado Social de Direito, regulador, gerencial.

Prestação positiva e negativa, um Estado que não invada a esfera de direitos individuais mas que possa prover prestações positivas.

d) Quarta Geração (existe?)

Inclusão digital, biodiversidade, ética, direito e direito à democracia (participação efetiva da população).

SILVIO MOTTA destaca a parte da informática e lança para uma quinta geração.

3.5 Efetividade

O art. 5º, par. 1º, da CRFB afirma que todos os direitos fundamentais tem eficácia imediata, mas isso não é verdade, pois existem normas que precisam de Lei para sua materialização.

A regra, que está presente no art. 6º da Lei de Introdução do Código Civil, é a da retroatividade mínima.

3.6 Tratados Internacionais

Durante muito tempo o entendimento vem sendo de que o Tratado tem status de Lei ordinária, decisão do RE 80.004/67.

Com a Constituição de 1988, alguns passaram a afirmar que os Tratados tinham força de Emenda Constitucional.

Rio de Janeiro, 15/03/2011.

TEMAS 03 e 04:

II Direitos Fundamentais na CRFB

1. Classificação

O bloco de constitucionalidade é tudo isso.

Assinatura é aceite precário, é autenticação, não obriga ninguém ainda. Tratados de direitos humanos são aqueles oriundos da ONU, da OEA, de comissões sobre a matéria.

Os tratados assinados na forma do art. 5º, par. 3º, da CRFB são materialmente constitucionais (corrente majoritária), entretanto, os defensores de que os Tratados

Dir. Fundamentais

Materiais

Formais

Positivadas na Constituição

Subdividir

Materiais

Formais

Regras

Princípios

1. CC, CTN, CPC, CPP, CP, etc.

Dir. Humanos

Materiais

Formais

Tratados

Convenções

teriam força constitucional entendem que são formalmente constitucionais (FLAVIA PIOVESAN e CANSADO TRINDADE), dizem isso com base no art. 5º, par. 2º, da CRFB – a cláusula de abertura dos direitos fundamentais.

A partir do voto de GILMAR MENDES, no RE 466.343, os tratados anteriores à EC 45/2004, art. 5º, par. 3º, da CRFB passam a ter força supralegal.

2. Direitos Individuais e Coletivos

O direito é individual quando se consegue identificar o destinatário e é coletivo quando um grupo de pessoas se situa na órbita de legitimados e consigo identificar os legitimados. É difuso quando o titular é uma coletividade e não se pode identificar quem.

3. Direitos e Garantias

Direitos são posições jurídicas das pessoas exercitadas em face do estado ou de outro particular.

Direitos fundamentais ostentam natureza subjetiva (posição jurídica de individuo) e objetiva, no sentido de ser utilizado como mandado de otimização no ordenamento.

Garantia será um instituto ou um instrumento processual que venha a defender ameaça ao direito fundamental ou provocar o cumprimento do direito.

4. Direitos Fundamentais Expressos e Implícitos

Expressos são aqueles que estão diretamente ditos, os implícitos, indiretamente. Exemplo:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.”

Os expressos são os incisos: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político, os implícitos são o princípio republicano, o federativo e o democrático, extraídos da leitura.

5. Direitos Fundamentais em Relações Privadas

É o tema da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.

6. Estrutura

A Constituição tem um preâmbulo e dez títulos. A instituição do Estado é colocada nos princípios fundamentais.

7. Preâmbulo

JORGE MIRANDA sustenta que o preâmbulo tem força normativa, entretanto, outros teóricos, como ALEXANDRE DE MORAES, defendem que não há força normativa.

III. Devido Processo Legal

O substantive process of Law baseia-se na defesa da vida, liberdade e propriedade.

1. Direitos

1.1 Comunicação Adequada (citação, imputação, entrevista)

É necessário que eu saiba o que está acontecendo, oficialmente, e de consultar alguém.

1.2. Juiz (não ad hoc, competente/investido, imparcial)

Juiz natural que esteja previamente investido

1.3 Oportunidade de Defesa Oral Prévia

Manifestar-se antes oralmente.

1.4 Oportunidade (produzir, apresentar)

Produzir todas as provas admissíveis em direito. O indeferimento de prova indevido pode gerar cerceamento de defesa

1.5 Reperguntar Testemunhas

Apenas para alguns processos

1.6 Contrapor Provas Juntadas

1.7 Defesa Técnica

Assistido por advogado e outros peritos necessário.

1.8 Decisão Fundamentada

Há de haver fundamento.

1.9 Exigir Processo com Provas

É necessário provar os fatos.

1.10. Conferência Preliminar sobre Provas a Serem Produzidas

Apresentar as armas para viabilizar o contraditório.

1.11. Possibilidade de Audiência Pública

Salvo exceção de segredo de justiça.

1.12. Transcrição Atos Processuais

Tudo consta em ata, etc.

1.13. Ônus da Prova

Respeitar o ônus da prova, a inversão, etc.

2. Princípios Constitucionais

2.1 Estado de Direito

2.2 Due Processo of Law

2.3 Ampla Defesa

Direito de presença e de

2.4 Contraditório

2.5 Isonomia

2.6 Juiz Natural

2.7 Inafastabilidade Jurisdicional

2.7.1 Acesso à Justiça

Nenhuma lesão ou ameaça de lesão deixará de ser apreciada pelo judiciário (não existe mais jurisdição administrativa).

2.7.2 Indeclinabilidade da Jurisdição

O Juiz não pode deixar de sentenciar.

2.7.3 Razoável Duração do Processo

O processo deve durar o tempo necessário, não mais ou menos.

2.7.4 Efetividade

2.8 Publicidade

2.9 Motivação

2.10 Proporcionalidade

Tem o trinômio adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.

2.11 Razoabilidade

Trabalha com um juízo de Standards, padrões de casos concretos.

2.12 Segurança Jurídica

2.13 Justiça

Segurança Jurídica X Justiça

Segurança Jurídica Justiça

- Coisa Julgada (formal e material)

Marinoni

Nelson Nery

Barbosa Moreira

- Relativização (injusta e inconstitu.)

Cândido Rangel Dinamarco

José Delgado (STJ)

Tereza Wambier

Para BARBOSA MOREIRA não se pode discutir a relatividade da coisa julgada, entretanto, JOSÉ DELGADO (STJ).

2.14 Verdade

IV. Coisa Julgada Inconstitucional

1 Ação Rescisória

Prazo de dois anos.

2 Revisão Criminal

A qualquer tempo.

3 Embargos do Devedor

Execução.

4 Querela Nullitatis Insanabilis

5 Recursos

Rio de Janeiro, 16/03/2011

TEMA 05 e 06

1. Modelos de Jurisdição

Zaffaroni diz que existiram três modelos de jurisdição ao longo da história.

1.1 Modelo Empírico-Primitivo

Não havia qualquer lógica racional ou respeito a precedentes nesse modelo de jurisdição

1.2 Modelo Burocrático

É mais evoluído que o anterior, o Juiz está vinculado a regras, de procedimento e julgamento. As regras são casuísticas e o juiz as aplica com base na subsunção.

1.3 Modelo Democrático-Contemporâneo

O Juiz tem a possibilidade de controlar a constitucionalidade da norma, exercendo uma atividade de controle no sentido técnico-político, mas não político-partidário.

Ordinário

Extraordinário

Ações Auto

Apelação

Agravo

R. Ord. Const.

AR

RC

O Brasil passou aos poucos do modelo burocrático para o democrático-contemporâneo, adotando a teoria pós-positivista

2. Teorias Filosóficas

2.1 Jusnaturalismo

Pelo jusnaturalismo, o Juiz constrói a norma com base nos valores da moral e dos costumes. As normais são adquiridas por intermédio da racionalidade, que deve alcançar as normas divinas.

2.2 Positivismo

Busca-se trazer segurança jurídica, através da implementação de regras para casos genéricos e abstratos, descrevendo um fato e cominando efeitos jurídicos. O Juiz seria a boca da lei, ele não constrói a regra, ele declara a regra.

O ordenamento é um conjunto de regras, que são aplicadas por subsunção. As regras se aplicam com base no “tudo ou nada”.

2.3 Pós-positivismo

Os princípios considerados essenciais foram positivados. Princípios que ficariam por trás das regras e que poderiam mesmo afastar a incidência das regras.

A teoria dos princípios diz que o ordenamento jurídico é composto de regras, mas que existem princípios, por trás delas, que os influenciam para que se chegue a uma norma melhor, uma norma “ótima”.

Vivemos, no Brasil, uma aproximação do civil-law e do common-law, isso decorre da adoção por ambos à teoria do pós-positivismo.

3. Razoabilidade

O ativismo judicial nos EUA é a fase em que foram declaradas inconstitucionais leis que criminalizavam o aborto, o uso da pílula, lei do salário mínimo, de implementação da saúde pública, entrando no mérito de decisões administrativas e legislativas.

O princípio da razoabilidade veio para limitar a atuação do Juiz.

No Brasil, a razoabilidade

4. Proporcionalidade

A proporcionalidade é um princípio aplicável pelo método da ponderação.

Nas sociedades baseadas no civil-law, a idéia de direito está na lei. Em alguns casos, a própria constituição determina que a lei regulamentará o direito.

Pelo princípio da reserva qualificada, a constituição além de exigir que a restrição esteja em lei, pode criar um requisito adicional.

Pode haver ainda restrição legal, ainda que não haja previsão, desde que razoável.

A proporcionalidade é uma forma de restringir as restrições de direitos do legislador, o limite dos limites. Essa idéia surge com a noção de núcleo essencial dos direitos.

Pela concepção anterior, o núcleo essencial não poderia ser violado nunca, entretanto, com o pós-positivismo, entende-se que o núcleo essencial é maleável à luz do caso concreto.

O princípio da proporcionalidade cuida de aferir a compatibilidade da lei com os fins constitucionalmente previstos ou de se verificar a adequação e a necessidade.

4.1 Adequação

É o subprincípio que exige ser a medida adotada pelo poder público apta a atingir o fim colimado.

4.2 Necessidade

Verificação de meios menos gravosos para cumprir os fins visados.

4.3 Proporcionalidade em Sentido Estrito

É a ponderação entre o ônus imposto e o benefício trazido.

Superada a razoabilidade interna, é necessário aplicar a razoabilidade externa, ou seja, se os meios utilizados e os fins desejados são compatíveis com o ordenamento constitucional.

5. Efetividade

Para JOSÉ AFONSO DA SILVA, as normas constitucionais poderiam ser de eficácia plena e aplicabilidade imediata (direitos fundamentais), de eficácia contida e aplicabilidade imediata (alguns direitos fundamentais, e as normas de eficácia limitada.

6. Dano Material, Moral e a Imagem

6.1 Dano Material

O dano material é a diminuição do patrimônio, seja porque ele perdeu, ou porque deixou de ganhar. Dano emergente e lucros cessantes.

6.2 Dano Moral

É a dor, o constrangimento, o sofrimento da alma que ultrapassa o mero aborrecimento do dia-a-dia.

O dano moral não se confunde com o dano estético. Dano estético precisa de perícia, pode ser definida em grau mínimo, médio e máximo.

6.3 Dano à Imagem

Dano à imagem não precisa de perícia.

7. Legalidade

O princípio da legalidade hoje tem que ser visto à luz da teoria pós-positivista.

7.1 Legalidade Administrativa

Tem que ser vista como lei lato senso, pode ser uma lei, um decreto, etc.

7.2 Reserva de Lei

Apenas a lei pode regular (qualificada ou não).

7.3 Supremacia da Lei

No âmbito da supremacia da lei, pode ela delegar à discricionariedade técnica determinada matéria? Sim. Pode haver controle judicial? Sim, à luz dos princípios.

8. Isonomia

Os desiguais devem ser tratados de forma desigual na exata medida em que os equilibra (proteção ao consumidor, estatuto do idoso, etc).

9. Ampla Defesa e Contraditório

Com a ampla defesa são incompatíveis os processo secretos, inquisitórios, devassos, a queixa ou depoimento de inimigo capital, incomunicabilidade, o juramento do réu, interrogatório sobre coação com perguntas subjetivas ou capciosas.

O contraditório envolve não só o direito a manifestação ou informação, mas também de ver os seus argumentos apreciados pelo órgão.

10. Celeridade

O processo sincrético é manifestação da celeridade, pois não necessita de processo autônomo.

Rio de Janeiro, 17/03/2011

TEMAS 07 e 08

1. Coisa Julgada

1.1 Considerações Preliminares

MARINONI indica que há problema sobre a correção da nova decisão que substitui a coisa julgada anterior, quando se falar de relativização da coisa julgada.

Ler art. 282 da Constituição Portuguesa. MIGUEL GALVÃO TELES, RUY MEDEIROS, JORGE MIRANDA, CANOTILHO reconhecem o dispositivo como exceção ao princípio da intangibilidade do caso julgado (penal, sanção disciplinar e multa). Por outro lado, PAULO OTERO afirma que o dispositivo é exceção ao princípio da constitucionalidade, entretanto, o problema da posição é não se considerar que a norma é formulada no caso concreto e não pré-existe, ou seja, uma coisa é julgar a norma abstratamente, a outra é criá-la no caso concreto.

O par. 79 da Constituição alemã impede que o título baseado em norma inconstitucional seja executado.

A Súmula 734 do STF afirma que não cabe Reclamação contra decisão transitada em julgado:

“NÃO CABE RECLAMAÇÃO QUANDO JÁ HOUVER TRANSITADO EM JULGADO O ATO JUDICIAL QUE SE ALEGA TENHA DESRESPEITADO DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.”

MARINONI afirma que a coisa julgada é um corolário do direito constitucional de ação, do princípio da segurança jurídica e expressão da autoridade do Estado.

Além disso, como garante da confiança que os atos proporcionais devem proporcionar aos cidadãos, titulares que são de expectativas legítimas.

“Sem coisa julgada material não há ordem jurídica e a possibilidade de um cidadão confiar nas decisões do judiciário, não há Estado de Direito”.

A coisa julgada pode ter efeitos processuais, de efeitos endoprocessuais, e a coisa julgada manterial, de efeitos exoprocessuais.

BARBOSA MOREIRA afirma que a coisa julgada alcança apenas o conteúdo da coisa julgada, enquanto LIEBMAN entende que atinge tanto o conteúdo quanto os efeitos.

O parágrafo 826 do BGB (CC alemão) permite indenização quando há execução de sentença fraudulenta, ou utilizada de forma imoral.

A coisa julgada só mantém a sua imutabilidade ante a manutenção das circunstâncias fáticas e de direito permanecem as mesmas.

Qual a eficácia sobre decisão de inconstitucionalidade sobre relação continuativa? Para o MARINONI, não retroage sobre a coisa julgada, mas incide imediatamente sobre as relações em trânsito no tempo. Para a maioria, incide.

1.2 Âmbito Tributário

Súmula 239 do STF:

“DECISÃO QUE DECLARA INDEVIDA A COBRANÇA DO IMPOSTO EM DETERMINADO EXERCÍCIO NÃO FAZ COISA JULGADA EM RELAÇÃO AOS POSTERIORES.”

Apenas quando um lançamento é ilegal, não quando se analisa a relação jurídica base. A suma aplica-se tão somente no plano do direito tributário formal, decisão que declara indevida a cobrança em determinado exercício.

www.mundojuridico.adv.br.

CASOS CONCRETOS DO TEMA 07

Q1

A ADI discute a inconstitucionalidade do art. 741, inc. II e p. u. O parecer da PGR considerou que o conflito entre princípios constitucionais somente pode ser resolvido diante das circunstâncias específicas do caso concreto, ou seja, não caberia a uma norma abstrata geral e prévia regular os casos em que um princípio constitucional deverá prevalecer sobre outro.

Cada Juiz ou Tribunal exerce um juízo de constitucionalidade e a norma abstrata não se confunde com a norma formulada no caso concreto. O 741, inc. II e p. u., do CPC, constitui um instrumento de uniformização da jurisprudência do STF para o passado.

Não é possível invocar ponderação de interesses entre coisa julgada e dignidade da pessoa humana, uma vez que estão em planos distintos. A coisa julgada é a própria essência da jurisdição.

O art. 741 do CPC parte do pressuposto de que os embargos do executado devem servir de instrumento de uniformização da jurisprudência. O 475-L, do CPC.

Q2 RESP (informativo 349 do STJ)

O Estatuto do idoso alcança os contratos anteriores? Para o STJ não há ato jurídico perfeito, pois está subordinado a evento futuro e incerto.

O limite da eficácia imediata de Paul Roubier é o contrato. O contrato é uma exceção à teoria do efeito imediato.

Pela teoria objetivas, a lei nova entra em vigor imediatamente, para a subjetiva, não. A orientação do art. 2.035 do CC é objetivista.

Q3 RESP (706.987/SP)

1. TESES:

a) O relator disse que a possibilidade de se rediscutir a prova existe apenas se não forem esgotadas as maneiras de produção de provas.

Entretanto, o relator considerou que, no caso, a declaração de improcedência do pedido não se assentou em ausência de provas, mas o contrário, o Tribunal, examinando as provas, declarou a impossibilidade de ser o pai.

2. ANTÍTESES

a) JOSÉ AUGUSTO DELGADO diz que a coisa julgada não pode ser uma via para cometimento de injustiça, fundamentando a relativização da coisa julgada no combate À injustiça.

b) CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO entende que a coisa julgada não tem dimensões próprias, mas as dimensões que tiverem os efeitos da sentença, apenas as que possuem efeitos substanciais.

c) HUMBERTO TEODORO JUNIOR afirma que a coisa julgada não pode destoar da realidade, ou seja, uma coisa julgada que tenha uma séria injustiça, estaria eivada de nulidade, fazendo com que a sentença sequer exista.

1ª Corrente

Existem aqueles que admitem a existência da coisa julgada à partida e a sua desconstituição. (HUMBERTO TEODORO JUNIOR)

2ª Corrente

Nega a existência da própria coisa julgada. (CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO)

3. SÍNTESE

Quando houve esgotamento da produção de provas, não há que se falar em coisa julgada (DINAMARCO).

O STJ assume em sua jurisprudência a vertente que nega a existência da própria coisa julgada (RESP’s 196.966/DF e 226.436)

2. Provas Ilícitas

Prova ilícita viola norma de direito material e ilegítima de direito formal.

A interceptação telefônica pode ser prorrogada por períodos sucessivos, desde que demonstrada a complexidade do caso.

(HC 81.154)

2.1 Doutrina das Proibições de Prova em Processo Penal

O Tribunal Constitucional Alemão em casos de privacidade começou a invocar ponderação de interesses para sacrificar direitos individuais em nome dos interesses de uma justiça penal eficaz. Esta justiça ostentaria dignidade constitucional, como um corolário do Estado de Direito.

MANOEL DA COSTA ANDRADE – proibição de provas em processo penal.

2.2 Prova Emprestada

Prova produzida em um processo e transferida documentalmente para outro. Somente pode ser utilizada quando são as mesmas partes. Não se pode utilizar a prova obtida no processo penal para o processo civil.

2.3 Encontro Fortuito de Provas

Interceptação telefônica licitamente autorizada em crime de reclusão que encontra provas para crime de detenção, pode pelo HC 83.515 e AI 626.214.

Excludente de ilicitude da prova pela legítima defesa.

2.4 Prova Ilícita por Derivação

O STF assume a teoria, mas admite que, no caso de rompimento do nexo causal, possa ser considerada.

3. Inviolabilidade do Domicílio

Pode-se adentrar no domicílio a qualquer hora do dia ou da noite com autorização do proprietário e, sem autorização, apenas em flagrante delito, desastre, para prestar socorro, ou durante o dia para prestar socorro.

O que é casa? Tudo que esteja fechado a abrigue uma habitação, ainda que profissional, tais como escritórios e etc.

(RE 331.303 e HC 79.512) Sepúlveda Pertence afirma que o dono da casa precisa manifestar a resistência.

4. CPI

O limite da CPI são os poderes instrutórios das autoridades judiciais, não pode aqueles da reserva de jurisdição: prisão cautelar, busca e apreensão, constrição patrimonial.

O papel da CPI é investigar e não julgar. Tem caráter instrutório, ou seja, em tese, não é necessário investigar o contraditório.

Há limites internos a própria CPI e os externos são a separação de poderes e os direitos fundamentais. O Presidente e o Vice, bem como o juiz, não podem ser convocados para depois sobre atos de natureza de judicial.

1º requisito: relação de pertinência entre o objeto investigado e as competências.

2º requisito: princípio do colegiado para determinar atos instrutórios, bem fundamentado quanto ao princípio da proporcionalidade (no que diz respeito a necessidade, essencialmente).

3º requisito: temporária, limitada ao término da legislatura.

4º requisito: instituída automaticamente pela manifestação de 1/3 dos membros de uma casa.

Rio de Janeiro, 18/03/2011

TEMAS 09 e 10

O processo penal guarda uma relação de cumplicidade necessária com o texto constitucional. A espinha dorsal do processo penal está na Constituição.

O poder de punir do Estado ao se procedimentalizar limita o exercício da atividade estatal. Daí porque se encontra no texto constitucional voltadas em última instância para conter a atividade persecutória do Estado.

1. Princípio da Desconsideração Prévia da Culpabilidade (ou Não-culpabilidade ou do Estado jurídico do Inocente, PACELI, ou presunção de inocência – essa última não é muito técnica e deve ser evitada).

Há parte da doutrina que faz distinção entre o princípio da não-culpabilidade e da presunção de inocência (ex.: professor WEBER MARTINS). A constituição não teria

consagrado este último princípio, o qual teria surgido em 1789, na França, pois todo aquele que não fosse considerado culpado, mesmo por falta de provas, era considerado inocente. WEBER MARTINS fala que a Constituição não comporta a presunção de inocência, mas sim a de não culpabilidade.

É uma regra de (1) tratamento, de (2) julgamento e (3) probatória (LFG fala em tridimensionalidade da não-culpabilidade).

(1) A regra de tratamento

(2) É regra de julgamento refere-se ao in dúbio pro reo, ou seja, na dúvida, não se pode presumir a culpa.

(3) É regra probatória, pois quem deve produzir prova é do Ministério Público.

O cerceamento de liberdade antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. É possível desde que ostente natureza cautelar (art. 312 do CPP). Até 1988 havia cinco espécies de prisão cautelar: prisão preventiva; flagrante; temporária; sentença condenatória recorrível e; pronúncia. Entretanto, as duas últimas foram abolidas.

No HC 84.078 o STF decidiu que não existe no processo penal pena provisória, sob pena de violação do princípio da não-culpabilidade, o que exclui a incidência da Súmula 267 do STJ.

Não pode haver prisão temporária no curso do processo criminal, apenas em fase instrutória.

A prisão em flagrante é um ato complexo: 1º detenção; 2º lavratura do APF; 3º encarceramento; 4º análise judicial da legalidade e da manutenção do flagrante. O Juiz tem três alternativas: relaxamento, liberdade provisória ou conversão em provisória (outros entendem que é manutenção da provisória).

O art. 44 da Lei 11.343 impede a liberdade provisória por presunção de periculosidade. Há divergência no STF, 1ª Turma: a vedação é constitucional, pois decorre da inafiançabilidade prevista no próprio texto constitucional, porém a 2ª turma entende que o art. 44 da Lei 11.343 é inconstitucional, pois viola a presunção de culpabilidade. Enquanto o STF entende que na sentença condenatória cabe a concessão da liberdade provisória, o STJ entende que nem aí isso é possível.

A tridimensionalidade do princípio da presunção de culpabilidade (LFG) nos remete a três situações distintas. Como (1) regra probatória, o ônus da prova deve repousar, todo ele, sobre os ombros da acusação. Como (2) regra de julgamento, impõe que o magistrado sentenciante absolva o réu na hipótese de dúvida. Por fim, como (3) regra de tratamento, impõe a exigência de que toda e qualquer modalidade de prisão antes do trânsito em julgada da sentença penal condenatória deve observar os requisitos de cautelaridade da prisão preventiva, sob pena de configuração de punição

antecipada da pena, em situação de incompatibilidade com o postulado da presunção de não-culpabilidade. Daí porque o STF, no HC 84.078, afastou o alcance da Súmula 267 do STJ, vedando a execução provisória no processo penal. Pela mesma razão, ou seja, incompatibilidade com a presunção de não-culpabilidade, a 2ª turma do STF tem sustentado a inconstitucionalidade do art. 44 da Lei 11.343. Pela mesma razão, o STF tem sustentado que o recolhimento à prisão determinado pelo art. 9º (o réu não poderá apelar em liberdade nos crimes previstos nessa lei) da Lei 9.034 se condiciona à presença dos requisitos de cautelaridade na prisão preventiva.

A Súmula Vinculante 11 fala sobre a utilização de algema que deve ser excepcional, justificando-se apenas por risco de fuga ou fundamentação adequada, respeitando os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sob pena de nulificar o próprio ato prisional.

2. Tribunal do Júri

O Tribunal do Júri é uma garantia constitucional que está inserta no art. 5º, XXXVIII, do CRFB.

Prevalece a prerrogativa de foro ou do Tribunal do Júri? O STF aplica o princípio da especialidade, ou seja, a prerrogativa de foto prevalece sobre o Júri. Entretanto, se houver co-autoria, a competência pode ser fracionada.

Segundo a Súmula 721 do STF, prevalece o Tribunal do Júri quando a prerrogativa de foro é estabelecida exclusivamente pela Constituição Estadual, dessa forma, o Deputado Estadual, que tem prerrogativa estabelecida também pela CRFB (art. 27, par. 1º), vai ser julgado pelo TJ. A instituição da prerrogativa de foro para vereador decorre exclusivamente da Constituição Estadual, dessa forma, não prevalece a prerrogativa de foro, de acordo com a Súmula 721 do STF.

3. Direito ao Silêncio

O direito ao silencio, que está no art. 5º, inc. LXIII. O que fundamenta o direito do silencia é o princípio de que ninguém é obrigado a incriminar-se.

4. Ação Penal Subsidiária

É uma garantia constitucional do art. 5º, inc. LIX, que está no art. 29 do CPP a ação penal privada subsidiária da pública.

5. Juiz Natural

Art. 5º, inc. XXXVII, da CRFV. É o juiz cujo poder de julgar deriva de fontes constitucionais. É o Juiz constitucionalmente competente.

A outra vertente é a vedação da instituição do Tribunal de exceção.

6. Tribunal Penal Internacional.

O Decreto 4.388/02 internalizou o Estatuto de Roma, que sujeita-se à competência do Tribunal Penal Internacional. Ela é uma competência complementar e subsidiária, quando o Estado não dá a devida solução ao caso nos casos de crime de guerra, genocídio.

O surrender acontece quando o Tribunal Penal Internacional pede a determinado Estado que “entregue” alguém.

O Supremo fixou premissas distintas da extradição para o surrender. A extradição é um pedido de Estado para Estado, a “entrega” (surrender) é pedido do Tribunal Penal Internacional.

Não é necessário dupla incriminação e nem limitação da pena para que haja entrega, quanto a competência do STF para apreciar o pedido, a questão ficou em aberto.

Rio de Janeiro, 21/03/2011

TEMAS 11

1. Nacionalidade

É o vínculo jurídico-político que une o indivíduo a um determinado Estado.

1.1 Nacionalidade x Naturalidade x Cidadania

Naturalidade é a cidade local do nascimento, não está ligado a país e a cidadania e a capacidade de exercício de direitos políticos.

Todo nacional é cidadão? Não, os menores de 16, conscritos e presos são nacionais mas não cidadãos.

Todo cidadão é nacional? Regras: sim; exceção é o português equiparado a brasileiro, de acordo com o Decreto 3.927/2001. O art. 15 do decreto determina que o Português, para equiparar-se a brasileiro, tem que requerer se tiver capacidade civil e residente no Brasil, mas só terá direitos políticos se fizer um segundo requerimento, do art. 15, provando que resida a mais de 3 anos no Brasil.

1.2 Tipos de Nacionalidade

Existe a nacionalidade originária (brasileiros natos), direito que se tem desde que nasceu, e a nacionalidade derivada adquire-se ao longo da vida (ex.: casamento e naturalização)

1.3 Critérios de Aquisição de Nacionalidade

1.3.1 Jus Soli

O simples fato de nascer no país faz com que a pessoa adquira a nacionalidade do país (ex.: EUA, Uruguai, Argentina, Peru, etc). Em regra, os países colonizados adotam esse critério.

1.3.2 Jus Sanguinis

Não importa em que lugar nasceu e sim a filiação. Filho de nacional é nacional. (ex: Alemanha, Portugal, Espanha e Itália). Em regra, os países colonizadores adotam o critério do sangue.

1.3.3 Jus Laboris

É nacional pelo fato de trabalhar no país. (ex.: Vaticano, Haiti e Panamá).

1.3.4 Jus Domicilii

Trabalhando no local, ganha a nacionalidade. (ex.: Israel – mas tem que ter ascendência judaica).

1.3.5 Qual o Critério Adotado no Brasil?

“Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

Esse critério é o do solo.

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

Critério do sangue.

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República

Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)”

Critério do sangue.

Antes da EC 54/2007 era necessário vir a residir no Brasil.

Discute a doutrina sobre o critério, alguns doutrinadores entendem que é o jus solis e outros entendem que é misto.

2. Naturalização

É o ato de concessão de nacionalidade derivada ao indivíduo mediante requerimento.

No Brasil, existem dois tipos de naturalização: a naturalização ordinária e a naturalização extraordinária. A ordinária é também conhecida por “comum” e a extraordinária é conhecida por “constitucional” ou “grande naturalização”. A diferença são os requisitos para se conseguir uma e a outra.

2.1 Tipos de Naturalização

2.1.1 Ordinária

a) Estrangeiro de qualquer nacionalidade que preencha os requisitos da Lei 6.815/80 e faça o pedido.

b) Os originários de países com língua portuguesa que residam a 1 ano e tenham idoneidade moral.

2.1.2 Extraordinária

Os que moram no Brasil há mais de 15 e não tem condenação penal.

2.2 Natureza Jurídica

Se for a naturalização ordinária, mesmo que sejam preenchidos os requisitos, a natureza jurídica é de ato discricionário.

Entretanto, quanto à naturalização extraordinária há controvérsia na doutrina, ou seja, se seria discricionário ou vinculado. A doutrina é majoritária no sentido de que o ato é vinculado e o STF decidiu nesse sentido.

Toda vez que se ganha a naturalidade do país ele te obriga a perder as nacionalidades anteriores.

2.3 Processo de Naturalização no Brasil

O ato é complexo. Primeiro pede para o poder executivo (Presidente da República que delegou para o Ministro da Justiça), depois de concedido, tem 12 meses para comparecer diante do Juiz Federal e provar que sabe ler e escrever em português e renunciar a nacionalidade anterior.

3. Perda da Nacionalidade

O Brasileiro nato só perde a nacionalidade se renunciar para naturalizar-se.

A perda da naturalização também é ato misto, entretanto, a perda começa no judiciário (com uma sentença) e termina no executivo com publicação no diário oficial (pelo Chefe do executivo e delegado ao Ministro da Justiça), o ato também é discricionário.

4. Condição Jurídica do Estrangeiro

DEPORTAÇÃO EXPULSÃO EXTRADIÇÃO (ATIVA/PASSIVA)

1) Ato unilateral.

2) Ilegal/Irregular.

3) Estrangeiro.

4) Polícia Federal (tem que pagar multa por dia ilegal, se não pagar, só volta quando pagar).

5) Livre retorno.

1) Ato unilateral.

2) Crime no Brasil/Nocivo.

3) Estrangeiro.

4) Presidente da República com possibilidade de delegação para o Ministro da Justiça.

5) Para não ser expulso pode alegar ser casado com brasileiro há mais de 5 anos ou ter filho dependente.

6) Só pode voltar se o decreto do Presidente ou

1) Ato bilateral.

2) Crime fora do Brasil.

3) Estrangeiro, Português com equiparação somente para Portugal (art. 18 do Decreto 3.927/01) e brasileiro naturalizado se cometer crime antes da naturalização ou após, de tráfico de drogas.

4) Trâmite misto: poder judiciário e executivo.

a) pedido – governante p/ governante, diplomacia.

b) M. R. E. (documentos)

c) Ministério da Justiça (documentação)

d) STF manda prender e analisa a legalidade.

do Ministro for revogado. e) P. executivo, Presidente da República. (Ato discricionário, porém vinculado ao Tratado). Prazo de 60 dias.

Fernandinho Beiramar foi deportado pois o procedimento é mais rápido.

No primeiro pedido de extradição, Ronald Biggs não foi extraditado pois não havia tratado. No segundo tratado, não houve extradição pois o crime já havia prescrito no Brasil.

4.1 Requisitos para Extradição

a) Dupla Incriminação

b) Tratado de Extradição ou Compromisso de Reciprocidade (só vale para o caso concreto, um por um)

c) Manda de prisão/condenação.

d) Autoridade Competente.

e) Pena do crime maior do que 1 ano.

f) Prescrição.

g) Caso haja pedido de extradição para crimes punidos com pena de morte, é necessário que seja convertido em pena de prisão com máximo de 30 anos, se for pena corporal, também pode comutar em prisão – máximo 30 anos. Caso seja prisão perpétua, também é necessário comutar para prisão em 30 anos.

h) Caso o extraditando já esteja cumprindo pena no Brasil, o STF pode analisar o pedido de extradição e determinar a extradição. O Chefe do Executivo pode determinar que se faça cumprir a pena primeiro e extraditar depois, ou optar pela expulsão direta.

TEMA 12

1. Direitos Sociais

1.1 Conceito = liberdades positivas

1.2 Direitos Sociais e Princípio da Igualdade

É considerado um direito de segunda geração. Todos são iguais respeitadas as diferenças (hipossuficiência da criança e do adolescente e do consumidor, por exemplo). Na verdade, o que acontece é um reequilíbrio das relações sociais.

Sempre é necessário falar em princípio da dignidade da pessoa humana quando se fala em direitos sociais.

Dentro da clássica classificação das normas constitucionais de JOSÉ AFONSO DA SILVA, os direitos sociais seriam normas de eficácia limitada e, portanto, programáticas. Para o autor, toda norma tem eficácia meio e a capacidade fim. A eficácia meio é o caráter inibitório, revogador, ou seja, todas as normas teriam a eficácia meio. A eficácia fim é a capacidade de atingir os objetivos finalísticos, ou seja, se precisar de lei para que alcance os objetivos, não tem eficácia fim.

A grande questão que se coloca hoje é se posso fundamentar meu pedido diretamente na norma que estipula determinado direito. Nesse caso, se for demonstrado que a violação ao acesso de educação for dado por violação de norma de eficácia meio pelo Estado, é possível.

1.3 Direitos Sociais e o Limite Financeiro

Entretanto há uma série de dificuldades financeiras para implementar os direitos sociais, pois, se para os direitos de primeira geração bastava não fazer algo, agora é necessário fazer algo e esse algo tem custos.

A Constituição impôs obrigações ao Estado, o Estado tem limitações financeiras, logo, o Estado poderia se desincumbir das obrigações que suas forças não pudessem alcançar. A partir dessa idéia, o Estado trabalha com o conceito de reserva do possível.

1.4 Princípio da Solidariedade

O princípio da solidariedade social faz com que o Estado seja obrigado a avaliar globalmente a situação quando toma uma decisão, assim como o magistrado.

Rio de Janeiro, 22/03/2011

TEMAS 13 e 14

(Ler ADI 1480-3)

I. Tratados Internacionais.

1. Princípios Constitucionais das Relações Internacionais.

Princípios que trabalham na ordem internacional, de maneira geral, e os adotados apenas pelo Brasil. Estão dentro de contexto denominado princípios essenciais da republica, inseridos nos artigos 1 ao 4 da CF, e revestidos da natureza de direitos fundamentais. A independência dos poderes e harmonia entre os poderes, da conjugação desses dois princípios pode se falar entre o sistema de freios e contrapesos.

Artigo 3, objetivos da republica, será dito a ideia de construir sociedade justa e solidária, como irá se trabalhar para reduzir a pobreza. São objetivos programáticos. O maior exemplo é que são direitos fundamentais e não estão inseridos no artigo 5.

O artigo 4 relaciona os princípios que orientam o Brasil em termos de relações internacionais.

O Principio não precisa estar escrito para ter sua força normativa.

“Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

Autonomia da vontade do Estado. Liberdade do Estado de se posicionar livremente sobre assuntos de seu interesse.

O Estado vai decidir se vai participar ou não do tratado, precisando de aprovação do congresso, ratificação, promulgação e publicação. Há também registro e denúncias. Pela autonomia da vontade, também é possível haver reservas a artigos dos tratados.

Fala-se em soberania do Estado.

II - prevalência dos direitos humanos;

Diante de conflitos de direitos humanos, trabalhando com a ponderação de interesses de Alexy, prevalecem os direitos humanos.

III - autodeterminação dos povos;

Soberania popular, nacional e, em seguida, um Estado. Aqui é a soberania popular.

Acontece quando o povo resolve fazer uso do poder constituinte para, originariamente, criar uma constituinte e um Estado (ex.: Egito).

Cada um tem a liberdade de se posicionar sobre o futuro da nação.

IV - não-intervenção;

Não intervenção política, econômica e militar.

V - igualdade entre os Estados;

Os Estados celebram Tratados pois, na ordem internacional, são considerados iguais, independente da força de cada um

VI - defesa da paz;

Apenas missões de paz, e não de guerra (ex.: Haiti, etc).

VII - solução pacífica dos conflitos;

Opção do meio pacífico.

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

Auto-explicativo.

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

Cooperar com as nações.

X - concessão de asilo político.

Há asilo político e diplomático/territorial. O asilo diplomático acontece quando há refúgio na embaixada. E territorial, diplomático, acontece no outro país.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.”

Integração da América Latina (MERCOSUL)

DANIELA PISCAR (método para lembrar dos princípios)

2. Conflitos entre Normas Internas e Normas Externas (Conflitos entre a Constituição e os Tratados, conflitos entre os Tratados e as leis,...).

Antes da CRFB de 1988, os Tratados Internacionais teriam força de Lei Ordinária, o entendimento foi mantido pelo STF após a promulgação da Constituição, embora haja corrente doutrinária encabeçada por FLAVIA PIOVESAN afirmando que seja equivalente a EC, com base no art. 5º, par. 2º, da CRFB. Após a EC 45/2004, as EC aprovados por 3/5 nas duas casas, em dois turnos, passam a ter força de EC. Em voto vista no RE 466.343, Gilmar Mendes entendeu que os Tratados anteriores à EC têm status supralegal.

3. Efeitos dos Tratados Internacionais

Internacionalmente, o princípio é o da igualdade entre as nações, soberania, não há subordinação, ainda que os países tenham poder maior ou menor.

Há quem fala em sociedade internacional e quem fale em comunidade internacional, os primeiros falam em coordenação e os segundos falam em cooperação.

Só há efeitos, executoriedade, após a promulgação.

A ratificação faz com que se produza efeitos externos, por isso é feita pelo Chefe de Estado, e a promulgação tem efeitos internos, por isso é feita pelo Chefe de Governo.

4. Treaty Making Power -> Basicamente a forma como os tratados são feitos.

É a fonte do direito internacional. Os tratados podem ter a natureza de Lei ou Contrato, podendo ser bilaterais ou multilaterais. O tratado Contrato não precisam ser bilatérias, podem ser multilaterais e os tratados Lei são, em regra, multilaterais, mas podem ser bilaterais (ex.: tratado de extradição).

É a forma como os tratados são feitos. Começam com as (1) negociações, para chegar a (2) entendimento, com posterior (3) assinatura pelo chefe de estado, chanceler ou plenipotenciário, esse é o aceite precário. Depois, acontece a (4) aprovação congressual, em seguida a (5) ratificação pelo Chefe de Estado, que é o aceite definitivo. O tratado é (6) Promulgado pelo Chefe de Governo e (7) publicado.

O tratado pode ser registrado, pode ser denunciado – rescindido – e reservado, ou seja, ressalvar determinados artigos, em nome da autonomia da vontade.

A ratificação faz com que se produza efeitos externos, por isso é feita pelo Chefe de Estado, e a promulgação tem efeitos internos, por isso é feita pelo Chefe de Governo.

Só há efeitos, executoriedade, após a promulgação.

5. Mercosul (noções)

O MERCOSUL nasce com o Tratado de Assunção, fundado por quatro Estados: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Para entrada de qualquer é membro é necessário a aprovação dos outros quatro.

O primeiro protocolo é o de Brasília, para solução de controvérsias, em seguida, o de Ouro Preto, facilitando medidas judiciais e Las Leñas, no mesmo sentido.

II. Democracia e Partidos Políticos

1. Democracia

A idéia de democracia encontra resguardo principalmente na idéia de participação.

Na democracia participativa o indivíduo é chamado a participar do orçamento. Na democracia deliberativa, leva-se em conta os argumentos da minoria.

Volunté Generale:

CONSTITUIÇÃO ARTIGO

1824 Art. 12

1891 Art. 1º

1834 Art. 2º

1837 Art. 1º

1846 Art. 1º

1967 Art. 1º, p. u.

1969 Art. 1º

1988 Art. 1º, p. u.

Sufrágio universal, democracia direta, alistamento eleitoral e voto.

Inalistáveis são os estrangeiros e conscritos.Conscrito é aquele que presta serviço militar obrigatório.

Condições de elegibilidade: pleno exercício de direitos políticos. O exercício é pleno quando não há suspensão ou perda dos direitos políticos. A Constituição veda apenas a cassação e não a suspensão ou a perda. Há cinco casos de suspensão: (1) condenação por improbidade administrativa; (2) recusa de cumprir obrigação a todos imposta e a prestação alternativa; (3) conscrição; (4) condenação transitada em julgado; (5) aplicação do estatuto especial da igualdade em Portugal.

A perda dos direitos políticos dá-se por (1) cancelamento da naturalização e (2) opção por outra nacionalidade.

Democracia

Sufrágio Universal

Requisitos de Exigibilidade

Prescrição do Sufrágio Restritivo ResReRestritivo

Filiação partidária (Resolução TSE 22.610).

São inelegíveis os analfabetos e inalistáveis.