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Auxiliar do Curso de Educação Ambiental para o Cidadãossed.bkatconsulting.com/tutor4us/content/3/AD_cidadao.pdf · A campanha decorreu entre Abril de 2002 e Outubro de 2003 e inclui

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AuxiliarDidáctico

do Curso de Educação

Ambientalpara o

Cidadão

Ficha Técnica

Coordenação

Direcção Regional do Ambiente

Autoria e adaptação de texto

Nível Q

Design e Fotografias

Nível Q

Ano

2005

Tiragem

Módulo 1 Introdução ....................................................................................................... 6O papel e o cartão .......................................................................................... 11O vidro .......................................................................................................... 12O plástico ....................................................................................................... 13Os metais ....................................................................................................... 13As embalagens tipo tetrapack .......................................................................... 15Os resíduos orgânicos ..................................................................................... 15Os resíduos verdes .......................................................................................... 16As pilhas ......................................................................................................... 16Como fazer compostagem doméstica .............................................................. 17Plástico e metal............................................................................................... 22Madeira ......................................................................................................... 22Papel e cartão ................................................................................................. 23Vidro .............................................................................................................. 24As centrais de triagem e as unidades de reciclagem .......................................... 24O rótulo ecológico ......................................................................................... 25O símbolo ponto verde ................................................................................... 26Glossário ........................................................................................................ 27

Módulo 2A água na natureza ......................................................................................... 31O ciclo da água .............................................................................................. 31Saúde e higiene pessoal ................................................................................... 33A extracção de águas subterrâneas ................................................................... 34Tratamento da água ........................................................................................ 34Estação de tratamento de água - eta ................................................................ 35Tratamento da água de captação superficial .................................................... 36Produtos químicos utilizados no tratamento das águas.................................... 38Tratamento de águas residuais ........................................................................ 39Etapas do tratamento ..................................................................................... 43

Módulo 3 A energia ........................................................................................................ 46Tipos e classes de energia ................................................................................ 46

Fontes de energias renováveis ...........................................................................47Energia solar fotovoltaica .................................................................................47Energia solar térmica .......................................................................................48Energia dos biocombustíveis ............................................................................48Energia da geotermia .......................................................................................49Energia dos oceanos ........................................................................................50Energia eólica ..................................................................................................50Poupança de electricidade ................................................................................50Em casa ...........................................................................................................51A iluminação ...................................................................................................51A decoração .....................................................................................................51O frigorífico e a arca congeladora ....................................................................52

Módulo 4 Transportes ......................................................................................................53Transportes e qualidade do ar ..........................................................................53O automóvel ...................................................................................................55Transportes públicos e privados .......................................................................55O eco-driving ou condução ecológica ..............................................................55Os benefícios ...................................................................................................56

Módulo 5O ruído ...........................................................................................................58O que é o ruído?..............................................................................................58Consequências do ruído ..................................................................................58Fontes de ruídos ..............................................................................................59Ruído nas habitações .......................................................................................59Efeitos na audição do homem ..........................................................................60Limites de intensidade .....................................................................................60Surdez profissional ...........................................................................................60Efeitos na saúde ...............................................................................................61Alterações mentais e emocionais ......................................................................61Efeitos sobre o rendimento no trabalho ...........................................................61Novo regime legal sobre a poluição sonora ......................................................62Controlo do ruído ...........................................................................................63

Módulo 6Educação cívica e ambiente ............................................................................ 64Eco-regras do contacto com a natureza ........................................................... 64A montanha, a serra e o campo ....................................................................... 64Caminhar com segurança – regras básicas ....................................................... 64O equipamento .............................................................................................. 65A meteorologia ............................................................................................... 65Os acidentes ................................................................................................... 66A praia, a beira-mar e o litoral ........................................................................ 66Árvores, arbustos e flores ................................................................................ 66Animais domésticos ........................................................................................ 67

BibliografiaFontes consultadas .......................................................................................... 68

MÓDULO 1 Resíduos Sólidos Urbanos

Introdução

Hoje em dia, parte da nossa vida está muito orientada para o consumo e utilização de vários tipos de bens, com a consequente produção de resíduos e de desperdícios e que muitas vezes são fonte importante de poluição do meio ambiente. Cada vez mais, compramos artigos embalados e somos muito estimulados por todos os tipos de campanhas para que consumamos mais produtos e mais vezes.

Reconhecemos todos, facilmente, que ainda estamos “presos” a certos hábitos e atitudes, em termos de conservação da natureza e do ambiente, que nem sempre são os mais correctos. O fácil acesso que hoje temos ao consumo leva também à inevitável facilidade em produzir lixo.

Em Portugal, o consumo tem aumentado nos últimos anos, levando a um aumento da produção de resíduos estando neste momento a capitação média em 1,2 kg de lixo, por dia, por habitante.

Uma das soluções que nos vai permitir contrariar esta crescente tendência será, sem dúvida, a adopção da política dos 3 R’s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

A Redução, Reutilização e Reciclagem são práticas necessárias para a diminuição da enorme quantidade de resíduos produzida. Cada resíduo faz parte de um determinado produto, fabricado, embalado, transportado e colocado à venda. Todas estas etapas produzem grandes quantidades de resíduos, muitas vezes pouco visíveis para o consumidor comum. Resíduos Sólidos Urbanos é o nome dado a uma classe de lixos, antes conhecida como lixos domésticos.

Os nossos lixos, caseiros ou não, podem ser englobados em diversas categorias, consoante o tipo de matéria-prima de que são feitos. Assim, somos “produtores” de resíduos de:

• Papel e Cartão;• Vidros;• Plásticos;• Metais;• Embalagens (tipo tetrapack);• Madeiras;

• Resíduos Verdes;• Resíduos Orgânicos e,• Pilhas.

Existe uma série de atitudes que como consumidores podemos ter e até transformá-las em hábitos saudáveis de consumo, preservando o ambiente e simultaneamente aumentando a nossa qualidade de vida. Existe, também, uma série de instrumentos legais e legislação ao nosso dispor, quer regional, quer nacional e comunitária, que permite promover a melhoria da nossa qualidade de vida, tendo sempre em atenção o respeito pelos valores ambientais. Símbolos como o Ecoponto, o Rótulo Ecológico ou o Ponto Verde, entre outros, foram criados para melhorar não só o comportamento ambiental dos produtos que consumimos, mas também para nos ajudar a desenvolver cada vez mais uma consciência de preservação da natureza conciliando a desejável melhoria dos nossos padrões de vida com a protecção do ambiente.

Tendo em conta que na Região Autónoma da Madeira não existe indústria de reciclagem, os desperdícios de papel, sucata, óleos, vidro e plásticos são exportados para o território nacional para reciclagem, o que acarreta elevados custos. A tomada de conhecimento deste facto, leva-nos, enquanto consumidores, a ponderar uma vez mais, nas atitudes que devemos ter face à redução de resíduos.

Na Região Autónoma da Madeira

No caso particular da Região Autónoma da Madeira e, nomeadamente, na cidade do Funchal, cada habitante produz cerca de 2,1 kg de lixo diário.

Este número deve-se ao facto de vivermos numa ilha, onde grande parte do que se consome é importado e embalado. A contribuir para este valor está também o aumento crescente verificado no consumo.

No entanto, cinquenta e sete por cento dos madeirenses reciclam o seu lixo. Os dados foram obtidos na sequência da campanha de sensibilização que decorreu no âmbito do projecto “Unidade de Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos da Região Autónoma da Madeira”.

A campanha decorreu entre Abril de 2002 e Outubro de 2003 e inclui duas avaliações sobre o seu impacto junto da população.

Uma campanha que englobou acções promocionais nos meios de comunicação social, para além de acções no terreno, nomeadamente divulgação em todos os estabelecimentos de ensino da Região, conferências e visitas de estudo.

Os objectivos da campanha eram o de alertar a população para o problema dos resíduos sólidos urbanos, criar a consciência de que cada um faz parte da solução e que essa solução só é possível com a criação de novos hábitos, nomeadamente a regra dos três erres: reduzir, reutilizar, reciclar. Induziu-se a população a separar os vários tipos de lixo, escolhendo o contentor certo.

Quanto a resultados da campanha, temos que, no final, 88% recordavam pelo menos uma das frases emblemáticas do projecto — “lixo é problema, você é solução”; “escolha bem o contentor, cada lixo sua cor” — enquanto que a meio da mesma essa percentagem atingia os 21%. Quanto às mensagens, a reciclagem foi a mais apreendida (42%), seguida de questões como protecção/

conservação do ambiente (13%), problemática do lixo (11%) e informações gerais sobre o lixo (4%). Vinte e quatro por cento não responderam. Cinquenta por cento consideraram a campanha muito boa.

Em termos de resultados práticos, temos que, no final da campanha, cerca de 60% dos residentes da Região Autónoma da Madeira indicaram correctamente o local para onde são transportados os seus resíduos.

Mais significativa foi a evolução do conhecimento sobre o tratamento a dar aos resíduos. Em 1999, aquando da última avaliação feita, 16% sabiam que tipo de tratamento era dado aos mesmos. Em Outubro de 2003, eram já quase 40% os que conheciam.

Em 1999, o número de recicladores era diminuto, face também ao número reduzido de vidrões e papelões. Com o início da campanha e com o aumento dos ecopontos, verificaram-se aumentos consideráveis na adesão da

população à deposição selectiva, cifrando-se nos 57%. A maioria dos inquiridos opinou, ainda, que os madeirenses não participam mais no processo de reciclagem devido à inexistência ou ao local onde estão situados os ecopontos.

No início da campanha, a resposta mais frequente era a falta de civismo ou de preocupação com o assunto. Outros apontavam a falta de tempo ou o facto de a reciclagem dar muito trabalho.

Em termos gerais, a campanha permitiu concluir que a mensagem pró-reciclagem passou, bem como aumentaram os níveis de conhecimento sobre o destino e tipo de tratamento dado aos resíduos. Teve também um impacto considerável na adesão da população à deposição selectiva.

Quanto ao tratamento das águas residuais, cerca de 115 milhões de euros é quanto o Governo Regional já investiu, nos últimos anos, em fase de conclusão ou de concurso, em infra-estruturas

na área de recolha e tratamento de águas residuais. Estes projectos incluem a realização de obras em interceptores principais, estações elevatórias e estações de tratamento de águas residuais (ETARS) em todos os concelhos da Região, incluindo Porto Santo. Para estes investimentos muito contribuem, por exemplo, os concursos já lançados para a reformulação e ampliação

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do sistema de tratamento da ETAR do Funchal (10 milhões de euros), a construção da nova ETAR de Câmara de Lobos e Funchal Oeste, com concurso em andamento (custo previsto de 17 milhões), o sistema de recolha e tratamento de águas residuais do Porto Santo, em fase de conclusão (cerca de 10 milhões), o destino final de águas residuais da Ribeira Brava, em execução (7,5 milhões), e o destino final de águas residuais de Machico, em execução (4,7 milhões), entre vários outros. Foram recentemente concluídos

diversos sistemas de destino final de águas residuais, como seja o Destino Final de Águas Residuais (com uma ETAR) do Porto Moniz, a Estação Elevatória da Ponta do Sol, a ETAR Biológica de Boaventura, as Estações Elevatórias do Garajau, Ribeiro Serrão e Vale Paraíso, o Interceptor Camacha/Caniço e o Interceptor de Gaula (E.R. 206).

Os dados do primeiro semestre de 2004 da Sociedade Ponto Verde indicam que a Madeira é a região do País com as melhores taxas de retoma de vidro e papel. Nos índices da recolha selectiva, a Região só perde nas embalagens, um sistema que foi recentemente introduzido. Ainda assim, está já à frente de Lisboa e muito perto de alcançar os números do Porto.

A Associação de Municípios da Região Autónoma da Madeira (AMRAM) – entidade regional que fornece os resíduos à Sociedade Ponto Verde – aparece à frente nas taxas de retoma “per capita” de vidro e papel. Os números indicam que, no primeiro semestre de 2004, foram recolhidos, pelas autarquias da Madeira, 10,2 quilos de vidro por habitante e 11,6 quilos de papel/cartão por habitante.

Os valores são mais modestos na recolha de embalagens. Nestes primeiros meses de 2004, a AMRAM apenas entregou à Sociedade Ponto Verde 0,61 quilos de embalagens por habitante. De qualquer modo, já ultrapassou Lisboa, (que se fica pelos 0,35 quilos “per capita”) e está muito perto do Porto, onde a recolha de plástico já está nos 0,71 quilos “per capita”. O certo é que este tipo de recolha selectiva é recente na Madeira. No Funchal, por exemplo, os embalões só foram colocados nos ecopontos em Abril passado.

Facto determinante, já que a recolha selectiva na capital madeirense é a mais substancial nas

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quantidades que a AMRAM entrega a Sociedade Ponto Verde. No que se refere ao vidro, por exemplo, a recolha no Funchal representa 59 por cento do que é entregue. Os valores sobem ainda mais no que se refere ao papel, cartão e plástico. No papel, a percentagem é de 80%, no plástico é de 77 %. O restante vem das outras autarquias da Madeira.

E estes são apenas os números dos resíduos exportados para a Sociedade Ponto Verde, já que a Câmara do Funchal tem outros retomadores para a reciclagem de revistas e jornais. A Sociedade Ponto Verde apenas recebe o papel e cartão das embalagens.

No entanto, a capital madeirense é a cidade do país com maior produção de resíduos por dia e por habitante. O facto de se viver numa ilha, onde grande parte do que se consome é importado e embalado, justifica, em certa medida, os 2,1 quilos de lixo diário que produz cada funchalense.

A colocação de embalões nos ecopontos, o novo regulamento dos resíduos e as campanhas de sensibilização tem feito aumentar as percentagens da recolha selectiva.

Em 2003, a taxa de recolha selectiva ficou-se pelos 15,9%, tendo rendido aos cofres da autarquia 578 mil euros. O Funchal é também a cidade com maior quantidade de ecopontos por habitante.

Neste momento, a taxa de recolha selectiva está nos 16,15 por cento. Em termos monetários, nos primeiros três meses de 2004, a Sociedade Ponto Verde já pagou à Câmara Municipal do Funchal 163 mil e 370 euros.

A percentagem de recolha selectiva de lixo, no Funchal, está, neste momento, nos 16,15 por cento, mas, a autarquia traça como meta, os 20 por cento. O que deverá ser alcançado em breve, com a colocação de mais embalões e o alargar da rede de recolha de vidro porta a porta.

A 21 de Outubro, começou a ser feita a recolha de vidro porta a porta em toda a freguesia do Monte, incluindo as zonas altas. Serão entregues a preço de custo, nesta operação, 1.200 vidrões de 50 litros. Depois, em Dezembro, irá alargar-se ainda mais a rede.

Colocados nos ecopontos em Abril, os embalões tinham em Julho uma recolha de 13 mil e 230 quilos. Um crescimento surpreendente para uma recolha que começou com 540 quilos.

O PAPEL E O CARTÃOO papel e o cartão são materiais muito versáteis, utilizados diariamente em inúmeras actividades. A matéria-prima utilizada para o seu fabrico é a madeira. Esta é triturada e misturada com outras substâncias, dando origem à pasta de papel que, por sua vez, é transformada em papel e em cartão. Neste processo

são necessárias grandes quantidades de água e de energia.

Podem ser recicladas as caixas de cartão, caixas de cereais e de bolachas, papel de embrulho, livros, jornais, cadernos, cartazes, revistas, envelopes, listas telefónicas, entre outros.

Uma tonelada de papel reciclado evita o abate de cerca de 15 a 20 árvores.

Anualmente, uma família média deita fora papel velho equivalente ao derrube de 6 árvores adultas.

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Cada árvore adulta consome cerca de 6 kg de dióxido de carbono por ano.

A reciclagem de uma tonelada de papel economiza, em média, a energia contida em 400 litros de petróleo.

No fabrico de uma tonelada de papel reciclado são necessários 2.000 litros de água, enquanto que, no processo tradicional, este volume varia entre os 100.000 e os 200.000 litros de água, dependendo da qualidade do papel.

A Reciclagem do Papel:

• Reduz em 74% a contaminação da atmosfera;• Economiza 35% de água;• Reduz o consumo de energia em cerca de 66%.

Em resumo

Sempre que possível, utilizar guardanapos, lenços e toalhas de pano em vez de papel, estamos a reduzir. Utilizar o verso das folhas para rascunho, aproveitar caixas de cartão para guardar objectos, estamos a reutilizar. Separar o papel e o cartão e colocar no contentor azul do Ecoponto ou no Ecocentro estamos, assim, a contribuir para a reciclagem.

Existe legislação que nos permite recusar receber no correio publicidade não endereçada, contribuindo, para a diminuição de desperdícios.

O VIDROO vidro é constituído, maioritariamente, por sílica (72%), sódio (14%), cálcio (9%), magnésio (4%), alumínio (0.7%) e potássio (0.3%). Por cada tonelada de vidro produzido utilizam-se cerca de 1,240 toneladas de matérias-primas.

As garrafas e os frascos de vidro podem ser reciclados.

Toda a loiça constituída por chávenas, canecas, pires ou outros de cerâmica, não deve ser colocada no vidrão já que este material não é fusível com o vidro.

Uma garrafa ou um frasco de vidro, no mar ou em terra, tem um tempo de vida indeterminado, podendo por

essa razão, constituir um foco de poluição quase eterno.

A principal matéria-prima para o fabrico de vidro é a areia. Ao reciclar o vidro evitamos a extracção de enormes quantidades de areia das nossas praias, rios e

fundo do mar. A reciclagem de uma tonelada de vidro evita a extracção de 1,3 toneladas de areia. Permite poupar também 1240 kg de matéria-prima e cerca de

150 litros de petróleo.

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O PLÁSTICOHoje em dia, existem mais de 1000 tipos de plásticos diferentes, como os PET, PVC, Filme Plástico, etc. As embalagens de plástico colocadas nos Ecoponto ou nos Ecocentros são separadas, nos Centros de Triagem, por tipo de plástico. Na indústria recicladora, os plásticos são submetidos a uma lavagem, depois

são triturados e transformados em matéria granulada. Esta matéria é utilizada no fabrico de novos objectos, como por exemplo caixas, garrafas, copos, canetas, vasos, baldes, tubos, bonecos entre muitos outros.

Alguns plásticos reciclados podem ser utilizados para fabricar elementos de mobiliário urbano como bancos de jardim, paragens de autocarro e contentores para recolha de resíduos.

Cinco garrafas de PET geram poliéster suficiente para produzir uma t-shirt do tamanho XL.

A reciclagem de uma tonelada de plástico economiza 130 litros de petróleo.

A reciclagem dos plásticos permite a poupança de matérias-primas não renováveis como o petróleo, a redução do consumo de energia de fabricação, a transformação de produtos de vida curta (embalagens) em produtos de vida longa, bem como a redução de custos com a remoção e tratamento de resíduos sólidos urbanos.

OS METAISAs embalagens metálicas colocadas no Ecoponto ou no Ecocentro são separadas em embalagens ferrosas e embalagens não ferrosas. Após triagem, estes materiais são prensados, enfardados e encaminhados para as indústrias recicladoras, onde, através de um processo de produção específico, são transformadas em

novos objectos, como latas de conserva, latas de bebidas, latas de óleo, entre outros.

Setenta e cinco árvores deixam de ser cortadas para a produção de carvão vegetal utilizado como redutor do minério de ferro.

A reciclagem de uma tonelada de latas de aço evita a extracção de 1,5 toneladas de minério de ferro. Economiza também 400 kWh de energia eléctrica, o equivalente ao consumo de cerca de 6700 lâmpadas de 60 Watts.

O metal ferroso é a matéria-prima para a produção de aço. A sua reciclagem promove a conservação dos recursos minerais e uma considerável redução do consumo de energia. A reciclagem de uma tonelada de metais ferrosos permite economizar cerca de 240 litros de petróleo, em relação ao processo convencional.

Cada um de nós, em média, consome ou utiliza mais de 100 latas de bebidas e alimentos por ano.

Cada tonelada de aço reciclado permite economizar uma tonelada e meia de minerais de ferro, 70% de energia e 40% no consumo de água em relação à mesma quantidade de aço novo.

Resumindo:

Para fazer uma tonelada de aço são precisos:

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1000 kg de minério de ferro;400 kg de coque de petróleo;230 kg de calcário;7700 kWh de energia;eliminar ou tratar 270 kg de resíduos sólidos; 20 kg de poluentes atmosféricos;

A reciclagem do aço permite reduzir:

em 75% o consumo de energia;em 85% a poluição do ar;em 40% o consumo de água;em 75% a poluição da água;em 97% os resíduos da actividade mineira.

Para fazer uma tonelada de alumínio são precisos:

4400 kg de bauxite (um minério);500 kg de coque de petróleo;500 kg de soda;150 kg de “pitch”-pez;120 kg de calcário;50 000 kWh de energia;tratar ou eliminar 1700 kg de lamas vermelhas;1500 kg de dióxido de carbono;

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40 kg de poluentes atmosféricos;400 kg de resíduos sólidos;recuperar o local de extracção do minério (bauxite).

A reciclagem do alumínio permite reduzir;

em 95% o consumo de água;em 95% o consumo de energia;em 95% a emissão de poluentes atmosféricos.

AS EMBALAGENS TIPO TETRAPACKAs embalagens tipo tetrapack ou de cartão complexo são utilizadas em todo o mundo para armazenamento de produtos alimentares líquidos, como leite, sumos, natas, entre outros.

O processo de reciclagem das embalagens de cartão para líquidos alimentares consiste na separação dos diferentes materiais que constituem este tipo de embalagem – cartão, polietileno e alumínio. O cartão é reciclado em cartão tipo kraft, o polietileno é utilizado como combustível no processo de secagem do papel e o alumínio é transformado em óxido de alumínio e, mais tarde, comercializado.

OS RESÍDUOS ORGÂNICOSA fracção orgânica dos resíduos sólidos urbanos é constituída pelos resíduos alimentares (restos de comida) e resíduos de jardim, os quais podem ser objecto de valorização orgânica (compostagem ou digestão anaeróbia).

Verifica-se que o volume global de resíduos orgânicos aumenta todos os anos. Cerca de 30% dos resíduos domésticos é constituído por resíduos orgânicos como vegetais, cascas de frutas e legumes, restos de comida e em muitos casos, resíduos de jardins. A não ser que estes resíduos sejam reciclados na sua origem, como composto, seguem directamente para o lixo, podendo constituir um perigo para a saúde, pela contaminação que podem causar; a acção das bactérias e dos microorganismos que decompõem a matéria orgânica dá origem a um lixiviado, que penetra no solo, infiltrando-se podendo atingir lençóis de água, contaminando-os. Neste lixiviado podem, ainda, existir outras substâncias químicas, metais pesados, e poluentes que podem por em risco a nossa saúde.

A compostagem é um processo biológico aeróbio em que os microorganismos transformam a matéria orgânica, como aparas de jardim, papel e restos de comida, num material semelhante ao solo, o composto orgânico.

Uma família média, anualmente, deita fora cerca de 500 kg de restos de comida.

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OS RESÍDUOS VERDESOs resíduos verdes podem ser encaminhados para Centrais de Compostagem, onde são transformados em composto para aplicação na agricultura. Podem ainda ser triturados e utilizados na produção de estilha para incorporação nos solos agrícolas e florestais. A estilha de madeira é benéfica para o solo porque

introduz nutrientes e melhora a sua estrutura.

AS PILHASAs pilhas recarregáveis, de níquel/cádmio, possuem ciclos de vida múltiplos e podem ser recarregadas até 1.000 vezes. Além disso, não contêm mercúrio, um perigoso metal pesado, na sua composição.

As pilhas recolhidas dos contentores específicos, pilheiras, são armazenadas em condições de segurança e encaminhadas para valorização onde, através de vários processos, se separam e recuperam os diversos materiais que as constituem.

Atentemos neste exemplo e tiremos as devidas conclusões. Se utilizarmos um walkman duas horas por dia, durante três anos, segundo a revista Proteste, teremos os seguintes resultados:

• se optarmos por pilhas alcalinas vamos gastar 234 pilhas, cerca de 100 €;• se optarmos por pilhas recarregáveis, mais amigas do ambiente, gastaremos cerca de 8 €, incluindo o carregador.

RESÍDUOS ORGÂNICOS + RESÍDUOS VERDES = COMPOSTAGEM

A Compostagem é um processo biológico de valorização da matéria orgânica presente nos resíduos sólidos, promovendo a sua decomposição, através da acção de microorganismos, podendo ser aplicada a resíduos sólidos vegetais e a misturas de resíduos sólidos orgânicos. O produto final é um material estável semelhante ao húmus, designado por composto.

A Compostagem Doméstica é a compostagem com características artesanais, feita directamente pelos cidadãos para transformação e utilização na origem dos seus resíduos orgânicos e dos seus resíduos verdes.

O Composto é o produto estabilizado, de cor acastanhado, resultante do processo de compostagem. Promove a melhoria das condições do solo, nomeadamente em termos de estrutura, fertilidade, arejamento e actividade microbiana.

Na Região Autónoma da Madeira, mais precisamente no Funchal, a Câmara Municipal efectua a trituração de troncos, ramagens e madeiras na Estação de Triagem de Resíduos Sólidos do Funchal. A estilha resultante é utilizada em jardins públicos, no Parque Ecológico do Funchal e cedida a particulares gratuitamente.

Existe também uma estação de compostagem cuja responsabilidade é da Direcção Regional do Saneamento (Estação da Meia Serra). A Direcção Regional da Pecuária é também responsável por uma estação de compostagem, onde se produz composto orgânico, na Santa do Porto Moniz. Este composto é fornecido aos agricultores, com prioridade para os produtores de agricultura

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biológica, ao preço simbólico de um cêntimo por kg.

Na Ilha do Porto Santo a câmara apoia projectos de compostagem nas escolas do primeiro ciclo, através do fornecimento de compostores e apoio técnico.

Como fazer compostagem doméstica

Selecção dos resíduos para a compostagem doméstica:

Resíduos que podem ir para o composto: restos de hortaliça, cascas de fruta, cascas de ovos (esmagadas), folhas e sacos de chá, restos de café, cascas de batatas, excrementos de pequenos animais (excepto, de cães e gatos), aparas de relva, folhas e ervas, ramos de arbustos (em pedaços ou triturado), palha e feno cortados.

Resíduos que podem ir para o composto, mas em pequenas quantidades: restos de pão, restos de comida cozinhada (tapar com terra, para não atrair moscas e ratos), cinzas de lenha, serradura, agulhas de pinho, papel e cartão (cortado e molhado).

Resíduos que não podem ir para o composto: restos de peixe e carne, ossos e espinhas, excrementos de cão e gato, cinzas de cigarros e beatas, cortiça.

Selecção do local:

O compostor ou pilha de compostagem deve estar próximo de casa, num local com fácil acesso e água perto para borrifar, caso haja necessidade, sobretudo no verão, para manter calor e humidade. Se possível, reserve um local próximo do compostor para armazenar temporariamente os resíduos antes de os adicionar ao processo.

Num clima seco a localização ideal de uma pilha de composto é debaixo de uma árvore, que proporciona sombra durante uma parte do dia e evita a secagem e arrefecimento do composto. Se, pelo contrário, vive num local onde a chuva é frequente, convém cobrir a sua pilha ou compostor porque o excesso de água atrasará a decomposição.

Se possível coloque o compostor em cima da terra e não numa superfície impermeabilizada, porque além de possibilitar a drenagem da água facilita a entrada de microorganismos benéficos do solo para a sua pilha.

Selecção do compostor

Para fazer compostagem doméstica não necessita de um compostor. Se tiver um quintal basta amontoar o material a compostar, dando-lhe a forma de uma pilha/pirâmide, com aproximadamente 2 m de diâmetro na base e pelo menos um metro de altura. Pilhas com dimensões mais reduzidas não aquecem o suficiente para que o processo de decomposição ocorra de forma adequada. Uma outra forma de reciclar os resíduos orgânicos sem usar um compostor consiste em escavar um buraco na terra com cerca de 60 cm de diâmetro e 25/40 cm de profundidade e aí colocar os resíduos orgânicos, cobrindo-os de seguida com uma camada de terra ou folhas secas.

No entanto, numa realidade urbana em que o espaço disponível para a compostagem pode ser

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reduzido, um compostor apresenta vantagens a nível estético e prático, além de ajudar a reter o calor. Se optar pelo uso de um compostor, pode construí-lo com recurso a poucos materiais ou então adquiri-lo comercialmente.

Exemplo de tipos de compostores a construir em casa:

Buraco na terra

Um buraco na terra com 60 cm de diâmetro e 25 a 40 cm de profundidade.

Compostor duplo

No interior de um caixote de lixo colocar 2 tijolos e um outro caixote pequeno por cima dos tijolos. O segundo caixote deve estar perfurado por baixo e nos lados.

Compostor de madeira

Um recipiente tipo caixa de fruta com tampa e com as dimensões de 1 m x 1 m x 1 m em cada cuba (pode fazer com uma, duas ou três cubas). Para facilitar o manuseamento as tábuas da frente podem ser amovíveis. Para isso basta fazer um encaixe com ranhura. Os lados também podem ser de rede.

Compostor de rede

Rede metálica ou plástica com 2 a 3 cm de malha. A rede é colocada em forma de cilindro com 1 m de altura e 80 cm de diâmetro. Estacas de madeira são utilizadas para manter a rede de pé. Este compostor é utilizado somente para resíduos de quintal/jardim.

Ninho

Um quadrado com 1 m x 1 m é riscado na terra. As paredes, de 20 cm de espessura, são construídas com ramos, terra, torrões de relva ou qualquer outra coisa que tenha à mão, entrelaçados nos cantos. As paredes são aproximadamente 1 m de altura.

Pilha

O material a compostar é amontoado em forma de pirâmide ou encostado a um muro. A pilha deve ter aproximadamente 2 m de diâmetro por 1 m de altura.

Alternativamente pode adquirir um compostor. Ao fazê-lo deve ter em atenção:

a capacidade adequada à sua produção de resíduos;a durabilidade;as formas cilíndricas ou semi-cónicas de forma a poder rodar sobre a base, também como forma de distribuir o seu peso;

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a garantia de pelo menos 5 anos;a cor verde escura;o custo;que é feito de material plástico 100% reciclado.

A Compostagem:

Escolhido o local e o compostor mais adequado às suas necessidades e disponibilidades, pode começar a compostagem propriamente dita.

• No fundo do compostor colocam-se os ramos grossos aleatoriamente para promover o arejamento e depois uma camada de 5 a 10 cm de materiais castanhos (feno, palha, aparas de madeira e serradura, aparas de relva e erva seca, folhas secas, ramos pequenos, pequenas quantidades de cinzas de madeira). Pode também ser adicionada uma mão cheia de terra ou composto pronto. • Por cima coloca-se uma camada de resíduos verdes, que podem ser resíduos de cozinha ou relva verde. • Cubra com outra camada de resíduos castanhos, mas não precisa de adicionar mais terra. Uma pequena quantidade de terra contém microorganismos suficientes para iniciar o processo de compostagem. Além disso, os próprios resíduos que adicionar também contêm microrganismos. Se adicionar uma grande quantidade de terra estará a diminuir o volume útil do compostor e a compactar os materiais, o que é indesejável. • Borrifa-se cada camada de forma a manter um teor de humidade adequado. Para determinar se o teor de humidade é adequado pode-se espremer uma pequena quantidade de material a compostar na mão. Esta deve ficar húmida mas não a pingar. • Repete-se este processo até obter cerca de 1 m de altura. As camadas podem ser adicionadas todas de uma vez ou à medida que os materiais vão ficando disponíveis. • A última camada a adicionar deve ser sempre de resíduos castanhos. Estes diminuem os problemas de odores e a proliferação de insectos e outros animais indesejáveis.

Técnica da Pilha revirada

Se se quer obter composto pronto em pouco tempo (3 a 4 semanas) deve-se remexer e arejar a pilha ao longo desse período.

Se tivermos um compostor comercial, levanta-se a tampa e retira-se o composto da pilha. Coloca-se ao lado da pilha e enche-se com os materiais que estavam por cima no compostor, terminando com os da base. Os materiais que estavam no topo ficarão nessa altura no fundo. Se a pilha estiver demasiado húmida ou tiver demasiados materiais verdes, adiciona-se materiais castanhos. Se tiver demasiados materiais castanhos, adiciona-se materiais verdes. Se a pilha estiver demasiado seca, borrifa-se com água uniformemente. Para ajudar a entrada de ar, pode-se utilizar um ancinho para a virar.

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Se tivermos construído um compostor com acesso lateral, retiram-se os materiais e colocam-se pela ordem inversa. Para corrigir o estado da pilha repetem-se os passos do processo anterior.

Sempre que revirarmos o material em qualquer uma das situações, devemos cobrir a parte de cima da pilha com materiais castanhos. A pilha deve ser virada de 15 em 15 dias começando na segunda semana. Poder-se-á usar o composto ao fim de aproximadamente 3 a 4 meses. Quanto menos a virarmos, mais tempo demorará até que o composto esteja pronto a usar.

Técnica da Pilha estática

Se não há pressa em obter composto, pode-se optar por este método de compostagem passiva. Virar a pilha quando quisermos e houver tempo. O composto estará pronto para usar ao fim de seis meses a um ano.

Problemas mais frequentes

A compostagem é um processo que ocorre naturalmente e não é muito comum surgirem qualquer tipo de problemas, quando os passos atrás descritos são seguidos correctamente. No entanto, podem se verificar algumas situações menos desejáveis, que de seguida se descrevem:

• Aparecimento de pragas. Isto pode acontecer por existirem na pilha restos de carne ou restos de comida com gordura. Este tipo de alimentos devem ser imediatamente retirados da pilha, e esta deve ser coberta com uma camada de terra, folhas ou serradura. Revirar a pilha para aumentar a temperatura é também uma solução. Em ultimo caso, existem compostores à prova de roedores.• O processo está muito lento. Este facto pode ser explicado pela existência de demasiados resíduos castanhos, pelo que se devem adicionar resíduos verdes e revirar a pilha.• Existência de maus cheiros. Isto pode acontecer porque a pilha está demasiado compactada ou por existir humidade em excesso. No primeiro caso deve-se revirar a pilha ou até diminui-la de tamanho. No segundo caso, a pilha deve ser revirada e adicionados materiais secos e porosos, como folhas secas, serradura, aparas de madeira ou palha.• Cheiro a amónia. Existência de azoto em excesso, fornecido pelos materiais verdes. A solução é adicionar materiais castanhos, como folhas secas, aparas de madeira ou palha.• Temperatura da pilha muito baixa. Várias podem ser as causas para isto acontecer; A pilha é demasiado pequena, devendo-se aumentar o seu tamanho ou isolá-la lateralmente; Insuficiente humidade, devendo-se adicionar água quando a revirarmos ou cobri-la no topo; Arejamento insuficiente, sendo necessário revirar a pilha; Falta de azoto ou materiais verdes, a solução é adicionar materiais verdes, como aparas de relva, estrume ou restos de comida; Temperatura exterior baixa, sendo necessário isolar a pilha com palha ou outro material, ou em alternativa aumentar o seu tamanho.• Temperatura da pilha muito alta. Isto pode acontecer pelo facto da pilha ser demasiado grande, sendo necessário diminuir o seu tamanho, ou então o arejamento estar a ser insuficiente e nesse caso só se tem que revirá-la.

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O composto quando acabado não se degrada mais, mesmo depois de revolvido. Os componentes iniciais não são reconhecíveis e o que sobra é uma substância com cheiro a terra semelhante a um solo rico em substâncias orgânicas. O composto está pronto a ser usado em relvados, jardins, quintais, à volta das árvores ou mesmo em plantas envasadas.

Verifica-se que está pronto através do seu cheiro agradável a floresta, do aspecto granular e eventual aparecimento de minhocas, e pode-se colocar nas plantações de hortaliça, vasos para plantas de casa, caldeiras de árvores, entre outros, espalhando-o em camadas de 1 a 2 cm ligeiramente misturado com a terra, mas sem enterrar.

Este fertilizante melhora a estrutura e porosidade dos solos, quer arenosos quer calcários, permitindo uma melhor retenção de água e nutrientes e um melhor arejamento, reduzindo a erosão. Quando o composto estiver pronto deve ser retirado da pilha de compostagem. Pode-se usar um crivo para separar o material que ainda não foi degradado. Deixa-se o composto repousar 2 a 4 semanas antes da sua aplicação, especialmente em plantas sensíveis. Esta fase de repouso é designada por fase de maturação.

O composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na altura das sementeiras. É preferível aplicá-lo na Primavera ou no Outono, altura em que o solo se encontra quente. No Verão seca demasiado e, no Inverno, o solo está demasiado frio.

Na utilização do composto em plantas envasadas, coloca-se 1/3 do composto por vaso. Mistura-se 1/3 de composto com 1/3 de terra e 1/3 de areia, para obter um bom meio de crescimento para as plantas.

Composto e restos de jardim triturados constituem excelentes coberturas orgânicos sendo colocado sobre o solo para evitar o crescimento de ervas daninhas e manter a humidade, prevenir a erosão, ou simplesmente como cobertura atraente para o solo.

O que colocar no Ecoponto

Embalagens de cartão

• Escorrer e despejar todo o conteúdo das embalagens;• Espalmar as embalagens para ocuparem menos espaço em casa, facilitar o seu transporte e diminuir o número de deslocações ao ecoponto;• Passar por água algumas embalagens para evitar os maus cheiros;• Retirar tampas e rolhas, pois na maioria dos casos são feitas de materiais diferentes da embalagem que vedam;• Depositar no ecoponto, no contentor amarelo o saco que usou para transportar as embalagens usadas.

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Plástico e Metal• As embalagens de plástico e metal devem ser colocadas no contentor amarelo do ecoponto e nos ecocentros. • Todo o tipo de embalagens de plástico, ou seja, garrafas, garrafões e frascos de:

- sumos, néctares e refrigerantes; - água;- vinagre;- detergentes;- produtos de higiene.• Sacos de plástico limpos.• Esferovite limpa.• Invólucros de plástico.• Embalagens de metal ferroso (aço) e não-ferroso (alumínio), como sejam:- latas de bebidas;- latas de conserva;- tabuleiros de alumínio;- aerossóis vazios.

• Escorra e espalme, sempre que possível, as embalagens. Desta forma ocupam menos espaço, facilitando o transporte e diminuindo o número de deslocações ao ecoponto. Para evitar maus cheiros, pode passar por água algumas embalagens.

Não colocar no contentor:

• Embalagens de plástico que tenham contido gorduras, por exemplo:- margarina, manteiga e banha;- cosmética gordurosa.

• Embalagens de plástico que tenham contido produtos tóxicos ou perigosos, por exemplo:

- combustíveis e óleo de motor.• Electrodomésticos.• Pilhas e baterias.• Outros objectos de metal que não sejam embalagens: tachos e panelas, talheres, ferramentas, etc.

Em caso de dúvida, deposite a embalagem no lixo normal.

Madeira Os resíduos de embalagens de madeira são depositados pelos consumidores em contentores de

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recolha, situados em ecocentros.

No reciclador, os resíduos de madeira são triados e triturados para a obtenção de estilha que, depois de compactada, é integrada na produção de aglomerados de madeira, utilizados no fabrico de painéis para as mais diversas aplicações na construção civil e na indústria de mobiliário.

Papel e Cartão• As embalagens usadas de papel e de cartão devem ser depositadas no contentor azul do ecoponto e ecocentro.• Embalagens de cartão liso, compacto e canelado, por exemplo:

- caixas de cereais;- invólucros de cartão.

• Embalagens de papel e papel de embalagem, por exemplo:- sacos de papel- papel de embrulho.

• Jornais e revistas.• Papel de escrita. • Escorra e espalme, sempre que possível, as embalagens. Desta forma ocupam menos espaço, facilitando o transporte e diminuindo o número de deslocações ao ecoponto. • Para evitar maus cheiros, pode passar por água as embalagens de líquidos alimentares.

Não colocar no contentor:

• Embalagens que tenham contido resíduos orgânicos ou gorduras:- pacotes de batatas fritas e aperitivos;- pacotes de manteiga e margarina;- caixas de pizza.

• Embalagens que tenham contido resíduos tóxicos e perigosos:- sacos de cimento;- embalagens de produtos químicos.

• Papéis metalizados e plastificados ou sujeitos a tratamentos especiais:- papel de lustro;- celofane;- papel vegetal;- papel químico;- rolos de papel de fax;- papel de alumínio;- papel autocolante.

• Outros objectos que não sejam embalagens:- papel de cozinha, guardanapos e lenços de papel;

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- loiça de papel;- toalhetes e fraldas.

Em caso de dúvida, deposite a embalagem no lixo normal.

Vidro• As embalagens de vidro devem ser colocadas no contentor verde do ecoponto ou ecocentro.• Todo o tipo de embalagens de vidro, ou seja, garrafas, frascos, garrafões, boiões de:

- água;- vinho;- cerveja;- sumos, néctares e refrigerantes;- azeite e vinagre;- produtos de conserva;- molhos;- mel e compotas;- leite e iogurtes.

• Tirar as tampas e rolhas, pois estes elementos são, regra geral, feitos de outro tipo de material. Escorrer e despejar todo o conteúdo das embalagens e passá-las por água para evitar maus cheiros enquanto armazenadas.

Não colocar no contentor:

• Loiças e cerâmicas: pratos, copos, chávenas, jarras, etc.• Azulejos, tijolos, pedra brita, pedra da calçada, materiais de construção civil, etc.• Vidro farmacêutico, proveniente de hospitais e laboratórios de análises clínicas.• Vidros planos: janelas, vidraças, pára-brisas, etc.• Vidros especiais: armados, ecrãs de televisão, lâmpadas, espelhos, pirex, cristais, vidros corados, vidros cerâmicos, vidro opala, vidros não transparentes, embalagens de cosmética e perfumes, etc.• Tampas e rolhas.

Em caso de dúvida, deposite a embalagem no lixo normal.

As Centrais de Triagem e as Unidades de ReciclagemDepois de recolhidos, os resíduos são transportados para Centrais de Triagem que são instalações especializadas onde se procede a uma selecção mais rigorosa das embalagens usadas.

A triagem concretiza-se através de processos manuais e mecânicos. As embalagens usadas de plástico e metal são sujeitas a uma separação minuciosa, já que estes materiais de embalagem ainda se subdividem em diversas categorias: os metais, em ferrosos e não ferrosos; os plásticos,

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em PVC, PET, PEAD, PEBD e PS, entre outros.

Após este procedimento, as embalagens usadas são, então, compactadas e enfardadas por tipo de material, para mais facilmente serem transportadas para as Unidades de Reciclagem. Deste modo, a triagem confere aos resíduos de embalagens características de homogeneidade e qualidade necessárias para que seja possível a reciclagem dos materiais.

Uma vez na unidade recicladora, os resíduos de embalagens são sujeitos a processos de preparação, tais como lavagem e remoção de impurezas (rótulos, etiquetas, tampas, etc). Após esse processo, poderão ainda passar por outros procedimentos intermédios - como trituração, fundição, etc. antes de serem transformados noutras matérias e serem integrados no fabrico de novos produtos.

Produtos da Reciclagem

• paletas de transporte;• revestimentos e placas para construção civil e bricolage;• peças de vestuário;• fibras para enchimento de acolchoados;• lingotes de metal de alta qualidade;• peças para electrodomésticos de uso comum (como esquentadores e fogões);• novas garrafas e boiões;• novas embalagens;• livros;• jornais;• papel de escrita;• cartão liso ou canelado de qualidade;• papel higiénico;• mobiliário de jardim;• vasos;• tubos de escoamento;• caixas de cassetes;

• aglomerados de madeira para uso no fabrico de mobiliário, etc.

O RÓTULO ECOLÓGICO Criado em 1992, e revisto em 2000, através do Regulamento (CE) nº 1980/2000 (JOCE L 237 de 21.9.00), o sistema de rotulagem ecológica é, assim, um instrumento de gestão do ambiente orientado para os

produtos, com o objectivo de promover produtos com menores impactos ambientais durante todo o seu ciclo de vida.

Os critérios ecológicos são estabelecidos por grupo de produtos, normalmente por um período de 3 anos, sendo depois revistos em função

das condições de mercado e a evolução científica e tecnológica, por forma

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a melhorar o comportamento ambiental dos produtos portadores de Rótulo Ecológico. Estes instrumentos funcionam através do fornecimento de informação aos consumidores, procurando orientar as suas opções de consumo para produtos mais “amigos do ambiente”. As empresas que se esforçam por desenvolver, produzir e/ou comercializar estes produtos vêem, assim, os seus esforços reconhecidos perante os consumidores, funcionando o rótulo como um instrumento de marketing do produto. A adesão a sistemas de rotulagem ecológica é voluntária.

Os produtos abrangidos são bens de consumo corrente, que podem ser adquiridos em supermercados e lojas, à excepção de produtos alimentares, bebidas e medicamentos, tendo sido estabelecidos e aprovados critérios ecológicos para um conjunto de 20 grupos de produtos de uso corrente:

• lâmpadas eléctricas;• papel de cópia e papel para usos gráficos;• tintas e vernizes para interiores;• colchões de cama;• revestimentos duros para pavimentos;• produtos têxteis;• televisores;• calçado;• detergentes para roupa;• correctivos de solos e suportes de cultura;• computadores portáteis;• computadores pessoais; • máquinas de lavar louça; • detergentes para lavagem manual de louça;• produtos de limpeza “lava tudo” e produtos de limpeza para instalações sanitárias;• papel tissue;• frigoríficos;• máquinas de lavar roupa;• detergentes para máquinas de lavar louça;• aspiradores.

No sector dos serviços, encontram-se também abrangidos os serviços de alojamento turístico. Estão actualmente a ser revistos os critérios ecológicos relativos à atribuição do rótulo ecológico comunitário a frigoríficos, estando também em desenvolvimento os critérios ecológicos para o novo grupo de produtos “mobiliário”.

O SÍMBOLO PONTO VERDEA colocação do símbolo Ponto Verde, numa embalagem, indica que esta financia um sistema de recolha selectiva, valorização e reciclagem de embalagens usadas, a nível nacional.

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Através da adesão à SPV as empresas ficam autorizadas a marcar as embalagens dos produtos colocados no mercado nacional.

Este símbolo é propriedade da Pro Europe - Packaging Recovery Organisation Europe (organização que a Sociedade Ponto Verde integra) e Portugal foi o 5º país a ser licenciado para o utilizar num total de 17 que hoje o fazem. A utilização deste símbolo nos diversos países aderentes visa evitar barreiras à circulação de mercadorias no espaço europeu, derivadas da multiplicação de símbolos de significado semelhante.

Glossário

A

Aterro Sanitário:

É o local onde os resíduos são colocados e cobertos com terra ou material similar. Nos aterros sanitários existe um controlo sistemático das águas lixiviantes e dos gases produzidos, bem como monitorização do impacto ambiental durante a operação de deposição (confinamento) de resíduos e após o seu encerramento.

E

Ecocentro:

Os ecocentros são parques com contentores de grandes dimensões que recebem resíduos de embalagens e outro tipo de resíduos, separadamente por tipo de material: metal, plástico, papel e cartão, vidro, madeira, entulhos, electrodomésticos, móveis, pneus, entre outros.

Ecoponto:

Conjunto de três contentores para deposição selectiva de resíduos de embalagens, ou seja, de embalagens usadas.

Cada contentor recebe determinado tipo de material:

-Contentor Amarelo: para embalagens de plástico e metal;

-Contentor Azul: para embalagens de papel e cartão, jornais, revistas e papel de escrita;

-Contentor Verde: para embalagens de vidro.

Embalagem:

Todos e quaisquer objectos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados para conter, proteger, transportar, manusear, entregar e informar sobre a mercadoria, quer sejam matérias-primas, quer produtos transformados, desde o produtor ao utilizador ou consumidor, incluindo todos os artigos “descartáveis” utilizados para os mesmos fins.

Embalagem não Reutilizável:

Embalagem que se transforma em resíduo após ser usada pelo consumidor ou utilizador, não

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voltando a ser cheia e/ou usada para cumprir o mesmo fim para o qual inicialmente foi criada. Também designadas por embalagens sem tara, de tara perdida ou sem depósito.

Embalagem Reutilizável:

Embalagem concebida e projectada para cumprir várias utilizações da mesma natureza - denominadas por “viagens” ou “rotações” - durante um determinado ciclo de vida. O consumidor paga um valor pela “tara” da embalagem reutilizável aquando da compra do produto embalado naquele tipo de embalagem. Após utilização, a embalagem é devolvida ao ponto de venda, em troca do mesmo valor de tara, e volta a ser cheia com o mesmo produto, não sem antes ter cumprido os requisitos de higiene e segurança obrigatórios por lei.

Exemplo de embalagem reutilizável: Garrafa de cerveja pela qual pagamos, no acto da compra, um valor de “depósito”, que é devolvido quando entregamos a garrafa vazia.

Estação de Triagem:

Local para onde são transportados os resíduos de embalagens depois de recolhidos, nos ecopontos onde foram depositados, e onde são preparados para serem encaminhados para reciclagem. O processo de preparação passa por uma selecção mais específica dos materiais de embalagem no tapete de triagem e posterior compactação e enfardamento dos mesmos. Os plásticos são separados por várias categorias (exp: PET, PVC, PEAD, entre outros) e os metais são separados em aço (metal ferroso) e alumínio (metal não ferroso).

Ainda nas estações de triagem, os diferentes resíduos são prensados, constituindo-se fardos de material que são depois encaminhados para fábricas que integram os resíduos dos materiais nos produtos que fabricam.

O processo de triagem é bastante limpo e isento de maus cheiros, tornando estas infra-estruturas em locais de interesse para visitar.

L

Lixeiras:

Local de colocação indiscriminada de resíduos onde não existe controlo dos gases e águas lixiviantes produzidas, nem do impacte ambiental causado. As lixeiras têm vindo a ser seladas para darem origem aos aterros sanitários.

O

Operadores de recolha:

Os operadores económicos, devidamente licenciados, que procedem à recolha selectiva, transporte, armazenagem e/ou triagem dos resíduos das embalagens.

P

Produtor de Resíduos:

2�

Qualquer pessoa, singular ou colectiva, cuja actividade produza resíduos ou que efectue operações de tratamento, de mistura ou outras que alterem a natureza ou composição de resíduos.

R

Reciclar:

Valorizar determinados componentes dos Resíduos Sólidos Urbanos, na qual se recuperam ou regeneram diferentes matérias, por forma, a dar origem a novos produtos.

Reciclagem de Embalagens:

O reprocessamento, num processo de produção, dos resíduos de embalagem para o fim inicial ou para outros fins, em substituição de matérias-primas virgens.

Reciclagem Orgânica:

O tratamento aeróbio (compostagem) ou anaeróbio (biometanização), através de microorganismos e em condições controladas, das partes biodegradáveis dos resíduos de embalagens, com produção de resíduos orgânicos estabilizados ou de metano. A deposição em aterros não é considerada como forma de reciclagem orgânica.

Recolha Selectiva:

É a recolha dos resíduos sólidos urbanos separadamente por tipo de material, através de ecopontos e ecocentros e/ou métodos de recolha ao domicílio (porta-a-porta).

Reduzir:

Diminuir a produção de resíduos.

Resíduo:

Vulgarmente designado por lixo, os resíduos são todos os materiais e/ou substâncias que são desnecessários, não aproveitáveis ou indesejados, resultantes de um processo de produção e consumo de bens úteis.

Reutilização:

Voltar a utilizar um objecto, quer para o fim para que foi criado, quer dando-lhe uma utilidade diferente. Exemplos:

- embalagens com tara ou depósito, que depois de usadas voltam a ser cheias;

- vaso feito com garrafas de plástico;

- suporte para canetas feito a partir de uma lata.

S

SIGRE - Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens:

Sistema que assenta numa articulação entre um conjunto de parceiros e que visa valorizar e reciclar

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resíduos de embalagens contribuindo para a diminuição do volume de resíduos depositados em aterro e para a economia de recursos naturais. É vulgarmente designado por Sistema Ponto Verde.

Símbolo Ponto Verde:

O símbolo “Ponto Verde” colocado numa embalagem significa que, para essa embalagem, foi paga uma contribuição financeira à SPV, a qual, estabelecida de acordo com os princípios definidos pela Directiva Europeia nº 94/62 e respectiva legislação nacional, é responsável pela valorização das embalagens depois de usadas.

O símbolo “Ponto Verde” não é um símbolo ecológico.

Sistema Ponto Verde:

Sistema Integrado de Gestão de resíduos de Embalagens, gerido pela Sociedade Ponto Verde (SPV). Visa valorizar e reciclar resíduos de embalagens, contribuindo para a diminuição do volume de resíduos depositados em aterro. Em casa, o consumidor final separa as embalagens usadas por tipo de material, colocando-as em ecopontos e/ou ecocentros. As Autarquias efectuam a recolha selectiva e a triagem das embalagens usadas por tipo de material, disponibilizando estes resíduos à Sociedade Ponto Verde, que os encaminha para valorização e reciclagem. Quando integradas no Sistema, as Autarquias beneficiam de apoio técnico e financeiro da Sociedade Ponto Verde. Os Fabricantes de Embalagens e Materiais de Embalagem asseguram a retoma dos resíduos triados, garantindo a sua valorização ou reciclagem.

V

Valorização (de resíduos de embalagens):

Qualquer das seguintes operações, aplicadas sobre resíduos de embalagens: reciclagem, valorização energética e reciclagem orgânica.

Valorização Energética:

A utilização dos resíduos de embalagens combustíveis para a produção de energia, através de incineração directa com ou sem outros tipos de resíduos, mas com recuperação de calor (incineração).

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MÓDULO 2 A Água

A água na naturezaNa Natureza, a água pode apresentar-se nos estados líquido e gasoso.

A água dos oceanos, dos mares, dos rios, das águas subterrâneas, da chuva, do orvalho e das nuvens encontra-se no estado líquido.

A água da neve, do granizo e do gelo encontra-se no estado sólido.

A água sob a forma de vapor de água é invisível e encontra-se no estado gasoso. Grande parte do vapor de água encontra-se na atmosfera. A maior parte da água na Natureza é salgada, visto que as águas dos oceanos e mares constituírem cerca de 97% da quantidade total de água na Terra. Os oceanos, os mares, os pólos, a neve, os lagos e os rios cobrem aproximadamente dois terços da superfície da Terra. Calcula-se que o seu volume total ascenda aos 1,42 bilhões de km3, sendo a grande maioria (95,1%) distribuída pelas águas salgadas dos mares e oceanos. Os 4,9% restantes representam a água doce, que por sua vez está distribuída entre as zonas polares, que abarcam 97% desse precioso volume e a água na forma líquida, disponível para o nosso uso, cujo volume é estimado em pouco mais de 2 milhões de km3. Assim, 99,9% das águas do nosso planeta são águas salgadas ou permanentemente congeladas.

Nem toda a água se encontra livre, visto que faz parte do solo, das plantas e dos animais.

Apesar da maior parte da superfície da Terra ser coberta por água, o homem só pode dispor de uma pequena porção dessa água porque grande parte dela não possui as propriedades necessárias à sua utilização.

O ciclo da águaA água circula continuamente na Natureza, podendo passar pelos diferentes estados: sólido líquido e gasoso.

Devido ao calor do sol a água dos oceanos mares, rios e lagos passa lentamente do estado gasoso, isto é evapora-se e vai para a atmosfera. O vapor de água na atmosfera arrefece e condensa-se, isto é, transforma-se em pequenas gotas de água, formando as nuvens. Depois, a água volta novamente à superfície terrestre sob a forma de precipitação - chuva, neve ou granizo. Uma parte cai directamente nos oceanos, mares rios e lagos, outra escorre à superfície terrestre e outra infiltra-se no solo, formando lençóis de água subterrâneos. A água absorvida pelo solo passa para as plantas, que a absorvem pelas raízes.

Os animais obtêm a água consumindo as plantas ou bebendo nos rios, riachos e fontes. Pela respiração e transpiração dos organismos, a água regressa de novo à atmosfera. Assim, o ciclo repete-se continuamente, mantendo-se mais ou menos constante a quantidade de água no nosso planeta.

Existe uma circulação de água da superfície terrestre para a atmosfera e desta para a superfície da Terra. Isto significa que grande parte da água que a Terra perde por evaporação, volta à Terra

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com a chuva, a neve e o granizo.

Existem zonas onde raramente chove, como por exemplo Cabo Verde e onde ela é muito mais preciosa.

Todos os seres vivos têm na sua constituição uma determinada quantidade de água que varia de espécie para espécie. Ela é a substância que existe em maior quantidade no organismo.

Por exemplo, as medusas, são constituídas por quase 99,99% de água. No nosso corpo bem como nos restantes mamíferos, esta percentagem é muito inferior, atingindo até 70%, uma vez que varia de acordo com o tecido (é mais abundante no sangue e menos nos ossos).

A água é indispensável aos seres vivos, pois tem um papel fundamental em muitas das funções que ocorrem nos seus organismos.

No caso do homem, a utilização da água está presente num grande número de actividades.

• A agricultura é um sector que utiliza grandes quantidades de água. Muitos produtos usados na agricultura como fertilizantes químicos e pesticidas, são arrastados pelas águas das chuvas, ou infiltram-se no solo, aumentando a poluição da água.• As indústrias também utilizam grandes quantidades de água. Muitas vezes deitam para os rios, águas com restos de produtos químicos que provocam a poluição da água. Nos países mais desenvolvidos, o tratamento da água é obrigatório e fiscalizado.• A água também é usada como meio de transporte de pessoas e produtos. Um dos produtos transportados por mar é o petróleo que causa grandes problemas quando há algum acidente com os barcos petroleiros.• O consumo doméstico da água é também importante especialmente nos países desenvolvidos.

Utilização doméstica da água, por agregado familiar, num país desenvolvido.

Na natureza não existe água pura. A água da chuva; a água fresca de um poço; a água límpida do regato; a água do mar onde tantos peixes vivem: toda esta água não é pura. Mas pode ser ou não ser própria para consumo.

A água própria para consumo chama-se água potável. A água salobra é imprópria para beber por ter grande quantidade de substâncias dissolvidas.

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A água inquinada tem micróbios que causam doenças.

A água que sai pelos esgotos urbanos leva uma grande quantidade de dejectos - urina e fezes - e de detergentes, despejando-os em rios ou mares, o que contribui para a poluição da água.

A água imprópria para consumo pode tornar-se utilizável depois de tratada por processos adequados.

A água pura apresenta diversas propriedades bem características:

• incolor (não tem cor);• inodora (não tem cheiro);• insípida (não tem sabor).

Sabia que:

• Em média uma pessoa bebe cerca de 60 mil litros de água durante toda a vida? • Uma pessoa gasta cerca de 250 litros de água por dia? • O ciclo da água já não é suficiente para purificar naturalmente a água que o homem polui? • Setenta por cento da superfície da terra está a ser ocupada pela água? • A maior parte (69,6%) de água doce está nos glaciares e no gelo? • Que muitas, muitas crianças morrem todos os anos por causa da água não tratada ou água poluída? • Cada português gasta em media 100 litros de água por dia? • A água contaminada provoca doenças muito graves? • Para fazer 1 quilo de pão, gastam-se, da plantação de trigo à padaria mil litros de água? • Hoje, morrem 10 milhões de pessoas por ano (metade com menos de 18 anos) por causa de doenças que não existiriam se a água fosse tratada?

Saúde e higiene pessoalNos países mais modernos, os problemas de saúde são muitas vezes provocados pela má qualidade da água que as pessoas bebem e também as condições ou o modo como a água chega às casas. Neste contexto, o aparecimento de doenças é causado pela falta de água, o mau uso da mesma, os maus hábitos de higiene pessoal e o mau tratamento de lixos que invadem a água.

A educação sanitária é necessária e compreende desde a prevenção, à promoção da saúde e à protecção do meio ambiente. Os cuidados de higiene pessoal ajudam a prevenir muitas doenças.

Água: um bem escasso

Aparentemente infinita, a água disponível para consumo humano não ultrapassa, por ano, os 9 mil km3. Esta escassez já afecta variados países. Estes 9 mil km3, é a quantidade disponível de água potável para consumo humano, industrial e agrícola. O ciclo hidrológico está na base

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da vida. Além disso, é a verdadeira máquina de força que serve as quase 40 mil hidroeléctricas espalhadas por todo o mundo. Prevê-se que na próxima década, a crise de abastecimento atinja proporções inéditas, pois a procura supera actualmente a oferta anual de 9 mil km3.

A expectativa dos especialistas da ONU era que, ao longo dos anos 90, fossem erradicadas inúmeras doenças ligadas à má qualidade das águas, entre elas a cólera. O problema da água não é apenas o da sua escassez, mas sim a sua distribuição, uma vez que os 9 mil km3, que em princípio seriam suficientes para abastecer os 6 bilhões de habitantes do planeta, estão irregularmente distribuídos. Assim, enquanto países como o Brasil dispõem de reservas hídricas invejáveis, 29 nações já sofrem com a falta desse recurso natural.

A carência de água é consequência de uma população crescente, dos padrões de vida cada vez mais elevados e das produções agrícolas maiores. Uma solução aplicada para diminuir a falta de água tem sido a exploração crescente das águas fósseis localizadas a centenas de metros de profundidade. Outra alternativa é a dessalinização da água do mar. O problema, neste caso, é o elevado custo do processo.

A extracção de águas subterrâneasHoje em dia, a extracção dos lençóis de água subterrâneos constitui, nalguns casos, um verdadeiro drama: - Na Cidade do México a extracção de águas subterrâneas excede em 80% a da recarga, o que origina uma crise definitiva, visto estar a afundar o solo na cidade. Com o passar do tempo as consequências negativas serão irreversíveis, uma vez que as recargas exigem séculos ou mesmo milhares de anos para serem repostas.

A sobre-exploração dos recursos de água já afecta países como Índia, China e Arábia Saudita e mesmo áreas agrícolas das grandes planícies nos Estados Unidos.

A Arábia Saudita, por exemplo, extrai aproximadamente 75% de suas necessidades do subsolo, cerca de 7 bilhões de metros cúbicos por ano, especialmente para a irrigação da sua produção de trigo, produto em que o país se tornou auto-suficiente em 1984. Se este ritmo se mantiver, calcula-se que as reservas estarão inteiramente secas por volta de 2048.

A expansão agrícola e o risco de contaminação por pesticidas é outra ameaça aos aquíferos. Segundo La Rivière, nos Estados Unidos e Europa, onde a contribuição da água subterrânea é uma parte significativa da oferta de água fresca, entre 5% e 10% das amostras recolhidas, indicam concentrações elevadas de nitratos. Isolados do oxigénio atmosférico, os reservatórios subterrâneos de água doce também têm menor capacidade de auto purificação.

Assim, a prevenção é o melhor caminho para evitar problemas que afectam as águas superficiais, como é o caso de esgotos domésticos, restos de pesticidas agrícolas, metais pesados e chuvas ácidas, esses contaminantes comprometem a potabilidade da água. Injectar oxigénio em poços pode ser viável em certas situações. No entanto, noutros casos tratamentos mais acurados de águas subterrâneas podem significar a sua inviabilidade.

Tratamento da ÁguaO cuidado com a água é iniciado nas barragens, furos de captação, levadas, entre outros, mediante a protecção dos mananciais. O objectivo é evitar a poluição por detritos, impurezas e

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lançamentos de origem doméstica, agrícola ou industrial, que prejudiquem a qualidade da água a ser captada para o abastecimento. Um serviço de hidrobiologia controla o crescimento excessivo de algas e outros microorganismos, através de análises de rotina que possibilitam alertar quando a concentração ultrapassa determinadas concentrações. Nesse caso, a atenção é redobrada visando detectar a causa e as acções a serem desenvolvidas. A construção de um sistema completo de abastecimento de água requer muitos estudos e pessoal altamente especializado.

Para se iniciarem os trabalhos, é necessário definir-se:

• a população a ser abastecida;• a taxa de crescimento da cidade e• as necessidades industriais.

Com base nessas informações, o sistema é projectado para servir à comunidade, durante muitos anos, com a quantidade suficiente de água tratada.

Um sistema convencional de abastecimento de água é constituído pelas seguintes unidades:

• captação;• adução;• estação de tratamento;• reservatórios;• redes de distribuição;• ligações domiciliares.

Estação de Tratamento de Água - ETA

Captação

A selecção da fonte abastecedora de água é um processo importante na construção de um sistema de abastecimento. Deve-se, por isso, procurar uma fonte com caudal capaz de proporcionar perfeito abastecimento à comunidade, além de ser de grande importância a localização da fonte, a topografia da região e a presença de possíveis focos de contaminação.

A captação pode ser superficial ou subterrânea.

A captação superficial é feita nos rios, lagos ou represas, por gravidade ou bombeamento. Se for por bombeamento, é construída uma casa de máquinas junto à captação. Essa casa contém conjuntos de motobombas que bobeiam a água e enviam-na para a estação de tratamento. A captação subterrânea é efectuada através de poços artesianos, perfurações feitas no terreno para captar a água dos lençóis subterrâneos. Esta água também é bombeada por motobombas instaladas perto do lençol de água e enviada à superfície através de condutas.

A água dos poços artesianos está, na sua quase totalidade, isenta de contaminação por bactérias e vírus, além de não apresentar turgidez.

A Estação de Tratamento de Água é a parte do sistema de abastecimento de água onde ocorre o tratamento da água captada na natureza tornando potável para posterior distribuição à população.

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Este tratamento tem diversas funções específicas tais como a remoção de bactérias, elementos venenosos, minerais e matéria orgânica em excesso, protozoários e outros microorganismos. São também corrigidas a cor, o sabor, o odor e a turgidez da água, bem como o pH, entre outros.

Tratamento da água de captação superficialÉ composto pelas seguintes fases:

Cloração

A cloração consiste na adição de cloro. Este produto é usado para destruição de microorganismos presentes na água.

Floculação

Processo cuja característica fundamental é a formação de aglomerados gelatinosos chamados flocos, resultantes da reacção entre o produto químico coagulante (sulfato de alumínio) e as impurezas da água.

Decantação

A decantação é o processo pelo qual se verifica a deposição dos flocos pela acção da gravidade. Na flotação, por injecção de ar, os flocos, ao invés de sedimentarem, sobem à superfície onde são recolhidos.

Filtração

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Nesta fase, a água passa por várias camadas filtrantes onde ocorre a retenção dos flocos menores que não ficaram na decantação. A água então fica livre das impurezas. Estas três etapas: floculação, decantação e filtração recebem o nome de clarificação. Nesta fase, todas as partículas de impurezas são removidas deixando a água límpida. Mas ainda não está pronta para ser usada. Para garantir a qualidade da água, após a clarificação é feita a desinfecção.

Tratamento por contacto

É o tipo de tratamento em que a ETA não necessita das unidades de floculação e decantação, sendo que após coagulada a água é encaminhada directamente aos filtros para retenção das impurezas.

Correcção da Dureza

Neste processo são controlados excessos de sais de cálcio e magnésio presentes na água, que têm características incrustantes e conferem sabor à água.

Correcção de pH

Aplicação de produtos químicos visando corrigir acidez ou alcalinidade excessivas da água. Este tipo de tratamento tem como objectivo principal proteger estruturas de armazenamento e distribuição da água.

Desinfecção

Destruição de organismos patogénicos, capazes de transmitir doenças ou de outros organismos indesejáveis.

Controlo de Sabor e Odor

Processos físicos e químicos que visam melhorar o paladar de certas águas. As principais causas de sabor e odor são a presença de algas, decomposição de vegetais, bactérias, resíduos industriais, entre outros.

Fluoretação

Aplicação de compostos químicos contendo flúor em quantidades adequadas visando a prevenção da cárie dentária. Esta aplicação pode reduzir em 60% a incidência de cáries dentárias.

Oxidação

Processos físicos ou químicos que visam controlar quantidades excessivas de elementos inconvenientes na água. Este processo seguido de filtração é muito utilizado para controlo dos teores de ferro e manganês na água.

Tratamento de Lamas

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As lamas provenientes das purgas dos decantadores são recolhidas e conduzidas a espessadores. A água clarificada é evacuada para reservatórios de água bruta e as lamas são desidratadas em centrífugas, sendo posteriormente enviadas para aterro, ou outro destino.

Tratamento da água de captação subterrânea

A água captada através de poços profundos, na maioria das vezes, não precisa ser tratada, bastando apenas a desinfecção com cloro. Isso acontece porque a água não se apresenta turva, eliminando as outras fases que são necessárias ao tratamento das águas superficiais.

Armazenamento

A água é armazenada em reservatórios, com duas finalidades:

• manter a regularidade do abastecimento, mesmo quando é necessário paralisar a produção para manutenção em qualquer uma das unidades do sistema;• atender à procura extraordinária, como a que ocorre nos períodos de calor intenso ou quando, durante o dia, se gasta muita água ao mesmo tempo (hora das refeições). Quanto à sua posição em relação ao solo, os reservatórios são classificados em subterrâneos (enterrados), apoiados e elevados.

Redes de Distribuição

Para chegar às casas, a água passa por vários canos e tubagens enterrados sob a pavimentação das ruas da cidade. Essas canalizações são chamadas redes de distribuição. Para que uma rede de distribuição possa funcionar perfeitamente, é necessário haver pressão satisfatória em todos os seus pontos. Onde existe menor pressão, instalam-se bombas, cujo objectivo é bombear a água para locais mais altos.

Muitas vezes, é preciso construir estações elevatórias de água, equipadas com bombas de maior capacidade. Nos percursos de redes com pressão em excesso, são instaladas válvulas redutoras.

Ligações domiciliares

A ligação domiciliar é uma instalação que une a rede de distribuição pública à rede interna de cada residência, loja ou indústria, fazendo a água chegar às torneiras. Para controlar, medir e registar a quantidade de água consumida em cada imóvel, instala-se um contador de água junto à ligação.

Produtos Químicos Utilizados no Tratamento das ÁguasMuitas características das águas, consideradas inconvenientes, podem ser removidas pelo uso de produtos químicos, cuja acção se faz sentir de diversas maneiras. Alguns produtos são utilizados para reagir entre si, ou reagir com a água e com compostos presentes na água a ser tratada, formando um novo produto capaz de promover a remoção pretendida. Os produtos químicos mais comuns utilizados no tratamento das águas são os seguintes:

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Coagulantes

• sulfato de alumínio• cloreto férrico

Desinfectantes

• cloro gasoso• hipoclorito de sódio• hipoclorito de cálcio

Correctores de pH

• hidróxido de cálcio• hidróxido de sódio• carbonato de sódio

Fluoretação

• fluossilicato de sódio• ácido fluossilícico

Algicidas

• sulfato de cobre• desinfectantes

Correctores para ferro, manganês e dureza

• ortopolífosfatos

Controle de Odor e Sabor

• carvão activado

Auxiliares de coagulação, floculação, decantação e filtração

• polímeros

Tratamento de Águas ResiduaisA construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) tem como objectivo tratar água, cujas características físicas, químicas ou biológicas colocariam riscos ambientais se fossem descarregadas sem serem tratadas, reduzindo ao longo do processo a concentração dos diferentes compostos que a tornam poluente. No final do tratamento é obtida uma água tratada, cujas características não corresponderão às de uma água potável mas que não colocarão em risco a qualidade das águas receptoras.

Na fase de projecto e dimensionamento de uma ETAR é fundamental conhecer as características

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da água residual a tratar, bem como as características desejadas para a água tratada. Estas dependerão do fim em vista, podendo variar entre a descarga em meio hídrico ou colectores municipais e a reutilização para fins menos nobres como lavagens, linhas de incêndio ou rega.

Caracterização de águas residuais

As águas residuais caracterizam-se por vários parâmetros, de acordo com os teores de matéria orgânica, sólidos, nutrientes, metais pesados, óleos e gorduras e microorganismos patogénicos presentes:

• matéria orgânica, avaliada em termos de CQO – Carência Química de Oxigénio, CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio ao fim de 5 dias de incubação a 20 ºC, ou COT – Carbono Orgânico Total, cujo principal impacte ambiental consiste no consumo de oxigénio de decorre da sua oxidação a CO2 e H2O via reacções químicas (expresso pela CQO) ou reacções bioquímicas (expresso pela CBO);• sólidos, que se dividem em sólidos totais (ST) e sólidos voláteis totais (SVT), que por sua vez incluem os sólidos suspensos totais (SST), sólidos suspensos voláteis (SSV), e os sólidos dissolvidos totais (SDT) e sólidos dissolvidos voláteis (SDV). Estes parâmetros permitem avaliar a capacidade de remoção de matéria em suspensão (da qual a fracção volátil corresponde fundamentalmente a matéria orgânica) por meio de sistemas de sedimentação;• nutrientes, dos quais se destacam o azoto e o fósforo, que sendo descarregados em abundância podem causar fenómenos de eutrofização (crescimento excessivo de plantas aquáticas provocando depleção de oxigénio);• metais pesados, na sua maioria tóxicos mesmo em baixas concentrações são particularmente problemáticos por serem bioacumuláveis, sendo transmitidos e acumulados ao longo da cadeia alimentar. A toxicidade dos metais pesados aumenta com a diminuição do pH das águas;• óleos e gorduras, provocam a formação de uma película impermeável à superfície da água, dificultando os processos naturais de transferência de oxigénio para o meio líquido podendo-se reflectir na diminuição do oxigénio dissolvido e desenvolvimento de ambientes de anaerobiose;• microorganismos patogénicos, são causadores de doenças que, ao colocar riscos para a saúde pública, comprometem a utilização da água para produção de água para consumo público, rega, produção piscícola ou mesmo para uso balnear.

Tipos de águas residuais

Em função da sua origem há dois grandes tipos de águas residuais: as domésticas e as industriais.

As águas residuais domésticas são geralmente resultantes da actividade habitacional podendo ser águas fecais ou negras e saponáceas. Dentro deste tipo de classe pode-se ainda considerar as águas residuais turísticas (com características sazonais, podendo apresentar menor ou maior carga poluente conforme provêm de estabelecimentos hoteleiros isolados ou de complexos turísticos

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importantes) e as águas residuais pluviais provenientes da precipitação atmosférica (a sua carga poluente em termos de sólidos suspensos pode chegar a ser muito superior à das águas residuais domésticas).

As águas residuais industriais são provenientes das descargas de diversos estabelecimentos. As suas características são função do tipo e processo de produção. Casos particulares deste tipo são as águas residuais pecuárias (ou industriais biodegradáveis), resultantes das explorações de suinicultura, bovinicultura e aviários.

Consideram-se ainda as águas resultantes da mistura de águas residuais domésticas com industriais e/ou pluviais - as águas residuais urbanas.

Processos de tratamentos de água residuais

Os tratamentos de águas residuais são frequentemente classificados em preliminares, primários, secundários (ou biológicos), terciários e avançados.

Os tratamentos preliminares têm como principal objectivo remover substâncias e materiais que poderiam provocar danos de manutenção ou operação em equipamentos a jusante, nomeadamente plásticos e sólidos de grandes dimensões, areias, óleos e gorduras, entre outros.

Os tipos de equipamentos aqui considerados são respectivamente, a gradagem, o desarenamento, e a flotação. No tratamento preliminar, constituído unicamente por processos físico-químicos,

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é feita a remoção dos flutuantes através da utilização de grelhas e de crivos grossos; e a separação da água residual das areias a partir da utilização de canais de areia.

Os tratamentos primários são essencialmente processos físico-químicos que têm por finalidade produzir efluentes com qualidade aceitável para a descarga em águas pouco sensíveis ou a redução da carga poluente da água para seguir para o tratamento secundário. Os processos incluem a sedimentação primária (remove sólidos suspensos sedimentáveis), a sedimentação primária com adição de produtos químicos (promove ainda a remoção de matéria orgânica biodegradável, fósforo e metais pesados) e fossas sépticas (remoção de sólidos suspensos sedimentáveis matéria orgânica biodegradável). Nesta etapa procede-se ao pré-arejamento, equalização do caudal, neutralização da carga do efluente a partir de um tanque de equalização e, seguidamente, procede-se à separação de partículas líquidas ou sólidas através de processos de foculação, floculação e sedimentação, utilizando um sedimentador ou sedimentador primário. As lamas resultantes deste tratamento estão sujeitas a um processo de digestão anaeróbio num digestor anaeróbio ou tanque séptico.

Os tratamentos secundários são constituídos por processos biológicos seguidos de processos físico-químicos. No processo biológico podem ser utilizados dois tipos diferentes de tratamento:

• aeróbios, onde se podem utilizar, dependendo da característica do efluente, tanque de lamas activadas (o ar é insuflado com arejador de superfície), lagoas arejadas com macrófitos, leitos percoladores ou biodiscos;• anaeróbio, podem ser utilizadas as lagoas ou digestores anaeróbios.

O processo físico-químico é constituído por um ou mais sedimentadores secundários. Nesta etapa é feita a sedimentação dos flocos biológicos, saindo o líquido, depois deste tratamento, isento de sólidos ou flocos biológicos. As lamas resultantes deste tratamento são secas em leitos de secagem, sacos filtrantes ou filtros de prensa.

Assim, os tratamentos secundários têm como objectivo principal a remoção da matéria orgânica (ou matéria orgânica e nutrientes) e sólidos em suspensão, para produzir efluentes com qualidade aceitável para descarga ou reduzir carga poluente antes do tratamento seguinte.

Incluem-se ainda nos tratamentos secundários os sistemas de tratamento no solo, também designados por tratamentos por irrigação. Estes são constituídos por leitos de macrófitas construídos em valas impermeabilizadas e preenchidas com areia grossa/solo onde são plantadas as macrófitas aquáticas (e.g. Eleocharis sp., Phragmites australis). O tratamento é levado a cabo por depuração rizosférica pois as suas raízes são capazes de absorver substâncias tóxicas, além de reterem partículas em suspensão na densa rede que formam. A comunidade microbiana que se desenvolve em simbiose com as raízes e o solo também contribui para o tratamento das águas residuais.

Os tratamentos terciários são também constituídos unicamente por processos físico-químicos e permitem obter água com características próprias à descarga em águas sensíveis, em zonas balneares ou para a preparação para algumas formas de reutilização (rega). Estes tratamentos podem incluir a filtração para remoção de sólidos em suspensão, a desinfecção para eliminar bactérias patogénicas e vírus ou a remoção de nutrientes como o azoto.

Assim, nesta fase procede-se à remoção de microorganismos patogénicos, através da utilização de lagoas de maturação e nitrificação. Finalmente, a água resultante é sujeita a desinfecção através

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da adsorção (com a utilização de carvão activado), e, se necessário, tratamento ao cloro e ozono. A desinfecção pode ser levada a cabo por cloragem, ozonização ou radiação UV. O primeiro pode levar à formação de produtos organoclorados tóxicos, pelo que tende a cair em desuso na desinfecção de águas residuais que ainda podem ter matéria orgânica, ainda que em quantidades pequenas. A radiação UV, amplamente utilizada, é produzida por descargas de lâmpadas de mercúrio imersas num canal por onde se faz passar o efluente. A dose de UV é controlada pelo número de lâmpadas utilizadas e pelo tempo de contacto do efluente com elas.

Os tratamentos avançados visam a remoção de poluentes específicos, sendo necessários apenas quando as opções de reutilização da água exigem água de elevada qualidade. Estão incluídos nestes processos a permuta iónica, processos de separação membranar e a adsorção, que permitem a remoção de azoto, matéria inorgânica, metais pesados, e matéria orgânica refractária.

O tratamento de águas residuais gera lamas, resultantes essencialmente dos processos de sedimentação primária (sólidos sedimentáveis presentes do efluente) e secundária (crescimento de biomassa ao longo do processo de remoção de matéria orgânica), que também necessitam de tratamento previamente à sua deposição final. Este inclui uma fase de espessamento, para remoção de excesso de água, estabilização química, térmica ou biológica para eliminar patogénicos e reduzir o seu poder de fermentação, e uma secagem final.

As lamas tratadas podem ter como destino final, mediante a sua qualidade:

• utilização em solo agrícola ou não agrícola (floresta, áreas de lazer ou paisagem);• deposição em aterro;• inclusão em produtos cerâmicos (inertização).

ETAPAS DO TRATAMENTO

Grade Grosseira: Retenção dos materiais de grandes dimensões, como latas, madeiras, papelão, entre outros.

Elevatória de Esgoto Bruto: Recalque dos esgotos para o canal das grades médias.

Grade Média: Remoção de materiais, como trapos, estopas, papéis, entre outros.

Caixa de Areia: Remoção da areia contida no esgoto, que, depois de sedimentada, vai para o classificador de areia.

Decantador Primário: Remoção do resíduo sedimentável dos esgotos, gorduras e óleos flutuantes. Estes materiais, após serem recolhidos por pontes raspadoras, são bombeados para os digestores.

Tanque de Aeração: O efluente do decantador primário passa para o tanque de aeração. Combinando-se a agitação do esgoto com a injecção de ar, desenvolve-se, no tanque de aeração, uma massa líquida de microorganismos denominada “lodos activados”. Estes microorganismos

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alimentam-se de matéria orgânica, contidos no efluente do decantador primário, e proliferam na presença do oxigénio.

Decantador Secundário: Remoção dos sólidos (flocos de lodo activado), que, ao sedimentarem no fundo do tanque são raspados para um poço central, retornando para o tanque de aeração.

Elevatória de Retorno de Lodo: O lodo activado, recolhido no decantador secundário por pontes removedoras de lodo, é encaminhado por bombas, retornando aos tanques de aeração e o excesso do lodo ao decantador primário.

Elevatória de Lodo Primário: Recalque do lodo gradeado para o interior dos adensadores de gravidade e digestores.

Retirada do Sobrenadante: Os adensadores e digestores são equipados com válvulas para a retirada do sobrenadante (líquido que se separa do lodo digerido), que retorna ao início do processo.

Adensadores de Gravidade: Equipado com um removedor mecanizado de lodo e escuma, de tracção central. O efluente é colectado num canal periférico e enviado para um sistema de colecta de efluentes da fase sólida.

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Digestores: O lodo removido durante o processo de tratamento é enviado aos digestores. São grandes tanques de cimento hermeticamente fechados, onde, através do processo de fermentação, na ausência de oxigénio (processo anaeróbio), se processará a transformação de lodo em matéria altamente mineralizada, com carga orgânica reduzida e diminuição de bactérias patogénicas.

Secador Térmico: Retira a água do lodo proveniente dos digestores, elevando o teor de sólidos até o mínimo de 33%, seguindo para os silos e com destino para agricultura ou aterro sanitário.

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MÓDULO 3 Energia

A EnergiaA primeira e mais primitiva forma de energia é a humana, a energia produzida pelos músculos humanos. Logo a seguir, e numa escala temporal, surge a energia fornecida pelos animais, cuja utilização é ainda corrente em muitos locais do mundo. Mais tarde, o Homem descobre e utiliza a energia dos ventos, da água

e do fogo. Com a invenção da máquina a vapor começa a era industrial e, desde então, graças às novas tecnologias, novas fontes e tipos de energia têm vindo a ser descobertos e utilizados.

Tipos e Classes de EnergiaA energia pode ser classificada segundo a sua proveniência e capacidade de renovação. Assim, temos as fontes de energia renovável e as fontes de energia não renovável. As fontes de energia renovável dispõem de muitas vantagens, por comparação com as fontes de energia não renovável:

• são fontes inesgotáveis de energia;• têm muito poucos efeitos negativos sobre o ambiente;• estão disponíveis no nosso país.

Existem, no entanto, dois aspectos fundamentais para a exploração das energias renováveis que devem ser considerados: A viabilidade técnica e a viabilidade económica. A viabilidade técnica vai estudar a forma de se conseguir fazer a transformação, isto é, se é possível ou não a obtenção de energia a partir daquela fonte. A viabilidade económica vai tentar produzir a energia nos patamares de preços em que são comercializadas as energias de fontes habituais.

Portugal é relativamente rico em fontes de energia renovável, mas a sua utilização está muito aquém do que poderia ser aproveitado.

As fontes de energia renovável que, em Portugal estão melhor aproveitadas, são:

• a biomassa: lenhas, resíduos florestais e agrícolas, lixos e esgotos provenientes de pecuárias;• e energia hídrica: obtida a partir do movimento da água, como por exemplo, nas barragens.

A biomassa é ainda muito utilizada em algumas indústrias sob a forma de resíduos florestais, ou no sector doméstico, nas lareiras, por exemplo. A partir da energia hídrica produz-se grande parte da electricidade que consumimos no nosso país. No entanto, existe ainda um grande potencial de biomassa e de energia hídrica que não utilizamos e que é desperdiçado.

No que toca às restantes fontes de energia renovável, a sua utilização actual é muito limitada. Poderíamos aproveitar muito mais a energia solar (proveniente dos raios solares), a energia geotérmica (proveniente do calor existente no interior da Terra) e a energia eólica (proveniente do vento).

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Para outras fontes de energia renovável, as soluções técnicas disponíveis estão ainda pouco desenvolvidas, tais como as energias provenientes do mar: energia das ondas, das marés, das correntes marítimas e das diferenças de temperatura entre a camada superior e a camada profunda do mar.

Ao utilizarmos as tecnologias disponíveis e ao aproveitarmos toda a riqueza em energia renovável do nosso país, estamos a contribuir para um mundo mais limpo e equilibrado.

Em Portugal, mais de 2/3 da electricidade é produzida em grandes centrais térmicas a partir de carvão, petróleo e gás natural. Uma pequena parte deve a sua produção à energia hidráulica produzida pelas barragens, tendo as energias renováveis ainda uma reduzida expressão.

Todas estas fontes de energia possuem impactos negativos sobre o ambiente: desde a poluição atmosférica à redução dos recursos não renováveis, modificação dos ecossistemas naturais, extinção de seres vivos, entre outros.

O consumo de energia primária em Portugal atingiu, no ano passado, 26,7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo, o que corresponde a uma subida de cerca de 9% face a 2002. O crescimento deve-se, a alguma ineficiência energética. Os dados constam do “BP Statistical Review of World Energy 2004”.

Foi na energia hidroeléctrica (mais 100%) e no gás natural (mais 8%) que se verificou o maior crescimento do consumo de energia em Portugal. Já o petróleo subiu 2%, enquanto o carvão desceu cerca de 5%. Apesar da maior opção por energias mais limpas, o petróleo continua a ser a energia com maior peso, representando 16,6 milhões das 26,7 milhões de toneladas consumidas.

No que diz respeito às renováveis, com crescimentos explosivos, a eólica e a fotovoltaica são aquelas em que Portugal mais tem apostado, apesar de ainda não serem as que têm maior peso - as maiores são a hidroeléctrica e a biomassa, como já foi acima referido.

Assim sendo, a questão energética deverá ser considerada sob duas formas distintas:

• poupança de energia pela diminuição do consumo, aumentando a eficiência energética, mas mantendo os benefícios e,• o aumento progressivo da utilização das fontes de energia renováveis, menos poluidoras, como a energia solar fotovoltaica, a energia solar térmica, a utilização de biocombustíveis e a produção de biogás, a geotermia, os oceanos, a energia eólica, entre outras.

Fontes de Energias Renováveis

Energia Solar FotovoltaicaOs sistemas fotovoltaicos produzem energia eléctrica com elevada fiabilidade e a sua manutenção é baixa. Não emitem gases de efeito de estufa nem produzem ruído. São compostos pelos seguintes equipamentos:

• painel fotovoltaico - composto por um ou mais módulos fotovoltaicos, funciona como gerador de energia eléctrica;

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• banco de baterias - funciona como elemento acumulador de energia eléctrica para uso durante a noite e quando não há disponibilidade de radiação solar;• controlador de carga - dispositivo electrónico que protege as baterias conta sobrecarga ou descarga excessiva; • inversor - dispositivo electrónico que converte a energia eléctrica em corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA), de forma a permitir a utilização de electrodomésticos convencionais;

A título de curiosidade, apenas com a área disponível em coberturas de edifícios em Portugal, seria possível produzir toda a electricidade que consumimos através de equipamento fotovoltaico. A implantação de 60 m² de fotovoltaico, nos cerca de 3.1 milhões de edifícios e residências, resultaria em cerca de 33.200 GWh/Ano (consumo em 1995), rebatendo assim a falsa ideia de que uma contribuição substancial de solar fotovoltaico necessitaria da ocupação de uma área enorme, com grandes custos emergentes dessa mesma ocupação.

O uso do sistema solar deve ser racional, evitando os excessos: os aparelhos ligados a ele devem ser económicos. As lâmpadas incandescentes comuns, serão substituídas pelas fluorescentes compactas de 9 watts ou fluorescentes tubular 12 volts, que produzem a mesma luminosidade com 80% menos de energia.

Energia Solar TérmicaNo sistema solar térmico é indispensável o uso do colector solar, equipamento responsável pela absorção e transferência da radiação do sol para um fluido. O colector solar plano é uma caixa rectangular rasa, de material metálico ou plástico, coberta de vidro ou plástico transparentes. Dentro dele encontra-se a serpentina - de cobre, devido à sua alta condutividade térmica - por onde o fluido escoa. A placa absorvedora de cobre ou alumínio, envolve a serpentina e é pintada de preto para facilitar a absorção de calor. A água fria, ao passar pelos canos aquece, completando o ciclo.

Os colectores solares são instalados na posição em que a absorção de radiação solar é a melhor possível. Além dos colectores solares, para um sistema de aquecimento eficiente é necessário um reservatório térmico, um sistema de circulação de água e um sistema auxiliar de aquecimento eléctrico. Quando o tempo fica nublado por muitos dias, a temperatura da água do reservatório térmico cai e é preciso accionar, através do termostato, o sistema eléctrico convencional.

A energia solar térmica para aquecimento de água a baixa temperatura é vantajosa, quer do ponto de vista energético, quer ambiental, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito de estufa.

Energia dos BiocombustíveisOs biocombustíveis são produtos derivados de colheitas agrícolas (cana de açúcar, cereais e material orgânico), que podem ser usados como combustíveis isoladamente ou ser misturados com os combustíveis convencionais. Os exemplos mais comuns nesta categoria são o biodiesel (obtido a partir de óleos de colza ou girassol), o bioetanol (produzido a partir da fermentação de hidratos de carbono como o açúcar, amido, celulose) e o biometanol (os processos de produção mais comuns são de síntese a partir do gás natural, ou ainda do processo de pirólise).

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Já é possível a transformação dos óleos vegetais usados em biodiesel, através de um processo químico de transesterificação. O biodiesel assim produzido pode substituir o consumo de gasóleo numa percentagem não superior a 20% em unidades de produção mais simples, podendo em unidades mais sofisticadas ser produzido um biocombustível que substitui na íntegra o gasóleo.

Em Portugal, segundo a Agência para a Energia, os óleos alimentares usados constituem cerca de 125 mil toneladas por ano e o seu destino principal tem sido o envio para as redes de esgotos, causando graves problemas no funcionamento das ETAR’s (Estações de Tratamento de Águas Residuais).

Actualmente, segundo a mesma fonte, apenas serão recolhidas cerca de 3 mil toneladas por ano. O destino desses óleos recolhidos tem sido o fabrico de sabão bem como o fabrico de rações animais.

Com efeito, em Portugal ainda é autorizada a incorporação de óleos alimentares usados em rações para animais, o que origina a passagem para a cadeia alimentar de diversos compostos tóxicos e mesmo cancerígenos formados quando alguns dos óleos de fritar não são substituídos com a devida periodicidade.

Vantagens do Biodiesel

A utilização de óleos alimentares usados para o fabrico de biodiesel, apresenta, entre outras, as seguintes vantagens:

• resolve os problemas provocados pela descarga de óleos vegetais nas ETAR´s, tais como o entupimento de condutas;• fornece um combustível alternativo ao gasóleo, reduzindo a nossa dependência externa em combustíveis fósseis;• reduz a poluição atmosférica, nomeadamente em relação às emissões de gases de efeito de estufa;• cria postos de trabalho.

Energia da GeotermiaA geotermia consiste em retirar o calor que se encontra no interior do solo. A forma de retirar o calor do subsolo pode ser feita de duas formas: com captores horizontais e com captores verticais. A energia geotérmica tem origem no interior da terra, verificando-se que, em termos médios, a temperatura aumenta, em profundidade, de cerca de 33 ºC por Km. Porém, devido à heterogeneidade da crosta terrestre, existem zonas anómalas, isto é, zonas onde a variação da temperatura com a profundidade (gradiente) é inferior ou superior àquele valor, dito normal.

O aproveitamento da energia geotérmica implica a existência de um fluido, normalmente a água, que transporte o calor do interior da terra para a superfície. Este fluido pode existir na formação, como água fóssil contemporânea da sedimentação, ou ser proveniente da infiltração da água das chuvas. No caso da sua não existência, pode recorrer-se à injecção de água, falando-se nestes casos de rochas quentes secas. Este tipo de energia oferece, entre outras, a vantagem de ser renovável e pouco poluente.

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Energia dos OceanosExistem vários tipos de energia nos oceanos susceptíveis de serem utilizados. São a energia das marés, a energia associada ao gradiente térmico, a energia das ondas e a energia das marés. As regiões costeiras portuguesas são entre as que têm as melhores condições naturais, a nível europeu para o aproveitamento da energia das ondas. A conversão da energia a partir das ondas apresenta muitas semelhanças com a eólica.

Energia EólicaA energia eólica é a energia obtida pelo movimento do ar (vento). É uma abundante fonte de energia, renovável, limpa e disponível.

Os moinhos de vento foram inventados na Pérsia no séc. V. Foram utilizados para bombear água para irrigação. Os mecanismos básicos de um moinho de vento não mudaram desde então: o vento atinge uma hélice que ao movimentar-se gira um eixo que impulsiona uma bomba (gerador de electricidade).

Os ventos são gerados pela diferença de temperatura da terra e das águas, das planícies e das montanhas, das regiões equatoriais e dos pólos do planeta Terra.

A quantidade de energia disponível no vento varia de acordo com as estações do ano e as horas do dia. A topografia e a rugosidade do solo também têm grande influência na distribuição de frequência da ocorrência dos ventos e da sua velocidade em determinado local. Para a avaliação do potencial eólico de uma região é necessário a pesquisa de dados de vento com precisão e qualidade, capaz de fornecer um mapeamento eólico da região.

A energia eólica é considerada a energia mais limpa do planeta, disponível em diversos lugares e em diferentes intensidades, uma boa alternativa às energias não renováveis. Apesar de não queimarem combustíveis fósseis e não emitirem poluentes, os parques eólicos não são totalmente desprovidos de impactos ambientais. Alteram as paisagens e podem ameaçar a avifauna se forem instalados em rotas de migração. Emitem um certo nível de ruído que pode causar algum incómodo. Além disso, podem causar interferência na transmissão de televisão. O custo dos geradores eólicos é elevado, porém o vento é uma fonte inesgotável de energia.

Para o cidadão comum, muito há a dizer e a fazer, no sentido da poupança de energia, pela diminuição do consumo.

A utilização racional da energia passa, assim, pela adopção de medidas que, na verdade, estão ao alcance de qualquer um.

Vejamos, então, alguns truques que podem mudar os hábitos de desperdício de energia, ajudar o planeta e fazer com que o dinheiro renda mais.

Poupança de ElectricidadeNa região Autónoma da Madeira, uma família gasta, em média, 400 € por ano de electricidade. Para produzir esta electricidade são emitidos para a atmosfera 1500 kg de dióxido de carbono por ano.

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Ao conseguirmos reduzir os nossos custos com a energia, estamos a poupar, não só a nossa bolsa, mas também a preservar o ambiente, reduzindo os níveis de poluição atmosférica. Por cada 1 kWh poupado no consumo de electricidade, evitamos a extracção de crude equivalente a 5 kWh.

Em casaUma casa energeticamente eficiente protege o ambiente e facilmente conseguimos POUPAR ENERGIA nas diversas acções simples e comuns do nosso dia-a-dia, sem diminuir o grau de conforto, reduzindo os custos e aumentando a eficiência energética:

• As frinchas nas janelas e portas de uma moradia média de dois pisos são equivalentes a um buraco com cerca de 1 metro quadrado, escapando-se por aí cerca de 15% da energia que se utiliza no aquecimento da casa; • Os aquecimentos centrais devem permitir aquecer diferenciadamente as diversas partes da casa para não gastar demasiada energia em locais que não estão a ser utilizados;• Nesta área específica das habitações, pode ainda intervir no isolamento térmico, usando para tal os cortinados. Em termos médios, um cortinado normal pode reduzir em um terço o calor perdido através de uma janela. Um cortinado especial e bem colocado pode reduzi-lo a metade. • No caso particular das lareiras se a entrada de ar das lareiras não for directamente do exterior, quando a mesma estiver acesa, o ar que se quer quente na sala, escapa-se continuamente pela chaminé. Esta situação representa uma grande perda de energia, que poderá ser corrigida com a construção de uma ligação do corpo interior da lareira para o exterior. Quando a lareira está apagada, se não existir um registo na chaminé, o ar da sala ou mesmo da casa, está permanentemente a escapar-se pela chaminé. Esta situação, poderá ser positiva no verão, mas no Inverno, nos dias em que a lareira não está acesa, poderá ser uma razão de desconforto e oportunidade de ligar outro meio de aquecimento.

A iluminaçãoNas casas portuguesas, os custos de iluminação representam cerca de 15% da factura de electricidade. A escolha correcta da iluminação é importante porque aumenta o conforto e, usando tecnologias mais eficientes, está a poupar dinheiro, além de que ao poupar energia está a preservar o ambiente. Tenha em atenção que:

• Como as cores claras reflectem a luz e as cores escuras a absorvem, se a casa se localizar num local quente onde o calor do verão possa ser problemático, as paredes exteriores devem ter uma tonalidade mais clara, e se, por outro lado for uma casa com problemas de aquecimento, é mais eficiente utilizar matizes mais escuros para o exterior;

A decoração

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• A colocação dos móveis é importante de forma a não tapar demasiado as paredes e não cortar a circulação do ar; • Nas paredes norte e oeste da casa, que recebem pouca luz solar, podem colocar-se armários ou móveis grandes que cubram correntes de ar;

Se vai adquirir um electrodoméstico...

Se é o seu caso, tenha em atenção a etiqueta energética, um rótulo com uma escala colorida que se encontra colado na parte exterior dos aparelhos, visível ao consumidor. A etiqueta constitui o primeiro nível de informação e comprova o valor do equipamento, ao qual se refere um valor mínimo de rendimento. É importante porque permite comparar fácil e rapidamente a eficiência energética e o consumo dos electrodomésticos da mesma categoria. Os electrodomésticos não consomem todos a mesma quantidade de energia. A etiqueta energética é obrigatória para frigoríficos e congeladores, máquinas de lavar roupa, secadores de roupa, máquinas combinadas de lavar e secar roupa e máquinas de lavar loiça. Dê preferência, quando comprar, aos equipamentos mais eficientes, da classe energética A ou B, pois consomem menos.

O frigorífico e a arca congeladoraEscolha o seu frigorífico em função das suas necessidades. A decisão, relativamente à capacidade de um refrigerador, deve levar em consideração o tamanho da família, o regime de compras (semanal ou mensal), bem como as necessidades de congelação e de refrigeração. A capacidade de um frigorífico

é indicada em litros de produtos frescos e congelados que o volume interior, da parte realmente disponível, permite conservar e congelar. Em situações normais, é aconselhável disponibilizar uma média de 40 a 60 litros por pessoa.

O “standby power”

É a energia consumida pelos equipamentos eléctricos quando se encontram em modo standby ou mesmo desligados. Sem sabermos, podemos estar a gastar em casa entre 10 e 50 € por ano em standby power.

Mesmo quando alguns equipamentos estão desligados ou em modo off, continuam a consumir energia. Isto deve-se à presença de transformadores, e não só, que apresentam consumo em vazio. É o caso do carregador do telemóvel e do televisor.

A maior parte da energia que consumimos na região é gerada pela combustão de energias fósseis (petróleo bruto e seus derivados) armazenadas há milhões de anos. A utilização intensiva destas energias é uma fonte de poluição e é considerada uma das principais causas das alterações climáticas. Por isso, ao utilizarmos melhor a energia, estamos a proteger o ambiente.

Ao reduzirmos o consumo, contribuímos também para a minimização da emissão de gases com efeito de estufa, que provocam o aquecimento da Terra, e para a redução da poluição atmosférica.

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MÓDULO 4 Transportes

Transportes

Transportes e qualidade do arOs meios de transporte possibilitam o acesso entre cidadãos e destes aos mais variados bens e serviços, sendo muito importantes para o bem estar e para

o desenvolvimento económico. No entanto, o sector dos transportes gera efeitos negativos no ambiente que podem concorrer para a diminuição da qualidade de vida.

Nas últimas décadas, tem-se assistido a um crescimento acentuado dos transportes, sobretudo os rodoviários, crescimento esse proporcional à pressão exercida sobre o ambiente.

A crescente utilização do transporte rodoviário redesenhou as cidades em torno do uso do automóvel, que ocupa os espaços destinados aos peões, ou organiza o fornecimento do comércio em função de mega centros comerciais, vocacionados para utentes que se deslocam de carro. A degradação da qualidade do ar está associada à emissão de poluentes para a atmosfera.

O ar é de todos os recursos naturais o mais disponível, o que provocou alguma atenuação no grau de exigência relativa à sua qualidade, condicionada pela presença de poluentes. Considerando que em média são necessários por pessoa e por dia 1,5 kg de alimentos e 27 kg de ar, torna-se evidente que a qualidade deve ser ainda maior para o ar do que para os alimentos.

O aumento da intensidade do tráfego, sobretudo o rodoviário e o aéreo, tem conduzido ao aumento dos congestionamentos das vias de transporte. Este aumento de congestionamento tem como consequências:

• Maiores consumos de energia fóssil;

• Aumento da poluição atmosférica com o aumento dos gases poluentes e partículas sólidas que provocam graves efeitos na saúde, que vão desde o cancro a dificuldades respiratórias, entre outras;

• Aumento da poluição sonora devido à intensidade e crescente velocidade dos transportes rodoviários;

• Maiores dificuldades de acesso às cidades, com aumentos no tempo gasto em deslocações de pessoas e mercadorias, provocando os inevitáveis atrasos;

• Aumento dos acidentes rodoviários e maior stress dos condutores e dos utentes dos transportes;

• Com o aumento da rede viária, aumenta a fragmentação e a perturbação dos habitates e ecossistemas naturais que, a par da redução das

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áreas agrícolas e florestais, contribuem para a diminuição da biodiversidade.

As actividades mais responsáveis pela emissão dos poluentes são os transportes, a queima de combustíveis em processos de aquecimento e de produção de energia, os processos industriais a incineração e deposição de resíduos. As fontes poluentes podem dividir-se em quatro grandes grupos:

• Fontes móveis: veículos a motor, aviões, navios, comboios e manipulação e/ou evaporação de combustíveis;

• Fontes fixas de combustão: produção de energia e aquecimento doméstico, comercial e industrial, incluindo centrais de produção de energia a vapor;

• Processos industriais: metalurgia, fabrico de pasta de papel, refinarias de petróleo e outros processos químicos; Incineração, tratamento e deposição de resíduos sólidos: resíduos domésticos, agrícolas, municipais, industriais e hospitalares;

• Fontes domésticas: queimas de combustível e utilização de produtos com solventes.

As emissões de poluentes atmosféricos, provenientes dos transportes rodoviários, têm origem na queima do combustível como a gasolina, o gasóleo ou gás de petróleo liquefeito (GPL) e na evaporação do combustível no depósito e no carburador. As emissões relacionadas com a queima do combustível dependem quer da sua composição quer do modo de funcionamento específico do motor.

O facto dos impactos associados à emissão de poluentes se poderem fazer sentir a distâncias apreciáveis das fontes emissoras (muitas vezes em diferentes países), implica o aparecimento de efeitos com repercussão global na atmosfera. É o caso da presença de radiações ionizantes, da deposição ácida (da qual a chuva ácida é uma forma), da degradação da camada de ozono estratosférico e do aumento da concentração de dióxido de carbono na troposfera com efeitos directos no aumento de temperatura superficial (“efeito de estufa”).

Os efeitos genéricos da poluição do ar são, basicamente:

• Degradação da qualidade do ar;

• Exposição humana e dos ecossistemas a substâncias tóxicas;

• Danos na saúde humana;

• Danos nos ecossistemas e património construído;

• Acidificação;

• Deterioração da camada de ozono estratosférico;

• Aquecimento global/alterações climáticas

Entre os efeitos na saúde humana referem-se os problemas ao nível dos sistemas respiratório e cardiovascular, doenças de pele, irritação dos olhos, redução da acuidade mental e visual, cancro,

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doenças de sangue, além das habituais tosses e falta de ar, entre muitas outras doenças.

Quanto aos danos nos ecossistemas podem citar-se a oxidação de estruturas da vegetação, que entre muitas outras consequências pode originar a queda prematura das folhas em algumas espécies ou o apodrecimento precoce de alguns frutos. Finalmente, quando se fala de prejuízos ao nível do património construído pode dar-se como exemplo o caso dos poluentes acidificantes que atacam quimicamente as estruturas construídas, causando a degradação dos materiais.

O automóvelO automóvel causa poluição, além da sua construção e posterior destruição, ao longo de todo o seu tempo de circulação em estrada. O automóvel é um dos elementos mais poluidores para o meio ambiente, devido entre outros à sua emissão de dióxido de carbono. A manutenção regular do veículo permite reduzir essa poluição, já que um automóvel inspeccionado regularmente polui muito menos do que um que não o seja.

Transportes públicos e privadosPortugal está entre os sete países que mais utilizam o automóvel privado, e ocupa o quarto lugar dos países da UE com maior peso dos transportes de mercadorias por via rodoviária. O recurso aos automóveis privados em Portugal é superior a 75%, em detrimento da utilização dos outros meios de transporte, o que contribui para aumentar as emissões de gases de efeito de estufa e prejudica o combate às alterações climáticas.

O Eco-Driving ou Condução EcológicaA mudança de comportamentos e atitudes face à utilização do automóvel e dos transportes públicos e privados, no sentido da diminuição da poluição atmosférica, do aumento dos padrões de mobilidade, da diminuição dos consumos de combustíveis e da utilização correcta e manutenção regular dos veículos, passa pela tomada de conhecimento e adopção de algumas regras básicas, que não são mais que conselhos úteis, nomeadamente:

• Ao alterar as características aerodinâmicas dos veículos, como a colocação de barras de tejadilho e outros prolongamentos, estamos a contribuir para o aumento dos consumos energéticos;

• Executar os planos de manutenção e revisão do automóvel de acordo com o recomendado pela marca fabricante de maneira a que o veículo tenha o motor e todos os sistemas afinados e tenha os melhores desempenhos energéticos, ambientais e de segurança;

• Ter em atenção que a utilização de sistemas e equipamentos eléctricos auxiliares, como a utilização do ar condicionado leva a aumentos significativos dos consumos de combustíveis, racionalizando a sua utilização;

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Os benefíciosUma condução ecológica contribui para:

• Redução dos consumos energéticos e emissões de dióxido de carbono, entre outros gases, atingindo valores da ordem dos 15% de redução, contribuindo para a diminuição das alterações climáticas;

• Redução significativa do ruído;

• Menores custos com o combustível, manutenção, doenças causadas pela poluição, e seguros;

• Menor stress, maior conforto na condução;

• Redução dos acidentes;

• Aumento da fluidez do tráfego.

Com o recurso às técnicas de condução e conselhos acima descritos, obtém-se uma condução mais eficiente, que leva a reduções de consumo de energia acima dos10%.

No tráfego urbano, cerca de 50% da energia é consumida pelas acelerações desnecessárias e pelas longas paragens com o motor ligado (ralenti).

A condução defensiva, evitando acelerações e travagens bruscas, conduzindo por antecipação, pode reduzir até 10% o consumo de energia. Reduz também o desgaste do motor, dos pneus e dos travões.

Quando mal afinados, os motores podem conduzir a aumentos de consumo de combustível até 30%. A afinação de motores é uma operação que deve ser feita por técnicos especializados.

Conduzir com os pneus abaixo da pressão recomendada pode levar a aumentos de consumo de combustível de cerca de 8%. Uma direcção convenientemente alinhada, evita o desgaste precoce dos pneus.

A verificação do filtro e do nível do óleo do motor são operações que podem evitar graves avarias no motor. Estudos demonstram que os filtros de ar sujos ou entupidos poderão contribuir para a redução de potência até 15% e o aumento dos consumos de energia até 10%. O óleo limpo reduz o desgaste causado pelo atrito provocado pelos componentes do motor em movimento e retira partículas nocivas ao motor. A mudança de óleo frequente aumenta o tempo de vida do motor. Alguns lubrificantes contêm aditivos para reduzirem o atrito e a sua utilização poderá conduzir a reduções dos custos com combustíveis até 3%.

A incorporação de um catalisador, que na prática funciona como um filtro para os gases de escape, pode reduzir as emissões poluentes, em determinadas situações, em cerca de 90%.

Através de inovações tecnológicas, podemos fazer com que os transportes sejam melhores para o ambiente. Por exemplo, utilizar veículos mais amigos do ambiente, que sejam mais silenciosos e menos poluentes, que utilizem combustíveis alternativos como é o caso dos veículos equipados

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com motores que consomem gás propano liquefeito (GPL), biogás ou gás natural, ou veículos accionados por motores eléctricos que podem ser alimentados por baterias. O uso de combustíveis fósseis (gasolina e gasóleo) é a maior fonte de poluição causada pelos veículos.

Veículos em Fim de Vida

Cerca de 170 mil automóveis são deitados fora todos os anos em Portugal. São quase 500 por dia, 20 por hora, um a cada três minutos. É um tipo de lixo muito perigoso, pois contém substâncias tóxicas, explosivas, inflamáveis, corrosivas e cancerígenas. Os chamados “veículos em fim de vida” são ainda, maioritariamente, abandonados nas ruas ou vão parar a sucatas que mais não fazem do que compactá-los.

Legalmente, desde o ano passado, um carro, ao chegar ao seu fim de vida, tem de ser despoluído, desmantelado e fragmentado. Os seus componentes têm de ser reutilizados, reciclados ou, numa pequena fracção, eventualmente incinerada. Até ao fim do próximo ano, esta prática deve abranger 75% do peso de cada automóvel com mais de 25 anos (anteriores a 1980) e 85% dos demais. No princípio de 2015, estas metas sobem para 95%. Ou seja, quase tudo de cada carro morto terá obrigatoriamente de ser reaproveitado.

Segundo a lei, os produtores de automóveis vão começar a pagar a recolha e tratamento dos veículos em fim de vida e, tal como acontece com as embalagens e os pneus, esta despesa deverá aumentar o custo dos veículos ao consumidor. A sociedade gestora dos veículos em fim de vida vai assegurar uma rede de recolha e transporte, tal como a da Sociedade Ponto Verde para as embalagens e a da ValorPneu para os pneus.

Quanto à responsabilidades pela gestão dos resíduos, determina-se que todos os intervenientes no ciclo de vida do veículo são co-responsáveis: os fabricantes têm de reduzir a utilização de substâncias perigosas e aumentar o uso de materiais reciclados, enquanto as oficinas de reparação farão o encaminhamento de componentes para operadores de tratamento. Também os proprietários ou detentores de veículos em fim de vida passam a ser responsáveis pelo envio do automóvel para um centro de entrega ou um operador de desmantelamento.

A entrega do veículo no centro é efectuada sem custos para o último detentor ou proprietário, a não ser que o automóvel não tenha motor ou carroçaria, ou lhe tiverem sido acrescentados resíduos.

Sempre que encontrem veículos abandonados, as autoridades municipais ou policiais removem-nos para um centro de entrega ou desmantelamento, sendo os custos dessa operação da responsabilidade do proprietário do automóvel.

A comercialização de veículos sem cumprir as regras estabelecidas no diploma é punida com multas entre 500 a 44.890 euros para as pessoas colectivas, nomeadamente o não financiamento pelas marcas automóveis do transporte, armazenagem e tratamento daqueles resíduos. As pessoas singulares são punidas com coimas entre os 250 e os 3.740 euros.

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MÓDULO 5 Ruído

O Ruído

O que é o ruído?O som é um fenómeno físico ondulatório periódico, resultante de variações da pressão num meio elástico que se sucedem com regularidade. Pode definir-se

como vibração mecânica capaz de dar origem a uma sensação auditiva.

O som pode ser representado por uma série de compressões e rarefacções do meio em que se propaga, a partir da fonte sonora. Não há deslocamento permanente de moléculas, ou seja, não há transferência de matéria, apenas de energia.

Ruído é “qualquer sensação sonora indesejável”. Há quem vá mais além e considere o ruído como “um som indesejável que invade o nosso ambiente, ameaçando a nossa saúde, produtividade, conforto e bem-estar”. A unidade de medida comum para o ruído é o decibel (dB). Abaixo de 40 a 50 dB, o som raramente é denominado de ruído. Os sons agudos são geralmente mais irritantes que os sons graves, os sons irregulares ou intermitentes, mais que os sons contínuos. A partir dos 85 dB e de acordo com o tempo de exposição ao ruído, o ouvido começa a estar em perigo. O limiar da dor situa-se por volta dos 120 dB. A escala dos ruídos é uma escala logarítmica, o que quer dizer que 10 dB correspondem a um som 10 vezes mais intenso que 1 dB (que corresponde ao som mais baixo que o ouvido humano consegue escutar), 20 dB corresponde a um som 100 vezes mais intenso e 30 dB 1000 vezes mais intenso, e assim sucessivamente.

Considera-se ruído todo o estímulo sonoro que é incómodo ou traumático para quem o ouve.

Consequências do Ruído30 a 40% da nossa informação é recebida através da audição. Os efeitos nocivos do ruído sobre o ambiente e a saúde humana dependem de vários factores, nomeadamente do tempo de exposição, da sua intensidade, do tipo de ruído (temporário ou permanente), da distância da fonte e da sensibilidade individual. Ao nível da saúde humana podem destacar-se os seguintes efeitos:

• Perda da capacidade auditiva;

• Dificuldades de comunicação;

• Diminuição da capacidade de concentração;

• Perturbações do sono;

• Fadiga;

• Efeitos ao nível cardiovascular e fisiológico;

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• Efeitos na saúde mental (ansiedade, stress emocional, dores de cabeça, entre outros).

Fontes de ruídosO ruído é um dos principais factores que afectam o ambiente urbano, contribuindo decisivamente para a degradação da qualidade de vida dos cidadãos. No nosso país, a poluição sonora constitui a causa da maior parte das reclamações ambientais. Na origem do ruído estão estabelecimentos industriais, de comércio, serviços, tráfego, obras e outras actividades, cujo funcionamento, muitas vezes no período nocturno, afecta o bem-estar das populações residentes nas áreas envolventes.

A proximidade a grandes estruturas de transporte, como vias rápidas e aeroportos, são fontes geradoras de elevados níveis de ruído, pelo que existe legislação própria que obriga à avaliação de impacto ambiental, elaboração de carta de ruído e implementação de medidas que minimizem o ruído, como por exemplo as barreiras sonoras.

• Ruído nas Ruas

O trânsito é o grande causador do ruído na vida das grandes cidades. As características dos veículos barulhentos são a existência de automóveis e motociclos com panelas e tubos de escape furados ou deteriorados, as alterações no motor e os maus hábitos ao dirigir – acelerações e travagens bruscas e o uso excessivo e despropositado da buzina.

Nas principais ruas de uma das maiores cidades do mundo, São Paulo, os níveis de ruído atingem de 88 a 104 decibéis. Isso explica por que os motoristas profissionais são o principal alvo de surdez adquirida. Nas áreas residenciais, os níveis de ruído variam de 60 a 63 decibéis – acima dos 55 decibéis estabelecidos como limite pela Lei Municipal de Silêncio.

Ruído nas HabitaçõesO ruído dentro das nossas casas pode provir de diversas fontes; aparelhos de ar condicionado, batedeiras, enceradeiras, aspiradores, máquinas de lavar, frigoríficos, aparelhagens de som e de massagem, televisores, secadores de cabelo, portas a bater, entre muitos outros.

É o nosso comportamento individual e o respeito pelos outros que pode vir a alterar as condições de ruído no ambiente envolvente. Lembrarmo-nos dos nossos vizinhos e dos seus ouvidos pode levar-nos a evitar a produção excessiva de ruídos, bem como a diminuir a sua intensidade.

• Ruído nas Indústrias

É dos mais importantes o papel da indústria na poluição sonora. O ruído industrial é produzido a partir de várias fontes de ruído, como as ventoinhas, bombas, compressores turbinas, motores, condutas, canalizações e variadas maquinarias.

Algumas medidas podem ser adoptadas no sentido de controlar o ruído na fonte, como o uso de silenciadores ou abafadores de máquinas e condutas, instalação de barreiras sonoras, aumentar a insonorização dos edifícios e sistemas de ventilação.

• Ruído dos Aviões

A partida e a chegada de aviões a jacto são acompanhadas de ruídos de grande intensidade.

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Nos últimos 20 anos, devido a novas tecnologias, o ruído provocado pelos motores dos aviões diminuiu cerca de 10 dB, mas com o aumento do tráfego aéreo, a redução total foi quase nula.

Efeitos na audição do HomemA capacidade auditiva de um indivíduo pode limitar-se a 60%. Todavia, por ser ele ainda capaz de ouvir a própria voz e certos barulhos rotineiros, não se preocupa com a surdez. A perda total de audição pode acontecer se a pessoa fica sujeita diariamente, durante 8 horas seguidas, a sons com intensidade superior a 85 dB, como acontece nas discotecas, em fábricas de armamentos e aeroportos.

O ruído de 140 dB pode destruir totalmente o tímpano, provocando o que se denomina “estouro do tímpano”.

Quando o nível de ruído atinge 100 dB pode causar o “trauma auditivo” e a consequente surdez. Ao nível de 120 dB, além de lesar o nervo auditivo, provocam no mínimo, zumbido constante nos ouvidos, tonturas e aumento dos níveis de stress.

Limites de intensidade • Ruído com intensidade até 55 dB - não causa nenhum problema.

• Ruído de 56 dB a 75 dB - pode incomodar, embora sem causar malefícios à saúde.

• Ruído de 76 dB a 85 dB - pode afectar a saúde.

• Ruído acima dos 85 dB - a saúde será afectada, a depender do tempo da exposição.

Uma pessoa que trabalha 8 horas por dia com ruídos de 85 dB terá, fatalmente, após 2 anos problemas auditivos.

Surdez ProfissionalA surdez profissional depende de características ligadas ao homem, ao meio e ao próprio ruído. Para que ocorram casos de surdez profissional, é necessário que haja uma exposição considerável ao ruído, isto é, a exposição a níveis elevados durante um longo período, sendo dois factores interligados.

As perdas auditivas causadas pelo barulho excessivo podem ser divididas em três tipos:

• Trauma Acústico – Embora esta denominação seja polémica, adopta-se o conceito de trauma acústico como sendo a perda auditiva de instalação repentina, causada pela perfuração do tímpano acompanhada ou não da desarticulação dos ossículos do ouvido médio, ocorrida geralmente após a exposição a barulhos de impacto, de grande intensidade (tiro, explosão, etc.) com grandes deslocamentos de ar.

• Surdez temporária – Também conhecida como mudança temporária do limiar de audição, ocorre após uma exposição a um barulho intenso, por

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um curto período de tempo.

• Surdez permanente – A exposição repetida dia após dia, a um barulho excessivo, pode levar o indivíduo a uma surdez permanente.

Efeitos na Saúde

Reacções generalizadas ao stress

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o início do stress auditivo dá-se sob exposições a 55 dB.

Reacções físicas

O ruído aumenta a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco e as contracções musculares. São capazes de interromper a digestão, as contracções do estômago, o fluxo da saliva e dos sucos gástricos. Provocam maior produção de adrenalina e outras hormonas. No que se refere ao ruído intenso e prolongado ao qual o indivíduo habitualmente se expõe, resultam mudanças fisiológicas mais duradouras até mesmo permanentes, incluindo desordens cardiovasculares, de ouvido-nariz-garganta e, em menor grau, alterações sensíveis na secreção de hormonas, nas funções gástricas, físicas e cerebrais.

Alterações mentais e emocionaisAs reacções na esfera psíquica dependem das características do agente, do meio, e das condições emocionais no momento da exposição. As reacções podem manifestar-se através de irritabilidade, ansiedade, excitabilidade, desconforto, medo, tensão e insónia.

O excesso de ruído deixa marcas para toda a vida. Um dos principais problemas associados ao ruído é o da surdez precoce. Após uma exposição ao ruído, as primeiras alterações morfológicas são detectáveis nas células interiores e exteriores que forram o receptor de audição, sendo as mesmas destruídas após uma longa exposição a sons de alta-frequência. As perturbações mecânicas do ouvido podem ocorrer devido a níveis muito altos e instantâneos de pressões sonoras.

Mas existem outros problemas causados pelo ruído, a saber: falhas e alterações comportamentais, dificuldades de concentração, perda de autoconfiança, sentimento geral de fadiga sem causa aparente, irritabilidade, perda de capacidade de trabalho, stress, dificuldades no relacionamento com os outros, entre outros.

O ruído tem igualmente implicações negativas sobre o sono em muitos indivíduos. Durante a noite, mesmo quando estamos a dormir, o ruído pode provocar o aumento da tensão arterial, aumento do ritmo cardíaco, aceleração do pulso, vasoconstrição e alterações respiratórias.

Num estudo divulgado em 1995, foi estimado que a nível mundial existem cerca de 120 milhões de pessoas com dificuldades auditivas. Quanto aos trabalhadores expostos a níveis altos de ruídos industriais num período entre 5 e 30 anos, apresentam níveis elevados de tensão arterial.

Efeitos sobre o rendimento no trabalhoTem sido observado que em certos tipos de actividades, como as de longa duração e que requerem

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contínua e muita atenção, um nível acima de 90 dB afecta desfavoravelmente a produtividade, bem como a qualidade do produto.

Calcula-se que um indivíduo normal precise gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa, sob efeito de um ruído perturbador intenso.

Efeitos do ruído em plantas e animais

Segundo os zoólogos, as maiores dificuldades de adaptação dos animais ao cativeiro, decorrem principalmente do barulho artificial das grandes cidades.

Por outro lado, comprova-se que nos locais de muito ruído é mais acentuada a presença de ratos e baratas, agentes potenciais de transmissão de doenças.

As vibrações sonoras produzidas por motores de avião provocam a mudança de postura das aves e diminuição de sua produtividade.

Cientistas dos EUA, estudando os efeitos do ruído sobre as plantas, fizeram uma experiência com as do género Coleus, possuidoras de grandes folhas coloridas e flores azuis. Doze dessas plantas, submetidas continuamente ao ruído de 100 dB, após seis dias apresentaram a redução de 47% no seu crescimento por causa, segundo os cientistas, da estridência persistente, que as fez perder grande quantidade de água através das folhas.

Novo Regime Legal sobre a Poluição SonoraO Regime Legal sobre a Poluição Sonora, também designado por Regulamento Geral do Ruído, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 292/2000 de 14 de Novembro encontra-se em vigor desde 15 de Maio de 2001, e tem por objectivo a prevenção do ruído e o controlo da poluição sonora, tendo em vista a salvaguarda da saúde e o bem-estar das populações.

De acordo com este diploma, a análise da incomodidade causada pelo ruído tem por base dois períodos de referência:

• Diurno (7-22h)

• Nocturno (22-7h)

O Regulamento estabelece também a distinção entre zonas sensíveis e zonas mistas, remetendo para as câmaras municipais a sua caracterização nos respectivos planos municipais de ordenamento do território.

Assim, as zonas sensíveis, vocacionadas para usos habitacionais, bem como para escolas, hospitais, espaços de recreio e lazer e locais de recolhimento, não podem ficar expostas a um nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A, LAeq, do ruído ambiente exterior, superior a 55 dB(A) no período diurno e de 45 dB(A) no período nocturno.

As zonas mistas, definidas como áreas cuja ocupação seja afecta a outras utilizações, nomeadamente a comércio e serviços, não podem ficar expostas a níveis sonoros superiores a 65 dB (A) no período diurno e de 55 dB (A) no período nocturno.

A instalação de actividades ruidosas de carácter permanente em zonas mistas, fica também

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condicionada aos seguintes valores:

• Período diurno <ou = 5 dB(A)

• Período nocturno <ou = 3 dB(A)

Este valor é determinado pela diferença entre o valor do ruído ambiente (com uma determinada instalação em funcionamento) e o valor do ruído ambiente excluindo o ruído particular (instalação parada).

Das restantes disposições legais estabelecidas pelo Regulamento Geral, realça-se que:

• Nas zonas sensíveis é proibida a instalação e o exercício de actividades ruidosas de carácter permanente.

• A instalação e o exercício de actividades ruidosas de carácter permanente na proximidade de edifícios de habitação, escolas, hospitais ou similares não podem, em qualquer caso, infringir os limites fixados para as zonas sensíveis e para as zonas mistas bem como a diferença de 5 dB(A) para o período diurno ou de 3 dB(A) no período nocturno.

• É interdito o exercício de actividades ruidosas de carácter temporário nas proximidades de edifícios de habitação, de escolas, de hospitais ou similares entre as 18 e as 7 horas e aos Sábados, Domingos e feriados, excepto mediante licença especial de ruído a conceder pelas autoridades competentes.

• As obras de remodelação realizadas no interior de habitações, escritórios ou estabelecimentos comerciais só podem produzir ruído durante o período diurno dos dias úteis, entre as 8 e as 18 horas, salvo casos especiais.

• Quando uma dada situação provoca ruído de vizinhança as pessoas incomodadas podem apresentar queixa junto das autoridades policiais, que deverão adoptar as medidas necessárias para a paragem ou diminuição dos níveis sonoros.

Controlo do RuídoA qualidade do ambiente e o bem-estar das pessoas são habitualmente afectados pelo intenso trânsito de veículos automóveis, pelas unidades industriais e, muitas vezes, pelo ruído associado às actividades domésticas.

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MÓDULO 6 Educação Cívica e Ambiente

Educação Cívica e AmbienteOs parques, os jardins, as praias e as zonas verdes em geral, tal como as áreas protegidas e reservas naturais, são espaços públicos, cabendo-nos a todos zelar pela sua protecção e conservação. A utilização correcta e adequada destes espaços, visando a sua conservação e manutenção dos equilíbrios ecológicos

obedece a determinadas regras e comportamentos em seguida, descritos, que não são mais do que conselhos e informações úteis que nos possibilitarão também tirar o máximo partido e prazer de um passeio, tornando-o inesquecível.

Eco-regras do contacto com a natureza

A Montanha, a Serra e o CampoUm bom passeio ou caminhada pela natureza melhora o funcionamento dos sistemas cardiovascular, respiratório e muscular. O facto de implicar uma certa dose de aventura e de improviso, contribui para melhorar a capacidade de ultrapassar dificuldades e proporciona o prazer de conquistar algo novo. Ao mesmo tempo, dá-nos a oportunidade de apreciar a calma, a beleza e a magnitude da Natureza e ensina-nos a respeitá-la.

Os espaços de ar livre são cada vez mais visitados por pessoas à procura do contacto com a natureza, nomeadamente através de actividades desportivas e de recreio. São espaços onde se praticam diversas modalidades, em terrenos por vezes instáveis, que podem apresentar fortes declives ou altitude elevada. Os fenómenos meteorológicos podem evoluir rapidamente e, por vezes, com violência. O desconhecimento das possíveis implicações de todos estes factores pode trazer graves consequências para as pessoas desprevenidas.

Da crescente procura dos espaços verdes nasce um sentimento enganador de segurança, mas estes nem sempre são locais de lazer organizado e a sua beleza não deve deixar esquecer os princípios fundamentais de segurança.

Caminhar com segurança – regras básicasA nossa segurança e a segurança dos outros depende de comportamentos baseados, fundamentalmente, na informação, preparação e prudência.

Na maior parte das vezes, os passeios pedestres não exigem grande aprendizagem nem técnicas especiais, podendo ser praticados por pessoas de várias idades. Contudo, alguns percursos requerem maior preparação e experiência.

Algumas regras básicas de segurança para quem faz passeios a pé nas veredas e levadas do interior da floresta, na montanha e na praia ou à beira mar.

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Para onde vamos?

A prevenção de acidentes começa ainda antes de sair de casa. Consulte documentação escrita, nomeadamente guias e cartografia. A preparação prévia pode evitar que se perca ou, ainda, ser-lhe útil em caso de acidente. Peça informações acerca das condições locais junto dos organismos competentes da região a visitar (ex: turismo, centros de interpretação, Direcção Regional de Florestas, Parque Natural da Madeira e Parque Ecológico do Funchal).

Em boas condições físicas

Devemos escolher as modalidades e percursos mais adequados à nossa condição física e saúde. Não sobrevalorizemos as nossas próprias forças. Cada um deverá ter noção das suas capacidades técnicas e preparação física. Nunca nos esqueçamos que “há ir e há voltar”. Antes de alcançar o objectivo pretendido, há que pensar em guardar energias para o regresso. Cansaço e falta de atenção podem dar origem a acidentes. De preferência, devemos ir sempre acompanhados de pessoas com mais experiência e conhecedoras dos percursos.

Devemos evitar realizar os passeios ou caminhadas sozinhos, três elementos são o número mínimo recomendado.

O EquipamentoPara que nada falte e para que nada vá a mais, é sempre bom fazer uma lista dos diversos equipamentos e materiais adequados ao tipo e duração de actividade que vamos praticar, do itinerário e época do ano, pois, desta forma, prevenimos os acidentes. Certifiquemo-nos de que sabemos usar correctamente os equipamentos que vamos levar.

Quanto ao vestuário, devemos estar preparados para possíveis oscilações de temperatura, chuva e, em alguns casos, neve. Evitemos as situações de hipotermia e de insolação. Na montanha, as condições atmosféricas podem mudar bruscamente. O calçado é uma peça de primordial importância.

Nalguns percursos, como os percursos sem sinalização e sobretudo naqueles que não conhecemos ou de difícil orientação é conveniente a utilização de equipamentos básicos de orientação – como bússola, cartas, mapas e GPS. Evitemos aventuras por caminhos perigosos e muito cuidado e atenção com os declives, buracos e precipícios que podem estar encobertos por vegetação ou neve. Se necessário, não hesitemos em recorrer aos serviços de um profissional para nos aconselhar e guiar, principalmente em percursos que comportem maior risco e até para a escolha adequada dos equipamentos a levar.

A MeteorologiaO caminhante prevenido conhece sempre as previsões meteorológicas. Elas ajudam-nos na escolha do trajecto e equipamentos. Todavia, trata-se de previsões e não de certezas, pelo que devemos ir preparados para a possibilidade de mudanças imprevisíveis.

Regresse imediatamente, de preferência por caminhos ou trilhos marcados, se sentir algum tipo de dificuldade.

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Os acidentesNuma situação de acidente, faça por agir de forma racional e tente manter a serenidade. Um acidente não deve provocar outro.

A praia, a beira-mar e o litoralIr à praia é regra geral, sinal de férias, animação, crianças e quase sempre muita diversão. Mas a praia é também local de concentração de pessoas, por vezes muitas pessoas, e isso quer dizer inevitavelmente, produção de lixo e sujidade das areias, fenómeno que se manifesta sobretudo no verão.

A praia também é natureza e tal como uma ida ao campo ou uma caminhada na serra, existem regras e comportamentos a ter, para que possamos desfrutar ao máximo do prazer que ela nos pode proporcionar, contribuindo para a sua conservação e preservação de toda a vida que nela existe.

OS ESPAÇOS POR ONDE NOS MOVIMENTAMOS: COMO MELHORÁ-LOS?

Os parques e os jardins municipais são, a par das ruas, espaços públicos cuja existência se deve às naturais e lícitas aspirações de qualquer cidadão: o direito a uma melhor qualidade de vida, o equilíbrio ecológico das paisagens urbanas e a sã utilização e usufruto de zonas de lazer e recreio. Embora o planeamento e gestão destes espaços não sejam da responsabilidade dos cidadãos, a sua conservação e protecção depende, e muito do seu comportamento. A postura e atitudes a ter na utilização destes espaços podem contribuir para a sua longevidade e manutenção.

O melhoramento destes espaços passa numa primeira abordagem pela adopção de uma série de regras, das quais se destacam as seguintes:

Árvores, arbustos e flores: • Respeitar a natureza, não cortando, colhendo ou danificando as flores e plantas em geral, nem cortando os ramos de árvores e arbustos;

• Manter os canteiros de flores, os relvados, as caldeiras das árvores e arbustos limpos, não deitando lixo ou quaisquer outros produtos que os prejudiquem ou destruam, utilizando sempre os contentores e papeleiras existentes para colocar o lixo;

• Preservar as árvores, não colhendo frutos ou flores, abater ou podar, destruir, danificar, cortar ou golpear os seus troncos ou raízes, nem riscar ou inscrever neles gravações;

• Manter e respeitar as protecções e tutores das árvores, bem como evitar agrafar, pregar ou atar nos seus ramos, troncos ou folhas, quaisquer objectos ou dísticos. Proteger os ninhos.

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Animais domésticos: • Nos parques, jardins públicos e arruamentos em geral, devemos levar sempre os nossos animais devidamente açaimados e presos por corrente ou trela, evitando levá-los a parques infantis e desportivos, respeitando os outros cidadãos;

• Nalguns jardins e parques existem animais, como pavões, esquilos, cisnes e patos, entre outros, que devem ser preservados, não perturbados nem molestados;

• Recolher os dejectos dos animais domésticos, colocá-los num saco e depositá-los de forma salubre no contentor.

O melhoramento dos espaços públicos como as ruas, praias, jardins e zonas verdes, escolas, entre outros, depende em grande parte da entidade que o gere, mas também da atitude de quem o utiliza. Com o cumprimento das regras acima descritas e outras, surge também e de uma forma natural, uma consciência e atitudes criticas sãs e construtivas que em muito podem contribuir para o melhoramento desses espaços.

Bibliografia

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A Ecologia Industrial e o Automóvel em Portugal. Paulo Cadete Ferrão. Ed. Celta.

Dicionário de Ecologia. Alan Gilpin. Ed. Dom Quixote.

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