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GUILHERME HENRIQUE ROSA MARTINS AVALIAÇÃO ANTIBACTERIANA A LUZ DA MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO DA AÇÃO DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E IODOFÓRMIO SOBRE O ENTEROCCOCUS FAECALIS CAMPINAS 2008

AVALIAÇÃO ANTIBACTERIANA A LUZ DA MICROSCOPIA …livros01.livrosgratis.com.br/cp134712.pdf · trabalho foi de investigar a ação do Hidróxido de Cálcio e do Iodofórmio sobre

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GUILHERME HENRIQUE ROSA MARTINS

AVALIAÇÃO ANTIBACTERIANA A LUZ DA MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO DA AÇÃO DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E IODOFÓRMIO SOBRE

O ENTEROCCOCUS FAECALIS

CAMPINAS 2008

GUILHERME HENRIQUE ROSA MARTINS

AVALIAÇÃO ANTIBACTERIANA A LUZ DA MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO DA AÇÃO DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E IODOFÓRMIO SOBRE

O ENTEROCCOCUS FAECALIS

Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação / CPO São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia. Área de Concentração: Endodontia. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo da Silveira Bueno. Co-Orientador: Prof. Dr. Manoel E. de Lima Machado

CAMPINAS 2008

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca "São Leopoldo Mandic"

M386a

Martins, Guilherme Henrique Rosa. Avaliação antibacteriana a luz da microscopia eletrônica de transmissão da ação do hidróxido de cálcio e iodofórmio sobre o Enteroccocus faecalis / Guilherme Henrique Rosa Martins. – Campinas: [s.n.], 2008. 84f.: il.

Orientador: Carlos Eduardo da Silveira Bueno. Dissertação (Mestrado em Endodontia) – C.P.O. São Leopoldo

Mandic – Centro de Pós-Graduação. 1. Enteroccocus faecalis. 2. Hidróxido de cálcio. 3. Endodontia. I. Bueno, Carlos Eduardo da Silveira. II. C.P.O. São Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. III. Título.

C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS

SÃO LEOPOLDO MANDIC

Folha de Aprovação

A dissertação intitulada: “Avaliação antibacteriana a luz da microscopia eletrônica de transmissão da ação do hidróxido de cálcio e iodofórmio sobre o Enteroccocus faecalis” apresentada ao Centro de Pós-Graduação, para obtenção

do grau de Mestre em Odontologia, área de concentração: Endodontia em

__/__/____, à comissão examinadora abaixo denominada, foi aprovada após

liberação pelo orientador.

___________________________________________________________________

Prof. (a) Dr (a) Orientador

___________________________________________________________________ Prof. (a) Dr (a)

1º Membro

___________________________________________________________________ Prof. (a) Dr (a)

2º Membro

DEDICATÓRIA A Deus, a força maior deste Universo e criador de todas as coisas, porque nós

pobres imortais sempre estaremos à busca das explicações sobre este mistério que

é a vida.

Aos meus pais, Paulo e Rosineli, e ao meu irmão Ricardo pelo constante apoio e

incentivo aos meus estudos, pois este trabalho foi mais um resultado de minha

ausência na vida de vocês como nas dos demais familiares.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao Prof. Dr. e Orientador Manoel Eduardo de Lima Machado,

Neste momento, palavras são poucas para agradecer seus ensinamentos durante

esta fase de construção de minha vida, pois o nosso “Mestre” não somente criou

mais professores e sim ajudou no processo de desenvolvimento de seres humanos.

Com maestria, soube conduzir com exatidão os compassos e andamentos desta

sinfonia terminando num soberbo presto. Seu exemplo ficará marcado em nossas

vidas.

Agradeço pela amizade, atenção, consideração e dedicação durante este tempo. Muito

obrigado por tudo, Professor!

Ao Laboratório Alerta / Lemc - UNIFESP, em nome da Profª. Dra. Ana Cristina

Gales, por ter me recebido com confiança, pelos ensinamentos e permissão da

realização deste experimento, pois com seu nobre apoio pude realizar este

experimento.

A estagiária do Laboratório - Alerta / Lemc, Adriana Giannini Nicoletti pela amizade e

ajuda nos momentos mais críticos da realização deste trabalho, assim como de toda a

equipe do Alerta / Lemc.

A Profª. Dra. Edna Freymüller Haapalainen, Diretora do Centro de Microscopia

Eletrônica (CEME) da UNIFESP, pelo apoio e orientação na realização de uma

etapa deste trabalho, pois seu grande conhecimento me guiou bastante.

Aos técnicos do laboratório CEME - UNIFESP, André Haraguti Aguillera e Márcia

Fujie Araguth Tanakai, pelas explicações e execuções do material examinado.

As amigas Karina Tramontina e Karine Carreira, pela colaboração e apoio na

execução deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Aos Professores Doutores do curso: Arlindo di Spagna Souza, pela amizade e

conhecimento transmitidos durante este tempo percorrido e pelos conselhos que me

ajudaram a crescer como pessoa e profissional.

Maria Letícia Borges Britto, pelos seus conhecimentos e atitudes durante o

convívio e ensinamento.

Raul Capp Pallotta, um professor e uma amizade que se firmaram neste período

acadêmico, seu exemplo sempre ficará marcado na minha vida.

Ao Professor Doutor Carlos Eduardo da Silveira Bueno, pela confiança em mim

depositada permitindo a defesa deste trabalho.

Aos colegas e amigos de turma: Andriw (R.O.), Guilherme Soares, Gustavo Povoleri, Kellen Ferreira, Liliane Costa, Miguel Vigatti, Patrícia Blomm e Regina Valadares - o exemplo de cada um de vocês ficará para sempre... Valeu por tudo...

Muito obrigado!

Aos amigos de equipe de Endodontia - ACDbs - Luciana Cabral, Luciana Magrin, Maria Amélia, Luiz Sapia e respectivos familiares - muito obrigado pelo apoio,

incentivo e companheirismo em todos os momentos, pois amizade de vocês tornou

importante a mim!

Ao amigo Professor Miguel Simão Haddad Filho e família, seu incentivo e apoio

quando da decisão de seguir carreira acadêmica foi primordial, eis aqui o resultado

das nossas conversas às segundas-feiras em Santos.Obrigado pela amizade e por

tudo!

Ao pessoal do Consultório: Cassius, Tatiana e Cristine, pelo apoio em todos os

momentos deste curso de Pós-Graduação. Valeu!

A todos os meus amigos, por compreenderem a minha ausência neste período e

apoiarem neste momento.

“Nunca conseguimos fazer nada direito

enquanto não paramos de pensar em

como fazê-lo”.

William Hazlitt (1778-1830)

RESUMO

Na Endodontia, as lesões periapicais persistentes vêm sendo eliminadas através do preparo químico-cirúrgico dos canais radiculares e do uso de medicações intra e extracanal. A proposta terapêutica está vinculada à busca de uma ação local e a distância com vistas à variação observada na estrutura anatômica do sistema de canais radiculares, na intimidade da dentina e na região periapical. O objetivo deste trabalho foi de investigar a ação do Hidróxido de Cálcio e do Iodofórmio sobre o Enterococcus faecalis, visto que esta bactéria se tornou referência na avaliação de métodos de limpeza graças a sua alta resistência. Para tanto, foi realizado um teste antimicrobiano com cepas de E.faecalis (ATCC 29212) inoculadas em caldo de cultura BHI com as medicações de Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio numa concentração de 64mg mL-1. Amostras foram retiradas nos seguintes tempos experimentais : inicial, sete, quatorze e vinte e um dias, em que foi realizada a contagem de colônias formadas. No tempo experimental de sete dias, 5mL das amostras foram retiradas para análise morfológica através da Microscopia Eletrônica de Transmissão. Os resultados do teste antimicrobiano foram analisados através do Teste Exato de Fisher, e revelaram que entre o sétimo e o décimo quarto dia, houve um decréscimo na quantidade de bactéria para ambas as medicações (p=0,0976; α=0,05), eliminando as bactérias entre o décimo quarto e vigésimo primeiro dia, comparando-se com o grupo controle positivo. Quanto à análise pela MET, foram observadas alterações nas estruturas morfológicas do E.faecalis ocorrendo até o processo de lise bacteriana. Conclui-se através da metodologia aplicada que as medicações de Hidróxido de Cálcio e de Iodofórmio agem sobre o E.faecalis quando em contato entre o sétimo e décimo quarto dia, não tendo viabilidade celular após este período e causando alterações irreversíveis na sua morfologia. Palavras-chave: Enterococcus faecalis. Hidróxido de Cálcio. Iodofórmio.

ABSTRACT

In Endodontics, the persistent periapical lesions have been eradicated by root canal preparation and the use of an intra and extra canal medicament. The therapeutic proposal is linked to seek of a local action and aside with intention to the observed alteration in the anatomical structure of the root canal system, throughout the dentin and in the periapical region. The aim of this study was to investigate the action of the Calcium hydroxide and the Iodoformium on the Enterococcus faecalis, since this bacterium became reference in the cleaning methods evaluation because of its resistance. An antimicrobial test was carried out with E.faecalis (ATCC 29212) inoculated in BHI media culture where Calcium hydroxide and Iodoformium medication were diluted to reach the concentration of 64mg mL-1. Samples were obtained in the following experimental times: beginning, seven, fourteen and twenty one days which were determined the colony forming units (CFU). On the experimental time of the seventh day, 5mL of the samples were obtained to morphological analysis by Transmission Electronic Microscopy. The antimicrobial test results were analyzed by Fisher Exact Test which revealed that between the seventh and the fourteenth day, there was a decrease of the bacterial quantity to both medicaments (p=0,0976; α=0,05), which eradicated all bacteria between the fourteenth and twenty-first day, confronting with the positive control group. By TEM analysis, it was observed alterations on the E.faecalis morphological structures which showed the bacterial lyses process. By methodology applied, it was concluded that both medicaments - calcium hydroxide and iodoformium - act on the E.faecalis when in contact within seventh and fourteenth day, not occurring viability of the cells after this period, and caused irreversible alteration in their morphology. Keywords: Enterococcus faecalis. Calcium hydroxide. Iodoformium.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Cepas de E. faecalis (ATCC 29212).........................................................54

FIGURA 2 - Frascos das medicações utilizadas neste trabalho...................................54

FIGURA 3 - Suporte contendo Tubos com amostras do trabalho ................................55

FIGURA 4 - Verificação no Turbidímetro de uma amostra...........................................55

FIGURA 5 - Demonstração de uma Micropipeta e suporte com frascos

Eppendorf .................................................................................................56

FIGURA 6 - Gotejamento de 20µl da amostra na placa de Petri..................................57

FIGURA 7 - Equipamento de Fluxo laminar .................................................................58

FIGURA 8 - Estufa Microbiológica............................................................................. ..58

FIGURA 9 - Colônias de E.faecalis para contagem .................................................. ..59

FIGURA 10 - Microscópio Eletrônico de Transmissão .................................................61

TABELA 1 - Valores médios em número logaritmo dos grupos ...................................62

GRAFICO 1 - Demonstração gráfica da ação das medicações sobre o

E.faecalis ..............................................................................................63

TABELA 2 - Resultado do Teste Exato de Fisher ........................................................64

FIGURA 11 - E.faecalis após 7 dias de Incubação (Grupo Controle)...........................65

FIGURA 12 - Formações vesiculares no E.faecalis .....................................................66

FIGURA 13 - Exteriorização do material citoplasmático do E.faecalis .........................67

FIGURA 14 - E.faecalis após 7 dias de contato com Ca(OH)2.....................................68

FIGURA 15 - Exteriorização de material citoplasmático da bactéria ............................69

FIGURA 16 - E.faecalis em processo de bacteriólise...................................................70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLA

% - porcentagem

µl - micro litro

µm - micrometro

ATCC - American Type Culture Collection

BHI - Brain Heart Infusion

Ca (OH)2 - Hidróxido de Cálcio

CFC - 25% de Ciprofloxacin, 25% Metronidazol e 50% de Ca (OH)2

CHI3 - Iodofórmio

g - gramas

IKI - 2% Iodo, 4% Iodeto de potássio veiculados em glicerina

kV - quilovolt

L - Litros

Log - Logaritmo

mg - miligrama

MIC - Concentração Mínima Inibitória

mL - Mililitro

mol - molécula grama

NIH - National Intitute of Health

nm - nanômetro

№ - número

p - probabilidade de valores (0 a 1)

P.A. - Pró - Análise

PEG - Polietilenoglicol

pH - potencial hidrogeniônico

PRP - Paramonoclorofenol + Rinosoro + Polietilenoglicol

TSB - Tryptic Soy Broth

UFC - Unidade Formadora de Colônia

α - nível de significância

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................14

2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................17

2.1 O Enterococcus faecalis......................................................................................17

2.2 Medicação Intra Canal.........................................................................................25

2.2.1 O Hidróxido de Cálcio.......................................................................................25

2.2.2 O Iodofórmio.....................................................................................................37

2.3 Metodologia.........................................................................................................43

3 PROPOSIÇÃO .......................................................................................................49

4 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................50

4.1 Materiais..............................................................................................................50

4.2 Equipamentos .....................................................................................................52

4.3 Métodos...............................................................................................................53

4.3.1 Teste Antibacteriano ........................................................................................53

4.3.2 Microscopia Eletrônica de Transmissão..........................................................60

5 RESULTADOS.......................................................................................................62

5.2 Análise pela Microscopia Eletrônica de Transmissão .........................................62

5.1 Teste Antibacteriano ...........................................................................................64

6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................71

7 CONCLUSÃO.........................................................................................................79

REFERÊNCIAS.........................................................................................................80

ANEXO A - Resultados do Teste Antimicrobiano......................................................85

ANEXO B - Valores em Log do Teste Antimicrobiano...............................................87

ANEXO C - Resultado do Teste Estatístico para o Grupo Controle Positivo ............89

ANEXO D - Resultado do Teste estatístico para o Grupo do Iodofórmio ..................92

ANEXO E - Resultado do Teste Estatístico para o Grupo do Hidróxido de Cálcio....96

ANEXO F - Resultado do Teste Estatístico entre os Grupos investigados .............100

14

1 INTRODUÇÃO

A Endodontia é a especialidade da Odontologia que trata das alterações

patológicas do tecido pulpar e periapical, devolvendo ao órgão dental seu

restabelecimento ao sistema estomatognático. Quando não se consegue um

processo de reparação tecidual na região periapical e devolver as funções

fisiológicas do dente de maneira satisfatória, certamente há um fator etiológico, que

sendo de ordem microbiana, impede o processo de reparo pela liberação de

subprodutos bacterianos. Fator este que não foi eliminado por razões diversas

durante o tratamento do canal radicular.

Quando não ocorre este objetivo almejado, realiza-se o retratamento do

canal radicular, visando à desinfecção do sistema de canais radiculares. Pois a

porção dentinária da raiz dentária, por apresentar uma anatomia peculiar contendo

canalículos dentinários, canais secundários e até de uma terminação do canal em

delta-apical, pode promover uma condição favorável de sobrevivência de

microorganismos de diversas espécies, onde se podem encontrar bactérias

facultativas, anaeróbias, aeróbias e até mesmo de fungos.

Dentre os microorganismos existentes, o Enteroccocus faecalis - coco

Grãm positivo e anaeróbio facultativo - assume um papel predominante nas lesões

periapicais persistentes podendo sobreviver sobre quaisquer circunstâncias como:

em pH elevado, regiões escassas de nutrientes e sua afinidade ao tecido colágeno.

Desta maneira, esta bactéria tornou-se uma das mais estudadas,

principalmente quanto à ação de medicações intracanais sobre ela.

15

A medicação intracanal, utilizada como curativo de demora tem o objetivo

de complementar a sanificação obtida com o preparo químico-cirúrgico do canal

radicular, de destruir bactérias e inativar suas endotoxinas presentes nos túbulos

dentinários e em áreas inacessíveis pelos instrumentos endodônticos e substâncias

químicas.

No tratamento endodôntico, utiliza-se duas medicações a base de

Hidróxido de Cálcio e de Iodofórmio com finalidades anti-sépticas importantes no

combate a microorganismos presentes no sistema de canais radiculares.

O Hidróxido de Cálcio é uma medicação intracanal que foi introduzida na

Endodontia na década de vinte do século passado e que vem sendo utilizada

mundialmente em diversas situações: como curativo entre sessões, no tratamento

de dentes com polpa mortificada, nos casos de infecções refratárias, nos casos de

reabsorção externa, dentes com rizogênese incompleta, dentes traumatizados, com

perfurações e lesões extensas. Seu mecanismo de ação está relacionado à

dissociação da medicação havendo liberação de hidroxila e de íons cálcio, tornando

o meio com um pH alcalino. Esta alcalinidade confere o seu papel antimicrobiano.

O Iodofórmio por sua vez, é um medicamento utilizado há mais de 150

anos, entretanto, o seu mecanismo de ação como medicação intracanal nunca foi

bem pesquisado. Tem sido empregado, endodônticamente, nos casos de lesões

refratárias, perfurações, dentes com lesões periapicais extensas, apicificações e

como possue uma excelente radiopacidade, é empregado como material

contrastante em algumas medicações para exames e controles radiográficos. Seu

mecanismo de ação está relacionado à liberação de Iodo apresentando suas

propriedades detergentes, desinfetantes, desodorizantes, de ação anestésica e de

atividade tixotrópica.

16

Na literatura, ambas as medicações possuem propriedades que eliminam

o E.faecalis, apesar de existir controvérsias quanto a determinadas propriedades e

trabalhos comprovando a inativação das mesmas quando em contato com a dentina.

Em certos trabalhos clínicos, estas medicações mostraram resultados animadores

contra este microorganismo e assim como em outros microorganismos

predominantes nas lesões periapicais.

A ação da medicação intracanal sempre é estudada através de testes

microbiológicos, pois são protocolos desenvolvidos para este fim sem que se

observe a ação dos mesmos sobre as estruturas morfológicas dos microorganismos.

A Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) vem sendo empregada nas ciências

biológicas desde seu advento para o estudo morfológico de células,

microorganismos, órgãos, tecidos e até para finalidade de diagnóstico. Esta

investigação é realizada através de um feixe de elétrons que passa pela amostra

resultando em imagens de alta precisão em que se podem compreender certos

fenômenos, e com as associações de metodologias diferenciadas, pode-se entender

e comprovar os objetivos propostos de um estudo.

Deste modo, verifica-se a necessidade de realizar novos trabalhos com

métodos diferenciados a fim de se averiguar a ação destas medicações sobre o

E.faecalis.

17

2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste trabalho, a revisão da literatura foi dividida de acordo com os temas

envolvidos na investigação. Na primeira parte, foi abordada a questão microbiológica

incidente no processo infeccioso do sistema de canais radiculares com ênfase

especial ao papel do Enteroccocus faecalis. Isto posto, foi apresentado o tema

referente ao papel dos dois fármacos de grande uso em Endodontia realçando sua

ação sobre o agente microbiano já relacionado. Finalizando o capítulo, foi

selecionada através da análise bibliográfica, uma metodologia apropriada a ser

aplicada na elaboração do presente estudo.

2.1 O Enterococcus faecalis

É uma bactéria Grãm-positiva, anaeróbia facultativa e a espécie mais

freqüente do gênero Enterococcus, compreendendo cerca de 80 a 85% das

amostras de enterococos isoladas de material clínico. E membro da microflora

normal do trato intestinal, podendo ser encontrado na mucosa oral, vaginal e na

pele. Sua freqüência, relativamente, está nos alimentos, na água, no solo e no meio

ambiente em geral, destacando-se como um dos agentes mais importantes das

infecções hospitalares, como citado por Trabulsi & Althertum (2005).

Na Endodontia, o E.faecalis passou a ser um microorganismo mais

estudado e nos casos de insucessos endodônticos, como descrito pela literatura a

seguir:

18

Fukushima et al. (1990) realizaram um estudo através da localização e

identificação de bactérias por culturas bacterianas e microscopia eletrônica de

varredura em 21 dentes portadores de patologia periapical assintomática. Os

resultados revelaram que 60% dos ápices continham infecções bacterianas mistas

entre o material obturador e a parte superior do forâmen apical. Esses

microorganismos consistiram predominantemente de espécies Bacterioides,

Peptococcus, Peptostreptococcus, Eubacterrium e Enterococcus, todos tendo

potencial para o desenvolvimento de lesões periapicais.

Um estudo clássico realizado por Sundqvist (1992) sobre a flora ecológica

do canal radicular baseado na literatura, nos revela que o canal radicular representa

um meio especial nas quais as pressões seletivas resultam num estabelecimento de

um grupo restrito da flora oral, como o caso das anaeróbias sobre as colônias

mistas. As inter-relações bacterianas e os suplementos nutricionais são fatores

chaves na determinação da infecção. O tratamento endodôntico, além da eliminação

bacteriana, pode quebrar completamente a cadeia ecológica e desprevenir bactérias

persistentes da sua fonte nutricional. O autor ressaltou que o E.faecalis são mais

resistentes aos tratamentos endodônticos podendo ser favorecido pela mudança

ecológica no canal radicular, estabelecendo infecções de difíceis tratamentos.

Para averiguar a associação de bactérias específicas com alguns sinais e

sintomas endodônticos, Gomes et al. (1994), estudaram 30 canais radiculares

microbiologicamente; desses, 14 apresentavam dor, 20 sensibilidade à percussão,

23 com canais úmidos, sete com edema, cinco com exsudato purulento e quatro

com fístulas. Correlação clinica e microbiológica foi observada, particularmente em

relação à dor onde 93% dos canais com dor foram de anaeróbios isolados e apenas

53% livre de sintomatologia. Prevotella spp. foram isoladas de 64,2% dos canais

19

sintomáticos e 12,5% dos canais assintomáticos (p<0,01) semelhantemente,

peptostreptococci foram isolados de 71,4% sintomáticos e 31,3% de assintomáticos

(p<0,05). Quanto ao E.faecalis não houve presença significante em dentes que

apresentaram sintomas, inchaço, dor, sensibilidade e canais úmidos, estando

presente em dentes assintomáticos. Os autores concluíram que a dor esta presente

quando há a presença de Prevotella e Peptostreptococcus spp. nas infecções de

canais radiculares.

Jett et al. (1994) realizaram um estudo baseado na literatura relatando a

virulência dos Enterococci. Os autores relataram que para os Enteroccoci tornarem

virulentos, estes devem aderir primeiramente ao tecido hospedeiro, onde procuram

um meio diferenciado para sobrevivência, com alto potencial redutor de oxigênio,

nutrientes limitados essenciais, assim como leucócitos fagocíticos e outras defesas

do hospedeiro. Neste meio, seus genes favorecem seu crescimento e seus fatores

expressos de virulência permitem a aderência a células hospedeiras e matrix

extracelular, facilitando a invasão tecidual, efeito de imuno modulação e danos a

toxinas mediadas. Os fatores expressos de virulência para o E.faecalis são a

citolisina (que ultrapassam a parede agindo no citoplasma modificando os genes

intracelularmente), substância de agregação, feromones (componentes de sua

parede bacteriana que podem ser antagônicos a migração leucocitária, induzindo a

inflamação levando a provável ativação do sistema complemento - C5a), ácido

lipoteitóico (liberado por este microorganismo torna-se um potente indutor de fator

tumor necrótico - FTN e interferon, podendo facilitar a transferência plasmídica),

protease, hialuronidase e AS-48 (bacteriocina - que inibem e causam lise a Gram-

negativos e positivos). Desta maneira, o E.faecalis junto a outros microorganismos

podem causar infecções em tecidos moles e abscessos. Os autores concluem

20

explicando que a virulência dos Enteroccoci é importante para entender o

mecanismo de resistência frente aos antibióticos.

Quanto à questão de dentes obturados portadores de lesão periapical,

Molander et al. (1998), examinaram o estado microbiológico de 100 dentes

portadores de lesões periapicais verificados por exames radiográficos, onde foram

encontradas 69% de espécies anaeróbias facultativas, em que os Enterococci foram

os mais freqüentes em 25 dos 32 casos (78%). Os autores concluíram que a

microflora dos canais obturados diferencia daquela encontrada em dentes com polpa

necrótica, quantitativamente assim como qualitativamente e que estratégias ao

retratamento não cirúrgico deveriam ser reconsideradas.

Peciuliene et al. (2001) determinaram a ocorrência e o papel de fungos,

rods entéricos Gram negativos e espécies de Enteroccocus em dentes com canais

obturados com periodontite apical crônica, e o efeito antimicrobiano da irrigação com

Iodo Iodeto de Potássio (IKI). Foram utilizados quarenta dentes assintomáticos com

periodontite apical crônica sendo divididos em dois grupos: grupo A, que foram

desobturados, instrumentados e preenchidos com Hidróxido de Cálcio por um

período de 10 a 14 dias e grupo B, que após a desinfecção, foram irrigados com IKI

por 5 minutos e obturados definitivamente. Amostras microbiológicas foram retiradas

para o processo de identificação através dos testes de motilidade e padrões de

fermentação de carboidratos. Dos 40 dentes da amostra inicial, micróbios foram

isolados em 33 dentes. Fungos isolados de 6 dentes, tendo 3 juntamente com

E.faecalis. Rods entéricos (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e proteus

mirabilis) presentes em três amostras e E.faecalis isolados em 21 das 33 culturas

positivas dos dentes, onde 11 eram de cultura pura. Nas amostras secundárias

(após a instrumentação), o crescimento bacteriano foi detectado em dez amostras,

21

sendo 6 casos de E.faecalis, com 5 de cultura pura. Na terceira amostra do grupo B

(após a irrigação com IKI), apenas uma amostra com cultura pura. Os autores

concluíram que a alta prevalência de bactéria entérica e fungos em dentes com

canais tratados e periodontite apical crônica foi estabelecida e que a irrigação com

IKI melhorou o efeito antimicrobiano do tratamento.

De acordo com Sunde et al. (2002) após tratarem 36 dentes com lesões

periapicais refratárias usando Hidróxido de Cálcio como medicação intracanal por

seis meses, obturados e depois de realizada a apicectomia, tiveram seus ápices

estudados por cultura microbiológica, microscopia eletrônica de varredura e

transmissão. Os autores observaram uma grande variedade de microorganismos

contendo bactérias anaeróbias e facultativas assim como fungos que permaneceram

em lesões refratárias após longo período medicado com Hidróxido de Cálcio. Nesta

microflora, 79,5% das cepas eram Grãm positivas e Staphylococcus, Enterococcus,

Enterobacter, Bacillus, Pseudomonas, Stenotrophomonas, Sphingomonas, e

Cândida species foram detectadas em 27 (75%) das 36 lesões.

Pinheiro et al. (2003) identificaram a microflora de canais radiculares de

dentes tratados endodonticamente com insucesso, associando várias espécies com

dados clínicos. Foram utilizados 60 dentes com tratamento endodôntico portadores

de lesões periapicais persistentes que quando realizado o retratamento, tiveram

suas amostras retiradas e cultivadas de acordo com técnicas para espécies

anaeróbias. As identificações das culturas foram através da coloração e morfologia

de Grãm e a determinação das espécies, através de testes bioquímicos (reações

enzimáticas). Os autores encontraram um número predominantemente de espécies

Gram-positiva. Das facultativas anaeróbias, o Enteroccocus faecalis foi o mais

comumente isolado, apesar de infecções poli microbianas, os anaeróbios são os

22

mais encontrados em dentes com os canais radiculares tratados e que apresentem

sintomatologia. Desta maneira, observa-se a resistência e a capacidade de

sobrevivência deste agente microbiano a várias situações.

Rôças et al. (2004) com o propósito de associar o E.faecalis com

diferentes formas de lesões periapicais, investigaram através da Reação em cadeia

de polimerase (PCR) 80 amostras de pacientes e concluíram que o E.faecalis está

mais associado com os casos assintomáticos (33%) e insucessos de terapia

endodôntica (67%).

Pinheiro et al. (2004) testaram, in vitro, a susceptibilidade a diferentes

antibióticos de E.faecalis isolados de dentes com canais obturados e com lesões

periapicais. Para tanto, utilizaram 21 cepas de E.faecalis que foram testadas suas

susceptibilidade a antibióticos através do método de E-Test System e produção de

β-lactamase por nitrocefin. Todas as amostras foram susceptíveis a penicilina,

vancomicina, moxifloxacin, 95.2% a cloranfenicol, 85.7% a tetraciclina e doxiciclina e

80.9% a ciprofloxacin. Entretanto a MIC de amoxicilina e amoxicilina mais ácido

clavulânico (0.75 µg mL -1) foram mais baixas que a benzilpenicilina (3.0 µg mL -1). A

MIC da eritromicina variou de 0.38 a > 256 µg mL -1 , apenas 28.5% das cepas foram

susceptíveis (MIC < 0.5 µg mL -1). A azitromicina apresentou uma limitada

susceptibilidade que foi ativa apenas em 14.2% das cepas e nenhuma cepa

produziu β-lactamase. Concluíram que cepas isoladas de E.faecalis foram

completamente susceptíveis, in vitro, à amoxicilina, ácido clavulânico mais

amoxicilina, vancomicina e moxifloxacin. A maior parte dos isolados foi susceptível a

cloranfenicol, tetraciclina, doxyciclina e ciprofloxacin. A eritromicina e a azitromicina

foram os menos efetivos.

23

O E.faecalis tolera meios altamente alcalino, já que não se sabe qual o pH

exato para matar este microorganismo. Assim sendo, McHugh et al. (2004) testaram

o crescimento desta bactéria acrescentando 0.5 pH de 9.5 a 12 pH, realizando

medições em turbidímetros e espectrofotômetros. Os autores concluíram que o pH

entre 10.5 a 11 retarda o crescimento bacteriano, e que acima de 11.5 não mostrou

crescimento.

Verificando o crescimento em alto pH para aumentar a adesividade do

E.faecalis ao colágeno, Kayaoglu et al. (2005) variaram o pH entre 7.5 a 9.5,

adicionando suspensões bacterianas à albumina de soro bovino e ao colágeno tipo I,

e corados com violeta cristal, sendo analisados pela espectrofotometria, no que

resultou numa união maior ao colágeno num pH de 8.5. Desta maneira, os autores

concluíram que um menor aumento no pH até 8.5, pode ser uma conseqüência de

tratamento insuficiente com medicamentos alcalinos como o Hidróxido de Cálcio,

aumentando a união do colágeno ao E.faecalis, in vitro. Este pode ser um

mecanismo crítico pelo qual o E.faecalis predomina as infecções endodônticas

persistentes.

Vivacqua-Gomes et al. (2005) determinaram à presença de E.faecalis

após o tratamento do canal radicular realizado em única sessão e em múltiplas

sessões. Foram utilizados 45 dentes pré-molares infectados com E.faecalis por 60

dias, sendo divididos em cinco grupos: Grupo 1 (irrigação com Clorexidina e

obturação numa única sessão), Grupo 2 (irrigação com Clorexidina, medicação

intracanal de Hidróxido de Cálcio por 14 dias e obturação), Grupo 3 (irrigação com

Clorexidina e obturação após sete dias), Grupo 4 (irrigação com soro fisiológico e

obturação após sete dias) e Grupo 5 (irrigação com soro fisiológico e obturação

imediata sem cimento). Os dentes foram incubados por 60 dias a 37ºC, tendo 5 mm

24

da sua porção radicular (entre o terço médio e apical) seccionados para a remoção

das amostras de dentina através de brocas, para análise microbiológica e contagem

de colônias formadas. E.faecalis sobreviveu em 20% no Grupo 1, 25% no Grupo 2,

40% no Grupo 3, 60% no Grupo 4 e 100% no Grupo 5. Os autores concluíram que o

E.faecalis não foi eliminado nos tratamentos de sessão única e nem em múltiplas

sessões.

Sedgley et al. (2005), verificaram a capacidade de sobrevivência do

E.faecalis sepultados em dentes unirradiculares obturados e sem nutrientes

adicionados, onde utilizaram cepas isogênicas desta bactéria (OG1-S e OG1-X) nas

quais foram inoculadas antes e após a obturação do canal radicular sendo

incubadas a 37˚C em 100% de umidade por até 12 meses. Para detectar a

viabilidade celular, utilizaram os métodos de cultura, de reação em cadeia da

polimerase (PCR) e histológicos. Os resultados ao teste histológico demonstraram a

presença de bactérias nos túbulos dentinários sob a luz de microscopia após 48 h, 6

e 12 meses. Quanto ao teste de PCR, ambos os tipos de genes bacterianos

diferentes estiveram presentes quando inoculados antes e após a obturação do

canal radicular e ao teste microbiológico, a viabilidade do E.faecalis foi confirmada

em todos os grupos. Os autores concluíram que o E.faecalis inoculado em dentes

obturados mantém a viabilidade por até 12 meses in vitro.

Williams et al. (2006) realizaram um estudo comparando os métodos

quantitativos de PCR (qPCR), PCR de transcrição reversa (RT-PCR) e

microbiológico na detecção de E.faecalis durante o tratamento endodôntico.

Amostras foram coletadas antes e após a instrumentação, como após a colocação

de Hidróxido de Cálcio de 15 dentes com infecções primárias e 14 com infecções

refratárias para ser analisadas pelos três métodos. Como conclusão, os autores

25

verificaram que os testes de qPCR e RT-PCR foram métodos mais precisos na

detecção do E.faecalis em infecções endodônticas.

Conforme a literatura verifica-se que o E.faecalis é um microorganismo

presente nos casos de infecções mais persistentes e que sua resistência é devida a

sua capacidade de sobrevivência por longo período, em áreas na dentina radicular

onde a nutrição é escassa e que a ação dos fármacos não atinge o seu potencial de

ação. Por este motivo, observa-se à necessidade de mais estudos com este

microorganismo para entendê-lo tanto do ponto de vista morfológico como de sua

reação com os medicamentos utilizados na terapia endodôntica.

2.2 Medicação Intra Canal

2.2.1 O Hidróxido de Cálcio

O Hidróxido de Cálcio é o medicamento de grande uso na Endodontia,

dentre as inúmeras investigações realçamos os ensaios de:

Stuart et al. (1991) compararam a efetividade antimicrobiana do Hidróxido

de Cálcio, Paramonoclorofenol Canforado e Formocresol em noventa canais

unirradiculares de dentes humanos extraídos, que foram instrumentados e

inoculados com Streptococcus mutans, Actinomyces viscosus, e Bacteroides

gingivalis ou fragilis. Após o emprego das medicações testadas, selamento e

incubação por uma hora, amostras foram retiradas de cada dente para analisar o

número de bactérias viáveis em relação aos dentes do grupo controle. Todas as

medicações apresentaram atividade antibacteriana com redução de porcentagem de

bactérias viáveis variando de 64.3% a 100%.Concluíram que o Hidróxido de Cálcio

mostrou uma alta atividade antibacteriana que o Paramonoclorofenol Canforado e

26

Formocresol para S.mutans e B.gingivalis ou B.fragilis, mas não mostrou diferença

para o A.viscosus.

Avaliando o efeito antimicrobiano do Hidróxido de Cálcio utilizado como

medicação intracanal num período de 10 minutos e 7 dias em dentes humanos

portadores de polpa mortificada, Sjögren et al. (1991) através de um exame

microbiológico para identificação e determinação do número de bactérias, mostraram

que o Hidróxido de Cálcio utilizado por sete dias elimina eficientemente as bactérias,

enquanto que quando utilizado por dez minutos não possue efetividade.

Safavi et al. (1994) investigaram através da espectrometria, se o

tratamento do Lipopolissacarídeo (LPS) com o Hidróxido de Cálcio alterava a ação

biológica medida pela secreção de Prostaglandina E2 de culturas de células de

monócitos humanos. A Prostaglandina E2 foi identificada na liberação da ação entre

os monócitos e LPS, mas não naqueles de LPS tratados por Hidróxido de Cálcio. Os

autores concluíram que o tratamento com o Hidróxido de Cálcio pode alterar a

propriedade biológica do LPS bacteriano.

A desinfecção de cilindros de túbulos dentinários infectados com

Actnomyces israelii, Fusobacterium nucleatum e Enterococcus faecalis por pasta de

Hidróxido de Cálcio com soro fisiológico e Paramonoclorofenol Canforado (PMCC)

num período experimental de 1h, 1 dia e 1 semana foi realizado por Siqueira Júnior

& Uzeda (1996) através da incubação em meio de cultura sendo verificada a

viabilidade bacteriana. A pasta de Hidróxido de Cálcio mais PMCC eliminou

efetivamente as bactérias nos túbulos após um período de 1 h de exposição, exceto

para o E.faecalis que precisou de um dia de exposição. Entretanto, a pasta de

Hidróxido de Cálcio mais soro fisiológico foi inefetivo contra E.faecalis e F.

27

nucleatum mesmo após uma semana de exposição. Os resultados mostraram que o

PMCC aumentou o efeito antibacteriano do Hidróxido de Cálcio.

Nesta mesma filosofia de pesquisa, Siqueira Júnior et al. (1997),

avaliaram a atividade antibacteriana das pastas de Hidróxido de Cálcio - Ca (OH)2

com Iodofórmio (CHI3): pasta 1 - Hidróxido de Cálcio/Paramonoclorofenol

Canforado/Glicerina (H/P/G), 2- pasta de H/P/G e CHI3 numa proporção de 3:1(v/v),

3- pasta de H/P/G e CHI3 numa proporção de 6:1(v/v), 4-Hidróxido de Cálcio mais

Glicerina e 5 - Iodofórmio mais Glicerina, em 3 bactérias anaeróbias estritas e em 3

facultativas. Os autores avaliaram esta atividade antibacteriana através da medição

do halo de inibição em placa de petri contendo o inoculo bacteriano. Os resultados

demonstraram que a adição de Iodofórmio a pasta de H/P/G não interferiu em suas

propriedades antibacteriana. A pasta de Iodofórmio e Glicerina demonstrou uma

discreta inibição sobre algumas cepas bacteriana, enquanto que a pasta de

Hidróxido de Cálcio mais Glicerina não apresentou efeito antibacteriano sobre as

espécies testadas.

Siqueira Júnior & Uzeda (1998) avaliaram a influência de três diferentes

veículos sobre a atividade antibacteriana do Hidróxido de Cálcio contra cepas de

Porphyromonas endodontalis , Prevotella intermedia, Streptococcus sanguis e

E.faecalis através do teste de diluição em caldo. Resultados demonstraram que

todas as pastas foram eficientes em eliminar as bactérias testadas, mas em

diferentes tempos. A pasta de Hidróxido de Cálcio/Paramonoclorofenol

Canforado/Glicerina foi a mais efetiva contra as quatro cepas bacterianas testadas.

Uma revisão crítica baseada na literatura sobre a atividade antimicrobiana

do Hidróxido de Cálcio foi realizada por Siqueira Júnior & Lopes (1999). Os autores

relataram que as propriedades físico-químicas desta substância possuem limitações

28

quanto ao poder de desinfecção do sistema de canais radiculares. Além disso, o

Hidróxido de Cálcio não possue efetividade contra todos os tipos de bactérias

encontradas nas infecções endodônticas, e que associações com outras

medicações podem melhorar a sua eficácia em eliminar bactérias residuais do

sistema de canais radiculares.

Safavi & Nakayama (2000) investigaram a influência de veículos aquosos

e oleosos na solução de Hidróxido de Cálcio, utilizando água destilada, glicerina e

propilenoglicol. Para tanto, realizaram medições através de um medidor de

condutividade das soluções saturadas de Hidróxido de Cálcio, onde observaram que

os valores de condutividade da solução em água destilada foi de 7.3 ± 3 mS/cm e

para soluções com glicerina ou propilenoglicol foi essencialmente zero. Concluíram

que o uso de um veículo não aquoso pode impedir a efetividade do Hidróxido de

Cálcio como medicação intracanal.

Realizando um estudo in vitro da inativação pela dentina de algumas

substâncias de uso intracanal, Haapasalo et al. (2000) através de uma suspensão

bacteriana de E.faecalis A197A com as medicações testadas de solução saturada

de Hidróxido de Cálcio, 0.5% e 0.05% de Acetato de Clorexidina, 1% de Hipoclorito

de Sódio e de 2/4% e 0.2/0.4% de Iodo Iodeto de Potássio (IKI), e alíquotas de pó de

dentina incubadas por 5 min., 1h e 24h, observaram que o pó da dentina causou um

efeito inibitório sobre o Hidróxido de Cálcio nos três tempos experimentais. Quanto

ao IKI, este teve seu efeito perdido quando em contato por 1h e as outras

substâncias tiveram seu efeito reduzido, mas não eliminado na presença da dentina.

Os autores concluíram que este modelo de pó dentinário parece ser uma ferramenta

eficiente para o estudo de interações entre as substâncias de uso intracanal, dentina

e microorganismos.

29

Nesta mesma linha de pesquisa, Portenier et al. (2001) examinaram e

compararam o efeito antibacteriano de solução saturada de Hidróxido de Cálcio,

Acetato de Clorexidina e Iodo Iodeto de Potássio (IKI) por quatro concentrações de

dentina, hidroxiapatita (HA) e soro de albumina bovina (BSA) em culturas

bacterianas de E.faecalis A197A. O Hidróxido de Cálcio foi totalmente inativado

pelas quatro concentrações das três substâncias, a Clorexidina foi fortemente inibida

pelo BSA e a HA causou pouco efeito nesta substância, e o IKI teve seu efeito

anulado na presença da dentina e pouco afetado pela HA e BSA. Concluíram que a

inibição pela dentina da atividade antibacteriana do Hidróxido de Cálcio, Clorexidina

e IKI ocorre por diferentes mecanismos e que os diferentes componentes da dentina

podem ser responsáveis pela inibição destes três medicamentos. O Hidróxido de

Cálcio teve particularmente seu efeito anulado pelos componentes orgânicos e

inorgânicos da dentina.

Han et al. (2001) avaliaram a atividade antimicrobiana das pastas de

Hidróxido de Cálcio contendo veículos aquosos e a base de óleo de silicone em

dentes com magmas dentinários removidos e não removidos. Para tanto foram

utilizadas 68 raízes humanas padronizadas e infectadas por E.faecalis divididas em

quatro grupos sendo instrumentadas e colocadas medicações intracanais

permanecendo por sete dias. Amostras foram coletadas após este período para a

análise quantitativa microbiológica através da espectrofotometria. Todas as pastas

de Hidróxido de Cálcio foram efetivas na eliminação das bactérias dos túbulos

dentinários, exceto o grupo sem magma dentinário com pasta de Hidróxido de Cálcio

com óleo a base de silicone.

Para avaliar a atividade antimicrobiana de várias pastas de Hidróxido de

Cálcio em canais radiculares bovinos infectados com E.faecalis, Behnen et al. (2001)

30

realizaram uma análise quantitativa microbiológica da dentina em várias

profundidades. Todos os grupos mostraram uma diminuição significativa em

números de E.faecalis em todas as profundidades comparado com o grupo controle.

Esses resultados sugerem que o Hidróxido de Cálcio pode diminuir o número de

E.faecalis para todas as profundidades dos túbulos dentinários dentro de 24h e que

pastas menos viscosa podem ser mais efetivas na eliminação destas bactérias dos

túbulos dentinários que pastas mais viscosa.

Sukawat & Srisuwan (2002) compararam a eficácia de três diferentes

formulações de Hidróxido de Cálcio (com água destilada, clorexidina à 0,2% e

paramonoclorofenol) utilizando amostras de dentinas infectadas com E.faecalis por

sete dias, quando amostras de pó de dentina foram coletadas e colocadas em TSB a

37˚C por 24h para avaliação da quantidade de bactéria através da

espectrofotometria. Os autores concluíram que o Hidróxido de Cálcio mais água

destilada e clorexidina a 0,2% foram ineficazes contra essa bactéria e que a pasta

com paramonoclorofenol canforado erradicou este microorganismo em sete dias.

Com o intuito de averiguar a susceptibilidade microbiana das pastas de

Hidróxido de Cálcio e seus veículos (água destilada, soro fisiológico, solução

anestésica - mepivacaína, glicerina, polietilenoglicol, paramonoclorofenol canforado

mais veículo oleoso numa proporção de 2:1 e paramonoclorofenol canforado mais

glicerina na proporção de 2:1:1) medindo as zonas de inibição de crescimento

bacteriano, Gomes et al. (2002) observaram que o E.faecalis foi o mais resistente,

Porphyromonas endodontalis foi o mais susceptível à todas as medicações seguida

de P.gengivalis e Prevotella intermedia que se apresentaram intermediário. O

Hidróxido de Cálcio com paramonoclorofenol canforado e glicerina mostrou zonas de

inibição mais largas quando comparadas a outras medicações. Os autores

31

concluíram que bactérias anaeróbias Grãm negativas são mais susceptíveis às

pastas de Hidróxido de Cálcio que microorganismos facultativos Grãm positivos.

Desta maneira, Gomes et al. (2002) avaliaram in vitro, a atividade

antimicrobiana das pastas de Hidróxido de Cálcio e seus veículos contra treze

microorganismos comumente isolados do canal radicular, através do método de

difusão em ágar. Após o período de incubação, as zonas de inibição foram medidas

e analisadas estatisticamente. O efeito antimicrobiano das medicações foi ordenado

do mais forte para o mais fraco: Ca(OH)2 +PMCC+Glicerina, Ca(OH)2 +PMCC,

Ca(OH)2 +Glicerina, Ca(OH)2 +anestésico, Ca(OH)2 +soro fisiológico, Ca(OH)2 +água

destilada e Ca(OH)2 +polietilenoglicol. As pastas com veículos oleosos mostraram

significantemente zonas mais largas de inibição comparadas com aquelas que foram

utilizadas veículos aquosos e viscosos. Foi concluído que a atividade antimicrobiana

e de difusão do Hidróxido de Cálcio foram afetadas pelo tipo de veículo usado.

Almyroudi et al. (2002) compararam in vitro a eficiência de quatro

desinfetantes como medicação intracanal: Hidróxido de Cálcio, Gel de Clorexidina,

PerioChip® ( Clorexidina num sistema de liberação controlada) e a combinação de

gel de Clorexidina mais Hidróxido de Cálcio. Foram utilizadas amostras de raízes

dentárias humanas contaminadas com E.faecalis, testando as substâncias em três

tempos experimentais (3,8 e 14 dias). A ação do Hidróxido de Cálcio foi muito

eficiente no grupo do terceiro e oitavo dia, enquanto que no décimo quarto dia não

foi efetivo. A combinação do Gel de Clorexidina com o Hidróxido de Cálcio e Gel de

Clorexidina apresentaram mínima diferença com o PerioChip® não havendo

diferença estatística entre as medicações.

Quanto à formação do biofilme em canais radiculares medicados com

hidróxido de cálcio, Distel et al. (2002) observaram a presença de formação de

32

biofilme apical com E.faecalis através da microscopia eletrônica de varredura e da

microscopia a laser confocal de varredura em 46 dentes anteriores num período de

77 dias e no grupo controle em dois dias. Também realizaram uma análise do perfil

de proteína da parede bacteriana através da eletroforese (SDS-PAGE) onde

observaram a presença de proteases ativa nas amostras. Os autores mostraram a

evidente formação do biofilme e colonização do E.faecalis em dentes medicados

com Hidróxido de Cálcio em dentes humanos e que novos estudos devem ser

realizados para entender o mecanismo de resistência deste microorganismo.

Sobre os mecanismos envolvidos na resistência do E.faecalis ao hidróxido

de cálcio, Evans et al. (2002) demonstraram os mecanismos que capacitam esta

bactéria de sobreviver ao alto pH desta medicação, expondo a dose subletal de

hidróxido de cálcio com ou sem vários pré-tratamentos. Agentes bloqueadores foram

adicionados para determinar o papel de síntese de proteína por esforço induzido e

da bomba de prótons associada à parede bacteriana. O E.faecalis foi resistente ao

hidróxido de cálcio num pH de 11,1, mas não a 11,5 e sem diferença de

sobrevivência celular quando a síntese de proteína foi bloqueada durante a indução

esforçada , entretanto, a adição de um bloqueador de bomba de próton resultou

numa redução drástica da viabilidade celular de E.faecalis com hidróxido de

cálcio.Os autores concluíram que a sobrevivência do E.faecalis com o hidróxido de

cálcio parece não estar relacionada à síntese de proteína por esforço induzido, mas

a bomba de prótons funcionando é critica para a sobrevivência desta bactéria em pH

alto.

Haenni et al. (2003) testaram e compararam a atividade antimicrobiana e

química das pastas de Hidróxido de Cálcio com Clorexidina (CHX), Hipoclorito de

Sódio (NaOCl), Iodo Iodeto de Potássio (IKI) e pasta de Hidróxido de Cálcio mais

33

soro fisiológico, empregando o teste de ágar difusão inoculados com o E.faecalis e

C.albicans. A capacidade do Ca(OH)2 em aumentar o pH na dentina radicular foi

permanecida quando foram usadas misturas de Ca(OH)2 com CHX, NaOCl ou IKI.

As misturas com o Ca(OH)2 tiveram as mesmas propriedades antimicrobianas que

as misturadas com soro fisiológico. A eficácia da CHX foi reduzida quando misturada

com o Ca(OH)2., e o efeito anti-séptico não foi observado entre o Ca(OH)2 e o IKI ou

o Ca(OH)2 e o NaOCl. Foi concluído que a mistura do Ca(OH)2 com as soluções

testadas não mostraram um aumento do efeito antimicrobiano quando comparado

com a pasta de Ca(OH)2 e soro fisiológico.

Lynne et al. (2003) avaliaram a atividade antimicrobiana de medicações

intracanais em canais radiculares com a dentina infectada pelo E.faecalis. As

medicações testadas foram: a) água destilada - grupo controle; b) uma mistura de

10% de Hidróxido de Cálcio USP em 10 mL de água destilada estéril; c) 10% de

Ca(OH)2 em 0.12% de Gluconato de Clorexidina (Peridex®); d) Peridex® e e) grupo

controle negativo - BHI puro. Os espécimes foram incubados por 24h, quando

amostras de dentina foram retiradas através de brocas de maneira consecutiva (ISO

029,035,042) para uma análise quantitativa microbiológica. Todos os grupos

testados apresentaram atividade antimicrobiana em relação ao grupo controle (p <

0.001). O grupo 2 demonstrou significantemente uma maior atividade antimicrobiana

que os grupos 3 e 4 em todas as profundidades dentinária (p < 0.05). Esses

resultados sugerem que 10% Ca(OH)2 pode ser mais efetivo que o Peridex® ou

10% Ca(OH)2 mais o Peridex® para a eliminação de E.faecalis em túbulos

dentinários.

Com o intuito de avaliar in vitro o efeito antimicrobiano do Hidróxido de

Cálcio combinado com a Clorexidina (Acetato de Clorexidina a 0,5%) ou com o Iodo

34

Iodeto de Potássio (IKI) em bloco de dentina bovina contra o E.faecalis, Síren et al.

(2004) realizaram testes microbiológicos da coleta de dentina por brocas e

mantiveram em placas de ágar, confirmando ou não o crescimento bacteriano. Os

autores também realizaram teste de citotoxidade e de pH da mistura das

medicações, e confirmaram que a combinação de Hidróxido de Cálcio com

Clorexidina e o IKI são mais eficazes que o Hidróxido de Cálcio puro, e que esta

mistura não altera a alcalinidade das medicações podendo permanecer como

medicação intracanal por um longo período. Quanto aos testes citotóxicos, estas

misturas não são mais tóxicas quando utilizadas com seus componentes puros.

Baker et al. (2004) investigaram o efeito antimicrobiano de irrigantes e

medicamentos endodônticos (Hidróxido de Cálcio, da Betadine - Povedine® e Iodo

Iodeto de Potássio sem ou com um detergente - Tween 20, e de Betadine Scrub®) e

se suas ações antimicrobianas foram melhoradas com um agente surfactante. Para

tanto, os autores lançaram mãos do uso de discos de dentina bovina inoculados com

E.faecalis que após a irrigação e a medicação do lúmen do canal, os espécimes

foram encubados por 15 min ou 24 h. Análise quantitativa microbiológica foi

realizada, onde observaram que a adição de um detergente não melhora a ação

antibacteriana dos medicamentos, que o Hidróxido de Cálcio falhou na eliminação

do E.faecalis e ambos Betadine Scrub® e Iodo Iodeto de Potássio agiram em 90%

das amostras tornando-as estéreis.Concluíram que o Iodo Iodeto de Potássio foi

capaz de eliminar o E.faecalis da dentina bovina quando utilizado por 15 minutos por

contato.

A difusão apical do Hidróxido de Cálcio sobre os tecidos periapicais foi

tema de um estudo realizado por Robert et al. (2005). Para tanto, os autores

desenvolveram um método onde os medicamentos testados foram colocados nas

35

pontas de pipetas que representavam as raízes dentárias em que eram fixadas em

seringas contendo ágar de BHI e corante reagente para Cálcio. As concentrações de

Íons de hidroxila e cálcio foram medidas em 24h. A concentração de Íons Cálcio e o

pH aumentaram com um tamanho de abertura maior, e mais alto o pH e a difusão de

Íons Cálcio quando utilizado a medicação de solução a 10% de Ca(OH)2 que

utilizado o Pulpodent ® ou a pasta de Ca(OH)2 . Foi concluído que as propriedades

do Ca(OH)2 contendo veículos podem afetar a ação dos medicamentos nos tecidos

periapicais.

Schäfer & Bössmann (2005) estudaram a mistura de hidróxido de cálcio

com a clorexidina a 2% e ambos puros também, utilizando dentes humanos

unirradiculares que após o preparo do canal, inocularam-no com E.faecalis

incubando-os por nove dias. Na seqüência, os canais foram preenchidos com as

medicações e incubados por três dias. Os canais foram instrumentados novamente

com limas de numero 45, 50,55 e 60 de onde se removeu a dentina para a análise

microbiológica das amostras. A Clorexidina foi significantemente mais eficaz contra o

E.faecalis que o Hidróxido de Cálcio e a mistura da pasta e não houve um aumento

na eficácia da mistura da pasta de Hidróxido de Cálcio com a clorexidina a

2%.Concluíram que a Clorexidina foi eficiente na eliminação de E.faecalis dos

túbulos dentinários, num período de três dias sob as condições deste estudo.

Seguindo a mesma linha de pesquisa, avaliando três formulações

diferentes de Hidróxido de Cálcio (misturado com água destilada, Iodo Iodeto de

Potássio e misturado com Iodofórmio e óleo de silicone) em tubos de dentina

infectados com E.faecalis por uma semana e avaliadas pela quantidade de unidades

de colônias formadas, Cwikla et al. (2005) verificaram que o Metamex®( Hidróxido

de Cálcio mais Iodofórmio e óleo de silicone) foi o mais efetivo desinfetante de

36

túbulos dentinários apresentando resultados similar quando verificado a

profundidade de dentina extraída destes túbulos.

Zarella et al. (2005) avaliaram a efetividade antimicrobiana contra o

E.faecalis, da pasta de Hidróxido de Cálcio com água destilada e com solução

aquosa de Clorexidina a 2% em dentes com insucesso de tratamento endodôntico

num intervalo de 7 a 10 dias por três semanas, onde foram coletadas várias

amostras antes da instrumentação e até o momento da obturação. Os autores

observaram que sobre o total da amostra da população, 30% apresentaram

positivamente com bactérias antes da obturação. A medicação controle desinfetou

60% dos dentes e a medicação experimental 80%, não havendo diferença estatística

entre as amostras testadas. Nenhum dos dentes que continham inicialmente

E.faecalis apresentou remanescente desta bactéria antes da obturação. Concluíram

que tanto a pasta de Hidróxido de Cálcio com Clorexidina a 2% como a com água

destilada desinfetaram de maneira eficácia os dentes com insucesso de tratamento

endodôntico.

Observando in vitro a ação da pasta de Hidróxido de Cálcio, de Hidróxido

de Cálcio com a Clorexidina a 2% e da Clorexidina gel a 2% em dentes inoculados

com diversos microorganismos por 15 seg. à 24h pelo método de ágar difusão e

contato direto, Gomes et al. (2006) verificaram que a pasta de Hidróxido de Cálcio

mais a Clorexidina a 2% produziu zonas de inibição variando de 2.84 a 6.5 mm, num

tempo de 30 seg. a 6 h para eliminar os microorganismos testados. Entretanto, a

Clorexidina gel a 2% resultou em maiores zonas de inibição variando de 4.33 a

21.67 mm, num tempo inferior a 1 min para eliminar todos os agentes microbianos

testados. A pasta de Hidróxido de Cálcio mais água destilada eliminou somente os

microorganismos em contato direto num período de 30 seg. a 24h. Concluíram, que

37

a pasta de Hidróxido de Cálcio mais a Clorexidina gel a 2% eliminou mais

microorganismos que a pasta de Hidróxido de Cálcio com água destilada.

Baseado na literatura para verificar a eficácia antibacteriana da

medicação de Hidróxido de Cálcio através de uma revisão sistemática e de uma

meta-análise, Sathorn et al. (2007) estudaram oito trabalhos com 257 casos em que

a avaliação pré e pós-medicação com a pasta apresentaram diferença estatística

significante em seis trabalhos, enquanto que em dois não apresentaram, havendo

uma heterogeneidade entre os estudos. Através da análise estatística entre os

estudos realizada pelos autores, não houve diferença estatística significante entre a

pré e pós-medicação (P=0.12). Concluíram que o hidróxido de cálcio tem uma

efetividade limitada na eliminação das bactérias da dentina radicular humana

quando utilizadas as técnicas de culturas.

2.2.2 O Iodofórmio

Dentre as inúmeras medicações aplicadas em Endodontia, o Iodofórmio

encontra seu espaço neste particular:

Em 1984, através de uma revisão bibliográfica sobre o uso do Iodofórmio

em Endodontia, Aydos & Milano, relataram que o material era radiopaco quando

utilizados junto a pastas de Hidróxido de Cálcio, que não possuía ação

antibacteriana “in vitro” e que autores divergiam quanto à mesma ação “in vivo”.

Quanto à capacidade de estimulação biológica do Iodofórmio, que pela falta de

investigações, só podia ser considerada como uma hipótese.

Daniel et al. (1996) analisaram a toxicidade do Iodofórmio mais veículo

cremoso (carbowax) em cultura de células de fibroblastos NIH 3T3 SWISS e

38

observaram que não houve alteração do número e viabilidade celular até 12 horas,

mas depois deste período houve uma queda drástica que em 24h todas as células

morreram. Concluíram que até 12h o Iodofórmio mostrou-se biocompatível, e que

após metabolizado, mostrou-se citotóxico.

Adotando o teste de coagulação do lisado de amebócitos do artrópodo

Limulus polyphemus (teste LAL), a ressonância magnética nuclear de prótons e a

análise espectrofotométrica, Fernandes (1997) verificou se havia uma interação

entre o Iodofórmio e a endotoxina bacteriana. Após a análise dos resultados, o autor

concluiu que possivelmente existe uma interação química entre o Iodofórmio e a

endotoxina bacteriana, alteração esta que ocorre na sua porção polissacarídica.

Daniel (1998) com o intuito de analisar comparativamente a citotoxicidade

in vitro do Iodofórmio e do Hidróxido de Cálcio, empregando-se dois veículos

diferentes (carbowax e polietileno glicol 400) através da reação de fibroblastos NIH

3T3 Swiss e avaliada por ensaios de viabilidade pela exclusão de células coradas

pelo azul de Trypan. Observou que independentemente do veículo utilizado, o

Hidróxido de Cálcio mostrou não ser citotóxico em 24h. Mas, por outro lado, o

Iodofórmio apresentou diferentes níveis de citotoxicidade, após 24hs e quando

empregado com o carbowax, apresentou-se menos agressivo em comparação ao

emprego com o polietileno glicol 400.

Daniel et al. (1999) realizaram uma revisão da literatura sobre o

Iodofórmio, referente às suas propriedades anti-sépticas, de estimulação biológica e

emprego clínico na Endodontia. Concluíram que o Iodofórmio é uma substância

radiopaca, facilmente reabsorvível e apresentando alto índice de sucesso clínico, e

que também há divergência entre os autores com relação à capacidade anti-séptica

e de estimulação biológica. Pois novos estudos laboratoriais e clínicos referentes à

39

ação antimicrobiana e de estimulação biológica devem ser realizados para justificar

seu emprego no tratamento endodôntico.

Pallotta (2001) avaliou in vitro a atividade antibacteriana de quatro

medicações de uso endodôntico (Iodofórmio, Hidróxido de Cálcio, IKI e CFC), pelo

método de diluição em caldo com Staphylococcus aureus, Pseudomonas

aeruginosa, Enterococcus faecalis e Bacteroides fragilis. O autor concluiu que as

diferentes concentrações foram fatores fundamentais para a ação antimicrobiana

dos medicamentos e que todos tiveram ação bactericida contra todas as bactérias

exceto o IKI sobre o Pseudomonas aeruginosa.

Quanto à análise radiográfica e microscópica do processo de reparo de

lesões periapicais induzidas, após empregar medicações intracanais (Iodofórmio+

carbowax, Hidróxido de Cálcio + PEG 400, CFC + PRP) em dentes molares de ratos

Wistar, Daniel (2001) observou as reações inflamatórias e de reparo em 7,15 e 30

dias. Nos tempos experimentais de sete dias, o Hidróxido de Cálcio atingiu seu pico

máximo de reação inflamatória, fato ocorrido aos 15 dias com o Iodofórmio. Em 30

dias, através da imagem radiográfica, o Iodofórmio contribuiu para a diminuição da

lesão periapical e do processo inflamatório, não havendo diferença estatística entre

as medicações utilizadas.

Ferreira et al. (2002) avaliaram a ação antimicrobiana do Hidróxido de

Cálcio - Ca(OH)2 associados ao Paramonoclorofenol Canforado (PMCC) e

polietilenoglicol como veículo, Ca(OH)2 em propileno glicol - pasta Calen, pasta

Calen mais PMCC, Ca(OH)2 associado ao Iodofórmio em propileno glicol, Iodofórmio

em propileno glicol e Ca(OH)2 mais anestésicos. Para tanto, avaliaram o halo de

inibição feita através de perfurações em placa de ágar (Brain Heart Infusion)

semeada com E.faecalis (ATCC 29212), onde foram colocadas as medicações

40

sendo incubadas a 37ºC por 48h. Constatou-se uma discreta atividade inibitória para

o Iodofórmio e para a pasta Calen mais PMCC. Os demais medicamentos não

apresentaram atividade inibitória.

Com o intuito de avaliar a comparação da atividade antibacteriana do

Hidróxido de Cálcio e do Iodofórmio associados à dentina, Breder (2003) empregou

raízes extraídas de molares superiores necrosados portadores de lesão periapical

que foram trituradas e misturadas às medicações testadas e com acréscimo de

bactérias extraídas de biofilme dentais. Os espécimes foram avaliados pelo método

da difusão em ágar, e observou que ambas as drogas possuíam atividade

antibacteriana semelhante e que esta propriedade não sofreu ação inibitória da

dentina. Seguidamente, Gomes (2003) investigou a resposta tecidual após

tratamento endodôntico em dentes de cães portadores de lesões induzidas,

realizados em sessão única ou com curativos de demora a base de Iodofórmio e

Hidróxido de Cálcio, permanecendo por 15 dias. Os tratamentos eram analisados

histologicamente após 30 e 90 dias. Foi observada resposta semelhante nos grupos

tratados com curativo de demora apresentando inflamação branda e freqüente

visualização de neoformação óssea e cementária, ao passo que no grupo dos

dentes tratados em sessão única, foi encontrado infiltrado inflamatório severo, sem

indícios de processo de reparação.

Duarte et al. (2003) avaliaram por meio de entrevistas nas primeiras 24

horas, a dor pós-operatória de 20 pacientes portadores de dentes com lesões

periapicais que foram retratados e receberam como curativo de demora uma pasta a

base de Iodofórmio. Concluíram que 60% dos pacientes não tiveram manifestação

dolorosa e aqueles que relataram dor antes do procedimento, continuaram a

apresentá-la, não tendo necessariamente ligação direta com a medicação.

41

Pallotta (2003) analisou quantitativa e qualitativamente as reações

inflamatórias frente a medicações de Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio em dorso de

ratos albinos nos tempos experimentais de três, cinco e onze dias. Amostras foram

coradas com Hematoxilina-Eosina e tricrômico de Mason para a análise histológica

proposta. Observou que o grupo do Iodofórmio interferiu menos no processo de

reparo enquanto que o do Hidróxido de Cálcio mostrou grande área de necrose

demorando todo o período experimental para ser parcialmente recomposta. À

análise quantitativa mostrou que o Iodofórmio provocou uma demora na inicialização

da resposta, com um pico da reação inflamatória aos 5 dias, enquanto que o

Hidróxido de Cálcio gerou um processo de necrose retardando o reparo tecidual.

Franco (2005) avaliou qualitativamente a difusibilidade do Iodofórmio

através da dentina e do cemento empregando como reagente externo o tetracloreto

de carbono. Para tanto, inicialmente se utilizou uma raiz palatina que depois de

instrumentada foi preenchida com uma pasta a base de Iodofórmio e selada na

região cervical com cimento de ionômero de vidro e cianoacrilato sendo imersa na

solução. Houve uma alteração da coloração do tetracloreto de carbono devido à

difusão do Iodofórmio ou de subprodutos chegando até a parte extra-radicular. Para

validar o experimento, este foi repetido onze vezes cujo resultado pôde-se concluir

que o período de maior alteração de cor do tetracloreto de carbono se deu entre o

sétimo e quatorze dias após o início do experimento.

Gentil (2007) verificou quantitativamente in vitro a exteriorização de

Iodofórmio aplicado intracanal após a realização dos procedimentos básicos

periodontais. Para este experimento, foram utilizadas 16 raízes de pré-molares

inferiores que depois de instrumentadas foram divididas em: Grupo I (cemento

intacto com pasta a base de Iodofórmio no interior do canal), grupo II (cemento

42

raspado e posterior colocação de Iodofórmio no canal), grupo III (colocação de

Iodofórmio e cemento raspado após sete dias) que tiveram cada espécime submerso

em 15 ml de etanol P.A. Amostras iniciais, 2, 5, 7 e 15 dias foram coletadas para

análise em espectrofotometria. O autor concluiu que medicamentos à base de

Iodofórmio impregnam a dentina e o cemento difundindo-se até o periodonto,

especialmente a partir do 15º dia no grupo onde o cemento foi removido e mais

intensamente quando a remoção do cemento ocorreu após sete dias.

Pallotta et al. (2007) determinaram a concentração mínima inibitória de

quatro medicamentos (Iodofórmio, Hidróxido de Cálcio, CFC e IKI) utilizados em

cepas de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Enterococcus faecalis

e Bacteroides fragilis. Neste experimento, os autores observaram que o IKI não

mostrou ação contra o S. aureus e P. aeruginosa, assim como o hidróxido contra o

P. aeruginosa. A MIC para o E.faecalis foi a mais alta para a CHI3, seguida por

Ca(OH)2, IKI e CFC respectivamente. Para o B. fragilis, o CHI3 e o CFC

apresentaram a mesma MIC (0,25 mg mL-1), mais baixa que o IKI e o Ca(OH)2 ; para

o S.aureus as MIC também foram mais baixas para o CFC, seguido pelo CHI3 e

Ca(OH)2. Além disso, para o P. aeruginosa , a MIC foi de 0,125 e 64 mg mL-1

respectivamente para o CFC e CHI3.

Machado (2007) ressaltou a importância da utilização das medicações

intracanais após o preparo do sistema de canais radiculares como complementação

da ação desinfetante não conseguida na instrumentação, pois esse procedimento

promoverá a desinfecção química dos túbulos dentinários contra microorganismos

presentes nesta complexa anatomia. Os autores preconizam a utilização do

Iodofórmio como medicação extra e intracanal nos casos de lesões refratárias pela

43

suas características gerais, ação antimicrobiana e que ainda nestes casos favorece

a reparação tecidual.

2.3 Metodologia

Neste contexto serão apresentadas algumas metodologias que poderão

ser empregadas de maneiras isoladas ou associadas com a proposta de avaliar o

comportamento destes fármacos sobre esta bactéria.

Ramachandran Nair (1987) analisou a microflora de 31 canais radiculares

(30 granulomas e 1 cisto radicular) quanto a sua estrutura, relação com a parede

dentinária, aspectos morfológicos da interação entre os microorganismos e a

natureza dinâmica da resposta do hospedeiro. Para tanto, o autor lançou mão de

estudos através da microscopia de luz e eletrônica, de onde observou que a flora era

composta de cocci, rods, organismos filamentosos e espiroquetas. Os rods estavam

freqüentes em paredes de bactérias Gram-negativas. A flora bacteriana era formada

por um aglomerado de colônias auto agregadas de um tipo distinto ou comunidades

co-agregadas de vários tipos. Camada bacteriana aderida às estruturas cercadas de

placas bacterianas na superfície dentária. Foi observada também uma camada de

células de defesa ao redor dos microorganismos revelando a resposta imunológica

específica ao redor do periápice.

Wendt et al. (1998) utilizaram um método estatístico para comparar a

habilidade de cepas de E.faecium (três enterococci resistentes a vancomicina - VRE

e cinco enterococci suscetível a vancomicina - VSE) e cepas de E.faecalis (uma

VRE e dez VSE) para sobreviver em condições secas. Para este experimento,

suspensões bacterianas com as cepas foram inoculadas em cloreto polivinílico e

44

armazenadas nas condições definidas por ate 16 semanas. Todas as amostras

sobreviveram por pelo menos uma semana, e dois tipos de cepas sobreviveram por

4 semanas. O tipo de curva de sobrevivência não foi associado às espécies, ao meio

de isolamento ou a susceptibilidade a vancomicina. Resistências para condições

secas podem promover a transmissibilidade de uma cepa, mas VRE não possui

vantagens sobre a VSE referente à capacidade de sobrevivência em condições

secas.

Silver & Simon (2000) apresentaram um relato de caso clínico que o

granuloma apical não respondeu ao tratamento endodôntico convencional. O

material foi submetido a uma análise radiográfica, histopatológica e ultraestrutural. A

Microscopia Eletrônica de Transmissão revelou a presença de cristais de Charcot-

Leyden dentro da lesão periapical na qual foi confirmada histopatologicamente como

de acordo com um granuloma apical. Após a análise dos resultados, os autores

discutiram seu potencial clínico significante.

Dorn et al. (2002) determinaram se microorganismos de cepas

laboratoriais e isolados clinicamente associados com infecções de canais radiculares

podem invadir culturas primárias de células cardiovasculares. Níveis quantitativos de

invasão bacteriana em células endoteliais de artérias coronárias humanas (HCAEC)

e células musculares lisas de artérias coronárias (CASMC) foram medidas usando

uma análise de proteção para antibiótico padrão. A Microscopia Eletrônica de

Transmissão foi usada para confirmar e visualizar a interiorização nas células

vasculares. Das cepas testadas, apenas a P.endodontalis ATCC 35406 foi invasiva

pela análise de proteção para antibiótico padrão usando HCAEC e CASMAC.

Invasão de P.endodontalis ATCC 35406 foi confirmada pela MET. Os autores

afirmaram que certos microorganismos associados com infecções endodônticas são

45

invasivos. Se a invasão bacteriana dos vasos contribui a patogênese de doenças

cardiovasculares, então microorganismos da câmara pulpar representam um

potencial patogênico.

Weiger et al. (2002) criaram neste estudo um método de caracterização

do estado de vitalidade das bactérias em dentina radicular humana infectada pela

diferenciação entre microorganismos viáveis e mortos. Vinte e quatro segmentos

radiculares de dentes humanos extraídos foram infectados por Enterococcus faecalis

e Streptococcus sanguinis durante oito semanas, quando neste período

experimental, os canais foram instrumentados e uma pasta de Hidróxido de Cálcio

foi inserida permanecendo até a décima segunda semana. Amostras de dentina

radicular e 1 ml do meio de cultura foram retiradas nos períodos de quatro, oito e

doze semanas para análise microbiológica através da foto microscopia de

fluorescência (PVB) e contagem de unidades de colônias formadas (CFU). Bactérias

mortas e viáveis foram identificadas em todas as amostras de dentina radicular. Na

análise de PVB, os valores obtidos das amostras de dentina radicular foram

inferiores que os da suspensão bacteriana. No grupo controle não houve diferença

entre os métodos nos períodos de quatro e oito semanas. No grupo testado,

Streptococcus sanguinis viáveis, mas sem capacidade para cultura, foram

detectadas mesmo com o tratamento de Hidróxido de Cálcio. A viabilidade do

E.faecalis não foi afetada pelo Hidróxido de Cálcio. Os autores concluíram que o

método de análise microbiológica por PVB deu informações adicionais de estado de

vitalidade bacteriana comparado com o método de CFU, principalmente de bactérias

nos túbulos dentinários e na presença de medicação intracanal.

Portenier et al. (2002) pesquisaram a atividade antibacteriana do

Digluconato de Clorexidina (CHX) e do Iodo Iodeto de Potássio (IKI) sobre o

46

E.faecalis A197A na presença da dentina, matrix dentinária, dentina pré-tratada por

EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) e ácido cítrico, colágeno, e células mortas

por aquecimento de E.faecalis e Candida albicans. Amostras foram coletadas e

incubadas após 1 e 24h para a realização da análise microbiológica através da

contagem de colônias formadas. A matriz dentinária e células microbianas mortas

por aquecimento foram as inativadoras das medicações mais efetivas contra o

E.faecalis, enquanto que a dentina pré-tratada por EDTA e ácido cítrico mostrou

apenas uma leve inativação. Dentina e colágeno da pele mostraram inativação em

1h, mas não em 24h. O IKI foi efetivamente inativado pela dentina, matriz dentinária

e células microbianas mortas por aquecimento. Colágeno da pele e dentina pré-

tratada por EDTA ou ácido cítrico mostrou pouco ou nenhum efeito de inibição sobre

o IKI. Concluíram que diferentes componentes da dentina foram responsáveis por

padrões diferentes de inibição da atividade antibacteriana do CHX e IKI. Tratamento

químico da dentina antes da colocação da medicação intracanal pode alterar o efeito

antibacteriano da medicação.

Gomes et al. (2003) avaliaram a atividade antimicrobiana do gel de

Clorexidina a 2%,Hidróxido de Cálcio e Hidróxido de Cálcio mais Clorexidina gel a

2% contra o E.faecalis em tempos experimentais diferentes como 1, 2, 7, 15 e 30

dias, utilizando dentes bovinos e colocando em meio de cultura. Para a avaliação, os

autores realizaram a leitura da turbidade do meio de cultura nestes tempos

experimentais, em que verificaram que: a Clorexidina foi efetiva até 15ºdia, o

Hidróxido de Cálcio permitiu crescimento bacteriano em todos os tempos e o

Hidróxido de Cálcio mais a Clorexidina gel a 2% foram efetivos nos dois primeiros

dias, diminuindo a atividade bacteriana após 7 e 15 dias. Concluíram que a

Clorexidina gel a 2% é mais eficaz contra o E.faecalis que o Hidróxido de Cálcio e

47

que a atividade bacteriana depende do tempo de permanência da medicação dentro

do canal radicular.

Menezes et al. (2004) avaliaram in vitro a efetividade de irrigantes e

medicamentos intracanal (Hidróxido de Cálcio, Paramonoclorofenol Canforado,

Tricresol formalina, pasta de Hidróxido de Cálcio com Paramonoclorofenol

Canforado, Paramonoclorofenol mais Furacin, Hipoclorito de Sódio a 2,5% e

Clorexidina a 2%) contra o E.faecalis e a Candida albicans, incubados por sete dias

de onde se retiraram amostras antes da colocação dos agentes antimicrobianos e

após este período para a contagem de formação de colônias. Concluíram que a

pasta de Hidróxido de Cálcio mais Paramonoclorofenol Canforado foi o mais efetivo

contra os dois microorganismos e que a solução de Clorexidina a 2% foi mais efetiva

que o Hipoclorito de Sódio a 2,5% contra o E.faecalis.

Portenier et al. (2005) compararam a susceptibilidade das células de

E.faecalis (cepas VP3-80 e A197A) durante as fases de crescimento, estacionárias e

declínio a três medicamentos endodônticos (solução saturada de Hidróxido de

Cálcio, Digluconato de Clorexidina a 0,05% e Hipoclorito de Sódio a 0,00001%). Os

autores realizaram testes antimicrobianos, de SDS-Page e análise morfológica

utilizando a microscopia eletrônica de varredura e transmissão. Células na fase

exponencial de crescimento mostraram ser mais sensíveis sendo eliminadas entre

3s a 10 min. Na fase estacionária, foram mais resistentes apresentando viabilidade

celular após 10 min. Entretanto, na fase de declínio, foram as mais resistentes não

sendo totalmente eliminadas durante o tempo de exposição de 10 min ao

medicamento, aumentando o numero de células sobreviventes em culturas

bacterianas.

48

Castillo et al. (2006) realizaram um estudo comparativo da atividade

antimicrobiana de um detergente à base de arginina - C3(CA)2, e da clorexidina

dihidroclorada (CHX) contra o Staphylococcus aureus e Escherichia coli através da

MIC (Concentração Máxima Inibitória), citometria de fluxo e microscopia eletrônica

de transmissão. Ambos os desinfetantes causaram ruptura da membrana celular das

bactérias alvos por causar infiltração de potássio e danificação morfológica. O efeito

do C3(CA)2 sobre a E.coli depende da concentração, causando perda do potencial e

da integridade da membrana levando a morte celular, enquanto que o CHX não teve

este efeito sobre o E.coli. O efeito do C3(CA)2 sobre o S.aureus foi de formação de

vesículas e zonas claras no interior do citoplasma, mas a perda do potencial da

membrana e de sua integridade foi levemente mais baixa que o CHX. Os autores

concluíram que o C3(CA)2 age contra bactéria Gram negativa em direção à superfície

de lipopolissacarídeo e, subsequencialmente, para dentro da membrana celular

causando danos à estrutura seguida de morte celular.

49

3 PROPOSIÇÃO

Este trabalho teve como propósito avaliar a ação antimicrobiana do

Hidróxido de Cálcio e do Iodofórmio sobre o Enterococcus faecalis em diferentes

períodos experimentais tendo como referência experimental o método da diluição em

caldo e a visão direta das possíveis alterações na morfologia celular com auxílio de

Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET).

50

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para o presente estudo, foi utilizado os seguintes materiais e

equipamentos:

4.1 Materiais

• 1 L de água destilada estéril, fornecida pelo Laboratório Alerta da

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - São Paulo – Brasil;

• 1 pacote de alça descartável estéril com 100 unidades.(Pleion, Barueri –São

Paulo –Brasil);

• 2 Becker de 100ml graduado autoclavável transparente. (Nalgene, Rochester

- New York - EUA);

• 1 caixa com 200 unidades de microtubes MCT-150-C 1,5ml clear. (Axygen

Scientific, Califórnia - EUA);

• 1 caixa de Filtros para seringas autoclavável. 195-2520.(Nalgene , Rochester

- New York - EUA);

• 1 caixa de Placa de Petri lisa ecológica 150x50mm.Ref.1149.A-19.(Pleion,

Barueri –São Paulo –Brasil);

• 1 caixa de Placa de Petri lisa ecológica 90x15mm.Ref. 70409/1-2.(Pleion,

Barueri –São Paulo –Brasil);

• 1 caixa de Ponteiras sem filtro Universal - 20µl.Finetips. ( Axygen Scientific,

Califórnia - EUA);

51

• 1 caixa de Ponteiras sem filtro Universal –1000µl.Finetips. (Axygen Scientific,

Califórnia - EUA);

• 1 caixa de Ponteiras sem filtro Universal - 5ml.Finetips.(Axygen Scientific,

Califórnia - EUA);

• 1 caixa de tubo tipo Falcon de 50ml.(Pleion, Barueri –São Paulo –Brasil);

• 1 caixa de tubo tipo Falcon de 15ml.(Pleion, Barueri –São Paulo –Brasil);

• Cepas de Enterococcus faecalis da ATCC (American Type Culture Collection)

29212 oriundas do banco de microorganismos do LEMC ( Laboratório

Especial de Microbiologia Clínica) - Universidade Federal de São Paulo -

UNIFESP - São Paulo;

• Frasco de Hidróxido de cálcio P.a. (Pró-análise), 7 g.(Fórmula e Ação Ltda

ME. São Paulo-Brasil);

• Frasco de Iodofórmio 10g. (Fórmula e Ação Ltda ME. São Paulo-Brasil);

• 1 Nutrient Agar: CM003 500g.(Oxoid Ltda. Hampshire - Inglaterra);

• 5 Seringas Descartáveis Estéreis. Unijet 20ml. (Plascalp Feira de Santana,

Bahia - Brasil);

• Software Estatístico GMC 2002 - Prof. Dr. Geraldo Maia Campos (Faculdade

de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Ribeirão

Preto - São Paulo - Brasil).

(http://www.forp.usp.br/restauradora/gmc/gmc.html) e pelo

http://www.graphpad.com/quickcalcs.cfm;

• 1 Suporte para microtubos de 1,5ml. (Pleion, Barueri –São Paulo –Brasil);

• 1 Suporte para tubos Falcon de 50ml. (Pleion, Barueri –São Paulo –Brasil);

• 1Tryptic Soy Broth 500g. Casein-peptone soy meal-peptone broth for

microbiology. (Merck. KGaA - Alemanha);

52

• 5 Tubos de ensaio reforçado com tampa rosqueável 13x10mm. (Vidrolabor.

São Paulo, Brasil).

4.2 Equipamentos

a) agitador de tubos - modelo AP56. (Phoenix. Araraquara - São Paulo -

Brasil);

b) aparelho para Banho-Maria - modelo PC 620.(Corning - Laboratory Stirrer

- EUA);

c) balança Analítica Digital - modelo AX 200 (Shimadzu - Filipinas);

d) centrífuga 5415R. (Eppendorf, Hamburgo - Alemanha);

e) computador - modelo SATELITE A 70. (Toshiba - China);

f) congelador 260 L .( Bosch,Campinas - São Paulo - Brasil);

g) contador de Colônias Manual - modelo CP 608 (Phoenix, Araraquara - São

Paulo - Brasil);

h) estufa de Cultura, modelo TE 39211. (Tecnal, Piracicaba - São Paulo -

Brasil);

i) fluxo Laminar Horizontal, modelo PA100. (Pachane, Piracicaba - São

Paulo - Brasil);

j) micropipetas automáticas calibradas de 20, 1000 e 5000µl (Eppendorf -

Alemanha);

k) microscópio Eletrônico de Transmissão - Modelo JEOL 1200 EXII (80 kV),

Japão do Laboratório CEME ( Centro de Microscopia Eletrônica ) da

UNIFESP , São Paulo-Brasil;

l) refrigerador double DC 440.(Eletrolux ,Curitiba - Paraná - Brasil);

53

m) turbidímetro MicroScan Turbidity Meter® (Dade Behring Inc.,

Sacramento - Califórnia - EUA).

4.3 Métodos

Desta forma para a realização do experimento foram realizados os

seguintes ensaios: Teste Antibacteriano e a investigação pela Microscopia Eletrônica

de Transmissão, sendo assim este ensaio experimental seguiu a seguinte

seqüência:

4.3.1 Teste Antibacteriano

Para este Teste de Diluição em Caldo baseado nas Normas CLSI (Clinical

and Laboratory Standards Institute - USA), foram utilizadas cepas bacterianas de

Enterococcus faecalis (ATCC 29212) armazenadas no banco de microorganismos

do LEMC (Laboratório Especial de Microbiologia Clínica - Universidade Federal de

São Paulo - UNIFESP - São Paulo - Brasil).

A inoculação da ATCC 29212 foi em placa de Agar nutriente de Miller-

Hinton incubada por 18 à 24h, entre 35°C e 37ºC (figura 1). Após esta etapa,

prepararam-se as medicações intracanais testadas: o Hidróxido de Cálcio - Ca(OH)2

e o Iodofórmio - CHI3 (figura 2). Estas foram diluídas e calculadas numa elevada

concentração para o Teste de Sensibilidade, 64mg mL-1, baseado no trabalho de

Pallotta et al. (2007), uma vez que estas drogas rotineiramente são utilizadas na

Endodontia numa proporção de 5:1 (cinco porções de pó de hidróxido de cálcio ou

iodofórmio para uma de polietilenoglicol; Machado, 2007). As substâncias foram

54

diluídas em glicerina estéril (10 ml) de acordo com Pallotta (2001) e colocadas em

recipientes apropriados (Tubo do tipo Falcon).

Figura 1 - Placa de Ágar nutriente contendo cepas de E.faecalis (ATCC 29212).

Figura 2 - Frascos contendo 10g das medicações de hidróxido de

cálcio e iodofórmio utilizados neste trabalho.

Após este passo, tubos de ensaio plásticos (do tipo Falcon de 50ml) foram

identificados e inseridos 18 ml de caldo de cultura de BHI (Brain Heart Infusion) mais

2ml dos fármacos diluídos em cada um dos frascos que em seguida foram passados

no vórtex para a homogeneização das substâncias (figura 3). Logo em seguida,

55

foram adicionadas colônias de bactérias até se obter uma suspensão bacteriana a

0.5 da escala de McFarland (1 a 2 x108 UFC/ml ou 7 a 8,3 Log) sendo verificado em

Turbidímetro (figura 4).

Figura 3 - Suporte contendo Tubos Plásticos do tipo Falcon (50 mL) identificados

para cada amostra com caldo de cultura e medicação diluída.

Figura 4 - Verificação no Turbidímetro de uma amostra com meio de

cultura mais o medicamento diluído mostrando o valor na escala que corresponde a 0.5 na escala de McFarland.

56

Seguidamente, foram colhidos 100µl de cada amostra dos tubos

identificados e diluídos em 900µl de água destilada em um recipiente Eppendorf de

1,5ml sendo misturado em vórtex. Novamente, se retirava 100µl da amostra diluída,

repetindo os mesmos passos até a sexta diluição em frasco de Eppendorf (figura 5).

Quando desta última diluição, com uma micropipeta Eppendorf calibrada em 20 µl,

três amostras de todos os frascos foram retiradas e gotejadas em placas de Agar

nutriente identificadas (figura 6).

Figura 5 - Figura demonstrando uma Micropipeta Eppendorf (1000 µl) , suporte com frascos Eppendorf de 1,5 ml contendo água destilada para a realização da Contagem de colônias formadas por mL.

57

Figura 6 - Gotejamento de 20µl da amostra diluída do grupo do iodofórmio em placa de Petri com ágar nutriente.

Todo procedimento foi realizado em Fluxo Laminar para não haver

contaminação das amostras (figura 7) que após terem suas gotas secas, as placas

foram mantidas em estufa microbiológica (figura 8) a 37°C de 18 às 24h, quando

realizado a leitura da quantidade de colônias formadas (figura 9) em um contador de

colônias manual.

58

Figura 7 - Equipamento de Fluxo laminar, onde foi realizado o experimento.

Figura 8 - Estufa Microbiológica utilizada durante o experimento.

59

Figura 9 - Figura mostrando as colônias de E.faecalis formadas em placa de ágar nutriente após 18h em estufa microbiológica.

Este procedimento foi repetido nos seguintes intervalos: de 7, 14 e 21

dias, sendo submetidas a uma quantificação de colônias formadoras. O processo de

contagem das colônias formadas foi realizado em um contador de colônias manual,

através de uma lupa de aumento (1,5X), sendo contado as colônias formadas que

cresceram das três gotas de 20µl de cada amostra do experimento. O número total

de colônias formadas nas placas de Petri foi obtido através da seguinte maneira:

1. Calculou-se a média de colônia das três gotas.

2. O valor da média foi multiplicado por 50 (fator de equivalência da

amostra diluída) e 10 6 - Nº total = média x 50 x 10 6.

Este teste antimicrobiano foi realizado em três tempos distintos para se

confirmar e validar os dados obtidos (teste de reprodutibilidade). Ao término da

terceira etapa do teste antibacteriano, os dados obtidos foram transformados em

60

números logaritmos, inseridos numa tabela e colocados em gráficos para a análise

interpretativa dos resultados. Os valores foram submetidos à análise estatística ao

Teste Exato de Fisher (GMC 2002) e http://www.graphpad.com/quickcalcs/index.cfm,

fazendo comparações entre os dados e os tempos experimentais.

4.3.2 Microscopia Eletrônica de Transmissão

Quando o segundo tempo deste teste foi realizado, amostras foram

removidas para análises ultra-estruturais pela microscopia eletrônica de transmissão,

onde foram retiradas amostras de 5ml dos tubos identificados a serem fixadas de

acordo com a técnica empregada no CEME (Centro de Microscopia Eletrônica da

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP) - São Paulo - Brasil. Para a

realização desta etapa investigativa, foram colhidos 5mL de cada amostra (Grupo

Controle Positivo, Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio) da segunda repetição do teste

de sensibilidade e colocada num tubo de 10mL, juntamente com o material fixador.

As amostras foram preparadas da seguinte maneira:

Fixação do material decantado ou precipitado em uma solução de

glutaraldeído a 2,5% e formaldeído a 2% em tampão cacodilatado de sódio 0,1mol

(pH 7,2) por 2 horas à temperatura ambiente (25°C) e agitação constante.Em

seguida, as amostras foram lavadas 3 vezes em tampão cacodilatado de sódio

0,1mol (pH 7,2) (2 vezes por 20 min e 1 vez durante a noite) e pós-fixadas com uma

solução de tetróxido de ósmio a 1% e ferrocianeto de potássio 1,25% em tampão

cacodilatado de sódio 0,1mol (pH 7,2) por 15 min. Logo após, foram lavadas

novamente duas vezes por 10 min em tampão cacodilatado de sódio 0,1mol (pH 7,2).

Os espécimes foram desidratados gradualmente em etanol 70% e 90% uma vez por

20 min e 100% duas vezes por 15 min cada, e passados em óxido de propileno duas

61

vezes por 15 min cada. Após, infiltrados na resina, através da passagem por óxido

de propileno/resina Epon 1:2 por 2 horas, seguido de óxido de propileno/resina Epon

1:3 durante a noite (tampa aberta). Colocados em resina pura 2 vezes por 2 horas,

seguido de mais 2h em uma câmara de vácuo. Polimerizados por 48 h à

60°C.Coletados em lâmina os cortes semi-finos com espessura de 300 a 500nm e

corados em solução aquosa de azul de toluidina à 1%.

Os cortes ultrafinos, com espessura de 70 a 90 nm, foram contrastados em

solução aquosa de acetato de uranila saturada e citrato de chumbo.

As tomadas eletromicrográficas foram realizadas através de um

Microscópio Eletrônico de Transmissão à 80kV (figura 10). De posse das fotos

micrografias, as imagens foram analisadas morfologicamente, observando-se o

efeito das medicações sobre as bactérias comparando-se com o grupo controle e se

baseando no trabalho de Castillo et al. (2006).

Figura 10 - Microscópio Eletrônico de Transmissão do Laboratório

CEME (Centro de Microscopia Eletrônica) da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo-Brasil.

62

5 RESUTADOS

Para uma melhor compreensão, os resultados deste trabalho foram

posicionados em relação as suas respectivas metodologias, assim sendo:

5.1 Teste Antibacteriano

Os valores individuais dos três tempos distintos (Teste de

reprodutibilidade) referente ao crescimento de culturas nos meios utilizados se

encontram expressas nas tabelas do Anexo A. Isto posto, para uma melhor

compreensão os valores sofreram o seguinte tratamento: cada valor individual foi

transformado em número logaritmo (Anexo B), e os valores médios com seus

respectivos desvios padrão foram obtidos e inseridos na tabela 1 e gráfico1.

Tabela 1 - Valores médios em número logaritmo com desvio padrão dos grupos em função dos tempos experimentais. (* Log 0 = 1).

IODOFÓRMIO CA(OH)2 CONTROLE POSITIVO CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 9.88 ±0.19 9.69 ±0.53 9.76 ±0.13 -

7 DIAS 8.99 ±1.43 9.19 ±0.46 9.65 ±0.15 -

14 DIAS 1* ±0 1* ±0 8.58 ±0.08 -

21 DIAS 1* ±0 1* ±0 7.37 ±0.11 -

63

Pode-se notar uma diminuição do número de colônias formadas de

E.faecalis em função dos tempos experimentais, principalmente havendo uma queda

brusca da formação de colônias bacterianas entre 7 e 14 dias para os grupos das

medicações empregadas de Iodofórmio e Hidróxido de Cálcio. Quanto ao Grupo

Controle Negativo, nenhuma amostra de meio de cultura se apresentou contaminada

durante a realização deste experimento.

1

10

0d 7d 14d 21d

log

UFC Controle+

CHI3Ca(OH)2

Gráfico 1 - A ação das medicações sobre o E.faecalis em relação aos tempos experimentais.

Para uma melhor interpretação dos resultados foi realizado o tratamento

estatístico, neste particular os cálculos que compõem as diferentes fases deste

procedimento estão contidos no Anexo F. Quando concluído o procedimento

matemático, pode-se posicionar seus valores constituindo assim a tabela 2.

64

Tabela 2 - Resultado do Teste Exato de Fisher, associando-se os grupos de Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio com o controle positivo e entre si, nos diferentes tempos experimentais

Da sua interpretação pode-se dizer que o Hidróxido de Cálcio e o

Iodofórmio eliminaram o E.faecalis entre 7 e 14 dias (p=0, 0976, * α = 0.05), não

havendo diferença estatística significante entre as medicações e em todos os

tempos experimentais (p=1).

5.2 Análise pela Microscopia Eletrônica de Transmissão

De posse das imagens das amostras, foi realizada a análise morfológica

em relação ao grupo controle. Para melhorar entendimento, foi montado um gabarito

mostrando as estruturas morfológicas normais (Grupo Controle) de um E.faecalis,

para ser comparado com as alterações das estruturas morfológicas que as

medicações causam nesta bactéria (Grupo Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio).

Grupo Controle Positivo: Fotomicroscopia Eletrônica de Transmissão.

Barras de 0,2 µm. Observa-se uma célula bacteriana de Enterococcus faecalis, após

7 dias de incubação em meio de cultura BHI, apresentando parede celular bacteriana

CHI3/C+ CA(OH)2/C+ CHI3/ CA(OH)2

7 DIAS p=1 p=1 p=1

14 DIAS p=0,0976* p=0,0976* p=1

21 DIAS p=1 p=1 p=1

65

íntegra, delimitada e espessa contendo em seu interior material protéico

citoplasmático distribuído de maneira uniforme e organizado (figura 11).

1

2

1

2

1

2

Figura 11 - E.faecalis após 7 dias de Incubação (Grupo Controle), onde se destaca a organização e uniformidade do material citoplasmático (1) assim como a integridade da parede celular (2).

Grupo CHI3 (Iodofórmio): Fotomicroscopia Eletrônica de Transmissão.

Barras de 0,5µm e 0,2 µm. Observa-se uma célula bacteriana de Enterococcus

faecalis, após 7 dias de incubação em meio de cultura BHI mais Iodofórmio. As

células bacterianas demonstraram-se com seu material citoplasmático

desorganizado e irregular, contendo a formação de vesículas em seu interior e

quando aderidas à parede celular extracelularmente, há uma alteração da

integridade da parede (figura 12). Em algumas células, nota-se a exteriorização do

material intracitoplasmático através de vesículas e rompimento da membrana celular

(figura 13).

66

1

2

3

2

1

1

2

3

2

1

Figura 12 - Imagens mostrando as formações vesiculares, intracelular com desorganização do material citoplasmático (1) e extracelular (2) e alteração da parede celular (3).

67

12

2

3

3

12

2

3

3

Figura 13 - Imagem mostrando a exteriorização do material intracitoplasmático através de vesículas (1), desorganização citoplasmática (2) e rompimento da membrana celular (3).

Grupo Ca(OH)2 (Hidróxido de Cálcio): Fotomicroscopia Eletrônica de

Transmissão.Barras de 0,5µm, 0,2 µm e 1 µm. Observa-se uma célula bacteriana de

Enterococcus faecalis, após 7 dias de incubação em meio de cultura BHI mais

Hidróxido de Cálcio P.a. Neste grupo, observam-se alterações citoplasmáticas com

áreas mais densas e formações de vesículas bem nítidas, formações de vesículas

externas contendo material citoplasmático e exteriorização deste material (figura 14).

Essas vesículas extracelulares apresentam-se com comunicação à parede

bacteriana havendo uma alteração desta região e exteriorização de material

68

citoplasmático (figura 15). Algumas células bacterianas apresentaram-se em

processo de bacteriólise (figura 16).

1

1

1

1

2

2

2

1

1

1

1

2

2

2

Figura 14 - E.faecalis após 7 dias de contato com Ca(OH)2. Observar células com alterações citoplasmáticas (1) e áreas densas (2) nas suas diversas fases fisiológicas.

69

1

2

2

23

1

2

2

23

Figura 15 - Imagem mostrando a exteriorização de material citoplasmático (1), alteração na

densidade da parede bacteriana (2) e formação de vesículas extracelulares.

70

1

2

2

2

1

2

2

2

Figura 16 - Imagem mostrando o E.faecalis em processo de bacteriólise (1) e alteração citoplasmáticas com regiões densas (2).

71

6 DISCUSSÃO

A utilização de medicações de uso intracanal tornou-se indispensável na

terapia endodôntica por complementar a ação desinfetante do preparo químico

cirúrgico do sistema de canais radiculares que com uma característica anatômica

peculiar, pode se tornar um fator importante para a sobrevivência de

microorganismos, uma vez que os instrumentos endodônticos e as substâncias

químicas não atingiram determinadas regiões para eliminar esses agentes

patógenos, resultando deste modo num processo infeccioso, cuja persistência irá

permitir a manutenção de um evento inflamatório crônico. Quando o hospedeiro por

algum motivo apresentar uma queda no seu quadro imunológico, essas infecções

podem se expandir e em alguns casos até reagudizar. Por este motivo, numa

reintervenção endodôntica deve-se utilizar medicações cuja permanência promoverá

uma difusibilidade dos fármacos atuando nos túbulos dentinários alcançando até a

superfície radicular externa, atuando em alguns casos no biofilme apical (Machado,

2007).

Os microorganismos são agentes agressores graças não só aos seus

componentes morfológicos como também quando da liberação de seus subprodutos.

Sua localização está vinculada, em endodontia, ao sistema de canais radiculares em

um ecossistema equilibrado entre as diferentes espécies (Nair, 1987; Fukushima et

al., 1990; Sundqvist, 1992). Esta harmonia simbiótica faz com que se mantenha a

diversidade da microflora numa cadeia interdependente (Sundqvist, 1992).

Um dos microorganismos que estão mais presentes em lesões periapicais

crônicas persistentes é o Enteroccocus faecalis (Fukushima et al., 1990; Gomes et

al., 1994; Molander et al., 1998; Peciuliene et al., 2001; Sunde et al., 2002; Pinheiro

72

et al., 2003; Rôças et al., 2004) cuja virulência e afinidade ao tecido colágeno, o

habilita a resistir e sobreviver em meios diferentes (Jett et al., 1994), favorecendo a

união ao tecido colágeno com pH elevados (Kayaoglu et al., 2005) e sobreviver por

quatro semanas até 12 meses em canais radiculares obturados e sem fatores

nutricionais (Sedgley et al., 2005). Por estas razões, que este microorganismo vem

sendo utilizado em várias pesquisas (Siqueira Júnior et al., 1998; Haapasalo et al.,

2000; Pallotta, 2001; Han et al., 2001; Portenier et al., 2001; Behnen et al., 2001;

Sukawat et al., 2002; Almyroudi et al., 2002; Gomes et al., 2002; Evans et al., 2002;

Portenier et al., 2002; Distel et al., 2002; Gomes et al., 2002; Weiger et al., 2002;

Gomes et al., 2003; Lynne et al., 2003; Haenni et al., 2003; McHugh et al., 2004;

Menezes et al., 2004; Sirén et al., 2004; Baker et al., 2004; Pinheiro et al., 2004;

Cwikla et al., 2005; Schäfer et al., 2005; Kayaoglu et al., 2005; Vivacqua-Gomes et

al., 2005; Sedgley et al., 2005; Portenier et al., 2005; Zarella et al., 2005; Gomes et

al., 2006; Pallotta et al., 2007) e foi eleito para este trabalho a fim de esclarecer a

ação do Hidróxido de Cálcio e do Iodofórmio sobre ele.

Dentre as medicações intracanais utilizadas em Endodontia como curativo

de demora, o Hidróxido de Cálcio tem sido empregado em função de suas

propriedades de acordo com a literatura. Entre elas podemos citar: a ação

antimicrobiana (Stuart et al., 1991; Sjögren et al., 1991; Han et al., 2001; Behnen et

al., 2001; Gomes et al., 2002; Haenni et al., 2003; Lynne et al., 2003; Cwikla et al.,

2005; Sathorn et al., 2007), pH alcalino (Siqueira, Lopes, 1999; Han et al., 2001;

Behnen et al., 2001; Sukawat, Srisuwan, 2002; Evans et al., 2002; Gomes et al.,

2002; Haenni et al., 2003; Cwikla et al., 2005), poder de difusão pela dentina (Robert

et al., 2005) e detoxificador de LPS bacteriano (Safavi, Nichols, 1994). Mas por outro

lado, ela apresenta algumas desvantagens quando em contato tecidual podendo

73

retardar o processo cicatricial (Pallotta, 2003) e ser inativada pelos componentes

orgânicos e inorgânicos da dentina (Haapasalo et al., 2000; Portenier et al., 2001;

Portenier et al., 2002). Desta maneira, devemos lançar mãos da utilização de uma

medicação intracanal que possua uma ação antimicrobiana mais efetiva como é o

caso do Iodofórmio.

Todavia, o emprego do Iodofórmio vem crescendo à medida que novos

trabalhos têm sido realizados a fim de esclarecer seu sucesso clínico que por muito

tempo obteve êxito em seus resultados e que depois, foi deixado de lado devido ao

seu uso empírico (Aydos, Milano, 1984). O Iodofórmio é um composto com 95,87%

de Iodo que é liberado em meios ácidos, escuros, fechados e úmidos de maneira

gradativa exercendo suas vantajosas propriedades na Endodontia como:

antimicrobianas segundo (Pallotta, 2001; Ferreira et al., 2002; Breder, 2003; Pallotta

et al., 2007), modulador do processo de reparação tecidual (Daniel, 2001; Gomes,

2003; Pallotta, 2003) e possue difusibilidade pelos túbulos dentinários (Franco, 2005;

Gentil, 2007). Quanto a sua alta citotoxidade (Daniel, 1998) pode ser aceitável por

causar uma migração macrofágica estimulando o processo de reparo mais rápido

que o Hidróxido de Cálcio (Pallotta, 2003). Perante as propriedades de ambos os

fármacos expostos e pela ação antibacteriana, justifica-se desta maneira a utilização

destas medicações neste experimento, principalmente no que tange aos danos que

estas medicações causam nas estruturas morfológicas do E.faecalis, comprovados

pela Microscopia Eletrônica de Transmissão.

Quanto à metodologia aplicada nesta pesquisa, o Teste Antimicrobiano do

Método de Diluição em Caldo foi eleito para se observar à ação bactericida destas

medicações sobre o E.faecalis estando de acordo com os seguintes autores: Pallotta

(2001); Cwikla et al. (2005); Trabulsi & Alterthum (2005) e as Normas do CLSI

74

(Clinical and Laboratory Standards Institute - USA). Dentro da metodologia utilizada

na pesquisa, alguns aspectos se tornam de importância significativa como: o não

adicionamento de novo meio de cultura a cada 48 h, a utilização de um grupo

controle positivo para averiguar o comportamento da viabilidade bacteriana num

mesmo meio de cultura até o último tempo experimental utilizado e de um grupo

controle negativo para confirmar a utilização de um meio de cultura que não

estivesse contaminado. O não adicionamento do novo meio de cultura, deve-se ao

fato da manutenção da concentração e diluição das medicações testadas até o

último tempo experimental. Pode-se ressaltar que para a realização deste

procedimento, realizou-se um teste piloto com meio de culturas diferentes utilizando

cepas de E.faecalis (ATCC 29212) num período de 28 dias, e tendo a sua

viabilidade confirmada em todos os meios de cultura testados, não ocorrendo morte

bacteriana por falta de nutrientes. Em testes antimicrobianos e de acordo com as

normas da CLSI, o período experimental para os métodos de macro e micro diluição

em caldo, não ultrapassa à 48hs.

Em relação à diluição das medicações, estas foram diluídas em glicerina

estéril numa elevada concentração para o Teste de Sensibilidade - 64 mg mL-1 e

baseado no achados de Pallotta et al. (2007), cuja MIC para eliminar o E.faecalis foi

de 32 mg mL-1 para o Iodofórmio e de 16 mg mL-1 para o Hidróxido de Cálcio, pois

como estas drogas são utilizadas na Endodontia numa proporção de 5:1 (cinco

porções de pó de Hidróxido de Cálcio ou Iodofórmio para uma de polietilenoglicol)

numa consistência de pasta (Machado, 2007), optou-se por uma concentração mais

elevada, já que clinicamente não se realiza uma diluição quando do emprego clínico

do Iodofórmio, obtendo desta maneira um sucesso significativo.

Para a análise quantitativa em plaqueamento, utilizou-se a contagem de

75

unidades formadoras de colônias (UFC) como nos experimentos realizados por

Stuart et al. (1991); Sjögren et al. (1991); Haapasalo et al. (2000); Portenier et al.,

(2001); Behnen et al. (2001); Portenier et al. (2002); Almyroudi et al. (2002); Lynne et

al. (2003); Cwikla et al. (2005); Schafer et al. (2005) e pelas normas do CLSI.

Este experimento foi repetido por mais duas vezes em momentos

distintos, pois desta maneira pôde-se verificar o comportamento idêntico das

medicações sobre as bactérias nestes três tempos distintos, e como confirmados

pela análise estatística (Anexos C, D e E). A transformação dos resultados em

valores logaritmos é um procedimento matemático padrão para permitir o tratamento

estatístico, bem como a interpretação de valores existentes nas unidades individuais

e nos grupos comparados.

Para a análise estatística, foi utilizado o Teste Exato de Fisher, a fim de

compararem dados amostrais de dois grupos distintos formando uma tabela de

contingência de 2X2. Por este motivo e de acordo com a filosofia do teste, que se

justifica seu emprego como no estudo de Wendt et al. (1998). Este cálculo de

probabilidades resulta no valor de P (variando de 0 a 1), pois a hipótese

experimental será verdadeira quando o valor de P for próximo ou igual à zero, caso

contrário à hipótese nula será verdadeira por apresentar um valor de P próximo ou

igual a 1.

Em relação ao tempo experimental, este foi desenvolvido de acordo com

o emprego clínico das medicações, pois medicações a base de iodofórmio precisam

de um período maior que os testes antimicrobianos são realizados (48 h) para que

ocorra a liberação e a ação do iodo sobre os microorganismos. Deste modo explica-

se o insucesso do iodofórmio sobre microorganismos como no trabalho de Siqueira

Júnior et al. (1997). Já que clinicamente seu sucesso é demonstrado por Machado

76

(2007) e demais trabalhos (Pallotta, 2001; Ferreira et al., 2002; Breder, 2003;

Gomes, 2004; Pallotta et al., 2007).

Neste experimento, as medicações testadas diminuíram a quantidade de

unidades formadoras de colônias (UFC) em função dos tempos experimentais,

evidenciando a queda brusca entre 7 e 14 dias, pela ação dos fármacos causando

danos às estruturas bacterianas, não havendo viabilidade a partir deste e

comprovada sua ação bactericida no 21º dia. Quanto ao grupo controle positivo,

nota-se um decréscimo em função dos tempos experimentais. Todo este decréscimo

pode ser analisado e comparado com o grupo controle positivo, no gráfico 1. Este

resultado tem dados semelhantes com os trabalhos de (Sjögren et al., 1991; Siqueira

Júnior, Uzeda, 1996; Han et al., 2001; Sukawat, Srisuwan, 2002; Almyroudi et al.,

2002; Gomes et al., 2003; Menezes et al., 2004; Síren et al., 2004; Zarella et al.,

2005; Cwikla et al., 2005) por mostrarem uma ação bactericida entre 7 e 14 dias.

Pode-se notar uma semelhança com estudos in vivo de Sathorn et al. (2007) quando

empregado hidróxido de cálcio de 7 a 30 dias, tempo este em que mostrou a

redução de microorganismos do sistema de canais radiculares. Por outro lado,

trabalhos como os de Stuart et al. (1991); Siqueira Júniro et al. (1997); Gomes et al.

(2002); Lynne et al. (2003); Baker et al. (2004); Schäfer et al. (2005) e Gomes et al.

(2006) apresentaram uma ação antimicrobiana reduzida da pasta de Hidróxido de

Cálcio sobre diversos microorganismos por terem sido realizado em tempos

experimentais bem menores (de 10 min a 48 h) devido à metodologia empregada.

Desse modo, pode-se dizer a atividade antibacteriana conseguida através do tempo

experimental deste trabalho teve o mesmo comportamento que aquelas obtidas em

estudos clínicos e observadas clinicamente quando se usa um curativo de demora

entre 7 a 14 dias.

77

Outro fator observado na literatura em função do tempo experimental em

trabalhos realizados in vitro foi à influência do tipo de veículos sobre a ação

antimicrobiana das pastas (Siqueira Júnior, Uzeda, 1998; Safavi, Nakayama, 2000;

Behnen et al., 2001; Gomes et al., 2002). Pois veículos aquosos como soro

fisiológico, água destilada e solução anestésica promovem uma ação antimicrobiana

das medicações de uma maneira mais rápida devida sua capacidade de absorção e

baixa tensão superficial, enquanto que em veículos oleosos como polietileno glicol,

glicerina, carbowax e óleo de silicone, a ação torna-se mais lenta pelo alto peso

molecular e tensão superficial.

Em relação à metodologia pela Microscopia Eletrônica de Transmissão,

para que esta análise fosse realizada, houve a necessidade de ser realizado um

teste piloto com meios de cultura e corantes cujos melhores resultados foram obtidos

com o meio de cultura BHI e o corante a base de cianeto de ferro. Esta análise

somente foi realizada no período de sete dias pelos seguintes motivos: no início

(primeiro tempo experimental) não seria possível notar alterações estruturais no E.

faecalis por não haver tempo suficiente de a droga reagir com a bactéria, este fato

foi ocorrido e visto aos sete dias quando se notou alterações morfológicas. Desta

maneira, as bactérias cresceram no meio de cultura juntamente com o fármaco

diluído, podendo observar estes microorganismos alterados em diferentes fases

fisiológicas. Nos tempos experimentais de 14 e 21 dias, estas não foram analisadas

por não haver viabilidade.

A Microscopia Eletrônica de Transmissão é um método que gera imagens

de alta precisão, utilizado nas ciências biológicas para estudos morfológicos

celulares, entretanto seu emprego pode se estender à investigação clínica de certas

patologias, demonstrarem a ocorrência de certos fenômenos e entender certos

78

mecanismos celulares quando associado aos outros métodos. Os resultados da

Microscopia Eletrônica de Transmissão foram realizados com base entre

comparações das alterações estruturais causadas pelas medicações testadas com

as estruturas das bactérias do grupo controle positivo e descrições baseadas nos

trabalhos de Dorn et al. (2002) e Castillo et al., (2006).

Devemos ressaltar ainda que a ação antibacteriana do Hidróxido de

Cálcio e do Iodofórmio foi confirmada neste experimento de acordo com a

metodologia empregada e com outros trabalhos (Sjögren et al., 1991; Siqueira Jr &

Uzeda, 1996; Han et al., 2001; Sukawat & Srisuwan, 2002; Almyroudi et al., 2002;

Gomes et al., 2003; Menezes et al., 2004; Sirén et al., 2004; Zarella et al., 2005;

Cwikla et al., 2005; Sathorn et al., 2007), pois alguns trabalhos (Haapasalo et al.,

2000; Portenier et al., 2001; Portenier et al., 2002) mostram a inativação de

determinados medicamentos na presença de componentes dentinários. Entretanto,

resultados opostos de trabalhos realizados in vitro e in vivo (já descritos acima),

comprovaram a ação antimicrobiana quando realizados em dentina. Deste modo,

este trabalho comprova a ação antibacteriana dos medicamentos testados sobre o

E.faecalis, tornando-se uma justificativa fundamentada para o uso clínico de ambas

as medicações intracanais.

Assim sendo, o universo metodológico permite a realização de novos

experimentos a fim de elucidar estas divergências existentes na comunidade

científica, eliminando tabus e o empirismo clínico.

79

7 CONCLUSÃO

Sob a metodologia empregada e frente aos resultados obtidos, é lícito

concluir que:

O Hidróxido de Cálcio e Iodofórmio eliminam o E.faecalis num período

entre 7 a 14 dias, não havendo viabilidade celular entre 14 a 21 dias, e causam

alterações morfológicas irreversíveis levando a bacteriólise do E.faecalis quando em

contato com as mesmas, sendo observadas no sétimo dia.

80

REFERÊNCIAS1

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85

ANEXO A – Resultados do Teste Antimicrobiano

Tabelas com os valores expressos em Unidades Formadoras de Colônias

por ml (UFC/ml) dos três tempos experimentais realizado neste estudo.

1º TEMPO IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 9.1X109 5.4X109 6.3X109 -

7 DIAS 7.8X109 2.5X109 6.8X109 -

14 DIAS - - 4.7X108 -

21 DIAS - - 2X107 -

2º TEMPO IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 1.1X1010 1.4X109 4.1X109 -

7 DIAS 5.9X109 3.7X109 3.8X109 -

14 DIAS - - 3.2X108 -

21 DIAS - - 3.2X107 -

86

3º TEMPO IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 4.6X109 1.6X1010 7.7X109 -

7 DIAS 2.2X107 4.7X108 3.6X109 -

14 DIAS - - 3.8X108 -

21 DIAS - - 2.1X107 -

87

ANEXO B - Valores em Log do Teste Antimicrobiano

Tabelas com a transformação dos dados dos três tempos experimentais

em escala logarítmica - Log UFC.

1º TEMPO IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 9.95 9.73 9.79 -

7 DIAS 9.89 9.35 9.83 -

14 DIAS 1* 1* 8.67 -

21 DIAS 1* 1* 7.30 -

2º TEMPO IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 10.04 9.14 9.61 -

7 DIAS 9.77 9.56 9.57 -

14 DIAS 1* 1* 8.51 -

21 DIAS 1* 1* 7.51 -

88

OBS.: * O valor correspondente seria 0, porém Log 0=1. Quanto ao grupo controle negativo,

somente foi verificado se havia contaminação ou não. Não havendo contaminação em

nenhuma amostra.

3º TEMPO IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

CONTROLE NEGATIVO

INICIAL 9.66 10.20 9.88 -

7 DIAS 7.34 8.67 9.55 -

14 DIAS 1* 1* 8.58 -

21 DIAS 1* 1* 7.32 -

89

ANEXO C - Resultado do Teste Estatístico para o Grupo Controle Positivo

Tabela e quadros mostrando o resultado do Grupo Controle Positivo

realizado pelo Teste Exato de Fisher para a verificação semelhante dos três tempos

experimentais através do Graphpad Software (2005).

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+ 2T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 10 20 Grupo 2 10 10 20

Total 20 20 40 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000

A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+ 2T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 10 20 Grupo 2 10 10 20

Total 20 20 40 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000

A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

1T/2T 2T/3T 1T/3T

7 DIAS p=1 p=1 p=1

14 DIAS p=1 p=1 p=1

21 DIAS p=1 p=1 p=1

90

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+1T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 10 20 Grupo 2 10 10 20

Total 20 20 40 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000

A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+1T/2T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 9 19

Total 20 18 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+2T/3T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 9 19

Total 20 18 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000

A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

91

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+1T/3T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 9 19

Total 20 18 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+1T/2T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 7 16 Grupo 2 9 7 16

Total 18 14 32 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000

A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+2T/3T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 7 16 Grupo 2 9 7 16

Total 18 14 32 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - C+1T/3T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 7 16 Grupo 2 9 7 16

Total 18 14 32 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

92

ANEXO D - Resultado do Teste estatístico para o Grupo do Iodofórmio

Tabela e quadros mostrando o resultado do Grupo Iodofórmio (CHI3 )

realizado pelo Teste Exato de Fisher para a verificação semelhante dos três tempos

experimentais através do Graphpad Software (2005).

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 1T/2T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 10 20 Grupo 2 10 10 20

Total 20 20 40 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

1T/2T 2T/3T 1T/3T

7 DIAS p=1 p=0.74 p=0.74

14 DIAS p=1 p=1 p=1

21 DIAS p=1 p=1 p=1

93

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 2T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 10 20 Grupo 2 10 7 17

Total 20 17 37 Teste Exato de Fisher Os dois valores de P são iguais a 0.7433 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 1T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 10 20 Grupo 2 10 7 17

Total 20 17 37 Teste Exato de Fisher Os dois valores de P são iguais a 0.7433 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 1T/2T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 1 11 Grupo 2 10 1 11

Total 20 2 22 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

94

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 2T/3T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 1 11 Grupo 2 7 1 8

Total 17 2 19 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 1T/3T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 1 11 Grupo 2 7 1 8

Total 17 2 19 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 1T/3T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

95

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 2T/3T 21 D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 1T/3T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

96

ANEXO E Resultado do Teste Estatístico para o Grupo do Hidróxido de Cálcio

Tabela e quadros mostrando o resultado do Grupo Hidróxido de Cálcio -

Ca(OH)2 realizado pelo Teste Exato de Fisher para a verificação semelhante dos três

tempos experimentais através do Graphpad Software (2005).

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 1T/2T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 9 10 19

Total 19 19 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

1T/2T 2T/3T 1T/3T

7 DIAS p=1 p=1 p=1

14 DIAS p=1 p=1 p=1

21 DIAS p=1 p=1 p=1

97

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 2T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 10 19 Grupo 2 10 9 19

Total 19 19 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 1T/3T 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 9 19

Total 20 18 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 1T/2T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 1 10 Grupo 2 10 1 11

Total 19 2 21 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

98

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 2T/3T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 1 11 Grupo 2 9 1 10

Total 19 2 21 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 1T/3T 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 1 10 Grupo 2 9 1 10

Total 18 2 20 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 1T/3T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

99

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 2T/3T 21 D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2 1T/3T 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

100

ANEXO F - Resultado do Teste Estatístico entre os Grupos investigados

Tabela demonstrando os valores médios de cada grupo transformados em

número logaritmo e arredondados para ser realizado o Teste Exato de Fisher.

Quadros dos resultados do teste estatístico, quando comparado os

grupos entre si.

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3XC+ 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 10 20

Total 20 19 39 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

IODOFÓRMIO Ca(OH)2 CONTROLE POSITIVO

INICIAL 10 10 10

7 DIAS 9 9 10

14 DIAS 1 1 9

21 DIAS 1 1 7

101

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3XC+ 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 1 10 Grupo 2 10 9 19

Total 19 10 29 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 0.0976 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a ser estatisticamente significante.

╔═══════════════════════════════════════════════════╗ ║ CHI3 X C+ - 14d ║ ╠═══════════════════════════════════════════════════╣ ║ ║ ║ Tabela de contingência dos dados amostrais: ║ ║ ------------------------------------------ ║ ║ 9 1 │ 10 ║ ║ 10 9 │ 19 ║ ║ --------------------- ║ ║ 19 10 │ 29 ║ ║ ------------------------------------------ ║ ╚═══════════════════════════════════════════════════╝

╔═══════════════════════════════════════════════════╗ ║ Resultados do Teste Exato de Fisher - CHI3XC+ 14d ║ ╠═══════════════════════════════════════════════════╣ ║ Probabilidade parcial ( 0 ) : 0.3334 % ║ ║ Probabilidade parcial ( 1 ) : 3.0010 % ║ ║ ------------------------------------------------- ║ ║ Probabilidade total (de H0) : 3.3344 % ║ ║ ------------------------------------------------- ║ ║ Significante ao nível de 5 % (α = 0,05) ║ ║ ║ ╚═════════════════════════════════ ══╝

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3XC+ 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 9 7 16

Total 10 8 18 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

102

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2XC+ 7D

Resultado 1 Resultado 2 Total Grupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 10 20

Total 20 19 39 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2XC+ 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 1 10 Grupo 2 10 9 19

Total 19 10 29 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 0.0976 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a ser estatisticamente significante.

╔═══════════════════════════════════════════════════╗ ║ Ca(OH)2 X C+ - 14d ║ ╠═══════════════════════════════════════════════════╣ ║ ║ ║ Tabela de contingência dos dados amostrais: ║ ║ ------------------------------------------ ║ ║ 9 1 │ 10 ║ ║ 10 9 │ 19 ║ ║ --------------------- ║ ║ 19 10 │ 29 ║ ║ ------------------------------------------ ║ ╚═══════════════════════════════════════════════════╝

╔═══════════════════════════════════════════════════╗ ║ Resultados do Teste Exato de Fisher –Ca(OH)2XC+14d║ ╠═══════════════════════════════════════════════════╣ ║ Probabilidade parcial ( 0 ) : 0.3334 % ║ ║ Probabilidade parcial ( 1 ) : 3.0010 % ║ ║ ------------------------------------------------- ║ ║ Probabilidade total (de H0) : 3.3344 % ║ ║ ------------------------------------------------- ║ ║ Significante ao nível de 5 % (α = 0,05) ║ ║ ║ ╚═══════════════════════════════════════════════════╝

103

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CA(OH)2XC+ 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 9 7 16

Total 10 8 18 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 X CA(OH)2 7D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 10 9 19 Grupo 2 10 9 19

Total 20 18 38 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante. ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 X CA(OH)2 14D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 9 1 10 Grupo 2 9 1 10

Total 18 2 20 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.

ANÁLISE DE UMA TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 - CHI3 X CA(OH)2 21D

Resultado 1 Resultado 2 TotalGrupo 1 1 1 2 Grupo 2 1 1 2

Total 2 2 4 Teste Exato de Fisher

Os dois valores de P são iguais a 1.0000 A associação entre linhas (grupos) e colunas (resultados) é considerada a não ser estatisticamente significante.