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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
MESTRADO EM ORTODONTIA
AVALIAÇÃO DA PRECISÃO NO PARALELISMO DAS
PAREDES DAS CANALETAS DOS BRAQUETES DOS
INCISIVOS DA TÉCNICA DE ROTH
VIVIANE CHAVES DE ALMEIDA
São Paulo
2012
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
MESTRADO EM ORTODONTIA
AVALIAÇÃO DA PRECISÃO NO PARALELISMO DAS
PAREDES DAS CANALETAS DOS BRAQUETES DOS
INCISIVOS DA TÉCNICA DE ROTH
VIVIANE CHAVES DE ALMEIDA
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade Cidade de
São Paulo (UNICID) como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Ortodontia.
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho
São Paulo
2012
Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID
A447a
Almeida, Viviane Chaves de. Avaliação da precisão no paralelismo das paredes das canaletas dos braquetes dos incisivos da técnica de Roth. / Viviane Chaves de Almeida. --- São Paulo, 2012. 129 p., anexos. Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho. 1. Braquetes ortodônticos. 2. Torque. 3. Incisivo. 4. Ortodontia. I. Carvalho, Paulo Eduardo Guedes, orient. II. Título. BLACK D41
FOLHA DE APROVAÇÃO
Almeida, V C. de. Avaliação da precisão no paralelismo das paredes das canaletas dos braquetes dos incisivos da técnica de Roth. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo (SP): Universidade Cidade de São Paulo; 2011.
São Paulo, 06 / 12 / 2011.
Banca Examinadora
1) Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho Julgamento:............................................. Assinatura:.............................................
2) Profa. Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás Scocate Julgamento:............................................. Assinatura:.............................................
3) Prof. Dra. Renata Castro Julgamento:............................................. Assinatura:............................................. Resultado:.....................................................................................................................
DEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIA
Agradeço a DAgradeço a DAgradeço a DAgradeço a DEUSEUSEUSEUS Por ter me concedido uma vida maravilhosa e uma família tão especial. Hoje,
mais do nunca, compreendo a existência de uma força maior... Sei que essa força me ajudou a seguir por este caminho que chegou ao fim... Sei também que será essa mesma força que me fará seguir sempre em frente por qualquer
caminho!
Aos meus queridos paisAos meus queridos paisAos meus queridos paisAos meus queridos pais Jario LucioJario LucioJario LucioJario Lucio e ClautidesClautidesClautidesClautides, por revestirem minha existência de amor, carinho e
dedicação. Por cultivarem na minha infância todos os valores que me transformaram em uma adulta responsável e consciente. Neste dia especial,
ofereço a vocês a minha vitória... Vocês que tanto confiaram nos meus passos, oferecendo-me crédito para acertar e errar. Vocês que souberam me acolher quando a tarefa se mostrava árdua, impulsionando-me a superar os
obstáculos. A vocês exemplo de vida e força, agradeço a possibilidade da realização de mais um sonho.
Ao meu querido irmãoAo meu querido irmãoAo meu querido irmãoAo meu querido irmão ViniciusViniciusViniciusVinicius e a minha cunhada LucianaLucianaLucianaLuciana. Valiosos presentes de DEUS. Agradeço-
lhes pelo apoio, incentivo e amizade. Muito obrigada por vocês fazerem parte também da realização deste objetivo e estarem sempre presentes em todos os
momentos da minha vida.
Ao meu querido nAo meu querido nAo meu querido nAo meu querido noivooivooivooivo AlanAlanAlanAlan agradeço pelo carinho, paciência, cumplicidade, e por ser esta pessoa maravilhosa que eu tanto respeito e admiro. Sua presença e ajuda foram
fundamentais para a realização deste trabalho e o nosso amor é o que me impulsiona a ter novos sonhos...
AGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTOAGRADECIMENTO ESPECIALESPECIALESPECIALESPECIAL
Ao mestre Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes CarvalhoProf. Dr. Paulo Eduardo Guedes CarvalhoProf. Dr. Paulo Eduardo Guedes CarvalhoProf. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho, meu orientador, pelos ensinamentos, paciência e colaboração, tornando possível a realização deste
trabalho, o meu sincero agradecimento e a minha mais profunda admiração e respeito.
AAAAGRADECIMENTOSGRADECIMENTOSGRADECIMENTOSGRADECIMENTOS
“Os sonhos não determinam o lugar onde vocês vão chegar, mas produzem a força necessária para tirá-los do lugar em que vocês estão. Sonhem com as
estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua. Sonhem com a Lua para que vocês possam pisar pelo menos nos altos montes. Sonhem com os altos montes para que vocês possam ter dignidade quando atravessarem os
vales das perdas e das frustrações. Bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática
você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar.”
Augusto Cury
Muito obrigada por sonharem comigo, me ajudando a transformar esse sonho em realidade.
Aos professores do curso de mestrado da Universidade Cidade de São Paulo,
Dr. AcáDr. AcáDr. AcáDr. Acáccccio Fuziyio Fuziyio Fuziyio Fuziy, DrDrDrDraaaa. A. A. A. Ana Carla Raphaelli Nahásna Carla Raphaelli Nahásna Carla Raphaelli Nahásna Carla Raphaelli Nahás---- ScocateScocateScocateScocate, Dr. Danilo Dr. Danilo Dr. Danilo Dr. Danilo Furquim SiqueiraFurquim SiqueiraFurquim SiqueiraFurquim Siqueira, Dr. Hélio Scavone JúniorDr. Hélio Scavone JúniorDr. Hélio Scavone JúniorDr. Hélio Scavone Júnior, Dra. Karyna Martins do ValleDra. Karyna Martins do ValleDra. Karyna Martins do ValleDra. Karyna Martins do Valle----
CorottiCorottiCorottiCorotti e Dra. Rívea Inês FerreiraDra. Rívea Inês FerreiraDra. Rívea Inês FerreiraDra. Rívea Inês Ferreira, pelos ensinamentos e pela experiência compartilhada.
Aos professores Dr. Flávio VelliniDr. Flávio VelliniDr. Flávio VelliniDr. Flávio Vellini----FerreiraFerreiraFerreiraFerreira e Dr. Flávio Augusto CotrinDr. Flávio Augusto CotrinDr. Flávio Augusto CotrinDr. Flávio Augusto Cotrin----FerreiraFerreiraFerreiraFerreira, pela incontestável dedicação e competência no direcionamento
científico da prática docente, acrescentando experiência e cultura à minha formação profissional.
Ao cirurgião dentista Washington JúniorWashington JúniorWashington JúniorWashington Júnior, responsável pela análise estatística,
pelo seu grandioso trabalho.
Aos amigos de curso, AlessandroAlessandroAlessandroAlessandro, AluanaAluanaAluanaAluana, AndréiaAndréiaAndréiaAndréia, CarolinaCarolinaCarolinaCarolina, CarolineCarolineCarolineCaroline, CristianoCristianoCristianoCristiano, DanielDanielDanielDaniel, José AlaorJosé AlaorJosé AlaorJosé Alaor, LeonardoLeonardoLeonardoLeonardo, Rodrigo Rodrigo Rodrigo Rodrigo e VictorVictorVictorVictor pela amizade e
pelos momentos compartilhados.
A minha sócia e grande amiga SorayaSorayaSorayaSoraya pelo companheirismo e incentivo constantes. E ainda por compartilhar comigo esta grande dádiva que é
ensinar.
A minha amiga Geórgia Geórgia Geórgia Geórgia que me acolheu carinhosamente em São Paulo, nos meus dias de curso, e dividiu comigo todos os momentos da minha trajetória
em ser professora. Sem suas palavras de amizade e apoio nada teria sido tão maravilhoso.
A todos os pacientes da clínica pela parcela de contribuição no aprendizado e
a todos os funcionários da instituição, em especial à querida Arlinda.Arlinda.Arlinda.Arlinda.
A TODASTODASTODASTODAS as pessoas que de uma maneira ou de outra me ajudaram na realização deste trabalho.
RRRResumoesumoesumoesumo
Almeida, V.C. Avaliação da precisão no paralelismo das paredes das canaletas dos braquetes dos incisivos da técnica de Roth. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2011.
RESUMO
Os braquetes programados itencionam proporcionar prescrições exatas das
inclinações, angulações, torques e rotações, fundamentais para o correto
posicionamento dos dentes, nos três planos do espaço. Este trabalho teve como
objetivo avaliar a precisão no paralelismo das paredes das canaletas dos braquetes
dos incisivos superiores e inferiores, da técnica de Roth. Para tanto, foram
selecionados 20 braquetes de cada uma das seguites marcas comerciais disponíveis
no mercado brasileiro: Abzil, GAC, Morelli, Ormco, Rocky e Unitek, totalizando 360
braquetes, sendo 120 de incisivos centrais superiores, 120 de incisivos laterais
superiores e os outros 120 de incisivos inferiores. No estudo, foi utilizado um
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), e as imagens obtidas foram analisadas
através do software AutoCAD 2008. A precisão do paralelismo das paredes das
canaletas dos braquetes foi mensurada por meio de ângulos da parede incisal (API)
e da parede cervical (APC), medidos em relação à linha da base do braquete,
subtraindo-se os valores de API dos de APC. Os testes estatísticos aplicados foram
a análise de variância ANOVA, teste de múltipla comparação Games-Howell e, para
a comparação dos valores de referência, foi usado o teste “t”. Concluiu-se que em
relação aos parâmetros de paralelismo perfeito, apresentaram-se adequados os
braquetes das marcas GAC, Rocky Mountain e Abzil para todos os tipos de
braquetes avaliados. Os braquetes das marca Ormco tiveram resultados favoráveis
para os braquetes de incisivos inferiores e centrais superiores, enquanto os da
Unitek mostraram paralelismo adequado para os braquetes de incisivos centrais e
lateriais superiores. Desta forma, a falta de padrão e precisão nas diferentes marcas
serve de alerta ao profissional que deve estar preparado para corrigir as possíveis
deficiências existentes nos acessórios ortodônticos.
Palavras-chave: Braquetes Ortodônticos; Incisivo; Ortodontia; Torque.
AbstraAbstraAbstraAbstractctctct
Almeida, V.C. Accuracy evaluation of parallelism of the slot walls of Roth incisor brackets. [Master’sThesis]. São Paulo: University of São Paulo City; 2011.
ABSTRACT
The programmed brackets should give exact prescription of inclination, angles,
torque and rotation. These factors are fundamental for the correct teeth positioning,
on the three dimensions of space. This work aimed to evaluate the accuracy in the
parallelism of slot walls of lower and upper Roth technique brackets. For that, 20
brackets were selected, one of each of the following brands available in the market:
Abzil, GAC, Morelli, Ormco, Rocky e Unitek, with a total of 360 brackets, being 120 of
upper central incisors, 120 of upper lateral incisors and 120 lower incisors. In this
study, a Scanning Electron Microscope (SEM) was used and the images obtained
were analyzed through AutoCAD 2008 software. The precision of the parallelism of
the brackets' lower and upper slots walls was measured using the angles of the
incisor wall (IWA) and of the cervical wall (CWA), measured in relation with the
bracket's base line, subtracting the IWA values form CWA ones. The applied
statistical tests were the variance analysis ANOVA, multiple comparisons Games-
Howell test and for the reference values comparison it was used "t" test. It could be
concluded that according to the parameters of perfect parallelism, GAC, Rocky
Mountain and Abzil brands were in proper shape for all brackets type tested. The
Ormco brackets were in accord for lower and central upper incisor bracket, while
Unitek brackets showed good results for central and lateral upper incisor brackets.
The lack of standard and precision on the different brands is an alert to the
professional that should be prepared to correct the possible shortcomings on the
orthodontic accessories.
Key words: Orthodontic Brackets; Incisor; Orthodontics; Torque.
Lista de FigurasLista de FigurasLista de FigurasLista de Figuras
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1 - Base de prova em alumínio .............................................................. 56
Figura 2 - Base de prova com braquetes na posição de captação de imagem – Modelo piloto. ................................................................................ 56
Figura 3 - Estrutura de madeira com canaleta guia. ......................................... 57
Figura 4 - Estrutura de madeira com papel milimetrado colado em sua superfície, com linhas paralelas e perpendiculares às bases de prova posicionadas para colagem. ................................................... 58
Figura 5 - Estrutura de madeira com os segmentos de fio guia para colagem.. 58
Figura 6 - Posicionamento dos braquetes sobre a base de prova, padronizada pela estrutura de madeira – Modelo piloto. .................. 59
Figura 7 - Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), modelo Philips XL-30, com sistema EDS (EDAX) ................................................................ 60
Figura 8 - Obtenção dos pontos C1 e I1. .......................................................... 61
Figura 9 - Obtenção dos pontos C2 e I2. .......................................................... 61
Figura 10 - Demarcação do ponto BC. ............................................................... 62
Figura 11 - Demarcação do ponto BI .................................................................. 62
Figura 12 - Todos os pontos de referências. ...................................................... 63
Figura 13 - Linha cervical, incisal e da base e ângulos da parede cervical e incisal ............................................................................................... 64
Figura 14 - Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ICS) ............................................................. 75
Figura 15 - Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ILS) .............................................................. 77
Figura 16 - Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (IncInf) .......................................................... 79
Lista de FigurasLista de FigurasLista de FigurasLista de Figuras
Figura 17 - Ilustração dos intervalos de confiança de 95% para todas as condições experimentais deste trabalho, plotados contra a faixa de referência (-1° ; 0° ; +1°) .................................................................. 83
Lista de GráficosLista de GráficosLista de GráficosLista de Gráficos
LISTA DE GRÁFICOS
p.
Gráfico 1 - Gráfico caixa apresentando os tempos de medições ....................... 68
Gráfico 2 - Gráfico de concordância entre os dois tempos de medições. .......... 69
Lista de TabelasLista de TabelasLista de TabelasLista de Tabelas
LISTA DE TABELAS
p.
Tabela 1 - Média e desvio padrão dos dois tempos de medições, teste de Wilcoxon (erro sistemático) e de erro Dahlberg (casual) .................. 68
Tabela 2 - Parâmetros estatísticos e estatística descritiva dos dados experimentais (unidade = grau). ....................................................... 70
Tabela 3 - Teste de normalidade de Shapiro-Wilk (SW) para a variável dependente (Pp). ............................................................................. 72
Tabela 4 - Teste de homogeneidade de Levene para a variável dependente (Pp) .................................................................................................. 72
Tabela 5 - Análise de variância de fator único para a variável dependente “Pp” para todos os grupos de braquetes ICS, ILS e IncINF. ............ 73
Tabela 6 - Teste Robusto de Brown-Forsythe. .................................................. 73
Tabela 7 - Teste de Games-Howell (GH) entre as marcas comerciais para os braquetes tipo ICS............................................................................ 74
Tabela 8 - Teste de Games-Howell (GH) entre as marcas comerciais para os braquetes tipo ILS. ........................................................................... 76
Tabela 9 - Teste de Games-Howell (GH) entre as marcas comerciais para os braquetes tipo IncINF. ...................................................................... 78
Tabela 10 - Testes “t” para uma amostra, para cada marca comercial e tipo de braquete, contra os valores de referência (-1°; 0°; +1°) ................... 81
Lista de Abreviaturas e SiglasLista de Abreviaturas e SiglasLista de Abreviaturas e SiglasLista de Abreviaturas e Siglas
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
MEV Microscópio eletrônico de varredura
APC Ângulo da parede cervical
API Ângulo da parede incisal
t Grandeza calculada pela aplicação do teste t Student
dp Desvio padrão
et al E colaboradores
% Percentagem
“ De polegada
+ Sinal de positivo
° Graus
x Por ...
mm Milímetros
ROCKY Rocky Mountain Orthodontics
cm Centímetros
USP Universidade de São Paulo
DIN
Lb
Nmm
ICS
ILS
IncInf
Norma Alemã
Libra
Newtons por milímetro
Incisivo Central Superior
Incisivo Lateral Superior
Incisivos Inferiores
Lista de Quadros Lista de Quadros Lista de Quadros Lista de Quadros
LISTA DE QUADROS
p.
Quadro 1 - Relação das marcas comerciais dos braquetes e seus respectivos modelos e empresas fabricantes ..................................................... 54
SumárioSumárioSumárioSumário
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 01
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 05
2.1 Prescrição de braquete e atrito .......................................................... 06
2.2 Avaliação da precisão do braquete e do torque ............................... 29
3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................... 51
4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 53
4.1 Material ................................................................................................. 54
4.1.1 Material da pesquisa ................................................................... 55
4.2 Métodos ................................................................................................ 55
4.2.1 Confecção das bases de prova ................................................... 56 4.2.2 Posicionamento dos braquetes ................................................... 57 4.2.3 Obtenção das imagens dos braquetes........................................ 59 4.2.4 Demarcação dos pontos de referência ....................................... 60 4.2.5 Traçado das linhas de referência e obtenção dos ângulos APC
e API .................................................................................................... 63
4.2.6 Mensuração dos ângulos APC, API e paralelismo da canaleta .. 64
4.3 Análise estatística ............................................................................... 64
4.4 Estimativa do erro do método ............................................................ 65
5 RESULTADOS .............................................................................................. 66
5.1 Análise do erro do método ................................................................. 67
5.2 Avaliação comparativa do paralelismo dos braquetes entre as marcas comerciais ............................................................................................ 69
5.2.1 Parâmetros estatísticos e estatística descritiva dos dados ......... 69 5.2.2 Modelo experimental para comparação entre as marcas ........... 71 5.2.2.1 Teste paramétrico de análise de variância ANOVA ......... 72 5.2.2.2 Teste complementar de múltipla comparação Games-
Howell......... ........................................................................................... 74
5.3 Comparação com os valores de referência ....................................... 80
5.3.1 Testes “t” para uma amostra ....................................................... 81
6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 84
7 CONCLUSÕES .............................................................................................. 95
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 97 ANEXOS ............................................................................................................ 104
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução 2222
1. INTRODUÇÃO
O tratamento com o aparelho ortodôntico fixo tem como objetivo inicial
promover o alinhamento e nivelamento da coroa e da raiz dos dentes por meio dos
braquetes. Estes braquetes transmitem a força realizada pelo fio para o dente, de
maneira a produzir o movimento ortodôntico (VELLINI-FERREIRA, 2008).
A Ortodontia atual passou por intensas modificações nas últimas décadas.
Isto vem acontecendo desde os avanços históricos feitos por Angle, em 1925, com a
criação da técnica Edgewise, que recebeu esta denominação devido à utilização de
fios retangulares, inseridos no interior dos braquetes (arco de canto). Nesta técnica,
dobras de primeira, segunda e terceira ordens são realizadas nos fios, com a
finalidade de obter a movimentação dentária desejada.
Em 1972, um artigo publicado por Andrews denominado “As seis chaves da
oclusão normal”, foi o primeiro passo para o desenvolvimento de um aparelho pré-
ajustado, definido a partir do exame da coroa clínica dos dentes de indivíduos com
oclusão normal. Desta forma, características presentes em oclusões ótimas naturais
foram identificadas, estabelecendo-se valores para angulação, inclinação e
proeminência vestibular, sendo estes incorporados nos braquetes para cada dente.
A partir destes estudos, surgiu a técnica Straight-Wire (arco reto) que permitiu aos
dentes assumirem estas posições desejadas, por meio do uso de arcos contínuos e
sem dobras (ANDREWS, 1976).
O advento dos braquetes programados foi uma das grandes evoluções da
Ortodontia. Neste contexto, tendo como ponto de partida o desenho e as prescrições
do aparelho Straight-Wire original, alguns autores alteraram os valores de
determinadas características dos braquetes. Dentre estes, destaca-se o trabalho de
Roth (1987), que na busca de soluções a partir de sua experiência clínica,
apresentou um único conjunto de braquetes para terapia de casos com e sem
extrações. A partir de então, esta prescrição tem sido largamente empregada pelos
ortodontistas de todo o mundo.
No panorama atual, o ortodontista se depara com diferenciadas filosofias, ou
maneiras de abordar o planejamento do tratamento, com diversas opções de
mecânica, para a realização de determinados movimentos ortodônticos, e com uma
variada quantidade de modelos de braquetes, e de prescrições, para o
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução 3333
posicionamento dentário. É possível se optar por um tipo ou outro de aparelho, a ser
aplicado no caso clínico, dependendo das suas necessidades. Desta maneira, para
os ortodontistas adeptos das técnicas que utilizam aparelhos pré-ajustados, a
correta prescrição de inclinações, angulações, torques e rotações dos dentes são
fundamentais, uma vez que todas as mecânicas ortodônticas possuem como meta o
posicionamento correto dos dentes nos três planos do espaço (BRITO JUNIOR e
URSI, 2006).
A quantidade de torque e angulação inseridos nos braquetes, que determinam
uma prescrição ou outra, depende da fidedignidade do processo de fabricação dos
mesmos. Segundo Colpaert, em 1974, o metal mais utilizado na manufatura de
braquetes é o aço inoxidável austenítico (AISI – American Institute of Steel and Iron,
aço inoxidável tipo 316L), o qual possui 18% de cromo, 8% de níquel, 2 a 3% de
molibdênio e baixo conteúdo de carbono. As propriedades mecânicas deste tipo de
aço devem conferir uma boa resistência mecânica e tenacidade, resistência
moderada ao calor e ótima resistência à corrosão atmosférica e química, tornado-o
bastante atrativo industrialmente. Além disso, de acordo com este autor, os materiais
utilizados na fabricação dos aparelhos devem ser manufaturados, de tal forma que
as dimensões internas da canaleta sejam precisas, pelo menos em um milésimo de
polegada. Adicionado a isso, os braquetes devem ser resistentes às deformações
decorrentes das forças da mastigação a que estarão submetidos.
A confiabilidade que se tem uma medida está relacionada com o conceito de
precisão, que segundo Ferreira (1999) significa o funcionamento sem falhas,
regularidade na execução ou exatidão. Para tanto, precisão está ligada com a
confiabilidade de uma determinada medida. Um material preciso é perfeitamente fiel
às regras a qual está vinculado.
Pesquisadores como Streva (2005), Cornejo (2005), Bóbbo (2006), Gomes
Filho (2007), Zanesco (2008) e Ramos (2009) realizaram estudos referentes à
confiabilidade da precisão do torque em braquetes pré-ajustados, onde compararam
diversas marcas de braquetes comercializadas no Brasil, mostrando que cada uma
delas, com maior ou menor grau de significância estatística, estavam em desacordo
com os valores da prescrição da técnica, por eles pesquisados. Da mesma forma,
Cash et al (2004), Assad-Loss et al (2010), Bhalla et al (2010) e Joch (2010)
observaram em seus estudos falta de precisão em relação as canaletas dos
braquetes estudados.
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução 4444
Diante destas considerações, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a precisão
no paralelismo das paredes das canaletas dos braquetes dos incisivos superiores e
inferiores, da técnica de Roth, em seis marcas comerciais. Vários parâmetros
mecânicos são dependentes desta condição, como a expressão do torque, a relação
entre o calibre do fio e a dimensão da canaleta do braquete e a relação de atrito
existente neste acessório. Desta maneira, a precisão no paralelismo das paredes
das canaletas dos braquetes está diretamente relacionada com uma boa finalização
de oclusão, tornando a pesquisa relevante para os profissionais usuários da técnica
de Roth, à medida que servirá de base para a escolha entre as marcas de braquetes
disponíveis no mercado, permitindo um tratamento com melhores resultados para os
seus pacientes.
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 6666
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para uma melhor compreensão, a revisão de literatura foi dividida em dois
tópicos, que constam a seguir:
2.1) Prescrição de braquete e atrito
Holdaway, em 1952, publicou um artigo sobre a angulação dos braquetes na
Técnica Edgewise para um melhor posicionamento dos dentes, onde foram
propostas algumas modificações em relação aos conceitos básicos, com o intuito de
diminuir as dobras nos fios. Relatou que muitos ortodontistas discutiam as
angulações da técnica e também as dobras de terceira ordem, que eram
necessárias para uma correta finalização do caso. Concluiu que apesar da grande
importância da angulação dos braquetes, muitos outros fatores deveriam ser
aprofundados para resolver os problemas com os quais os ortodontistas se
defrontavam, como a preparação de ancoragem nos casos de extrações, no
fechamento de espaços, para que as raízes fossem finalizadas de forma a ficarem
paralelas entre si, e a posição ideal dos incisivos, mantendo uma boa inclinação
vestibulolingual.
Andrews, em 1972, realizou um estudo com 120 modelos de gesso de
indivíduos não tratados ortodonticamente, com oclusão normal, de forma a avaliar a
morfologia da face vestibular da coroa e sua dimensão incisogengival. A partir disto,
o autor propôs inclinações e angulações para cada dente permanente, a fim de se
obter as seis chaves da oclusão normal ao final do tratamento ortodôntico:
1- Relação interarcos: a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior deve
ocluir no sulco mesiovestibular do primeiro molar inferior, como descrita por Angle.
2- Angulação da coroa: todas as coroas dos dentes são anguladas para mesial.
3- Inclinação da coroa: refere-se à inclinação vestibulolingual das coroas dos dentes.
Os incisivos superiores são inclinados para vestibular. Os incisivos inferiores e os
dentes posteriores são inclinados para lingual, desde o canino até os primeiros
molares. As coroas dos molares são ligeiramente mais inclinadas do que as dos
caninos e pré molares. 4- Ausência de rotações. 5- Presença de pontos de contato
interproximais em todos os dentes. 6- Plano oclusal com ausência ou curva de Spee
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 7777
muito suave. Estas chaves são elementos interdependentes para a obtenção de
uma oclusão perfeita, servindo de base para a avaliação da oclusão estática. Assim
surgiu a técnica Straight-Wire, onde foram incorporadas dobras de primeira, segunda
e terceira ordem nos braquetes, com a finalidade de atingir o controle tridimensional
do posicionamento dentário. Assim após a sua pesquisa, redigiu os seguintes
valores de torque:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 7° 3° -7° -7° -7° -9° -9°
INFERIOR -1° -1° -11° -17° -22° -30° -35°
Este mesmo autor, em 1976, demonstrou a construção de braquetes, com o
centro da canaleta posicionado no centro da coroa clínica. O perfeito ajuste dos
braquetes à coroa dental acontecia pelo fato de suas bases serem contornadas na
vertical e na horizontal. Portanto, a distância entre a base da canaleta, com a base
do braquete, variava de acordo com cada tipo de dente (in-out). O autor afirmou que
estas modificações diminuíam consideravelmente o número de dobras, e
consequentemente promovia uma melhora nos resultados dos tratamentos.
Ricketts, em 1976, explicou que a Terapia Bioprogressiva representaria
uma evolução da técnica Edgewise, pois as mudanças propostas tornariam a
técnica mais flexível e versátil. Estudos realizados em pacientes e em crânios
de oclusão normal, associados à experiência clínica, determinariam à prescrição
da Terapia Bioprogressiva. Sendo assim, Ricketts prescreveu os seguintes
valores de torque:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 22o 14o 7o -7o -7o -14o -14o
INFERIOR 0o 0o 7o 0o 14o 22o
Explicou esta prescrição, salientando que 22° de torque para o incisivo
superior pareceria excessivo; entretanto, o torque só seria expresso, se fosse
utilizado um arco retangular ou quadrado durante todo o tratamento, e recomendou
que fosse realizada uma sobrecorreção para pacientes com má oclusões de Classe
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 8888
II, 2a divisão, ou com ângulo interincisivo de 125° ou menor. Quanto ao incisivo lateral
superior, inicialmente o torque recomendado era de 17° e angulacão de 5°, porém,
com a experiência, alterou-se essa prescrição para 14° de torque e 8° de
angulação. No segmento posterior inferior, recomendou-se torque progressivo, de
forma que o primeiro pré molar seja posicionado verticalizado em relação ao plano
oclusal e, a partir do segundo pré molar, que a coroa encontre-se mais para lingual.
Na pesquisa encontrou de 20° a 25° de torque para o primeiro molar inferior,
recomendando a prescrição de 22°, havendo em média, uma diferença de 10° de
torque entre o primeiro e segundo molar. Considerou-se muito importante o torque
nas raízes dos molares inferiores para uma ancoragem apropriada nesta técnica.
Em outro estudo, ainda em 1976, Andrews alertou que o tratamento
ortodôntico com o aparelho Straight-Wire necessitaria englobar mais do que somente
o aparelho original. Devido ao seu nome, os ortodontistas poderiam subentender que,
no tratamento com o aparelho Straight-Wire, não havia necessidade da incorporação
de dobras nos fios, o que por muitas vezes, se fazia necessária. Salientou que o
aparelho Straight-Wire inicialmente seria desenvolvido para casos sem extrações,
situação que se aplicaria para cerca de metade dos pacientes, no entanto, como
acabou sendo também utilizado para casos com extrações, houve a necessidade de
aplicação de dobras de 1ª e 2ª ordem. Andrews salientou ainda que a inclinação dos
incisivos deveria estar diretamente relacionada com o ANB do paciente. Portanto, o
torque apropriado para os incisivos superiores e inferiores poderia ser determinado
ainda no início do tratamento. A partir deste conceito, os novos braquetes do
aparelho Straight-Wire ofereceram aos ortodotistas três desenhos, para os incisivos
superiores e inferiores, em relação à inclinação das coroas dentárias, como é descrito
a seguir:
ANB > 5° ANB de 0° a 5° ANB < 0°
IC IL IC IL IC IL
SUPERIOR 2° -2° 7° 3° 12° 8°
INFERIOR 4° 4° -1° -1° -6° -6°
No mesmo ano Roth (1976), depois de utilizar os braquetes da prescrição de
Andrews, durante cinco anos em seu consultório particular, salientou que para um
melhor resultado no final do tratamento seria necessário que a mandíbula estivesse
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em posição de estabilidade (relação cêntrica). Visando um melhor detalhamento no
posicionamento dos dentes, para uma maior estabilidade dos casos, obedecendo às
seis chaves da oclusão normal de Andrews, envolveu-se em estudos sobre oclusão.
O autor concluiu que por apresentar resultados consistentes, existiam muitas
vantagens no uso da técnica Straight-Wire. Isto porque a mesma possibilitava a
diminuição no tempo das consultas, no tempo do tratamento, e quando os braquetes
eram bem posicionados, era possível controlar a movimentação ortodôntica de forma
mais eficiente quando comparada com a utilização de dobras nos fios. Entretanto,
segundo acreditava o autor, uma quantidade mínima de erro inerente ao processo
de fabricação dos braquetes poderia acontecer e assim, os ortodontistas precisariam
fazer algumas dobras de compensação. Acreditou que isso seria desprezível, diante
do resultado final clínico proporcionado pelo uso dos braquetes Straight-Wire. Para
Roth, as vantagens do uso deste aparelho seriam: melhor controle das posições
dentárias, maior precisão no posicionamento dos braquetes, facilidade de ligação
braquete/fio, fácil identificação dos braquetes, portanto, facilidade de construção e
maior conforto ao paciente. Diante destas considerações, o autor enfatizava ainda
que, na finalização dos casos ortodônticos, deveria haver uma determinada
angulação dos incisivos e caninos superiores, bem como, um determinado torque
dos incisivos centrais e laterais superiores, para que fosse obtida uma
sobressaliência adequada, de forma que estes dentes ocupassem um espaço
suficiente para conter o arco inferior no fechamento da oclusão.
Dellinger, em 1978, analisou as diferenças existentes entre a prática clínica
com aparelhos Straight-Wire e a teoria da mesma. Foram analisados 50 casos
ortodônticos, onde se observaram variações anatômicas e a adaptação do braquete
na superfície oclusal. A teoria partiria do pressuposto que as posições e inclinações,
vestibular e lingual, das coroas dentárias seriam as mesmas para todos os pacientes
e, teoricamente, a base do braquete encaixaria perfeitamente nas faces vestibulares
dos dentes. Este fato não acontecia realmente na prática, já que nenhum dente seria
igual ao outro. A adaptação do braquete na superfície vestibular dos dentes levaria a
desvios indesejáveis nas inclinações e angulações dos elementos dentários. A
maioria dos casos ortodônticos não seria tratada com fios “full size” para finalizar o
tratamento. Isso traria como consequência uma falta de controle do torque. Dever-
se-ia acrescentar o processo industrial de fabricação dos braquetes que aumentaria
a deficiência no controle do torque durante o tratamento. O autor enfatizou também
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 10101010
que os ortodontistas clínicos costumam alinhar os dentes com base no ponto de
contato ou nas bordas incisais e isso poderia ser um problema, considerando as
proporções de dentes com anatomias diferentes. Depois de comparar a teoria e a
prática do aparelho Straight-Wire, o autor considerou que se poderia chegar a um
bom resultado usando esses aparelhos, desde que todos os cuidados necessários
fossem tomados.
Meyer e Nelson (1978) relataram que a ciência se divide em teoria e prática.
A maioria das inovações técnicas surgiu como resultado de experiências práticas, e
a evolução do desenho dos braquetes ortodônticos aconteceu desta forma. Os
autores avaliaram a aplicação dos princípios biomecânicos, discorrendo que o torque
em Ortodontia é uma força rotacional do dente em sentido vestibular ou lingual para
se obter um encaixe perfeito dos dentes superiores com os inferiores no final do
tratamento. Essa força de torque seria obtida pela interação do fio retangular nas
canaletas retangulares dos braquetes, produzindo forças iguais em sentidos
opostos, causando rotação do braquete. Por isso o posicionamento final do dente,
dependeria da máxima expressão do braquete pré-ajustado, em interação com um
fio retangular, de diâmetro igual ao da canaleta do braquete (“full-size”). Os autores
afirmaram que era necessário o uso de fios “full-size” no final do tratamento para
obter o torque desejado, já que fios retangulares de menor calibre produziriam uma
folga na canaleta que alteraria o torque. Também afirmaram que a magnitude de
variação de torque feita pelo posicionamento errado do braquete no dente, no
sentido vertical, seria igual à variação de torque produzida pelo jogo existente entre
a canaleta e o fio retangular no momento do encaixe. Por este motivo os autores
relataram a importância dos braquetes pré-torqueados, sua interação com o fio
retangular, e que o mesmo preencha totalmente a canaleta, pois este conjunto, é
que possibilitará a obtenção do torque adequado, ao final do tratamento. Relataram
ainda que os tratamentos realizados com braquetes pré-ajustados, não deveriam ser
vistos clinicamente de forma fácil, comparados àqueles com os braquetes Edgewise.
Creekmore, em 1979, realizou um estudo enfatizando a importância da
posição do braquete como fator de variação do torque. Relatou a relevância da folga
existente entre a canaleta e o fio para o movimento de inclinação dentária. Afirmou a
necessidade de ajustes na inclinação, aplicando torque, ao final do tratamento. As
angulações se comportariam diferentemente das inclinações. No caso de braquetes
geminados, os resultados não seriam muito diferentes independentemente da
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espessura do fio que foi utilizado para o término do caso, porque os braquetes
geminados seriam tão largos que a angulação seria estabelecida até mesmo com
fios finos. Para braquetes simples, a folga seria excessiva com fios finos, requerendo
acabamento com um fio mais espesso, do diâmetro da canaleta. Mas para a
obtenção da inclinação desejada faria muita diferença que os fios usados
manifestassem o torque ao término do tratamento, independente do braquete ser
simples ou geminado. Ao ser utilizada uma canaleta 0,022” e concluindo com um fio
0,018” x 0,025”, a folga provocaria uma perda de 15°, e portanto, a ativação deveria
estar acima dos 15° para provocar o movimento desejado. Segundo o autor, a
tolerância industrial seria de 2° de variação na obtenção da inclinação. Assim, tendo-
se dois incisivos, um com inclinação muito vestibular e o outro com acentuada
inclinação lingual, ao ser colocado um fio 0,018” x 0,025” em uma canaleta 0,018” x
0,025”, o que é vestibularizado inclinaria para lingual com 2° de tolerância. Ao passo
que o elemento inclinado para lingual receberia uma inclinação vestibular com 2° de
tolerância. Sem um ajuste, os dois dentes estariam 4° fora do alinhamento um do
outro. Assim, até mesmo no acabamento com um fio espesso na canaleta, os
ajustes seriam necessários para compensar a folga existente, e desta forma levarem
os dentes a uma posição final adequada. Ao usar um fio 0,018” x 0,025” em uma
canaleta 0,022”, haveria 15° de perda. Assim, se fosse usado 7° de inclinação do
incisivo central e 3° no lateral, nenhum destes dentes seriam influenciados por um
fio 0,018” x 0,025” em uma canaleta 0,022” x 0,028”, porque a perda seria maior que
todas as inclinações presentes, quando da inserção do arco na canaleta. Ao colocar-
se um fio 0,016” x 0,022” em uma canaleta 0,022”, há quase 27° de perda pela folga
existente. Com um fio 0,019” x 0,025” em uma canaleta de 0,022”, há 10,5° de
perda. Então, novamente, inclinações inferiores a 10,5° seriam ineficazes com um fio
0,019” x 0,025” em uma canaleta 0,022”. Com um fio 0,021” x 0,028” haveria 2° de
perda e se assemelham no ajuste. E constatou que fio 0,017” x 0,025” tem 4.5° de
perda em uma canaleta 0,018” de abertura, considerando que um fio 0,018”
quadrado tem só 3° de perda. Assim, o controle do torque seria melhor com um fio
0,018” quadrado que com um 0,017” x 0,025”. Pois a razão do torque seria
primeiramente de colocar os dentes em sua inclinação ideal, conseguindo uma boa
oclusão. Porém, boa estética não assegura boa função. Ao se avaliar a precisão do
aparelho ortodôntico, não só se deveriam considerar os braquetes e suas
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inclinações, mas também os arcos usados durante o tratamento para correta ação
do torque e posicionamento adequado dos dentes.
Em 1983, Alexander idealizou uma nova prescrição, na qual a quantidade do
torque inserido nos braquetes seria definida pela quantidade de torque apresentado
no arco retangular utilizado em 50 casos ortodônticos bem finalizados. O autor
preconizou a utilização de canaleta 0,018” trabalhando com fio retangular de
finalização de 0,017” x 0,025”. A folga existente entre o braquete e o fio
representaria uma diferença de 4° de torque no final do tratamento. Assim o autor
definiu sua prescrição de braquetes da seguinte forma:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 14o 7o -3o -7o -7o -10o -10o
INFERIOR -5o -5o -7o -11o -17o -22o 0°/27°
Alexander acreditava que os -3° de torque dos caninos superiores comparado
com -7° de outras prescrições evitaria o ajuste de torque no final do tratamento. O
torque 0° na região dos segundos molares inferiores seria para o uso de ômegas
nestes dentes, já que seria necessário afastá-lo da gengiva para não feri-la e evitar o
acúmulo de alimento. Tendo esses cuidados com o ômega no segundo molar, o
autor assegura que o ortodontista estaria inserindo torque no molar, porém se o
ômega não fosse incorporado no fio, a utilização de um tubo com torque seria
necessário. A principal diferença que o autor mencionou com as outras prescrições,
seria os -5° de torque dos incisivos inferiores, que permitiria a manifestação da sua
posição original utilizando um fio retangular de 0,017” x 0,025”.
Roth, em 1987, salientou que em relação aos recursos materiais utilizados
para a operacionalização da técnica Straight-Wire, tempo de atendimento ao
paciente e de tratamento, e também em relação à seleção de fios entre outros, o
sistema pré-ajustado da prescrição de Roth proporcionava condições vantajosas em
relação às outras técnicas convencionais. Percebeu ainda que para conseguir uma
oclusão ideal necessitava de uma curva de compensação dentária no arco superior,
e a curva reversa no arco inferior, além de um grande controle de ancoragem nos
casos com extração. Compreendeu então, que a grande variedade de braquetes
utilizadas por Andrews, estava se tornando um problema. Então desenvolveu
braquetes que seriam aplicados na maioria dos casos, o que se caracterizou como a
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segunda geração de braquetes pré-ajustados. Diante desta análise de seus estudos,
propôs braquetes com os seguintes valores de torque:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 12o 8o -2o -7o -7o -14o -14o
INFERIOR -1o -1o -11o -17o -22o -30o -30°
Os braquetes anteriores seriam posicionados mais para incisal que os de
Andrews (no meio da coroa clínica), teriam um torque vestibular maior em 5° nos
incisivos centrais superiores e a sua forma de arco seria mais aberta para melhorar a
inclinação dos caninos. Roth acreditava que essas alterações permitiriam aos dentes
serem levados a uma posição levemente sobrecorrigida nos três planos do espaço,
e com isso seriam acomodados em uma posição ideal. Roth destacou ainda que no
desenvolvimento da mecânica do aparelho ortodôntico, o torque é a força de
compreensão mais difícil por parte dos especialistas da área, e a menos utilizada,
uma vez que o operador necessita de dominá-la completamente para não provocar
efeitos que possam prejudicar o tratamento, ao invés de contribuir.
Outra nova prescrição de braquetes surgiu em 1987, projetada por Hilgers,
tendo como objetivo a simplificação da Terapia Bioprogressiva. Os valores por ele
preconizados foram:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 22o 14o 7o -7o -7o -10o -10o
INFERIOR -1o -1o 7o -11o -17o -27o -27°
O autor explicou que era necessário o aumento do torque vestibular de coroa
dos incisivos superiores para conseguir um ângulo interincisivo de aproximadamente
126° sempre que um fio “full size” fosse instalado. Porém, sempre que fosse
necessário diminuir o torque, o ortodontista só teria que diminuir o calibre do fio
retangular. Em relação aos caninos superiores, o torque vestibular traria uma melhor
vista estética e a diferença de torque com o incisivo lateral (7° / -14°) seria
importante para manter a integridade do contorno da superfície vestibular. Verificou
também que o torque vestibular dos caninos superiores e inferiores facilitariam os
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movimentos de desoclusão. O autor relatou a necessidade de variação de torque
nos incisivos inferiores e superiores dependendo do tipo facial. O torque de -1° nos
incisivos inferiores daria bastante flexibilidade para o aumento ou diminuição do
torque, conforme fossem necessários ajustes para o tipo dolicofacial ou braquifacial.
Ricketts e Gugino (1989 apud Petrelli,1993) apresentaram uma evolução da
técnica Bioprogressiva, desenvolvendo três conjuntos de braquetes, cuja aplicação
dependeria do tipo facial. Foram denominadas três formulas de tratamento:
proversão, neutroversão e retroversão. A proversão seria indicada para pacientes
braquifaciais que apresentassem Classe II divisão 2 e para algumas Classe II divisão
1. A neutroversão seria indicada para pacientes mesofaciais com má oclusão Classe
I com mordida profunda ou mordida aberta anterior moderada. Finalmente, a
retroversão seria indicada em pacientes dolicofaciais, para produzir verticalização
dos incisivos superiores, em pacientes com maxilares atrésicos e portadores de
Classe II divisão 1 com indicação para uso de elásticos. Os torques indicados foram
os seguintes:
TORQUE SUPERIOR IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
Proversão 22° 14° 7° 0° 0° 0° 0°
Neutroversão 17° 11° 5° 0° 0° 0° 0°
Retroversão 12° 8° 3° 0° 0° 0° 0°
TORQUE INFERIOR IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
Proversão 0° 0° 4° -6° -14° -24° -34°
Neutroversão 0° 0° 2° -6° -14° -24° -34°
Retroversão 0° 0° 0° -6° -14° -24° -34°
Andrews, em 1989, afirmou que a evolução caminhava para a
individualização dos braquetes de acordo com a especificação de cada paciente, e
que já havia a intenção de reduzir as dobras dos fios desde 1970. Entretanto, para
finalização e caracterização da oclusão dos pacientes, cujos dentes fossem
diferentes, da forma e posição programada dos braquetes, haveria ainda a
necessidade de dobras nos fios. Portanto, não seria mais necessário fabricar
braquetes para cada paciente, o que torna o tratamento muito dispendioso. Diante
destas considerações, o autor enfatiza que o posicionamento dos braquetes é um
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fator decisivo para o tratamento. Assim conclui seus estudos, afirmando que o
aparelho por ele desenvolvido considerava a morfologia dos dentes e a posição dos
mesmos em uma oclusão normal, usando fios sem dobras, mas era necessário
organizar um aparelho totalmente programado, utilizando braquetes padrão, ou seja,
um braquete para cada dente, enfatizando ainda que para os caninos deveria haver
braquetes para casos com e sem extração, alterando a angulação e acrescentando
a anti-rotação, porém com o mesmo torque.
McLaughlin e Bennett (1989) relataram que somente com os estudos de
Andrews, em 1972, foi possível o surgimento do aparelho pré-ajustado, mas muitos
outros profissionais buscavam meios para alcançar bons resultados antes deste
marco. O aparelho pré-ajustado estabeleceu que as bases dos braquetes seriam
ajustadas aos dentes em uma determinada posição, e os fios contínuos seriam
inseridos nas canaletas dos braquetes. O ortodontista despenderia menos tempo de
consulta, pois não seria necessário confeccionar dobras nos primeiros fios.
Entretanto, na fase de acabamento, na maioria dos casos, haveria a necessidade de
inserção de dobras de terceira ordem, pois o aparelho foi desenvolvido baseado em
médias, e assim sendo, não seriam solucionados todos os casos, devido a grande
variação de forma e tamanho dos dentes. Além disso, os braquetes deveriam ser
posicionados corretamente, para evitar o reposicionamento e as dobras de
compensação.
Owen (1991) comparou o aparelho Straight-Wire com Vari Simplex Discipline
(VSH), iniciando o tratamento em 500 pacientes e finalizando mais de 300. Os casos
foram instalados alternadamente, com finalidade de analisar o número de arcos
usados, número de dobras necessárias no fio, tempo de tratamento, número de
braquetes soltos e qualidade da oclusão final. Concluiu-se que o número de arcos
VSH foi ligeiramente menor, atribuindo esta diferença ao aumento da distância
interbraquete, que possibilitava um alinhamento mais fácil. O número de dobras foi
idêntico. O tempo de tratamento do VSH foi ligeiramente menor, devido também à
distância interbraquetes que facilitou a fase inicial do tratamento. Os braquetes
soltos foram em menor quantidade no VSH, pois a maior distância interbraquetes
promovia forças leves. Quanto à oclusão final, não foi observada nenhuma diferença
entre os dois tratamentos. Durante este período, Owen verificou que 20% dos casos
precisavam de dobras de terceira ordem para um melhor posicionamento dos
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incisivos superiores, acreditando que um aumento no valor do torque dos braquetes
poderia eliminar quase que totalmente os torques adicionais.
Balut et al (1992) pesquisaram as variações no posicionamento de braquetes
pré-ajustados por meio de colagem direta. Os autores consideravam que o aparelho
pré-ajustado não eliminaria totalmente a necessidade de dobras nos fios pelas
variações na estrutura dentária. Foi avaliada a colagem direta feita por dez
professores de ortodontia em cinco modelos pré-tratamento de cinco pacientes com
diferentes más-oclusões. Os autores encontraram discrepâncias no posicionamento
em altura (média de 0,34mm) e angulação (5,54°) entre braquetes adjacentes. Os
braquetes dos dentes anteriores inferiores foram os que ficaram mais bem
posicionados. Os braquetes que apresentaram maior discrepância vertical foram os
segundos pré molares superiores por possuirem uma coroa clínica curta. Os autores
concluíram que as irregularidades da superfície dos dentes e variações anatômicas
dos mesmos dificultariam o posicionamento dos braquetes no momento da colagem.
Sims, Walters e Birnie (1994) verificaram que a aparelhagem ortodôntica fixa
estava recebendo considerável atenção na literatura, mas não estavam sendo
investigadas as variações das dobras de segunda ordem (DDS) e dobras de terceira
ordem (torque) que são aplicadas na base do braquete ou no próprio fio ortodôntico.
Desta forma, resolveram avaliar os valores da força de atrito nos braquetes com
canaleta 0,022” x 0,028” das marcas Minitwin, Activa e Straight-Wire, aplicando
torque em fios de aço inoxidável 0,018” x 0,025”. Observaram que imperfeições na
fundição dos braquetes e a lisura de superfície dos fios podem ser fatores
importantes na força de atrito. A resistência ao deslizamento do fio foi verificada por
uma máquina Instron. Os resultados mostraram que os braquetes autoligados da
marca Activa produziram menor atrito que os ligados convencionalmente. O
braquete Minitwin foi levemente mais resistente ao movimento que o braquete
Straight-Wire durante o torque. O oposto foi encontrado quando o torque foi
aplicado, sendo que o aumento da inclinação apresentou um efeito mais marcante
no braquete da marca Activa.
Em 1995, surgiu a Terapia Bioeficiente desenvolvida por Viazis para reduzir o
tempo consumido na fase inicial do tratamento e atuar, de forma mais
individualizada, na fase de acabamento. Os braquetes apresentados nesta técnica
diferem dos encontrados anteriormente, já que possuem uma forma triangular que
daria uma distância interbraquete maior para conferir maior flexibilidade ao
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 17171717
tratamento ortodôntico. O autor mencionou várias vantagens dos braquetes da
Terapia Bioeficiente comparando-os com os tradicionais, onde ressaltou a
incorporação de um torque maior anterior. Esse torque foi previsto tendo em vista
que a maioria dos ortodontistas finalizava seus casos com fios de diâmetros
menores que as canaletas utilizadas, e também ajudaria a neutralizar qualquer efeito
de inclinação produzido durante o fechamento de espaços. A prescrição de
braquetes para o sistema Bioeficiente foi planejada com o propósito de sobrecorrigir
as más-oclusões e tornar possível a utilização de fios de maior diâmetro desde o
início do tratamento. A prescrição desse sistema é:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 12o 8o -2o -7o -7o -14o -14o
INFERIOR -1o -1o -11o -11o -22o -30o -30°
Harradine e Birnie, no ano de 1996, detectaram em suas experiências
clínicas, as vantagens e desvantagens dos braquetes autoligados Activa e a
avaliação das forças friccionais entre os fios e esses braquetes. Verificaram que a
principal vantagem clínica era a combinação da baixa fricção com o excelente
controle do encaixe do fio na canaleta do braquete. Os benefícios encontrados foram
o rápido alinhamento de dentes muito irregulares, a menor necessidade de
ancoragem e a facilidade de utilização das mecânicas de deslize. A desvantagem
mais significante foi a taxa de fracasso da colagem, quando comparada aos
braquetes convencionais da mesma marca.
No ano seguinte, Read-Ward, Jones e Daviest (1997) fizeram um estudo
clínico comparando a resistência à fricção de três braquetes autoligados: Activa (“A”
Company), Móbil-Lock Variable Slot (Forestadent) e Speed (Strite Industries Ltd.)
com braquetes convencionais metálicos Ultratrim (Dentaurum – Hawley, Russell and
Baker Ltd.). Os efeitos da espessura dos fios (0,020”; 0,019” x 0,025”; 0,021” x
0,025”), a angulação do braquete (0, 5 e 10 graus), bem como a presença de saliva
humana, foram investigados. Os resultados mostraram que tanto o aumento da
espessura do fio, como da angulação braquete-fio, resultaram no aumento da
resistência de fricção estática para todos os tipos de braquetes testados. Com a
presença de saliva, os efeitos foram inconstantes. Os braquetes Móbil-Lock Variable
Slot tiveram a menor fricção para todos os fios quando a angulação era de 0°,
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porém, quando a angulação foi introduzida, os valores se compararam aos dos
demais braquetes. Os braquetes Activa tiveram a segunda menor resistência
friccional, exceto com fios 0,019” x 0,025”. Os braquetes Speed demonstraram
menor força de fricção com fios de secção redonda, mas com fios de secção
retangular ou na presença de angulações, sua fricção foi muito aumentada. Os
braquetes Ultratrim produziram uma grande variação individual, confirmando a
dificuldade da padronização da ligação braquete-fio com amarrilho metálico. Em
geral, os braquetes autoligados mostraram uma redução da resistência friccional
quando comparados aos braquetes ligados com fios metálicos.
Ugur e Yukay (1997) realizaram um levantamento das medidas das
inclinações vestibulolinguais das coroas dentárias sobre modelos de gesso de
oclusões normais e modelos ortodônticos pós-tratamento. Foram examinados
grupos com oclusões normais, tratados com aparelho Edgewise padrão e com os
braquetes da técnica de Roth, cada um com 10 indivíduos, objetivando uma
alteração nos valores do torque. Foram medidas, em modelos de estudo, as
inclinações das coroas dos incisivos centrais aos segundos molares para os arcos
dentários superior e inferior, a partir do plano oclusal funcional, e foram calculadas
as inclinações dentárias médias. No grupo com oclusão normal, os incisivos centrais
e laterais superiores apresentaram inclinação lingual, os incisivos centrais inferiores,
inclinação leve para vestibular e os incisivos laterais inferiores para lingual.
Entretanto, os desvios padrão dos valores médios foram elevados para os dentes
anteriores superiores e inferiores. Os dentes posteriores superiores, de canino a
molar, apresentaram uma inclinação lingual e os dentes posteriores inferiores
apresentaram uma inclinação lingual progressivamente crescente, dos incisivos
laterais aos molares. Nos grupos tratados, os incisivos centrais e laterais superiores
apresentaram inclinação vestibular da coroa e os molares inferiores apresentaram
maior inclinação lingual, quando comparados ao grupo com oclusão normal. Não foi
observada variação significante entre os valores médios de torque nos grupos
tratados com braquetes padrões Edgewise e com a técnica de Roth.
Utilizando o microscópio de força atômica, que permite a manutenção de um
espaçamento constante durante o escaneamento da amostra, sem causar qualquer
dano à superfície, Matasa (1997) avaliou quatro braquetes da técnica Edgewise,
dois confeccionados em aço inoxidável, sendo um novo e o outro usado e
recondicionando, um braquete de cerâmica e outro de acrílico, ambos usados, mas
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não recondicionados. Antes de realizar o teste, todas as impurezas foram removidas
com jatos de ar, as amostras foram lavadas com éter etílico para evitar uma possível
contaminação com lubrificantes e depois foram secas. Notou-se que o braquete
metálico novo apresentou uma diferença significante mais alta entre as saliências e
depressões que os usados e recondicionados. O braquete de acrílico usado
apresentou um atrito inferior a qualquer um dos braquetes testados, e os braquetes
cerâmicos usados apresentaram uma aspereza reduzida quando comparados aos
metálicos. Embora o microscópio de força atômica não seja capaz de medir
diretamente as propriedades friccionais entre o fio e o braquete, ele pode fornecer
uma grande quantidade de informações sobre a natureza das superfícies envolvidas,
podendo ser utilizado para pré determinar a aspereza da superfície e qualificar quão
liso um braquete poderia ser durante o uso.
Pizzoni, Ravnholt e Melsen (1998) estudaram as forças de fricção nos
braquetes autoligados. A fricção foi testada em fios de beta titânio e de aço, nas
dimensões: 0,018” e 0,017” x 0,025”. Foram utilizados dois braquetes convencionais
(Dentaurum / A Company) e dois autoligados (A Company / Speed). Os braquetes
da marca A Company possuíam a canaleta com tamanho 0,22” x 0,28”, os da
Dentaurum 0,022” x 0,030” e os braquetes Speed 0,022” x 0,025”. Os experimentos
foram realizados utilizando um tensiômetro com 25N de carga de tensão e um
gravador de gráficos. O aparelho de medição utilizado nos ensaios constituía-se de
uma máquina de alumínio com quatro rolamentos lineares feitos para correr em duas
barras de aço paralelas. Os fios foram tracionados com as canaletas dos braquetes
paralelas à direção do deslocamento, e com angulações de 3, 6, 9 e 12 graus com
os respectivos fios. Quatro arcos e quatro tipos de braquetes com quatro diferentes
angulações resultaram em um total de 80 combinações. Cada combinação foi
testada por 80 mm de movimento na velocidade de 10 mm/min. Dois testes foram
feitos para cada combinação possível. Os resultados mostraram que os fios
redondos têm menor fricção que os retangulares, que os fios de beta-titânio tem
maior fricção que os fios de aço, e que a fricção aumenta com a angulação para
todas as combinações braquete/fio. O estudo também relatou que braquetes
autoligados tem uma menor fricção que os convencionais em todas as angulações e
que os braquetes autoligados fechados com “clips” deslizantes possuíam menor
fricção que os braquetes autoligados fechados com um “clip” ativo.
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 20202020
No ano de 1999, Loftus et al. fizeram uma avaliação da fricção durante o
movimento de deslizamento dos dentes em várias combinações de braquetes/fios.
Para tanto, utilizou braquetes autoligados (Damon SL – “A” Company), metálicos
convencionais (Victoty – Unitek), cerâmicos convencionais (Transcend – Unitek) e
cerâmicos com canaleta metálica (Clarity – Unitek), todos com canaleta 0,022”.
Esses braquetes foram testados com fios de calibre 0,019” x 0,025” de aço, Níquel -
Titânio e Beta –Titânio. Primeiramente foi confeccionado um modelo de silicone o
qual possuía propriedades elásticas similares ao ligamento periodontal. O total de 12
modelos dentoalveolares foi preparado para cada combinação braquete-fio. O
braquete foi testado com a sua colagem na face vestibular de cada dente. Uma
unidade de elástico em cadeia, de comprimento pequeno, foi colocada sobre cada
braquete. Junto a unidade de elástico em cadeia foi anexado um gancho à 8 mm do
braquete, e uma gota de saliva artificial foi colocada no mesmo. O teste correu a
uma velocidade de 0,5 mm/minuto por 4 minutos, produzindo 2 mm de movimento
do arco. As diferenças entre braquetes autoligados, braquetes convencionais de aço
e braquetes cerâmicos com canaleta de metal não foram significantes, porém os
braquetes cerâmicos convencionais apresentaram uma fricção significantemente
maior do que os outros braquetes testados. O fio Beta – Titânio produziu uma força
friccional maior do que o Níquel – Titânio, mas diferenças significantes não foram
encontradas entre esses fios e o fio de aço.
Com o objetivo de aferir os efeitos da morfologia dentária na inclinação e na
angulação dos braquetes, Miethke e Melsen (1999) avaliaram 28 modelos de gesso
de jovens que apresentavam a dentição completa, excetuando-se os terceiros
molares. Os autores colocaram braquetes pré-ajustados de base retangular em cada
dente de acordo com o prescrito pela técnica de Andrews e mediram o contorno de
todos os dentes em três pontos diferentes (mesial, centro e distal). O dente com
maior curvatura foi o primeiro molar inferior, seguido pelos pré molares inferiores,
primeiros molares superiores, pré molares superiores, incisivos superiores e
finalmente os incisivos inferiores. Alguns braquetes pré-ajustados trariam a curvatura
do dente na base para facilitar o posicionamento correto, mas uma curvatura
excessiva poderia causar erros. Em vista disso, os autores alteraram a posição dos
braquetes em sentido vertical em 0,2mm; 0,4mm; 1mm; 1,5mm para ver se isso
alteraria o torque, a inclinação resultante e angulação do dente. Concluíram que
seria necessário considerar a morfologia dentária para aperfeiçoar o posicionamento
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do braquete. Uma variação nesse posicionamento, em sentido vertical, de até
0,4mm influenciaria modestamente na inclinação, porém variações maiores
alterariam a inclinação de 2° a 10°, dependendo do dente em questão.
McLaughlin, Bennett e Trevisi (2001, apud McLaughlin, Bennett e Trevisi,
2004) afirmaram que o torque não seria expresso com eficiência pelo sistema de
aparelhos pré-ajustados por duas razões mecânicas: a pequena área de contato do
arco retangular com a superfície da canaleta do braquete, e o costume de se utilizar
arcos de aço 0,019” x 0,025” na canaleta 0,022” para haver deslizamento, o que
proporcionaria uma folga de 10°, dependendo da fabricação dos braquetes e dos
arcos. Como resultado desta relativa ineficiência dos braquetes pré-ajustados em
liberar torque, o pouco controle de torque proporcionado pelo sistema de aparelho
pré-ajustado Straight-Wire, a técnica MBT preconizou a inserção de torque adicional
dos incisivos, molares e pré molares inferiores. Quanto aos caninos, houve a
necessidade de ter-se a disposição braquetes com duas opções de torque,
explicado na tabela seguinte:
IC IL C 1PM 2PM 1M 2M
SUPERIOR 17o 10o 7°/0o -7o -7o -14o -14o
INFERIOR -6o -6o -6°/0o -12o -17o -20o -10°
Os autores afirmaram que seria necessário ter um controle de torque nos
incisivos que fizesse a movimentação vestibular de coroa dos incisivos superiores e
a movimentação lingual de coroa dos incisivos inferiores. Este requisito do
tratamento seria necessário em vários tipos de má oclusão:
- Em casos de Classe II, nos quais os elásticos de Classe II provocariam a
perda de torque nos incisivos superiores, e os incisivos inferiores tenderiam a
proclinar durante o processo de nivelamento em resposta à ação desses elásticos.
- Em casos de Classe I, nos quais o torque correto nos incisivos ajudaria na
obtenção de um bom guia dos dentes anteriores.
- Em casos de Classe III, nos quais o torque correto poderia ser muito útil na
compensação das bases dentárias moderadas de Classe III.
Por esses requisitos clínicos frequentes, os autores recomendaram o
aumento do torque vestibular dos incisivos superiores e aumentaram o torque lingual
nos incisivos inferiores. Para os pré molares superiores, os autores recomendam
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uma angulação de 0°, sendo que no aparelho Straight-Wire a angulação era de dois
graus positivo. Isto colocaria a coroa desses dentes em uma posição mais
verticalizada, ou seja, mais na direção de Classe I. Os dois graus poderiam parecer
insignificantes, mas o total de 8° dos quatro pré molares superiores é muito
importante considerando-se a ancoragem. A angulação de 0° permitiria que os
braquetes fossem intercambiáveis. No caso dos pré molares inferiores preservam-se
com a angulação mesial de dois graus dos braquetes do aparelho Straight-Wire
original. O valor do torque de -7° para os pré molares superiores também foi
mantido, pois provaram serem satisfatórios na maioria dos casos. Nos caninos e pré
molares inferiores, os autores diminuíram o torque em 5°, ficando em -12° nos
primeiros pré molares e -17° nos segundos pré molares inferiores. Os autores
tiveram três razões para se reduzir a quantidade de torque lingual da coroa no
canino, pré molar e nas áreas dos molares inferiores:
a) Os caninos inferiores, e algumas vezes os pré molares demonstraram uma
retração e se beneficiavam pelo fato das raízes se moverem mais
próximas ao centro do processo alveolar.
b) Muitos casos ortodônticos demonstraram estreitamento no arco superior
com compensação lingual dos segmentos posteriores inferiores. Estes
casos se beneficiavam da verticalização do segmento posterior inferior.
c) Foi observado que os segundos molares inferiores com 35° de torque
deslizavam-se lingualmente.
Ainda segundo os autores, antes da criação da técnica MBT o torque já se
encontrava na base do braquete, devido à dificuldade de alinhar o nível das
canaletas com os braquetes. O sistema MBT foi desenvolvido utilizando a
computação gráfica (CAD) e sistemas computadorizados (CAM). Estas ferramentas
proporcionaram maior flexibilidade ao desenho, não apenas para colocar as
canaletas corretamente nos braquetes, mas também para reforçar a resistência e
características como a profundidade das canaletas e o perfil vestíbulo-lingual.
Primeiramente, o computador localizaria o local exato da canaleta nos braquetes, em
relação às distâncias de in/out e à posição de torque de cada dente. Logo após a
determinação desta posição, o computador teve condições de preparar as áreas de
encaixe, para aperfeiçoar todos os requisitos dos braquetes.
No mesmo ano de 2001, Hemingway et al realizaram um estudo para
investigar a liberação de forças nos arcos de Níquel – Titânio 0,014” usando a
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combinação com sistemas de braquetes colados em um modelo com a forma de
arco mandibular ideal. Foram utilizados na pesquisa: braquetes metálicos de
Andrews (arcada inferior) da série sem extrações, prescrição Straight-Wire (A
Company Orthodontics, San Diego, CA, USA), braquetes metálicos Mini Uni-Twin
(arcada superior) prescrição Roth (3M Unitek, CA, USA), braquetes cerâmicos
Transcend (arco superior) prescrição de Roth (3M Unitek), braquetes cerâmicos com
canaleta metálica Clarity (arcada superior) prescrição Roth (3M Unitek) e braquetes
metálicos autoligados Damon (arcada superior) prescrição de Andrews (A.
Company). Esse modelo foi confeccionado para replicar a distância clínica
interbraquetes e a força liberada foi medida em quatro pontos, sendo esses
representados pela posição do incisivo lateral, canino, segundo pré molar e primeiro
molar. Os autores concluíram que os braquetes autoligados podem não ajustar
suficientemente o fio no interior da canaleta do braquete, dessa forma poderiam não
obter a totalidade de vantagens dos efeitos super-elásticos dos fios de Níquel –
Titânio.
Loftus e Artun (2001) realizaram um estudo laboratorial para avaliar a fricção
durante o movimento ortodôntico. Para que o estudo fosse o mais próximo da
realidade clínica, usaram um modelo dentoalveolar que permitia uma reprodução
precisa da largura dos dentes, com propriedades elásticas similares ao ligamento
periodontal. Foi medida a força de fricção durante o deslize de braquetes de
cerâmica com canaletas 0,022” x 0,028” e fios 0,019” x 0,025” de aço. Os modelos
utilizados apresentavam larguras de 0,00; 0,33; 0,67 e 1,00 mm de ligamento
periodontal. O ANOVA detectou um efeito significante entre a largura do PDL
(ligamento periodontal) e a média de forças de fricção. Análises estatísticas não
indicaram diferenças nos modelos sem PDL e todos os modelos com largura de 0,33
mm. Também não indicaram diferenças entre os modelos com largura de PDL de
0,67 e 1,0 mm. Porém, os dois modelos com as menores larguras de ligamento
periodontal produziram uma força de fricção significantemente menor.
Em 2002, Thorstenson e Kusy avaliaram o efeito da espessura do fio e do
material constituinte do fio, na resistência ao deslizamento em braquetes
autoligados. Na pesquisa, foram utilizados quatro modelos de braquetes autoligados,
sendo um modelo de braquete com tampa deslizante: Damon 2 (Ormco) e os outros
três modelos com “clips” ativos: In Ovation (GAC), Speed (Strite Industries) e Time
(American Orthodontics). Foram colados em uma barra de aço, unidos com cinco
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tipos de fios: Ni-Ti austenístico de 0,014”(Highland metals), de diâmetro 0,016” x
0,022” (Orthonol, RMO), e de diâmetro 0,019” x 0,025” (Rematitan, Dentaurum), Ni-
Ti martensítico 0,019”” x 0,025” (Nitinol Classic, Unitek) e um fio de aço inoxidável
0,019”” x 0,025” (Forestadent). A resistência ao deslizamento foi medida com
ângulos de segunda ordem, que variavam de -9°a +9°, em meio seco. Quando havia
folga entre o braquete e o fio, a resistência ao deslizamento foi desprezível tanto nos
braquetes com tampa passiva, quanto nos de “clip” ativo. Porém, quando a folga
desapareceu e a angulação de segunda ordem aumentou, a resistência ao
deslizamento também aumentou. Quanto mais rígido o fio, maior a resistência ao
deslizamento em relação ao aumento nas dobras de segunda ordem. Os autores
afirmaram que a resistência ao deslizamento afetaria todos os estágios do
tratamento ortodôntico e, que embora um baixo valor de resistência ao deslizamento
seja desejado, nas fases iniciais do tratamento, um valor de resistência mais alto
seria preferível nas etapas finais do tratamento.
Simoni (2002) realizou um estudo qualitativo com intuito de comparar diversas
marcas e modelos de braquetes ortodônticos metálicos com canaletas de 0,022”
para incisivos centrais superiores, de acordo com a lisura de superfície de suas
canaletas. O objetivo foi a análise microscópica da rugosidade das canaletas de
braquetes ortodônticos metálicos, afim de verificar quais modelos e marcas
apresentavam uma maior resistência ao deslizamento, devido ao atrito produzido
pela superfície irregular da canaleta. Os braquetes que apresentaram canaletas com
alta rugosidade foram Morelli Nickel Free (prescrição Roth) e TP Twin- Edge
(prescrição Edgewise). Já os braquetes que apresentaram canaletas com
rugosidade média foram Abzil Lancer Kirium (prescrição Roth), Abzil Lancer
(prescrição Edgewise), Morelli (prescrição Edgewise), Ormco Mini Diamond
(prescrição Roth), Ormco Mini Ormesh (prescrição Roth), TP Nu-Edge (prescrição
Roth) e Unitek Victory (prescrição MBT). Finalmente, o braquete que apresentou
baixa rugosidade foi o Unitek Full Size da prescrição MBT.
No ano de 2003, Cacciafesta et al. avaliaram a fricção entre braquetes
autoligados metálicos (Damon SL II, Ormco), braquetes autoligados de policarbonato
(Oyster, Gestenco) e braquetes metálicos convencionais (Victory, Unitek) sob ação
de três tipos de fios: aço inoxidável, Ni-Ti e beta-titânio. Os braquetes foram testados
com cada tipo de fio em três diferentes secções: 0,016”, 0,017” x 0,025”, 0,019” x
0,025”. Cada braquete foi montado em um “jig” que foi anexado a cruzeta da
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máquina de ensaios. Foram feitas medições em um aparelho especialmente
projetado para medir a fricção cinética e estática. Os braquetes autoligados
metálicos geraram forças friccionais mais baixas que o sistema de policarbonato e o
convencional. Já os braquetes convencionais e os de policarbonato não mostraram
diferenças significativas entre eles. Todos os braquetes mostraram maiores forças
friccionais estáticas e cinéticas quando o calibre do fio era aumentado.
Henao e Kusy, em 2004, fizeram uma avaliação da resistência de fricção
entre braquetes convencionais e autoligados, usando arcos padronizados e
typodonts. No estudo, avaliaram quatro tipos de braquetes convencionais: Mini
Diamond (Ormco), Mini Diamond (GAC), Tip Edge (TP Orthodontics), Mini Mono HT
(Forestadent); e quatro tipos de braquetes autoligados: Damon II (Ormco), In-
Ovation (GAC), Speed (Strite Industries), Time (American Orthodontics). Uma
máquina de testes realizou análises de dois braquetes com três tipos de arcos
deslizando por eles (Ni-Ti 0,014”, 0,016” x 0,022”, e 0,019” x 0,025”). Cada conjunto
de braquetes foi montado sobre um quadrante do modelo de acrílico, sendo que
cada quadrante possuía um grau mais severo de má oclusão. Os testes foram
realizados em meio seco e úmido. Os resultados obtidos revelaram que as forças de
atrito foram maiores nos braquetes convencionais, nos fios de maior calibre e nos
quadrantes com má oclusão severa. Nos fios mais finos, a diferença de fricção entre
braquetes autoligados e convencionais foi significantemente maior. Em relação ao
meio seco e úmido, apenas um braquete teve diferença significativa (In Ovation) em
um dos quadrantes.
Em 2005, Tecco et al. avaliaram a fricção entre braquetes convencionais
(Victory, Unitek) e autoligados (Damon SL II, Ormco; e Time Plus, American
Orthodontics) usando um sistema com 10 braquetes de pré molares superiores do
lado direito, alinhados montados em uma barra de metal. Todos os braquetes foram
testados com três tipos de ligas metálicas (aço inoxidável, Ni-Ti, e beta-titânio) em
três conformações diferentes (0,016”, 0,017” x 0,025” e 0,019” x 0,025”). Os
braquetes convencionais foram presos ao fio com módulos elásticos. A força de
tração foi avaliada 10 vezes para cada tipo de arco. Foram feitos um total de 300
testes para esse estudo, em um estado seco e na temperatura ambiente de 34°C.
Para avaliações friccionais, foi usada uma máquina mecânica de testes com 10 lb de
tensão de cédula de carga. Os braquetes Time Plus geraram uma menor fricção
quando comparados com os outros braquetes. Os braquetes Damon SL II geraram
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uma menor fricção com fios redondos, porém uma fricção significativamente maior
com fios retangulares, quando comparados a outros braquetes.Os arcos beta-titânio
apresentavam uma grande resistência à fricção em relação aos arcos de aço e de
Ni-Ti, e esses últimos, não apresentaram diferenças entre si. Todos os braquetes
mostraram uma maior força de fricção quando aumentado os calibres dos fios.
No mesmo ano (2005), Fortini, Lupoli e Cacciafesta sugeriram um novo
sistema de ligação braquete-fio de baixa fricção. Relataram que muitos fatores
contribuiriam para a resistência de fricção dos aparelhos, incluindo materiais de
braquetes e fios, sua secção e espessura. As condições de superfície dos fios e
canaletas dos braquetes, torque na interface braquete/fio, distância interbraquete,
presença de saliva e as funções do ambiente bucal, também seriam fatores
contribuintes para a fricção. Os autores relataram que vários estudos demonstraram
a redução significante da fricção com braquetes autoligados quando comparados
aos convencionais. Afirmaram que com o uso desses braquetes poderia haver uma
diminuição do tempo de tratamento, quando forem realizadas mecânicas de
deslizamento. Porém, os braquetes autoligados possuiriam certas limitações como a
dificuldade de total expressão do torque, a frequente fratura dos “clips”, o fato de
serem mais volumosos que os convencionais, prejudicando a higiene bucal. Então,
uma alternativa seria uma ligadura que reduzisse a fricção entre o braquete e o fio. A
ligadura lisa, demonstrada nesse trabalho, foi desenvolvida com um poliuretano
médico e foi aplicado ao braquete como uma ligadura convencional. Essa ligadura
permitiu ao arco a aplicação de força desejada sem a resistência das ligaduras
convencionais, reduzindo assim o tempo de tratamento e produzindo resultados
estáveis. Essas ligaduras poderiam ser usadas nos dentes posteriores para reduzir a
fricção, enquanto que ligaduras convencionais poderiam ser usadas no segmento
anterior para maximizar a expressão e o controle do torque.
Em 2005, Oh et al avaliaram a exatidão do tamanho, a microestrutura, a
dureza, a resistência de corrosão, a citoxicidade e o atrito com um fio de aço
inoxidável 0,017” x 0,025” nos braquetes metálicos de incisivos centrais superiores.
Foram utilizados braquetes Edgewise, de dimensão 0,018” x 0,025”, dos modelos de
braquetes: Archist (Daeseung, Seoul, Koréia), um braquete experimental
denominado SR-50A (Yonsei University, Seoul, Koréia) e Mini-Diamond (Ormco,
Glendora, Calif., EUA). Para avaliar a exatidão em tamanho, foram selecionados
aleatoriamente 10 braquetes, que foram avaliados em um mensuroscópio (MM-11,
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Nikon, Kawasaki, Japão). Com a finalidade de avaliar a microestrutura do braquete,
foi utilizado um microscópio óptico. Para avaliar a dureza, usou um teste de
MicroVickers em vários locais dos cinco braquetes, em cinco tempos de medição.
Para observar as propriedades da corrosão na cavidade oral, utilizou-se saliva
artificial a 37 + 1° C. Para avaliar o potencial de corrosão, a resistência de
polarização e a taxa da corrosão das amostras de acordo com as designações G3 e
G102 de ASTM, foram utilizadas técnicas de polarização e de extrapolação linear de
Tafe. E também, para a avaliação do atrito nas canaletas, em tempos distintos para
cada braquete. Os autores concluíram que o braquete SR-50A tem a propriedade
superior de resistência à corrosão e a de fricção e uma biocompatibilidade com baixa
probabilidade de reação alérgica, comparada com os braquetes metálicos
convencionais avaliados.
Assad-Loss, Neves e Mucha (2008) avaliaram a composição química e a
rugosidade do fundo da canaleta de 90 braquetes metálicos divididos em 9 grupos:
grupo 1- aço inoxidável (Equilibrium 2 - Dentaurum); grupo 2 - titânio (Equilibrium ti -
Dentaurum); grupo 3- cromo-cobalto (Topic- Dentaurum); grupo 4 - aço inoxidável
(Standard -TP Orthodontics); grupo 5 - aço inoxidável (Série light - American
Orthodontics); grupo 6 - aço inoxidável (Kirium Line - Abzil Lancer); grupo 7 - aço
inoxidável livre de níquel (Monobloc – Morelli); grupo 8 - aço inoxidável
(Convencional- Morelli) e grupo 9 - aço inoxidável livre de níquel (Monobloc Golden –
Morelli). A composição química foi analisada pela Espectroscopia de Energia
Dispersiva e a avaliação qualitativa do fundo da canaleta foi realizada através do
MEV classificada de 0 a 8, correspondente às características da superfície. Quanto à
composição química foi encontrado: grupo 1 = titânio puro; grupo 9 = recoberto por
nitreto de titânio em 99,48%; grupo 3 = cromo-cobalto; grupo 8 = aço inoxidável livre
de níquel. Os demais grupos foram compostos de aço inoxidável. Quanto a
avaliação da superfície - grupo 1 = valor 2 (superfície mais polida); grupos 2, 5 e 7 =
valor 3 (aspecto de polimento); grupos 3, 8 e 9 = valor 6 (menor polimento); grupo 4
= valor 6,5 (maior rugosidade) e o grupo 6 = valor 5 (características intermediárias
de polimento). Desta forma, concluiu-se que os braquetes metálicos são compostos
de diferentes ligas e estão disponíveis com baixo conteúdo ou ausência de níquel.
Os braquetes de titânio apresentaram polimento semelhante aos de aço inoxidável,
porém os recobertos por nitreto de titânio e os de cromo-cobalto mostraram
superfície mais irregular ou menos polida.
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Cotrim-Ferreira (2010) salientou que o coeficiente de atrito tem chamado
grande atenção de clínicos e pesquisadores, principalmente após a popularização
dos braquetes autoligados. Diversas características do aparelho ortodôntico podem
interferir na geração de fricção, entre o fio ortodôntico e o braquete, quando da
realização de uma mecânica de deslize. O atrito está presente em diversas fases do
tratamento corretivo, principalmente na etapa de nivelamento e fechamento de
espaços. O menor atrito proporciona um melhor controle biomecânico e, desta
forma, agiliza a movimentação dentária, reduzindo o dano tecidual decorrente da
terapia, assim como encurta o tempo total de tratamento. O autor evidencia ainda
que apesar da força de tração dos arcos, quando deslizam nos braquetes, as
características dos fios ortodônticos, os fatores associados aos braquetes, o método
de ligação e a saliva e o biofilme influenciarem fortemente o coeficiente de atrito, é a
geometria do aparelho, o fator mais importante na sua determinação.
Em 2011, Pacheco et al afirmaram que o atrito gerado na interface
braquete/fio, durante a mecânica de deslizamento, pode reduzir a eficiência da
movimentação ortodôntica e o método de ligação do fio ao braquete, exerce
importante papel na determinação desse atrito. Para isto, realizaram um estudo in
vitro para avaliar o atrito em braquetes autoligados submetidos à mecânica de
deslizamento. A pesquisa comparou a força de atrito gerada por quatro tipos de
braquetes autoligados (Time, Damon 2, In-Ovation R e Smart Clip) com um grupo de
braquetes ortodônticos convencionais (Dynalock) associados a ligaduras elásticas
tradicionais (Dispens-A-Stix), que serviu como grupo controle. A força de atrito
estático foi mensurada através da máquina universal de ensaios EMIC DL 500 com
dois fios de aço inoxidável com secção transversal 0,018” e 0,017” x 0,025”. A
análise de variância ANOVA e o teste de Tukey mostraram baixos níveis de atrito
nos quatro braquetes autoligados associados ao fio 0,018” (P<0,05). Todos os
braquetes autoligados testados apresentaram significativa redução no atrito com o
fio 0,018”, podendo ser considerados uma alternativa clínica para minimizar os
efeitos indesejáveis do atrito observados com os braquetes convencionais, quando a
mecânica de deslizamento é empregada. Quando testados com fios retangulares, os
braquetes autoligados ativos apresentaram atrito significativamente maior do que
aqueles considerados passivos, com resultados estatisticamente semelhantes aos
dos braquetes convencionais com fios de mesmo calibre.
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2.2) Avaliação da precisão do braquete e do torque
O torque é uma torção do fio retangular, onde a coroa acompanha o
movimento do fio e a raiz se desloca no sentido contrário, segundo a definição de
Rauch (1959). Este autor estudou a aplicação do torque na Ortodontia e afirmou que
o mesmo permitiria ao ortodontista controlar as inclinações axiais dos dentes, para
posicioná-los harmonicamente e promover alterações faciais, as quais foram
comprovadas cefalometricamente. Quando inserido um fio retangular na canaleta do
braquete e este não promove força no dente, denomina-se torque passivo. O torque
ativo causaria a movimentação dentária devida à adaptação de um fio torcido dentro
da canaleta do braquete. Na década de 60, a maioria dos ortodontistas, utilizava
somente braquetes da técnica Edgewise. Alguns braquetes torqueados estavam
disponíveis no mercado, mas apresentavam menos do que cinco graus de torque.
Alguns profissionais angulavam os braquetes sobre as bandas, mas não havia
consenso com relação ao número correto de graus, além de haver pouca ou
nenhuma informação fornecida pelos fabricantes.
Andreasson (1972) realizou estudos experimentais de comparação dos
braquetes da técnica Edgewise com vários tipos de fios, para diferentes formas e
secções. O autor analisou a profundidade da canaleta do braquete, o diâmetro do fio
aplicado, e ainda, a forma de rotação existente. Através do resultado das análises
referentes aos movimentos de primeira, segunda e terceira ordem, foi determinado
que os braquetes com medidas 0,018” x 0,025” eram os mais eficazes.
No intuito de estudar a quantidade de rotação do arco retangular em tubos
molares, Lang, Sandrik e Kappler (1982) analisaram tubos de cinco fabricantes. A
quantidade de força de torque dissipada pela interação tubo-arco foi refletida na
rotação. Os estudos mostraram variações entre a dimensão da luz do tubo
observados no trabalho, e as descritas pelos fabricantes, pois dependendo do arco
utilizado e do fabricante, o fio retangular apresentou liberdade de rotação no tubo
com diferentes graus. Este fato, segundo os autores significa que inclinações ou
angulações adicionais podem ser necessárias.
Maijer e Smith, em 1982, afirmaram que a maioria dos braquetes fabricados
na década de oitenta, eram com aço inoxidável tipo 304. De acordo com o relato
destes autores, este tipo de aço contém 18 a 20% de Cromo e 8 a 10% de Níquel,
com pequenas quantidades de Magnésio e Silício e com conteúdo baixo em
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 30303030
Carbono, normalmente menor que 0,1%. Algumas fábricas utilizam o aço do tipo
316, o qual possui maior conteúdo de Níquel, 2 a 3% de Molibdênio, e ainda baixa
concentração de carbono para melhorar as características necessárias para solda e
para aumentar a resistência à corrosão. Outras ainda utilizam o aço tipo 317, que
tem modificações similares na sua formulação para aumentar a resistência à
corrosão e a fratura.
Andrews (1983) afirmou que os aparelhos pré-ajustados, melhoram a
finalização dos tratamentos, pois estes aparelhos, por terem sido inseridos em seu
processo de construção os torques e angulações, proporcionam um menor tempo de
correção e consulta, facilitando o trabalho do ortodontista no que diz respeito à
confecção de dobras nos arcos. Quando descreveu a técnica dos braquetes pré-
ajustados enfatizou que, desde que a ranhura seja colocada no centro da coroa
clínica, e as bases dos braquetes apresentem corretas inclinações, será
proporcionado um torque adequado ao dente.
Com o objetivo de avaliar a variação de torque efetivo em função das arestas
arredondadas dos fios retangulares, Sebanc et al (1984) analisaram a folga existente
entre 80 braquetes Edgewise (20 com canaleta 0,018” x 0,025” e 20 com canaleta
0,022” x 0,028”) de 2 marcas comerciais com relação a fios retangulares de três
dimensões diferentes. Para cada canaleta foram proporcionados 60 fios de aço (10
para cada tamanho), 30 de níquel-cobalto (10 para cada tamanho) e 20 de beta-
titânio (10 para cada tamanho). Para a canaleta 0,018”, foram utilizados fios de
0,016” x 0,016”, 0,016” x 0,022” e 0,017” x 0,025”. Para a canaleta 0,022” foram
utilizados fios de 0,018” x 0,025”, 0,019” x 0,025” e 0,021” x 0,025”. As dimensões
das canaletas foram mensuradas com um microscópio e as secções transversais
dos fios retangulares com um micrômetro. Os autores observaram que os valores de
largura e profundidade da canaleta foram maiores que aqueles prescritos pelos
fabricantes, porém as alterações foram mínimas e não influenciariam
significativamente nos valores de torque. Isso não aconteceria com os fios, já que o
arredondamento das arestas poderia variar o torque de 0,2° até 12,9° para os
diversos tipos de fios. Isso fez com que a porcentagem de contribuição desta relação
no estabelecimento do torque variasse de 3% a 63%. Os autores encontraram que a
folga do fio na canaleta sempre foi maior calculado teoricamente. Essa folga poderia
ser tanto uma vantagem como uma desvantagem, sobretudo nos casos de
compensações dentárias. Segundo os autores, o torque seria influenciado pela folga
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entre o fio e a canaleta e também pela tolerância da fabricação dos braquetes e fios.
Assim, recomendaram aos ortodontistas estarem prevenidos quanto às
consequências produzidas por esses dois fatores.
Creekmore e Kunik (1993) relataram a necessidade da individualização dos
braquetes para alcançar os efeitos desejados. Por exemplo, nos casos de Classe II
2ª divisão onde seriam utilizados braquetes com torque de Roth (12°) para incisivos
centrais superiores, que precisavam de movimento vestibular de coroa e braquetes
com torque Andrews para incisivos laterais superiores para proporcionar um
movimento lingual de coroa. Nos casos de Classe I ou III sem extração, seriam
necessários os braquetes de Andrews, com torque 7°, para os incisivos centrais
superiores e -1° para os incisivos inferiores. Citaram também alguns fatores que
dificultavam o uso dos aparelhos pré-ajustados, tais como o posicionamento
incorreto dos braquetes; variações das estruturas dentárias; variações nas relações
maxilo mandibular, que necessitariam de mudanças nas posições dos incisivos
superiores e inferiores; deficiências mecânicas devido ao braquete estar posicionado
longe do centro de resistência e a folga entre o fio e a canaleta do braquete. A
aplicação da força longe do centro de resistência provocaria, por exemplo, a
giroversão e inclinação mesial ou distal dos dentes no fechamento de espaço das
extrações, torque vestibular nas intrusões dos incisivos e o torque lingual nas
retrações. Os autores consideraram também que a folga entre o fio e a canaleta dos
braquetes seria necessária para inserção e remoção do fio. As tolerâncias de
fabricação mostraram canaletas 0,018” que variavam de 0,0182” a 0,0192” e
canaletas de braquetes de 0,022” que variavam de 0,022” a 0,023” e o arco 0,018” x
0,025” teria uma folga de 6°. Daí a necessidade de um torque maior nos incisivos
superiores para compensar os movimentos de retração. Concluíram que os
resultados do tratamento ortodôntico, com a utilização dos braquetes de Andrews,
nem sempre eram conseguidos, havendo necessidade de dobras nos arcos para
individualização dos casos.
Em 1995, Proffit relatou que os materiais utilizados na fabricação dos
aparelhos devem ser precisamente manufaturados, de tal forma que as dimensões
internas do encaixe sejam precisas, pelo menos em um milésimo de polegada. Os
braquetes devem ser resistentes o suficiente para suportar as forças de mastigação
sem distorcer, o que afetaria a dimensão da canaleta e, consequentemente, a
eficácia do aparelho.
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 32323232
Deguchi et al, em 1996, publicaram um artigo sobre a manufatura de
braquetes, onde afirmaram que durante os últimos anos, um método novo tinha sido
adotado para a manufatura dos braquetes ortodônticos metálicos, denominado
Molde de Injeção de Metal (MIM). Este método foi inventado e desenvolvido nos
Estados Unidos, no início da década de 80, com uma alta complexidade e um custo
elevado. Dez anos após, a indústria necessitava de uma grande demanda para
pequenas peças de alta precisão principalmente nas áreas aeroespacial, médica,
óptica e de computador. O MIM consiste em misturar metal amassado em pó, pasta,
aglutinante, e lubrificante para dar forma ao composto equipado. Isto é seguido da
granulação do composto, injetando o mesmo em um molde, removendo e
sinterizando o material aglutinado.
Como a precisão de fabricação dos braquetes influencia significativamente os
resultados de um tratamento ortodôntico, Mancini et al (1997) realizaram a
comparação dos processos de fabricação dos braquetes produzidos pelas empresas
“A” Company, Ortho Organizers, TP Orthodontics, American Orthodontics,
Dentaurum, GAC, Leone, Ormco, Unitek e Rocky Mountain. A análise destes
braquetes em microscópio eletrônico mostrou vários defeitos, tais como rebarbas,
estrias, farpas, porosidades e fissuras. Estes defeitos, quando presentes nos
braquetes, podem provocar repercussões clínicas, tais como danificação do arco e
aumento da resistência friccional. Deste modo, os autores concluíram que os
braquetes ortodônticos apresentam uma grande diversidade de formatos,
prescrições e técnicas de fabricação, e isto evidencia que ainda não existe um
braquete considerado o ideal para todos os casos. O ortodontista, além de escolher
a prescrição ideal de braquetes para os seus pacientes também deve levar em
consideração a qualidade destes, pois caso use produtos de qualidade duvidosa
estará expondo os seus pacientes a um aumento considerável dos riscos potenciais
que o tratamento pode acarretar.
Meling, Odegaard e Meling (1997) testaram pela torção quarenta tipos de fios
de aço inoxidável retangular e quadrado de diferentes tamanhos, fornecidos por
cinco fabricantes distintos. O estudo simulou o que ocorre quando se aplica o torque
a um único dente. Utilizaram braquetes padrões com canaletas equivalentes a
0,018”, com uma distância interbraquete de 4mm. Os resultados demonstraram que
a variação na dimensão seccional cruzada e a borda chanfrada induzem a uma
torção variável (depuração de terceira ordem). Como exemplo, os fios de 0,016” X
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 33333333
0,022” apresentam uma média de torção de até 18,5°, com um limite de 16,6° a
20,4°. Demonstraram que quando são utilizados os fios de 0,016” x 0,022” deve se
aplicar de 24,6° a 29,2° de torção para se obter 20 Nmm de momento torsional. Esta
variação ocorre principalmente devido a uma larga amplitude de torção. Como
resultado, a predição de que um momento torsional pré-determinado pode ser
liberado torna-se incerta. E os fabricantes dos dispositivos geralmente não indicam
suas tolerâncias e nenhuma norma é dada. Os resultados demonstraram que,
devido aos limites da atividade na torção dos fios de aço inoxidável, torna-se difícil a
liberação precisa do momento torsional, baseado na condição presente na cavidade
bucal. A inflexibilidade da torção varia consideravelmente entre os diversos grupos
dimensionais, como resultado da variação da geometria seccional cruzada e das
propriedades do material.
Meling e Odegaard, em 1998, utilizaram um aparelho que simulava a
aplicação de torque e verificaram que as paredes da canaleta dos braquetes
exercem forças nos fios resultando no torque. Braquetes e fios de aço inoxidável
retangular foram testados em torção junto com dobras de segunda ordem. O arco
com dobra de segunda ordem, inserido em um braquete, resultou em uma pequena
dobra de terceira ordem. Se o braquete fosse pré-angulado, o arco exerceria torque
efetivo para ângulos de torção bem menores que a folga entre o fio e o braquete. O
efeito restrito da interação braquete-fio resultante da dobra de segunda ordem
diminuiu na medida em que o torque criado ultrapassou o torque exercido pela dobra
de segunda ordem. Assim após a eliminação da folga entre o fio e o braquete,
adição de dobra de segunda ordem teve pouco efeito no torque.
Meling, Odegaard e Seqner (1998) relatam que os fabricantes de braquetes
não declaram qual método usam quando medem a altura da canaleta do mesmo
(dimensão vertical); ou colocam as tolerâncias das dimensões das canaletas em
seus catálogos de produtos ou em suas etiquetas. É de interesse dos ortodontistas o
conhecimento sobre a exatidão das canaletas dos braquetes, permitindo momentos
de torque mais corretos. Também é de interesse o conhecimento da eficiência dos
vários métodos usados na produção de braquetes ortodônticos. As técnicas
modernas ortodônticas utilizam com maior freqüência braquetes pré-torqueados.
Debates têm levantado o tema que trata do correto ângulo do torque, e os
ortodontistas podem discutir as variações nas canaletas de poucos graus. Isto pode
ser corrigido do ponto de vista teórico, mas se tais diferenças não fazem sentido, é
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importante que os fabricantes dêem informações adicionais acerca de seu produto
para permitir que os ortodontistas façam as correções dos desvios para valores
normais. Entretanto, isto levanta a importância da questão do controle de qualidade.
Kusy e Whitley (1999) examinaram vinte e quatro canaletas de braquetes das
marcas “A” Company, American Orthodontics, Dentaurum, GAC, Ormco, RMO, TP
Orthodontics e 3M Unitek. Além disso, 26 tipos de fios, de diversas espessuras, das
marcas American Orthodontics, Dentaurum, GAC, Ormco, RMO e 3M Unitek. As
canaletas foram medidas utilizando a óptica de um aparelho de microdureza, as
alturas com compasso e os fios com micrômetro. As dimensões das canaletas dos
braquetes variaram na altura e largura. Verificou-se que 15% das canaletas
apresentaram-se menores que os valores nominais. Nos demais braquetes
estudados, a canaleta 0,018” apresentaram 16% maiores e a canaleta 0,022” mediu
8% maior do que preconizava a técnica. A altura das canaletas dos braquetes não
foi informada nas embalagens, mas variaram em 50%. Os fios em sua maioria
apresentaram espessuras menores que os valores nominais e 30% apresentaram
maiores. Os autores defenderam uma padronização dos materiais, de modo que os
fios de uma marca se adaptassem aos braquetes de outra, pois existem fios mais
espessos e algumas canaletas seriam menores do que as preconizadas pelos
fabricantes. Para que essa padronização fosse possível, as indústrias deveriam
informar as tolerâncias dimensionais dos seus produtos.
Kapur, Sinha e Nanda (1999) realizaram estudos com o objetivo de medir a
carga transmitida, e a integridade estrutural dos braquetes de aço inoxidável, e de
titânio na aplicação de forças de torção. Para o desenvolvimento dos trabalhos, os
autores utilizaram um dispositivo especialmente planejado, que fazia aplicação de
um valor de torque de 45º, e fizeram uso dos braquetes Edgewise com encaixes
0,018” e 0,022”. Para medirem a carga gerada, utilizaram uma máquina de teste
Universal Instron em intervalos de 15º, 30º e 45º de aplicação de torque. Fizeram
uso também de um estereoscópio móvel, para poderem avaliar a estabilidade
estrutural dos braquetes, medindo a largura do encaixe do braquete, antes e depois
de serem submetidos a forças de torção. A carga média gerada na aplicação de 45º
de torque, foi analisado pelo teste “t” de Student, em uma amostra independente
para que pudessem realizar a comparação. Quando comparados aos braquetes de
aço inoxidável, os braquetes de titânio transmitiram carga mais altas nos torques de
15º e 30º, e mais baixas no torque de 45º. Concluíram que os braquetes de titânio
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apresentam maior estabilidade estrutural quando comparados aos braquetes de aço
inoxidável.
No mesmo ano, Siatkowski (1999) avaliou a perda de controle de torque
anterior devido às variações nas dimensões dos arcos e das canaletas dos
braquetes. Os fios de secção retangular de dimensão menor que as canaletas
poderiam influenciar na inclinação vestíbulo-lingual final dos dentes. Considerando
que uma canaleta 0,018” fosse realmente 0,019” e um arco 0,017” x 0,025” fosse
inserido nessa canaleta, haveria uma folga adicional de 5° entre o braquete e o fio.
Em outra situação, se a canaleta 0,022” fosse realmente 0,0235” e um arco 0,018” x
0,025” fosse inserido nessa canaleta, haveria 5° de folga. O arredondamento das
arestas do fio também contribuiria para esta folga. Quando nos casos de extrações
dentais, os dentes posteriores fossem movimentados para anterior, os erros
relacionados às dimensões das canaletas poderiam induzir à inclinação lingual dos
dentes anteriores. Além disso, se os arcos fossem menores que os tamanhos
declarados nas embalagens haveria consequências para o tratamento.
Fischer-Brandies et al. (2000) investigaram a influência da secção transversal,
formato das arestas e relação entre o fio retangular e o braquete. Utilizaram cinco
marcas comerciais de três dimensões diferentes (0,016” x 0,016”, 0,016” x 0,022” e
0,017” x 0,025”) e estes foram inseridos em braquetes da técnica Edgewise com
canaleta 0,018”. Torques com intensidades diferentes foram incorporados aos fios. A
canaleta e a geometria do fio foram analisadas por computadores, antes e depois da
incorporação do torque. Concluíram que as canaletas apresentavam tamanho 0,8%
maior do que os valores informados pelos fabricantes. A medida da secção
transversal dos fios foram, em média, 9,7% em largura e 10,7% em altura menores
do que os valores informados, além de apresentarem um evidente arredondamento
das arestas. Com adição de torque ocorreu o entalhe das paredes das canaletas dos
braquetes, pela baixa dureza dos mesmos, com consequente alargamento adicional
de 0,016mm, aumentando a folga fio-braquete. A deformação e o entalhe que
ocorreram na área das paredes internas das canaletas contra indicaram a
reciclagem dos braquetes. Os autores concluíram que uma padronização dos
sistemas de braquete-fio seria desejável para um tratamento ortodôntico mais eficaz.
Mencionaram que os resultados de vários estudos das deficiências dos dispositivos
Straight-Wire basearam-se nos dados de fabricação e na folga entre o fio e o
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braquete. Essa folga ocorreria devido à conformação das arestas dos fios e à
inconsistência dimensional dos braquetes e fios.
A precisão é a capacidade de ler medidas realizadas por um aparelho. A
confiabilidade da precisão está diretamente relacionada com o aparelho utilizado e
somente pode ser melhorada se o aparelho ou instrumento de leitura for aprimorado.
Executar diversas vezes a mesma experiência também é uma forma de aumentar a
confiabilidade no resultado final (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE –
DEPARTAMENTO DE FÍSICA, 2001).
Gmyrek et al (2002) investigaram in vitro e em simulações clínicas a
capacidade de torque e deformações da canaleta dos braquetes de plástico,
comparando-os com braquetes metálicos. Neste estudo, foram analisadas três
marcas diferentes de braquetes de plástico e uma de braquete metálico de canaleta
0,018”. Estes braquetes foram torqueados com os fios de aço 0,016” x 0,022”. Nas
experiências in vitro, os braquetes foram colados sobre painéis e o arco amarrado
por meio de um fio de amarrilho. Em seguida, o arco foi torcido até 30° com auxílio
de um torno mecânico de precisão. O ângulo de torque, a perda de torque e a força
utilizada na torsão foram registrados. Os braquetes de plástico foram observados em
um microscópio para verificação de deformações, fraturas ou rachaduras. A perda
de torque para todos os braquetes de plástico foram maiores que a perda de torque
teórica quando os fios 0,018” x 0,022” foram usados. Com os braquetes de metal a
perda de torque foi menor. Todos os braquetes excederam o torque mínimo
necessário. Os braquetes de plástico proporcionaram maiores perdas de torque. Nos
testes de simulação clínica, utilizando um sistema específico, foram utilizados o
braquete Brillant comparando com o Mini-Mono. Cada um dos braquetes de teste foi
conectado ao sensor de força de torque do simulador, posicionado no lugar do
incisivo. Um torque vestibular de 20° foi aplicado e o movimento ortodôntico foi
calculado. Cada combinação arco-braquete foi medida cinco vezes. Com 1,21 Ncm
para o arco 0,016” x 0,022” e 1,94 Ncm para o arco 0,018” x 0,022” sendo que o
torque máximo registrado para o Mini-Mono foi significativamente mais alto que o
registrado para o Brillant atual com 0,62 Ncm e 1,15 Ncm respectivamente. Embora
os torques iniciais mais altos do braquete de metal não tenham sido alcançados
pelos braquetes plásticos, o declínio do torque foi comparável. Concluíram que os
braquetes plásticos perdem torque durante o tratamento impossibilitando um
posicionamento correto dos dentes ao final do mesmo. Houve uma maior
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deformação das canaletas dos braquetes plásticos, tornando o torque dos braquetes
metálicos mais efetivo.
Casassa (2002) explicou que existe uma folga entre a canaleta do braquete e
o fio que traria alterações na expressão efetiva do torque. O torque efetivo poderia
ser expresso matematicamente subtraindo do torque inserido no braquete o ângulo
de folga existente entre a canaleta e o fio. Assim, quando fosse inserido um fio
0,021” x 0,025” numa canaleta de 0,022” x 0,025”, e o torque prescrito é de 7° com
uma folga de 2,9°, o torque real seria de 4,1° e não de 7°, conforme estaria expresso
no braquete. O autor ressaltou que a folga aumenta quando o fio é menor que a
canaleta, assim seriam necessários fios que preenchessem totalmente a canaleta
para poder obter o torque expresso nos braquetes.
Em 2003, Kang et al. afirmaram que a maioria das técnicas ortodônticas
envolve algum deslize entre a canaleta do braquete e o fio, surgindo uma resistência
friccional e desta forma, analisaram a relação entre o ângulo de contato crítico e o
torque, em uma montagem de braquete ortodôntico e fio, em 3 dimensões. Os
modelos matemáticos tridimensionais foram criados com parâmetros geométricos
braquete-fio, incluindo dois tamanhos de canaletas, três larguras de braquete e três
a quatro tamanhos de fio. A partir desses modelos, os ângulos de contato crítico, sob
condições de variação de torque, foram calculados através de uma equação
matemática tridimensional. Para avaliar os efeitos dos parâmetros braquete-fio em
ângulos de contatos críticos, foi realizada uma análise de variância (ANOVA) ao
nível de significância de 5%. Para todas as combinações braquete-fio, o ângulo de
contato crítico diminuiu à medida que a largura do braquete, o ângulo de torque e o
tamanho do fio aumentavam. Assim, todos os parâmetros braquete-fio, exceto altura
da canaleta, apresentaram um efeito no ângulo de contato crítico. Os resultados do
ângulo de contato crítico produzidos pelas equações 3DMEs foram iguais àqueles
produzidos pelo modelo 3D com auxílio do computador (SolidWorks Corp, Concord,
Mass), confirmando assim a validade das equações derivadas. Além disso, foi
investigado o efeito de uma extremidade chanfrada em alguns fios. Também foram
calculados ângulos de jogo de torção, sendo observado que estes são semelhantes
àqueles de relatos anteriores. Os resultados deste estudo fornecem bases teóricas e
experimentais para a prática ortodôntica clínica e indicam que os ângulos de torque
deveriam ser incluídos na avaliação do ângulo de contato crítico. Segundo os
autores, o torque é fator fundamental para terceira dimensão no controle de
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lateralidade do tratamento ortodôntico. O conhecimento do controle de torque é vital
para a aplicação da força. Os clínicos têm que entender o papel complicado do
torque, sua relação e aplicação nas diferentes fases da terapia fixa. Verificaram que
a quantidade de torque a ser aplicado na canaleta do braquete deverá ser maior que
7.24o para iniciar movimentação dentária, conforme resultado da pesquisa realizada.
Thiensen et al (2003) relataram a importância da incorporação e do controle
de torque no tratamento ortodôntico. Afirmaram que o fio retangular encontra na
canaleta do braquete uma relação de superfície de tangência e não de pontos de
tangência, como ocorre com os fios redondos. A utilização do fio retangular, bem
como o torque incorporado ao braquete, seria primordial para uma adequada
finalização ortodôntica, uma vez que a correta inclinação vestíbulo-lingual dos
dentes seria essencial para obtenção de uma intercuspidação adequada,
estabilidade, estética e função. O ortodontista deve incorporar o torque no fio
retangular, mesmo com a utilização de braquetes pré-ajustados.
Cash et al (2004) avaliaram o tamanho e a geometria das canaletas de 0,022”
dos braquetes de incisivo central superior de onze marcas comerciais: Clarity MBT e
Victory MBT (3M Unitek), Twin Torque Roth, Discovery Roth e Elegance Plastic Roth
(Dentaurum), Mini Mono MBT (Forestadent), Nu-Edge Roth e Mxi Advant-Edge Roth
(TP Orthodontics), Damon II SL Roth (Ormco), Elite Mini Opti-MIM Roth e Elite Mini
Opti-MIM MBT (Ortho Organizers). Estes foram mensurados em duas ocasiões, por
dois diferentes avaliadores em tempos distintos, por meio de um sistema de medição
digital denominado Maxtascan 100 que possibilita a mensuração das dimensões e a
visualização geométrica das canaletas. Os autores observaram que todas as
dimensões das canaletas foram maiores do que o prescrito pelos fabricantes. A
medida foi feita nos braquetes estéticos (Clarity e Elegance Plastic), os quais
possuíam canaleta de metal. As medidas foram difíceis de serem realizadas devido
ao arredondamento das arestas das canaletas, porém o microscópio definiu melhor
as arestas para precisão dos resultados. Foram medidas a parte superior e inferior
da canaleta dos braquetes e se as mesmas apresentavam convergências ou
divergências. O teste t Student, de todas as medidas, não mostraram diferença
estatisticamente significante, então as medidas do segundo operador foram
descartadas. Três canaletas ficaram dentro dos 5% das dimensões informadas pelos
fabricantes e tinham paredes paralelas (Twin Torque, Clarity MBT e Mini Mono). A
canaleta do braquete Elegance Plastic Roth tinha paredes paralelas, porém
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apresentava 12% de aumento de dimensão em relação ao valor recomendado.
Quanto à geometria das canaletas, os braquetes Victory Series eram ligeiramente
divergentes (parte superior maior que a inferior) e 6% maior em tamanho. A canaleta
do Nu-Edge era divergente e 14% maior em tamanho. As paredes das canaletas dos
braquetes Mxi Advant-Edge Roth, Damon II SL e Elite Mini Opti-MIM Roth, Elite Mini
Opti-MIM MBT eram todas convergentes e a base da canaleta do braquete Damon II
SL era 17% maior. O braquete Discovery também apresentou canaletas
convergentes e a base da canaleta foi 24% maior, com diferença de 7% entre a
largura superior e inferior da base da canaleta do braquete. A junção das paredes
com a base da canaleta era arredondada no Mxi Advant-Edge onde se esperava um
ângulo de 90°. Além disso, observou-se no braquete Elite Mini Opti-MIM um mau
acabamento na extensão do metal. Observaram uma variação considerável no
acabamento entre os diferentes grupos de braquetes e uma uniformidade em cada
grupo. Concluíram que a falta de precisão na fabricação dos braquetes e o uso de
fios de dimensões menores poderiam afetar o posicionamento dentário. O torque
adicional poderia ser necessário para superar as deficiências industriais, mas isso
não seria a solução para o problema e sim a fabricação de braquetes com alto nível
de precisão.
Harzer, Bourauel e Gmyrey (2004) fizeram um estudo com a finalidade de
comparar a deformação da canaleta e a capacidade de torque nos braquetes
metálicos e de policarbonato com e sem canaleta metálica. Utilizaram cinco
braquetes de cada um dos seguintes tipos: de policarbonato sem canaleta metálica
(Brillant, Forestadent), de policarbonato com canaleta metálica (Elegance,
Dentaurum) e de metal (Mini-Mono, Forestadent). Foi inserido nos braquetes, arcos
ideais de aço 0,016” x 0,022” e 0,018” x 0,022”. Foram realizados testes de
simulação clínica e experiências in vitro. Nos testes de simulação, os dois braquetes
de policarbonato foram comparados aos de metal. Cada um dos braquetes foi
conectado ao sensor de torque de um aparelho simulador e posicionado no lugar do
incisivo. Um torque vestibular de 20° foi aplicado em cada braquete pelo arco e o
movimento ortodôntico foi calculado. Cada combinação braquete-arco foi medida
cinco vezes. Os movimentos foram subdivididos num total de 700 incrementos.
Momentos de torque mais altos foram registrados com os braquetes metálicos que
os de policarbonato. Nas experiências in vitro, as maiores perdas de torque e os
menores momentos de torque foram registrados com ambos arcos retangulares
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quando os braquetes de policarbonato foram utilizados. A perda de torque foi mais
alta nas simulações clínicas que nas experiências in vitro. Os autores concluíram
que os três tipos de braquetes poderiam ser recomendados para aplicação do
torque, entretanto, devido à alta perda de torque, os torques pré-ajustados deveriam
ser vistos como questionáveis. Os fabricantes deveriam prover suas embalagens
com dados mais precisos, para que os ortodontistas avaliassem a necessidade de
torque adicional.
Gioka e Eliades (2004) realizaram uma revisão da literatura na qual
descreveram os fatores que interferem no torque como o encaixe entre fio e a
canaleta do braquete, diferença das ligas constituintes dos fios e variação da
estrutura dental. O processo de fabricação dos braquetes seja injeção-moldagem,
fundição ou fresagem influenciavam na precisão do torque. A moldagem poderia
expor o material à expansão e a compressão enquanto que a fresagem poderia
incorporar granulações à superfície resultando em porosidades, asperezas,
imperfeições e defeitos microestruturais que afetariam na precisão dimensional das
paredes das canaletas, impedindo o seu preenchimento total pelo fio. Além disso, os
fabricantes poderiam aumentar o tamanho da canaleta e diminuir a espessura da
secção transversal do fio, arredondar e angular as arestas dos fios para facilitar a
inserção e conforto ao paciente, excluindo a possibilidade do fio preencher
completamente a canaleta do braquete. A instabilidade dimensional das bases dos
braquetes e das canaletas alteraria a posição vestíbulo-lingual da coroa. Os autores
afirmaram que as variações da morfologia e do tamanho das coroas dentárias
influenciam no torque. Concluíram que uma prescrição com torque aumentado seria
favorável para suprir a deficiência clínica dos braquetes.
Com a finalidade de analisar as propriedades mecânicas e físicas que direta
ou indiretamente influenciariam na efetividade da aplicação do torque, Kapur-
Wadhwa (2004) avaliou as prescrições de torque, as condições de superfície, o
material e o desenho dos braquetes. Com relação ao material constituinte do
braquete, comentou que os braquetes metálicos não fraturariam, porém os
cerâmicos fraturariam sob cargas que deformam. Os braquetes cerâmicos seriam
menos tolerantes às falhas de superfície que os metálicos, e essas falhas poderiam
contribuir para a variabilidade do torque. Os braquetes de titânio apresentaram
estabilidade estrutural superior em relação aos de aço inoxidável convencionais sob
forças de torção. Quanto ao desenho, alguns fatores contribuiriam para interferir na
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integridade do braquete: ponto de aplicação da força, tamanho e tipo de aleta,
tamanho e desenho da canaleta, reforço de metal na canaleta de braquetes
estéticos, canaleta vertical e junção corpo-base. O contato entre o fio e a canaleta
do braquete seria maior em canaletas estreitas e fios de arestas afiadas comparadas
a canaletas mais largas e fios de arestas arredondadas. O reforço metálico nas
canaletas de braquetes cerâmicos fortaleceria a estrutura dos mesmos para que o
torque pudesse ser aplicado como nos braquetes metálicos. Relatou ainda que o
torque efetivo dependia da tolerância dos fabricantes e do ângulo da aresta dos fios.
O clínico deveria estar atento ao grau de folga para modificar o plano de tratamento
para cada caso. As melhorias na fabricação teriam aumentado a resistência dos
braquetes às forças torsionais. Além disso, alguns fatores seriam importantes para
determinar o torque: inclinação normal do dente, distância do braquete à borda
incisal da coroa, tamanho da canaleta (braquetes 0,018” preservariam mais o torque
que canaletas 0,022”), variação de morfologia dentária, precisão na colocação dos
braquetes. Neste estudo, o autor concluiu que podem ser requeridas algumas
dobras de terceira ordem no acabamento para a finalização do tratamento
ortodôntico.
Kusy (2004) avaliou a influência da largura das canaletas e sua abertura a fim
de verificar a efetividade da ação dos fios ortodônticos, o efeito da angulação do
torque e as medidas das forças friccionais. O ângulo de contato crítico por liga é
definido pelas dimensões da base do fio, a abertura e largura da canaleta, e diminui
ou aumenta sua ação, de acordo coma variação dessas medidas. O autor também
relata que as combinações de braquete-fio que usam uma canaleta de 0,5mm,
podem ter um pouco de vantagem com respeito ao torque, considerando a filosofia
atual que forças leves e contínuas são mais favoráveis.
Zinelis et al (2004) avaliaram em seu estudo, a composição, a morfologia da
superfície, o tipo de material, microestrutura e a dureza da solda das bases dos
braquetes ortodônticos de 4 marcas comerciais. Os braquetes examinados foram:
Gemini (3M Unitek), MicroLoc (GAC), OptiMESHxrt (Ormco), e Ultratrim
(Dentaurum). Para isto, foram selecionados quatro braquetes metálicos de cada
marca comercial que foram embebidos em resina epóxy e após o polimento, estes
foram limpos em um banho ultra-sônico de água. Um Scanner de Microscopia
Eletrônica e um Detector de Raios X de micro análise de energia dispersiva (EDS)
foram utilizados para avaliar a composição quantitativa da liga soldada. Quatro
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espectros de EDS foram coletados para cada liga soldada, e o desvio médio de valor
padrão para a concentração de cada elemento foi calculado. A composição dos
elementos das ligas soldadas foi determinada nas respectivas proporções: Gemini:
Ni = 83,98 + 1.02, Si = 6.46 + 0,37, Fe = 5.90 + 0,93, Cr = 3.52 + 0,34; MicroLoc: Ag
= 42.82 + 0,18, Au = 32.14 + 0,65, Cu = 24.53 + 0,26, Mg = 1.12 + 0,33; OptiMESH:
Au = 67.79 + 0,97, Fe = 15.69 + 0,29, Ni = 13.01 + 0,93, Cr = 4.01 + 0,35; Ultratrim:
Ag = 87.97 + 0,33, Cu = 10,51 + 0,45, Mg = 1.29 + 0,63, Zn = 1.13 + 0,24. A
empresa 3M Unitek usa níquel para a área de solda dos braquetes Gemini. A
quantidade de níquel usada nas soldas dos braquetes Gemini poderia gerar
perguntas sobre a sua biocompatibilidade, uma vez que a liberação do íon dos
braquetes ortodônticos pode ocorrer na cavidade oral. É importante saber que as
reações alérgicas deste elemento tem sido de grande importância para os
fabricantes dos biomateriais. Por esta razão, as novas ligas de aço inoxidável com
baixas concentrações de níquel foram introduzidas pelos fabricantes nos
componentes da base e da aleta do braquete. Os resultados deste estudo
mostraram que os diferentes materiais soldados foram usados para finalidades
distintas, e assim os diferentes desempenhos se esperam durante a exposição no
meio bucal, sendo que os efeitos potenciais nas propriedades biológicas são pontos
de muita discussão.
Sadat-Khonsari et al (2004) avaliaram a deformação do torque em braquetes
Edgewise de incisivos superiores de 7 marcas comerciais com canaleta 0,018”. Os
autores quiseram comprovar se a adição de materiais de reforço nos braquetes de
policarbonato ajudariam a melhorar a resistência à deformação. Observaram que os
braquetes que sofreram menor deformação foram os braquetes metálicos, seguidos
pelos braquetes de poliuretano, policarbonato e por último os de fibra de vidro
reforçado com policarbonato. Os autores concluíram que os reforços com
poliuretano e fibra de vidro não aumentariam a resistência à deformação. Os
braquetes cerâmicos reforçados com policarbonato, policarbonato puro e fibra de
vidro com policarbonato começaram a deformar com uma força de 10 a 20N/mm,
sendo que a força ideal de torque dos incisivos é 15N/mm. Os autores concluíram
que somente a canaleta metálica fortaleceria a superfície de contato e criaria uma
maior resistência à deformação, quando o fio retangular seria introduzido na
canaleta para proporcionar torque nos dentes.
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 43434343
Cornejo (2005), em seu estudo, fez um levantamento bibliográfico sobre os
fatores que podem alterar o torque; forma de colagem, folga entre o fio e a canaleta,
formas de fio, as formas de canaletas em braquetes pré-ajustados. Foi sobre este
último item que desenvolveu sua pesquisa, avaliando o torque existente em
braquetes de pré molares na técnica MBT das marcas comerciais: Abzil, Morelli,
American Orthodontics, TP Orthodontics, 3M Unitek e Ortho Organizers. Foram
feitas imagens dos braquetes utilizando a microscopia óptica, sobre estas imagens
foram obtidos os pontos e traçadas as linhas. Desta forma, obtiveram-se os ângulos
da parede do assoalho da canaleta, os quais foram usados no seu estudo. Na
avaliação dos dados das seis marcas avaliadas, concluiu-se que os valores médios
para os pré molares superiores e inferiores pesquisados encontram-se dentro do
prescrito pela técnica MBT. Exceto a American Orthodontics nos três grupos, a
Morelli nos pré molares inferiores e a TP Orthodontics nos pré molares superiores.
No entanto, no teste de variância entre as marcas, a Morelli apresentou diferença
com as outras cinco marcas.
Desejando saber o quanto o processo de fabricação dos braquetes poderia
estar influindo no tratamento ortodôntico, Streva (2005) realizou um estudo para
avaliar o torque dos braquetes dos caninos em seis marcas comerciais, verificando
se os mesmos estavam de acordo com a prescrição da Técnica MBT. Utilizando-se
de imagens obtidas por um microscópio óptico, avaliou o ângulo formado entre o
assoalho da canaleta e a base do braquete. Os valores médios de torque para os
braquetes de caninos superiores e inferiores avaliados neste trabalho, encontram-se
em sua maioria dentro dos valores prescritos pela técnica MBT, exceto os da marca
Morelli, em relação aos braquetes de caninos superiores e das marcas American
Orthodontics e Ortho Organizer os braquetes de caninos inferiores apresentaram
diferenças estatisticamente significantes.
Neste mesmo ano, Van Loenen et al (2005) avaliaram a influência do
contorno da face vestibular de incisivos e caninos superiores no posicionamento dos
braquetes, no sentido vertical, e sua relação com o torque. Todas as sugestões das
técnicas resultariam em efeitos diferentes no torque final de um dente pela diferença
na posição vertical do braquete. Para esta avaliação foi selecionada uma amostra
composta de 160 dentes, sendo 81 incisivos centrais superiores e 79 caninos
superiores. Foram realizadas radiografias interproximais digitalizadas destes
elementos. Por meio de um software foi determinada a angulação coroa-raiz de
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 44444444
todos os dentes da amostra, definida como ângulo formado pela intersecção do eixo
longitudinal da coroa e o eixo longitudinal da raiz. A média e os desvios-padrão
desses ângulos foram calculados. A curvatura da superfície vestibular foi definida
como o ângulo entre uma tangente para a superfície labial em diferentes alturas ao
longo dessa superfície e ao eixo longitudinal da coroa. Esses ângulos das curvaturas
foram calculados começando 0,5mm até 8mm da extremidade incisal com intervalos
de 0,1mm. A média e os desvios-padrão desses ângulos também foram calculados.
Encontrou-se uma variação da angulação coroa-raiz de 167° a 197° para caninos
superiores (média de 183°) e 171° a 195° para os incisivos centrais superiores
(média de 184°). As médias das curvaturas das superfícies vestibulares para os
caninos variaram entre 30° (+/- 4,2) e 10,2° (+/- 7,9), sendo que a média do ângulo
da superfície vestibular entre 2 e 4,5 mm da extremidade incisal diferiu em torno de
10° com um desvio-padrão maior que a dos incisivos. Quanto aos incisivos, o ângulo
da curvatura da face vestibular variou entre 20,7° (+/- 3,3) e 11,6° (+/-4,9), porém se
o braquete fosse posicionado a 4 e 4,5mm da extremidade incisal, o desvio padrão
seria menor. A 4mm da extremidade incisal, o mínimo de curvatura foi 12,3° e o
máximo 24,9°. Portanto, a forma e o tamanho dos incisivos e caninos mostraram
uma variação grande em relação ao torque dependendo da altura do braquete e da
curvatura da superfície vestibular do dente. Como conclusão, os autores sugerem
que os ortodontistas devem ter cuidado com o torque em dentes com grandes
angulações coroa-raiz, pela possibilidade de mover a raiz para cortical óssea e de
colocá-la em risco de reabsorção. Dessa forma, os profissionais devem realizar
dobras adicionais no fio retangular para obter o torque individual, quando
necessário.
Em 2005, Zinelis et al salientaram que nos últimos anos um novo método, menos
dispendioso, tem sido adotado para confecção de braquetes ortodônticos metálicos:
a moldagem por injeção do metal (MIM). Por este processo, o pó de metal é
misturado a aglutinantes, lubrificantes e dispersantes, obtendo-se uma mistura
homogênea que é injetada em formas. Os braquetes são formados dentro da
geometria desejada, mas resultam de 17 a 22% maiores em suas dimensões, uma
vez que ainda sofrerão a contração após o processo de sinterização, quando o calor,
o solvente, ou ambos, serão responsáveis pela eliminação e remoção do aglutinante
da mistura. Afirmaram também que os produtos da moldagem por injeção têm tole-
rância estendida de aproximadamente 0,3% da dimensão desejada e permitem o
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 45454545
uso de qualquer liga para a produção de braquetes ortodônticos. In-
dependentemente das vantagens econômicas, este método de produção, segundo
os autores, pode gerar sérias implicações no desempenho clínico dos braquetes
ortodônticos. Neste intuito, fizeram uma pesquisa com o objetivo de investigar a
morfologia da superfície da base dos braquetes, tipo de liga, microestrutura e dureza
de quatro fabricantes Discovery (Dentaurum), Extremo (Leone), Freedom
(ClassOne) e Topic (Dentaurum). A morfologia da superfície da base dos braquetes
foi avaliada por microscopia eletrônica de varredura (MEV). Para a composição
foram analisados pelo espectroscópio de energia de Raios X disperso (EDS). Os
braquetes foram submetidos ao preparo metalográfico com o objetivo de revelar a
estrutura metalúrgica. Os resultados deste estudo demonstraram que existem
diferenças significantes na forma da base, composição e microestrutura que podem
implicar em diferenças clínicas consideráveis.
Com a finalidade de avaliar a qualidade dos materiais ortodônticos, que é de
fundamental importância para ter sucesso em um tratamento ortodôntico, Bóbbo
(2006) realizou uma pesquisa analisando seis marcas de braquetes de incisivos, em
aço inoxidável na técnica MBT. As imagens foram capturadas por microscopia
óptica, sobre as quais foram feitas as medidas, comparando os valores prescritos
pela técnica, que são de 17° para os incisivos centrais superiores, 10° para os
incisivos laterais superiores e -6° para os incisivos inferiores com os resultados
obtidos. Também foram comparados os valores médios e os desvios-padrão do
torque entre as diferentes marcas comerciais, onde se concluiu que, com relação
aos incisivos centrais superiores, a marca Morelli apresentou média com diferença
estatisticamente significante do prescrito e em relação às demais marcas, menos
com a Abzil. Nos incisivos laterais superiores, a Morelli apresentou diferença
estatisticamente significante quando comparada com as outras cinco marcas
comerciais; os braquetes da American Orthodontics apresentaram diferenças
quando comparados a Abzil, Ortho Organizers e 3M Unitek. Nos incisivos inferiores,
a marca Abzil apresentou média com diferença estatisticamente significante quando
comparada com a American Orthodontics e 3M Unitek, e a marca American
Orthodontics mostrou diferença estatisticamente significante com relação à TP
Orthodontics.
Gomes Filho (2007), em seus estudos, avaliou a precisão do torque de
braquetes pré-ajustados dos incisivos superiores e inferiores, prescritos pela Terapia
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 46464646
Bioprogressiva de Ricketts, fazendo uma análise comparativa entre seis marcas
comerciais presentes no mercado brasileiro, Abzil e Morelli, nacionais, e Dentaurum,
Forestadent, GAC e Rocky Mountain Orthodontics (RMO), importadas. O autor
mensurou a precisão do torque dos braquetes por meio dos ângulos da parede
incisal (API) e da parede cervical (APC), medidos na intersecção da linha base do
braquete com as linhas laterais internas, incisal e cervical respectivamente, das
canaletas. Para tanto, fez uso de um microscópio eletrônico de varredura (MEV) da
marca Zeiss, modelo DSM 940A, instrumento este versátil e de uso rotineiro para
análise microestrutural de materiais sólidos, e para as analises das imagens utilizou
o software AutoCAD 2000, Este estudo levou o autor à conclusão de que existe
notável divergência no torque fabricado pelas diversas marcas em relação ao
prescrito pela Terapia Bioprogressiva. Estas diferenças foram menores para os
braquetes da marca RMO, onde apenas o ângulo APC dos incisivos centrais
superiores e inferiores estiveram em desacordo com a prescrição. Já as marcas
Abzil e GAC mostraram-se divergentes da prescrição de torque em todos os ângulos
avaliados.
Em 2008, Vellini-Ferreira relatou que conhecimentos referentes à oclusão e
equilíbrio dos dentes são essenciais ao sucesso do tratamento ortodôntico, que visa
uma oclusão individual. O autor observou que a inclinação axial dos dentes está
intimamente relacionada ao torque. Sendo assim, destaca que no arco inferior, a raiz
dos incisivos centrais e laterais tem inclinação lingual, sendo que esta diminui
acentuadamente ao nível dos caninos. No arco superior, no sentido vestíbulo-lingual,
as raízes dos incisivos centrais inclinam-se fortemente para palatino, atingindo
valores próximos de zero nos pré-molares e molares. O perfeito equilíbrio das partes
é alcançado pelo fato de que a inclinação vestíbulo-lingual dos dentes obedece a um
plano geral de resistência aos esforços funcionais, que se manifestam sobre o
aparelho mastigador. Portanto, pelos dentes apresentarem diferentes inclinações, é
necessário o conhecimento preciso da morfologia coronária pelo ortodontista para
que o tratamento tenha sucesso.
Com o objetivo de comparar as angulações e torques de braquetes de marcas
comerciais distintas, em relação à prescrição de Roth, e também em relação aos
valores preconizados pelo fabricante, Zanesco (2008) desenvolveu estudos
utilizando 150 braquetes metálicos de aço inoxidável, de incisivos centrais
superiores, incisivos laterais superiores, e caninos superiores, direitos e esquerdos.
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 47474747
O autor fez uso de cinco marcas comerciais: Morelli, Abzil, Unitek, GAC e
Dentaurum. Para a mensuração do torque e angulação foi utilizado um equipamento
denominado Perfilômetro ou Projetor de Perfil, da marca Starrett-Sigma modelo VB
300, acoplado a um equipamento para mensuração digital, denominado Quadra
Check 200, do Laboratório de Metrologia da Empresa Dental Morelli Ltda. Este
equipamento permite a projeção em sua tela de vidro, da imagem ampliada da peça.
Com a utilização deste recurso, foi possível concluir, que as diferenças, tanto de
torque quanto de angulação, na comparação dos valores do autor, quanto na
prescrição dos fabricantes, são diferenças que se enquadram dentro do grau de
tolerância preconizada por um órgão regulador de peças ortodônticas alemãs,
denominada Norma DIN. Sendo o campo de aplicação desta Norma os elementos
de fixação, para a sustentação de arcos que são utilizados no tratamento de
ortopedia maxilar de pacientes, por intermédio de aparelhos fixos, definindo
medidas, ensaios, materiais e identificação dos elementos de fixação (braquetes e
tubos). No comparativo dos valores de torque obtidos pelo estudo do autor, com os
valores dos fabricantes, a Unitek demonstrou uma maior fidedignidade ao torque
comparada às demais marcas. No entanto, no que se refere à angulação, a Unitek
deixa a desejar quando comparada as demais marcas.
Com o objetivo de avaliar as inclinações vestíbulo-linguais produzidas pelos
tubos aplicados nos primeiros molares superiores, Ramos (2009) propôs-se
pesquisar a precisão com que as empresas nacionais e estrangeiras produzem os
referidos tubos para a Técnica MBT. A amostra constituiu-se de 120 tubos de
primeiros molares superiores de dimensões 0,022” x 0,025” produzidos pelas
seguintes empresas: Morelli, Abzil, American Orthodontics, Rocky Mountain
Orthodontics, 3M-Unitek e TP Orthodontics. As medições foram realizadas por sobre
as imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura. Para mensuração das
inclinações foi utilizado o “software” Auto CAD 2008. A análise estatística objetivou
comparar os vários grupos pesquisados. Os dados foram descritos em tabelas e
gráficos com os parâmetros de media e desvio padrão. Foi realizada a análise
descritiva dos dados (mediana, média, desvio padrão, mínimo e máxima) com
intervalos de 95% de confiança para a média. Para avaliar a confiabilidade dos
resultados da pesquisa, o autor realizou medições de todos os tubos da amostra,
seguindo o mesmo protocolo do experimento original. O Teste de Wilcoxon e a
fórmula de Dahlberg foram utilizadas para detecção do erro do método. Dos
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 48484848
resultados depreende-se que as marcas 3M-Unitek e TP Orthodontics mostraram a
média mais próxima do valor ideal, ambas mostrando uma diferença de -0,8 graus,
seguidas pela marca Morelli que apresentou uma diferença de -1,0 grau; depois, a
marca American Orthodontics com uma diferença de + 1,2 graus, a marca Abzil com
diferença de -2,0 graus e, finalmente a marca Rocky Mountain Orthodontics com
uma diferença de 2,1 graus. Diante dos resultados, concluiu que na análise dos
tubos da prescrição MBT das marcas avaliadas os valores médios verificados para a
média dos ângulos das canaletas foram para a 3M-Unitek = 75,2 graus; Abzil = 74,0
graus; American Orthodontics= 77,2 graus; Morelli = 75,0 graus; Rocky Mountain
Orthodontics = 73,9 graus e TP Orthodontics = 75,2 graus. De acordo com a norma
DIN alemã, apenas as marcas 3M Unitek, TP Orthodontics e Morelli tiveram sua
média dos ângulos dentro dos parâmetros determinados.
Em 2010, Assad-Loss et al. realizaram um trabalho com o objetivo de avaliar
as dimensões de altura e profundidade das canaletas de braquetes de diferentes
ligas metálicas e processos de fabricação e verificar se existem diferenças entre eles
e a dimensão divulgada pelo fabricante. Para tanto, as alturas e profundidades das
canaletas de 45 braquetes metálicos de nove marcas comerciais foram avaliados em
microscópio óptico de medição universal com cinco vezes de aumento, em
temperatura de 20 ± 0,5° C e umidade relativa do ar de 55% ± 10%. Foram obtidas
médias e desvios-padrão das alturas e profundidades das canaletas dos braquetes
de cada grupo. A diferença entre a média e a dimensão divulgada pelo fabricante foi
calculada e convertida em porcentagem. As dimensões das canaletas apresentaram-
se maiores do que a divulgada pelo fabricante, com uma variação de 1,8% a 10,9%
na altura e de 8,2% a 49% na profundidade, exceto as do grupo de braquetes de aço
inoxidável American Orthodontics da série light (moldagem por injeção) que
apresentou a profundidade 0,4% inferior em relação ao divulgado. De maneira geral,
a dimensão real das canaletas dos braquetes metálicos testados é maior do que a
divulgada pelo fabricante.
Major et al. (2010) relataram uma nova maneira de medir as dimensões das
canaletas dos braquetes usando fotografias. Cinco pontos foram selecionados em
cada parede da canaleta e linhas foram traçadas de maneira a formar um trapézio.
Foram avaliados 30 braquetes autoligados de incisivo central superior direito, das
marcas Damon Q, In-Ovation-R e Speed. A altura da canaleta dos braquetes Speed
foram 2% menores quando comparados com a norma 0,559mm. A altura da
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 49494949
canaleta dos braquetes da In-Ovation foram os mais próximo da norma. Os
braquetes Damon Q possuíram o formato mais retangular, com quase 90 graus nas
paredes da canaleta. A altura da canaleta foi 3% maior quando comparada com a
norma, segundo os autores.
No mesmo ano, Bhalla et al. (2010) fizeram um estudo para avaliar os
tamanhos das canaletas nos braquetes autoligados usando a microscopia eletrônica.
Para isto avaliaram, não somente a altura da canaleta de 0,022”, mas também se as
paredes da mesma, eram paralelas entre si, de braquetes autoligados, de incisivo
central superior de seis marcas comerciais. Através da microscopia eletrônica a
altura da canaleta dos braquetes foram avaliados e comparados com as dimensões
fornecidas pelo fabricante. Todos os braquetes apresentaram a altura da canaleta
significantemente aumentadas (p>0,05). Os braquetes da Speed foram 5.1 %
maiores (0,02311”), porém os mais próximos da norma publicada. Concluíram que
as medidas da altura da canaleta foram maiores quando comparadas com a norma
do fabricante e as paredes da canaleta são divergentes.
De acordo com a organização internacional de padronização (ISO –
www.iso.org) onde há uma padronização para “braquetes e tubos para uso em
ortodontia ISO/FDIS 27020” (2010), o fabricante deverá deixar disponível no
catálogo, na embalagem ou em qualquer outro meio de acesso as seguintes
informações: uma declaração da composição do material e a média da dimensão de
cada peça, de acordo com as normas pré-estabelecidas pelo ISO. Esta mesma
norma padroniza sobre as dimensões da canaleta do braquete, dividindo suas
dimensões em profundidade, largura e altura.
Joch (2010) através de seu estudo avaliou as dimensões de canaletas de
braquetes e de arcos de aço de diferentes fabricantes e compararam com a
tolerância da norma DIN 13971 e 13971-2. Avaliaram também o torque efetivo para
comparar com os resultados de torque nominal. Dez braquetes de incisivo central
superior (0,022”) de cinco marcas diferentes foram avaliados. A altura da canaleta foi
medida com folhas de alumínio (leaf gauges). A altura e a largura de 10 arcos de aço
de 0,019” x 0,022” ou 0,020” x 0,025” foram medidas usando um micrometro. Todas
as alturas dos braquetes estavam dentro dos limites da norma DIN 13971-2. A
medida dos arcos ficaram acima e abaixo do limite da norma DIN 13971. A menor
perda de torque efetivo (4,5º) foi através da combinação do uso do braquete de
0,022” Speed com o arco de 0,020” x 0,025”. A maior perda de torque foi encontrada
Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura Revisão de Literatura 50505050
no braquete 0,022” da marca Damon com o arco 0,019” x 0,025”. Concluíram que as
dimensões do fabricante não são tão confiáveis e que para que se tenha uma
finalização perfeita, correções feitas pelo ortodontista são necessárias.
Considerando a importância da expressão do torque no braquete, da relação
do calibre do fio e a dimensão da canaleta e a relação de atrito existente neste
acessório, bem como as melhorias trazidas com a segunda geração dos braquetes
pré-ajustados, pela técnica de Roth, em relação à técnica de Andrews, e ainda a sua
ampla utilização pela comunidade ortodôntica, esta pesquisa visa fornecer novas
informações aos especialistas, e também, favorecer as indústrias de materiais
ortodônticos no seu aprimoramento, para que possam em conjunto oferecer um
melhor resultado no tratamento dos pacientes.
Proposição Proposição Proposição Proposição 52525252
3. PROPOSIÇÃO
Mediante a avaliação do paralelismo das paredes internas das canaletas de
braquetes metálicos de incisivos superiores e inferiores da técnica de Roth, com
dimensões 0,022” x 0,028” de seis diferentes marcas comerciais, este trabalho
apresentou os seguintes objetivos:
1- Comparar o grau de precisão encontrado entre as seis marcas
comerciais pesquisadas.
2- Comparar cada marca com o valor padrão de 0° (paralelismo perfeito),
considerando a referência da norma DIN alemã (Anexo B).
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 54545454
4. MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa foi submetida à avaliação da Comissão de Ética em Pesquisa
da Universidade Cidade de São Paulo e aprovada em reunião no dia 28 de maio de
2008, com o protocolo de numero 13361741 (Anexo A).
4.1) Material
A amostra deste experimento foi composta por 360 braquetes metálicos de
incisivos da técnica de Roth, com dimensão 0,022” x 0,028”, de seis marcas
comerciais disponíveis no mercado brasileiro (Quadro 1), divididos nos seguintes
grupos:
Grupo A: 120 braquetes de incisivos centrais superiores;
Grupo B: 120 braquetes de incisivos laterais superiores;
Grupo C: 120 braquetes de incisivos inferiores.
Cada grupo supracitado foi constituído por 20 braquetes de cada uma das
seis marcas comerciais a serem avaliadas.
Quadro 1 – Relação das marcas comerciais dos braquetes e seus respectivos modelos e empresas fabricantes.
MARCA COMERCIAL MODELO ORIGEM
1 Abzil Kirium Line Brasil
2 GAC Ovation USA
3 Morelli Roth Light Brasil
4 Ormco Synthesis USA
5 Rocky Integra USA
6 Unitek Miniature Twin USA
Portanto, foram parte da amostra as marcas Abzil e Morelli, que são
fabricadas no Brasil, sendo as demais produzidas no exterior.
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 55555555
4.1.1- Material da pesquisa
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados os seguintes materiais:
• 360 braquetes metálicos da técnica de Roth;
• 72 barras de alumínio retangular, com ângulos retos precisos, na
dimensão de 30mm x 5mm x 15 mm;
• Cola adesiva a base de éster de cianocrilato, da marca Super Bonder;
• Base de madeira na dimensão de 19 x 20 cm com uma perfuração de
150 x 5 mm;
• Folha de papel milimetrado;
• Fio de aço inoxidável, de secção retangular, de dimensão 0,021” x
0,025”;
• Software autoCAD 2008 (32Bit), sobre plataforma com Windons XP
Professional Service Pack 2;
• Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) modelo Philips XL- 30, com
sistema EDS (EDAX).
4.2) Métodos
As imagens que serviram como base, para os testes de avaliação da precisão
dos braquetes (paralelismo nas canaletas), foram obtidas no Laboratório de
Microscopia Eletrônica e de Força Atômica, pertencente à Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo – USP. Sobre estas imagens foi utilizada uma
abordagem quantitativa por meio da técnica de pesquisa laboratorial.
A separação e identificação dos grupos de braquetes foram feitos por uma
terceira pessoa, que não participou da pesquisa, a qual acomodou os braquetes em
compartimentos com códigos distintos e não identificáveis pelo operador. Estes
códigos, só foram revelados ao pesquisador após serem montadas as tabelas com
os ângulos. Assim o pesquisador não teve condições de identificá-los durante o
processo de colagem, nem mesmo durante a captação e mensuração das imagens
dos braquetes. Desta forma, foram garantidas as exigências do teste de duplo cego,
o que caracteriza a validade do experimento.
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 56565656
4.2.1- Confecção das bases de prova
Inicialmente foram confeccionadas as 72 bases de prova, visando padronizar
e aperfeiçoar a obtenção das imagens em microscopia eletrônica. Estas bases foram
confeccionadas a partir de barras de alumínio com 5mm (largura) x 15 mm (altura),
que foram cortadas no comprimento de 30 mm (figura 1). Estes segmentos de barra
serviram como base para esta avaliação.
Em cada base foram colados 5 braquetes em sua superfície lateral (5mm x
30mm), de forma que, quando este segmento de barra estivesse deitado, os
braquetes ficavam posicionados e as faces mesiais voltadas para cima (figura 2).
Figura 1: Base de prova em alumínio.
Figura 2: Base de prova com braquetes na posição de captação da imagem – Modelo piloto.
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 57575757
4.2.2- Posicionamento dos braquetes
Para que os braquetes ficassem com sua colagem uniformizada na posição
correta, teve-se sempre como objetivo, deixar a canaleta do braquete em perfeito
paralelismo com o feixe de obtenção de imagem do microscópio, ou seja, a canaleta
ficava posicionada sempre perpendicular, ao longo eixo da base de prova na mesa
do microscópio, e com a precisão e o paralelismo necessário para a captura da
imagem. Para tanto, foi utilizada uma estrutura de madeira, com uma canaleta com
5mm de largura, onde as bases de prova eram justas e bem adaptadas, facilitando
o processo de colagem (figura 3). Sobre a superfície desta estrutura de madeira, foi
colada uma folha de papel milimetrado, com linhas perpendiculares e paralelas à
canaleta, o que serviu de guia, para o correto posicionamento perpendicular das
canaletas na colagem dos braquetes, sobre a superfície lateral da base de prova
(figura 4).
Figura 3: Estrutura de madeira com canaleta guia.
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 58585858
Figura 4: Estrutura de madeira com papel milimetrado colado em sua superfície, com linhas paralelas e perpendiculares às bases de prova posicionadas para colagem.
Segmentos de fio de aço inoxidável, de secção retangular e dimensão 0,021”
x 0,025”, foram utilizados para auxiliar na precisão, e padronização da colagem dos
braquetes nas bases de prova. Foram colados seis segmentos menores deste fio, de
um lado da canaleta sobre o papel milimetrado, em posições determinadas para
servir de apoio. No lado oposto e sobrepondo à canaleta, seis segmentos maiores
do mesmo fio foram colados, seguindo o mesmo alinhamento dos segmentos
menores, e com as extremidades livres servindo de guia aos braquetes no momento
da colagem (figuras 5 e 6). Desta forma, pretendeu-se manter um padrão de
posicionamento dos braquetes, e facilitar a remoção dos corpos de prova ao final da
colagem, sem danificar a estrutura de madeira padronizadora.
Figura 5: Estrutura de madeira com os segmentos de fio guia para colagem.
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 59595959
Figura 6: Posicionamento dos braquetes sobre a base de prova, padronizada pela estrutura de madeira – Modelo piloto.
Para a colagem dos braquetes, foi utilizada uma cola adesiva composta de
éster de cianocrilato, da marca Super Bonder, pois esta mantém a superfície seca,
sendo uma das características necessárias, para o processo adequado de obtenção
da imagem no MEV (MALISKA, 2006).
4.2.3- Obtenção das imagens dos braquetes
Os 72 corpos de prova, cada um contendo cinco braquetes posicionados e
colados, foram colocados na mesa do Microscópio Eletrônico de Varredura – MEV
(figura 7), onde seu foco foi ajustado em cada braquete, para que o perfil do mesmo
fosse o mais nítido possível, com um aumento de 35 vezes em toda a sua extensão.
Depois de obtidas as imagens, as mesmas foram armazenadas no computador do
microscópio, e posteriormente transferidas para um computador portátil, onde foram
analisadas pelo Software AutoCAD 2008 (32Bit), sobre Windows XP Professional,
com Service Pack 2, processadas e mensuradas.
Para os procedimentos realizados com o microscópio, foi necessário contar
com um operador com experiência no uso do equipamento, sendo este, orientado e
acompanhado pelo ortodontista responsável pela pesquisa, durante todo o período
da coleta dos dados.
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 60606060
Figura 7: Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), modelo Philips XL- 30, com sistema EDS (EDAX).
4.2.4- Demarcação dos pontos de referência
Foram utilizados os seguintes pontos e linhas, todos demarcados utilizando-
se o software AutoCAD 2008 (32Bit), sobre a plataforma Windows XP Professional,
com Service Pack 2:
Ponto C1 e I1 – foram representados, respectivamente, pela intersecção da
parede cervical e incisal da canaleta do braquete, com a projeção da linha vestibular
externa do braquete, a qual foi obtida, pela projeção da linha tangente a superfície
vestibular externa do corpo do braquete, sendo esta projetada à distância de 0,15
mm para o interior da canaleta (figura 8).
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 61616161
Figura 8: Obtenção dos pontos C1 e I1.
Ponto C2 e I2 - foram representados, respectivamente, pela intersecção da
parede cervical e incisal da canaleta do braquete, com a projeção da linha do fundo
da canaleta, que foi projetada a distância de 0,10 mm para o interior da canaleta
(figura 9).
Figura 9: Obtenção dos pontos C2 e I2.
I2 C2
C1 I1
0.15mm
0.10mm
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 62626262
Ponto BC – foi demarcado na aresta do corpo da base de prova, junto à
extremidade cervical (gengival) do braquete (figura 10).
Figura 10: Demarcação do ponto BC
Ponto BI – foi demarcado na aresta do corpo da base de prova, junto à
extremidade incisal do braquete (Figura 11).
Figura 11: Demarcação do ponto BI.
BC
BI
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 63636363
Assim se obteve todos os pontos de referência demarcados na imagem
(Figura 12), o que permitiu o traçado das linhas e dos ângulos que foram avaliados.
Figura 12: Todos os pontos de referências.
4.2.5- Traçado das linhas de referência e obtenção dos ângulos APC e API
(Figura 13)
Após a demarcação de todos os pontos de referência, foram traçadas as
linhas necessárias para obtenção dos ângulos que são formados entre a face incisal
da parede cervical da canaleta e a linha da base (APC) e entre a face incisal da
parede incisal da canaleta e a linha da base (API). Para tanto, foram utilizadas as
seguintes linhas, todas também demarcadas utilizando-se o software AutoCAD 2008
(32Bit), sobre a plataforma Windons XP Professional, com Service Pack 2:
Linha B – representa a base do braquete e foi definida pela linha que se
formou pela união dos pontos BC e BI.
Linha C – esta linha define a parede cervical da canaleta do braquete, a qual
é formada pela união dos pontos C1 e C2.
Linha I – definida como a parede incisal da canaleta do braquete sendo
formada pela união dos pontos I1 e I2.
C1 I1
C2 I2
BC BI
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 64646464
Figura 13: Linha cervical, incisal e da base e ângulos da parede cervical e incisal.
4.2.6- Mensuração dos ângulos APC, API e paralelismo da canaleta
A medição digitalizada dos ângulos APC (formado entre a face incisal da
parede cervical da canaleta e a linha da base) e API (formado entre a face incisal da
parede incisal da canaleta e a linha da base) foram também realizadas pelo software
Auto CAD2008 (32 Bit), sobre plataforma Windows XP Professional com Service
Pack 2, sendo utilizadas precisão de até duas casas decimais. Depois, os valores de
APC e API encontrados foram subtraídos (APC – API), buscando-se quantificar uma
possível ausência do esperado paralelismo existente entre as paredes internas das
canaletas. O valor padrão de 0° indicou paralelismo perfeito, considerando a norma
DIN 13.971-2 alemã, que padroniza e normatiza os aparelhos ortodônticos com
tolerância para braquetes de +/- 1º.
4.3) Análise Estatística
Com a intenção de se verificar, se os fabricantes estão produzindo braquetes
com paralelismo das canaletas de acordo com a norma da técnica de Roth, foi feita
LC
LI
APC API
LB
Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos Material e Métodos 65656565
uma análise descritiva dos dados e apresentadas em tabelas, com medidas
descritivas (média, erro padrão, desvio padrão, variância, amplitude, mínimo,
máximo e mediana) e intervalos de 95% de confiança para a média. Também foram
apresentados gráficos e figuras. Foi considerada uma tolerância de +/-1° em relação
ao valor 0° (paralelismo perfeito), sendo aceitável esta margem de erro de
fabricação, segundo a norma DIN alemã, única encontrada como parâmetro de
tolerância na fabricação de materiais ortodônticos e ortopédicos de precisão
(ZANESCO, 2008). Para o modelo estatístico foi escolhido o teste paramétrico de
análise de variância ANOVA e um teste complementar de múltipla comparação
Games-Howell (GH). E ainda, para comparação dos valores de referência foi usado
o teste “t” para a amostra.
4.4) Estimativa do erro do método
Foi realizada uma segunda mensuração em 80 braquetes, o que representa
22,2% da amostra inicial, seguindo o mesmo protocolo realizado na primeira medida
original. Este segundo tempo de medição, foi realizado após 30 dias da coleta inicial
dos dados, sendo estes, comparados aos dados obtidos no experimento original,
para se avaliar a confiabilidade dos resultados. Para a realização do teste de
confiabilidade, quanto ao erro sistemático foi utilizado o teste de Wilcoxon, seguido
do cálculo de erro proposto pela fórmula de Dahlberg (HOUSTON, 1983), para
determinação do erro casual.
Resultados Resultados Resultados Resultados 67676767
5. RESULTADOS
Para avaliação da precisão no paralelismo das canaletas, foi medido o ângulo
formado entre a face incisal da parede cervical da canaleta e a linha da base do
braquete (APC) e o ângulo formado entre a face incisal da parede incisal da canaleta
e a linha da base do braquete (API) e estes valores encontrados foram subtraídos
(APC - API). Desta maneira, os valores entre +1° e -1° foram indicativos de paredes
paralelas, os valores maiores que +1° foram indicativos de canaletas divergentes e
os valores menores que -1° indicaram canaletas convergentes.
O software estatístico utilizado foi o Stata 8.0. O nível de significância adotado
nos testes foi de 5% e os resultados estão apresentados em forma de tabelas,
gráficos e figuras.
5.1) Análise do erro do método
Com a finalidade de avaliar o erro intraexaminador, 30 dias após a coleta
inicial dos dados obtidos, foi feito uma segunda mensuração em 80 braquetes,
seguindo o mesmo protocolo realizado na primeira medição.
A tabela 1 apresenta o resultado da análise do erro do método para as
medições dos ângulos APC e API (em graus). O valor médio das primeiras medições
foi de 11,45° (dp = 1,72°) e das segundas medições 11,43° (dp = 1,81°). A diferença
média foi de 0,02°.
Para comparar as duas medições, foi aplicado o teste de Wilcoxon, avaliando
a possibilidade de erro sistemático. Não houve diferença significativa, ao nível de
5%, entre os valores observados na primeira e na segunda medição (valor p =
0,798).
Foi calculado o erro casual médio pela fórmula de Dahlberg e o valor
estimado foi de 0,55°.
São apresentados os gráficos de caixa para cada medida e o gráfico de
dispersão entre as duas medições. No gráfico de caixa (gráfico 1) observa-se que a
distribuição dos dados para cada medição foi muito semelhante (valores próximos de
mínimo, máximo, mediana e formato das caixas). No gráfico de dispersão (gráfico 2)
observa-se que houve uma forte concordância entre as medições, quando o
Resultados Resultados Resultados Resultados 68686868
coeficiente de correlação de Pearson encontrado foi de 0,9 indicando uma forte
correlação entre estas medidas.
Tabela 01 – Média e desvio padrão dos dois tempos de medições, teste de Wilcoxon (erro sistemático) e de erro de Dahlberg (casual).
mediana média desv. pad.
mínimo máximo diferença Teste de Wilcoxon valor p
erro de Dahlberg
Medição 1 11,67 11,45 1,72 3,96 17,54
Medição 2 11,54 11,43 1,81 4,75 16,93 -0,02 0,798 0,55
Gráfico 1 – Gráfico caixa apresentando os tempos de medições.
Resultados Resultados Resultados Resultados 69696969
Gráfico 2 – Gráfico de concordância entre os dois tempos de medições.
5.2) Avaliação comparativa do paralelismo dos braquetes entre as marcas
comerciais.
5.2.1- Parâmetros estatísticos e estatística descritiva dos dados
Para a avaliação do paralelismo dos braquetes dos incisivos, este trabalho
experimental possuiu uma variável dependente denominada paralelismo (“Pp”), cuja
unidade foi medida em graus (°) e o fator de variação foi único (marcas comerciais).
A tabela 2 traz a estatística descritiva e os parâmetros estatísticos dos dados
experimentais.
Resultados Resultados Resultados Resultados 70707070
Tabela 2 – Parâmetros estatísticos e estatística descritiva dos dados experimentais (unidade = grau).
Tipos Marcas N Média(°) E.P. D.P. Var Amp Min Máx Q1(25%) Med(50%) Q3(75%) C.V.(%)
ICS
Unitek 20 0,51 0,22 0,98 0,96 3,69 -1,27 2,42 -0,06 0,43 1,26 190,53
Abzil 20 0,04 0,24 1,07 1,14 3,62 -1,76 1,86 -0,62 -0,06 0,58 2573,49
GAC 20 0,03 0,17 0,74 0,55 2,71 -1,70 1,01 -0,36 0,10 0,59 2400,73
Morelli 20 2,26 0,24 1,06 1,12 4,96 -0,53 4,43 1,59 2,41 2,88 46,84
Ormco 20 1,41 0,24 1,08 1,17 4,63 -2,00 2,63 0,79 1,74 2,11 76,78
Rocky 20 1,24 0,40 1,77 3,13 6,63 -2,21 4,42 -0,06 0,97 2,15 143,08
ILS
Unitek 20 1,12 0,38 1,68 2,82 7,06 -2,03 5,03 0,02 1,29 2,07 150,23
Abzil 20 0,45 0,32 1,43 2,04 4,90 -1,99 2,91 -0,51 0,42 1,60 319,25
GAC 20 -0,03 0,17 0,74 0,55 2,99 -1,63 1,36 -0,49 0,10 0,48 -2219,91
Morelli 20 3,19 0,21 0,95 0,90 3,54 1,12 4,66 2,59 3,28 4,04 29,69
Ormco 20 1,70 0,30 1,35 1,82 4,91 -0,83 4,08 0,72 1,62 2,95 79,52
Rocky 20 0,86 0,22 0,98 0,95 3,29 -0,95 2,34 0,20 1,17 1,64 113,52
IncInf
Unitek 20 2,08 0,31 1,38 1,91 4,53 -0,05 4,48 0,81 2,01 3,27 66,39
Abzil 20 -0,27 0,26 1,16 1,35 4,59 -2,33 2,26 -1,16 -0,41 0,61 -423,88
GAC 20 -0,17 0,15 0,67 0,45 2,25 -1,12 1,13 -0,70 -0,46 0,51 -401,70
Morelli 20 3,76 0,37 1,65 2,72 6,80 1,16 7,96 2,76 3,44 4,90 43,87
Ormco 20 1,05 0,24 1,08 1,16 3,87 -0,58 3,29 0,48 0,72 1,71 102,58
Rocky 20 0,95 0,26 1,15 1,32 4,12 -1,33 2,79 0,00 0,91 1,81 120,92
D.P. = desvio Padrão; E.P. = Erro Padrão; Var = Variância; Amp = Amplitude;Q1(25%) = Primeiro Quartil; Q3(75%) = Terceiro Quartil; Med(50%) = Mediana; Min. = Mínimo; Max. = Máximo; C.V. (%) = Coeficiente de Variação.
Em relação aos incisivos centrais superiores (ICS), os braquetes da marca
GAC apresentaram a menor média (0,03°), ou seja, esteve mais próxima do
paralelismo perfeito, enquanto que os da marca Morelli apresentaram a média maior
(2,26°). A GAC obteve o menor valor de amplitude (2,71°), enquanto que a Rocky
obteve o maior valor, que significa que houve um afastamento de 6,63° do valor
mínimo em relação ao máximo, entre os valores medidos de paralelismo, nesta
marca comercial.
Resultados Resultados Resultados Resultados 71717171
Em relação aos incisivos laterais superiores (ILS), os braquetes da marca
GAC também apresentaram a menor média (-0,03°), enquanto que os da Morelli
apresentaram o maior valor (3,19°), e desta forma, foi a marca que mais se afastou
do paralelismo perfeito. A GAC apresentou menor dispersão (2,99°), enquanto que
Unitek obteve maior amplitude (7,06°).
Em relação aos incisivos inferiores (IncInf), a GAC foi a marca que esteve
mais próxima do paralelismo perfeito (-0,17°), enquanto que a Morelli foi a que mais
se afastou deste paralelismo (3,76°). A GAC apresentou menor dispersão (2,25°),
enquanto que a Morelli apresentou a maior amplitude (6,80°).
5.2.2- Modelo experimental para comparação entre as marcas
O modelo estatístico escolhido, para a análise dos dados, deste estudo
experimental, foi o teste paramétrico de Análise de Variância (ANOVA), de fator
único, sendo a variável dependente o paralelismo (Pp), cuja unidade foi medida em
graus (°) e o fator de variação foi as seis marcas comerciais (Unitek, Abzil, GAC,
Morelli, Ormco e Rocky).
Para que o teste proposto fosse passível de aplicação, as premissas de
normalidade dos resíduos e homogeneidade das variâncias (da variável Pp) foram
testadas.
Os resultados do teste de normalidade de Shapiro Wilk (SW), elucidados na
tabela 3, mostraram que a variável Pp encontrou-se normalmente distribuída para os
incisivos centrais superiores (p=0,40) e para os incisivos laterais superiores (p=0,35).
Para os incisivos inferiores, a variável Pp apresentou desvio desta condição
(p=7,80E-04).
Resultados Resultados Resultados Resultados 72727272
Tabela 3 – Teste de normalidade de Shapiro-Wilk (SW) para a variável dependente (Pp).
Tipos de Braquetes Estatística gl Sig (p).
Incisivos Centrais Superiores (ICS) 0,99 120 0,40
Incisivos Laterais Superiores (ILS) 0,99 120 0,35
Incisivos Inferiores (IncInf) 0,96 120 7,80E-04*
gl = graus de liberdade; Alfa=0,05 *=Valor de p<0,05
O teste de homogeneidade de Levene (tabela 4) apontou que a variável Pp
obteve variâncias homogenias para os braquetes dos incisivos inferiores (p=0,054).
Já para os incisivos centrais superiores (p=0,018) e laterais superiores (p=0,025), as
variâncias se apresentaram não homogenias.
Tabela 4 – Teste de homogeneidade de Levene para a variável dependente (Pp)
Tipos de Braquetes F - Levene gl1 gl2 Sig(p).
Incisivos Centrais Superiores (ICS) 2,865 5 114 0,018*
Incisivos Laterais Superiores (ILS) 2,679 5 114 0,025*
Incisivos Inferiores (IncInf) 2,248 5 114 0,054
gl1 = graus de liberdade do numerador gl2 = graus de liberdade do denominador alfa = 0,05. *=Valor de p<0,05
5.2.2.1- Teste paramétrico de análise de variância (ANOVA)
O resultado do teste de ANOVA (tabela 5) foi significante para incisivos
centrais superiores (p=5,47E-09), laterais superiores (p=1,69E-12) e também
significante para incisivos inferiores (p=9,76E-20). Logo, houve evidências para
todos os tipos de braquetes (ICS, ILS e IncInf) em se recusar a hipótese de nulidade
(H0).
Resultados Resultados Resultados Resultados 73737373
Tabela 5 – Análise de variância de fator único para a variável dependente “Pp” para todos os grupos de braquetes ICS, ILS e IncInf.
Tipos de Braquetes Fonte de Variação S.Q. g.l. Q.M. Fa Sig(p). F crítico
ICS Entre Grupos 77,28 5 15,46 11,481 5,47E-09* 2,29
Resíduo (Dentro) 153,47 114 1,35
Total 230,75 119
ILS Entre Grupos 128,27 5 25,65 16,944 1,69E-12* 2,29
Resíduo (Dentro) 172,60 114 1,51
Total 300,87 119
IncINF Entre Grupos 229,15 5 45,83 30,849 9,76E-20* 2,29
Resíduo (Dentro) 169,36 114 1,49
Total 398,51 119
S.Q.=Soma dos Quadrados; g.l.=Grau de Liberdade; F=Valor F Calculado; F Crítico=Valor F tabelado; Q.M.=Quadrado Médio. a=Computado usando-se alfa = 0,05. *=Valor de p<0,05
Devido à significância dos testes de homogeneidade para os incisivos centrais
superiores e incisivos laterais superiores, assim como um valor próximo a 0,05 para
os incisivos inferiores, os testes “F” das ANOVAS da tabela 5 necessitaram de
confirmação pelo teste Robusto de Brown- Forsythe (tabela 6).
Tabela 6 – Teste Robusto de Brown-Forsythe.
Tipos de Braquetes Estatística gl1 gl2 Sig(p).
ICS 11,48 5 82,88 1,95E-08*
ILS 16,94 5 89,86 9,07E-12*
IncInf 30,85 5 93,37 2,10E-18*
gl1 = graus de liberdade do numerador gl2 = graus de liberdade do denominador alfa = 0,05.*=Valor de p<0,05
Os testes de Brown-Forsythe foram significantes para todos os tipos de
braquetes, confirmando desta maneira, os resultados dos testes “F” de ANOVA.
Resultados Resultados Resultados Resultados 74747474
5.2.2.2- Teste complementar de múltipla comparação Games-Howell (GH)
A fim de localizar as diferenças existentes entre as diferentes marcas
comerciais, o teste complementar de múltipla comparação Games-Howell (GH) foi
aplicado (tabela 7, 8 e 9). Este teste foi utilizado devido à falta de homogeneidade
dos dados (tabela 4).
Os resultados para os incisivos centrais superiores (ICS) podem ser vistos na
tabela 7.
Tabela 7 - Teste de Games-Howell (GH) entre as marcas comerciais para os braquetes tipo ICS.
Games-Howell
Agrupamentos
Marcas Comerciais N A B C
GAC A 20 (0,03±0,74)
Abzil A 20 (0,04±1,07)
Unitek
A,B 20 (0,51±0,98) (0,51±0,98)
Rocky A,B,C
20 (1,24±1,77) (1,24±1,77) (1,24±1,77)
Ormco B,C
20 (1,41±1,08) (1,41±1,08)
Morelli C 20 (2,26±1,06)
Índices diferentes indicam diferença estatisticamente significante Os dados estão dispostos em média±desvio-padrão. N=20; alfa = 0,05
Os resultados mostraram que para os incisivos centrais superiores, a marca
Morelli (2,26±1,06)C apresentou os maiores valores de “Pp”, sendo semelhante
estatisticamente as marcas Ormco (1,41±1,08)B,C e Rocky (1,24±1,77)A,B,C.
As marcas GAC (0,03±0,74)A e Abzil (0,04±1,07)A apresentaram valores de
“Pp” significativamente menores em relação as marcas Morelli (2,26±1,06)C e Ormco
(1,41±1,08)B,C.
As marcas Unitek (0,51±0,98)A,B, Rocky (1,24±1,77)A,B,C e Ormco
(1,41±1,08)B,C foram todas semelhantes estatisticamente entre si. Por fim a marca
Rocky (1,24±1,77)A,B,C foi semelhante estatisticamente a todas as demais marcas.
Resultados Resultados Resultados Resultados 75757575
Figura 14– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ICS).
A figura 14 permite avaliar o comportamento estatístico dos dados da tabela
7. Nota-se que o intervalo de confiança da marca Rocky, intercala-se com todas as
marcas comerciais, sendo esta marca semelhante a todas elas. Da mesma maneira,
pode-se notar os menores valores de “Pp” para as marcas GAC e Abzil, que
possuem intervalos intercalantes entre si, e os de maiores valores de “Pp” para a
marca Morelli.
Os resultados para os incisivos laterais superiores (ILS) podem ser vistos na
tabela a seguir (tabela 8).
Resultados Resultados Resultados Resultados 76767676
Tabela 08 - Teste de Games-Howell (GH) entre as marcas comerciais para os braquetes tipo ILS.
Games-Howell
Agrupamentos
Marcas Comerciais N A B C
GAC A 20 (-0,03±0,74)
Abzil
A,B 20 (0,45±1,43) (0,45±1,43)
Rocky A 20 (0,86±0,98)
Unitek A,B
20 (1,12±1,68) (1,12±1,68)
Ormco B 20 (1,70±1,35)
Morelli C 20 (3,19±0,95)
Índices diferentes indicam diferença estatisticamente significante
Os dados estão dispostos em média±desvio-padrão.
N=20, alfa =0,05
Os resultados mostraram que para os incisivos laterais superiores, a marca
Morelli (3,19±0,95)C apresentou os maiores valores de “Pp”, sendo superior
estatisticamente a todas as demais marcas. As marcas Ormco (1,70±1,35)B, Unitek
(1,12±1,68)A,B e Abzil (0,45±1,43)A,B apresentaram valores semelhantes
estatisticamente entre si.
As marcas GAC (-0,03±0,74)A e Rocky (0,86±0,98)A apresentaram os
menores valores estatisticamente de “Pp” em relação as marcas Morelli (3,19±0,95)C
e Ormco (1,70±1,35)B, porém foram semelhantes com as marcas Abzil (0,45±1,43)A,B
e Unitek (1,12±1,68)A,B.
Resultados Resultados Resultados Resultados 77777777
Figura 15 – Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ILS).
A figura 15 permite avaliar o comportamento estatístico dos dados da tabela
8. Nota-se que o intervalo de confiança das marcas Unitek e Abzil intercalam-se
entre si e com as marcas Ormco, Rocky e GAC. As marcas GAC e Rocky
apresentam intervalos semelhantes e inferiores a marca Ormco. A marca Morelli
apresenta intervalo de confiança maior em relação a todas as demais, que não se
intercala com nenhuma das marcas.
Os resultados para os incisivos inferiores (IncInf) podem ser vistos na tabela
9.
A
Resultados Resultados Resultados Resultados 78787878
Tabela 09 - Teste de Games-Howell (GH) entre as marcas comerciais para os braquetes tipo IncInf.
Games-Howell
Agrupamentos
Marcas Comerciais N A B C
Abzil A 20 (-0,27±1,16)
GAC A 20 (-0,17±0,67)
Rocky
B 20
(0,95±1,15)
Ormco B 20
(1,05±1,08)
Unitek B 20
(2,08±1,38)
Morelli C 20 (3,76±1,65)
Índices diferentes indicam diferença estatisticamente significante
Os dados estão dispostos em média±desvio-padrão.
N=20, alfa =0,05
Os resultados mostraram que para os incisivos inferiores, a marca Morelli
(3,76±1,65)C apresentou os maiores valores de “Pp”, sendo superior estatisticamente
as marcas Unitek (2,08±1,38)B, Ormco (1,05±1,08)B e Rocky (0,95±1,15)B, sendo
estas semelhantes entre si. As marcas Abzil (-0,27±1,16)A e GAC (-0,17±0,67)A
apresentaram os menores valores de “Pp”.
Resultados Resultados Resultados Resultados 79797979
Figura 16 – Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (IncInf).
A figura 16 permite avaliar o comportamento estatístico dos dados da tabela
9. Nota-se que os intervalos de confiança das marcas GAC e Abzil intercalam-se
entre si e apresentam os menores valores. A marca Morelli apresentou intervalo de
confiança superior a todas as demais marcas. As marcas Ormco, Unitek e Rocky
apresentaram intervalos de confiança intercalantes entre si e com valores
intermediários entre as marcas GAC, Abzil e Morelli.
Resultados Resultados Resultados Resultados 80808080
5.3) Comparação com os valores de referência
Para todos os tipos de braquetes, os valores de “Pp” medidos foram
comparados estatisticamente com os valores de referência de 0° (+/- 1°).
As comparações foram feitas graficamente pela plotagem dos intervalos de
confiança de 95%, para cada marca comercial, em função do tipo de braquete,
contra os valores de referência, e confirmados pela aplicação de testes “t” para uma
amostra, contra um valor fixo da própria referência.
Para os testes “t” duas hipóteses foram testadas:
- H0 ou hipótese de nulidade: O intervalo de confiança da marca em questão
incluiu o valor de referência, podendo ser o valor médio de 0°, valor máximo de +1°
ou o valor mínimo de -1°.
- H1 ou hipótese alternativa: O intervalo de confiança da marca em questão
não incluiu nenhum dos valores da faixa de referência (-1°; 0°; +1°)
Antes da aplicação dos testes, as premissas de normalidade dos resíduos,
para cada marca de cada tipo de braquete, foram testadas pelo método de Shapiro-
Wilk. Este teste mostrou que os resíduos dos grupos testados apresentaram-se
normalmente distribuídos para todos os grupos, e para todos os tipos de braquetes,
com exceção da marca Ormco (p=0,006), para os incisivos centrais superiores, que
apresentou desvio desta condição. Apesar disso, o teste “t” é notadamente robusto a
falta de normalidade.
Resultados Resultados Resultados Resultados 81818181
5.3.1- Testes “t” para uma amostra
Tabela 10 – Testes ‘”t” para uma amostra, para cada marca comercial e tipo de braquete, contra os valores de referência (-1°; 0°; +1°).
-1° 0° +1°
Tipos Marcas t Sig(p) D.M. L.I. L.S. t Sig(p) D.M. L.I. L.S. t Sig(p) D.M. L.I. L.S.
ICS
GAC 6,20 5,95E-06 1,03 0,68 1,38 0,19 0,85 0,03 -0,32 0,38 -5,82 1,31E-05 -0,97 -1,32 -0,62
Ormco 9,96 5,62E-09 2,41 1,90 2,92 5,82 1,3E-05 1,41 0,90 1,92 1,69 0,107 0,41 -0,10 0,92
Unitek* 6,91 1,37E-06 1,51 1,06 1,97 2,35 0,03 0,51 0,06 0,97 -2,21 0,039 -0,49 -0,94 -0,03
Rocky 5,65 1,89E-05 2,24 1,41 3,06 3,13 5,57E-03 1,24 0,41 2,06 0,60 0,557 0,24 -0,59 1,06
Abzil 4,36 3,36E-04 1,04 0,54 1,54 0,17 0,86 0,04 -0,46 0,54 -4,01 7,43E-04 -0,96 -1,46 -0,46
Morelli* 13,77 2,45E-11 3,26 2,77 3,76 9,55 1,1E-08 2,26 1,77 2,76 5,33 3,86E-05 1,26 0,77 1,76
ILS
GAC 5,81 1,3E-05 0,97 0,62 1,31 -0,20 0,84 -0,03 -0,38 0,31 -6,22 5,70E-06 -1,03 -1,38 -0,69
Ormco* 8,94 3,1E-08 2,70 2,07 3,33 5,62 2,01E-05 1,70 1,07 2,33 2,31 0,03 0,70 0,07 1,33
Unitek 5,64 1,9E-05 2,12 1,33 2,90 2,98 7,75E-03 1,12 0,33 1,90 0,31 0,76 0,12 -0,67 0,90
Rocky 8,52 6,5E-08 1,86 1,40 2,32 3,94 8,79E-04 0,86 0,40 1,32 -0,64 0,53 -0,14 -0,60 0,32
Abzil 4,53 2,3E-04 1,45 0,78 2,11 1,40 0,18 0,45 -0,22 1,11 -1,73 0,10 -0,55 -1,22 0,11
Morelli* 19,79 3,9E-14 4,19 3,75 4,63 15,06 5,11E-12 3,19 2,75 3,63 10,34 3,06E-09 2,19 1,75 2,63
IncInf
GAC 5,53 2,45E-05 0,83 0,52 1,15 -1,11 0,28 -0,17 -0,48 0,15 -7,76 2,63E-07 -1,17 -1,48 -0,85
Ormco 8,51 6,66E-08 2,05 1,55 2,56 4,36 3,37E-04 1,05 0,55 1,56 0,21 0,83 0,05 -0,45 0,56
Unitek* 9,97 5,49E-09 3,08 2,43 3,73 6,74 1,95E-06 2,08 1,43 2,73 3,50 2,40E-03 1,08 0,43 1,73
Rocky 7,59 3,60E-07 1,95 1,41 2,49 3,70 1,53E-03 0,95 0,41 1,49 -0,20 0,85 -0,05 -0,59 0,49
Abzil 2,80 0,012 0,73 0,18 1,27 -1,06 0,30 -0,27 -0,82 0,27 -4,91 9,82E-05 -1,27 -1,82 -0,73
Morelli* 12,91 7,51E-11 4,76 3,99 5,53 10,19 3,85E-09 3,76 2,99 4,53 7,48 4,44E-07 2,76 1,99 3,53
* rejeitam H0: o intervalo de confiança destas marcas não incluiu nenhum dos valores da faixa de referência (-1°; 0°; +1°)
D.M = Diferença da média para o valor de referência L.I. = Limite inferior do intervalo de confiança de 95% L.S. = Limite superior do intervalo de confiança de 95% t = valor “t” calculado para 19 gl t crítico (19gl, 5%) = |2,09|
Os resultados dos testes “t” contra os valores de referência (tabela 10) e
ilustrados pelos intervalos de confiança de 95%, na figura 17, mostraram que:
• Para a marca GAC, todos os tipos de braquetes para ICS (p=0,85), ILS
(p=0,84) e IncInf (p=0,28), estão dentro da referência (aceitam H0), sendo que os
três intervalos de confiança incluem o valor de 0°.
Resultados Resultados Resultados Resultados 82828282
• Para a marca Ormco, os tipos de braquetes para ICS (p=0,10) e IncInf
(p=0,83) estão dentro da referência (aceitam H0), sendo que estes dois intervalos de
confiança incluem o valor de +1°. Os braquetes para ILS (p=0,03), apesar de
próximos ao valor de +1°, ficaram fora da referência (recusam H0 e aceitam H1).
• Para a marca Unitek, os tipos de braquetes para ILS (p=0,76) estão dentro da
faixa de referência (aceitam H0), sendo que para ICS, o intervalo de confiança,
apesar de próximo ao valor fixo de +1°, ficaram fora da referência (recusam H0 e
aceitam H1). Os braquetes para IncInf (p= 2,40E-03) estão acima do valor de +1°,
logo fora da referência (recusam H0 e aceitam H1).
• Para a marca Rocky, todos os tipos de braquetes, para ICS (p=0,55), ILS
(p=0,53) e IncInf (p=0,85), incluem o valor de referência de +1° (aceitam H0).
• Para a marca Abzil, todos os tipos de braquetes, para ICS (p=0,86), ILS
(p=0,18) e IncInf (p=0,30) incluem o valor de referência de 0° (aceitam H0). O
intervalo de confiança para os ILS também incluem o valor de +1° (p=0,10).
• Para a marca Morelli, todos os intervalos de confiança, de todos os tipos de
braquetes ICS, ILS e IncInf localizam-se acima do valor de +1° e logo, todos os
braquetes desta marca, ficaram fora da faixa de referência (recusam H0 e aceitam
H1).
A figura 17 ilustra os intervalos de confiança de 95% para todas as
condições experimentais deste trabalho, plotados contra a faixa de referência de -1°
a + 1°. É importante verificar que a representação dos intervalos de confiança está
de acordo com o verificado pelo teste t, em todos os tipos e marcas de braquetes
avaliados, com exceção dos braquetes para incisivos centrais superiores (ICS) da
marca Unitek. Neste grupo, apesar do intervalo de confiança não se assemelhar a
nenhuma das faixas de tolerância utilizadas (-1o, 0o e +1o), a figura demonstra que
este intervalo esteve compreendido totalmente entre os valores de 0o e +1o. Apesar
de não intercalar-se com nenhum destes dois valores de referência, ao se localizar
entre eles demonstra-se adequada a prescrição da técnica estudada.
Resultados Resultados Resultados Resultados 83838383
Figura 17 – Ilustração dos intervalos de confiança de 95% para todas as condições experimentais deste
trabalho, plotados contra a faixa de referência de (-1°; 0°; +1°).
Discussão Discussão Discussão Discussão 85858585
6. DISCUSSÃO
A Ortodontia é o ramo da Odontologia que estuda a oclusão dentária, tendo
como objetivo melhorar a forma, a função e a estética dentofacial, e para executar
tais objetivos, o profissional encontra diversas opções de mecânicas e técnicas. Com
o grande crescimento da especialidade, nos últimos anos, ocorreram investimentos
tecnológicos nas áreas de materiais, de maneira que a indústria tem buscado
soluções para os projetos dos seus idealizadores, nas mais diversas filosofias de
tratamento.
Angle, em 1925, foi o primeiro a organizar sistematicamente, ações que
possibilitassem um tratamento ortodôntico com respostas mais significativas. Seus
estudos originaram a Técnica Edgewise (arco de canto) que recebeu esta
denominação devido à utilização de fios retangulares, inseridos no interior dos
braquetes. No aparelho Edgewise convencional, os ortodontistas deviam incorporar
dobras nos fios retangulares nos três planos do espaço, a fim de se obter uma
oclusão ideal (ANDREWS, 1972).
A criação da filosofia e da técnica Straight-Wire (primeira geração de
braquetes pré-ajustados) produziu mudanças significativas no universo ortodôntico.
Andrews projetou um novo sistema com angulação e inclinação inseridas nos
braquetes e a partir deste, sucederam-se outras gerações de braquetes. Nesta nova
filosofia, os resultados eram mais consistentes, com consequente diminuição no
tempo das consultas, e ainda, tratamentos mais rápidos, pois não eram necessárias
as dobras nos fios (ANDREWS, 1983; ANDREWS, 1972; ROTH, 1976;
McLAUGHLIN E BENNETT, 1989).
Os braquetes totalmente ajustados da técnica de Andrews apresentavam
canaletas anguladas e bases com espessuras e inclinações apropriadas a cada
dente. As bases inclinadas permitiam alcançar o posicionamento vestibulolingual
apropriado, desde que o braquete estivesse corretamente posicionado. As bases
também foram contornadas vertical e horizontalmente para permitir o ajuste dos
braquetes às superfícies vestibulares dos dentes (ANDREWS, 1976; MEYER e
NELSON, 1978). Toda a mecânica desta técnica, parte do princípio fundamental do
correto posicionamento dos acessórios ortodônticos em cada dente, pois segundo
Andrews (1989), quando os braquetes estão corretamente posicionados nas coroas,
Discussão Discussão Discussão Discussão 86868686
suas canaletas estão tão mal posicionadas quanto os dentes, levando-os ao
alinhamento e nivelamento adequados, desde que usados gradativamente, fios sem
dobras e de calibre progressivamente maior.
Conforme julgava o conceito da técnica Straight-Wire original, além do correto
posicionamento dos braquetes, torna-se necessário também uma criteriosa
avaliação da coroa clínica, com relação à anatomia e ao contorno da superfície
vestibular, uma vez que estas características não são uniformes o suficiente para se
padronizar os braquetes. Caso haja uma variação anatômica, o posicionamento do
braquete pode ser indevidamente alterado no sentido vertical e isso refletiria em
diferentes fatores de posicionamento (DELLINGER, 1978; CREEKMORE, 1979;
ANDREWS, 1989; McLAUGHLIN E BENNETT, 1989; OWEN, 1991, BALUT et al,
1992; MIETHKE E MELSEN, 1999; UGUR E YUKAY, 1997; VAN LOENEN et al,
2005).
Após um grande período de tentativas e erros, e de algumas modificações
nos valores da prescrição dos braquetes propostos por Andrews, Roth conseguiu
reunir elementos clínicos, checando os resultados por meio de fotografias a cada
mudança de arco, em todos os pacientes durante o tratamento e a contenção. O
resultado destas análises levou Roth a determinar novos valores para as angulações
e torques, criando a segunda geração de braquetes pré-ajustados, que consistiu em
um único conjunto de acessórios para terapia de casos com e sem extrações. Este
mesmo autor, concluiu que existiam muitas vantagens no uso da técnica Straight-
Wire. Isto porque a mesma possibilitava a diminuição no tempo das consultas, no
tempo do tratamento, e quando os braquetes eram bem posicionados, era possível
controlar a movimentação ortodôntica de forma mais eficiente quando comparada
com a utilização de dobras nos fios. Entretanto, segundo acreditava o autor, uma
quantidade mínima de erro inerente ao processo de fabricação dos braquetes
poderia acontecer e assim, os ortodontistas precisariam fazer algumas dobras de
compensação, mas isso seria desprezível, diante do resultado final clínico
proporcionado pelo uso destes braquetes. (ROTH, 1976; ROTH, 1987).
Pesquisando os trabalhos de Andrews, e constatando que o aparelho
Straight-Wire não solucionava todos os casos devido a grande variação de forma e
tamanho dos dentes, pelo fato de o mesmo ser baseado em médias, McLaughlin e
Bennett (1989), utilizando computação gráfica e sistemas computadorizados para
Discussão Discussão Discussão Discussão 87878787
definir as distâncias in/out e a definição do torque, criaram um novo sistema de
braquetes, o qual deu origem a terceira geração de braquetes pré-ajustados.
As inclinações e as angulações executadas durante um tratamento são de
fundamental importância no posicionamento dos dentes de acordo com as
necessidades do caso planejado (THIENSEN et al., 2003). As inclinações e as
angulações incluídas em cada braquete são específicas ao que determina a técnica
ortodôntica para seus objetivos (MELING, ODEGAARD e MELING, 1997).
O desenvolvimento da telerradiografia em norma lateral possibilitou aos
ortodontistas planejarem com maior precisão as mudanças que deveriam ser feitas
durante o tratamento (RAUCH,1959). Tornou-se evidente a necessidade do
planejamento de angulações e inclinações dentárias de acordo com o caso
planejado (HILGERS, 1987; ANDREWS, 1976). E dentre estes, o movimento de
torque é o mais complexo em virtude da necessidade do domínio completo do
operador para não provocar efeitos prejudiciais ao tratamento (ROTH, 1987). Desta
forma, a incorporação do torque e o controle do mesmo no tratamento ortodôntico
levam os ortodontistas a se preocuparem a aprofundarem seus conhecimentos, pois
uma finalização ortodôntica com uma inclinação vestibulolingual correta é muito
importante para uma intercuspidação satisfatória, bem como para a estabilidade
estética, funcional e periodontal (THIENSEN et al., 2003; VELLINI-FERREIRA,
2008).
Os torques indicados nas técnicas Straight-Wire foram estabelecidos para
produzirem as inclinações axiais corretas, desde que a expressão da interface fio-
braquete seja total, ou seja, canaleta 0,022” recebendo fio de dimensões 0,022” X
0,025” ou 0,022” x 0,028” que ficou denominado como a expressão máxima do
torque (ROTH, 1976, MEYER E NELSON,1978). Desta forma, para que este objetivo
seja atingido os acessórios devem possuir precisão em relação aos valores
prescritos de torque e angulação, com alta qualidade de acabamento superficial e
com menor desvio-padrão possível entre as peças. Isto porque um dos principais
objetivos dos braquetes pré-ajustados é facilitar o tratamento clínico, diminuindo o
tempo de tratamento e a necessidade de ajuste (compensações) nos arcos de
finalização do tratamento (LANG, SANDRIK E KAPPLER, 1982; THIENSEN et al.,
2003; KANG et al., 2003).
O atrito é um parâmetro que deve ser considerado, quando o movimento
dentário é desejado e este pode ser definido como a força que atrasa ou impede o
Discussão Discussão Discussão Discussão 88888888
deslizamento de dois objetos em contato, quando estes são forçados a deslizar um
sobre o outro (PIZZONI, RAVNHOLT E MELSEN, 1998).
Vários são os fatores inerentes ao tratamento ortodôntico que exercem
influência nas forças friccionais. Entre esses, podem-se destacar os fatores
associados aos fios ortodônticos, tais como a espessura do fio, a forma de sua
secção transversal e as características da superfície do fio. Em relação aos
braquetes, pode-se citar o tamanho, o material constituinte e o acabamento interno.
A força de tração empregada pelo ortodontista, o método de ligação braquete-fio e a
distância interbraquete também são fatores relevantes (PIZZONI, RAVNHOLT E
MELSEN, 1998). Além disso, a interação entre o material constituinte do fio, a saliva,
o biofilme dental e o material de fabricação da canaleta do braquete são mais um
fator a ser a ser considerado. A geometria do aparelho, que corresponde à relação
tridimensional existente entre o fio ortodôntico e as canaletas dos braquetes, vem a
ser o mais importante fator determinante no coeficiente de fricção (THORSTENSON
E KUSY, 2002). Desta forma, a avaliação correta desses fatores é necessária para
que a força aplicada durante o tratamento ortodôntico possa superar o atrito
existente entre as superfícies dos fios e os braquetes, sem incorrer em forças
excessivas.
Os braquetes metálicos são os mais utilizados em Ortodontia, por vários
motivos, tais como lisura e acabamento de suas superfícies, melhor expressão dos
pré-ajustes embutidos, resistência à compressão e ao cisalhamento, baixo custo e
boa aceitação por parte dos pacientes, principalmente dos jovens (SIMONI, 2002).
Partindo destas premissas, foram utilizados neste estudo os braquetes de aço
inoxidável da Técnica de Roth, pois apesar de serem da segunda geração dos
braquetes pré-ajustados, ainda apresentam um uso constante entre os ortodontistas,
e poucos estudos voltados à qualidade da produção dos mesmos, no que se refere à
fidedignidade de suas medidas.
Na presente pesquisa analisaram-se as seis marcas de braquetes de aço
inoxidável, sendo duas marcas nacionais, Abzil e Morelli, e quatro importadas, 3M
Unitek, GAC, Ormco e Rocky Mountain. A escolha por estas marcas ocorreu pelo
fato de apresentarem um custo adequado ao mercado, uma qualidade reconhecida
e serem encontradas com facilidade no mercado brasileiro o que as torna as mais
utilizadas pelos ortodontistas, as quais já foram foco de algumas pesquisas
Discussão Discussão Discussão Discussão 89898989
(CORNEJO, 2005; STREVA, 2005; BÓBBO, 2006; GOMES FILHO, 2007;
ZANESCO, 2008).
A proposta do estudo foi avaliar a precisão no paralelismo das canaletas dos
braquetes dos incisivos superiores e inferiores, com dimensões de 0,022” x 0,028”,
da técnica de Roth, em várias marcas comerciais, através de microscopia eletrônica
de varredura, com o objetivo principal de comparar cada marca com o valor padrão
de 0° (paralelismo perfeito), considerando a referência da norma DIN 13.971-2
alemã, que padroniza e normatiza os aparelhos ortodônticos com tolerância para os
braquetes +/- 1°.
Cornejo (2005), Streva (2005) e Bóbbo (2006) realizaram pesquisas
semelhantes, utilizando microscopia óptica para avaliar a precisão com que eram
fabricados os braquetes da técnica MBT de várias marcas disponíveis no mercado
brasileiro. Concluíram que alguns fabricantes possuíam grandes variações entre a
inclinação vestíbulo-lingual das canaletas dos braquetes e a prescrição da técnica.
Este achado é de fundamental valor para o ortodontista que utiliza a mecânica
Straight-Wire e que ao escolher um determinado produto, deve confiar na precisão
de sua fabricação.
Gomes Filho (2007) trabalhando na mesma linha de pesquisa, comparou a
precisão das inclinações dos braquetes da técnica de Ricketts utilizando um
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e concluiu que existe notável divergência
das inclinações fabricadas pelas diversas marcas em relação ao prescrito pela
técnica estudada. Também utilizando um Microscópio Eletrônico de Varredura
(MEV), Ramos (2009) pesquisou a precisão com que empresas nacionais e
estrangeiras produzem tubos ortodônticos da técnica MBT e concluiu que das 6
marcas estudadas, 3M Unitek, TP Orthodontics e Morelli tiveram suas médias dentro
dos parâmetros determinados.
A grande vantagem do MEV, em relação ao MO, está na facilidade de
preparação das amostras, em relação a qualidade e precisão das imagens obtidas.
Entretanto, não é apenas esta característica que faz do MEV uma ferramenta tão
importante e tão usada na análise dos materiais. A elevada profundidade de foco
(imagem com aparência tridimensional) e a possibilidade de combinar a análise
microestrutural com a microanálise química são fatores que em muito contribuem
para o amplo uso desta técnica (GOMES FILHO, 2007).
Discussão Discussão Discussão Discussão 90909090
De acordo com a literatura, a inclinação presente em um braquete pode ser
avaliada de duas formas: mensurando-se os ângulos formados entre as paredes
laterais da canaleta e a base do braquete (MEYER e NELSON, 1978; SEBANC et
al., 1984; GOMES FILHO, 2007), ou ainda pelo ângulo formado entre o assoalho da
canaleta e a base do braquete (STREVA, 2005; BÓBBO, 2006). No entanto, após a
revisão da literatura, também se observou que a metodologia utilizada para avaliar a
inclinação que apresentou resultados mais confiáveis foram as que avaliaram as
paredes laterais da canaleta (SEBANC et al.,1984; KAPUR-WADHWA, 2004; KUSY,
2004).
Os trabalhos que utilizaram o assoalho da canaleta apresentaram maior
limitação de sua precisão, pois mesmo que o fio encoste no assoalho da mesma,
não possibilita uma avaliação geométrica da ação do torque (KANG et al, 2003). Tal
método de mensuração parece ser de menor influência porque, no momento desta
ação, o material que prende o fio à canaleta, elástico ou amarrilho, forma uma
ligação frágil e incompleta (GIOCA E ELIADES, 2004), e desta forma, não promove
a ação mais completa do torque. Portanto, diante destas duas formas de avaliação,
esta pesquisa foi realizada buscando avaliar o ângulo formado entre as paredes
laterais da canaleta e a base do braquete, por ser considerada a forma mais
apropriada, precisa e com maior associação com os resultados clínicos.
Quando o fio retangular é encaixado na canaleta do braquete com uma força
de torque ativa, ele se desloca até encontrar dois pontos de apoio para efetivar sua
ação, que é chamado de ângulo crítico (KANG et al. 2003; GIOKA e ELIADES, 2004;
KUSY, 2004). Este fator ocorrerá mais efetivamente nas paredes laterais, onde é
possível fazer o cálculo geométrico da folga entre fio e canaleta, e assim, se obter o
valor do torque que efetivamente atuará na movimentação do dente (GIOKA E
ELIADES, 2004; CREEKMORE, 1979).
Alguns fatores que influenciam na precisão dos braquetes: o próprio processo
de fabricação, injeção/moldagem, fundição e fresagem, a profundidade das
canaletas, pois estas interferem na eficiência do torque; a espessura do fio; a
distância entre as paredes da canaleta (se estão dentro do prescrito) e o paralelismo
entre as mesmas (ANDREASSON, 1972; MEYER, NELSON, 1978). No entanto, é
imprescindível que se considere como fator primordial, que a real diferença entre um
braquete ideal para o tratamento e um não tão adequado está na fidelidade das
Discussão Discussão Discussão Discussão 91919191
medidas prescritas e a realidade encontrada nos materiais comercializados
(CREEKMORE, 1979)
No presente trabalho, foi medido o ângulo formado entre a parede cervical da
canaleta e a linha da base do braquete (APC) e o ângulo formado entre a parede
incisal da canaleta e a mesma linha da base do braquete (API) e estes valores
encontrados foram subtraídos (APC - API). Desta maneira, os valores encontrados
foram avaliados, quanto ao seu enquadramento, dentro do grau de tolerância
preconizada por um órgão regulador de peças ortodônticas alemãs, denominada
Norma DIN.
O campo de aplicação da Norma DN 13971-2 inclui os elementos de fixação,
para a sustentação de arcos que são utilizados no tratamento de ortopedia maxilar
de pacientes, por intermédio de aparelhos fixos, definindo medidas, ensaios,
materiais e identificação dos elementos de fixação (braquetes e tubos), bem como
os graus de tolerância e os métodos de mensuração. A norma DIN é a única
existente para reger a manufatura de braquetes pelas indústrias, sendo, desta
forma, o único parâmetro de tolerância mundial (0° +/-1°). Neste estudo, os valores
entre +1° e -1° foram indicativos de paredes paralelas, os valores maiores que +1°
foram indicativos de canaletas divergentes e os valores menores que -1° indicaram
canaletas convergentes. Esta tolerância de + 1° a -1° permite maiores discussões,
visto que o valor de 2° representa uma imprecisão grande em se tratando de
braquetes pré-ajustados, e uma folga desta magnitude implica em necessidade de
grandes ajustes dos arcos para atingir os corretos posicionamentos dentários
exigidos pelo tratamento ortodôntico.
Com a finalidade de avaliar o erro intraexaminador, 30 dias após a coleta
inicial dos dados obtidos, foi feito uma segunda mensuração em 22,2% da amostra
inicial, seguindo o mesmo protocolo realizado na primeira medição. Para analisar o
erro do método, foram aplicados testes estatísticos de Wilcoxon e a fórmula de
Dalhberg para mensuração do erro casual (tabela 1). O resultado não teve
significância clínica confirmando a confiabilidade do método.
Foi realizada uma análise descritiva dos dados, para cada grupo de dentes
(incisivos centrais e laterais superiores e incisivos inferiores), com suas medidas
descritivas (média, erro padrão, desvio padrão, variância, amplitude, mínimo,
máximo e mediana). Ao avaliar a tabela 2 observamos que existem variações entre
os resultados angulares obtidos dentro de cada marca comercial.
Discussão Discussão Discussão Discussão 92929292
Verifica-se assim que braquetes fabricados por uma mesma empresa
mostram nítidas diferenças em torno do valor de paralelismo perfeito (tolerância de
+/-1°Norma DIN), que deveria existir em braquetes ortodônticos, principalmente nos
pré-programados. Para melhor ponderar este quesito, utilizamos como referencial a
amplitude entre os valores máximos e os valores mínimos de cada uma das marcas.
Do ponto de vista clínico, uma grande amplitude entre o valor máximo e o
valor mínimo do paralelismo desejado, pode promover, ao longo da terapia
ortodôntica, uma assimetria de posicionamento dos incisivos. Este fato, associado a
outros fatores relativos à mecânica e ao paciente, pode acarretar interferências
oclusais, caso o ortodontista não realize ajustes compensatórios nos fios.
Em relação aos incisivos centrais superiores (ICS), a GAC esteve mais
próxima do paralelismo perfeito e obteve o menor valor de amplitude (2,71°),
enquanto que a Rocky obteve o maior valor, que significa que houve um
afastamento de 6,63° do valor mínimo em relação ao máximo, entre os valores
medidos de paralelismo, nesta marca comercial.
Em relação aos incisivos laterais superiores (ILS), a GAC também esteve
mais próxima do paralelismo desejado das canaletas, enquanto que a Morelli foi a
marca que mais se afastou do paralelismo perfeito. A Unitek obteve maior amplitude
(7,06°).
Em relação aos incisivos inferiores (IncInf), a GAC, mais uma vez, foi a marca
que esteve mais próxima do paralelismo perfeito, enquanto que a Morelli foi a que
mais se afastou deste paralelismo e que apresentou a maior amplitude (6,80°).
Cientes destes fatos, os ortodontistas devem dedicar grande esforço para
preservar a simetria do arco dental, fato que pode ser facilitado pelo emprego de
dispositivos ortodônticos com baixo índice de falhas.
O resultado do teste de ANOVA (tabela 5) foi significante para incisivos
centrais superiores (p=5,47E-09), para incisivos laterais superiores (p=1,69E-12) e
também significante para incisivos inferiores (p=9,76E-20). Logo, houve evidências,
para todos os tipos de braquetes (ICS, ILS e IncInf) em se recusar a hipótese de
nulidade (H0) de que todos os braquetes fossem iguais.
A principal intenção deste estudo foi avaliar a relação entre os valores obtidos
(APC-API) com o valor padrão da prescrição 0°+/-1°. E na aplicação do teste “t”
observamos que as marcas GAC, Abzil e Rocky se mantiveram dentro da prescrição
esperada (paralelismo 0°+/-1°). As marcas Unitek atenderam à prescrição no grupo
Discussão Discussão Discussão Discussão 93939393
dos incisivos centrais superiores e incisivos inferiores, enquanto a Ormco esteve
com suas canaletas paralelas no grupo dos incisivos laterais superiores. A Morelli
não atendeu à prescrição estudada em nenhum dos grupos dentários.
Levando-se em consideração os parâmetros determinados pela norma DIN
13971, que considera como aceitável para a inclinação das canaletas dos
acessórios ortodônticos, uma variação de um grau para mais ou para menos, as
marcas GAC, Abzil e Rocky se enquadram neste padrão quando foram avaliados os
valores médios das inclinações entre as duas canaletas (tabela 10).
No presente estudo, houve a comparação entre as marcas comerciais,
utilizando o teste complementar de múltipla comparação Games-Howell. Em relação
aos incisivos centrais superiores (tabela 7), as marcas GAC e Abzil mostraram
comportamento superior, porém semelhantes ainda às marcas Unitek e Rocky. Já a
marca Morelli mostrou comportamento inferior, porém de comportamento
semelhante às marcas Rocky e Ormco. Em relação aos incisivos laterais superiores
(tabela 8), as marcas GAC e Rocky mostraram comportamento superior em relação
à Morelli e Ormco, porém de comportamento semelhante à Abzil e Unitek. Na
avaliação dos incisivos inferiores (tabela 9), as marcas GAC e Abzil mostraram
comportamento superior às demais marcas avaliadas enquanto as marcas Unitek,
Ormco e Rocky apresentaram comportamento semelhante entre si e superiores a
marca Morelli.
Os trabalhos Zinelis et al. (2004), Cornejo (2005), Streva (2005), Bóbbo
(2006), Gomes-Filho (2007), Ramos (2008), Zanesco (2008), Assad-Loss et al
(2010), Major et al (2010), Bhalla et al (2010) e Joch (2010) mesmo utilizando
acessórios diferentes, de marcas diferentes e técnicas diferentes, obtiveram
conclusões semelhantes, acerca de uma falta de padrão e precisão na fabricação
entre os diferentes fabricantes, o que vem corroborar com os resultados obtidos no
presente estudo, que ao analisar diferentes marcas de braquetes através de
microscopia eletrônica verificou o grande grau de variabilidade de medidas, dentro
de uma mesma marca e também entre marcas diferentes.
Estas variações trazem implicações diretas no cotidiano clínico do
ortodontista que opta pela mecânica pré-ajustada, pois os resultados clínicos
esperados não se efetivam diante desta imprecisão nos acessórios, tendo como
consequência o comprometimento de todo o tratamento no que diz respeito a uma
correta oclusão dos pacientes, a estabilidade e a qualidade do tratamento.
Discussão Discussão Discussão Discussão 94949494
A Ortodontia é resultado de anos de estudo, pesquisa, experimentos, acertos
e erros de clínicos e pesquisadores que, com seu esforço, idealizaram, criaram,
modificaram artifícios e maneiras de conduzir os dentes a posições mais adequadas
funcionalmente e agradáveis esteticamente. Para que haja sucesso dentro da
especialidade, os fatores que devem ser considerados principalmente são: um
correto diagnóstico e um eficiente plano de ações clínicas. E desta forma, dentro
deste planejamento eleito pelo profissional, a mecânica adequada para a
movimentação dentária deve ser avaliada criteriosamente. Também é primordial o
conhecimento de todos os recursos e limitações da mecanoterapia escolhida, assim
como domínio sobre os conceitos físicos e biológicos aplicados a ela. Desta
maneira, o profissional deve estar preparado para corrigir as deficiências existentes
nos acessórios incorporando dobras no fio, o que traz maior gasto de tempo clínico e
menor previsibilidade, prolonga o tempo de tratamento e ainda o torna mais caro ao
paciente.
Diante de todo o contexto apresentado, fica evidente a importância deste
estudo, que serve como um alerta a todos os fabricantes para buscarem o
aprimoramento dos processos de fabricação dos acessórios ortodônticos. Serve
também como um alerta a todos os ortodontistas, que devem buscar sempre uma
avaliação criteriosa dos resultados obtidos no seu tratamento, utilizando bráquetes
pré-ajustados, e também aumentar suas fontes de informações no momento da
escolha da marca a ser usada.
Conclusões Conclusões Conclusões Conclusões 96969696
7. CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia empregada nesta pesquisa e considerando os
resultados encontrados pode-se concluir que:
1 - Em relação aos parâmetros da prescrição de paralelismo perfeito
estiveram de acordo com a prescrição:
• nos braquetes de incisivos centrais superiores das marcas GAC,
Unitek, Ormco, Rocky e Abzil.
• nos braquetes de incisivos laterais superiores das marcas GAC, Unitek,
Rocky e Abzil.
• nos braquetes de incisivos inferiores das marcas GAC, Ormco, Rocky e
Abzil.
2 – Quanto à comparação entre os braquetes das marcas comerciais, estes
não mostraram comportamento semelhante entre si, sendo que:
• Para os incisivos centrais superiores, as marcas GAC e Abzil
mostraram comportamento superior, porém semelhantes ainda às
marcas Unitek e Rocky. A marca Morelli mostrou comportamento
inferior, porém semelhante às marcas Rocky e Ormco.
• Para os incisivos laterais superiores, as marcas GAC e Rocky
mostraram comportamento superior, porém semelhantes ainda às
marcas Unitek e Abzil. A marca Morelli mostrou comportamento inferior
a todas as demais avaliadas.
• Para os incisivos inferiores, as marcas GAC e Abzil mostraram
comportamento superior às demais marcas avaliadas. A marca Morelli
apresentou comportamento inferior a todas as demais avaliadas.
Referências Referências Referências Referências 98989898
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Anexos Anexos Anexos Anexos 105105105105
ANEXO A – Comprovante de Aprovação na Comissão de Ética em Pesquisa