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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC ENGENHARIA AMBIENTAL MARIA GISELE RONCONI DE SOUZA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO CARVÃO ENERGÉTICO CRICÚMA, NOVEMBRO DE 2007.

Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

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Page 1: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

ENGENHARIA AMBIENTAL

MARIA GISELE RONCONI DE SOUZA

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO CARVÃO ENERGÉTICO

CRICÚMA, NOVEMBRO DE 2007.

Page 2: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

MARIA GISELE RONCONI DE SOUZA

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO CARVÃO ENERGÉTICO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheira Ambiental no curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientadora: Prof.ª MSc. Rosimeri Venâncio Redivo

CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2007.

Page 3: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

MARIA GISELE RONCONI DE SOUZA

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO CARVÃO ENERGÉTICO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheira Ambiental, no Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Gestão de Recursos Energéticos.

Criciúma, 26 de novembro de 2007.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª MSc. Rosimeri Venâncio Redivo (UNESC) - Orientador

Prof.ª MSc. Nadja Zim Alexandre - (UNESC)

Prof. Sergio Bruchchen - (SATC)

Page 4: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

Dedico meu trabalho aos meus pais Renato e

Margarete pelo amor, dedicação e a educação que

me deram ao longo de minha vida, ao meu noivo

Wilson que eu tanto amo e ao meu filho amado

Victor Hugo que só me traz alegria.

Page 5: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que tenho e por tudo que sou;

Aos meus pais Renato e Maria Margarete, por todos os esforços feitos para

garantir minha formação;

Aos meus irmãos Marcos, Márcia, Mateus, Marina e Monique por toda ajuda,

apoio e conselhos a mim dados;

Ao meu filho amado Victor Hugo, que com seu amor e carinho me faz esquecer

todas as dificuldades;

Ao meu noivo Wilson, pela compreensão e paciência pelos momentos ausentes

em função dos meus estudos e conclusão deste trabalho;

À professora Rosimeri Venâncio Redivo, pela dedicada orientação e atenção

dadas a mim e a este trabalho, minha enorme admiração pela pessoa e profissional que é;

Ao meu supervisor de campo o Eng. de Minas Cleber José Baldoni Gomes, por

ter acreditado neste trabalho e ter me confiado este estágio que foi fundamental para

realização deste estudo;

A todos os professores do curso de Engenharia Ambiental, pelos ensinamentos

ao longo destes cinco anos, fundamentais para minha formação acadêmica;

Ao SIECESC, pois foi através do sindicato que tive acesso às informações

necessárias e foi através do sindicato que tive acesso a todas as empresas mineradoras,

Ferrovia Teresa Cristina - FTC e ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda para visitação e

coletas dos dados, e pela infra-estrutura, material e contribuição técnica de todos;

À banca examinadora, à prof. M.Sc Nadja Alexandre Zim, e ao prof. Sergio

Bruchchen, por terem aceito o convite de participar e contribuir para o enriquecimento deste

trabalho;

Ao geólogo Antonio S. J. Krebs, por todo apoio, incentivo, amizade e os

ensinamentos profissionais, e pelas amizades conquistadas por seu intermédio em especial ao

prof. Marcos Imério Leão e o Eng. de Minas Mario Valente Possa;

Ao geólogo Eduardo do Amaral pelas conversas produtivas e dicas preciosas;

À Alzira Pereira Krebs, por ter feito meu abstract;

Aos meus colegas de trabalho: Jefferson, Morgane, Mariane, Mirlene, Marcio,

Michael, Tiago, Ronaldo, Jonathan, Lindomar, Roberto, Denise e Jussara pelo

acolhimento e amizade;

Page 6: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

Aos meus colegas de sala de aula por todos os momentos maravilhosos e

inesquecíveis que passamos juntos nestes cinco anos, em especial a Cíntia, Alice, Bruna e

Simoni;

Aos meus colegas de aula Maiara e Valmir por tudo o que fizeram por mim;

Ao meu amigo Thiago Augusto Bratti de Souza pelos momentos divertidos que

passamos juntos;

Ao Eng. Civil Vanderlei Antonio Milioli, que foi quem me levou e mostrou

todos os processos da usina termelétrica;

Ao Eng. Ambiental André Mendonça Guaresi pelos dados fornecidos da FTC;

E todos que não foram citados mas que contribuíram direta e indiretamente na

construção deste TCC.

Obrigado por tudo, Senhor Jesus!

Page 7: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e colocou

no jardim do Éden para cultivar e guardar,

utilizar e proteger, desenvolver e preservar.”

Gênesis, 2:15

Page 8: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

RESUMO

Uma das formas mais integradas, completas e eficazes da gestão ambiental de atividades produtivas repousa no ciclo de vida do produto, sendo a Avaliação do Ciclo de Vida sua principal ferramenta. Neste estudo avalia-se o carvão energético CE 4500 porque ele pode ser ambientalmente melhorado durante seu ciclo de vida bem como por ser uma das mais importantes atividades industriais da economia da região sul de Santa Catarina (Brasil). Além disso, a produção de carvão energético pode aumentar ao longo dos próximos anos, aumentando assim sua participação na matriz energética mundial. O objetivo deste trabalho é a avaliar o ciclo de vida do carvão energético na região sul de Santa Catarina. A estrutura metodológica segue as normas da série NBR-ISO 14.040, ISO 14.041 e ISO 14.042. A partir da análise do ciclo de vida do carvão energético entre duas empresas mineradoras, pôde-se avaliar o desempenho ambiental de todo o processo, isto é, da extração até o destino final do produto. No caso das empresas mineradoras, os dados coletados de entradas e saídas foram todos transformados para cada tonelada de carvão energético produzida. No caso do transporte, os dados foram transformados para cada tonelada de carvão transportado. E na usina, os dados foram transformados para cada MW de energia produzida.

Palavras-chave: Avaliação do Ciclo de Vida. Carvão Energético. Avaliação de Impactos. Energia Elétrica.

Page 9: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

ABSTRACT

One of the most efficient, complete and integrated forms of a productive activity environmental management lies on product life cycle and Life Cycle Evaluation is its most important tool. In this study we evaluate the CE 4500 energetic coal because it can be environmentally improved during its life cycle as well as for being one of the most important economic industries in southern Santa Catarina state (Brazil). Besides this, energetic coal production could be increased along the next years, thus increasing its participation in world energetic matrix. This work aims to evaluate energetic coal life cycle in southern Santa Catarina state. The methodological structure follows the NBR ISO 14.040, ISO 14.041 e ISO 14.042 rule series. From the analysis of energetic coal life cycle of two mining corporations we could evaluate the environmental performance of the entire process, that is, from the extraction to the product final destination. In the case of mining corporations, the input and output collected data have been all transformed for each energetic ton of coal extracted. For transportation the data have been transformed for each ton of coal transported. And in the power plant the data have been transformed for each MW of power production.

Key-words: Life Cycle Evaluation – LCE. Energetic Coal. Impact Evaluation. Electric Power.

Page 10: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Diagrama representativo do Ciclo de Vida de um produto.......................................17

Figura 03: Representação da Análise de Ciclo de Vida de uma indústria química considerando

na horizontal o ciclo de vida do produto e na vertical, o ciclo de vida da planta industrial.......28

Figura 04: Ciclo de Vida da produção de metanol. ....................................................................29

Figura 05: Carvão no estado de Santa Catarina..........................................................................37

Figura 06: Esquema da unidade industrial de mineração de carvão...........................................38

Figura 07: Composição da capacidade de energia elétrica no mundo........................................54

Figura 08: Composição da capacidade de energia elétrica no Brasil. ........................................54

Figura 09: Perfil do consumo de energia no mundo...................................................................55

Figura 10: Perfil do consumo de energia no Brasil. ...................................................................56

Figura 11: Visão Macro dos processos envolvidos no Ciclo de Vida do carvão energético......63

Figura 12: Mapa de localização da Região Carbonífera.............................................................66

Figura 13: Furação de frente.......................................................................................................67

Figura 14: Processo de detonação para desmonte do carvão mineral no subsolo. .....................68

Figura 15: Processo de desmonte do carvão mineral no subsolo com minerador contínuo..... ..68

Figura 16: Carregamento do minério até as correias transportadoras pelo Micro Trator (MT). 69

Figura 17: Escoramento de teto feito por perfuratrizes hidráulicas............................................70

Figura 18: Transporte do minério através de correias transportadoras. .....................................70

Figura 19: Fluxograma da extração de carvão............................................................................72

Figura 20: Comparativo de consumos e emissões entre empresa mineradora “A” e “B”, para

extração de 1 t de ROM. .............................................................................................................74

Figura 21: Escolha manual...... ...................................................................................................75

Figura 22: Britador Primário...... ................................................................................................75

Figura 23: Etapa de peneiramento........ ......................................................................................76

Figura 24: Separação do ROM em meio denso, Jigue................................................................77

Figura 25: Carga poluente do efluente gerado na empresa “A”. ................................................78

Figura 26: Carga poluente do efluente gerado na empresa “B”. ................................................78

Figura 27: Comparativo de consumos e emissões entre empresa mineradora “A” e “B”, para

processamento de 1 t de ROM. ...................................................................................................79

Figura 28: Mapa de localização da malha ferroviária ................................................................80

Figura 29: Carregamento dos vagões do trem. ...........................................................................81

Page 11: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

Figura 30: Carvão sendo transportado pelo trem através da malha ferroviária..........................82

Figura 31: Vista geral do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda...................... .......................83

Figura 32: Esquema básico da queima do carvão numa usina térmica. .....................................84

Page 12: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Exemplo de um inventário de ciclo de vida. ..........................................................21

Tabela 02: Consumos e emissões para a produção de 1kg de etileno, baseados na produção de

19 refinarias da Europa.............................................................................................................30

Tabela 03: Classificação do carvão. .........................................................................................34

Tabela 04: Principais parâmetros analisado do carvão CE4500...............................................35

Tabela 05: Classificação dos estágios de britagem. .................................................................44

Tabela 06: Tipos de britadores. ................................................................................................44

Tabela 07: Participação do carvão como fonte de energia e como combustível na geração de

energia elétrica..........................................................................................................................51

Tabela 08: Principais usinas termelétricas de serviço público a carvão (UTE) operando no

Brasil.........................................................................................................................................53

Tabela 09: Modelo de Inventário .............................................................................................60

Tabela 10: Inventário e compilação dos dados coletados.........................................................64

Page 13: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV – Avaliação do Ciclo de Vida

NBR – Norma Brasileira

ISO – International Organization for Standardization

CE 4500 – Carvão vapor (poder calorífico 4500 kcal/kg-¹)

FTC – Ferrovia Teresa Cristina

SIECESC – Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina

CTJL – Complexo Termelétrico Jorge Lacerda

LCA - Life Cycle Assessment

SETAC – Society of Environmental Toxicology and Chemistry

ROM – Run Of Mine

UTE – Usinas Termelétricas

CGTEE – Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica

WCI – Word Coal Institute

COPEL – Companhia Paranaense de Energia

CETEM – Centro de Tecnologia Mineral

DNPM – Departamento de Minas e Produção Mineral

SE/MME – Ministério de Minas e Energia

MT – Micro Trator

EPI – Equipamento de Proteção Individual

UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

UTLA – Unidade Térmica Lacerda A

UTLB – Unidade Térmica Lacerda B

UTLC – Unidade Térmica Lacerda C

Page 14: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11

2 OBJETIVO ..........................................................................................................................13

2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................13

2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................13

3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................14

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................16

4.1 Avaliação do Ciclo de Vida – ACV .................................................................................16

4.2 Etapas de aplicação da metodologia ...............................................................................18

4.3 Fases de uma ACV............................................................................................................19

4.3.1 Definição de objetivo e escopo ......................................................................................20

4.3.2 Análise de inventário.....................................................................................................21

4.3.3 Avaliação de impacto ....................................................................................................22

4.3.4 Interpretação dos resultados ........................................................................................25

4.4 Vantagens da ACV ...........................................................................................................26

4.5 Desvantagens da ACV......................................................................................................27

4.6 Exemplos de ACV.............................................................................................................28

4.7 A Normatização da ACV .................................................................................................31

4.7.1 Normatização dos Rótulos Ambientais........................................................................31

5 Relatos Histórico do Carvão...............................................................................................32

5.1 O carvão: seu desenvolvimento e classificação ..............................................................34

5.2 O carvão em Santa Catarina ...........................................................................................36

5.3 Mineração de Carvão .......................................................................................................38

5.3.1 Plano de Lavra...............................................................................................................39

5.3.2 Extração em Subsolo .....................................................................................................40

5.3.3 Beneficiamento do Minério...........................................................................................41

5.3.4 Etapas de beneficiamento do Minério .........................................................................42

5.3.6 Uso do Carvão CE 4500 ................................................................................................48

5.3.7 Resíduos..........................................................................................................................49

5.3.8 Papel do Carvão.............................................................................................................50

5.3.9 Transporte......................................................................................................................52

5.3.10 Usinas Termelétricas ...................................................................................................52

Page 15: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

5.3.11 Energia e Meio Ambiente............................................................................................55

6 METODOLOGIA................................................................................................................57

6.1 Etapas da metodologia .....................................................................................................57

6.1.1 Coleta de dados ..............................................................................................................57

6.1.2 A identificação das entradas e saídas (Visão Macro) .................................................58

6.1.3 Informações primárias e secundarias ..........................................................................58

6.1.4 Descrição do processo (Visão Ambiental) ...................................................................59

6.1.5 Inventário das entradas e saídas ..................................................................................59

6.1.6 Listagem dos aspectos ambientais envolvidos em cada processo ..............................61

6.1.7 Avaliação dos resultados...............................................................................................61

7 RESULTADOS ....................................................................................................................62

7.1 Visão Macro ......................................................................................................................62

7.2 Inventário ..........................................................................................................................64

7.3 Descrição dos Processos ...................................................................................................65

7.3.1 Localização.....................................................................................................................65

7.3.2 Lavra – Extração do ROM ............................................................................................66

7.3.3 Beneficiamento do Minério...........................................................................................74

7.3.4 Transporte......................................................................................................................80

7.3.5 Termelétrica...................................................................................................................82

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .........................................................................86

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................89

Page 16: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

11

1 INTRODUÇÃO

De modo a satisfazer suas necessidades o ser humano desenvolve uma série de

instalações e estruturas produtivas (cidades, fábricas, cultivos, etc), ao qual conjunto se

denomina meio antrópico ressalta Silva, (2001) apud Ribeiro (2003). Para seu funcionamento,

o homem interage com o meio natural de três formas: consumindo recursos naturais, emitindo

rejeitos e transformando o espaço. A metodologia de ACV trata dos dois primeiros casos: os

fluxos de matéria e energia entre os meios natural e antrópico.

Nas últimas décadas, a repercussão e a preocupação ligada às questões ambientais

e socioeconômicas aumentaram consideravelmente, porque o ser humano percebeu que

associado a alguns bens e serviços está intrínseco um custo para a natureza. A sociedade está

tornando-se cada vez mais ciente que o consumo dos produtos manufaturados e os serviços

associados oferecidos causam ou pelo menos contribuem com efeitos adversos aos recursos

naturais e à qualidade do ambiente. Estes efeitos podem ocorrer em todos os estágios do ciclo

de vida de um produto ou de um serviço, da extração do material, a manufatura, a distribuição

e o consumo sem deixar de incluir o seu destino final.

A avaliação do ciclo de vida (ACV) foi desenvolvida há mais de 30 anos como

uma ferramenta para analisar os efeitos de um produto ou serviço no meio ambiente. Pode ser

usada como um instrumento para a obtenção de informações e o planejamento, identificando

“os pontos fracos” para a comparação de alternativas possíveis e ou melhorias do sistema. Os

resultados de uma ACV podem ainda ser usados para melhorar a compatibilidade ambiental

dos produtos e dos serviços.

A produção de energia elétrica possui necessidade óbvia e impactos ambientais.

Existem algumas variações significativas entre as diferentes formas de produção de energia

elétrica. Conseqüentemente é importante aplicar a metodologia de ACV para a comparação da

saúde e os impactos ambientais das várias formas de energia elétrica. O detalhamento e a

magnitude dos estudos de ACV diferem consideravelmente, dependendo do objetivo do

estudo particular.

Page 17: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

12

Sendo assim, o presente trabalho possui o propósito de avaliar o ciclo de vida

baseado na NBR ISO 14040/2001 do carvão energético CE4500 utilizado para geração de

energia elétrica, na região Carbonífera de Santa Catarina, e quantificar os principais impactos

associados a este ciclo.

Page 18: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

13

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o Ciclo de Vida do carvão energético em duas mineradoras da Região Sul

de Santa Catarina.

2.2 Objetivos Específicos

Para atendimento do objetivo geral, foram definidos alguns objetivos específicos

para este estudo, listados a seguir:

• Realizar um estudo das principais etapas do ciclo de vida do carvão energético

CE 4500, descrevendo e identificando os principais materiais e processos envolvidos;

• Fazer um levantamento das informações necessárias para realização do estudo

através de coleta de dados em empresas mineradoras, ferrovia e termelétrica;

• Identificar e quantificar as principais variáveis envolvidas em todo o processo de

produção do carvão, como o uso de recursos naturais e energia, além das emissões e resíduos

gerados durante todo o ciclo de vida deste produto.

Page 19: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

14

3 JUSTIFICATIVA

Para a maioria das pessoas a questão ambiental ultrapassa os limites do

quotidiano. É de responsabilidade de todos buscarem entender as inter-relações entre o estilo

de vida atual, ações e o meio ambiente. Cada produto e serviço usufruído possuem uma

história, ou seja, um ciclo, conhecer sua história e o seu significado permite ampliar a

compreensão e a responsabilidade de atuação mais efetiva para melhoria do meio.

A técnica de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta de melhoria

dentro da linha de responsabilidade ambiental compartilhada, para o melhor acompanhamento

dos ciclos de produção e a identificação de alternativas de interação entre processos, sendo

uma técnica que está diretamente relacionada à gestão ambiental. O que ocorre atualmente em

alguns setores industriais são avaliações fragmentadas de impactos ambientais causados pela

produção industrial. Na realidade o que precisa acontecer, é verificar as entradas e saídas com

interação entre os processos.

Com relação à escolha do carvão energético CE4500 que é usado como

combustível para geração de energia elétrica em termelétricas, isto se dá pelo fato de que no

mundo inteiro o carvão esta numa posição de destaque na matriz energética e a tendência é de

aumentar nos próximos 30 anos. A região sul de Santa Catarina é umas das maiores

produtoras de carvão energético do Brasil. A avaliação das diversas etapas do ciclo de vida do

carvão energético poderá servir de base a respeito da magnitude dos aspectos ambientais desta

forma de geração de energia. Ou ainda, seus resultados poderão ser utilizados para inferir

quais são as atividades com maior potencial de impacto neste ciclo de vida, do ponto de vista

de consumos e emissões de material e energia, e futuramente compará-los com outras

alternativas de geração ou mesmo buscar sua minimização no contexto de um planejamento

energético orientado inclusive por fatores ambientais. As oportunidades de redução da

geração de rejeitos e do consumo de matérias-primas e energia devem ser analisadas de forma

sistêmica, visando interligar o destino de materiais e de sua transformação em produto por

meio de vários processos.

A exaustão dos recursos naturais e o aumento da poluição ambiental, devido

principalmente às atividades industriais e o crescimento demográfico, é motivo de reflecção

sobre o modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental.

Page 20: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

15

A busca pelo desenvolvimento ambientalmente sustentável pode ser um dos

desafios que governos, empresas e a sociedade devam se organizar e atuarem como atores

principais para que ocorra esta mudança.

Page 21: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

16

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Avaliação do Ciclo de Vida – ACV

Conforme (ABNT/NBR ISO 14040/2001), a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é

uma técnica para avaliar aspectos ambientais e impactos potenciais associados a um produto

mediante as seguintes etapas:

- a compilação de um inventário de entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto;

- a avaliação dos impactos ambientais potenciais associados a essas entradas e saídas;

- a interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e de avaliação de impactos

em relação aos objetivos dos estudos;

“A ACV estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo da vida

de um produto (isto é, do “berço ao túmulo”), desde a aquisição da matéria-prima, passando

por produção, uso e disposição [...]” (ABNT/NBR ISO 14040/2001, p.2).

Segundo Chehebe (2002), a análise de ciclo de vida é uma técnica que avalia os

aspectos ambientais e associa-os aos impactos potenciais causados pelo produto, compreende

etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no

sistema produtivo (berço) à disposição do produto final (túmulo).

Para Mourad (2002), o conhecimento do ciclo de vida de um produto é o primeiro

passo na busca do desenvolvimento ambientalmente sustentável. Idealmente, o ciclo de vida

inicia-se quando os recursos para sua fabricação de um produto são removidos de sua origem,

a natureza – o berço, e finaliza-se quando o material retorna para a terra, o túmulo.

Chehebe (2002), ressalta que, a Análise do Ciclo de Vida é uma ferramenta

técnica, de caráter gerencial, que, entre outras aplicações propõem contribuir na busca de

produtos alternativos para a substituição de outros.

Page 22: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

17

“Se a preocupação é com o meio ambiente, tem-se que resgatar a história das

coisas a partir da natureza, em termos do que é consumido e do que e como é devolvido a ela”

(Mourad, 2002 p. 8).

A Avaliação do Ciclo de Vida de um determinado produto ou serviço nada mais é

do que a história do produto contada por meio da avaliação de todas as entradas e saídas

através de balanços de massa e quantificado-as e associando-as aos possíveis aspectos e

impactos ao meio ambiente, à saúde humana e às conseqüências ecológicas conforme mostra

a Figura 01.

Qualquer produto para Chehebe (2002), originário não importa de que insumo,

madeira, vidro, plástico, metal ou qualquer outro elemento, sempre acabam afetando o meio

ambiente de alguma forma, seja no processo produtivo, das matérias-primas que consome, ou

seu uso e disposição final.

Figura 01: Diagrama representativo do Ciclo de Vida de um produto. Fonte: PEREZ, (2005) apud PRADO

(2007).

Para Prado (2007), a construção de uma planilha de balanços de massa e energia é

necessária para descrever o processo, calculando-se automaticamente a geração de resíduos

Page 23: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

18

sólidos, efluentes líquidos e emissões gasosas. Por este motivo, alguns analistas referem-se a

esta ferramenta como uma análise dos recursos e perfis ambientais, onde pode-se avaliar e

tomar decisões gerenciais de forma a contribuir para a melhoria e conservação do meio

ambiente.

“Mas a ACV tem uma característica que a individualiza: além de ser a única que

avalia o ciclo de vida todo, é a única que pode ser usada para comparar produtos” (Coltro,

2003 apud Prado 2007 p.12).

4.2 Etapas de aplicação da metodologia

Conhecido internacionalmente pela sigla LCA - Life Cycle Assessment (

Avaliação do Ciclo de Vida), a metodologia é muito mais abrangente do que um estudo de

balanço de energia e massa (CEMPRE, 2005 apud Prado 2007 p.8).

A lista a seguir resume algumas das características-chave da metodologia da ACV

(ABNT/NBR ISO 14040/2001, p.4).

-“É conveniente que estudos da ACV abordem sistemática e adequadamente os aspectos ambientais de sistemas de produto, desde aquisição de matéria-prima até a disposição final”. -“O grau de detalhe e o período de tempo de um estudo da ACV podem variar em larga escala, dependendo da definição de objetivo do escopo”. -“Convém que o escopo, as suposições, a descrição da qualidade dos dados, as metodologias e a saída de estudos da ACV sejam transparentes. Convém que os estudos da ACV discutam e documentem as fontes de dados e que sejam clara e apropriadamente comunicados”. -“É recomendado que sejam tomadas providências, para respeitar questões de confidencialidade e propriedade, dependendo da aplicação pretendida do estudo da ACV”.-“Convém que a metodologia da ACV permita a inclusão de novas descobertas científicas e melhorias no estado-da-arte da tecnologia”. - “São aplicados requisitos específicos a estudos da ACV, que são usados para fazer uma afirmação comparativa que é disponibilizada ao público”. -“Não existe base científica para reduzir resultados da ACV a um único número ou pontuação globais, uma vez que existem trade offs e complexidades para os sistemas analisados em diferentes estágios do seu ciclo de vida”. -“Não existe um único método para conduzir estudos da ACV. Convém que as organizações tenham flexibilidade para implementar praticamente a ACV conforme estabelecido nesta Norma, com base na aplicação específica e nos requisitos do usuário”.

Page 24: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

19

4.3 Fases de uma ACV

“A avaliação do ciclo de vida deve incluir a definição de objetivo e escopo,

análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação de resultados”, conforme ilustrado

na Figura 02 (ABNT NBR ISO 14040/2001, p.4).

Resultados da ACV para a (ABNT NBR ISO 14040/2001), podem ser entradas

úteis para uma variedade de processos de tomada de decisão. As aplicações diretas da ACV,

como os exemplos listados na Figura 02, não fazem parte do escopo da Norma NBR ISO

140040/2001.

Estudos de inventário do ciclo de vida devem incluir a definição de objetivo e

escopo, análise de inventário e interpretação de resultados. Os requisitos e recomendações da

norma NBR ISO 14040/2001, com a exceção daquelas prescrições relativas à avaliação de

impacto, também se aplicam a estudos de inventário do ciclo de vida conforme relata ABNT

NBR ISO 14040/2001.

Figura 02: Estrutura das etapas da ACV. Fonte: ABNT/NBR ISO 14040, 2001.

Page 25: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

20

“O correto desenvolvimento de cada uma destas fases, bem como a harmonização

entre as mesmas são essenciais para o êxito de uma ACV” (Garcia 2002 p.19).

4.3.1 Definição de objetivo e escopo

Esta etapa de definição de objetivo e escopo é o planejamento do trabalho.

Segundo SETAC, 1993 apud Prado (2007) as principais razões para a realização do estudo

deverão ser consideradas: o público alvo, sua abrangência e limites, a unidade funcional

adotada, a metodologia, os procedimentos considerados necessários para a garantia da

qualidade do estudo, a escolha dos parâmetros ambientais, a escolha do método de agregação

e evolução do estudo e a estratégia para coleta de dados.

“É importante ressaltar o caráter preliminar de tais definições, pois a ACV é uma

ferramenta interativa e faz parte de sua metodologia a revisão, quando necessária, do

planejamento inicial” (Chehebe 2002, p.22).

A definição do escopo de um estudo de ACV segundo norma (ABNT NBR ISO

14041/2004) estabelece o conjunto inicial dos processos elementares e categorias de dados

associadas. Como a coleta de dados pode cobrir vários locais de origem dos dados e

referências publicadas, várias etapas são úteis para assegurar a compreensão uniforme e

consistente dos sistemas de produtos a serem modelados. É recomendável que estas etapas

incluam:

“O desempenho de fluxogramas de processos específicos que delineiem todos

os processos elementares a serem modelados, incluindo inter-relações” (ABNT NBR ISO

14041/2004 p.10);

“A descrição de cada processo elementar em detalhes e a listagem das

categorias de dados associadas com cada processo elementar” (ABNT NBR ISO 14041/2004

p.10);

“O desenvolvimento de uma lista que especifique as unidades de medida”

(ABNT NBR ISO 14041/2004 p.10);

Page 26: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

21

“A descrição das técnicas de coleta de dados e técnicas de cálculo para cada

categoria de dados, para auxiliar o pessoal nos locais de origem dos dados a compreender qual

informação é necessária para o estudo de ACV” (ABNT NBR ISO 14041/2004 p.11);

“O fornecimento de instruções para os locais de origem dos dados para

documentar claramente quaisquer casos especiais, irregularidades ou outros itens associados

com os dados fornecidos” (ABNT NBR ISO 14041/2004 p.11).

4.3.2 Análise de inventário

Com o objetivo e o escopo do estudo, definidos, a próxima etapa é a análise de

inventário dos dados coletados e posteriormente a quantificação das variáveis envolvidas

durante o ciclo de vida do produto, processo ou atividade.

Chehebe (2002), diz que a análise de inventário é a fase das coletas de dados e a

quantificação de todas as variáveis (matéria-prima, energia, transporte, emissões para o ar,

efluentes, resíduos sólidos e etc...) envolvidas durante o ciclo de vida de um produto, processo

ou atividade. A condução do inventário é um processo interativo. A seqüência de eventos

envolve invariavelmente a checagem de procedimentos de forma a assegurar que os requisitos

de qualidade estabelecidos na primeira fase estejam sendo obedecidos.

Segundo Garcia (2002), a análise de inventário é a fase que contempla o

levantamento, a compilação e a quantificação das entradas e saídas de um dado sistema em

termos de energia, recursos naturais e emissões para água, terra e ar, devendo ser

considerando as categorias de impacto e fronteiras definidas, com resultados ponderados pela

unidade funcional.

A Tabela 01, mostra um exemplo hipotético de um produto genérico, com as

principais entradas e saídas que envolvem todo o ciclo de vida do produto.

Tabela 01: Exemplo de um inventário de ciclo de vida.

Parâmetro UnidadeQuantidade/1000Kg produto

(*)Energia (entrada) Total MJ 6000

Page 27: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

22

Hidrelétrica MJ 4800

Queima de combustíveis MJ 1200

Recursos Naturais (entrada) Água kg 3000

Carvão kg 1270

Madeira - reflorestamento kg 300

Madeira - virgem kg 80

Gás natural kg 140

Petróleo kg 2500

Constituintes minoritário kg 13

Uso de Terra (entrada) Uso contínuo m² ano 6,4

Uso único m² 8,3

Resíduos Sólidos (saída) Reciclagem externa ao sistema Kg 3,8

Resíduos tóxico Kg 0,07

Resíduo de processo industrial Kg 70

Volume usado para disposição final dm³ 88

Emissões para o Ar (saída) Particulados kg 2,7

Gás Carbônico (CO2) (renovável) kg 278

Gás Carbônico (CO2) (não-renovável) kg 3300

Monóxido de carbono (CO) kg 67

Metano (CH4) kg 2

Óxidos de enxofre (Sox) como SO2 kg 1,4

Compostos orgânicos voláteis (COVs) kg 0,5

Emissões para a Água (saída) DBO g 150

DQO g 1100

Sólidos suspensos g 250

Sólidos solúveis g 0,54

Metais pesados g 300

Óleos e gorduras g 0,04Fonte: Garcia (2002), p.21 adaptado por Souza (2007). (*) Valores hipotéticos. MJ- unidade de energia.

4.3.3 Avaliação de impacto

Para Garcia (2002), a avaliação de impacto ambiental é a etapa onde se procura

entender e avaliar a intensidade e o significado das alterações potenciais sobre o meio

ambiente associada ao consumo de recursos naturais e de energia e da emissão de substância,

relativas ao ciclo de vida do produto em estudo.

Page 28: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

23

A avaliação de impactos é a compreensão do tamanho e significância dos

impactos baseada na análise de inventário.

Segundo a norma (ABNT NBR ISO 14040/2001) a fase de avaliação do impacto

da ACV é dirigida à avaliação da significância de impactos ambientais potenciais, usando os

resultados da análise de inventário do ciclo de vida. Em geral, este processo envolve a

associação de dados de inventário com impactos ambientais específicos e a tentativa de

compreender estes impactos. O nível de detalhe, a escolha dos impactos avaliados e as

metodologias usadas dependem do objetivo e do escopo do estudo.

A avaliação de impacto para Chehebe (2002) representa um processo

qualitativo/quantitavo de entendimento e avaliação da magnitude e significância dos impactos

ambientais baseado nos resultados obtidos na análise de inventário. O nível de detalhe,

escolha dos impactos a serem avaliados e a metodologia utilizada dependem do objetivo e do

escopo de estudo.

4.3.3.1 Principais categorias de aspectos e impactos

Consumo de recursos naturais - Esta categoria enfoca o uso de água e a

extração de recursos naturais para consumo como fonte energética e como matéria-prima de

processos industriais (Garcia 2002, p.22).

Exaustão dos recursos naturais não renováveis - A extração de combustíveis

fósseis ou minerais, minérios, etc... (Chehebe 2002 p.73)

Consumo de energia - É um dos indicadores mais observados na avaliação do

“custo ambiental”, pois está associado ao requerimento de recursos naturais e também a

muitas das emissões para o ar e para a água (Garcia, 2002 p.24).

Efeito estufa – A atmosfera da Terra é constituída de gases que permitem a

passagem de radiação solar e absorvem grande parte do calor emitido pela superfície aquecida

da Terra, sendo essa propriedade conhecida como efeito estufa. Em virtude disso, a

temperatura média da superfície do planeta mantém-se em cerca de 15 ºC. Sem esse efeito a

Page 29: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

24

temperatura da Terra seria de -18 ºC. Entretanto, o fato que vem preocupando a sociedade

como um todo é a intensificação do efeito estufa decorrente da ação do homem e que pode

trazer conseqüências para o clima do planeta segundo Garcia (2002).

Aquecimento global – Quantidades crescentes de CO2, N2O, CH4, aerossóis e

outros gases na atmosfera terrestre estão conduzindo a uma absorção cada vez maior das

radiações emitidas pela Terra e, consequentemente, a um aquecimento global conforme

Chehebe (2002).

Acidificação – A deposição ácida, resultante da emissão de óxidos de

nitrogênio e enxofre para a atmosfera, para o solo ou para a água pode conduzir a mudanças

na acidez da água e do solo, com efeito, tanto sobre a fauna quanto sobre a flora segundo

Chehebe (2002).

Toxicidade humana – A exposição a substâncias tóxicas (através do ar, água

ou solo, especialmente através da cadeia alimentar) causam problemas à saúde humana

(Chehebe, 2002 p.73).

Ecotoxicidade – A flora e a fauna podem sofrer danos, algumas vezes até

irreversíveis, causados por substancias tóxicas. A ecotoxicidade é definida tanto para a água

quanto para o solo (Chehebe, 2002 p.73).

Nutrificação e Eutrofização – A adição de nutrientes à água ou ao solo

aumenta a produção de biomassa. Na água, isso conduz a uma redução na concentração de

oxigênio, o que afeta outros organismos como exemplo os peixes. Tanto no solo quanto na

água a nutrificação pode levar a alterações indesejáveis no número de espécies no ecossistema

e, portanto a problemas relativos à biodiversidade conforme Chehebe, (2002).

Fumaça fotoquímica oxidante – Sob a influência dos raios ultravioletas, os

óxidos de nitrogênio reagem com as substancias orgânicas voláteis, produzindo oxidantes

fotoquímicos que causam o nevoeiro (Chehebe, 2002 p.74).

Redução da camada de ozônio – A exaustão da camada de ozônio conduz a

um crescimento na quantidade de raios ultravioletas que atinge a superfície da Terra, o que

Page 30: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

25

pode resultar no crescimento de doenças, danos a diversos tipos de materiais e interferências

com o ecossistema ressalta Chehebe, (2002).

4.3.4 Interpretação dos resultados

Conforme Chehebe (2002) a interpretação dos resultados obtidos consiste na sua

identificação e análise das fases de inventário e/ou avaliação de impacto de acordo com o

objetivo e o escopo previamente definidos para o estudo. Os resultados dessa fase podem

tomar a forma de conclusões e recomendações aos tomadores de decisão.

“Na etapa de interpretação são realizados estudos para o desenvolvimento de

prioridades e são feitas as avaliações possíveis, identificando oportunidades para a redução do

ônus ambiental” (Prado 2007, p.15).

“A ACV possui uma natureza interativa, podendo o escopo ser modificado à

medida que informações adicionais forem sendo coletadas no seu decorrer e/ou quando o

sistema estudado for melhor conhecido” (Garcia 2002, p.28).

Assim, as conclusões de uma ACV visam indicar melhorias ambientais por meio

da:

“Identificação, avaliação e seleção de opções para melhorias ambientais”

(Garcia 2002, p.28);

“Identificações de pontos críticos do ciclo de vida que precisam ser melhorados

pela avaliação da análise de inventário” (Garcia 2002, p.28);

“Estimativas dos ganhos ambientais que podem decorrer das ações de melhoria

sugeridas” (Garcia 2002, p.28).

Page 31: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

26

4.4 Vantagens da ACV

A metodologia da ACV segundo Gatti (2002) é uma ferramenta importante, pois

trata com clareza e objetividade de questões ambientais complexas tais como: gerenciamento

de recursos naturais, identificação de pontos críticos de um determinado processo ou produto,

otimização de sistemas de produtos, desenvolvimento de novos serviços e produtos,

otimização de sistemas de reciclagem para os diversos materiais, definição de parâmetros para

atribuição de rótulo ambiental a um determinado produto.

“O gerenciamento dos recursos naturais tem por objetivo o uso adequado dos

recursos naturais e dos ecossistemas, respeitando sua capacidade de recuperação, bem como

sua utilização de forma sustentável” (Gatti, 2002 p.29).

“A ACV encoraja as indústrias a sistematicamente considerar as questões

ambientais associadas aos sistemas de produção (insumos, matérias-primas, manufatura,

distribuição, uso, disposição, reuso, reciclagem)” (Chehebe, 2002 p.13).

O estudo de ACV é uma poderosa ferramenta para a otimização de sistemas de

produtos, diz Gatti (2002) uma vez que permite que se tenha clareza de quais são e onde se

localizam os pontos críticos do sistema em questão. Deste modo, os esforços para

implementação de melhorias visando otimização, são focados exatamente nas etapas críticas

do sistema.

Tanto no desenvolvimento de um novo produto, processo ou serviço como

também na otimização a ACV pode ser útil, pois diz que é por meio da implementação de

melhorias na busca de um melhor desempenho, tanto ambiental quanto econômico, que ocorre

a redução de desperdícios e também resulta em lucros financeiros para a empresa (Gatti

2002).

A ferramenta da ACV ajuda a melhorar o entendimento dos aspectos ambientais

ligados aos processos produtivos de uma forma mais ampla, auxiliando na identificação de

prioridades e afastando-se do enfoque tradicional end-of-pipe ou seja um enfoque somente no

fim de tubo (fim da linha) para a proteção ambiental (Chehebe, 2002 p.13).

Page 32: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

27

A ACV também pode ser aplicada em projetos de novos produtos visando a sua

otimização que auxiliará grandemente na eficiência do processo produtivo da logística de

distribuição e do abastecimento de matérias-primas, porém Gatti (2002) ressalta que o

conhecimento do desempenho global do sistema permite que se busque alternativas para

melhorarem o desempenho ambiental do produto.

A ACV pode também servir de base para os programas de rotulagem ambiental,

sendo que os critérios de escolha levam em conta os dados obtidos nos estudos de ACV e

outros fatores que definem o que deve ser considerado relevante pelo Órgão Certificador

(Gatti, 2002 p.40).

4.5 Desvantagens da ACV

A ferramenta ACV para produtos, serviços ou processos ainda encontra-se em

estágio de desenvolvimento inicial relacionado à sua praticidade e custos. A coleta de dados é

complexa e cara, em seguida existem muitas incertezas relativas à sua credibilidade, devido às

suposições sobre a coleta de dados e determinação de categorias de impacto feitas durante o

estudo.

Segundo Coltro, 2003 apud Prado, (2007) uma das dificuldades do estudo está em

decidir que atividades inerentes aquele produto ou serviço associado podem ser eliminados.

Existem, dentro da metodologia, critérios para eliminar etapas, chamados de sistemas de

produtos, ou seja, o sistema que foi definido por um determinado produto. O passo seguinte é

o de levantamento das informações, levando em consideração o que a série ISO 14000

designa em termos de aspectos ambientais, sobre o que entra do meio ambiente, em termos de

matéria ou de energia, ou o que esse sistema devolve para o meio ambiente.

Outro fator limitante para Prado (2007) é que os resultados alcançados para um

estudo em uma determinada região não podem ser transportados para outras regiões, o mesmo

acontecendo com a época em que se realiza o estudo, uma vez que diferenças sócio-

econômico-culturais podem afetar o resultado final. Sendo assim, a segurança dos resultados

depende da qualidade, viabilidade e tipo dos dados de entrada coletados.

Page 33: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

28

Prado (2007) conta que o processo de avaliação do ciclo de vida é bastante

complexo, pois existem modelos que são usados em conjunto com outras ferramentas, como

as auditorias ambientais, os diagnósticos ambientais, assim como existem modelos que

quantificam o impacto ambiental.

4.6 Exemplos de ACV

Para Gianneti e Almeida (2002) a análise do produto deve ser sempre

acompanhada da análise do processo para que, sob uma visão sistêmica, haja interações da

planta com o meio ambiente e para assim serem compreendidas tanto em sua dimensão

espacial como temporal. Observa-se na Figura 03 que a Avaliação do Ciclo de Vida do

Produto considera a quantidade de reservas retiradas do meio ambiente para a fabricação do

produto, a quantidade de material descartado, a possível reciclagem do produto após o uso e

as emissões (sólidas, líquidas ou gasosas) que podem ser geradas em cada etapa da vida do

produto.

Figura 03: Representação da Análise de Ciclo de Vida de uma indústria química considerando na horizontal o ciclo de vida do produto e na vertical, o ciclo de vida da planta industrial. Fonte: Gianneti e Almeida (2002).

Segundo Gianneti e Almeida (2002) a Avaliação de Ciclo de Vida do processo

tem caráter temporal e leva em conta o impacto causado pela construção da planta, aquele

devido à sua operação e, finalmente, o impacto relacionado à sua desativação. Na avaliação da

etapa de operação pode-se visualizar pontos onde procedimentos relativamente simples

Page 34: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

29

podem minimizar a emissão de poluentes. Por exemplo, identificar possibilidades para reduzir

ou eliminar o uso de solventes nas operações de limpeza e manutenção ou instalar detetores

para identificar vazamentos de substâncias gasosas. Pode-se mostrar o efeito da desativação

de uma planta e da recuperação das áreas de estações de tratamento e armazenamento de

substâncias tóxicas.

Segundo Gianneti e Almeida (2002) um exemplo do ciclo de vida de um produto

da indústria química pode ser visualizado no fluxograma da Figura 04 que mostra as etapas

de fabricação e utilização do metanol e sua interação com o meio ambiente. No ciclo de vida

do metanol pode-se observar a contribuição do meio ambiente, onde se pode considerar a

água utilizada para a irrigação ou a água da chuva necessária para o crescimento da biomassa

e a área de terreno necessária para este crescimento e seu reflorestamento. Nesta fase ocorre

principalmente a emissão de O2, mas podem ser, também incluídos, fertilizantes, herbicidas

ou pesticidas eventualmente utilizados no cultivo da biomassa. Na etapa de produção do

álcool, pode-se observar a utilização de matérias primas (biomassa e CaO) e água, a geração

de um subproduto (fertilizante que poderia ser reutilizado na primeira etapa), emissão de CO2

e enxofre. A Avaliação do Ciclo de Vida do metanol inclui seu uso, onde são consideradas a

emissão de CO2 e o uso de água.

Figura 04: Ciclo de Vida da produção de metanol. Fonte: Gianneti e Almeida (2002).

Para Gianneti e Almeida (2002) neste tipo de avaliação um balanço de massa (e,

também, de energia) permite conhecer profundamente todas as etapas de um processo e suas

interações com o meio ambiente. Além disto, todas as interações do produto com o ambiente,

desde a extração de matérias primas para sua fabricação até seu descarte podem ser avaliadas,

alteradas e melhoradas com o fechamento de ciclos, a utilização de matérias primas

Page 35: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

30

renováveis, a diminuição do transporte de material entre as etapas de vida do produto, o uso

de processos ambientalmente benignos (Química Verde) e a consideração da etapa de uso no

planejamento do processo e do produto.

Segundo exemplo de Avaliação de Ciclo de Vida, é um inventário do Etileno

(Eteno) demonstrando o seu ecoperfil, como mostra a Tabela 02.

Tabela 02: Consumos e emissões para a produção de 1kg de etileno, baseados na produção de 19 refinarias da Europa.

Unidade Média

Energia carvão MJ 0,94óleo MJ 1,75gás MJ 6,06

hidroeletricidade MJ 0,12nuclear MJ 0,32outros MJ <0,01

total energia MJ 9,19Matérias-primas

contidacarvão MJ <0,01

óleo MJ 31,45gás MJ 28,82

Total matérias-primas MJ 60,28

Total energia MJ 69,47

Matérias-primas minério de ferro mg 200

calcário mg 100

água mg 1.900.000

bauxita mg 300

cloreto de sódio mg 5.400

argila mg 20

ferro-manganês mg <1

Emissões atmosféricas poeira mg 1000

monóxido de carbono mg 600

dióxido de carbono mg 530.000

óxido de enxofre mg 4.000

óxido de nitrogênio mg 6.000

ácido clorídrico mg 20

hidrocarbonetos mg 7.000

outros orgânicos mg 1

metais mg 1

Efluentes líquidos carbono orgânico mg 200

DBO mg 40

ácidos com H+ mg 60

Page 36: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

31

metais mg 300

cloretos mg 50

orgânicos dissolvidos mg 20

sólidos suspensos mg 200

óleo mg 200

fenol mg 1

sólidos dissolvidos mg 500

nitrogênio mg 10

Resíduos sólidos res. Industriais mg 1.400

res. Minerais mg 8.000

escória e cinzas mg 3.000prod. Químico não

tóxico mg400

prod. Químicostóxicos mg 1

Fonte: Boustead, I. (1993).

4.7 A Normatização da ACV

A padronização dos procedimentos da ACV pela ISO se deu dentro da estrutura da

ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental. Os documentos relacionados à ACV são:

• ISO 14040: ACV – Princípios Gerais e Estrutura

• ISO 14041: ACV – Definição de Escopo e Análise de Inventário

• ISO 14042: ACV – Avaliação do Impacto do Ciclo de vida

• ISO 14043: ACV – Interpretação do Ciclo de Vida

4.7.1 Normatização dos Rótulos Ambientais

• ISO 14020: Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios Básicos

Page 37: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

32

• ISO 14021: Rótulos e Declarações Ambientais – Autodeclarações Ambientais – Tipo II4

• ISO 14024: Rótulos e Declarações Ambientais – Rótulo Ambiental Tipo I5 – Princípios e

procedimentos

• ISO 14025: Rótulos e Declarações Ambientais – Rótulo Tipo III6

5 Relatos Histórico do Carvão

Segundo Müller et al (1987) o carvão mineral é o recurso energético, não

renovável de maior abundância no Globo Terrestre, sendo descoberto e conhecido pelo

homem muitos séculos antes de Cristo. E descrito mais tarde por Marco Pólo nas Minas de

Chengi, em 1280 d.C, em suas viagens pela China.

No Brasil, para Müller et al (1987), a descoberta do carvão mineral data do ano de

1875. Neste período, pesquisadores estrangeiros desenvolveram trabalhos pioneiros sobre o

carvão brasileiro, através do envio de várias amostras para o exterior. Também houve o

desenvolvimento de inúmeros projetos por parte de empresas de mineração, em fase de

formação começando de maneira efetiva a pesquisa e a produção de carvão no Brasil, nos

estados da região Sul.

O carvão mineral de Santa Catarina foi descoberto em 1822 por tropeiros que

desciam a Serra do Doze hoje Serra Geral do Rio do Rastro. Segundo Belolli et al (2002) os

indígenas já conheciam essas pedras que queimavam, porém a diferença é que foram os

tropeiros que tomaram conhecimento do seu valor econômico ao levarem adiante a notícia

sobre essas pedras que queimavam assim que souberam do interesse da Corte, a qual enviou

várias missões de pesquisadores e cientistas à região sul de Santa Catarina a fim de estudar tal

“fenômeno”. Os estudos concluíram que tais pedras eram semelhantes ao carvão mineral,

Page 38: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

33

substância muito utilizada na Inglaterra como fonte de energia principalmente para uso

industrial e doméstico.

A exploração do carvão catarinense segundo Belolli et al (2002) desenvolveu-se

na Região Sul do Estado, onde importantes centros de mineração se consolidaram nos

municípios de Lauro Muller, Urussanga, Siderópolis, Treviso, Criciúma, Forquilhinha, Içara,

Morro da Fumaça e Maracajá.

“O anuncio da descoberta efetiva do carvão de pedra em Santa Catarina corria

solto, gerando um clima positivo para torná-lo um produto vendável” (Belolli et al, 2002

p.27).

Em 1884 foi inaugurada a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, porém Belolli et

al (2002), demonstra que este empreendimento enfrentou dificuldades burocráticas,

econômicas e de infra-estrutura, o que retardaram o desenvolvimento e a expansão da

atividade mineira da região. Esta situação permaneceu até o início da Primeira Guerra

Mundial que marcou o inicio de um novo período para a exploração do carvão catarinense.

Foi nesta época em que o industrial Henrique Lage adquiriu a empresa falida do Visconde de

Barbacena e fundou a empresa Lage e Irmão. A partir daí que a estruturação desta indústria se

consolidou com a construção do Porto de Imbituba e de lavadores de carvão abrindo assim

mercado para a produção e venda deste minério.

A modernização do setor carbonífero ocorreu no período datado entre 1917 e

1922, quando foram organizadas as primeiras empresas de mineração de carvão mineral de

Santa Catarina, após resultados obtidos das análises realizadas na Inglaterra, Estados Unidos,

Bélgica e Alemanha de amostras do carvão da Região Carbonífera para providenciarem a

elaboração dos serviços de lavra e beneficiamento do produto extraído, afim de obterem

melhores resultados e aproveitamento da produção (Belolli et al, 2002 ).

Page 39: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

34

5.1 O carvão: seu desenvolvimento e classificação

O carvão é formado a partir de material vegetal que se acumulou no fundo de

pântanos há milhões de anos, Segundo Hinrichs; Kleinbach (2003).

Os carvões são rochas combustíveis de origem orgânica, caustobiolitos, que

ocorrem como camadas, em posições estratiformes lenticular, dentro de bacias sedimentares.

Eles resultam da acumulação de grandes quantidades de restos vegetais em formas negativas

do relevo, num ambiente saturado de água, ou seja, os pântanos e preferencialmente

localizados nas planícies costeiras e flúvio-lacustres. (DNPM, 1985) O carvão recebe quatro

classificações, de acordo com a quantidade de carbono nele contida demonstrado através da

Tabela 03.

Em cada estágio do seu desenvolvimento, a porcentagem de carbono do carvão

aumenta como mostra a tabela de classificação do carvão a seguir.

Tabela 03: Classificação do carvão.

Classificação Carbono (%) Conteúdo Energético

(Btu/Ib)

Lignito 30 5.000-7.000

Sub-betuminoso 40 8.000-10.000

Betuminoso 50-70 11.000-15.000

Antracito 90 14.000

Fonte: (P. Averitt, U.S. Geological Survey Bulletin 1.412, 1975 apud Hinrichs; Kleinbach, 2003) adaptado por Souza, 2007.

DNPM (1985) ressalta que a massa vegetal que se acumulou e foi soterrada sofreu

transformações através de processos bioquímicos, e geoquímicos. Esta maturação leva essa

massa ao estágio de turfa, linhito, carvão sub-betuminoso, carvão betuminoso, antracito e o

grafite. Este processo de carbonificação é o enriquecimento relativo de carbono fixo, a custo

de outros elementos como hidrogênio e oxigênio, expulsos sob forma de água, dióxido de

carbono e metano; isto ocorrendo sob as condições de temperatura e pressão.

Já para Müller et al (1987) o carvão pode ser definido, sucintamente como sendo

uma rocha sedimentar combustível, formada a partir de determinados vegetais, que sofreram

Page 40: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

35

soterramento e compactação em bacias originalmente pouco profundas. Os fatores como a

pressão, a temperatura, a tectônica e o seu tempo de atuação, determinaram a carbonificação

gradativa da matéria vegetal original, que sofreu modificações significativas com a perda de

O2 e H2O e enriquecimento em carbono.

“A aparência lamelar do carvão deve-se aos seus constituintes individuais

microscópicos elementares, chamados genericamente de macerais, e que por analogia podem

ser comparados aos minerais das rochas [...]” (Müller et al, 1987 p.12).

“Além dos macerais, o carvão é constituído por matéria mineral, sendo as mais

comuns, os minerais de argila, carbonatos, sulfetos e quartzo” (Müller et al, 1987 p.12).

“A presença de matéria mineral é de grande significado tecnológico, pois pode ser

responsável por abaixamento na temperatura de fusão das cinzas, corrosão e abrasão nos

tubos das caldeiras” (Müller et al, 1987 p.12).

Tabela 04: Principais parâmetros analisado do carvão CE4500. % Umidade 7,7

% Cinzas 42,9

% Enxofre 1,9

% Mat. Volátil 20,5

P.C.S. 4.567,00

% > 25 mm 3,3

% < 0,60 mm 9,7

Fonte: SIECESC, 2007.

Além dos constituintes de origem orgânica, fazem parte da formação do carvão o

material mineral, sob forma de lâminas intercaladas ou disseminadas dentro dos litótipos,

constituindo as carbomineritas, e sua participação pesa no valor comercial do carvão (DNPM,

1985).

Page 41: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

36

5.2 O carvão em Santa Catarina

“As principais jazidas e minas de carvão do estado de Santa Catarina encontram-

se na região sudeste do estado, nos municípios de Criciúma, Içara, Siderópolis, Treviso,

Urussanga e Lauro Muller” (Sampaio, 2001 p. 27)

“A zona carbonífera tradicional, no sul do estado, estende-se por 60 km norte-sul,

de Lauro Muller sobre Siderópolis e Criciúma até Maracajá” (DNPM, 1985; p.15)

As pesquisas dos últimos 15 anos, conforme DNPM (1985), resultaram num

prolongamento considerável dessa zona, de maneira que até hoje é conhecida por mais de 100

km norte-sul, de Brusque do Sul até o litoral sul-catarinense, e adentrando na plataforma

continental submersa, em direção ao Rincão. Dessa zona, de em média 20 km de largura,

existe hoje uma visão detalhada a respeito do seu potencial carbonífero.

A Figura 05 mostra a localização de carvão mineral no sul do estado de Santa

Catarina. A faixa da seqüencia sedimentar Gonduânica que corta todo o estado é aquela que

propiciou as condições ideais para a formação do carvão, mas nem por isso quer dizer que

exista carvão em toda esta faixa, o trecho com coloração preta é a representação dos

principais depósitos de carvão na região sul catarinense.

Page 42: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

37

Figura 05: Carvão no estado de Santa Catarina. Fonte: DNPM (1985) p. 15

Segundo DNPM 1985, a posição atual dos sedimentos carboníferos da região sul,

que se apresenta com um desnível de mais de 700m de norte ao sul, é devido a dois eventos

tectônicos: os movimentos epirogenéricos, que levaram à formação da Sinclinal de Torres, e

falhamentos de direção NE, também N e NW, formando inúmeros blocos, impondo sua

declinação para efeito de lavra.

“Mais além, na parte sul, ocorre uma grande quantidade de diques e soleiras de

diabásio, afetando as camadas de carvão” (DNPM, 1985 p.15)

As três principais camadas de carvão em Santa Catarina para Scheibe, 2002 fazem

parte do Membro Siderópolis, da porção superior da Formação Rio Bonito, de idade

Permiana: as camadas Bonito, Irapuá e Barro Branco (Figura 05). Das camadas citadas a

última sempre foi considerada a mais importante, pois é a única que fornece carvão para o

coque das plantas siderúrgicas tradicionais. O carvão das camadas Bonito e Irapuá já foram

bastante mineradas. A camada Barro Branco e os carvões encontrados no Rio Grande do Sul e

Paraná também são utilizados com fins energéticos, como nas plantas termelétricas das usinas

ou para fins industriais como as fábricas cimenteiras.

Page 43: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

38

5.3 Mineração de Carvão

O principal objetivo da atividade mineira diz Chaves (1996) é a descoberta do

minério, a lavra e a concentração de minérios, sendo assim as atividades executadas dentro da

mineração consistem em descobrir os recursos minerais escondidos no subsolo através da

pesquisa mineral ou plano de lavra, trazer este bem mineral do subsolo até a superfície através

da lavra, para finalmente, após beneficiamento colocar esse bem mineral em condições de

ser utilizado pelas indústrias metalúrgicas, cerâmicas ou químicas.

Nos empreendimentos de mineração de carvão, as principais operações

industriais, do ponto de vista dos processos produtivos pode-se identificar três operações

distintas denominadas: Extração, Beneficiamento e Transporte. Estas atividades estão

esquematicamente representadas na Figura 06.

Figura 06: Esquema da unidade industrial de mineração de carvão. Fonte: SIECESC, (2007).

Page 44: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

39

5.3.1 Plano de Lavra

Para se escolher o local a ser minerado, são necessários estudos prévios da área

selecionada. Inicia-se com trabalhos de reconhecimento preliminar de campo, embasado em

material fotográfico aéreo, passando pelo estudo de eventuais afloramentos e formações

geológicas interessantes. O mapeamento geológico é de suma importância, pois a pesquisa de

subsuperfície será determinada pelo conhecimento dali advindo. Através do resultado de

sondagens geológicas, pode-se determinar o volume de minério existente na jazida e suas

inter-relações com as rochas encaixantes. A lavra será planejada com os subsídios colhidos

durante a fase de pesquisa, que podem ser elencados como: volume disponível de material

minerável, compartimentação geológico-estrutural dos blocos, ocorrência de aqüíferos

subterrâneos importantes, sistemas principais de falhas e fraturas geológicas, dentre outros

parâmetros.

O Plano de Lavra propriamente dito exige uma série de cuidados e planejamentos

a médio e longo prazos. Há que se fazer uma análise de mercado, fluxo de capital,

disponibilidade de meios para o beneficiamento do minério extraído, locais para disposição de

rejeitos da lavra e do beneficiamento, escolha adequada de locais para a construção de planos

inclinados e poços verticais, bem como as construções de superfície e subterrâneas. A lavra

demanda uma série de planejamentos próprios, tais como ventilação, bombeamento,

eletricidade, carregamento do minério, escoramento, etc, que deverão estar detalhados no

Plano de Lavra, a ser apresentado ao DNPM para análise e eventual aprovação. No Plano de

Lavra deverão estar inseridas de forma clara e inequívoca, as providências para a preservação

do meio ambiente, durante a lavra e após a exaustão das reservas. Antes do término da lavra o

minerador deverá apresentar ao DNPM, um Projeto Técnico de Fechamento de Mina, que

além de visar à proteção do meio ambiente, também discorrerá detalhadamente sobre o

fechamento físico da mina.

Page 45: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

40

5.3.2 Extração em Subsolo

“A atividade de lavra consiste no conjunto de operações cujo objetivo é o

desmonte e extração das camadas de carvão para posterior processamento na usina de

beneficiamento” (Müller et al, 1987, p.58).

“Em função das condições de jazimento, a mineração pode ser desenvolvida em

subsolo ou a céu aberto” (Müller et al, 1987, p.58).

Em décadas passadas (80 e 90) das minas em operação 45% eram a céu aberto e

55% eram subterrâneas, hoje quase 100% das minas na região sul de Santa Catarina são

subterrâneas e que operam pelo método de câmaras e pilares sem desmonte dos pilares,

prática banida pelo DNPM em 1990 através de um decreto.

A popularidade do método de câmaras e pilares se dá pelo fato de que 90% das

atividades de lavra de carvão em subsolo nos Estados Unidos são desenvolvidas por essa

técnica, igualmente no Brasil esse método é a principal técnica empregada na lavra de carvão

em subsolo, relatam Koppe e Costa (2002).

O método de lavra de câmaras e pilares segundo Müller et al (1987), consiste

basicamente na abertura de um eixo principal de transporte, que pode ser constituído de duas

ou mais galerias paralelas e perpendiculares e a estes são traçados os painéis de produção,

onde são abertas galerias de produção (ou Câmaras), da fase de desenvolvimento e entre estas

são deixados pilares para sustentação do teto.

O método de câmaras e pilares para Koppe e Costa (2002) é empregado

principalmente em depósitos com camadas horizontais ou levemente inclinadas onde o teto é

sustentado primeiramente por pilares naturais. O carvão é extraído a partir de câmaras

retangulares, deixando partes do carvão entre as câmaras como pilares para sustentação do

teto. Geralmente os pilares são organizados em forma regular para simplificar o planejamento

e operações de lavra. As dimensões das câmaras e pilares dependem da espessura e a

profundidade do depósito, a estabilidade do teto e a resistência do pilar. A extração máxima

de carvão deve ser compatível com a segurança dos trabalhos.

Page 46: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

41

5.3.3 Beneficiamento do Minério

Para Luz e Lins (2004) o tratamento ou beneficiamento de minérios consiste em

operações aplicadas aos bens minerais, modificando a sua granulometria, a concentração

relativa das espécies minerais presentes ou a forma, sem modificar a identidade química ou

física dos minerias [...].

O beneficiamento do carvão segundo Müller et al (1987) tem por objetivo

principal a redução do teor de cinza, aumentando o teor da matéria carbonosa e

consequentemente o poder calorífico, a redução do teor de enxofre e obtenção de

granulometria adequadas às especificações industriais, visando a sua utilização em função das

necessidades do mercado consumidor.

Freqüentemente, um bem mineral não pode ser utilizado tal como é lavrado,

dizem Luz e Lins (2004), quando o aproveitamento de um mineral vai desde a concentração

até a extração do mineral, as primeiras operações trazem vantagens econômicas à indústria

como por exemplo concentrações gravítica (jigue, mesa) ou por flotação até a obtenção do

concentrado no percentual desejado.

As operações de concentração, ou separação seletiva de minerais, segundo Luz e

Lins (2004), baseiam- se nas diferenças de propriedades entre o mineral-minério (o mineral de

interesse) e os minerais de ganga. Entre estas propriedades se destacam: peso específico (ou

densidade), suscetibilidade magnética, condutividade elétrica, propriedades de química de

superfície, cor, radioatividade, forma etc. Em muitos casos se requer a separação seletiva

entre dois ou mais minerais de interresse.

Geralmente o termo concentração significa remover a maior parte da ganga,

presente em grande proporção no minério. Segundo Luz e Lins (2004), a purificação consiste

basicamente em remover do minério (ou pré-concentrado) os minerais contaminantes que

ocorrem em pequena proporção.

A purificação ou separação dessas impurezas é chamado de beneficiamento, e visa

à remoção de materiais não desejáveis ou não aproveitáveis que podem estar misturados ao

Page 47: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

42

carvão. Sampaio (2002), relata as principais impurezas encontradas, são elas as argilas,

principais responsáveis pelas cinzas geradas após a combustão de carvões e a pirita pelo alto

teor de enxofre, muitas vezes prejudicial ao processo empregado e danoso ao meio ambiente.

Todo o carvão extraído da região carbonífera de Santa Catarina passa pelo

processo de beneficiamento para retirada do material estéril e do rejeito para posterior

concentração do produto final nos padrões de comercialização.

5.3.4 Etapas de beneficiamento do Minério

Segundo Chaves (1996), todo o circuito de beneficiamento é constituído por uma

seqüência de operações que se denominam operações unitárias, pois estas são sempre as

mesmas, porém o que varia é a combinação e a seqüência delas, para atender a um

determinado objetivo, ou para atender as características específicas de um determinado

minério.

O mesmo autor agrupa as operações unitárias em:

- operações de cominuição que visam colocar as partículas minerais no tamanho

adequado às diferentes operações a que devem ser submetidas. Os principais estágios são

basicamente a britagem e a moagem;

- operações de concentração que visam à separação das partículas das diferentes

espécies minerais;

- operações auxiliares que transportam os diferentes produtos intermediários entre

uma operação e outra e separam a água presente nas operações. São elas: transporte de sólidos

particulados, transporte de sólidos em suspensão em água (polpa), estocagem e

homogeneização em pilhas, espessamento, filtragem e secagem.

Para um minério ser concentrado, Luz e Lins (2004) dizem ser necessário que os

minerais sejam fisicamente liberados. Isto implica que a partícula deve apresentar uma única

espécie mineralógica. Para se obter a liberação do mineral, o mesmo é submetido a uma

Page 48: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

43

operação de redução de tamanho, ou cominuição, isto é, britagem e/ou moagem que podem

variar de centímetros a micrometros, outras operações se fazem necessárias para não haver

uma cominuição excessiva, como a separação por tamanho ou classificação através de

peneiramento, ciclonagem etc [...].

Para Chaves e Peres (1999), a maneira de controlar o tamanho máximo dos

produtos e de evitar a geração de quantidades excessivas de finos é a cominuição, onde um

conjunto de operações reduzem os tamanhos de partículas minerais, executado de maneira

controlada e de modo a cumprir um objetivo pré-determinado.

As operações de cominuição são a britagem e a moagem. Segundo Chaves e Peres

(1999), elas se diferem não só em termos de faixa de tamanho, como principalmente, dos

mecanismos de redução de tamanhos envolvidos. Nos processos de britagem, as partículas

grosseiras sofrem a ação de forças de compressão ou de impacto. Os processos de moagem se

restringem às frações mais finas e utilizam mecanismos de abrasão e arredondamento (as

quebras de arestas).

5.3.4.1 Britagem

Genericamente para os autores Figueira; Almeida e Luz (2004) a britagem pode

ser definida como conjunto de operações que objetiva a fragmentação de blocos de minérios

vindos da mina, levando-os a granulometria compatíveis para utilização direta ou para futuro

uso.

Figueira; Almeida e Luz (2004) ressaltam que, normalmente, para ocorrer uma

liberação satisfatória do mineral valioso, é necessário que o minério seja reduzido a uma

granulometria fina. Nestas condições, a fragmentação desenvolve-se por meio de três

estágios, isto é, grossa, intermediária e fina ou moagem. Nos dois primeiros estágios a

fragmentação é realizada em britadores e no último estágio, em moinhos. Não há rigidez

quanto aos estágios de britagem, porém, normalmente se usa a classificação mostrada na

Tabela 05.

Page 49: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

44

Tabela 05: Classificação dos estágios de britagem. Estágio de Britagem Tamanho máximo de

Alimentação (mm)

Tamanho máximo de

Produção (mm)

Britagem Primária

Britagem Secundária

Britagem Terciária

Britagem Quaternária

1000

100

10

5

100,0

10,0

1,0

0,8

Fonte: Figueira; Almeida e Luz (2004) p.131 adaptado por Souza (2007).

Existem inúmeros tipos de britadores. Nem todos entretanto tem aplicação

industrial generalizada que mereçam destaque. Os principais são demonstrados na Tabela 06

a seguir.

Tabela 06: Tipos de britadores. Família Tipo Função

Mandíbulas 1 eixo ou Dodge

2 eixos ou Blake

Primários a terciários Primários

Giratório Giratórios Cônicos standart

Cônicos “short head”

Inter-partículas

Primários Secundários Terciários

Quaternários/ moagem grossa Impacto Britadores de eixo horizontal

Britadores de eixo vertical Moinhos de martelo

Primários a terciários Terciários

Terciários a quaternário Especiais Bradford

outros Primários

Carvão e minerais moles

Fonte: Chaves e Peres, 1999 p.431 adaptado por Souza, 2007.

5.3.4.2 Peneiramento

Segundo Chaves e Peres (1999) a operação de separação de uma porção de

partículas em frações de tamanhos diferentes é chamado de peneiramento, esta operação

ocorre mediante a apresentação a um gabarito de abertura fixa e já pré-determinada. Cada

partícula tem apenas a possibilidade de passar ou de ficar retida. Os dois produtos chamam-se

oversize ou retido e undersize ou passante.

O peneiramento a úmido adiciona-se água ao material a ser peneirado com o

propósito de facilitar a passagem dos finos através de tela de peneiramento. Já os

peneiramentos industriais a seco são realizados, normalmente, em frações granulométricas de

Page 50: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

45

até 6 mm. Entretanto, é possível peneirar a seco com eficiência razoável em frações de até 1,7

mm conforme Carrisso e Corrêa (2004).

Os gabaritos podem ser grelhas de barras paralelas, telas de malhas quadradas,

telas de malhas retangulares, telas de malhas alongadas, telas de fios paralelos, chapas

perfuradas e placa fundida relatam Chaves e Peres, 1999.

A faixa de tamanhos submetidos ao peneiramento vai desde matacões de 18”

(0,46m) a talco (130µm). Os equipamentos capazes de fazer este serviço são muito variados,

podendo ser divididos genericamente em peneiras fixas, peneiras vibratórias inclinadas,

peneiras vibratórias horizontais, grelhas e trômeis (peneiras rotativas) informam Chaves e

Peres (1999).

5.3.4.3 Moagem

A moagem é o ultimo estágio do processo de fragmentação Figueira; Almeida e

Luz (2004) relatam que neste estágio as partículas são reduzidas, pela combinação de

impacto, compressão, abrasão e atrito, a um tamanho adequado à liberação do mineral,

geralmente, a ser concentrado nos processos subseqüentes. Cada minério tem uma malha

própria para ser moído, dependendo de muitos fatores incluindo a distribuição do mineral útil

na ganga e o processo de separação que vai ser usado em seguida.

“A moagem compreende as operações de cominuição na faixa de tamanhos abaixo

de ¾” e é efetuada mediante os mecanismos de arredondamento das partículas, quebra de

pontas e abrasão” (Chaves e Peres, 1999 p.563).

“A moagem é a área da fragmentação que requer maiores investimentos, maior

gasto de energia e é considerada uma operação importante para o bom desempenho de uma

instalação de tratamento[...]” (Figueira; Almeida e Luz, 2004 p.152).

Figueira; Almeida e Luz (2004), concluem que o processo de moagem deve ser

muito bem estudado na etapa de dimensionamento e escolha de equipamento e também muito

Page 51: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

46

bem controlada na etapa de operação da usina, pois o bom desempenho de uma instalação

industrial depende em muito da operação de moagem.

“Os equipamentos mais empregados na moagem são: moinho cilíndrico (barras,

bolas ou seixos), moinho de martelos entre outros” (Figueira; Almeida e Luz, 2004 p.152).

5.3.4.4 Classificação

“A classificação e o peneiramento tem como objetivo comum, a separação de um

material em duas ou mais frações, com partículas de tamanhos distintos” (Carrisso e Correia,

2004 p.197).

Carrisso e Correia (2004), relatam que no peneiramento, a separação é

determinada segundo o tamanho geométrico das partículas, enquanto que na classificação, a

separação é realizada tomando-se como base a velocidade que os grãos atravessam um meio

fluido. No processamento mineral, este meio fluido mais utilizado é a água. A classificação a

úmido é aplicada, habitualmente, para populações de partículas com granulometria muito fina,

onde o peneiramento não funciona de forma eficiente.

Segundo Chaves (1996) o classificador é um aparelho que recebe uma

alimentação, composta de partículas de diferentes tamanhos, e a separa em duas frações de

produtos: o underflow, que contém maior proporção das partículas grosseiras e o overflow,

onde se concentram as partículas de menores dimensões.

Tipos de classificadores: Classificadores horizontais (cone de sedimentação,

classificadores mecânicos e classificador espiral) Classificadores verticias, hidrociclones,

ciclones.

Page 52: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

47

5.3.4.5 Concentração

A concentração gravítica é um processo no qual partículas de diferentes

densidades, tamanhos e formas são separadas por ação da força da gravidade ou por forças

centrífugas. Lins (2004) ressalta que este processo é uma das mais antigas formas de

processamento mineral.

Para Lins (2004) os principais mecanismos atuantes no processo de concentração

gravítica são os seguintes: aceleração diferencial, sedimentação retardada, velocidade

diferencial em escoamento laminar, consolidação intersticial, ação de forças cisalhantes.

Lins (2004) lista os equipamentos gravíticos que são utilizados: Calhas Simples,

Calha Estrangulada, Concentrador Reichert, Mesa Plana, Jigue, Mesa Oscilatória, Espiral,

Hidrociclone, Concentrador Centrífugo.

Após estas etapas para purificação e aproveitamento do minério, obtem-se dois

produtos que são o concentrado e o rejeito.

5.3.4.5 Espessamento

A sedimentação para França e Massarani (2004) é um dos processos de separação

sólido-líquido baseados na diferença das densidades dos constituintes de uma suspensão; a

remoção das partículas sólidas presentes em uma corrente líquida é devido à ação do campo

gravitacional, o que oferece ao processo as características de baixo custo e grande

simplicidade operacional. A larga utilização industrial dos sedimentos promove um crescente

interesse no conhecimento do dimensionamento e operações desses equipamentos, com a

finalidade de melhorar a sua utilização e eficiência no atendimento aos objetivos operacionais.

França e Massarani (2004) relatam que na mineração, os espessadores são muito

utilizados com as seguintes finalidades:

obtenção de polpas com concentrações adequadas a um determinado

processo;

Page 53: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

48

espessamento de rejeitos, visando transporte e destino final;

recirculação da água no processo industrial;

recuperação de sólidos ou soluções lixiviados, para processos

hidrometalúrgicos.

Os tipos de espessadores variam em função da geometria ou a alimentação do

equipamento. França e Massarani (2004) descrevem estes equipamentos como sendo tanques

de concretos equipados com um mecanismo de raspagem, para carrear o material sedimentado

até o ponto de retirada, o que corresponde ao maior custo do equipamento. Os braços

raspadores são acoplados à estrutura de sustentação do tubo central de alimentação da

suspensão e devem ser projetados baseados no torque aplicado ao motor. Para suportar

diferentes tipos e volumes de cargas impostas, devem ter flexibilidade.

França e Massarani (2004) relatam os tipos mais usados: Espessador contínuo

convencional, Espessador de alta capacidade, Espessador de lamelas, Espessador com

alimentação submersa.

5.3.6 Uso do Carvão CE 4500

Praticamente todo carvão beneficiado da região carbonífera de Santa Catarina,

dois milhões e meio de toneladas anuais destina-se à geração de energia elétrica.

O carvão mineral é produzido por dez empresas de capital privado nacional que

são representadas pelo SIECESC – Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de

Santa Catarina. Este carvão é lavrado na grande maioria em minas subterrâneas e conduzido

às usinas de beneficiamento que geralmente se localizam no pátio operacional da mina.

Por cada tonelada de ROM processado, são gerados seiscentos quilogramas de

rejeitos, isto nas empresas estudadas. Há casos de alguns empreendimentos processarem

Page 54: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

49

rejeitos antigos, nestes casos chega-se a recuperar cerca de cem quilogramas por toneladas de

material tratado.

Após tratamento do carvão, este material é transportado até o ponto de consumo

principal que é o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda – CTJL, localizado no município de

Capivari de Baixo – SC, através da via de escoamento Ferrovia Teresa Cristina.

5.3.7 Resíduos

Cheriaf et al (2002), relata que a extração do carvão mineral gera importantes

quantidades de resíduos. Muitos destes resíduos que estão hoje dispostos de maneira incorreta

são provenientes da extração de carvão, ou devido ainda a presença de impurezas presentes

nas rochas.

Segundo Cheriaf et al (2002), as frações mais grosseiras dos resíduos de lavagem,

até os últimos anos, eram usados como material de aterro, e os materiais mais finos

depositados em lagoas. Estes materiais grosseiros quando espalhados e livres sofrem

combustão espontânea, emitindo gases e particulados. Tais materiais quando em contato com

o lençol freático provocam águas acidas devido à oxidação da pirita presente nestes rejeitos.

Os resíduos da exploração do carvão mineral são empregados como material de

preenchimento de cavas antigas de minas. Nestas condições o carvão é suficientemente

diluído e lixiviado para eliminar os riscos de combustão espontânea diz Cheriaf et al (2002).

Estes resíduos segundo Cheriaf et al (2002) há alguns anos estão sendo reciclados

em todo o mundo, sendo as principais vias de valorização são no segmento de construção e

agricultura.

Existe na região carbonífera de Santa Catarina, um projeto para a construção de

uma usina termelétrica projetada por duas das maiores empresas mineradoras da região,

porém com diferentes características tecnológicas das já existentes, envolverá a combustão de

ROM, ou seja, carvão bruto e resíduos contendo pirita, com potência nominal de 440 MW.

Page 55: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

50

5.3.8 Papel do Carvão

Conforme relata Soares (2006) a respeito do crescente uso e incentivo em

pesquisas, desenvolvimento e implantação de unidades de geração com base em recursos

naturais renováveis como a biomassa, a energia eólica ou a solar, a produção de energia

elétrica em escala mundial no século XXI, é ainda fortemente dependente de combustíveis

fósseis, entre os quais o carvão mineral. O Brasil contribui com somente 2% de todo o carvão

usado para a eletricidade no mundo.

“Hoje em dia, aproximadamente 90% das fontes comerciais de energia utilizadas

no mundo são oriundas de combustíveis fósseis: carvão, petróleo, e gás natural [...]” (Hinrichs

e Kleinbach 2003, p.161).

Segundo Hinrichs e Kleinbach (2003) o carvão é o combustível mais abundante

da América. Os Estados Unidos já foram chamados de Arábia Saudita do carvão, detentores

de um quarto das reservas mundiais “estima-se que as reservas americanas sejam de mais de 3

trilhões de toneladas, sendo 300 bilhões de toneladas são recuperáveis por meio da tecnologia

existente atualmente” diz o U.S. Geological Survey. Das reservas americanas recuperáveis de

combustíveis fósseis, 80% são de carvão, comparadas aos menos de 3% de petróleo e 4% de

gás natural. Ainda assim, o carvão corresponde hoje a apenas 23% do suprimento de energia

americano, comparado aos 70% de 1925.

Para Hinrichs e Kleinbach (2003) o dobro do consumo americano de energia

provém do petróleo, em relação ao carvão. A substituição do petróleo por carvão não é uma

tarefa simples, pois grande parte do petróleo é utilizada em transporte. Líquidos obtidos a

partir do carvão parecem promissores, porém a pesquisa e o desenvolvimento ainda são

lentos, e atualmente não são favoráveis comercialmente. Cerca de 90% do carvão utilizado

atualmente é queimado por usinas e produtores independentes de energia. Em caldeiras

industriais, as restrições ambientais tem dificultado a utilização do carvão.

“O carvão mineral é também largamente empregado como fonte de energia na

indústria química, petroquímica e de cimento entre outras, em todo o mundo” (Soares, 2006 p.

21).

Page 56: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

51

Em um mundo cada vez mais preocupado com a segurança no fornecimento de

energia, o carvão se torna importante pela sua abundância, seus custos mais viáveis e com

uma diversidade política e geográfica. Os impactos ao meio ambiente associados ao consumo

de energia também também atenção maior, pois a sociedade está cada vez mais exigente com

as energias limpas e que causam menos poluição. Por outro lado a indústria do carvão está

vislumbrando o futuro e atendendo à reivindicação de um melhor desempenho no meio

ambiente através da utilização e o desenvolvimento contínuo de tecnologias para uma

produção de carvão mais limpo (WCI, 2006).

Para WCI, 2006 o carvão irá continuar tendo um papel significativo para

atendimento da demanda energética mundial. Hoje, o mundo depende do carvão para ter 40%

de sua eletricidade e 66% da produção do aço depende do carvão. Muitos países como a

África do Sul, China e Índia dependem do carvão em maiores proporções para sua

eletricidade (Tabela 07). No futuro, as tecnologias de conservação do carvão irão fazer do gás

sintético e dos combustíveis de transporte líquido derivados do carvão uma alternativa

atraente.

Tabela 07: Participação do carvão como fonte de energia e como combustível na geração de energia elétrica.

País Energia (%) Eletricidade (%)

África do Sul China

PolôniaÍndia

Casaquistão Rep. Checa Austrália

Coréia do Sul Ucrânia

EslováquiaDinamarca Alemanha

Estados Unidos

78736857545149312828272525

93759773727379352924745553

Fonte: He; Chen, (2002) apud Soares, (2006) adaptado por Souza, (2007).

Page 57: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

52

5.3.9 Transporte

5.3.9.1. Breve Histórico da Ferrovia Teresa Cristina

Segundo Teixeira (2004), a estrada de Ferro Dona Teresa Cristina foi inaugurada

em 1° de setembro de 1884 para transportar o carvão das minas da região de Lauro Müller aos

Portos de Laguna, Imbituba e a partir daí para o mercado internacional.

Sob a administração privada desde 1° de fevereiro de 1997, a Ferrovia Tereza

Cristina (FTC) é um importante fator na contribuição do desenvolvimento econômico e social

da região, relata Teixeira (2004).

Para melhor complementar a sua operação, a FTC criou em 1999 a Transferro

Operadora Multimodal, com a responsabilidade de efetuar a descarga, movimentação e

abastecimento dos silos de carvão no Complexo Termelétrico, Teixeira (2004).

A empresa também passou a ser solicitada para a execução de novos serviços,

como a recuperação e modernização de locomotivas e vagões para outras regiões do Brasil e

alguns países da América Latina.

5.3.10 Usinas Termelétricas

A instalação das primeiras usinas termelétrica a carvão no país deu-se na década

de 1960 quando foram construídas as usinas de Charquedas, São Jerônimo e Candiota I no

estado do Rio Grande do Sul, Capivari em Santa Catarina e Figueira no Paraná. Soares (2006)

diz que estas usinas foram concebidas para operar com carvão nacional e serem instaladas

próximas às minas de forma a integrar um complexo constituído pela mineração e usina de

geração de energia elétrica.

Page 58: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

53

As UTEs de grande porte existentes no País são operadas no Rio Grande do Sul

pela CGTEE – Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, empresa pertencente ao

grupo Eletrobrás, em Santa Catarina pela Tractebel Energia do grupo francês Suez e no Paraná

pela COPEL – Companhia Paranaense de Energia, as duas últimas de capital privado diz

Soares (2007) conforme Tabela 08.

Tabela 08: Principais usinas termelétricas de serviço público a carvão (UTE) operando no Brasil.

UTE Estado Potência Nominal (MW)

Presidente Médici RS 446

Jorge Lacerda SC 857

Figueira PR 20

Charqueadas RS 72

S. Jerônimo RS 20

Total ______ 1415

Fonte: SE/MME apud Soares (2007) adaptado por Souza (2007).

Projetos recentes para ampliação da capacidade de geração de energia elétrica no

país, que se seguiram à crise energética brasileira em 2001, são as termelétricas de Itaguaí no

estado do Rio de Janeiro com capacidade de 600 MW e que irá operar com carvão importado

e a USITESC em Treviso – SC com capacidade de geração de 400 MW , que utilizará carvão

nacional bruto misturado com rejeito de beneficiamento de carvão produzido no estado de

Santa Catarina.

As principais fontes de energia elétrica que compõe o quadro da matriz energética

atual no Brasil e no mundo estão demonstradas na Figura 07 e 08.

Page 59: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

54

Fontes de Energia Elétrica no Mundo

20%

40%

10%

3%

2%

10%

15%

Nuclear

Carvão

Outras

Vento

Solar

Biomassa

Hidraulica

Figura 07: Composição da capacidade de energia elétrica no mundo. Fonte: SE/MME (2003) apud Soares,

(2007) adaptado por Souza, (2007).

Fontes de Energia Elétrica no Brasil

94%

1%

2%

3%

Hidraulica

Nuclear

Carvão

Der. Petróleo

Figura 08: Composição da capacidade de energia elétrica no Brasil. Fonte: SE/MME (2003) apud Soares, (2007)

adaptado por Souza (2007).

Page 60: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

55

5.3.11 Energia e Meio Ambiente

A energia é um dos principais constituintes da sociedade moderna. Ela é

necessária para se criar bens a partir dos recursos naturais e para fornecer muito dos serviços

aos quais tem beneficiado a humanidade. O desenvolvimento econômico e os altos padrões de

vida são processos complexos que compartilham um denominador comum: a disponibilidade

de um abastecimento adequado e confiável de energia [...] Hinrichs e Kleinbach (2003).

A demanda global por energia triplicou nos últimos 50 anos e pode triplicar

novamente nos próximos 30 anos. A maioria desta demanda aumentada no passado ocorreu

nos paises industrializados e 90% dela foi satisfeita por combustíveis fósseis. Contudo nos

anos vindouros, a maior parte da demanda aumentada por energia virá dos paises em

desenvolvimento, já que eles buscam atingir objetivos e metas de desenvolvimento e tem

experimentado aumentos populacionais muito maiores que observados nos paises

industrializados Hinrichs e Kleinbach (2003).

Os Figuras 09 e 10 mostram o perfil de consumo de energia no mundo, e no

Brasil. O petróleo com 40% do consumo continua numa posição de destaque em relação às

outras fontes de energia.

Consumo de Energia - Mundo

40%

20%

28%

6% 6% Petróleo

Gás Natural

Carvão

Hidroeletricidade

Nuclear

Figura 09: Perfil do consumo de energia no mundo. Fonte: Tractebel, (2007).

Page 61: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

56

Consumo de Energia - Brasil

27%

14%6%6%

46%

1%

Biomassa

Hidroeletricidade

Gás Natural

Carvão

Nuclear

Petróleo

Figura 10: Perfil do consumo de energia no Brasil. Fonte: Tractebel, 2007

Entender a energia significa entender os recursos energéticos e suas limitações,

bem como as conseqüências ambientais de sua utilização. Energia, meio ambiente e

desenvolvimento econômico estão forte e intimamente conectados. Durante as últimas duas

décadas o consumo global de energia aumentou 25%, enquanto o consumo apenas nos

Estados Unidos aumentou 15%. Muito deste crescimento global aconteceu nos paises menos

desenvolvidos. Nas próximas duas décadas, estima-se que o consumo de energia irá aumentar

em torno de 100% nos paises em desenvolvimento. Juntamente com este crescimento,

observou-se o declínio da qualidade do ar urbano e a séria e intensa degradação do solo e das

águas[...]Hinrichs e Kleinbach (2003).

A complexidade do uso de energia, para atender a certas necessidades (da luz,

calor etc.), é preciso a utilização dos recursos energéticos. É necessário conectar o recurso a

uma necessidade ou demanda: um pedaço de carvão não fornece luz por si mesmo.

Carreadores ou conversores (como, por exemplo, linhas de transmissão de alta voltagem,

fornalhas a gás etc.) são necessários para se ir do recurso até a demanda. Contudo existem as

barreiras neste processo: econômicas, ambientais, políticas e outras. Elas também devem ser

consideradas e deve-se aprender a lidar com elas, Hinrichs e Kleinbach (2003).

Page 62: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

57

6 METODOLOGIA

6.1 Etapas da metodologia

A metodologia utilizada para realização da avaliação do ciclo de vida do carvão

energético, embora possua como referência a perspectiva da (ISO TR 14048), que prevê o

formato da apresentação de dados, não aplica integralmente todas as etapas e documentações

desta norma. Compreende um processo de etapas para obtenção de informações necessárias

para chegar-se ao objetivo determinado.

Estas etapas são:

Coleta de dados;

A identificação das entradas e saídas, desde a extração até uso final;

Informações primárias e secundarias;

Descrição do processo (visão ambiental);

Inventário;

A listagem dos aspectos ambientais envolvidos em cada processo;

Avaliação dos resultados.

6.1.1 Coleta de dados

Foi preciso ir “in loco” para a coleta dos dados, e a busca de informações

necessárias para o inicio da realização do trabalho. Todas as visitas foram devidamente

acompanhadas por um profissional da área, de cada etapa dos empreendimentos mineiros

identificados como empreendimento mineiro “A” e empreendimento mineiro “B” (desde a

extração até o uso final). Foram necessários às visitas em duas das maiores empresas de

Page 63: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

58

mineração da região, seguido da visita e coleta dos dados na ferrovia e finalizando as visitas

na usina termelétrica, além de todo o aporte e apoio técnico do SIECESC, Sindicato da

Indústria de Extração do Carvão de Santa Catarina.

Para entendimento e busca de melhorias foram necessárias as pesquisas

bibliográficas referentes à atividade do setor carbonífero e da ferramenta a ser empregada na

atividade (ACV).

O trabalho de coleta de dados foi à etapa fundamental para identificação do que

seria considerado no estudo e o que deveria ser tratado como fonte de informações e o que

seria desconsiderado, ou seja, nem todos os processos e áreas de apoio (borracharia,

marcenaria, escritórios, manutenção, etc...) da atividade foram consideradas e trabalhadas

neste estudo.

6.1.2 A identificação das entradas e saídas (Visão Macro)

Inicialmente para preparação da coleta dos dados a serem pesquisados, foi de

suma importância para avanço do trabalho a elaboração de um fluxograma com todas as

atividades que envolvam todo o ciclo de vida do carvão energético CE4500 desde a sua

aquisição até a disposição final, abordando sistemática e adequadamente os aspectos

ambientais envolvidos no sistema.

Todas as entradas e saídas identificadas no fluxograma da visão macro foram

quantificadas e transformadas em valores para cada tonelada de carvão energético produzido.

6.1.3 Informações primárias e secundarias

Primárias:

Dados e análises de monitoração das empresas mineradoras da região.

Page 64: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

59

Fluxogramas internos dos empreendimentos mineiros “A” e “B”.

Entrevistas informais com engenheiros da área (mineração, ferrovia, usina

termelétrica).

Secundárias:

Informações existentes sobre o assunto no SIECESC.

6.1.4 Descrição do processo (Visão Ambiental)

Todas as etapas dos processos analisados foram descritas e transformadas em

fluxogramas para melhor visualização e entendimento para posterior identificação dos

aspectos e impactos ambientais envolvidos em cada etapa.

6.1.5 Inventário das entradas e saídas

Após coletados os dados, a próxima etapa é a análise de inventário dos dados

coletados e posteriormente a quantificação das variáveis envolvidas durante o ciclo de vida do

produto, processo ou atividade.

Segundo Chehebe, 2002 a análise de inventário é a fase das coletas de dados e a

quantificação de todas as variáveis (matéria-prima, energia, transporte, emissões para o ar,

efluentes, resíduos sólidos e etc...) envolvidas durante o ciclo de vida de um produto, processo

ou atividade.

Para o inventário os dados serão compilados segundo modelo da Tabela 09.

Page 65: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

60

Tabela 09: Modelo de Inventário

Empresa MineradoraConsumo e emissões para a produção de 1 tonelada de carvão energético CE 4500

Parâmetros UnidadeQuantidade/1000kg de

produtoEnergia kW Água m³Matérias primas Consumo de ROM tConsumo de óleo kgConsumo de explosivos kgConsumo de cal kgConsumo de óleo de pinho kgResíduos sólidos gerados Rejeitos finos tRejeito primário-R1 tRejeito secundário-R2 tResíduos Sólidos gerados tTotal de resíduos gerados tResíduos comercializados tEfluentes líquidos se não houvesse tratamento Efluente gerado m³Efluente tratado reaproveitado m³Acidez* mgResíduos totais* mgSulfatos* mgFerro total* mgManganês* mgCobre* mgZinco* mgAlumínio* mgTotal gerado se não houvesse tratamento mgEfluentes líquidos com tratamento Acidez* mgResíduos totais* mgSulfatos* mgFerro total* mgManganês* mgCobre* mgZinco* mgAlumínio* mgTotal gerado com tratamento mg

Page 66: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

61

6.1.6 Listagem dos aspectos ambientais envolvidos em cada processo

Os aspectos ambientais dos estágios de cada processo que constituem o sistema do

produto são as interações que estes estabelecem sob a troca de ordens com o meio ambiente

através do consumo de energia, água, matéria-prima, emissões de efluentes gasosos, aquosos

ou resíduos sólidos.

6.1.7 Avaliação dos resultados

Foi através da identificação e quantificação dos impactos de forma criteriosa e

comparativa entre as duas mineradoras, o meio de transporte e a usina termelétrica.

Page 67: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

62

7 RESULTADOS

7.1 Visão Macro

Com o objetivo de fazer a Avaliação de Ciclo de Vida do Carvão Energético foi

desenvolvido através de levantamentos de dados e visitas nas empresas a Visão Macro, onde

foram identificadas as principais entradas e saídas dos processos, e é também a partir daí que

foram identificados os aspectos e impactos envolvidos. Os principais aspectos identificados

foram o consumo de energia, consumo de insumos, geração de efluentes, geração de rejeitos,

geração de resíduos sólidos, geração de poeiras e gases e na fase de uso geração de gases,

material particulado, geração de efluentes e cinzas, conforme mostra Figura 11.

Page 68: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

63

Explosivos/Insumos Efluentes Líquidos

Energia ROM – Carvão Bruto Água Resíduos Sólidos

Emissões Atmosféricas

Lavra – Extração de

ROM

ROM Emissões Atmosféricas

Energia Rejeito

Água Produto CE 4500

Insumos Efluente Líquido

Beneficiamento - Transformação

do minério

Combustível Emissões Atmosféricas Transporte – RodoviárioFerroviário

CE 4500 Emissões Atmosféricas

Energia Efluentes Líquidos

Água Energia Elétrica

Cinzas

UsinaTermelétrica– Geração de

energiaelétrica

Figura 11: Visão Macro dos processos envolvidos no Ciclo de Vida do carvão energético.

Page 69: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

64

7.2 Inventário

Tabela 10: Inventário e compilação dos dados coletados.

Consumo e emissões para a produção de 1 tonelada de carvão energético - CE 4500

Parâmetro UnidadeMédia empresa

"A"Média empresa

"B"Energia kW 31,45 45,50Matérias primas Consumo de ROM t 2,49 2,58Consumo de óleo kg 0,026 1,42Consumo de explosivos kg 0,011 0,77Consumo de cal kg 0,143 1,79Consumo de óleo de pinho kg 0,0014 0,11Resíduos sólidos gerados Rejeitos finos t 0,33 0,07Rejeito primário-R1 t 0,54 0,69Rejeito secundário-R2 t 0,45 0,60Resíduos Sólidos gerados t 0,35 0,16Total de resíduos gerados t 1,67 1,52Resíduos comercializados kg 0,25 0,12Efluentes líquidos se não houvesse tratamentoEfluente gerado m³ 3,41 4,24Efluente tratado reaproveitado m³ 0,29 0,0058Acidez mg 0,27 0,8449Resíduos totais mg 6,47 9,00Sulfatos mg 4,40 4,96Ferro total mg 0,023 0,134 Manganês mg 0,019 0,014Cobre mg 0,00010 *Zinco mg 0,0037 *Alumínio mg 0,016 0,0606Total gerado se não houvesse tratamento mg 11,20 15,02 Efluentes líquidos com tratamento Acidez mg 0,00 0,027Resíduos totais mg 6,06 11,22 Sulfatos mg 3,96 6,48Ferro total mg 0,00082 0,000933 Manganês mg 0,00608 0,000297Cobre mg 6,83E-05 8,48E-05Zinco mg 1,71E-04 1,27E-04Alumínio mg 7,85E-04 2,07E-03Total gerado com tratamento mg 10,02 17,73

Page 70: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

65

Consumo e emissões para a transporte de 1 tonelada de carvão energético - CE 4500 Parâmetro Unidade Ferrovia Matérias primas Consumo de óleo l 0,05Consumo de madeira m³ 0,000042Consumo de brita m³ 0,0001

Consumo, emissões e geração de energia com 1 ton carvão energético - CE 4500 Energia MW 1,51Matérias primas Consumo de carvão t 1,00Consumo de óleo diesel l 1,16Consumo de óleo tipo A kg 0,00116Consumo de água ** m³ 5.016,26EmissõesCinzas leves t 0,34Cinzas pesadas t 0,06Vapor m³ 0,10

* Parâmetro não monitorado ** Na UTLA e UTLB o circuito é aberto, porém o efluente gerado por essas duas unidades são reaproveitadas na UTLC que trabalha em circuito fechado.

7.3 Descrição dos Processos

7.3.1 Localização

As empresas de mineração estudadas para o presente estudo pertencem a Região Carbonífera

de Santa Catarina, conforme mostra a Figura 12, que foi definida por Lei Estadual

complementar nº. 221, de 09 de janeiro de 2002, a qual apresenta características gerais e

quantificação das áreas degradadas superficialmente pela mineração de carvão.

Page 71: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

66

Figura 12: Mapa de localização da Região Carbonífera. Fonte: Campos, J.J. 2007.

7.3.2 Lavra – Extração do ROM

O minério das empresas “A” e “B” da região carbonífera são extraídos do subsolo

pelo método de câmaras e pilares, com preservação dos pilares a partir de 1990. Os

“Conjuntos Mecanizados” representam um ciclo de operações que reúne equipamentos

específicos para realização das operações de lavra. Estes equipamentos são constituídos de

sistemas hidráulicos acionados por motores elétricos, e que destinam-se às seguintes

operações e funções:

Perfuração de Frente (Perfuratriz JOY ou Amanda), adaptada com lança

dupla para martelos roto-percussivo e rotação pura, a furação é feita a úmido com furos que

podem chegar até 2 m de comprimento e 65 mm de diâmetro conforme Figura 13;

Page 72: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

67

Figura 13: Furação de frente. Fonte: Souza, (2007).

Desmonte do minério é feito pelo método “drill and blasting”, no qual é

empregado explosivos de emulsão nitroglicerinada ativados com brinel (Figura 14), este

método de desmonte é uma prática aplicado na empresa “B”. Já a empresa “A” utiliza

somente 5% do método “drill and blasting”, no qual é empregado explosivos de emulsão

nitroglicerinada ativados com brinel, pois a mineradora utiliza a tecnologia do minerador

contínuo (Figura 15).

Page 73: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

68

Figura 14: Processo de detonação para desmonte do carvão mineral no subsolo. Fonte: Souza, 2007.

Figura 15: Processo de desmonte do carvão mineral no subsolo com minerador contínuo. Fonte: SIECESC, 2007

Page 74: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

69

Carregamento do minério desmontado através de pás carregadeiras - modelo

MT 700 (micro trator) com capacidade para 850 kg/viagem, num ciclo de 130 rafas por turno,

ou carrega cerca de 30 a 40 toneladas por turno e leva cerca de 30 minutos para limpar a

frente detonada, Figura 16. O minério detonado é carregado até a correia transportadora que

irá conduzir o minério até a superfície;

Figura 16: Carregamento do minério até as correias transportadoras pelo Micro Trator (MT). Fonte: Souza, (2007).

Escoramento de teto é realizado com perfuratrizes hidráulicas SECOMA

equipadas com martelo Copco 1023, furação a úmido conforme mostra a Figura 17. Sua

capacidade para instalação é de 130 parafusos por turno ou 8 parafusos de teto/galerias mais 8

resinas – estes parafusos são de aço (GG 50 – 1200 x 25mm), e a resina pega rápida (25 x 300

mm) que leva cerca de 1 minuto e meio de tempo de cura, placas de aço (15 x 15 mm) ou

prancha de madeira (12 x 20 x 40 mm) para suporte do teto;

___________________________________________________________________________Rafa: Carvão bruto desmontado no chão pronto para o carregamento.

Page 75: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

70

Figura 17: Escoramento de teto feito por perfuratrizes hidráulicas. Fonte: Souza, (2007).

Transporte do minério por meio de correias transportadoras de 42” (600 t/h),

o transporte é supervisionado através de circuito interno de TV. Desta forma o minério chega

até a superfície, onde assume a denominação ROM (do jargão mineiro "Run Of Mine"),

entrando automaticamente no circuito de britagem e beneficiamento (Figura 18).

Figura 18: Transporte do minério através de correias transportadoras.

Page 76: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

71

Ventilação por exaustão forçada a partir de poços criando desta forma uma

zona de baixa pressão capaz de forçar o ingresso do ar através de outro poço e assim para o

plano inclinado. Ainda no subsolo existem exaustores auxiliares que, em conjunto com os

tapumes e dutos de ventilação, forçam a circulação do ar em circuito paralelo, proporcionando

desta forma a contínua renovação e circulação do mesmo nas diferentes frentes de serviço. A

qualidade do ar também é controlada pela utilização de água nas operações de perfuração de

rocha (frente de serviço e escoramento de teto) e detonações, auxiliando na depressão dos

gases e partículas geradas pelas diferentes operações;

Drenagem é realizada nas frentes de serviço por meio de bombas de forma tal

que parte desta água é distribuída para os equipamentos e sistemas depressores de partículas e

gases anteriormente referidos, enquanto a parcela maior é bombeada para um sistema

principal de barragem, onde um conjunto de bombas se encarrega de descartá-la na superfície,

O setor da atividade de mineração da região contam com operação plena de um

efetivo número de funcionários em média de 3.300 funcionários. As empresas trabalham com

turnos alternados.

Todas as empresas adotaram métodos para a segurança contra doenças

ocupacionais e acidentes pessoais, através da utilização de Equipamentos de Proteção

Individual (EPI), que consistem basicamente de máscaras contendo filtros contra poeira,

óculos de proteção, luvas, botas, capacete e abafadores de ruído; além de sistemas contra a

exposição física ao pó, através da implantação de sistemas para depressão de poeira “spray”

nos equipamentos de furação e corte, e implantação do circuito interno de TV para

monitoramento remoto de correias.

A atividade de extração do carvão está representada no fluxograma da Figura 19

a seguir.

Page 77: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

72

Extração em Subsolo

1 Furação de Teto

Escoramento do Teto

Desmonte do Minério

Por Explosão Minerador Contínuo

Marcação dos Furos Corte

Furação de Frente Carregamento

Transporte do Minério Carregamento dos furos

Detonação

Carregamento

1

Beneficiamento

Beneficiamento Transporte do Minério

1

Figura 19: Fluxograma da extração de carvão.

Page 78: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

73

Os principais aspectos associados à mineração de carvão em subsolo são as

alterações do regime das águas superficiais e subterrâneas, durante as operações de extração

do minério, onde as detonações podem causar fratura nas rochas localizadas no teto e piso das

galerias da mina, que permitirá o ingresso de águas no interior da mina.

A emissão do gás metano também é um aspecto característico da mineração de

carvão. O gás metano é devido ao processo de formação geológica do carvão alojado nas

fraturas e poros. Sua liberação para atmosfera ocorre tanto na lavra quanto na estocagem do

material. Porém este gás além de ser um aspecto ambiental significativo pode ser um

potencial de uso como combustível.

As emissões atmosféricas causadas pelo uso de combustíveis fósseis líquidos

como o óleo diesel e a gasolina, no subsolo é principalmente devido ao abastecimento de

veículos de transporte de materiais e pessoas. Somados a estes aspectos estão o ruído e as

emissões de poeira causados pelo tráfego de veículos e equipamentos.

No processo de extração do ROM (carvão bruto), apenas 40% são aproveitáveis e

60% são rejeitos carbonosos com alto teor de enxofre que é um dos causadores do maior

problema da mineração: a geração de drenagem ácida. A disposição destes rejeitos de forma

correta evita estes e outros impactos ao solo, ao ar e a água.

Durante a extração, é gerada a drenagem ácida cujas características são: pH baixo,

alta concentração de ferro, sulfatos, manganês, zinco, cobre e alumínio, causadores de

corrosão em materiais, toxicidade a organismos vivos e contaminação dos recursos hídricos.

Essa água é bombeada até a superfície e utilizada no processo de beneficiamento do carvão,

posteriormente é encaminhada para as bacias de decantação dos resíduos sedimentáveis,

retornando em alguns casos para a reutilização no processo. Posteriormente é tratada e

encaminhada ao corpo receptor.

Estima-se que para cada tonelada de ROM extraído conforme Tabela 10 são

gerados 1,5 m³ de drenagem ácida, e é necessário o consumo de 0,15 kg de explosivos, 0,08

kg de óleo diesel (densidade = 0,9) e 4,54 kW de energia. Além de madeiras e parafusos para

escoramento de teto, áreas de apoio (borracharia, manutenção, escritórios etc...) e mão de

obra, que não foram considerados neste estudo.

Page 79: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

74

A empresa “B” conforme Figura 20 está demonstrando maior consumo de

insumos e maior geração de drenagem com relação à empresa “A”, o consumo de explosivos

é da ordem de 95% a mais que na empresa “A”, isto porque a empresa “B” não utiliza o

minerador contínuo para o processo de extração mineral.

0

1

2

3

4

5

6

Drenagemácida m³

Explosivoskg

Óleo l Energia kW

Consumo e emissões para 1 t de ROM extraído

Empresa A

Empresa B

Figura 20: Comparativo de consumos e emissões entre empresa mineradora “A” e “B”, para extração de 1 t de ROM.

7.3.3 Beneficiamento do Minério

Com a finalidade de obter-se o carvão energético a partir do ROM extraído, o

minério transportado pelas correias transportadoras entra direto no circuito de beneficiamento

onde em alguns casos é feito uma pré-escolha manual do material, sendo retirado os estéreis

(siltitos, arenitos etc..), Figura 21. Esta escolha manual é feita por homens.

Page 80: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

75

Figura 21: Escolha manual. Fonte: Souza, 2007.

Após a pré-escolha o ROM entra no britador primário onde reduzirá o material a

um tamanho no qual a jigagem seja eficiente e libere o material dos rejeitos. O britador

primário (Figura 22) mais utilizado é o de mandíbula. Em média a capacidade do britador é

de 700 t/h, sendo que esta taxa depende da produção e do material transportado pelas correias.

Figura 22: Britador Primário. Fonte: Souza, 2007.

Page 81: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

76

A próxima etapa antes do britador terciário e secundário é o peneiramento

(Figura 23), onde o material retido é conduzido para os britadores secundários e terciários até

atingirem granulometria ideal. As peneiras utilizadas no processo são as peneiras vibratórias.

Figura 23: Etapa de peneiramento. Fonte: Souza, 2007.

Os minerais liberados pela britagem serão concentrados pelo Jigue, onde o carvão

bruto junto com água é lançado em um leito tipo calha recebendo impulsões de ar

comprimido, desta forma ocorre a separação densimétrica das partículas. O carvão fica

concentrado na parte superior, ou seja, flutua e os rejeitos na parte inferior afunda ocorrendo

assim a separação entre o rejeito e o carvão por diferença de densidade (Figura 24). O jigue é

do tipo BATAC. No processo de jigagem são gerados os finos que por sua vez são levados

para o circuito de finos, através das bombas de recalque. Todo o circuito é composto por:

espirais, hidrociclones e as mesas concentradoras, onde são separados os finos, e todo o

efluente e os finos rejeitos são lançados em bacias de decantação, para recirculação da água e

assim evitando a contaminação dos cursos d’agua no entorno (circuito de finos).

Page 82: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

77

Figura 24: Separação do ROM em meio denso, Jigue. Fonte: Souza,2007.

Cada empresa possui uma planta de beneficiamento com suas particularidades,

porém as principais etapas foram descritas nos resultados, conforme visto “in loco” e graças à

coleta de informações, e conversas com técnicos da área. As operações típicas de

beneficiamento mineral do carvão, envolvem a aplicação de jigues, espirais e flotação. Em

qualquer destes processos são utilizados suspensões do carvão em água, sendo esta

proveniente da lavra, ou seja os mesmos 1,5 m³ de drenagens ácidas produzidas para extrair 1

tonelada de ROM. Porém, circuitos de beneficiamento fechados são praticados nestas

empresas estudadas onde a água é reutilizada após a captação das bacias de decantação.

O ruído, a vibração e a poeira também são aspectos apontados como

característicos nesta etapa de beneficiamento.

Conforme Figura 25 e 26 e Tabela 10 de inventário, comparando-se o efluente

bruto e tratado. Observa-se uma redução significativa principalmente para o ferro em média

99 % para as duas empresas, enquanto que o manganês para a empresa “A” é 93% de redução

e a empresa “B” 99%. Ambas as empresas atendem o padrão de emissão de efluente para o

parâmetro manganês que conforme Decreto Estadual 14250/81 é de 1,00 mg/l máximo de

manganês dissolvido. Analisando-se o reaproveitamento de efluente tratado a empresa “A”

utiliza em torno de 8,25%, enquanto que a empresa “B” 0,14%. Esta diferença justifica-se

Page 83: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

78

devido ao fato de que a empresa “A” utiliza minerador contínuo no subsolo e para operação

destes equipamentos é necessário água industrial. Quanto aos sulfatos, observa-se pela Tabela

10 de inventário uma redução de somente 10% na empresa “A”, enquanto que na empresa

“B”, inclusive aumenta em torno de 30%. Recomenda-se que a empresa “B” avalie o

processo de tratamento para observar se este aumento não está correlacionado com o produto

químico utilizado para tratamento.

0123456789

pHA

cide

z(m

g)

Resí

duos

tota

is(m

g)Su

lfato

s (m

g)Fe

rroto

tal (

mg)

Man

ganê

s (m

g)Co

bre

(mg)

Zinc

o(m

g)A

lum

ínio

(mg)

Efluente da empresa "A"

Efluente Bruto Efluente Tratado

Figura 25: Carga poluente do efluente gerado na empresa “A”.

0123456789

pHA

cide

z(m

g)

Resíd

uos to

tais

(mg)

Sulfa

tos (m

g)Fe

rroto

tal (

mg)

Man

ganê

s (mg)

Cobre

(mg)

Zinco

(mg)

Alu

mín

io(m

g)

Efluente da empresa "B"

Efluente Bruto Efluente Tratado

Figura 26: Carga poluente do efluente gerado na empresa “B”.

Page 84: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

79

São geradas para cada tonelada de carvão produzidos, 1,42 tonelada de rejeitos

(R1, R2 em algumas empresas o R3 e resíduos sólidos) do total de resíduos 0,185 kg são

comercializadas conforme Figura 27. A geração de rejeitos é um dos aspectos ambientais

significativos da mineração. Estes rejeitos são depositados geralmente em áreas mineradas a

céu aberto pela mineração no passado, sendo que estas cavas devem ser devidamente

impermeabilizadas e após totalmente preenchida, faz-se a recuperação.

O uso da energia elétrica é usado para o acionamento das bombas e equipamentos,

cujos dados Figura 27 apontam um consumo de 9 kW por tonelada de ROM processados, e o

consumo de 0,00125 kg de óleo de pinho, usado na flotação.

0

2

4

6

8

10

12

DAM m³ Óleo depinho kg

Resíduos t Energia kW

Consumo e emissões para 1 t de carvão beneficiado

Empresa A

Empresa B

Figura 27: Comparativo de consumos e emissões entre empresa mineradora “A” e “B”, para processamento de 1 t de ROM.

A questão das emissões atmosféricas das empresas mineradoras não foram

quantificados neste trabalho devido à ausência de informações, no caso do CO2 não existe

legislação exigindo o valor permitido para emissão de CO2. Outros parâmetros como CO e

metano são monitorados para segurança dos trabalhadores, e estão dentro dos limites

permitidos por lei, porém não existe um controle de todas as máquinas que emitem poluentes

atmosféricos, sendo este um fator limitante do trabalho.

Page 85: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

80

7.3.4 Transporte

O carvão é transportado até o local de consumo por trens, o principal meio de

transporte. A linha férrea possui uma extensão de 164 km, que interligam o pólo carbonífero,

ao Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (Tractebel) e o Porto de Imbituba passando por 12

municípios do sul catarinense, de Imbituba a Siderópolis, interligando uma região cerâmica,

fabricante de equipamentos metais-mecânicos e de reservas carboníferas conforme mostra a

Figura 28.

Figura 28: Mapa de localização da malha ferroviária. Fonte: site FTC, (2007).

Após a lavra e o beneficiamento, o carvão é levado até as caixas de embarque

através de caminhões ilustrado na Figura 29, para carregarem os trens. Cada locomotiva

possui 18 vagões e carrega 59 toneladas cada vagão.

Page 86: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

81

Figura 29: Carregamento dos vagões do trem. Fonte: FTC (2007)

Depois de carregados todos os vagões, o carvão vai para o Complexo

Termelétrico Jorge Lacerda conforme mostra a Figura 30, para ser queimado e transformado

em energia elétrica. A empresa realiza o transporte anual de 2,5 milhões de toneladas de

carvão mineral produzido na bacia carbonífera.

De acordo com a Tabela 10, para cada tonelada de carvão que é transportado pela

ferrovia são consumidos 0,05 l de óleo diesel, e o consumo de matérias-primas como madeira

(eucalipto) 0,000042 m³ e brita 0,0001 m³ para manutenção dos trilhos.

Page 87: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

82

Figura 30: Carvão sendo transportado pelo trem através da malha ferroviária. Fonte: FTC, 2007.

Os aspectos ambientais associados a esta etapa compreendem, principalmente: a

geração de tráfego adicional em estradas em áreas urbanas, a geração de ruído, poeiras, o

consumo de combustíveis fósseis líquidos, graxas, lubrificantes, consumo de matérias-primas

como: madeira, brita para a manutenção dos trilhos da via férrea.

7.3.5 Termelétrica

Originalmente estatal ligada à Eletrosul, o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda

foi privatizada em 1999 passando a pertencer à empresa Tractebel Energia, parte do grupo

Suez Lyonesse des Eaux com sede em Bruxelas na Bélgica.

O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda está localizado em Capivari de Baixo, a

70 km de Criciúma e 135 km de Florianópolis. O município possui uma extensão de 46 km²

que recebe a BR – 101, entre a divisa do município de Tubarão e Laguna. O município possui

ainda um rio navegável que desemboca no Porto de Imbituba.

O CTJL possui uma área de 3 km², e a Figura 31 demonstra a vista parcial do

CTJL, o complexo é composto por 3 unidades, a UTLA com capacidade de geração de 232

Page 88: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

83

MW, a UTLB com 262 MW e a UTLC com 363 MW. O CTJL atende 35% do consumo do

estado de SC.

Figura 31: Vista geral do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda. Fonte: Tractebel, 2007.

O carvão que chega até a usina termelétrica através dos vagões é pesado numa

balança e descarregado pelos vagões do trem na moega que recebe o carvão e que é

conduzido por correias transportadoras até o pátio de armazenamento do carvão. Após

armazenamento o carvão é empilhado e misturado no pátio e levado por correias

transportadoras novamente até os moinhos, onde o carvão é moído até virar pó, desta forma o

aproveitamento térmico na fornalha é melhor.

Para a ignição da fornalha é utilizado óleo diesel e óleo tipo A, o pó de carvão é

injetado com ar através de dutos nas caldeiras para iniciar o processo de queima, gerando

assim a energia térmica que atinge 1200 ºC esta energia aquece a água dos tambores

transformando a água em vapor. Este vapor é encaminhado através de dutos em forma de

serpentina até as turbinas, o vapor então movimenta as turbina com temperatura de 540 ºC

produzindo assim a energia cinética. A energia cinética chega até um gerador que está

diretamente acoplado nos eixos das turbinas que induz uma tensão (voltagem) e uma corrente

elétrica que é conduzida até um transformador que passa para as torres de distribuição e assim

Page 89: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

84

pronto para o consumo. Após todos esses processos e transformações está gerada a energia

elétrica através do calor da queima do carvão energético.

A água que se transformou em vapor vai para um condensador e assim

encaminhad

Os gases e a fumaça antes de serem expelidos pela chaminé, passa por filtros para

retenção d

Gases de combustão

Turbina

Vapor

Carvão + Ar

Figura 32: Esquema básico da queima usina térmica.

De acordo com a Tabela 10 para a queima de 1 tonelada de carvão são gerados

0,34 tonela

Na etapa de combustão os principais aspectos ambientais referem-se às emissões

atmosférica

diferentes de metano (NMVOC), metano (CH4) e elementos-traços.

o para as torres de resfriamento para diminuir a temperatura da água retornando

novamente depois de resfriada para o processo de geração de energia elétrica, porém há uma

perda de 600m³/h de vapor.

as cinzas, evitando assim danos ao meio ambiente. Todo o processo está

esquematizado na Figura 32.

Atmosfera Sistema de Tratamento de Gases

Cinza de fundo

do carvão numa

das de cinzas leves retidas nos precipitadores eletrostáticos que são vendidas para

indústria cimenteira e 0,060 toneladas de cinzas pesadas que são conduzidas por dutos até as

bacias de decantação para posterior uso em recuperação de áreas degradadas.

s de dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), gases de enxofre

(SOx), gases de nitrogênio (NOx), óxido nitroso (N2O), compostos orgânicos voláteis

Resfriamento

eradorGCaldeira

Page 90: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

85

Conforme literatura pesquisada, alguns autores relatam que o volume e a natureza

destas emissões dependem de três fatores: as características do carvão (composição química,

poder calorífico e percentual de cinzas), o processo a ser empregado na combustão, e as

técnicas de

consumo de energia e água,

mão de obra.

remoção destes poluentes dos gases de combustão.

Outros aspectos referentes à etapa usina são: ruídos, resíduos, cinzas leves e

pesadas, altas temperaturas (vapor d’agua), efluentes líquidos,

Page 91: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

86

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O aumento do número de empresas e organizações brasileiras certificadas ou

eclaradas com sistemas de gestão ambiental deverá conduzir trabalhos por instrumentos de

gestão am

(empresa “A” e “B”) é possível identificar os pontos críticos de todo o processo desde a

extração at

nvolvidas em implantações ou

manutenções de sistemas de gestão ambiental em seus processos produtivos para atendimento

à legislação

e

processo que foram possíveis de entendimento in loco, e através deste entendimento fez-se a

descrição d

fluxos de entradas e saídas a fim de

compreender os principais aspectos e impactos associados a este produto. Foram identificadas

e quantific

ransformados para cada

tonelada produzida de carvão energético no caso das empresas de mineração, no transporte os

d

biental sistêmicos. Estes instrumentos cumprem um papel fundamental em

avaliações de desempenho ambiental através da ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida de um

produto, processos produtivos para interesses da empresa, do Estado e da sociedade.

Analisando o ciclo de vida do carvão energético entre duas empresas mineradoras

é o destino final e o produto. Um ponto fraco identificado é a quantidade de

rejeitos que uma tonelada de carvão produz, sendo que, para cada tonelada de carvão

produzidos 60% são rejeitos. O outro ponto franco desta ACV está relacionado ao consumo

de água em todos os processos. Tanto de extração, beneficiamento e uso do carvão. E também

a geração de efluentes líquidos que estas atividades geram.

As empresas mineradoras da região estão e

e por melhorias ambientais para garantir o mercado cada vez mais competitivo.

O primeiro passo para realização deste estudo foi à compreensão das etapas d

e todas as etapas envolvidas no ciclo de vida, desde a extração do carvão até o uso

final do carvão energético CE 4500. Foram descritas as etapas de extração, beneficiamento,

transporte e usina termelétrica.

Através da visão macro observa-se todos os

adas as principais variáveis envolvidas em todos os processos de produção do

carvão, demonstradas através de análise e compilação de inventário.

Os dados coletados de entradas e saídas foram todos t

Page 92: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

87

dados foram

eneficiamento pois cada empresa

possui suas particularidades e trabalha com fluxogramas diferentes para o beneficiamento do

carvão.

Estima-se que para cada tonelada de ROM extraído são gerados em média 1,5 m³

de drenagem ácida, e é necessário o consumo de 0,15 kg de explosivos, 0,08 kg de óleo diesel

(densidade

dos efluentes das duas mineradoras são típicos de DAM (

drenagem ácida de mina), baixo pH, metais dissolvidos, acidez alta, sulfatos e sólidos totais.

E para aten

A escolha de somente duas empresas foi devido ao fato de que para inclusão de

todas as dez empresas carboníferas da região que fornecem carvão para geração de energia

elétrica, ser

eria necessário um prazo maior de tempo para

coleta de todas as informações possíveis, inclusive o uso final das cinzas leves na indústria

cimenteira,

A ferramenta ACV para produtos, serviços ou processos ainda encontra-se em

estágio de desenvolvimento inicial relacionado à sua praticidade e custos. A coleta de dados é

complexa e

transformados por cada tonelada de carvão transportado e na usina os dados

forma transformados para cada MW de energia produzida.

Não foi apresentado fluxograma da etapa de b

= 0,9) e 4,54 kW de energia. Além de madeiras e parafusos para escoramento de

teto, áreas de apoio (borracharia, manutenção, escritórios etc...) e mão de obra, que não foram

contabilizados neste estudo.

As características

dimento da legislação as duas empresas tratam seus efluentes gerados na produção

do carvão.

ia necessário um prazo maior de tempo. E para um detalhamento melhor de todas

as atividades envolvidas e porque cada empresa possui suas particularidades em seus

processos e os dados não estão sistematizados.

Para intensificação desta pesquisa s

fornecendo dados necessários para utilização subseqüente de uma rotulagem

ambiental.

cara. A coleta de dados durante o estudo baseou-se nos dados fornecidos pelos

técnicos das mineradoras.

Page 93: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

88

A inclusão do transporte de caminhão até as caixas de embarque, não foram

consideradas neste trabalho.

Recomenda-se outros trabalhos incluindo as emissões atmosféricas envolvidas em

todas as etapas do processo da mineração, transporte e usina.

Recomenda-se um detalhamento maior da usina termelétrica de todas as entradas

e saídas, para comparar com outras fontes geradoras de energia elétrica com, hidroelétricas,

nuclear, a gás natural, petróleo, e outras fontes alternativas e a inclusão de mais empresas

mineradoras para um detalhamento maior da atividade de extração e beneficiamento.

Para um melhor entendimento das emissões e consumo recomenda-se fazer um

inventário detalhado para a termoelétrica e comparar com outros fontes de energia

(hidroelétrica, nuclear, gás natural e outras fontes alternativas de geração de energia).

Page 94: Avaliação Do Ciclo de Vida Do Carvão Energético

89

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