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AVALIAÇÃO E SUA PRÁTICA NO DIA A DIA DAS ESCOLAS PÚBLICAS
Autor: Eliana Mara Sanches 1
Orientador: Sandra Regina dos Reis Rampazzo2
RESUMO:
Uma análise mais aprofundada sobre a avaliação da aprendizagem escolar permite-nos constar que ainda há pouca preocupação sobre como estão sendo elaborados os instrumentos de avaliação. Acreditamos que a avaliação não pode ser deixada de lado pelos professores em especial a prova, que ainda é o instrumento mais utilizado para avaliar, sendo relevante estudos sobre a temática, a fim de responder a questões sobre como os professores elaboram suas provas, com o fim de avaliar os conteúdos trabalhados em sala de aula, o que fazem para tornar a prova um processo menos desgastante para alunos e professor e o que é apresentado no Projeto Político Pedagógico que torna a avaliação determinante para a qualidade do ensino. Para responder aos questionamentos, realizamos um estudo que teve como objetivo analisar a elaboração das provas nas diversas disciplinas das séries finais do ensino fundamental e propor subsídios para elaboração de um instrumento mais adequado e coerente com o conteúdo, forma de trabalho e realidade escolar. Para responder aos questionamentos foi realizado um trabalho de pesquisa-ação, que partiu de um estudo teórico fundamentado sobre a temática da avaliação da aprendizagem escolar e os instrumentos avaliativos, que culminou com uma implementação nas séries finais do ensino fundamental do Colégio Estadual Papa Paulo VI – E.F.M., de Nova América da Colina. Esperamos com esse trabalho, contribuir com os professores no sentido de subsidiar as reflexões acerca do seu processo avaliativo.
Palavras-chave:avaliação da aprendizagem; instrumentos de avaliação; prova;
1 Professora QPM da Rede Pública do Estado do Paraná, do COLÉGIO ESTADUAL PAPA PAULO VI
– E.F.M de NOVA AMÉRICA DA COLINA.2 Professora orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional, UENP -.Mestre em Educação Pela UEL - PR.
1. INTRODUÇÃO
A avaliação é parte fundamental no processo do ensino e da aprendizagem,
considerando que deveria constituir um ato de reflexão constante do educador, uma
vez que define o que foi aprendido, o que se deve aprender e como essa
aprendizagem pode ser eficaz para o educando.
Percebemos que existe um consenso geral em relação à importância do ato
de avaliar. No entanto uma analise mais detalhada sobre o assunto, permitiu verificar
que em muitos casos há pouca preocupação de como está sendo elaborados os
instrumentos de avaliação. São frequentes os descuidos relacionados com a
inclusão dos objetivos estabelecidos, também é comum encontrarmos questões
extremamente difíceis ou totalmente óbvias, outras vezes aparecem falhas técnicas
na elaboração das questões.
Considerando a avaliação como um processo contínuo e parte integrante do
trabalho educativo presente em todas as fases do ensino e da aprendizagem, é
entendida como um processo participativo em que o grupo envolvido, não só julga a
prática pedagógica em diversos níveis, como também busca criticamente
alternativas para modificação desta prática, na tentativa de solucionar os problemas
detectados.
Partindo do pressuposto que as dificuldades de avaliar vão além da relação
professor-aluno e atinge a todos na esfera educacional, acreditamos que a avaliação
não pode ser deixada de lado pelos professores em especial a prova, que ainda é o
instrumento mais utilizado para avaliar. Cremos que se torna relevante investigar
essa prática, partindo do seguinte questionamento: como os professores das
diversas disciplinas do Colégio Estadual Papa Paulo VI – E.F.M. elaboram suas
provas, com o fim de avaliar os conteúdos trabalhados em sala de aula? Como
envolver a todos de forma que a prova se torne um processo menos desgastante
para alunos e professor? O que é apresentado no Projeto Político Pedagógico que
torna a avaliação determinante para a qualidade do ensino?
Para responder aos questionamentos foi realizado um trabalho de pesquisa-
ação, que partiu de um estudo teórico fundamentado sobre a temática da avaliação
da aprendizagem escolar e os instrumentos avaliativos, que culminou com uma
implementação nas séries finais do ensino fundamental do Colégio Estadual Papa
Paulo VI – E.F.M., de São Sebastião da Amoreira.
Esse estudo teve como propósito analisar a elaboração das provas nas
diversas disciplinas das séries finais do ensino fundamental do Colégio Estadual
Papa Paulo VI – E.F.M. e propor subsídios para elaboração de um instrumento mais
adequado e coerente com o conteúdo, forma de trabalho e realidade escolar.
A partir dos objetivos propostos desenvolvemos a implementação que
envolveu o levantamento dos instrumentos de avaliação, análise de modelos de
provas, depoimento dos professores e leitura informativa sobre o tema.
Esperamos com esse trabalho, contribuir com os professores no sentido de
subsidiar as reflexões acerca do seu processo avaliativo. Temos clareza que esse
estudo não esgota o assunto. Porém, serve como mais um provocativo da
necessidade de envolvermos mudanças e de buscarmos ações que possibilitem
essas mudanças.
2. A AVALIAÇÃO NO CONTEXTO LEGAL DA EDUCAÇÃO
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, preconiza
que a avaliação privilegie os aspectos qualitativos, que seja realizada de forma
continua e cumulativa, que possibilite o avanço do aluno e a aceleração para os que
tiverem atraso e que sejam efetuadas formas de recuperação, preferencialmente
paralela. Assim, a lei prevê uma postura diferente do professor frente ao processo
avaliativo. Segundo o Art. 24, Inciso V, a verificação do rendimento:
“Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns.”V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre dos eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;
De acordo com a LDBN, Lei 9394/96 a avaliação deve ser contínua e
cumulativa, que compreenda o desenvolvimento do aluno em toda sua
complexidade e ao mesmo tempo possibilite a ele oportunidade de prosseguir seu
estudo. È direito do aluno e dever da escolar fazer com que a avaliação seja uma
oportunidade para a aprendizagem.
2.1 O ato de avaliar
A avaliação é, por vezes usada como instrumento de poder e controle tanto
por parte da escola, como legitimação de sua própria existência, como forma de
controle do trabalho docente, como controle da disciplina, como forma de coerção
para os alunos reproduzir a ideologia do que lhe é transmitido.
Precisamos rever o ato de avaliar, sendo necessário perguntar como
estamos avaliando nossos alunos e se essa avaliação está sendo útil para que o
processo de ensino e da aprendizagem aconteça.
Verificamos nas últimas décadas uma grande discussão sobre o assunto,
culminando com mudanças mais significativas no conceito da prática da avaliação.
Entretanto ela ainda é usada como instrumento de poder.
Muitas vezes, o professor investe suas energias e potencialidade no controle
do que é transmitido, a partir de conteúdos desvinculados da realidade, de
metodologia e da espera do amadurecimento do aluno.
Para que se efetive uma mudança de avaliação, conforme os novos
paradigmas torna-se necessário que o educador mude sua postura frente à
avaliação propriamente dita, frente à educação e à sociedade.
Os problemas só podem ser enfrentados depois da conscientização e da
revisão da pratica avaliativa. Caso contrário, vai permanecer a mesma situação, isto
é, o professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende.
O que é necessário para a transformação de realidade? Antes de tudo é necessário o querer, o desejar, o compromisso efetivo, enfim a vontade política. Muitos sujeitos querem a mudança desde que não precisem
mudar... mas, se queremos ter os pés no chão, isto não basta. Outra questão precisa ser colocada, é possível a transformação da avaliação escolar? (VASCONCELLOS, 2006 p. 23).
Vasconcelos leva-nos a refletir o que e como mudar a prática da avaliação, a
necessidade de analisar a realidade, e quais as reais possibilidades de mudança,
como envolver os profissionais da educação para juntos buscarem estratégias que
possa tornar a avaliação eficaz e que cumpra seu verdadeiro papel que é detectar
as dificuldades e fazer com que a aprendizagem acontece.
Para Luckesi, (2005 p. 166), a avaliação da aprendizagem necessita assumir
a função de subsidiar a construção da aprendizagem bem sucedida, para cumprir
seus verdadeiros significados.
Para melhor entender o papel da avaliação, precisamos compreendê-la
como um processo contínuo de investigação, que visa a analisar e interpretar os
conhecimentos, atitudes e habilidades dos alunos, tendo em vista as mudanças
esperadas no comportamento, propostos nos objetivos da escola, a fim de que haja
condições de decidir sobre alternativas no planejamento do trabalho do professor e
da escola como um todo.
O professor deve estar sempre investigando as melhores situações de
avaliação, as mais eficientes formas de coleta e sistematização de dados, sua
compreensão e utilização, para dar um cunho experimental e político ao seu
trabalho.
Ao planejar o ensino, o professor levanta os objetivos que deseja que o
aluno alcance, isto é, os comportamentos que os alunos devem adquirir ou formar
durante o processo de aprendizagem. A avaliação tema afunção de explicitar se os
objetivos foram atingidos. O professor deve ter, portanto, visão clara e precisa dos
objetivos que quer alcançar, não só para que isso possa orientar a aprendizagem
com segurança, como também possa elaborar instrumentos de medida que
realmente avaliem aquilo que se estabeleceu como meta e orientou a direção da
aprendizagem dos alunos.
Os objetivos do ensino e, consequentemente, os objetivos que serão
avaliados, devem ter como principio básico o aluno em sua totalidade.
O professor, ao avaliar, devera ter em vista o desenvolvimento integral do aluno. Assim comparando os resultados obtidos, ao final, como sondagem inicial, observando o esforço do aluno de acordo com suas condições
permanentes e temporárias, constará o que ele alcançou e quais as suas possibilidades para um trabalho futuro. (SANT’ANNA, 1995 p. 24).
Deve-se também, levar em conta que não existe um mesmo ponto de
partida, pois cada aluno tem seu próprio processo de apropriação e esse, deve ser
respeitado.
2.2. Alguns momentos da história da avaliação
Faz parte a ação humana avaliar, julgar e, até mesmo para que ele possa
compreender seu meio. Na história da humanidade podemos perceber isto, quando
a mesma determina o que é certo e o que é errado em sua concepção, deixando à
margem, aqueles que não são considerados aptos a fazerem parte de um grupo
seleto da sociedade. As primeiras ideias sobre avaliação tinham cunho de medida,
pois determinavam à extensão, o grau do trabalho do aluno. Tinham por base um
sistema de unidades convencionais e seus resultados eram expressos em número,
resultante de testagem, a partir da verificação do desempenho discente, por meio de
situações previamente organizadas.
Na idade antiga, e algumas triboi ainda hoje, submetem seus jovens a testes
relacionados com a sua cultura para realizar provas, para que possam se tornar
adultos e integrantes do grupo.
Segundo Depresbiteris, (1989, p. 5), outro exemplo de avaliação, em 2025 A.
C., o grande imperador chinês Shun, examinava seus oficiais a cada três anos, com
fim de promoção ou demissão, tendo como propósito principal, prover o estado com
homens capacitados.
Na sociedade contemporânea, o homem se encontra em um impasse,
interfere na natureza e domina a produção, porém não consegue apresentar um
novo método de análise avaliativa. É nesse contexto que a escola se insere com o
drama de ter que escolher propósitos, currículos, conteúdos e avaliações
adequadas.
Desta forma a avaliação passou pela valorização do saber enciclopédico, do
saber experimental, do saber gerencial, administrativo didático e até na apologia do
não saber, do participar.
Uma revisão histórica mais específica aponta o desenvolvimento de uma
ciência chamada docimologia em países com ao França e Portugal. É a ciência do
estudo sistemático dos exames, em particular do sistema de atribuição de notas e
dos comportamentos dos examinadores e examinados.
Verifica-se, tomando por base as obras de Pierón (1969), que a investigação
docimológica teve início com os estudos de Pierón e Lauzier, que evidenciaram a
instabilidade das avaliações, o que se refere às diferenças inter e intra-individuais e
à precisão dos testes. Seus primeiros estudos basearam-se na aplicação de seis
testes de aptidão em alunos das quatro primeiras series do ensino fundamental. Os
resultados forma comparados com as classificações realizadas no decorrer e no final
do ano letivo e divergiam entre si. Com isso, os autores colocaram em discussão o
papel do exame como fator eliminatório decisivo para a classificação do aluno.
Portanto, a docimologia surgiu como crítica à extrema confiança nos métodos
tradicionais utilizados, com o objetivo de seleção em exames e concursos.
A clássica enfatizava os aperfeiçoamentos das técnicas de construção dos
instrumentos de avaliação e de análise dos resultados. A experimental centrava-se
na avaliação como um comportamento, procurando determinar experimentalmente,
os mecanismos intervenientes na decisão avaliativa, como: reação dos aplicadores,
reação dos submetidos aos exames, discrepância entre situações de exame e
critérios de aplicadores.
Com isso, percebe-se que durante as primeiras décadas do século XX a
maior parte das atividades realizadas com caráter de avaliação educacional formal
estava associada á aplicação de testes, imprimindo, assim, um caráter instrumental
ao processo avaliativo.
Por volta de 1950, Ralph Tyler defendeu a inclusão de uma variedade de
procedimentos avaliativos: testes, escala de atitudes, inventários, questionários,
fichas de registro, entre outros, visando coletar evidências sobre o rendimento dos
alunos e se está ocorrendo mudança de comportamento diante do que está sendo
aprendido.
2.3. Funções e Modalidades da Avaliação
É possível observar três diferentes modalidades da avaliação: diagnóstica,
formativa e somativa, e o que diferencia uma da outra é como elas serão utilizadas,
com que objetivo ou finalidade, e deste modo acompanhar o processo de ensino.
A avaliação diagnóstica permite identificar dificuldades dos alunos e atuação
do professor que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensino
para melhor cumprir as exigências dos objetivos. Na prática escolar cotidiana, é
muito importante porque possibilita a avaliação do cumprimento da função
pedagógico-didática e dá sentido pedagógico. Ela ocorre no inicio, durante e no final
do desenvolvimento das aulas ou unidades. Ela tem a função de apresentar as
condições prévias dos alunos de modo a prepará-los para o estudo do novo
conteúdo.
Para sua realização o professor pode utilizar diversos instrumentos de
acordo com a criatividade, a sensibilidade e os recursos disponíveis.
A avaliação formativa
É realizada com o propósito de informar o professor e o aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o desenvolvimento das atividades escolares. Localiza deficiências na organização do ensino-aprendizagem, de modo a possibilitar reformulações no mesmo e assegurar o alcance dos objetivos (SANT’ANNA, 1995, p, 34).
Busca, basicamente, identificar insuficiências principais em aprendizagens
iniciais, necessárias à realização de outras aprendizagens. Providencia elementos
para, de maneira direta, orientar a organização do ensino–aprendizagem em etapas
de aprendizagem corretiva e terapêutica. Nesse sentido, deve ocorrer
frequentemente durante o processo de ensino–aprendizagem, pois, é formativa no
sentido de que indica como os alunos estão se modificando em direção aos
objetivos desejados.
Essa forma de avaliar impede os efeitos indesejáveis que ocorrem com
facilidade como conseqüência de julgamentos subjetivos, como o sentimento de
fracasso escolar, maior motivação para tirar uma boa nota do que apara aprender, e
a perda de autoestima e autoconfiança que muitos alunos carregam penosamente,
ao longo da vida escolar.
Para que se processe essa avaliação, faz-se necessário, selecionar
objetivos e conteúdos e distribuí-los em pequenas unidades de ensino; formular
objetivos em termos de comportamento observável; ter como referência um quadro
ou esquema teórico, que facilite a identificação precisa de áreas de dificuldades ou
insuficiências; valer de feedback freqüente, corrigindo erros ou reforçando
comportamentos bem sucedidos e selecionar alternativas corretivas de ensino-
aprendizagem, destinadas a sanar de modo especifico a insuficiência constatada.
A avaliação somativa consiste no processo de descrição e julgamento para
avaliar os alunos no final da unidade, bimestre ou curso, segundo níveis de
aproveitamento, expressos em notas ou conceitos. Dirige-se para uma avaliação
geral do grau em que os resultados mais amplos foram obtidos. Requer a definição
de objetivos e procedimentos de medida.
A avaliação diagnóstica está estreitamente vinculada às demais e é, ao
mesmo tempo, distinta, pois, quando realizada antes da instrução depende muito
dos resultados da avaliação somativa.
Embora a avaliação formativa possa ser empregada como a somativa e a
diagnóstica, a questão fundamental que a primeira envolve é determinar se o aluno
domina gradativamente e hierarquicamente cada etapa da instrução. Procedimentos
de ensino necessitam ser desenvolvidos de modo adequado e preciso.
A avaliação diagnóstica contribui para a avaliação formativa na medida em
que facilita a discriminação das dificuldades do aluno e do grupo. Ela se constitui
numa etapa inicial da avaliação formativa.
Tanto a avaliação formativa como a diagnóstica podem contribuir para a
avaliação somativa. Isso ocorre quando o professor, durante o desenvolvimento do
ensino-aprendizagem, se vale dos recursos das duas primeiras, empregando ao final
a somativa.
A principal função da avaliação é definida como um processo de delinear,
obter e fornecer informações úteis ao julgamento das alternativas de decisões, tendo
como base atividade contínuas que incluem métodos e técnicas, envolvendo várias
operações e passos sucessivos e que podem ser repetidos de forma interativa,
identificando informações solicitadas, através do exame das alternativas de decisões
e dos critérios a serem aplicados, tornando essas informações disponíveis através
da coleta, organização e análise dos dados, utilizando-se de formas de medição,
processamento de dados e análise estatística, organizar e agrupar as informações
em sistemas que possam melhor servir.
Os propósitos da avaliação com dados descritivos e interpretativos sobre os
programas, os alunos, os materiais instrucionais e seu relacionamento em função de
algum propósito, devem ser úteis e satisfazer alguns critérios científicos, tais como:
validade, confiabilidade e importância.
Conforme Sant’anna (1995 p.37), um programa de avaliação se constitui
funções gerais e específicas.
São funções gerais da avaliação:• Fornecer as bases para o planejamento;• Possibilitar a seleção e a classificação de pessoal (professores, alunos,
especialistas, etc.);• Ajustar políticas e práticas curriculares.
São funções específicas da avaliação:• Facilitar o diagnóstico;• Melhorar a aprendizagem e o ensino (controle);• Estabelecer situações individuais de aprendizagem;• Interpretar os resultados;• Promover, agrupar alunos (classificação). (SANT’ANNA, 1995 p.37).
2.4 Instrumentos de Avaliação
Instrumentos de avaliação são os recursos utilizados para se obter
informações desejadas sobre o rendimento do aluno e traduz dados que possibilitam
inferir quando não há aprendizagem.
A diversidade de instrumentos de avaliação e estratégia mais segura para obter informações a respeito dos processos de aprendizagem é fundamental a utilização de diversos códigos, como o oral, o escrito, o gráfico, o pictórico, o numérico, além da prova e do teste, podem-se acrescentar a observação sistemática (através de registros em tabelas, listas de controle, diário de classe, etc.) e analise das produções dos alunos. (MEC. 1997).
O professor tem, ao seu dispor, uma grande variedade de instrumentos para
determinar o nível de desempenho apresentados pelos alunos, em função dos
objetivos propostos. Porém, é necessário utilizar instrumentos que propiciem dados
corretos e para tanto, torna-se necessário definir bem o que se quer avaliar e
selecionar o instrumento utilizado para coleta de dados coerente, pois são eles, os
objetivos, que nos auxiliarão na análise e definição das formas mais apropriadas de
montar as questões.
O conteúdo explicitado do objetivo nos dá pistas para elaboração do
instrumento. Se o pretendido é a memorização de determinados aspectos, cabe
montagem de questões que verifiquem a memorização. Se o que se pretende é a
compreensão, ou análise, ou resolução de problemas, então as questões a serem
propostas, deve-se avaliar este tipo de operação de pensamento, ou seja, deve-se
avaliar o que foi efetivamente trabalhado em sala de aula.
É preciso que os alunos encontrem nos instrumentos de avaliação questões,
exercícios, do tipo dos realizados em classe, tanto no que se refere ao enunciado,
quanto ao objeto de estudo efetivado. Ou seja, a metodologia utilizada em aula deve
ser a mesma a ser utilizada na elaboração da avaliação. Por isso, podemos dizer
que a forma como avaliamos, incluindo os instrumentos de avaliação é reflexo de
nossa prática docente. Se olharmos hoje os instrumentos de avaliação que
utilizamos nos últimos tempos, teremos uma espécie de espelho de nossos
objetivos, dos conteúdos e da metodologia que utilizamos em nossa prática.
Certamente quanto mais adequadamente utilizarmos os instrumentos, mais
autêntico é detectar as dificuldades da aprendizagem. Por isso todos os recursos
disponíveis de avaliação devem ser utilizados para obtenção de dados mais
fidedignos.
A caracterização de alguns instrumentos segundo, Sant’Anna (1995, p.87):
• Conselho de classe procura demonstrar o perfil do aluno e do meio em que ele está envolvido.
• Pré-teste tem o objetivo diagnosticar o que o aluno já sabe, para construir novos conhecimentos.
• Avaliação cooperativa, todos os envolvidos contribuem com o que sabe.• Observação verifica o ajustamento do aluno em situaçõe4s que
envolvem relações sociais e detecta hábitos e aptidões operacionais. Requer certo treinamento para não rotular os alunos.
• Inquirição, proveitoso para averiguar as mudanças que ocorrem nas atitudes e interesses dos alunos. Permite a capacidade reflexiva e critica referente ao tema abordado.Relatório é o registro das atividades realizadas. (SANT’ANNA 1995, p.87):
2.6 A Prova como Instrumento de Avaliação
Vasconcellos (2006 p.31) leva-nos à reflexão sobre, “como preparar um
instrumento que possa medir adequadamente, como avaliar tal comportamento
curricular, como dimensionar o tempo, que peso dar as notas bimestrais.”.
Partimos desse questionamento para buscarmos alternativas que nos dê um
direcionamento que, ao avaliar não sejam estabelecidos critérios que não levam a
aprendizagem.
A prova é uma das formas de avaliar. No entanto percebe-se que ela é o
principal instrumento de muitos professores, que a usam como meio de aprovar ou
reprovar, ficando mais preocupado com a nota do que com a aprendizagem. Quando
essa prática ocorre, a avaliação torna-se classificatória, propiciando sua
fragmentação, o que ocasiona à perda do sentido deste processo e da dinâmica do
ensino e da aprendizagem.
Dependendo da forma como são elaboradas as provas, ou testes, de como são aplicadas, do ambiente, do estado emocional dos alunos ou do professor, de como os alunos são solicitados a participar, do julgamento do professor, se constituirão numa arma altamente nociva. Quando aplicadas de forma contínua, com feedbacks permanentes, com caráter incentivador de etapas vencidas e indicador de novos horizontes ou de novas portas abertas, se revestem de um estímulo para concretização do conhecimento e auto-realização dos envolvidos no processo. (SANT’ANNA. 1995, p.10).
Entretanto, quando prova é utilizada no processo avaliativo como fonte de
estímulo para o progresso, como indicador para mudança de comportamento diante
do conhecimento, quando o aluno consegue compreender seus erros e transformá-
los em acertos, a prova passa a ser um instrumento útil para o ensino e à
aprendizagem.
Faz-se necessário, antes de se aplicar uma prova, identificar quais as
dificuldades do estudante, o que precisa ser retomado, o professor deve ter um olhar
reflexivo quando faz a correção de uma avaliação, tem que ter em mente que é ele
que conduz a aprendizagem, e o sucesso de seu educando vai depender muito de
sua dedicação e seu compromisso com o ensino e a aprendizagem e que, com isso,
se evidencia a necessidade do relacionamento entre educando e educador ser de
entrosamento, que eles tenham uma boa relação interpessoal. Porém, muitos se
utilizam da prova papa fazer ameaças ao aluno. Desta forma, Sant’Anna (1995,
p.14) esclarece:
A avaliação dos resultados imediatos da aprendizagem deve ser expressa, segundo nossa reflexão critica, por palavras que expressam amor, fé, incentivo, coragem e não de rótulos, agressões, muros, grilhões, prisões que impeçam o individuo de continuar aprendendo, criando realizando, realizando-se. (SANT’ANNA, 1995, p.14)
Segundo Moretto (2010 p. 36), o conhecimento de diferentes instrumentos
para a avaliação e da melhor forma de utiliza-los é um dos recursos de que o
professor competente deve dispor.
Avaliar a aprendizagem tem sentido amplo. A avaliação é feita de formas diversas, com instrumentos variados, sendo o mais comum deles, em nossa cultura, a prova escrita. Por esse motivo, em lugar de apregoarmos os malefícios da prova e levantarmos a bandeira de uma avaliação sem provas, procuramos seguir este princípio: se tivermos de elaborar provas, que sejam bem-feitas, atingindo seu real objetivo, que é verificar se ouve aprendizagem significativa de conteúdos relevantes (MORETTO, 2010 p.118).
O autor ressalta que a prova é um instrumento útil e podemos usá-la de
maneira que, realmente possamos avaliar se houve aprendizagem, desde que esteja
coerente com a forma de ensinar.
Moretto (2010 p.119) propõe alguns princípios que sustenta a concepção de
avaliação da aprendizagem:
• A aprendizagem é um processo interior ao aluno, ao qual temos acesso por meio de indicadores externos.• Os indicadores (palavras, gestos, figuras, textos) são interpretados pelo professor, e nem sempre a interpretação corresponde fielmente ao que o aluno pensa.• O conhecimento é um conjunto de relações estabelecidas entre os componentes de um universo simbólico.
• O conhecimento construído significativamente é estável e estruturado.• O conhecimento mecanicamente é instável e isolado.• A avaliação da aprendizagem é um momento privilegiado de estudo e não um acerto de contas. (MORETTO, 2010, P.119)
Apresenta ainda, algumas sugestões para elaboração de provas:
• Elaborar bem as questões das provas precisa-se ter coerência na pergunta, saber definir o que realmente é importante.• Administrar valores culturais ligados á avaliação, deve-se contextualizar as questões da avaliação com a vivência do aluno.• Utilizar linguagem clara e precisa para o comando das questões, não deixar dúvidas no enunciado, assim o aluno saberá qual a resposta esperada pelo professor.• Criar ambiente favorável para o controle das emoções; o aluno tem que estar tranquilo no momento da prova (MORETTO, 2010 p.119).
2. OS PROFESSORES E OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Para a realização desse estudo, foi feita uma pesquisa-ação, que culminou
com uma Implementação no Colégio Estadual Papa Paulo VI – E.F.M., com 16
professores do Ensino Fundamental, séries finais. Esta implementação teve como
objetivo compreender como os professores da referida escola, estão avaliando seus
alunos e com e com que finalidade essa avaliação está sendo aplicada.
Na implementação foram realizadas entrevistas para diagnosticar se a prova
era o único instrumento de avaliação dos professores ou se eles usavam outros
instrumentos e quais eram, quais seus critérios em relação de como fazer uma
prova, com que objetivo as provas eram aplicadas e como eles faziam o feedback.
Após analisarmos junto com os professores os modelos de provas utilizados
por eles, procuramos através de analise de textos de diversos autores que escreve
sobre o tema, propor subsídios para formular questões de provas, adequando-as
aos conteúdos, forma de trabalho em sala e realidade da turma.
Também solicitamos aos professores que faziam parte da implementação,
que relatassem algumas experiências positivas e negativas quanto à aplicação de
prova no decorrer de sua vida profissional, e entre os relatos selecionamos alguns,
que são nominados por letras.
Professora A
Por muito tempo ao aplicar provas, fazia terrorismo com os alunos, colocando-os em fila, e ameaçando o tempo todo, que a qualquer movimento tomaria a prova e a nota seria zero. Os alunos ficavam apavorados e as notas na maioria das vezes, abaixo da média. Hoje percebo o quanto errei e o que realmente importa é entender o que não foi aprendido para poder ser ensinado.
Podemos observar pelo depoimento da professora que tinha uma postura
frente à avaliação tradicional. Sua principal preocupação era medir o conhecimento,
sendo a nota seria o mais importante. Mas, ela pode perceber através de sua
vivência, experiências e estudos, que a avaliação vai mais além do que uma simples
prova, ela serve para rever sua prática e ensinar aquilo que o aluno não conseguiu
aprender.
Professora B
No início de minha carreira como educadora espelhei-me em alguns professores que tive no decorrer da minha vida acadêmica, e o pior que foi nos mais tradicionais. Chegava à sala de aula, aplicava a prova e depois da correção mostrava a cada aluno seu erro, chamava a atenção, fazia uma piada e elogiava os que conseguiram se sair bem, aqueles que conseguiram “decorar” todo o conteúdo. Um dia ao fazer as criticas das provas na sala de aula, a um aluno muito tímido que sentava no fundo da sala, ele me disse “desculpe professora eu não consegui aprender”, me senti tão pequena e percebi que precisa mudar minha prática e minha postura frente meus alunos. E isso ficou bem mais fácil após o conhecimento adquirido na implementação feita aqui na escola.
Professora C
Uso de diversos instrumentos para avaliar meus alunos. Mas procuro mostrar que estou avaliando para rever o conteúdo que não foi aprendido. Busco motivá-los a estudar e estimulo procurarem novos conhecimentos, que o importante não é a nota em si e sim o que ele é capaz de aprender e de aplicar em seu cotidiano.
Professora D
Costumo levar meus alunos a refletirem sobre o que eles estão aprendendo e para avalia-los, levo-os a prepararem aulas junto comigo e depois eles expõem usando de vários recursos, as aulas tornam-se mais interessantes e a aprendizagem se concretiza.
As experiências aqui relatadas mostram que o professor pode fazer a
diferença na vida dos alunos, quando se propõe a avaliar de forma coerente e
assumindo o compromisso de levar o aluno a aprender. Devemos ter em mente que
a avaliação não pode ser um instrumento de poder e de ameaça, mas sim um
instrumento de conhecimento e de diagnóstico da situação do aluno que necessita
de ajuda suplementar além das aulas que já foram dadas.
Em nosso levantamento sobre o uso da prova como instrumento de
avaliação, percebemos que todos os professores entrevistados utilizam-se da prova,
a entrevista também serviu para a compreensão sobre como formulavam suas
provas, com que objetivo e quais as consequências para o ensino e para a
aprendizagem.
Podemos constatar que a prova mesmo bem elaborada, pode ainda tem um
aspecto de mensuração, tendo em vista a ênfase que muitos professores dão em
relação à nota. Também encontramos professores que aplicam a mesma prova, caso
o aluno necessite de recuperação, não houve um retorno para que a aprendizagem
acontecesse, o objetivo era obter uma nota melhor.
A partir dessa análise, verificamos que a prática avaliativa não pode se focar
apenas nos instrumentos, pois eles são necessários, mas devemos considerar ainda
o que fazer com as respostas que eles nos trazem.
A implementação na escola foi de grande contribuição para os professores
do Ensino Fundamental, que puderam refletir sobre sua prática em relação à
avaliação e principalmente aos instrumentos utilizados, para que sejam
acompanhados de estrutura adequada, para compreensão das necessidades dos
alunos.
Esta implementação teve como fim, chamar a atenção dos professores para
a necessidade de superação da avaliação escolar ou da aprendizagem focada em
preparar alunos para fazerem vestibulares ou passar em concursos. É preciso que
pensem a avaliação como elemento necessário para melhorar a qualidade do ensino
e da aprendizagem.
Constamos pelos depoimentos, que houve mudança de comportamento dos
professores, frente ao tema abordado. Eles propuseram rever a forma de trabalho
atual em face aos critérios estabelecidos coletivamente, com compromisso de
estarem fazendo novas reflexões, buscando conhecimentos, metodologias
diferenciadas, para dar novos rumos à avaliação.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho procuramos refletir criticamente a avaliação dentro do
processo educacional, na tentativa de entendermos como as provas são trabalhadas
no cotidiano escolar e seus efeitos para a formação do educando. Em um segundo
momento analisamos com um grupo de professores, vários autores com diferentes
opiniões sobre como avaliar e a prova em seus aspectos positivos e negativos
diante dos desafios educacionais contemporâneos. Desta forma, levamos o
professor identificar as diferentes formas de elaborar provas e sua importância para
busca de novos conhecimentos.
Essa reflexão nos levou ao entendimento mais explicito sobre o papel da
avaliação como parte do processo de ensino e da aprendizagem. Conforme nos fala
Sant’Anna (1995, p.31), “a avaliação é um processo pelo qual se procura identificar,
aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do
aluno, do educador, do sistema, confirmando-se a construção do conhecimento”.
Porém, entendemos que apenas iniciamos esta reflexão em torno dos
desafios que a avaliação provoca. Precisamos desenvolver um trabalho efetivo
contemplando todos os envolvidos com a educação e propondo práticas
pedagógicas e instrumentos avaliativos que levem o educando a aprendizagem
efetiva.
REFERÊNCIAS
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________,. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 20 dez.1996.
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LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. 17 ed. São Paulo: Cortez, 2005.
________, Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 1995.
MORETTO, V. P.. Prova: um momento privilegiado de estudo – não um acerto de contas. 9ª ed. Rio de Janeiro: DP&A. 2003.
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SANT’ANNA, I.M. Por que avaliar? Como avaliar?: Critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995
SEED. (DCE) Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná. 2007.
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TYLER. R. W. Princípios básicos de currículo e ensino. Porto Alegre, Editora Globo, 1975.