Avaliação Experimental de Superfícies Na Redução Do Escoamento Superficial Direto

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    Universidade Federal de Mato Grosso

    Instituto de Ciências Exatas e da Terra

    Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos

    Avaliação Experimental de Superfícies na redução do Escoamento Superficial

    Direto

    Leandro Obadowiski Bruno

    Cuiabá2011 

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    FICHA CATALOGR FICA

    B898a Bruno, Leandro Obadowiski.Avaliação experimental de superfícies na redução do escoamento superficial

    direto / Leandro Obadowiski Bruno. –  2011.xvi, 76 f. : il. color.

    Orientador: Prof. Dr. Alexandre Silveira.Co-orientador: Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim.Dissertação (mestrado)  –  Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de

    Ciências Exatas e da Terra, Pós-Graduação em Recursos Hídricos, 2011.

    Bibliografia: p. 67-76.

    1. Escoamento superficial  –   Engenharia hidráulica. 2. Pavimentos per-meáveis. 3. Solo gramado  –  Infiltração de água. 4. Solo exposto –  Infiltração deágua. 5. Blocos de concreto  –  Infiltração de água. 6. Áreas urbanas  –  Tipos derevestimento. I. Título.

    CDU –  626.86Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn  –  CRB-1/931

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    Leandro Obadowiski Bruno

    Avaliação Experimental de Superfícies na redução do Escoamento SuperficialDireto

    Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação

    em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Mato

    Grosso, como requisito parcial para a obtenção do títulode Mestre em Recursos Hídricos.

    Orientador: Prof. Dr. Alexandre SilveiraCoorientador: Prof. Dr. Ricardo Santos Silva Amorim

    Cuiabá2011

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    Avaliação Experimental de Superfícies na redução do Escoamento SuperficialDireto

    Leandro Obadowiski Bruno

    Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Recursos Hídricosda Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para a obtenção

    do título de Mestre em Recursos Hídricos.

    Aprovada por:

     _______________________________Dr. Alexandre Silveira

    (Orientador)

     _______________________________Dr. Renato Blat Migliorini

    (Examinador Interno)

     _______________________________Dr. Alexandre Keppler

    (Examinador Externo)

    Cuiabá2011

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     Aos meus pais

     pelo apoio, educação

    e exemplo de vida.

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    AGRADECIMENTOS

    Esse mestrado, como é comum das travessias, não seguiu pelos caminhos antes

     planejados, mas me presenteou com dificuldades, desencontros, surpresas e novos rumos. A

    grande dádiva desse trajeto foi revelada nos pequenos atos de sincera generosidade que tantas

     pessoas me concederam. Se algum dia eu acreditei que tomar esse caminho havia sido uma

    decisão só minha, hoje sei que essa possibilidade me foi doada por muitas pessoas que, cada

    uma a seu modo, cuidam de mim, torcem por mim e confiam em mim. Agradeço:

    Ao povo do Brasil, que por intermédio do seu governo, possibilitou o meu ingresso em

    um curso de pós-graduação gratuito de qualidade, em uma instituição federal (UFMT),

    recebendo ainda uma bolsa de mestrado fomentada pelo CNPq. Espero poder retribuir com o

    trabalho todo este investimento;

    Ao meu orientador, professor Alexandre Silveira, pelo acompanhamento do trabalho,

     paciência, sugestões e encorajamento para o desenvolvimento de uma pesquisa de natureza

    experimental, fatores essenciais para que eu pudesse chegar ao fim deste trabalho.

    Ao professor Ricardo Santos Silva Amorim, pela disponibilização do simulador de

    chuvas e outros materiais que possibilitaram a realização deste estudo. Pela forma atenciosa e

     prestativa com que me atendeu durante todo o desenvolvimento do trabalho. Meus mais

    sinceros agradecimentos.

    Aos membros da banca, professor Alexandre Keppler e professor Renato Blat

    Migliorini, pela disponibilidade em participar da defesa e pelas valiosas contribuiçõesconcedidas a este trabalho;

    Ao amigo Bráulio pela ajuda essencial durante a parte experimental do trabalho.

    Muitíssimo obrigado.

    Aos amigos George, Cesar Destro, Felipe Dias, Jeferson Barison, Macus Guilherme e

    Bruno Brum que, de alguma forma, participaram no desenvolvimento deste estudo;

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    A prefeitura da UFMT pelo aporte logístico concedido a este trabalho na fase

    experimental. Em especial ao mestre de obras Joel, pelo apoio durante a instalação das

     parcelas experimentais e a todo o pessoal pelo auxílio prestado.

    Ao Sr. José de Araújo, chefe do almoxarifado, pelo auxílio na preservação dos

    materiais, principalmente pelas palavras de incentivo à nossa pesquisa e exemplo de

    solidariedade;

    À empresa Premoldar pela doação dos blocos utilizados nos experimentos realizados

    neste trabalho, em especial ao Engenheiro Cleneo Rezende.

     Não podia deixar de citar e agradecer a pessoas tão especiais para mim. Meus pais,

    Arthur e Rosani, pelo carinho e confiança que sempre me dedicaram.

    À Dona Mila, minha avó e segunda mãe, que contribuiu ativamente para o meu

    desenvolvimento acadêmico e profissional.

    Aos meus queridos irmãos, Bruna e Arthur, pela amizade e apoio durante todos estesanos.

    A minha noiva Luciana, por estar presente em todos os momentos, sempre com amor e

    compreensão;

    À Deus, que por meio do seu amor, deu-me condições plenas e colocou todos estes já

    citados em meu caminho.

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    “  A natureza não é dotada de sentimentos ou de um pensamento lógico de vingança,

    ela puramente opera leis naturais e procura equilibrar o ecossistema a fim de manter a vida.

     Nós transformamos córregos e rios em avenidas e depois nos espantamos quando as avenidas

    e ruas se transformam em córregos. Quem é o irracional ou ilógico nesta história?” 

    Marcus Vinícius Polignano

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    RESUMO

    BRUNO, L. O. (2011). Avaliação Experimental de Superfícies na redução do Escoamento

    Superficial Direto. 78pág. Dissertação de Mestrado  –   Programa de pós-graduação em

    Recursos Hídricos, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2011.

    Este trabalho teve o intuito de avaliar e comparar a eficiência de cinco tipos de revestimentosutilizados em áreas urbanas: solo gramado, solo exposto, blocos de concreto vazados, blocos

    de concreto maciços e concreto convencional de cimento na redução do escoamento

    superficial. A pesquisa fundamentou-se em realização de testes experimentais, conduzidos nas

     parcelas construídas em triplicata para cada tipo de superfície, sob as quais foram realizadas

    chuvas com simulador calibrado às intensidades de precipitação de 79mm/h e 121mm/h.

    Foram avaliados parâmetros hidrológicos por meio de balanço hídrico, tais como coeficiente

    de escoamento superficial e taxa de infiltração estável, e ainda o controle de umidade inicialnas camadas de solo adjacentes aos revestimentos analisados. Das alternativas avaliadas, a

    superfície com grama foi a que apresentou os melhores resultados. Verificou-se que para este

    revestimento não houve a geração do escoamento superficial para alguns casos, mostrando o

     potencial de superfícies cobertas com vegetação na redução do escoamento superficial. Por

    outro lado, para a parcela com solo exposto, a geração de escoamento superficial foi bastante

    superior à parcela com grama, com coeficiente de escoamento de até duas vezes maior. O

    escoamento superficial verificado no concreto convencional foi na ordem de 90% do volume

     precipitado, sendo 4,3 vezes maior do que o valor apresentado nos revestimentos de blocos de

    concreto maciços. Os blocos de concreto vazados e blocos de concreto maciços foram

    eficientes na redução do escoamento superficial corroborando com os valores apresentados na

    literatura.

    Palavras chave: Pavimentos permeáveis; Redução de escoamento superficial; simulação de

    chuva.

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    ABSTRACT

    BRUNO, L. O. (2011). Experimental Evaluation of Five Types of surfaces to reduce runoff in

    urban areas. 78pág.  Dissertação (Mestrado)  –   Programa de pós-graduação em Recursos

    Hídricos, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2011.

    This work aimed to evaluate and compare the efficiency of five different coatings used inurban areas: lawn soil, bare soil, waterproof concrete lining, hollow concrete blocks and solid

    concrete blocks used to reduce runoff. The research was based in experimental tests,

    conducted in portions constructed in triplicate to each type of surface, under which they were

    realized rains with a calibrated simulator at rain intensities of 79 mm/h and 121 mm/h. They

    were evaluated hydrological parameters through water balance, such as runoff coefficient and

    steady infiltration rate, and also the control of the initial moisture in the layers of soil adjacent

    to the analyzed coatings. From the analyzed alternatives, the lawn soil showed the best results.It was verified that this coating did not generate the runoff for some cases, showing the

     potential of surfaces covered with vegetation to reduce the runoff. On the other hand, the

     portion with exposed soil generated a far superior runoff compared to the portion with lawn

    soil, presenting a runoff coefficient twice higher. The runoff verified in the solid concrete

     blocks was around 90% of the rainfall volume, four and a half times higher than the value

     presented in the surfaces with hollow concrete blocks coatings. The waterproof concrete

    lining and hollow concrete blocks were effective in reducing the runoff, corroborating with

    the values presented in the literature.

    Keywords: Porous pavements; runoff reduction; rain simulation.

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    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

    2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 3

    2.1 Crescimento urbano e seus impactos .................................................................................... 3

    2.2 Efeitos da urbanização sobre o regime hídrico ........................................................... 4

    2.3 Sistemas de drenagem urbana............................................................................................... 7

    2.3.1 Classificação de medidas de controle ................................................................ 7

    2.3.2 Princípios de planejamento da drenagem urbana .............................................. 8

    2.3.3 Soluções alternativas ou compensatórias ........................................................ 10

    2.4 Detenção na fonte ............................................................................................................... 14

    2.4.1 Trincheiras de infiltração, poços de infiltração, planos de infiltração ............. 16

    2.4.2 Superfícies permeáveis .................................................................................... 18

    2.5 Considerações teóricas ............................................................................................. 22

    2.5.1 Infiltração de água no solo............................................................................... 22

    2.5.2 Modelos de Infiltração ..................................................................................... 24

    2.5.3 Métodos para determinação da infiltração de água no solo............................. 25

    2.5.4Simulador de chuvas ......................................................................................... 26

    3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 28

    3.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 28

    3.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 28

    4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 29

    4.1 Delineamento das superfícies estudadas............................................................................. 29

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    4.2 Escolha do local de implantação da unidade experimental na área de estudo ................... 33

    4.2.1 Ensaios preliminares de campo ....................................................................... 34

    4.2.1.1 Análise granulométrica ..................................................................... 35

    4.2.1.2 Ensaios de Infiltração em campo ...................................................... 36

    4.3 Construção da unidade experimental .................................................................................. 38

    4.3.1 Instalação dos blocos ....................................................................................................... 38

    4.3.2 Delimitação da área efetiva de cada parcela ................................................................... 39

    4.4 Calibração do equipamento simulador de chuvas .............................................................. 40

    4.5 Realização dos testes .......................................................................................................... 42

    5. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 47

    5.1 Análise granulométrica ....................................................................................................... 47

    5.2 Teste preliminar de infiltração no solo para determinação da área de estudo .................... 48

    5.3 Calibração do equipamento simulador de chuvas .............................................................. 49

    5.4 Testes experimentais .................................................................................................. 49

    5.4.1 Taxa de infiltração e tempo de empoçamento para os testes

    experimentais realizados com intensidade de precipitação de 79mm/h.......................... 48

    5.4.2 Escoamento superficial e coeficiente de escoamento para os

    testes experimentais realizados com intensidade de precipitação de 79mm/h ................ 54

    5.4.3 Taxa de infiltração e tempo de empoçamento para os testes

    experimentais realizados com intensidade de precipitação de 129mm/h........................ 55

    5.4.4 Escoamento superficial e coeficiente de escoamento para os

    testes experimentais realizados com intensidade de precipitação

    de 79mm/h e 129mm/h ................................................................................................... 59

    5.4.5Análise estatística ............................................................................................................. 62

    6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 66

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    7. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 68

    8. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 69

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    SUMÁRIO DE FIGURAS

    Figura 2.1 –  Impactos da urbanização no hidrograma de cheia para rios em áreas urbanas e

    não urbanizadas. Fonte: Vaz Curvo e Carneiro (2000) ............................................................... 5

    Figura 2.2 –  Relação entre % de área urbanizada e % de área servida por drenagem, no

    aumento da vazão máxima. Fonte: Leopold (1965) apud Tucci e Genz (1995) ........................ 6

    Figura 2.3 –  Trincheira pronta para o monitoramento. Fonte: Lima (2009) ............................ 15

    Figura 2.4 –  Trincheira de infiltração de Schueler, segundo Cruz, Araujo e Souza (1999) ..... 17Figura 2.5 –  Plano de infiltração. Fonte: Milograma (2001) .................................................... 18

    Figura 2.6 –  Superfície de blocos vazados utilizada na Universidade Federal de

    Mato Grosso ............................................................................................................................ 19

    Figura 2.7 –  Pavimento permeável. Fonte: Urbonas e Stahre (1993)....................................... 20

    Figura 2.8 –  Curva representativa da capacidade de infiltração e da taxa de

    Infiltração em função do tempo sob condições de precipitação constante ............................... 24

    Figura 4.1 –  Superfícies construídas ........................................................................................ 31

    Figura 4.2 –   Layout do projeto de locação das parcelas experimentais ................................... 32

    Figura 4.3 –  Desenho esquemático da parcela experimental.................................................... 33

    Figura 4.4 –  Local escolhido para a instalação da unidade experimental ................................ 34

    Figura 4.5 –  Instalação do material utilizado no teste preliminar de infiltração ...................... 37

    Figura 4.6 –  Ensaio de infiltração ............................................................................................. 38

    Figura 4.7 –  Instalação dos revestimentos estudados ............................................................... 39

    Figura 4.8 –  Desenho esquemático do quadro metálico, utilizado para delimitar a

    área efetiva das superfícies estudadas ...................................................................................... 40

    Figura 4.9 –  Simulador de chuvas utilizado no experimento ................................................... 41

    Figura 4.10 –  Detalhe dos obturadores e do manômetro do simulador de chuvas ................... 42

    Figura 4.11 –  Teste de uniformidade ........................................................................................ 43

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    Figura 4.12 –  Simulador de chuvas em funcionamento ........................................................... 43

    Figura 5.1 –  Curva granulométrica para o solo da área em estudo .......................................... 47

    Figura 5.2 –  Taxa de infiltração para os pontos A1, A2 e A3 ..................................................... 48

    Figura 5.3 –  Taxa de infiltração (Ti) obtida experimentalmente e a partir do ajuste

    da equação de Horton aos dados experimentais para os cinco revestimentos estudados

    utilizando-se intensidade de precipitação de 79mm/h .............................................................. 50

    Figura 5.4 –  Taxa de infiltração (Ti) obtida experimentalmente e a partir do ajuste

    da equação de Horton aos dados experimentais para os cinco revestimentos estudados

    utilizando-se intensidade de precipitação de 121mm/h ............................................................ 56

    Figura 5.5 –  Coeficiente de escoamento dos revestimentos estudados .................................... 61

    Figura 5.6 –  Nível de significância da umidade inicial (%) dos tratamentos analisados ......... 63

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    SUMÁRIO DE TABELAS

    Tabela 2.1 –  Categoria de medidas não estruturais. Fonte: Prosab (2009) ............................... 08

    Tabela 4.1 –  Tipos de superfícies analisadas ............................................................................ 44

    Tabela 5.1 –  Valores de umidade inicial do solo (%) verificados nos testes realizados

    Com intensidades de precipitação de 79mm/h ......................................................................... 50

    Tabela 5.2 –  Valores ajustados aos dados experimentais e os respectivos Coeficientes

    de Determinação obtidos .......................................................................................................... 51

    Tabela 5.3 –  Valores da taxa de infiltração estável (Tie) no que confere ao tempo de

    Obtenção da (Tie) e tempo de empoçamento (tp) observados nos ensaios de infiltração ........ 52

    Tabela 5.4 –  Valores de volume precipitado e escoado, e ainda os coeficientes de

    Escoamento superficial ............................................................................................................. 54

    Tabela 5.5 –  Valores de umidade inicial do solo (%) verificados nos testes realizados

    Com intensidades de precipitação de 121mm/h ....................................................................... 56

    Tabela 5.6 –  Valores ajustados aos dados experimentais e os respectivos Coeficientes

    de Determinação obtidos .......................................................................................................... 57

    Tabela 5.7 –  Valores da taxa de infiltração estável (Tie) no que confere ao tempo de

    Obtenção da (Tie) e tempo de empoçamento (tp) observados nos ensaios de infiltração ........ 58

    Tabela 5.8 –  Valores de volume precipitado e escoado, e ainda os coeficientes de

    Escoamento superficial ............................................................................................................. 60

    Tabela 5.9 –  Valores médios da taxa de infiltração estável (mm/h), tempo de

    Empoçamento (min.) e coeficiente de escoamento sob diferentes intensidades de

    Precipitação simulada ............................................................................................................... 64

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    LISTA DE SÍMBOLOS

    Cesc Coeficiente de escoamento

    CUC Coeficiente de uniformidade de Christiansen

    CI Capacidade de infiltração

    i Taxa de infiltração no solo

      capacidade de infiltração final   capacidade de infiltração inicial

    ip Regime de precipitação constante  condutividade hidráulica do solo para um dado teor de umidade  constante que representa a taxa de decréscimo na capacidade de infiltraçãol Infiltração acumulada

      massa dos sólidos<   porcentagem de solo em suspensão no momento da leitura,Ρs  massa específica dos sólidos

      leitura do densímetro na proveta contendo suspensão de soloR² Coeficiente de determinação

      leitura do densímetro na proveta contendo água e defloculantet Tempo

    tp Tempo de empoçamento

    Ti Taxa de infiltração

    Tie Taxa de infiltração estável

      potencial matricial da água no solo  potencial gravitacional da água no solo  diâmetro equivalente da partículaµ  viscosidade absoluta

    ρs  massa específica dos sólidosρw  massa específica da água  distância entre o centro de volume do bulvo do densímetro e a superfície

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    1. INTRODUÇÃO

    O Brasil e os demais países em desenvolvimento têm apresentado elevadas taxas de

    crescimento urbano nas últimas décadas. Este fenômeno tem ocasionado mudanças

    significativas no ambiente, contribuindo para o comprometimento da qualidade de vida de

    seus habitantes. Tal situação tem sido provocada, entre outros, pela impermeabilização do

    solo urbano, adensamento populacional em áreas impróprias para ocupação, disposição

    inadequada de resíduos sólidos e descargas de esgoto doméstico sem tratamento nos

    mananciais urbanos e rurais.

    O aumento da população nas cidades deveria ser acompanhado pelo planejamento

    urbano e crescimento de infra-estrutura. No entanto, o modelo de ocupação vigente na maioria

    das cidades brasileiras é resultante de um processo impensado e inadequado. Um dos

     problemas gerados pelo crescimento das áreas urbanas é a impermeabilização do solo e o

    consequente aumento do escoamento superficial.

    A urbanização implica na transformação da cobertura natural do solo através da

    sobreposição de telhados, calçamentos e pavimentação asfáltica. Essas estruturas impedem

    que a água das chuvas alcancem o solo, tendo como resultado o seu deslocamento para locais

    adjacentes, favorecendo alterações nas fases do ciclo hidrológico. Dessa maneira, a

    urbanização é responsável por alterações que resultam no aumento da frequência e magnitude

    das cheias dos rios urbanos, na redução da recarga dos aquíferos além do aumento da

    velocidade de escoamento superficial durante os eventos de cheia.

    Tradicionalmente, os projetos e, consequentemente, dispositivos utilizados para a

    solução dos problemas de drenagem das águas pluviais são voltados para a canalização do

    escoamento. Os exemplos mais comuns consistem na construção de galerias subterrâneas e na

    retificação dos córregos urbanos. Muitas vezes, estas medidas tornam-se ineficazes eineficientes (Schluter; Jefferies, 2004). Além disso, os custos das canalizações são muito

    altos, muitas vezes impraticáveis em virtude da carência financeira dos municípios.

    Experiências práticas comprovam que estes sistemas não são sustentáveis (Scholz,

    2006). Primeiro, por conduzirem o volume escoado para outras bacias, o que não resolve

    definitivamente o problema das enchentes. E depois, por sua limitada capacidade em

    transferir os volumes precipitados, face ao incremento do escoamento superficial, ocasionado

     pela crescente urbanização. Nesse sentido, estudos recentes (Collins et al., 2006; Sansalone et al., 2008; Wanphen,

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     Nagano, 2009) indicam que uma nova abordagem com relação ao gerenciamento de águas

     pluviais em ambientes urbanos vem se consolidando. Dessa forma, conceitos recentes

    relacionados ao desenvolvimento de sistemas de drenagem urbana sustentáveis e o uso das

    chamadas soluções alternativas ou técnicas compensatórias de drenagem são destacadas.

    Soluções alternativas são aquelas que se opõem ao conceito de evacuação rápida,

     proposta pelo modelo tradicional de drenagem. Seu objetivo se concentra no controle do

    escoamento, promovendo o retardamento e a infiltração das águas pluviais. O termo solução

    compensatória também é freqüentemente utilizado na literatura especializada em função do

    efeito compensador das soluções sobre os impactos causados pela urbanização nos processos

    hidrológicos.

    Dentre os dispositivos que podem reduzir o escoamento superficial na fonte estão assuperfícies permeáveis. Urbonas e Stahre (1993) definem as superfícies permeáveis em

    dispositivos de infiltração onde o escoamento superficial é desviado através de uma superfície

     permeável, para onde infiltra através do solo, podendo sofrer evaporação ou atingir o

    aquífero.

    Para que as superfícies permeáveis possam ser utilizadas em ambientes urbanos como

    alternativa para o controle do escoamento superficial, o seu comportamento deve ser

    estudado. Nascimento et. al., (1997) ressalta que a eficiência dessas soluções estácondicionada às características locais como tipo de solo, regime de precipitações, topografia,

    qualidade das águas de drenagem, dentre outros. Por esta razão, não é possível simplesmente

    adotar os resultados encontrados por outros pesquisadores, e sim, há a necessidade de se

    experimentar o comportamento desses dispositivos para cada região, de forma a obter

    resultados que comprovem a aplicabilidade das soluções para um panorama local.

     Neste contexto, o presente trabalho teve o intuito de avaliar e comparar a eficiência de

    cinco tipos de revestimentos utilizados em áreas urbanas: solo gramado, solo exposto,superfície de concreto convencional, superfície de blocos de concreto vazados e superfície de

     blocos de concreto maciços na redução do escoamento superficial na fonte. A pesquisa

    envolveu a realização de testes experimentais, conduzidos em parcelas construídas em

    triplicata para cada tipo de superfície, sob os quais foram realizadas chuvas artificiais com

    simulador.

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    2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    2.1 Crescimento urbano e seus impactos

    A população mundial cresceu muito rapidamente nas ultimas décadas, tendo ocorrido

    uma grande concentração de pessoas nas áreas urbanas. Segundo Mota (2003), o Brasil seguiu

    esse fenômeno, o qual tornou-se mais acentuado no século XX. Entre os anos de 1970 e 1980

    o crescimento numérico da população urbana já ultrapassava a população rural. Essa

    tendência de crescimento urbano tem se mostrado fator determinante na deterioração da

    qualidade de vida de seus habitantes e do ambiente.

    O aumento da população urbana deveria ser acompanhado da modernização ecrescimento de toda infra-estrutura. Porém, o desenvolvimento urbano tem ocorrido de

    diferentes maneiras ao longo do tempo, geralmente de forma descontrolada e sem

     planejamento. Para Mota (1999), as consequências desse processo inadequado de crescimento

    foram várias, dentre elas: falta de condições sanitárias mínimas em muitas áreas, ausência de

    serviços indispensáveis à vida das pessoas nas cidades, destruição de recursos de valor

    ecológico, poluição do meio ambiente, condições precárias de habitação, entre outros.

    A questão da ocorrência de enchentes urbanas e suas consequências tanto sociaisquanto ambientais também são resultados dessa problemática. A urbanização implica na

    transformação da cobertura natural do solo, onde geralmente são implantadas estruturas e

    edificações construídas, quase que totalmente, por materiais impermeáveis. Tais estruturas

    impedem que a água das chuvas alcancem o solo, fazendo com que o volume de água se

    desloque para locais adjacentes, resultando em alterações drásticas nas fases do ciclo

    hidrológico natural.

    Em relação aos mananciais superficiais e subterrâneos, o desenvolvimento das cidadesnão apresenta efeitos menos intensos, alterando a disponibilidade de água local, tanto em

    quantidade como em qualidade. O crescimento urbano desordenado sobre os rios utilizados

     para o abastecimento público tem apresentado graves reflexos na qualidade das águas, como

    altos custos econômicos e sociais, tornando a disponibilidade hídrica um limitante para o

     próprio desenvolvimento das cidades (Andreoli et al., 2000a; Andreoli et al., 2000b). Segundo

    esses autores, a demanda por água potável nos centros urbanos tem aumentado em função do

    crescimento populacional e da elevação do consumo per capita.

    A ocupação impensada nos centros urbanos não gera apenas problemas ambientais,

    mas também problemas de ordem social, dentre os quais destacam-se a marginalização,

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    exclusão social, surgimento de favelas, loteamentos clandestinos, aumento da criminalidade e

    desemprego.

    De acordo com Maricato (2000), o fator responsável pela configuração da realidade

    urbana atual das cidades brasileiras não foi apenas a falta de planejamento, mas sim a falta da

     participação popular acrescido ao fato do distanciamento entre a teoria do planejamento e a

    intervenção prática na construção do ambiente urbano.

    2.2 Efeitos da urbanização sobre o regime hídrico

    Do ponto de vista da hidrologia, a urbanização é responsável por alterações queresultam no aumento da freqüência e magnitude das cheias dos rios urbanos, na redução da

    recarga dos aqüíferos e no aumento da velocidade de escoamento durante os eventos de cheia.

    Tucci (1995) observa que estes efeitos derivam diretamente da compactação do solo e de sua

    impermeabilização, através da sobreposição de telhados, ruas calçadas, pavimentos asfálticos

    e de concreto.

     Na medida em que os padrões de uso e ocupação do solo promovem a

    impermeabilização da área de drenagem pluvial, a parcela da água que antes infiltrava no solo passa a escoar superficialmente atingindo os condutos de drenagem, aumentando o

    escoamento superficial e reduzindo o tempo de concentração da bacia hidrográfica (Andreoli;

    Carneiro, 2005). Para o autor, o volume que escoava lentamente pela superfície do solo e

    ficava retido pela vegetação, passa a escoar no canal, exigindo maior capacidade das seções

    transversais dos cursos d’água. Um hidrograma hipotético típico de uma bacia natural e

    aquele resultante da urbanização são apresentados na Figura 2.1.

    Diferentes trabalhos e estudos desenvolvidos em bacias urbanas do mundo tododemonstram que a ocupação urbana de forma não planejada tende a elevar as vazões

    máximas.

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    Figura 2.1 –  Impacto da urbanização no hidrograma de cheia para rios em áreas urbanizadas e

    não urbanizadas. Fonte: Vaz Filho e Carneiro (2000).

    Conforme Hall (1986), o aumento da população e o consequente processo de

    urbanização levam a uma maior procura por recursos naturais, entre eles a água é o mais

    importante. Essa realidade é responsável por gerar graves problemas aos recursos hídricos.

    Além disso, o lançamento de dejetos e resíduos sólidos nos corpos d’água gera poluição e

    degradação da rede hidrográfica local.

    Dentre os diversos efeitos da urbanização, segundo Tucci (2003a), citam-se:

      Redução do volume de infiltração;  Aumento do escoamento superficial;

      Redução do nível freático, reduzindo o escoamento subterrâneo;

      Devido à substituição da cobertura vegetal ocorre uma redução da evapotranspiração.

    As enchentes ampliadas pela urbanização, em geral, ocorrem em bacias de pequeno

     porte. Evidentemente, as exceções são as grandes regiões metropolitanas, como São Paulo,

    onde o problema abrange cerca de 800km² (Tucci, 1995).

    Para as grandes bacias, existe um efeito combinado em relação ao escoamento nos

    vários canais da macrodrenagem, que são influenciados pela distribuição espacial e temporal

    das precipitações máximas (Bollmann, 2003). Para os casos extremos, verifica-se que o pico

    da cheia numa bacia urbanizada pode chegar até 6 vezes maior que o pico desta mesma bacia

    em condições normais. A Figura 2.2, proposta por Leopold (1965) apud Tucci e Genz (1995),

    é o gráfico resultante desta situação, onde a urbanização é expressa por impermeabilidade da

     bacia e da porcentagem da área com condutos.

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    Figura 2.2 –  Relação entre % de área urbanizada e % de área servida por drenagem, no

    aumento da vazão máxima. Fonte: Leopold (1965) apud Tucci e Genz (1995).

    Outra consequência do desenvolvimento urbano em relação aos pequenos rios urbanos

    tem sido a redução da vazão no período de estiagem. Com o aumento do escoamentosuperficial devido à impermeabilização, os aquíferos não são abastecidos, e a vazão do rio é

    reduzida. O escoamento, muitas vezes, é devido aos esgotos lançados in natura ou por meio

    de ligações clandestinas de esgotos na drenagem pluvial (Tucci, 1995).

    Tucci (2003a) informa que em precipitações intensas a quantidade de água que escoa

     para o rio pode ser superior a sua capacidade de drenagem, resultando em inundações das

    áreas ribeirinhas. Além dos prejuízos econômicos, que segundo Tucci (2003a), somaram 3

     bilhões de dólares no inicio dos anos 80 nos Estados Unidos, as inundações tambémfavorecem a proliferação de doenças de veiculação hídrica, como a gastrointerite, cólera,

    febre tifóide, hepatite A, hepatite E, leptospirose, e outras.

    A solução adotada pela maioria das cidades brasileiras para o problema das inundações

    localizadas é a canalização do rio principal. Essa canalização faz com que os impactos das

    cheias, que antes ficavam localizados na montante da bacia, sejam transferidos para a jusante.

    Como geralmente a jusante da bacia já existe ocupação próxima as margens dos rios, a única

    solução é o aprofundamento da seção do rio a custos altíssimos para a sociedade (Tucci;

    Genz, 1995).

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    2.3 Sistemas de drenagem urbana

    2.3.1 Classificação das medidas de controle

    Os sistemas de drenagem urbana podem ser classificados de acordo com uma série de

    critérios, tais como: natureza do controle, abrangência espacial, atuação sobre o ciclo

    hidrológico, e outros.

    Quanto à natureza do controle, costuma-se dividir os sistemas de drenagem urbana em

    estruturais e não estruturais. As primeiras tem caráter corretivos, caracterizadas pela

    construção de obras hidráulicas (Sefione, 1998). As ultimas são aquelas em que os prejuízos

    são reduzidos pela melhor convivência da população com as enchentes (Tucci, 2003b).As medidas estruturais, segundo Tucci e Genz (1995), podem ser classificadas de

    acordo com a área de abrangência, em:

       Medidas distribuídas ou na fonte: medidas que atuam sobre o lote, praças e passeios,

    aumentando áreas de infiltração e percolação, e/ou medidas de armazenamento

    temporário de água de chuva em reservatórios residenciais ou de telhados;

       Medidas na microdrenagem:  controle que age sobre um ou mais loteamentos.

    Utilizam-se para esse fim dispositivos de amortecimento do volume gerado peloloteamento, como tanques, lagos e pequenos reservatórios abertos ou subterrâneos;

       Medidas na macrodrenagem: esse tipo de controle utiliza medidas estruturais para

    modificar rios e riachos urbanos.

    Com relação aos sistemas não estruturais, Prosab (2009) destaca que esta categoria se

    utiliza de meios naturais para reduzir a geração do escoamento e a carga poluidora; não

    contempla obras civis, mas envolve ações de cunho social para modificar padrões de

    comportamento da população, tais como meios legais, sanções econômicas e programas

    educacionais; são denominados sistemas de controle na fonte, pois atuam no local próximo

    das fontes de escoamento, estabelecendo critérios de controle do uso e ocupação do solo

    nessas áreas. As medidas não estruturais de controle do escoamento na fonte podem ser

    agrupadas em categorias, conforme mostra a Tabela 2.1.

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    Tabela 2.1 –  Categoria de medidas não estruturais.

    Principais Categorias Medidas não Estruturais

    Educação pública  Educação pública e disseminação do conhecimento

    Equipe técnica capacitada

    Superfícies com vegetação

    Planejamento e manejo de água  Áreas impermeáveis desconectadas

    Telhados verdes

    Urbanização de pequeno impacto

    Uso de materiais e produtos químicos Uso de produtos alternativos não poluentes

    Práticas de manuseio e de armazenamento adequadas

    Manutenção dos dispositivosde infiltração nas vias 

    Varrição de ruas

    Coletas de resíduos sólidosLimpeza dos sistemas de filtração

    Manutenção das vias e dos dispositivos

    Manutenção dos canais e cursos d’água 

    Medidas de prevenção contra a conexão ilegal

    Fiscalização: detecção, retirada e multa

    Controle de conexão ilegal de esgoto  Controle do sistema de coleta de esgoto e de tanquessépticos

    Jardinagem e lavagem de veículos

    Reuso da água pluvial  Sistema predialFontes e lagos

    Fonte: Prosab (2009)

    2.3.2 Princípios de planejamento da drenagem urbana

    De modo a minimizar os efeitos da urbanização sobre o ciclo hidrológico, a

    engenharia faz uso do planejamento dos sistemas de drenagem urbana e de medidas de

    controle, que podem atuar em diversas escalas espaciais.

    Os sistemas tradicionais de drenagem urbana são constituídos, tipicamente, pela rede

    de transporte de escoamento. As soluções mais empregadas consistem na construção de

    galerias e condutos subterrâneos, obras consideradas hidraulicamente eficientes no sentido de

    transportar rapidamente os excessos de água para jusante (Silva, 2006).

    Entretanto, a experiência com a utilização desse tipo de solução mostrou sérias

    limitações. Observou-se que promover o transporte rápido do escoamento em meio à

    crescente impermeabilização do espaço urbano apenas contribuía para o aumento da

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    ocorrência de inundações à jusante das áreas drenadas e para o transporte da poluição

     proveniente de fontes não pontuais para os corpos receptores, mesmo durante eventos mais

    frequentes (Wright; Heaney, 2001). Além disso, com a continuidade da urbanização, a

    obsolescência das soluções era inevitável, exigindo a implantação e reestruturação periódica

    dos sistemas, gerando altos custos para os municípios.

    Cruz et al., (1998) criticam a prática atual de projetos de drenagem pluvial, que é de

    transportar para a jusante todo o excesso de água gerado pela impermeabilização. Dessa

    forma, à medida que o escoamento se desloca para jusante, é acrescido de novos aumentos de

    volume devido à urbanização, resultando em acréscimos significativos na vazão máxima.

     Neste contexto, a ineficiência dos sistemas convencionais em controlar as inundações,

    aliadas à necessidade de soluções adaptadas para o contexto crescente de preservaçãoambiental evidenciaram as limitações do uso das soluções clássicas, levando ao

    questionamento sobre a continuidade da sua utilização e difusão (Silva, 2006).

    Enquanto os sistemas tradicionais visam a evacuação rápida das águas pluviais para

     jusante, os dispositivos de controle na fonte, isto é, dispositivos alternativos de drenagem

    urbana, procuram reduzir e retardar escoamentos urbanos (Suderhsa, 2000). Silveira (1998)

    comenta que esta abordagem, voltada para o uso de soluções alternativas para drenagem de

    águas pluviais em meio urbano é mais complexa, pois depende fortemente das condiçõeslocais. Além disso, maiores investimento iniciais são requeridos. Por outro lado, apresenta

    menos custo global, já que trabalha com a prevenção dos problemas. Com relação às

    condições locais, Nascimento et al., (1997) destacam fatores tais como tipo de solo, as águas

    subterrâneas, o regime de precipitações, a qualidade das águas de drenagem, a topografia e

    outros.

    Essas soluções procuram atuar sobre o ciclo hidrológico, recompondo os processos

    naturais modificados pela urbanização.Segundo Tucci e Genz (1995), para o bom desenvolvimento de um programa

    consistente de drenagem urbana, é necessário que se conheçam e se apliquem os princípios de

    controle. Dentre eles, merecem destaque:

       Bacia com sistema: o controle deve ser exercido na bacia hidrográfica urbana e não

    em pontos isolados (Tucci, 1997), o que implica em que os impactos não podem ser

    transferidos (Tucci e Genz, 1995);

       Avaliação dos cenários futuros:  o controle deve ser feito tomando-se por base os

    cenários futuros de ocupação e desenvolvimento da bacia (Tucci, 1997), sendo que

    esta previsão futura deverá ser baseada no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano;

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       Plano Diretor : o controle deve ser estabelecido através do Plano Diretor de Drenagem

    Urbana, administrado pelos municípios com o apoio técnico do estado (Tucci, 1997),

    contemplando o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, as Legislações

    Municipais e Estadual (Tucci e Genz, 1995);

       Não ampliação da cheia natural: nenhum usuário urbano pode ampliar a cheia natural

    (Tucci e Genz, 1995).

      Controle permanente;

       Educação Ambiental;

    2.3.3 Soluções alternativas ou compensatórias

    Soluções alternativas são aquelas que se opõem ao conceito de evacuação rápida,

     proposta pelo modelo tradicional de drenagem. Seu objetivo se concentra no controle do

    escoamento, promovendo o retardamento e a infiltração das águas pluviais. O termo solução

    compensatória também é frequentemente utilizado na literatura especializada em função do

    efeito compensador das soluções sobre os impactos causados pela urbanização nos processos

    hidrológicos.A aplicação de soluções alternativas para a drenagem urbana e disposição de águas

     pluviais em áreas urbanas tem sido mencionada na literatura há mais de 20 anos. Essas

    soluções são inseridas com frequência no contexto das BMPs (Best Management Practice). O

    conceito de BMP surgiu nos Estados Unidos, abrangendo uma série de medidas voltadas,

    dentre outros aspectos, para o controle do escoamento em ambientes urbanos (D’arcy; Frost,

    2001).

    A difusão e o uso dessas medidas ocorrem, inicialmente, nos países desenvolvidos,face à necessidade de reduzir a poluição difusa devido à urbanização e atividades agrícolas,

    atenuar os picos do escoamento superficial e diminuir os riscos e impactos causados ao

    ambiente por trasbordamentos (overflows) em sistemas unitários durante períodos chuvosos

    (Ice, 2004).

    Mais recentemente, aplicações de soluções alternativas têm sido frequentemente

    reportadas no contexto da urbanização de baixo impacto (LID  –   Low Impact Development ),

    que fazem parte de uma linha de estudos urbanísticos. Com relação à hidrologia, essa

    abordagem propõe combinar projetos localizados com funções hidrológicas e medidas de

     prevenção da poluição para compensar os impactos da urbanização sobre a quantidade e

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    escoamento superficial e à redução da poluição difusa. Nesse sentido, elas são tidas como

    inovações promissoras com relação ao gerenciamento das águas pluviais em meio urbano por

    acumular a dupla função de proteção contra inundação e manutenção da qualidade dos corpos

    receptores de forma integrada (Roesner et al., 2001).

    A utilização de soluções alternativas também pode favorecer a permanência da água

     pluvial por maior tempo nos centros urbanos. Com isso, a possibilidade de integração dessas

    soluções a outros usos, servindo, por exemplo, como áreas verdes e de recreação, pode

    contribuir para maior valorização da água no meio urbano, adicionando valor estético à cidade

    (Niemczynowicz,1999).

    As vantagens em se utilizar o enfoque compensatório dependem do tipo de solução

    adotada, assim como da escala de utilização. De forma geral, podem ser destacadas (Urbonas;Stahre, 1993):

      diminuição do risco de inundação e contribuição para a melhoria da qualidade da água

    no meio urbano;

      redução ou mesmo eliminação da rede de microdrenagem local;

      minimização das intervenções à jusante de novas áreas loteadas;

       boa integração com o espaço urbano e possibilidade de valorização da água no meio

    urbano, através de áreas verdes, área de lazer, e outros;  aumento da recarga de água subterrânea, normalmente reduzida em razão da

    impermeabilização de superfícies, com conseqüente manutenção da vazão de base dos

     pequenos rios urbanos;

       baixos custos de implantação.

    Segundo esses autores, dentre as desvantagens na aplicação desse procedimento

     podem-se destacar:   preocupação com manutenção frequente, a fim de se evitar a perda de desempenho e

    aumentar a vida útil;

      utilização de tecnologias condicionadas a características de solo (tipo, uso e

    ocupação, topografia);

      aplicação recente, resultando na falta de padrões de projeto e na escassez de

    informações a respeito do seu funcionamento a longo prazo;

      risco de contaminação do solo e aquífero.

    As medidas alternativas podem ser classificadas a partir de diferentes critérios

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    conforme, por exemplo, a escala de atuação ou tipo de ação sobre os processos hidrológicos.

     Nesse sentido, elas podem ser divididas em soluções distribuídas ou concentradas, ou

    soluções de infiltração ou detenção.

    As medidas de controle distribuídas, ou de controle na fonte, atuam sobre pequenas

    áreas e, portanto, são aplicadas de forma difusa na bacia hidrográfica. As soluções

    concentradas promovem o controle sobre todo o escoamento proveniente de uma área de

    contribuição, atuando no hidrograma resultante de um ou mais loteamentos, ou no nível da

    macrodrenagem (Urbonas; Stahre, 1993).

    Com relação à ação sobre os processos hidrológicos, as técnicas alternativas podem

    atuar na redução dos volumes ou da vazão. No primeiro caso, estão inseridas as soluções que

     promovem a infiltração e percolação do escoamento, enquanto que no segundo caso, astécnicas trabalham com o conceito de armazenamento, de forma a deter o escoamento por um

     período de tempo para liberá-lo posteriormente. Essas últimas também podem promover a

    infiltração e percolação embora esse não seja seu objetivo primordial.

    As estruturas alternativas podem atuar, também, de forma combinada (armazenamento

    e infiltração). Segundo Souza (2002), esse tipo de arranjo é utilizado, normalmente, para se

    obter um tratamento preliminar da água de escoamento antes da sua infiltração. Os

    dispositivos de detenção promovem um pré-tratamento por meio da deposição de grande parteda matéria em suspensão, reduzindo a quantidade de poluentes adsorvidos nos sedimentos.

    Uma das primeiras aplicações seguindo o enfoque compensatório foi a aplicação de

     bacias de detenção para a atenuação das vazões de pico na macrodrenagem. Segundo Souza e

    Goldenfum (1999), o emprego dessa solução é anterior ao conceito de solução compensatória,

     propriamente dita. A literatura traz vários exemplos de aplicação dessas bacias em diversos

     países como França, Inglaterra e Brasil (Nascimento et al., 1998).

    Inicialmente, a função dessas bacias ou reservatórios de detenção era exclusivamente ocontrole da cheia à jusante de uma área, no sentido de promover a redistribuição temporal dos

    fluxos e reduzir as vazões de pico a níveis pré-estabelecidos. Mais recentemente, tem se

     buscado valorizar essas estruturas como equipamentos destinados a reduzir também os

    impactos da poluição urbana, com a possibilidade de, se bem planejadas, servir para múltiplos

    usos, como áreas de lazer, parques, dentre outros.

    Entretanto, o ganho de experiência com a implantação de um grande número dessas

    estruturas, sobretudo nos países desenvolvidos, apontou alguns inconvenientes. O controle no

    nível da macrodrenagem envolve custos muito elevados, em função do tamanho da área de

    contribuição, gerando estruturas de grandes dimensões.

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    Além disso, há a possibilidade de ocorrência de problemas ambientais provocados pela

    carga de lixo carreada para essas estruturas, sobretudo em áreas com alto grau de urbanização,

    e pela interligação entre esgotos pluviais e sanitários. O aporte de cargas elevadas de

     poluentes e sedimentos podem causar problemas de assoreamento e eutrofização. Essas

    estruturas demandam, geralmente, maior tempo necessário para a implantação e a necessidade

    de grandes áreas livres e com posicionamento adequado (Cruz et al., 1998).

     Nascimento et. al., (1998), comentam que há grande risco de falência no emprego de

     bacias de detenção em virtude da adoção de critérios inadequados de dimensionamento, da

    carência de dados hidrológicos, da insuficiência de programas de monitoramento e de outros

    condicionantes. Dessa falência pode resultar o descrédito em soluções compensatórias e, pior,

    a persistência dos problemas de drenagem e poluição urbana.Mais recentemente, a tendência aponta para o uso de soluções de controle do tipo

    distribuída. A idéia é atuar sobre o fluxo de origem, ou seja, sobre pequenas áreas

    impermeáveis onde o escoamento é gerado inicialmente, de forma a recuperar mais

    efetivamente os processos hidrológicos modificados pela urbanização.

    2.4 Detenção na fonte

    As estruturas de detenção na fonte trabalham no sentido de restaurar a capacidade de

    armazenamento natural de uma área, perdida em virtude da urbanização. Em alguns casos,

    estes elementos podem também facilitar a infiltração da água no solo, funcionando como

    estruturas mistas.

    Os dispositivos de detenção na fonte são constituídos por reservatórios aplicados no

    lote que atuam no controle das vazões de saída limitando a vazão máxima a um determinadonível pré-estabelecido. Entretanto, o controle no lote permite a redução de apenas uma parte

    dos impactos devido à urbanização, visto que ainda restam ruas, calçadas e áreas públicas

    (Tassi, 2002). Mesmo assim, a redução das vazões de saída dos lotes poderá melhorar a

    eficiência global no controle do escoamento superficial e permitir uma economia no sistema

    de drenagem.

    De forma geral, os reservatórios no lote podem ser aplicados tanto para recolher toda a

    água gerada no lote como apenas a água gerada no telhado da edificação. A Figura 2.3 mostraum exemplo de detenção na fonte, utilizada para o monitoramento em São Carlos –  SP.

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    Figura 2.3 –  trincheira pronta para o monitoramento. Fonte: Lima (2009).

    A eficiência desses dispositivos tem sido estudada por diversos pesquisadores, tanto

    em trabalhos experimentais como em trabalhos teóricos.

    Costa Junior e Barbassa (2006) pesquisaram as possibilidades de aplicação de

    microrreservatórios e pavimentos permeáveis em lotes localizados em sub-bacias

    hidrográficas urbanas da Ponte Seca (SBHUPS), situadas em Jaboticabal  –   SP. Avaliaram

    quantos lotes atendiam simultaneamente a aplicação das duas medidas de controle sob o ponto

    de vista da aceitação dos moradores para a sua instalação, e de parâmetros relevantes e

    apropriados à sua implantação (tipo de solo, nível freático, profundidade da camada

     permeável, áreas livres, topografia e custos). Foram avaliados 164 lotes, com áreas variando

    entre 160 e superiores a 1500m², tendo sido consideradas suas taxas de ocupação (TO) e taxa

    de impermeabilização (TOI) sendo de mais de 80% a aceitação dos moradores para a

    implantação das duas medidas, mesmo aqueles não atingidos por enchentes.

    Campos (2008) analisou o comportamento hidrológico de lotes experimentais reais

    submetidos a usos e ocupações diferenciadas. Para isto, foram implantados três lotes pilotos

    com 360m² de área, sendo um lote mantido em condições naturais, sem qualquer edificação,

    outro recebeu impermeabilização de 75% da área, e o terceiro, instalaram-se dois

    microrreservatórios com volume útil de 1,5m². O autor observou pela análise visual dos

    hidrogramas que a presença de mircorreservatório no lote sustentável abateu as vazões

    consideravelmente em relação ao convencional, com consequente sensível redução do

    coeficiente de escoamento superficial médio de 0,72 (lote convencional) para 0,10 (lote

    sustentável). O tempo de retardamento do lote convencional foi aproximadamente um terço

    do lote sustentável devido ao efeito dos microrreservatórios.

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    2.4.1 Infiltração: trincheiras de infiltração, poços de infiltração e planos de

    infiltração

    O objetivo dos dispositivos de infiltração é criar espaços que favoreça a infiltração da

    água da chuva no solo de forma a reduzir e retardar o escoamento pluvial. Uma das vantagens

    com relação às detenções é a capacidade de reduzir tanto as vazões como os volumes

    escoados superficialmente, podendo contribuir também para a retenção e controle de

     poluentes e para recarga de águas subterrâneas. Por esses motivos, esses dispositivos são

    capazes de recuperar de forma mais efetiva as condições naturais de pré-urbanização (Silva,

    2006).

    As trincheiras de infiltração são dispositivos de drenagem do tipo controle na fonte etêm seu principio de funcionamento no armazenamento da água por um tempo suficiente para

    a sua infiltração no solo. Elas funcionam como um reservatório convencional de

    amortecimento da infiltração de cheias, tendo um desempenho melhorado devido ao

    favorecimento da infiltração e consequentemente redução dos volumes escoados e das vazões

    máximas de enchentes Balades et. al., (1998), apud   por Cruz, Araujo e Souza (1999). Na

    Figura 2.4 está representada sua estrutura e esquema construtivo.

    Figura 2.4 –  Trincheira de infiltração de Schueler, segundo Cruz, Araújo e Souza (1999).

    Embora esses elementos possuam eficiência comprovada no controle do escoamento

    superficial, várias dificuldades ainda podem limitar seu uso. Pode-se destacar, por exemplo,

    aspectos de planejamento e estratégia de implantação, como a exigência de poucos estudos

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    17

    sobre os custos de implantação, operação e manutenção que possibilitem a avaliação pelo seu

    interesse econômico; ausência de indicações, parâmetros e critérios seguros para

    dimensionamento e projetos dos dispositivos, levando ao uso de critérios conservadores e, por

    consequência, ao superdimensionamento das estruturas (Souza, 2002). Cabe ressaltar que

    essas dificuldades se estendem aos elementos de infiltração de forma geral.

    Os poços de infiltração ocupam áreas relativamente pequenas e podem ser bem

    integrados ao espaço urbano. É uma solução bastante apropriada para locais onde a camada de

    solo superficial é pouco permeável, mas possui capacidade de infiltração significativa nas

    camadas mais profundas. O inconveniente dessas soluções é a necessidade de manutenção

    frequente para evitar redução de vida útil pelo processo de colmatação (Silva, 2006).

    Segundo o autor, os planos de infiltração são, geralmente, áreas naturais, comogramados laterais, utilizados para a disposição da precipitação de uma área impermeável,

    como residências ou edifícios. Essas áreas podem ficar submersas, caso a sua capacidade de

    infiltração seja muito inferior à intensidade de precipitação. Cuidados devem ser tomados nos

    casos em que o escoamento de contribuição transporta muito material fino, pois a capacidade

    de infiltração pode ficar reduzida devido à colmatação, causando a falha da estrutura. A

    Figura 2.5 exemplifica esses dispositivos.

    Figura 2.5 –  Plano de infiltração. Fonte: Milograna (2001).

    Lima (2009) avaliou, para eventos de chuvas simuladas, o comportamento hidráulico

    de uma trincheira de infiltração experimental instalada na EESC/USP e propôs uma novametodologia de dimensionamento para trincheiras de infiltração. Os resultados demonstraram

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    que a trincheira de infiltração é eficiente, controlando 100% do volume escoado, mesmo para

    chuvas com intensidades superiores aos projetos de microdrenagem. Verificou-se também que

    o modelo de Green-Ampt, utilizado no estudo, ajustou-se bem ao processo de infiltração

    horizontal. Portanto, a metodologia de dimensionamento proposta contribuiu de forma

    eficiente e economicamente eficaz para o dimensionamento de dispositivos de infiltração.

    2.4.2 Superfícies permeáveis

    As superfícies permeáveis estão incluídas na modalidade de dispositivos de infiltração.

    Elas consistem, geralmente, em estruturas simples sob o ponto de vista construtivo e sãodestinadas a reduzir diretamente a produção de escoamento pluvial, fazendo infiltrar parte da

    chuva precipitada sobre sua superfície. As soluções podem aproveitar as próprias condições

    naturais do solo local para promover a infiltração da chuva, ou serem providas de estruturas

    construídas artificialmente (Silva, 2006).

    O uso das superfícies permeáveis caracteriza-se por ser de fácil execução, pois inclui o

    uso de várias alternativas, incluindo as estruturas formadas de material granular, superfícies

    cobertas por vegetação, e, também, a aplicação de revestimentos permeáveis sob a forma de blocos modulares ou pavimentos permeáveis. Os avanços tecnológicos na produção desses

    materiais e a boa integração ao ambiente urbano vêem impulsionando a sua utilização,

    caracterizando-se como uma alternativa bastante atrativa.

    A utilização de blocos modulares e pavimentos permeáveis constituem uma alternativa

    onde a precipitação é desviada através de uma superfície permeável para camadas de solo

    subjacentes. Geralmente, essas camadas subjacentes são compostas por uma camada de areia

    sobreposta a uma camada de material granular, como brita. Essa última funciona como umreservatório de armazenamento. Quando esse reservatório é incluído na estrutura do

    revestimento, ele é dimensionado para acomodar o volume de escoamento de uma chuva de

     projeto menos o volume infiltrado durante a chuva (Silveira, 2003). A Figura 2.6 mostra a

    utilização de superfícies permeáveis em estacionamentos.

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    Figura 2.6 –  Superfície de blocos vazados utilizada em um estacionamento da Universidade

    Federal de Mato Grosso (UFMT).

    Os pavimentos permeáveis são divididos, normalmente, em duas modalidades: asfalto

     poroso e concreto poroso (Urbonas; Stahre, 1993). Esses materiais apresentam características

    construtivas semelhantes ao pavimento convencional. A diferença está na eliminação do

    material fino da sua composição.

    Os revestimentos modulares são compostos por blocos individuais fabricados

    normalmente em concreto com diversas formas geométricas, podendo ser completamente

    maciços ou possuir uma área vazada. Estes, por sua vez, podem ter a sua área vazada

     preenchida com areia, pedregulho ou vegetação rasteira.

    As superfícies permeáveis diferenciam-se dos pavimentos permeáveis pela ausência

    dos reservatórios de pedra. A capacidade de infiltração das superfícies permeáveis tende a ser

    menor do que os pavimentos permeáveis, e elas são dependentes da boa condição para

    infiltração do solo no local. Urbonas e Stahre (1993) alertam para o cuidado com tráfego pesado sobre os pavimentos de blocos de concreto vazados preenchidos com material

    granular, pois segundo estes autores, alguns blocos podem afundar e se alinhar de forma

    errada. A Figura 2.7 apresenta o detalhe da estrutura.

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    Figura 2.7 –  pavimento permeável. Fonte: Urbonas e Stahre (1993).

    Alguns benefícios provenientes da utilização de superfícies permeáveis são: redução

    considerável da vazão e do volume escoado sobre revestimentos pavimentados; possibilidade

    de serem utilizados em áreas já urbanizadas; diminuição da dimensão do sistema de drenagem

     pluvial; dentre outras. Urbonas e Stahre, (1993) enfatizam que o uso de revestimentos

     permeáveis constitui uma forma de sistema de drenagem urbana sustentável, que permite

    atenuar o pico do escoamento superficial enquanto preserva o valor da área urbanizada.Vários trabalhos foram realizados no Brasil nos últimos anos, de modo a avaliar o

    comportamento destas estruturas face ao seu funcionamento. Na maioria das vezes, observa-

    se a boa eficiência global desse tipo de solução, mostrando ser essa uma solução viável para o

    controle do escoamento na fonte. Em seguida os resultados de alguns trabalhos desenvolvidos

    são descritos com maiores detalhes.

    Silva e Campana (2004) realizaram ensaios preliminares em superfícies com grama e

     blocos vazados. As parcelas tinham dimensões de 1,95m de comprimento por 1m, com

    declividade de 4%. Em um evento em 07/02/2004 com precipitação média de 0,26mm/min, o

    coeficiente de escoamento para o bloco vazado foi de 0,01 e para a grama de 0,003. Estes

    valores indicam uma enorme eficiência dessas superfícies para o controle de escoamento

    superficial. Entretanto, deve-se ressaltar que nesses experimentos as superfícies não sofreram

    efeitos de compactação e colmatação.

    Acioli et al., (2003) apresentaram os resultados de seis meses de monitoramento de

    uma área de estacionamento com 260m² na cidade de Porto Alegre, Brasil, construída com

    dois tipos de revestimentos permeáveis: asfalto poroso e blocos vazados de concreto. Cada

    tipo de revestimento foi construído sobre um reservatório de pedras. O monitoramento

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     permitiu analisar o volume escoado superficialmente e o armazenamento no reservatório. Os

    resultados obtidos apontaram para o bom desempenho hidráulico de ambos os pavimentos,

    com valores baixos de escoamento superficial e armazenamento máximo no reservatório,

    apesar da baixa capacidade de infiltração do solo subjacente. Para uma precipitação total

    observada de 115mm e 59 minutos de duração, o pavimento de asfalto poroso apresentou um

    valor de coeficiente de escoamento de 0,07, enquanto que para o revestimento com blocos

    vazados esse valor foi de 0,09. Verificaram-se, entretanto, valores baixos para taxas de

    infiltração no solo subjacentes, não ultrapassando 4mm/h.

    Moura (2005) realizou estudos em parcelas experimentais com o objetivo de avaliar e

    medir o escoamento superficial e a taxa de infiltração observada em três tipos de superfícies

     permeáveis, além de uma análise comparativa do desempenho dessas superfícies com relaçãoà superfície gramada tomada como referência. Os resultados obtidos mostraram que o chão

     batido fez com que o coeficiente de escoamento aumentasse quase quatro vezes em relação à

    superfície gramada. Quanto aos blocos maciços, o impacto no escoamento chegou a ser de

    quase seis vezes o da superfície gramada e após a colmatação por sedimentos e a passagem de

    veículos, a infiltração para as superfícies de blocos maciços e vazados sofreu significativa

    redução a ponto de aumentar em quase sessenta vezes o coeficiente de escoamento

    superficial.Silva (2006) apresentou um estudo experimental com o objetivo de verificar a

    eficiência de diferentes tipos de superfícies permeáveis em relação ao controle na geração do

    escoamento superficial. Quatro tipos de superfícies foram avaliados, com destaque para duas

    alternativas de revestimentos permeáveis: superfície com grama, solo exposto, revestimento

    com blocos de concreto maciços, revestimento com blocos de concreto vazados. Os resultados

    mostraram uma eficiência expressiva do revestimento com blocos vazados (com coeficientes

    de escoamento inferiores a 0,35), mesmo com a compactação do seu substrato e aumento dadeclividade longitudinal. Por outro lado, a superfície com blocos maciços apresentou uma

    redução significativa de eficiência com a compactação do substrato e aumento da declividade.

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    2.5 Considerações teóricas

    2.5.1 Infiltração de água no solo

    A infiltração é definida como a entrada de água no solo através da interface solo-

    atmosfera. O termo taxa de infiltração refere-se à quantidade de água que atravessa a unidade

    de área da superfície do solo por unidade de tempo. Durante o processo de infiltração, estando

    o solo inicialmente seco, a taxa de infiltração tende a decrescer com o tempo, atingindo um

    valor final constante (Bernardo 2006). Esse valor constante, denominado de taxa de

    infiltração estável, é um importante atributo para a elaboração de projetos de irrigação, de

    drenagem, conservação do solo, entre outros. No entanto, conforme relatam Urchei e Fietz(1999), seu valor geralmente apresenta grande variabilidade, o que pode implicar em

     problemas, sobretudo quando é adotado um valor não representativo da área de interesse. As

     principais causas dessa variabilidade estão relacionadas às propriedades do solo e da água,

    além do método utilizado para sua determinação.

    A taxa de infiltração é definida como a taxa de variação da infiltração acumulada ao

    longo do tempo, sendo representada pela equação 2.1.

    =   (2.1)

    Em que:

    = taxa de infiltração da água no solo, LT-1, = infiltração acumulada, L, = tempo, T.

    Assim, a partir de dados de lâmina de água infiltrada em intervalos de tempos

    conhecidos, determinados no campo para as condições desejadas é possível construir modelos

    de I em função de .A redução da taxa de infiltração com o tempo pode ser compreendida a partir da

    aplicação da equação de Darcy às condições de escoamento em meio não saturado, como

    mostrado na Equação 2.2.

    = − ( + )  (2.2)

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    Em que:

    = densidade de fluxo LT-, = condutividade hidráulica do solo para um teor de umidade, LT-, = potencial matricial da água no solo, L-, = potencial gravitacional da água no solo, L;

     No inicio do processo, o valor da profundidade da frente de umedecimento é pequeno.

    Desta forma, o valor resultante do gradiente hidráulico será muito elevado e, portanto, uma

    taxa de infiltração alta. Com o tempo, o valor de Z vai aumentando até que, para elevados

    tempos após o inicio do processo de infiltração, o valor do gradiente + /  vaitendendo a 1 e, consequentemente, a taxa de infiltração tende a um valor aproximadamente

    igual à condutividade hidráulica do solo saturado.

    A estimativa da taxa de infiltração no solo é condicionante para determinar a

    repartição da precipitação em infiltração e escoamento superficial, a celeridade de penetração

    da frente de umedecimento no solo e a lâmina em projetos de irrigação (Lima e Silans, 1999).

    Segundo Cabena (1984) a taxa de infiltração de água no solo é talvez, isoladamente, a

     propriedade que melhor reflete as condições físicas gerais do solo, sua qualidade e

    estabilidade estrutural.O conceito de capacidade de infiltração deve ser aplicado no estudo da infiltração para

    distinguir a potencialidade que o solo tem de absorver água pela superfície da taxa real de

    infiltração (Silveira; Louzada; Beltrame, 2000). Segundo Villela e Mattos (1975) e Hillel

    (1980) a capacidade de infiltração de água representa a vazão máxima por unidade de área e

     por unidade de tempo capaz de atravessar a superfície do solo caso um excesso de água fosse

    aplicado. Para Costa et al. (1999), das características do solo, a capacidade de infiltração é

    uma das principais, pois reflete a capacidade máxima que o solo tem em permitir a entrada deágua no seu interior, sob determinadas condições, tornando-se um dos parâmetros mais

    importantes que afetam a irrigação.

    Quando uma precipitação atinge o solo com intensidade menor que a capacidade de

    infiltração, toda água infiltra no perfil do solo a uma taxa igual à intensidade da precipitação,

    causando uma redução progressiva na capacidade de infiltração devido ao umedecimento do

    solo. Persistindo a aplicação de água, a partir de um tempo t = tp (tempo de empoçamento), a

    taxa de infiltração passa a se processar nas mesmas taxas da curva de capacidade de

    infiltração, passando a decrescer com o tempo, tendendo para um valor aproximadamente

    constante após longo período de tempo, caracterizado como a condutividade hidráulica do

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    solo saturado (K 0), caso não haja aprisionamento de ar nos poros do solo, também

    denominada de taxa de infiltração estável (Figura 2.8) (Pruski et al., 1997; Brandão et al.,

    2006). Dados de taxa de infiltração estável são imprescindíveis nos modelos utilizados para a

    descrição da infiltração de água no solo (Alves Sobrinho et al., 2003).

    Figura 2.8 - Curva representativa da capacidade de infiltração (CI) e da taxa de infiltração (Ti)

    em função do tempo sob condições de precipitação constante (ip); Ko equivale à taxa de

    infiltração estável e tp é o tempo de empoçamento da água na superfície do solo.

    2.5.2Modelos de Infiltração

    Existem diversos modelos que procuram descrever a infiltração através do tempo.

    Entre os principais modelos existentes, têm-se os de Horton e Philip, que são equações para

    cálculo da infiltração pontual. O modelo de Horton apresenta três parâmetros empíricos, que

    são mostrados na equação 2.3.

    =   + −    . −   (2.3)

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

       I  n   f   i   l   t  r  a  ç   ã  o

    Tempo

    Tempo de Empoçamento (tp) Taxa de Infiltração Estável (Tie)

    Capacidade de Infiltração (CI) Regime de precipitação contante (ip)

    Taxa de Infiltração (Ti)

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    Em que:

    = capacidade de infiltração no tempo t (mm/h),  = capacidade de infiltração final (mm/h), = capacidade de infiltração inicial (mm/h), = constante que representa a taxa de decréscimo na capacidade  (L/h), = tempo decorrido (h);

    A aplicação do modelo de Horton só é possível quando a intensidade de precipitação

    se apresentar superior à capacidade de infiltração da superfície. Os parâmetros  ,   e  devem ser determinados usando-se dados observados de infiltração (Rawls et al., 1993).

    O modelo de Philip é o resultado da resolução analítica da equação de Richards, tendocomo resultado a Equação 4.

    = 12 −1

    2 +    (2.4)

    Em que:

    = infiltração no tempo t (mm/h),

    = parâmetro de absorção do solo (mm/h1/2

    ),  = condutividade hidráulica (mm/h), = tempo decorrido (h);

    A equação de Philip tem embasamento físico e um dos possíveis métodos para se

    determinar os parâmetros  e  realizam-se ensaios de campo com infiltrômetros (Righetto,1998).

    2.5.3 Métodos para determinação da infiltração de água no solo

    Existem diversos métodos para a determinação da infiltração de água no solo. Dentre

    eles, destacam-se os infiltrômetros de aspersão ou simuladores de chuva (Alves Sobrinho,

    1997), os infiltrômetros de cilindros concêntricos (Bernardo, 2006), os permeâmetros

    (Reynolds; Vieira; Topp, 1992), os infiltrômetros de tensão ou permeâmetros de disco (Borges

    et al., 1999), os infiltrômetros de pressão Reynolds; Vieira; Topp, 1992).

    Métodos que não consideram o impacto da gota da chuva podem superestimar a

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    infiltração da água, gerando problemas de erosão do solo. Em geral, quando se utiliza o

    infiltrômetro de aspersão para determinação da infiltração de água no solo, são menores os

    valores estimados para a taxa de infiltração estável em relação aos obtidos com métodos (Pott;

    De Maria, 2003).

    A determinação da infiltração de água no solo deve ser feita por métodos simples e

    capazes de representar, adequadamente, as condições em que se encontra o solo. Para tanto,

    torna-se necessário adotar métodos, cuja determinação baseia-se em condições semelhantes

    àquelas observadas durante o processo pelas condições de superfície e conteúdo de umidade

    do solo (PRUSKI et al., 1997).

    2.5.4 Simulador de chuvas

    Infiltrômetros de aspersão ou simuladores de chuva são ferramentas de pesquisa

     projetadas para aplicar precipitações de água de forma similar às chuvas naturais. Contudo, as

    características da chuva devem ser simuladas adequadamente, os dados de escoamento

    superficial analisados cuidadosamente e os resultados, interpretados de maneira sensata, para

    que sejam obtidas, informações de confiança para as condições em que as chuvas simuladassão aplicadas (Silveira; Salvador, 2000).

    A estimativa da taxa de infiltração estável, através do uso de chuva natural, é onerosa e

    demorada. Em decorrência disso, a pesquisa na área de engenharia e conservação do solo e da

    água, enfatiza o uso de equipamentos denominados infiltrômetros de aspersão ou simuladores

    de chuva, que permitem controlar as características relativas à intensidade, duração e

    frequência da precipitação para se medir a infiltração no campo e ajustar modelos

    matemáticos que descrevem a infiltração de água em diferentes condições de solo e/ousistemas de cultivo (Panachuki, 2003).

    Segundo Moore, Hirschi e Barfield, (1983), o simulador de chuvas deve permitir o

    ajuste das características da precipitação, ou seja, intensidade e duração. Para isso, deve

     permitir o ajuste de uma ampla faixa de intensidades de precipitação de modo a reproduzir as

    características da chuva da região geográfica em questão.

    Para que um infiltrômetro tipo simulador de chuvas seja considerado satisfatório, é

    necessário que ele preencha às seguintes condições:

    a)  apresentar relação entre a energia cinética da precipitação simulada e aquela

    chuva natural acima de 75% (Meyer; Mccune, 1958);

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     b)  aplicar água de modo contínuo na parcela experimental ou, no mínimo,

    executar duas aplicações por segundo, compondo assim uma aplicação não

    intermitente (MORIN; VAN WINKEL., 1996);

    c)   permitir o uso de parcela experimental com área superior a 0,50m²,

    caracterizada como parcela alvo de precipitação, pois experimentos cuja área

    útil é inferior a 0,50m² estão sujeitos a resultados tendenciosos (SMITH, 1976).

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    3. OBJETIVOS

    3.1 Objetivo geral

    Este trabalho tem como objetivo avaliar experimentalmente e comparar a eficiência de

    superfícies na redução do escoamento superficial na fonte.

    3.2 Objetivos específicos

      Determinar a taxa de infiltração estável (Tie) e tempo de empoçamento (ti) nos cincotipos de revestimentos estudados;

      Aplicar o modelo teórico de Horton aos dados observados;

      Determinar o escoamento superficial e o coeficiente de escoamento nos cinco tipos de

    revestimentos estudados;

      Analisar a influência da intensidade e do tempo da precipitação sobre o escoamento

    superficial em diferentes tipos de superfícies permeáveis;

      Comparar os valores de coeficiente de escoamento com a literatura;

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    4. MATERIAL E MÉTODOS

    O trabalho envolveu a construção de uma unidade experimental constituída por quinze

    módulos de 0,7m², sob os quais foram realizadas chuvas artificiais com simulador. As parcelas

    construídas representam cinco tipos diferentes de revestimentos.

    O comportamento hidrológico dos dispositivos implantados foi analisado por meio de

     balanço hídrico obtido entre o volume precipitado e a estimativa da vazão escoada

    superficialmente, o que permitiu realizar a análise da taxa de infiltração.

    O estudo experimental envolveu, fundamentalmente, o desenvolvimento de cinco

    etapas, executadas na seguinte sequência:

      Delineamento das superfícies a serem estudadas;  Escolha do local de implantação da unidade experimental na área de estudo;

      Construção da unidade experimental;

      Calibração do equipamento simulador de chuvas;

      Realização dos testes.

    Os itens seguintes descrevem em detalhes as etapas desenvolvidas.

    4.1 Delineamento das superfícies estudadas

    O trabalho envolveu o estudo de cinco tipos diferentes de superfícies: (i) blocos de

    concreto vazados; (ii) blocos de concreto maciços; (iii) concreto convencional; (iv) solo

    exposto; (v) solo gramado.

    i. 

    Blocos de concreto vazados: foram construídas três parcelas revestidas com blocos deconcreto vazados preenchidos com material granular (areia), com declividade de 2 %.

    O material utilizado é constituído de blocos de concreto industrializados tipo bujão

    com seis centímetros de espessura, o qual permite a infiltração da água pelo orifício

    que se forma após a sua instalação.

    ii.  Blocos de concreto maciços: foram construídas três parcelas revestidas com blocos de

    concreto maciços preenchidos com material granular (areia), com declividade de 2 %.

    O material utilizado é constituído de blocos de concreto industrializados tipo prisma

    com seis centímetros de espessura, são intertravados de forma a permitir a infiltração

    da água apenas pelas juntas existentes entre os blocos.

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    iii.  Concreto convencional: foram construídas três parcelas com blocos de concreto

    maciços revestidas com concreto convencional de cimento, areia e brita, com

    declividade de 2%.

    iv.  Solo exposto: foram construídas três parcelas com solo exposto sob condições normais

    de compactação