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CAVALO LUSITANO REVISTA EQUITAÇÃO 30 AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A FUNCIONALIDADE NO CAVALO LUSITANO: A EQUITAÇÃO DE TRABALHO NO SEGUIMENTO DO EXPOSTO NAS ÚLTIMAS EDIÇÕES DA REVISTA (N.º 114 A 117) VAMOS CONTINUAR A ABORDAR A TEMÁTICA DAS ESTRATÉGIAS DE CARACTERIZAÇÃO E SELECÇÃO NA RAÇA LUSITANA (VICENTE, 2015), COM A APRESENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A FUNCIONALIDADE EM EQUITAÇÃO DE TRA- BALHO, NUMA TENTATIVA DE SELECÇÃO DE ANIMAIS GENETICAMENTE SUPERIORES, COM BASE NO SEU VA- LOR GENÉTICO ESTIMADO PARA AQUELA CARACTERÍSTICA (GAMA ET AL., 2004). C omo uma disciplina equestre internacional recente, criada em 1996, a Equitação de Trabalho (ET), visa promover os vários tipos de equitação empregues nos países, utilizadores do cavalo como meio e instrumento de trabalho de campo. Pretende-se com esta disciplina equestre conservar e perpetuar, não só a equitação tradicional de cada país, mas também as várias tradições de trajes e arreios que fazem parte do seu património cultural eques- tre. Como tal a ET constitui um excelente exemplo de uma mos- tra etnográfica e cultural, man- tendo os trajes tradicionais e ar- reios característicos de cada país (WAWE, 2015; http://www.wawe- official.com/we-rules). Figura 1 – Dupla Pedro Torres e Oxidado em preparação para a Prova de Ensino António Vicente 1,2,3 Nuno Carolino 2,3,4 Luís T. Gama 3 1 Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém, Apartado 310, 2001-904 Santarém, Portugal; 2 Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos, INIAV, IP 2005-048 Vale de Santarém, Portugal; 3 CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, 1300-477 Lisboa, Portugal; 4 Escola Universitária Vasco da Gama, Av. José R. Sousa Fernandes 197 Lordemão, 3020-210 Coimbra, Portugal Figura 2 – Dupla Bruno Silva e Zagalo na Prova de Maneabilidade Figura 3 – Dupla João Rafael e Trigo na Prova de Velocidade Como é do conhecimento ge- ral, cada competição de Equi- tação de Trabalho é composta por três tipos diferentes de pro- vas que são: 1) Prova de Ensino (Figura 1); 2) Prova de Manea- bilidade (Figura 2); e 3) Prova de velocidade (Figura 3). Nos campeonatos internacionais existe ainda uma quarta prova por equipas que é a Prova da vaca (Figura 4). A prova de ensino consiste na realização de uma sequência de exercícios pré-definidos, como no ensino de competição (Dressage), onde o conjunto (ca- valo e cavaleiro) executa uma coreografia de maior ou menor dificuldade, dependendo do nível do teste, numa pista com 20x40m. A prova de maneabili- dade consiste na realização de um percurso, tipo uma gincana, com obstáculos diversos se- melhantes aos que poderão aparecer no trabalho de campo (pontes, portões, saltos, slalom, valas, etc.) em que se classifica a qualidade da equitação em- pregue para transpor os obstá- culos, dependendo da impulsão, Foto: Andréa Kjellberg Figura 4 – Prova da Vaca

AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A FUNCIONALIDADE NO …repositorio.ipsantarem.pt/bitstream/10400.15/1458/1... · 2016-05-11 · na Prova de Maneabilidade Figura 3 – Dupla João Rafael

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CAVALO LUSITANO

REVISTA EQUITAÇÃO 30

AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A FUNCIONALIDADE NO CAVALO LUSITANO:

A EQUITAÇÃO DE TRABALHONO SEGUIMENTO DO EXPOSTO NAS ÚLTIMAS EDIÇÕES DA REVISTA (N.º 114 A 117) VAMOS CONTINUAR AABORDAR A TEMÁTICA DAS ESTRATÉGIAS DE CARACTERIZAÇÃO E SELECÇÃO NA RAÇA LUSITANA (VICENTE,2015), COM A APRESENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO GENÉTICA PARA A FUNCIONALIDADE EM EQUITAÇÃO DE TRA-BALHO, NUMA TENTATIVA DE SELECÇÃO DE ANIMAIS GENETICAMENTE SUPERIORES, COM BASE NO SEU VA-LOR GENÉTICO ESTIMADO PARA AQUELA CARACTERÍSTICA (GAMA ET AL., 2004).

Como uma disciplinaequestre internacionalrecente, criada em 1996,

a Equitação de Trabalho (ET),visa promover os vários tipos deequitação empregues nos países,utilizadores do cavalo como meioe instrumento de trabalho decampo. Pretende-se com estadisciplina equestre conservar eperpetuar, não só a equitaçãotradicional de cada país, mastambém as várias tradições detrajes e arreios que fazem partedo seu património cultural eques-tre. Como tal a ET constitui umexcelente exemplo de uma mos-tra etnográfica e cultural, man-tendo os trajes tradicionais e ar-reios característicos de cada país(WAWE, 2015; http://www.wawe-official.com/we-rules).

Figura 1 – Dupla Pedro Torres e Oxidado em preparação para a Prova de Ensino

António Vicente 1,2,3 Nuno Carolino 2,3,4 Luís T. Gama 3

1 Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém, Apartado 310, 2001-904 Santarém, Portugal;2 Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de Biotecnologia e Recursos Genéticos, INIAV, IP 2005-048 Vale de Santarém, Portugal;

3 CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, 1300-477 Lisboa, Portugal;4 Escola Universitária Vasco da Gama, Av. José R. Sousa Fernandes 197 Lordemão, 3020-210 Coimbra, Portugal

Figura 2 – Dupla Bruno Silva e Zagalo na Prova de Maneabilidade

Figura 3 – Dupla João Rafael e Trigo na Prova de Velocidade

Como é do conhecimento ge-ral, cada competição de Equi-tação de Trabalho é compostapor três tipos diferentes de pro-vas que são: 1) Prova de Ensino(Figura 1); 2) Prova de Manea-bilidade (Figura 2); e 3) Provade velocidade (Figura 3). Noscampeonatos internacionaisexiste ainda uma quarta provapor equipas que é a Prova davaca (Figura 4).A prova de ensino consiste

na realização de uma sequênciade exercícios pré-definidos,como no ensino de competição(Dressage), onde o conjunto (ca-valo e cavaleiro) executa umacoreografia de maior ou menordificuldade, dependendo do níveldo teste, numa pista com20x40m. A prova de maneabili-

dade consiste na realização deum percurso, tipo uma gincana,com obstáculos diversos se-melhantes aos que poderãoaparecer no trabalho de campo

(pontes, portões, saltos, slalom,valas, etc.) em que se classificaa qualidade da equitação em-pregue para transpor os obstá-culos, dependendo da impulsão,

Foto: Andréa Kjellberg

Figura 4 – Prova da Vaca

CAVALO LUSITANO

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agilidade, submissão, atitude,facilidade, qualidade dos anda-mentos, etc. Nestas duas pri-meiras provas existe um júri (3a 5 elementos) que dá notas eclassifica o desempenho dosconjuntos. A prova de velocidadeenvolve, regra geral, os mesmosobstáculos da prova de manea-bilidade, mas o objetivo aqui étranspor os obstáculos o maisrápido possível sem falhas depenalização, sendo uma provacontra o cronómetro. Com estastrês primeiras fases decide-sea classificação individual, pelosomatório dos pontos obtidosem cada uma delas. A últimaprova que existe é realizada porequipas de quatro elementos,denomina-se prova da vaca, econsiste em separar uma vacapré-sorteada de um grupo deanimais e também é contra orelógio. Nesta prova da vacahá apenas uma classificaçãopor equipas e é realizada prin-cipalmente em campeonatos in-ternacionais (da Europa e doMundo) para decidir os resulta-dos finais (WAWE, 2015).A Equitação de Trabalho, mes-

mo sendo uma disciplina eques-tre muito recente, está a tor-nar-se cada vez mais praticadaem diferentes países, já commais de 20 nações que promo-vem e organizam competiçõesnesta área. Portugal teve a suaprimeira participação no cam-peonato da Europa de 1997,realizado em Espanha, com umaequipa composta por quatrocavalos Lusitanos e desde logoa Associação Portuguesa deCriadores do Cavalo Puro-san-gue Lusitano (APSL) dinamizoue organizou esta disciplinaequestre em Portugal, tendo ini-ciado o primeiro campeonatonacional em 1999. Desde entãoos cavaleiros e cavalos portu-gueses, individualmente e porequipas, têm participando nosprincipais eventos nacionais einternacionais de ET, usandouma vasta maioria de cavalosLusitanos, com resultados in-ternacionais muito expressivose relevantes, obtendo frequen-temente o título de campeõeseuropeus e mundiais, individual-mente ou por equipas. A com-provar este facto temos que,no panorama internacional comclasses abertas a todas as raças,a presença da raça Lusitanatem sido bastante relevante.Com os dados disponíveis(WAVE, 2015; http://wawe-offi-cial.com/working-equitation/in-ternational--events-history) e pe-

los resultados das principaiscompetições internacionais(campeonatos da Europa e doMundo entre 2002 e 2014), deum total de 250 cavalos quecompetiram, 115 eram Lusita-nos, o que significa uma per-centagem global de 46% dototal. Bastante significativo!Em 2004 foi criada a WAWE

(World Association for WorkingEquitation), organização mundialdesta disciplina equestre, como objectivo de a promover edesenvolver, homogeneizar asregras e regulamentos em todosos países aderentes, cativar no-vos países e novos praticantes,tentando que a disciplina esteja,em cada país, sob a égide darespetiva federação nacional,como acontece em Portugal,com a tutela pela FederaçãoEquestre Portuguesa. De igualmodo pretende-se dar maior vi-sualização à mesma com a suaentrada para a FederaçãoEquestre Europeia (FEE) e es-peramos que num futuro próxi-mo possa vir a integrar a FEI. Esta nova disciplina equestre

está perfeitamente adaptada aocavalo Lusitano e é onde ele

pode demonstrar todo o seupotencial de desempenho fun-cional, sendo uma ferramentaimportante para a seleção nopresente e futuro desta raça. Aseleção histórica do cavalo Lu-sitano, pelo trabalho de campo,o combate à "gineta" e touradasa cavalo, ajusta-se muito bemaos requisitos exigidos hoje emdia para cavalos a competir emET, sendo por isso importanteestudar e analisar os diferentesdados existentes nesta disciplinaequestre.Sendo uma disciplina recente

ainda não há tantos dados eregistos como acontece para aDressage. Ainda assim dispo-mos de mais de 1500 resultados(de 1998 a 2011), mas ao longodos anos, teremos cada vezmais informação à nossa dis-posição relevante para ser ana-lisada e contribuir para o me-lhoramento genético da raça. Como já foi referido e expli-

cado numa edição anterior darevista (Nº 107 sobre a avalia-ção genética para a funciona-lidade em Dressage) interessaao criador conhecer o valor ge-nético dos seus animais, ou

seja, qual o valor de um animalnum programa de selecção, i.e.o que esse animal poderá efec-tivamente transmitir à descen-dência, indicador do seu méritogenético. Desde modo, propu-semo-nos realizar uma avaliaçãogenética para o desempenhofuncional em Equitação de Tra-balho, considerando todos osresultados disponíveis de per-formance em competição decavalos Lusitanos, com a pre-dição de valores genéticos paraesta população, com base nametodologia BLUP – ModeloAnimal (Gama et al., 2004; Hen-derson, 1994). O modelo em-pregue para este estudo apre-senta-se na Figura 4. Foi utilizada a informação ge-

nealógica e morfológica do Stud-book da raça, cedida pelo Re-gisto Nacional de Equinos (RNE)e completada com informaçãoda APSL, que incluía genealogiasde 53417 indivíduos (nascidosentre 1824 e 2009). No que dizrespeito aos resultados despor-tivos utilizaram-se somente osresultados das provas de ensinoe maneabilidade uma vez queos dados da prova de velocidadeeram dificilmente comparáveisentre eventos e existia um nú-mero muito reduzido de dadosda prova da vaca. Elaborou-seum ficheiro com 1454 registosde 186 cavalos na prova de en-sino e 1524 registos de 211cavalos na prova de maneabili-dade (entre os anos de 1998 a2011). Na Figura 5 apresenta-se a distribuição do número deprovas disputados por cavalosLusitanos em ET. Desde a or-ganização do primeiro campeo-

Figura 4 – Modelo de análise para a Equitação de Trabalho no cavalo Lusitano, considerando diferentes efeitos fixos

Figura 5 - Número de provas disputadas por cavalos Lusitanos em Equitação de Trabalho

CAVALO LUSITANO

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nato nacional em 1999 que onúmero de provas disputadaspor cavalos Lusitanos oscilouentre 57 e 183 (2004).Por curiosidade, apresentamos

igualmente a distribuição per-centual dos principais locais queorganizaram concursos de Equi-tação de Trabalho em Portugalentre 1998 e 2011 (Figura 6).De notar que existe um predo-mínio claro da Golegã na organi-zação de provas de ET, seguidapor Santarém e Beja, locais muitorelacionados com feiras e festivaisagropecuários, onde o cavaloLusitano é figura de destaque.Através do BLUP - Modelo

Animal utilizou-se um modelomisto, com registos repetidos,que incluía os efeitos fixos doevento (combinação de data elocal de prova), nível de compe-tição (desde Debutantes até Mas-ters), sexo e ainda o efeito linearda consanguinidade e o efeitolinear e quadrático da idade àprova. Os efeitos aleatórios con-siderados foram o valor genéticodo animal e o seu efeito ambientalpermanente (Figura 4).A distribuição das diferentes

provas de cavalos Lusitanos pe-los vários níveis de competiçãoapresenta-se na Figura 7. Ob-serva-se um claro predomíniodo nível de debutantes (707provas) e uma mais fraca parti-cipação das classes mais jovens(Juvenis e Juniores) (até 2011),algo que tem sido consideradono presente pela APSL e WAWE,com um incentivo à participaçãode jovens cavaleiros, pela or-ganização de campeonatos eu-ropeus da disciplina.As estatísticas descritivas e pa-

râmetros genéticos do cavalo Lu-sitano para a Equitação de Trabalhoestão expostas na Tabela 1.

numa prova de maneabilidade,comparativamente com a provade ensino (tipo de obstáculos,piso, percursos, condições cli-matéricas, etc).Não existe uma tendência fe-

notípica clara de evolução (po-sitiva ou negativa) das percen-tagens médias obtidas nas pro-vas analisadas consoante o anode nascimento dos animais,conforme se observa na Figura8, ocorrendo uma oscilação en-tre anos estudados.Após as estimativas dos vários

parâmetros genéticos para aEquitação de Trabalho no cavaloLusitano pudemos então realizara fundamental avaliação genéticacom o intuito de obter estimativas

Figura 6 – Distribuição percentual dos locais organizadores de provas de ET

Figura 7 – Distribuição no número de provas de ET consoante o nível de dificuldade

Observa-se que a percenta-gem média obtida em provasde ensino e de maneabilidaderondou os 61%, com uma ampladispersão de valores mínimos emáximos (aproximadamente en-tre os 25 e 85%), ainda maisevidente para a maneabilidadecom um coeficiente de variaçãode aproximadamente 17%. Aheritabilidade (h2), parâmetro ge-nético fundamental, que medeessencialmente a transmissibili-dade à descendência de umadada característica, foi média/altapara a prova de ensino (0.32) emédia/baixa para a maneabili-dade (0.18), possivelmente frutoda maior influência ambiental ede diversos factores que variam

Tabela 1 – Estatísticas descritivas e parâmetros genéticos do cavalo Lusitano em Equitação de Trabalho para as provas de ensino e de maneabilidade

CAVALO LUSITANO

Telef: 00351 265 573395

dos valores genéticos para osdiferentes animais que compõemesta população. Com isto pode-mos obter rankings de animaisconsoante o seu valor genéticoestimado para diferentes carac-terísticas estudadas (prova deensino e prova de maneabilidade).

Obtiveram-se ainda estimativasde efeitos fixos (factores ambien-tais), precisões das estimativasdos valores genéticos e tendên-cias genéticas ao longo do tempo,indicadores mais objectivos efundamentais para a selecção emelhoramento genético.

De realçar que as estimativasdos valores genéticos são di-nâmicas, uma vez que depen-dem da média do conjunto deanimais avaliados, querendo di-zer que podem e devem seratualizadas frequentemente(numa base semestral ou anual)

e à medida que vamos dispondode mais informação de compe-tição desportiva em Equitaçãode Trabalho poder-se-ão alterar(só apresentamos aqui dadosaté 2011).Na Tabela 2 apresenta-se o

ranking do mérito genético esti-mado para os melhores 22 ani-mais Lusitanos para a Equitaçãode Trabalho, ordenados a partirda média do valor genético (VG)para a prova de ensino e para amaneabilidade. Como curiosida-de, indica-se ainda o ano denascimento dos animais e a alturaao garrote (AG). No topo do ran-king genético para a Equitaçãode Trabalho estão cavalos comcréditos firmados nesta disciplinaequestre, com várias provas ga-nhas e vários títulos nacionais einternacionais, como foram ocaso do Oxidado, Navarro e Pin-tor. De frisar ainda que a médiade altura ao garrote dos animaisque compõem o top do rankingem Equitação de Trabalho é de160 cm, inferior à obtida para oscavalos do ranking de Dressage(Edição n.º 107 da Revista) de164 cm. Possivelmente pelamaior facilidade dos animais com

Figura 8 – Tendências fenotípicas do desempenho funcional em Equitação de Trabalho para a prova de ensino e de maneabilidade

Ana.Jorge
Caixa de texto

CAVALO LUSITANO

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BIBlIOgRAfIA COnSUlTAdA

Gama, L.T, Matos, C.P. e Carolino, N.2004. Modelos Mistos em Melhoramento Animal. ArquivosVeterinários, Nº7, Direcção Geral de Veterinária - Ministérioda Agricultura, do Desenvolvimento Rural e Pescas,Portugal.Henderson, C. R., 1994. Applications of Linear Models

in Animal Breeding. Third printing. University of Guelph,Canada.Vicente, A. 2015. Characterization and selection of

the Lusitano horse breed. Doctoral Thesis in VeterinaryScience. Faculdade de Medicina Veterinária da Univer-sidade de Lisboa.WAWE. 2015. International working equitation regula-

tions. World Association for Working Equitation.

um centro de gravidade maisbaixo em realizar os percursosde obstáculos sem a necessidadede tão grande amplitude de an-damentos e dimensão como nocaso da Dressage.De entre os vários efeitos fixos

ambientais estudados é interes-sante apresentar-se o efeito dosexo para o desempenho fun-cional em ET. Pela análise da Fi-gura 9 podemos observar queexiste uma clara superioridadenos resultados obtidos pelosmachos na prova de Maneabili-dade (em quase 1%). No entanto,ocorre o inverso para a provade ensino, onde as fêmeas apre-sentaram resultados mais ele-vados (~+0.5%) em relação aosmachos. Estes dados são cu-riosos de apresentar ainda paramais sabendo que a proporçãode fêmeas relativamente ao totalde dados foi somente de ~5%.Sabendo que tradicionalmente

as éguas Lusitanas são quasena sua totalidade utilizadas parareprodução, estes dados confir-mam que os criadores/proprie-tários dos animais só arriscamcolocar fêmeas em competiçãodesportiva se forem de qualidadesuperior, como foram os casos,por exemplo, das éguas Navalha(Romão Tavares) e Gaiata (So-ciedade das Silveiras).De igual forma fomos estudar

o efeito do nível de competição(de Juvenis a Masters) no de-sempenho desportivo em ET(Figura 10). De um modo geral,e tendo como referência a classede debutantes, à medida que onível competitivo se torna maiscomplexo tecnicamente, as clas-sificações obtidas vão sendomaiores. A única excepção,onde esta tendência de aumentonão se verifica, é na prova deensino no escalão de Masters.Efectivamente e dado ser uma

outras selecções nacionais, paraalém de Portugal, tais como aGrã-Bretanha, Brasil, Bélgica,México, Colômbia, França, Di-namarca e Suécia. É tambémuma ferramenta importante paraa seleção funcional da raça empaíses onde a tauromaquia acavalo não é praticada ou nãoé bem aceite.Para uma correcta análise mor-

fo-funcional de uma raça é im-portante conhecer a sua história,a seleção efectuada no passadoe no presente, e como ela foimoldada até chegar ao momentoactual. Somente conhecendobem a história da população,estudando influências e estraté-gias de seleção seguidas, po-demos tomar medidas e ajudara definir correctas estratégias deselecção para o futuro, tendosempre em mente o melhora-mento genético do maravilhosocavalo de raça Lusitana.�

Agradecimentos: Ao RNE/AR eAPSL pela cedência dos dados paraeste estudo e por todo o apoio nasua elaboração.

Tabela 2 - Ranking de mérito genético para a Equitação de Trabalho de cavalos Lusitanos, para as provas de Ensino (VGENS em %) e de Maneabilidade (VGMAN em %), respectiva média (Média VG em %), altura ao garrote (AltG, cm) e ano de nascimento (ANOn).

Figura 9 – Efeito ambiental do sexo para as provas de ensino e de maneabilidade de Equitação de Trabalho

Figura 10 – Efeito fixo do nível de competição no desempenho em provas de ensino e de maneabilidade de Equitação de Trabalho

prova com um nível técnico mui-to mais exigente que as restan-tes (com passagens de mãoaproximadas, passage e piaffé)as médias neste nível tendem aser menores, facto bem demar-cado com este estudo.Com estes resultados obtidos

pensamos que o criador de ca-valos Lusitanos poderá ter àsua disposição um conjunto deinformações e dados relevantes,que o auxiliem nas opções deselecção e emparelhamentosde reprodutores, no que diz res-peito ao desempenho em Equi-tação de Trabalho. Dado o cavalo Lusitano ter

uma presença dominante emvários concursos a nível mundial,a quantidade de registos decompetição em ET irá aumentarsignificativamente num futuropróximo. Ao usarmos as infor-mações disponíveis sobre ETpodemos ter mais dados ob-jectivos e ferramentas para se-lecionar os animais. Tambémuma comparação entre diferen-tes países pode ser feita, dadoo uso do cavalo Lusitano por