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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA UFJF CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DO AR NO INTERIOR DA BIBLIOTECA CENTRAL DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA Henrique Pereira Fernandes Juiz de Fora 2014

Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

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Page 1: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA – UFJF

CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DO AR NO

INTERIOR DA BIBLIOTECA CENTRAL DO CAMPUS DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Henrique Pereira Fernandes

Juiz de Fora

2014

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AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DO AR NO INTERIOR DA

BIBLIOTECA CENTRAL DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE

FORA

Henrique Pereira Fernandes

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Henrique Pereira Fernandes

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DO AR NO

INTERIOR DA BIBLIOTECA CENTRAL DO CAMPUS DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FPRA

Trabalho final de curso apresentado ao

departamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental da Universidade Federal de Juiz de

Fora como requisito parcial à obtenção do título

de engenheiro sanitarista e ambiental.

Área de concentração: engenharia ambiental e

sanitária

Linha de pesquisa: Poluição Atmosférica

Orientadora: Aline Sarmento Procópio

Co-Orientadora: Simone Jaqueline Cardoso

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2014

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“AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DO AR NO INTERIOR DA

BIBLIOTECA CENTRAL DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DE JUIZ DE FORA”

HENRIQUE PEREIRA FERNANDES

Trabalho Final de Curso submetido à banca examinadora constituída de acordo com o artigo 9°

da Resolução CCESA 4, de 9 de abril de 2012, estabelecida pelo Colegiado do Curso de

Engenharia Ambiental e Sanitária, como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro

Ambiental e Sanitarista.

Aprovado em 12 de dezembro de 2014.

Por:

______________________________________

Profa. D.Sc. Aline Sarmento Procópio – Orientadora

______________________________________

Profa. D.Sc. Simone Jaqueline Cardoso – Co-orientadora

______________________________________

Prof. D.Sc. Jonathas Batista Gonçalves Silva

______________________________________

Prof. D.Sc. Otávio Eurico de Aquino Branco

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida e pela oportunidade de cursar esta graduação

que tanto significou para meu amadurecimento.

Agradeço aos meus pais, sempre presentes, pelo apoio e incentivo incondicionais; sem eles esta

realização provavelmente não seria possível.

Aos meus grandes amigos, pela torcida e experiências compartilhadas.

Às minhas orientadoras, Aline e Simone, agradeço o privilégio de ter realizado este trabalho

com vocês. Agradeço por todo o tempo dedicado a me orientar, além de todo o conhecimento

passado. Foram demonstrações de profissionalismo e de como tudo fica mais fácil quando se

faz o que se gosta.

À Faculdade de Engenharia, e em especial ao departamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental da UFJF; estarão sempre comigo a saudade e o orgulho de ter feito parte dessa

instituição.

Aos meus amigos de turma, primeira turma do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da

UFJF, quantos momentos compartilhados... Agora, nos veremos por aí; mas guardarei a todos

com muito carinho.

Enfim, agradeço a todos que de alguma forma estiveram presentes nessa minha caminhada e

possibilitaram a realização desse trabalho. Valeu! Muito obrigado!

Page 6: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo analisar a qualidade do ar em três ambientes internos distintos

da Biblioteca Central da Universidade Federal de Juiz de Fora, no que diz respeito à

concentração de microrganismos, visando à saúde e conforto de seus usuários. Os ambientes

selecionados foram: 1) Sala dos Guarda-Volumes; 2) Salão de Estudos; 3) Sala dos Periódicos;

e um ponto externo para comparação. Os parâmetros avaliados foram: concentração de fungos,

de bactérias, umidade relativa, temperatura, taxa de ocupação do local, além de uma análise

qualitativa de bactérias fazendo uso do meio de cultura cromogênico seletivo CHROMagarTM

KPC. À exceção de algumas amostras qualitativas, que fizeram uso o método de amostragem

passivo (ou gravitacional) na segunda campanha, todas amostragens foram realizadas pelo

método ativo (ou volumétrico) seguindo o recomendado pela Resolução da ANVISA Nº 9 de

16 de Janeiro de 2003 e pela Nota Técnica SCE-02 da ADENE. Os resultados obtidos foram

comparados às principais recomendações de órgãos regulatórios e valores propostos por

autores. Pelos resultados observou-se que a primeira campanha apresentou valores altos para as

concentrações de fungos internas e externas, provavelmente devido à chegada e passagem de

uma frente fria à região na época, enquanto na segunda campanha os valores já foram menores

devido as fortes chuvas dias antes da campanha, favorecendo a deposição úmica. Observou-se

também um aumento na concentração de bioaerossóis no decorrer do dia, que pode estar

relacionado à circulação de pessoas nos ambientes. Para as bactérias, todos os valores se

enquadraram nas especificações a que foram submetidas, inclusive para as analises qualitativas.

Não foi possível discutir alterações relacionadas à sazonalidade, já que as estações não se

encontravam bem definidas na época das amostragens, mas notou-se que os ambientes da

biblioteca apresentam uma boa ventilação natural, com suas relações I/E sempre próximas de 1,

com exceção da Sala dos Periódicos que não estava em funcionamento e se encontrava toda

fechada, verificando o fato de que a qualidade do ar externo tem forte influencia na qualidade

do ar interno. O Salão de Estudos, apesar de aparentar ser o melhor ventilado dos ambientes

analisados, foi o que apresentou as maiores taxas I/E (próximas de 1,5), causado por parte do

acervo da unidade que é armazenada neste ambiente. E por fim, notou-se a necessidade de

revisão da RE nº9 de 2003 no que diz respeito ao tempo de incubação para fungos e

amostragens por ambiente.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................................. 3

2.1. Objetivo geral ............................................................................................................. 3

2.2. Objetivos específicos ................................................................................................. 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 4

3.1. Poluição do Ar ........................................................................................................... 4

3.2. Legislações pertinentes .............................................................................................. 7

3.3. Estudos realizados e propostas científicas de valores recomendáveis ..................... 11

3.4. Métodos de Amostragem ......................................................................................... 14

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 18

4.1. Local de Estudo ........................................................................................................ 18

4.2. Amostragem ............................................................................................................. 25

4.3. Coleta e preservação das amostras ........................................................................... 30

4.4. Análise das Amostras ............................................................................................... 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................................... 34

5.1. Concentrações totais de fungos no ar ....................................................................... 34

5.2. Concentrações de bactérias no ar ............................................................................. 36

5.3 Amostras de CHROMagarTM

.................................................................................... 38

5.4. Análise global dos resultados ................................................................................... 39

5.5. Discussões ................................................................................................................ 44

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 50

7. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ................................ 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................ 52

APÊNDICE A – Planilhas de Campo da Primeira Campanha de Amostragem ......................... 61

APÊNDICE B – Planilhas de Campo da Segunda Campanha de Amostragem ......................... 64

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1. Mapa da Universidade Federal de Juiz de Fora ...................................................... 18

Figura 4.2. Vista externa do prédio da Biblioteca Central (em destaque) ................................. 19

Figura 4.3. Croqui dos pontos de amostragem .......................................................................... 19

Figura 4.4. Localização do ponto externo de amostragem ........................................................ 20

Figura 4.5. Ponto de amostragem na Sala dos Guarda-Volumes ............................................... 21

Figura 4.6. Salão de Estudos ...................................................................................................... 22

Figura 4.7. Salão de Estudos com destaque para uma das extremidades .................................. 22

Figura 4.8. Salão de Estudos com destaque para o ponto de amostragem ................................ 23

Figura 4.9. Sala dos Periódicos com destaque para o arranjo das estantes ................................ 24

Figura 4.10. Sala dos Periódicos com destaque para o ponto de amostragem .......................... 24

Figura 4.11. Sala dos Periódicos com destaque para entrada/ponto de amostragem................. 25

Figura 4.12. Bomba E-Lite da Allegro utilizada para sucção do ar ........................................... 26

Figura 4.13. Impactador de ar de um estágio modelo EMSP VP-400 utilizado para colocar as

placas de petri na amostragem .................................................................................................... 26

Figura 4.14. Ilustração impactador de ar ................................................................................... 27

Figura 4.16. Termo-Higrômetro ................................................................................................ 28

Figura 4.15. Medidor de volume ............................................................................................... 28

Figura 4.17. Placas com meios de cultura utilizados para cada tipo de análise......................... 29

Figura 4.18. Sistema de coleta de amostras em funcionamento ................................................ 29

Figura 4.19. Análise de amostra de bactérias em estereomicroscópio ...................................... 32

Figura 4.20. Exemplo de amostras da segunda campanha tomada por fungos ......................... 33

Figura 5.1. Comparação da concentração de fungos entre os períodos de inverno e primavera

..................................................................................................................................................... 42

Figura 5.3. Comparação da concentração de fungos entre os períodos da manhã e tarde ......... 43

Figura 5.4. Comparação da concentração de bactérias entre os períodos da manhã e tarde ..... 43

Page 9: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

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Figura 5.5. Carta sinótica do dia 19/07/2014 que ilustra a chegada da frente fria a região de

Juiz de Fora na época da primeira campanha ............................................................................. 45

Figura 5.6. Precipitação acumulada diária para a cidade de Juiz de Fora e região no mês de

Junho ........................................................................................................................................... 45

Figura 5.7. Precipitação acumulada diária para a cidade de Juiz de Fora e região no mês de

Julho ............................................................................................................................................ 46

Figura 5.8. Carta sinótica do dia 18/11/14 que ilustra a frente fria já distante da região de Juiz

de Fora na época da segunda campanha ..................................................................................... 47

Figura 5.9. Precipitação acumulada diária para a cidade de Juiz de Fora e regiãono mês de

Novembro ................................................................................................................................... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1. Sintomas causados pela Síndrome do Edifício Doente ............................................. 2

Tabela 3.1. Principais poluentes internos e suas fontes ............................................................... 5

Tabela 3.2. Doenças e síndromes mais frequentes associadas à exposição à bactérias e fungos 7

Tabela 3.3. Principais propostas de valores máximos recomendáveis para marcadores

epidemiológicos ............................................................................................................................ 9

Tabela 3.4. Comparação entre os métodos de amostragem passivo e ativo .............................. 15

Tabela 5.1. Dados de quantificação de fungos da primeira campanha ...................................... 34

Tabela 5.2. Dados de quantificação de fungos da segunda campanha ...................................... 35

Tabela 5.3. Relação I/E para os dias de amostragem (Fungos) ................................................. 36

Tabela 5.4. Dados de quantificação de bactérias da primeira campanha .................................. 37

Tabela 5.5. Dados de quantificação de bactérias da segunda campanha ................................... 37

Tabela 5.6. Relação I/E para os dias de amostragem (Bactérias) .............................................. 38

Tabela 5.7. Resultado das amostras externas com CHROMagarTM

(número de UFC) ............. 39

Tabela 5.8. Resultado das amostras internas com CHROMagarTM

(número de UFC) .............. 39

Tabela 5.9. Dados de umidade relativa e temperatura da primeira campanha ........................... 40

Tabela 5.10. Dados de umidade relativa e temperatura da seungda campanha ......................... 41

Tabela 5.11. Resumo dos resultados de todas as amostras internas .......................................... 41

Tabela 5.12. Número de amostras de acordo com a área do ambiente ...................................... 49

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1. INTRODUÇÃO

A qualidade do ar interior (QAI) é um termo que se refere à qualidade do ar dentro e nos

arredores das construções e edifícios, principalmente no que se refere à saúde e conforto de

seus ocupantes (OMOIGBERALE et al., 2014). Os primeiros problemas relacionados à

qualidade do ar interior surgiram na década de 70 nos países desenvolvidos, quando a

necessidade de se economizar energia devido à crise existente propiciou a criação dos edifícios

selados, que permitem uma melhor eficiência dos sistemas de climatização artificial ao

minimizarem as trocas de ar e calor entre os ambientes interno e externo (BRICKUS e NETO,

1998). Sendo assim, na década de 80 esse fenômeno de deterioração da qualidade do ar ganhou

o nome de Síndrome do Edifício Doente (SED) pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

(FANGER, 2001). Na tabela 1.1 é apresentado os principais sintomas apresentados pelos

usuários dos edifícios decorrentes da SED. Devido às consequências negativas sobre o conforto

e a saúde humana, nos últimos anos o interesse pela qualidade do ar de interiores vem

crescendo (LIMA e MOTA, 2003), principalmente se considerarmos o fato de que diariamente

consumimos 10m³ de ar através da respiração e passamos de 80 a 95% do tempo em ambientes

fechados no desenvolvimento de nossas atividades diárias (DACARRO et al., 2003).

Inicialmente, os estudos realizados nesta área se baseavam em comparações de alguns

compostos químicos entre o ar interno e o externo, já que a meta era assegurar que o ar interior

fosse de melhor qualidade que o externo (TSI, 2013). A poluição do ar interno por

contaminação biológica foi a última a receber a devida atenção, em parte devido à diversidade

de microrganismos que podem causar reações nos seres humanos, à grande variação ambiental

existente entre os diferentes tipos de construções e pela dificuldade de coleta, análise e

correlação entre os microrganismos encontrado e seus efeitos na saúde (JAFFAL et al., 1997).

A presença de bioaerossóis no ambiente é um dos principais responsáveis por 2,7% das

doenças respiratórias e alérgicas do mundo de acordo com a Organização Mundial de Saúde

(OMS) (WHO, 2009), e foi identificada como o oitavo fator de risco mais importante ao se

analisar a contribuição de variados fatores de risco para doenças (WHO, 2010).

Uma série de fatores pode vir a interferir nas condições de um ambiente interno, entre

os quais pode se destacar: as características do ambiente externo, o projeto construtivo do

ambiente e os hábitos e atividades desenvolvidas pelos ocupantes do local. Cada lugar possui

variáveis que devem ser monitoradas e que se comportam de diferentes formas se comparadas a

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outros locais. Esse conhecimento das características de ambientes internos é de extrema

importância, já que é através delas que ocorrem as interações entre clima, edificação e

ocupantes, sendo fundamental para o controle e racionalização da QAI e fator determinante

para a saúde e bem estar dos usuários. (MEYER, 1983).

Tabela 1.1. Sintomas causados pela Síndrome do Edifício Doente

Dor de cabeça e náusea

Congestão nasal (corisa, seio nasal congestionado, espirros)

Peito congestionado (ofegância, falta de ar)

Problemas oculares (secura, coceira, visão, ardência)

Problemas de garganta (inflamação, rouquidão, secura)

Fadiga (cansaço, sonolência)

Arrepios e febre

Dores musculares

Sintomas neurológicos (estresse, depressão, falta de concentração)

Tontura

Pele seca

Fonte: Adaptado de WALLACE, 1987

Uma das motivações para a realização deste trabalho é o fato da QAI ser uma área de

estudo que abrange profissionais de diferentes especialidades (BRICKUS e NETO, 1998) e que

ainda necessita de ampliar sua base de dados, já que a grande maioria dos estudos realizados

acerca deste tópico foi desenvolvida em países da Europa e Ásia, e poucos na América Latina.

Estudos da QAI devem ser avaliados com ressalvas, devido às diferenças climáticas,

habitacionais, culturais e sócio-econômicas entre essas regiões (BRICKUS et al, 1998).

As bibliotecas, áreas de interesse deste estudo, precisam de determinadas condições

para conservação de seu acervo, além de possuírem características peculiares em função da

presença de livros e revistas que podem ser responsáveis por emissões de componentes

agravadores da qualidade do ar (NASCIMENTO, 2011). A quantidade e rotatividade de

pessoas que frequentam esses locais e o tempo que permanecem nestes, ressalta a importância

deste estudo, visto que este público é o principal prejudicado ao se ter uma má QAI.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Avaliar a qualidade do ar interno da Biblioteca Central da Universidade Federal de Juiz

de Fora no que diz respeito à concentração de fungos e bactérias em unidades formadoras de

colônias por metro cúbico de ar (UFC/m³), contribuindo para o conhecimento da QAI do local

visando o conforto e segurança de seus usuários.

2.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

Quantificar os níveis de contaminação bacteriana e fúngica no interior da Biblioteca

Central da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Comparar os valores encontrados aos valores de referencia para identificação de

potenciais riscos.

Determinar a influência do ar exterior no nível de contaminação do ar interior.

Abordar a influência de parâmetros ambientais, características de cada ambiente, e a

interferência de sazonalidade e período do dia na concentração de microrganismos no ar

interior.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Poluição do Ar

A poluição atmosférica atinge patamares alarmantes nos dias de hoje, ao ponto de ser

considerada uma constante ameaça à saúde e bem estar das populações, tornando-se uma das

prioridades para a saúde pública e um dos maiores problemas desta geração (EKHAISE et al.,

2008). Esta poluição se dá através da introdução de agentes químicos, materiais particulados

e/ou bioaerossóis na atmosfera pura, a níveis que podem causar desconforto, doenças ou até

morte em seres humanos e causar danos à plantas, lavouras e outros organismos vivos.

(OMOIGBERALE et al., 2014).

A qualidade do ar interior não pode ser prontamente controlada, e se considerarmos que

um ambiente fechado geralmente confina os poluentes, temos um maior risco para as

populações usuárias destes ambientes, que são dosadas com contaminantes por um período de

tempo mais prolongado (SPENDLOVE e FANNIN, 1983). Ridley (1972) classificou a

atmosfera de um ambiente interno juntamente com seus usuários em uma unidade biológica,

onde aerossóis de diversas fontes se movem de acordo com as correntes de ar. Percebe-se a

complexidade deste tema, já que cada ambiente é único. A tabela 3.1 apresenta os principais

tipos de poluentes internos e suas fontes.

As condições meteorológicas podem ter uma variedade de efeitos sobre as

concentrações de bioaerossóis, como por exemplo: umidade atmosférica e a temperatura afetam

o crescimento das partículas; atmosferas estáveis reduzem as misturas de ar e provocam

maiores concentrações desses aerossóis; a suspensão dos materiais inertes está diretamente

relacionado à umidade relativa, velocidade dos ventos e radiação sobre a superfície em que se

encontram (JONES e HARRISON, 2004).

Page 15: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

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Tabela 3.1. Principais poluentes internos e suas fontes

POLUENTES DO AR FONTES DE EMISSÃO

Fuligem de fumaça de cigarro

Acender ou fumar cigarros

Contaminação pela combustão

Fornalhas, geradores, aquecedores a gás ou querosene, produtos derivados do tabaco, ar externo, veículos

Contaminação biológica

Materiais molhados ou úmidos, ar-condicionado, umidificadores, manta de isolação de dutos, respiros da tubulação de esgotos, excremento de pássaros,

de baratas ou de roedores, odores do corpo

Compostos Orgânicos Voláteis (COV's)

Pinturas, vernizes, solventes, pesticidas, adesivos, ceras, produtos de limpeza, lubrificantes, purificadores de ar, combustíveis, plásticos, copiadoras,

impressoras, produtos derivados do tabaco, perfumes

Aldeídos Chapas e compensados de madeira, aglomerados, carpetes de madeira,

móveis, forros

Gases Solo e rochas (radônio), ventilação da tubulação de esgoto, ralos com fecho

hídrico seco, reservatórios subterrâneos com vazamento

Pesticidas Termicidas, inseticidas, rodenticidas, fungicidas, desinfetantes, herbicidas

Partículas e Fibras Impressoras, combustão em geral, ar externo, deterioração dos materiais,

construção/reforma, limpeza, isolação

Fonte: Adaptado de EPA, 2002.

A poluição do ar por microrganismos pode ser de origem natural ou antropogênica, e

corresponde de 5 a 34% da poluição de ambientes internos, sendo formados por partículas

biológicas aéreas viáveis (cultiváveis) ou não-viáveis (células mortas) presentes na atmosfera

(SRIKANTH et al., 2008). Esses bioaerossóis podem ser formados por pelos de animais,

poeiras de ácaro doméstico, pólen, componentes da parede celular das bactérias gram-positivas

e negativas, vírus, bactérias, esporos fúngicos e poeiras orgânicas (PANTOJA et al., 2007). O

ar, que contém um significante número de microrganismos, atua como um meio para sua

dispersão e transmissão, com a contaminação podendo ocorrer através do contato cutâneo,

inalação e ingestão, sendo inalação a forma predominante (SRIKANTH et al, 2008). As

partículas contendo material biológico podem não existir no ar como partículas isoladas. As

bactérias podem aglomerar-se em células ou serem transportadas através do ar agregadas a

fragmentos de plantas ou animais, poeiras, pólen ou esporos que se mantêm suspensos na

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atmosfera. Os vírus podem ser transportados através de gotículas emitidas pelos animais e seres

humanos (JONES e HARRISON, 2004).

As doenças induzidas pela inalação de diferentes bioaerossóis estão relacionadas não

apenas com suas propriedades biológicas e composição química, mas também com o número

de partículas inaladas e o local em que se depositam no sistema respiratório. As partículas que

compõem um bioaerossol medem entre 0,3 a 100 μm, no entanto, apenas a fração inalável, de 1

a 10 μm, é de interesse prioritário (COX e WATHES, 1995). Aerossóis maiores que 10 µm

possuem baixa probabilidade de atravessar a região nasal, já a faixa de diâmetro entre 5 e 10

μm são depositados no sistema respiratório superior e as partículas menores que 5 µm,

designadas de frações respiratórias, são capazes de penetrar nos alvéolos, causando infecções,

reações alérgicas e outras doenças graves (PASTUSZKA et al., 2000).

A variedade de organismos biológicos que se pode encontrar num determinado

ambiente é imensa. Assim sendo, a exposição a crescentes concentrações destes agentes cria

um enorme risco para a saúde de indivíduos mais susceptíveis. Esses microrganismos

existentes nos ambientes internos não diferem muito dos existentes no ambiente exterior. O

estudo realizado por Fang et al (2007) numa das cidades mais poluídas do mundo, Pequim,

mostrou concentrações de bactérias cultiváveis desde 71 UFC/m³ a 22.100 UFC/m³ , e sendo

identificadas 165 espécies dentro dos 47 gêneros cultiváveis. Os microrganismos que ocorrem

com maior frequência são as bactérias gram-positivas (Micrococcus, Kocuria, Staphylococcus

spp.), bacilos formadores de endosporos (Bacillus spp.), bactérias gram-negativas

(Pseudomonas, Aeromonas spp.), fungos filamentosos (Penicillium spp., Aspergillus spp.) e

leveduras (Górny et al., 2002). A tabela 3.2 apresenta algumas das principais doenças e

síndromes associadas à exposição à fungos e bactérias.

Os riscos biológicos ao homem originam-se da exposição a elevadas concentrações ou a

formas não-usuais de bioaerossóis, e os três principais grupos de doenças associadas a essa

exposição são as infecciosas, respiratórias e câncer, apesar de não haver certeza sobre este

último, se sua ocorrência esta ligada a exposição a agente biológicos ou aos vários compostos

químicos usados nas industrias (DOUWES et al., 2003).

Entre as patologias causadas por esses microrganismos presentes no ar estão a Doença

dos Legionários causada pelo contato do ar com a água contaminada pela bactéria, como por

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exemplo em sistemas de ar condicionado; Tuberculose, pela inalação de gotículas presentes

contendo a bactéria; Antrax, que geralmente é associado ao bioterrorismo, tem sua transmissão

pela inalação dos esporos Bacillus anthracis; febre, diarreia e náuseas podem ser causadas pela

exposição à endotoxinas oriundas da parede celular de bactérias gram-negativas

(BREATHNACH et al., 1998; IVENS et al., 1999; KIRMEYER et al., 1993; TRAEGER et al.,

2002). Infecções respiratórias e reações alérgicas também são causadas por fungos

(LUGAUKAS, 2004), sendo que já houve caso de prematuros e abortos espontâneos em

grávidas trabalhadoras do campo expostas a micotoxinas (KRISTENSEN et al., 2000).

Actinomicetos e parasitas como protozoários de vida livre podem causar meningioencefalite,

doenças respiratórias, alergia, reações inflamatórias e pneumonia. Além dos fungos, os vírus

são facilmente transmitidos pelo ar e podem causar diversas enfermidades. Alguns estudos já

relacionaram a ocorrência de câncer pela inalação da poeiras de certas atividades industriais

como processamento do amendoin, processamento de alimentos destinados à agropecuária,

fabricação de moveis e outras atividades produtoras de particulado de madeira como serrarias

(HAYES et al., 1984; SORENSON et al., 1984; AUTRUP et al., 1993; HILDESHEIM et al.,

2001).

Tabela 3.2. Doenças e síndromes mais frequentes associadas à exposição à bactérias e fungos

DOENÇA/SÍNDROME EXEMPLO DE ORGANISMOS CAUSADORES

Rinite (e outros sintomas do sistema respiratório superior)

Alternaria, Cladosporium, Epicoccum

Asma Vários aspergili e penicillia, Alternaria, Cladosporium, Mucor,

Stachybotrys, Serpula

Febre do umidificador Bactérias gram-negativas e suas endotoxinas lipopolisacarídeas,

Actinomycetos e fungos

Alveolite Alérgica Extrínseca Cladosporium, Sporobolomyces, Aureobasidium, Acremonium,

Rhodotorula, Trichosporon, Serpula, Penicillium, Bacillus

Dermatite atópica Alternaria, Aspergillus, Cladosporium

Fonte: IEH, 1996.

3.2. Legislações pertinentes

Numerosos guias e normas têm sido estabelecidas para proteger os indivíduos de

exposição excessiva aos poluentes do ar e garantir uma QAI otimizada (TANG et al., 2009).

Até o momento atual ainda não se tem um consenso sobre as normas específicas para a QAI, e

Page 18: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

8

isso se deve à complexidade da composição microbiológica presente no ar, às variações da

resposta humana à exposição, e à dificuldade de coleta de microrganismos que podem provocar

efeitos adversos na saúde (SUDHARSANAM et al., 2008).

Existem numerosas propostas para determinação dos Valores Máximos Recomendáveis

(VMR) ou conjuntos de parâmetros que classifiquem as condições ambientais, com relação aos

marcadores epidemiológicos (fungos e bactérias), através de padrões ou normas, indicados por

Órgãos Governamentais, Órgãos e Sociedades Científicas ou Privadas ou ainda através de

projetos de pesquisa, experiência profissional ou consenso científico. Mas se observa que essas

propostas não são uniformes, devido à possibilidade de variações decorrentes de variáveis

macro-geográficas, climáticas e até mesmo sócio-econômicas e tecnológicas (RAO et al.,

1996). A tabela 3.3 nos apresenta algumas dessas propostas.

Os parâmetros definidos para QAI no Brasil são baseados nos limites estabelecidos por

órgãos internacionais e relacionados a ambientes ocupacionais para parâmetros físicos e

químicos (BRICKUS e AQUINO NETO, 1999). Sendo que para essas exposições, não existem

valores Limite de Exposição Ocupacional (OEL) ou Limites de Tolerância (Threshold Limit

Values - TLV) reconhecidos por órgãos regulatórios (PASQUARELLA et al., 2000).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a Resolução RE nº

176 de 24 de outubro de 1990 com orientações sobre “Padrões Referenciais da Qualidade do Ar

de Interiores em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo”, pioneira

nessa área, porque definiu as principais fontes de contaminação biológica de ar de interiores

(bactérias, fungos, protozoários, vírus, algas pólen e artrópodes). Também foi definido em

termos de contaminação biológica o valor máximo recomendável (VMR) para contaminação

microbiológica de fungos, a qual deve ser menor do que 750 UFC/m³, sendo inaceitável a

presença de fungos patogênicos (QUADROS et al., 2009). Nunes (2005) comenta que esse

limite foi criticado em relação à sua origem (sem base científica), pois foi obtido a partir da

quantidade de esporos inalados de Penicillium sp ao ponto de induzir um surto asmático,

encontrando assim o valor de 7 x 105 por 10 m³ de ar por um indivíduo adulto sem base

científica que o correlacione a efeitos a saúde humana. Além disso, também foi estabelecida

nessa resolução a que a relação I/E deve ser menor ou igual a 1,5, em que I é a quantidade de

fungos no ambiente interior e E a quantidade de fungos no ambiente exterior. Também são

Page 19: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

9

determinados nessa Resolução valores de umidade relativa do ar, temperatura e contaminação

química (BRASIL, 2000).

Tabela 3.3. Principais propostas de valores máximos recomendáveis para marcadores

epidemiológicos

AGÊNCIAS E ÓRGÃOS REGULATÓRIOS

REFERÊNCIA AMBIENTE PADRÃO REFERENCIAL VALOR

ACGIH Limite de Exposição Ocupacional (OEL)

Fungos 250 UFCa/m³

NIOSH OEL Microrganismos totais 1000 UFC/m³

OMS Limites para ambientes

urbanos Fungos 500 UFC/m³

ANVISA Ambientes coletivos Fungos totais 750 UFC/m³

NRCC População não exposta Fungos totais 150 UFC/m³

Fungos anemófilos 100 UFC/m³

ARTIGOS CIENTÍFICOS

DUTKIEWICZ, 1997 OEL Microrganismos totais 104 UFC/m³

DACARRO et al. (2000)

Ambientes coletivos Microrganismos totais 1000 GIMCb/m³

PASQUARELLA et al. (2000)

Hospital IMA Microrganismos totais

Alto risco 25 UFC/h

Médio risco 50 UFC/h

Baixo risco 750 UFC/h

GÓRNY e DUTKIEWICZ (2002)

OEL

Fungos 5 x 10³ UFC/m³

Bactérias 100 x 10³ UFC/m³

Endotoxinas (Lisado dos Amebócitos de Limulus)

2000 EUc/m³

População não exposta

Fungos 5 x 10³ UFC/m³

Bactérias 5 x 10³ UFC/m³

Endotoxinas (Lisado dos Amebócitos de Limulus)

50 EU/m³

KINDINGER et al. (2005)

Criadouro de animais

Aves Contaminantes biológicos (Teste de

Ativação de Monócitos) 7,5 x 10³ a 3,8 x 10

5

UEEd/m³

Estábulos Contaminantes biológicos (Teste de

Ativação de Monócitos) 0,1 a 16 x 10

6

UEE/m³

BERNASCONI et al. (2010)

População não exposta Contaminantes biológicos (Teste de Ativação de Monócitos) biológicos

(TAM) 150 UEE/m³

aUFC: unidades formadoras de colônias

bGIMC – Índice Global de Contaminação Microbiana

cEU: unidades de endotoxina

dUEE: unidades equivalentes de endotoxina

Fonte: Adaptado de CALDEIRA et al, 2012.

Page 20: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

10

A Resolução RE nº 176/90 foi atualizada para a Resolução RE nº 9, de 16 de janeiro de

2003, atualmente em vigor, que de novidade apresentou o número mínimo de pontos de

amostragem em função do espaço físico, gerando diversas críticas devido ao reduzido número

de pontos exigidos por metro quadrado (NUNES et al., 2005). Outra crítica que pode ser feita à

essa legislação é que tempo de incubação de fungos filamentosos não deveria ser fixado em

sete dias para a contagem das colônias como é especificado, pois em alguns casos, a superfície

do meio de cultura na placa de petri pode ser coberta pelo micélio em períodos mais curtos de

tempo, impossibilitando a contagem das colônias. Para tanto, recomenda-se que a resolução

especifique o monitoramento diário das placas com lupa até que o número de colônias se

estabilize, o que ocorre em prazo menor do que sete dias (QUADROS et al., 2009).

O Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos (National

Institute for Occupational Safety and Health - NIOSH) sugere até 1000 UFC/m3 como VMR

(ROOS et al., 2004), mas os valores de OEL de 104 UFC/m³, citados por Dutkiewicz et al.

(1997) para os microrganismos totais em ambientes com grandes quantidades de poeira

orgânica têm sido utilizados como referência para alguns autores. Recomendações sobre

bioaerossóis da Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais (American

Conference of Governmental Industrial Hygienists - ACGIH), estabeleceram que a

concentração de fungos anemófilos em ambientes externos costuma exceder 1000 UFC/m³,

podendo alcançar 10.000 UFC/m³ nos meses de verão, e que o OEL é de 250 UFC/m³ para

ambientes fechados. A ACGIH adverte, porém, que concentrações menores que 100 UFC/m³

podem ser consideradas insalubres em ambientes que atendam indivíduos imunossuprimidos

(BOUILLARD et al., 2005). Vale ressaltar que a baixa concentração de microrganismos no ar

não indica necessariamente um ambiente limpo e saudável, devendo-se levar em conta o

potencial toxigênico das espécies que se encontrem presentes (ACGIH, 1989).

Em ambientes climatizados, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Conselho

Nacional de Pesquisas Canadense (National Research Council Canada - NRCC) consideram

aceitáveis concentrações de fungos de até 500 UFC/m3 de ar (WHO, 1988; CHARLES et al.,

2005). O NRCC define que tal concentração deve ser aceita se corresponder a Cladosporium ou

outros tipo de fungos anemófilos comuns e também considera que para concentrações maiores

do que 50 UFC/m³ de uma única espécie, uma investigação imediata deve ser realizada, e que

níveis de até 150 UFC/m³ são aceitáveis, desde que correspondam a uma mistura de espécies

(RAO et al., 1996; CHARLES et al., 2005; GONTIJO FILHO et al., 2000).

Page 21: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

11

Já em Portugal, foi implementada legislação aplicável a edifícios em geral, pela Diretiva

nº 2002/91/CE do Parlamento e do Conselho Europeu, relativa ao desempenho energético dos

edifícios no qual se inclui a QAI, tendo sido publicados os Decretos-Lei nº 78, 79 e 80 em 4 de

abril de 2006. O Decreto-Lei nº 78/2006 aprova o Sistema Nacional de Certificação Energética

e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE), o qual em conjunto com o Regulamento das

Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) do Decreto-Lei nº 80/2006

e o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE) do Decreto-

Lei nº 79/2006, definem os requisitos dos edifícios e as regras e métodos para a aplicação

destes regulamentos às edificações (ADENE, 2008). O Decreto-Lei nº 79/2006 estabelece os

valores máximos de referência para os contaminantes do ar interior de edifícios.

3.3. Estudos realizados e propostas científicas de valores recomendáveis

A necessidade de expandir o número de estudos para estabelecimento de valores limites

para bioaerossóis, tanto para exposições ocupacionais quanto da população em geral, fez com

que desde a década de 80 surgissem propostas oriundas de análises em diversos tipos de

ambientes. Em ambientes considerados especiais ou críticos, como, por exemplo, nos serviços

de saúde, foram definidos limites máximos de UFC por amostragem passiva, com esses limites

sendo classificados em ótimos, aceitáveis e inaceitáveis de acordo com o grau de risco do

ambiente analisado. Pasquarella et al. (2000) estabeleceu valores limítrofes de acordo com o

risco ambiental para áreas hospitalares com o uso do Índice de Contaminação Aérea

Microbiana (Index of Microbial Air Contamination - IMA), calculado pela contagem das

unidades formadoras de colônia, sendo que esse risco pode ser classificado como: muito alto -

IMA até 5 UFC/h (salas ultra-limpas, isolamento reverso, sala cirúrgica para prótese articular,

sala para produção de soluções injetáveis); alto - IMA até 25 UFC/h (salas limpas, centro

cirúrgico, UTI, unidade de diálise); médio - IMA até 50 UFC/h (enfermarias); e baixo - IMA

até 75 UFC/h (demais setores) (QUADROS et al., 2009).

Górny e Dutkiewicz (2002) formataram uma importante proposta na qual foram

estabelecidos valores de OEL em ambientes industriais e valores limites residenciais

(Residential Limit Values - RLV) em edifícios para componentes de bioaerossóis. Foram

realizadas várias medidas de frações inaláveis pelos métodos de impactação para a

quantificação de fungos e bactérias, e o teste de Limulus Amoebocyte Lysate (LAL) para

endotoxinas bacterianas. O RLV para bactérias mesofílicas totais e fungos, foi proposto em 5 ×

Page 22: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

12

103 UFC/m³, e endotoxinas, em 50 UE/m³. Para os ambientes industriais contaminados por

poeira orgânica, determinou-se os valores de 100 × 103 UFC/m³, para bactérias mesofílicas

totais, 50 × 103 UFC/m³, para fungos, 20 × 103 UFC/m³, para bactérias Gram- negativas e

actinomicetos termofílicos e 2.000 UE/m³ para endotoxinas. Além disso, foi destacada a

presença no ar interior de Mycobacterium tuberculosis, Bacillus anthracis, Coxiella burnetii,

microrganismos estabelecidos pela Diretiva 2000/54/CE da Comunidade Europeia como de alto

risco, sendo inadmissíveis e devendo resultar em ações preventivas (BRASIL, 2000).

Costa e Costa (2006) realizaram um estudo sobre os fatores que contribuem para a

qualidade do ar interno no Brasil e associaram essa qualidade à saúde humana, identificando os

possíveis agentes causadores de agravos a saúde, e enfatizando a necessidade de indicadores

para serem usados na prevenção, controle e promoção da saúde nesses ambientes. Chegaram à

conclusão de que existe a necessidade de uma metodologia que consiga contemplar a

complexidade de todos os fatores envolvidos na QAI para uma melhoria da situação atual,

assim como a necessidade de um enfoque interdisciplinar do problema.

Sterling et al. (1991), realizaram uma revisão da epidemiologia das doenças

ocasionadas pelos edifícios selados, etiologia das doenças dos ocupantes, e métodos de controle

dessa poluição. E assim como Costa e Costa (2006), observou-se a necessidade de um enfoque

multidisciplinar da situação. Apontaram também para o fato de estudos desse cunho ainda

serem escassos no Brasil.

Estudo realizado na Índia por Raza et al. (1989) comparou a poeira de interior de

comunidades de habitações precárias, de classe média e de classe alta. Nas casas de baixa

renda, pelo espaço confinado, em estado mais precário e com maiores números de residentes,

houve uma acumulação notadamente maior de microrganismos emitidos pelo corpo humano.

Demonstrou-se que a simples presença de pessoas no ambiente altera a qualidade do ar interior.

Nas instituições de ensino, Medeiros et al. (2012) e Morais et al. (2009) avaliaram a

qualidade microbiológica do ar interno pelo método da sedimentação, correlacionando a

concentração microbiológica interna com a externa, e chegaram a valores acima do

recomendado pela legislação brasileira em algumas de suas análises. O estudo conduzido por

Morais et al. (2009) ainda realizou a identificação destes organismos com Staphylococus

aureus, Staphylococcus e Escherichia coli sendo os mais frequentes. Já Dacarro et al. (2003)

Page 23: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

13

verificou os níveis de contaminação em 11 ginásios de escolas italianas, onde valores acima do

estipulado pela legislação foram encontrados. Nestes três estudos a quantidade de UFC/m³

interna foi maior que a externa.

Outro estudo estabeleceu a microbiota fúngica, verificando possíveis alterações sobre

esse espectro devido às diferenças sazonais através da identificação e contagem de colônias,

não encontrou-se correlação com a sazonalidade e sim com as atividade humanas no ambiente

(PANTOJA et al. 2007). Já em experimento realizado por Stryjakowska-Sekulska et al (2007)

na cidade de Poznán (Polônia), a QAI foi avaliada para microrganismos duas vezes por dia,

uma pela manhã e outra ao final da tarde. Todos os pontos amostrados apresentaram aumento

de concentração na parte da tarde; as espécies mais frequentes foram Staphylococcus spp,

Micrococcus spp., Serratia spp., Aspergillus spp., Penicillium spp., Rhizopus spp.,

Cladosporium spp. e Alternaia spp..

Na Biblioteca de Manguinhos, pertencente a Fundação Oswaldo Cruz, detectou-

se a contaminação do acervo devido um ataque de fungos, interditando seu funcionamento por

5 meses (BORTOLETTO et al., 2002). A biblioteca apresentou sintomas de SED necessitando

da consultoria de vários profissionais e especialistas para a solução do problema, adequando as

instalações do prédio, higienizando o acervo e implementando um plano preventivo para

controle do ambiente visando a proteção à saúde dos usuários e funcionários (BORTOLETTO

et al., 2002). Ito (2007) realizou análises em bibliotecas públicas localizadas nas cidades de São

Paulo e São Carlos com relação à gases poluentes material particulado em três intervalos de

tamanho: diâmetro menor que 2,5 µm, entre 2,5 a 10 µm e particulado total em suspensão

(PTS). Constatou-se que as concentrações nos interiores destes ambientes eram sempre maiores

que o exterior, e que as bibliotecas que se localizavam em áreas centrais das cidade foram as

que apresentaram os maiores valores para particulado. Outro trabalho realizado em bibliotecas

visou à avaliação da QAI de acordo com o que preconiza a Resolução nº9 da ANVISA, e

constatou que a relação entre a quantidade de fungos internos e externos (I/E) para o período

chuvoso ultrapassou o permitido, e que a percepção dos usuários variou de acordo com o tempo

de permanência no recinto (ARAQUAN, 2008). Nascimento (2009) realizou estudo muito

semelhante, mas com maior número de parâmetros abordados, realizando aplicação de

questionário para levantamento de informações; teve como resposta queixas quanto a poluição

sonora do ambiente externo, desconforto térmico e iluminação inadequada, não houve

Page 24: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

14

problemas quando a presença de fungos e bactérias. Isso mostra que muitas vezes a população

não se dá conta de um problema pelo mesmo ser visível ou de incomodo imediato.

3.4. Métodos de Amostragem

A maioria dos métodos de monitoramento de bioaerossóis apresentam apenas

aproximações da concentração de fungos ou bactérias dos ambientes, e consiste na contagem de

microrganismos viáveis (cultiváveis e não cultiváveis) e componentes ou partes desses

microrganismos por coleta passiva e ativa. (PASQUARELLA et al., 2000; KINDINGER et al.,

2005).

O método de coleta passivo, também conhecido como método gravitacional, é realizado

pela sedimentação dos microrganismos presentes no ar em placas de petri contendo meio de

cultura específico, para posterior contagem de UFC por superfície ou tempo de amostragem

(UFC/dm2 e UFC/h). É um método limitado principalmente devido inexistência de um padrão

no tempo de exposição, o que deteriora a precisão da quantificação desses microrganismos

(PANTOJA et al., 2007). Além disso, este método possui baixa sensibilidade para pequenas

partículas como esporos que não se depositam espontaneamente pela ação da gravidade e pode

sofrer influência direta da movimentação do ar no ambiente avaliado (NUNES et al., 2005).

Entretanto, devido à simplicidade, baixo custo e o fornecimento de informações qualitativas

sobre a exposição, ainda costuma ser utilizado principalmente para monitorar salas limpas e

ambientes controlados (PASQUARELLA et al., 2000).

O outro método de amostragem existente é o ativo, onde são utilizados equipamentos

para coleta de um volume conhecido de ar direcionando-o em um meio nutriente através de

diferentes técnicas, quantificando a concentração de microrganismos pela contagem de

UFC/m3. Dentro deste modo de amostragem, o processo mais utilizado é por impactação em

meio sólido por amostradores do tipo linear de 1, 2 ou 6 estágios, que visam simular o trato

respiratório humano em função do tamanho das partículas retidas (PASQUARELLA et al.,

2000; NUNES et al., 2005). Os impactadores de múltiplos estágios são capazes de determinar o

número de partículas respiráveis e, portanto, o potencial do ar amostrado de nos causar

infecções. Essa é sua maior vantagem, mas em contrapartida, os impactadores de múltiplos

estágios são menos precisos, possuem um maior custo e são mais difíceis de serem manuseados

Page 25: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

15

do que os de apenas um estágio (NUNES et al., 2005). A tabela 3.4 nos apresenta um

comparativo entre estes métodos de amostragem.

Tabela 3.4. Comparação entre os métodos de amostragem passivo e ativo

AMOSTRAGEM PASSIVA ATIVA

ANÁLISES Qualitativa.

Quantitativa.

Permite a detecção de microorganismos viáveis e cultiváveis e partes desses microrganismos.

Possibilidade de uso de métodos in-vitro: LALa, solução após lavagem do filtro para detecção de

endotoxinas.

TAMb: contato direto do fi ltro amostrado com sangue total humano

fresco ou cultura de linhagens monocíticas. Dosagem de citocinas para

contaminantes biológicos em geral.

VANTAGENS

Baixo custo. Preconizada por diretrizes oficiais.

Maior disponibilidade de uso.

Mais sensível.

Mais eficiente.

Maior número de análises em menor tempo.

Permite a avaliação de partículas de vários tamanhos, incluindo as alveolares.

DESVANTAGENS

Dificuldade na detecção de partículas

pequenas como esporos fúngicos

Variedade de equipamentos dificulta comparação e a reprodutibilidade dos resultados.

Influência do tempo de amostragem que não é

definido.

Necessidade de constante calibração do equipamento.

a: Lisado dos Amebócitos de Limulus b: Teste de Ativação de Monócitos

Fonte: CALDEIRA et al, 2012.

Outras técnicas de amostragem ativa existentes são a impactação em meio líquido e por

centrifugação, filtração (através de um filtro de membrana) e precipitação eletrostática. A

estimativa de material particulado no ar por métodos gravimétricos também vem sendo

utilizada; entretanto, somente a quantidade de material particulado não é indicativo de atividade

biológica dos componentes presentes na amostra (NUNES et al., 2005; QUADROS et al.,

2009).

Page 26: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

16

Diferentes tipos de amostragem, técnicas e equipamentos geram problemas na avaliação

dos resultados de quantificação dos microrganismos, devido aos diferentes níveis de eficiência

e custo. Essa dificuldade de comparação de resultados dependendo do método de amostragem

foi apresentada por Fleischer et al. (2006), que avaliou salas cirúrgicas e constatou que o

número de UFC/m3 de espécies patogênicas obtidos pelo método de sedimentação foi em

média inferior aos encontrados por impactação.

Os métodos existentes nem sempre permitem a coleta ideal de microrganismos,

relacionados aos efeitos à saúde humana, como por exemplo as endotoxinas (SCHINDLER et

al., 2009). Métodos de cultura tradicionais selecionam determinadas espécies em função do

método de amostragem e meios de cultura específicos, fornecendo dados quantitativos de

pouca reprodutibilidade, sendo de uso limitado para a avaliação da exposição (WHO, 2009).

Quantidades significativas de bactérias e leveduras podem crescer em meios específicos para

fungos, havendo necessidade de esclarecimento se a contagem deve compreender somente de

fungos filamentosos ou se as leveduras devem ser incluídas (QUADROS et al., 2009;

DASCALAKI, 2009).

Dentro do contexto no qual a amostragem e a análise da qualidade do ar são os

primeiros passos para determinar se o ambiente apresenta uma ameaça potencial para as

pessoas expostas, os métodos toxicológicos in vitro vêm adquirindo importância como

ferramenta nas amostragens de medição (KINDINGER et al., 2005; BLAAUBOER, 2008;

BERNASCONI et al., 2010), pois são capazes de avaliar a atividade biológica e tornar possível

a quantificação de todos os contaminantes biológicos presentes no ar do ambiente (LIEBERS et

al., 2009; SCHINDLER et al., 2009; BERNASCONI et al., 2010) e sua relação com doenças

respiratórias (CASTRO et al., 2005).

As metodologias empregadas para este método são adaptações de métodos utilizados na

avaliação de contaminantes biológicos em produtos injetáveis de uso humano e recentemente

incorporados na Farmacopeia Europeia especificamente para esse fim (BERNASCONI et al.,

2010). A amostragem é realizada pelo método ativo com o uso de bombas individuais com

fluxo definido e sistemas coletores formados por cassetes e filtros específicos (DANESHIAN et

al., 2009). Os dois métodos in vitro atualmente utilizados são: Teste de Endotoxina Bacteriana,

baseado na reação do lisado de amebócitos do caranguejo-ferradura (Limulus polyphemus) com

a endotoxina e por isso também conhecido como Lisado de Amebócitos do Limulus (LAL)

Page 27: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

17

(SCHINDLER et al., 2009); e o Teste de Ativação de Monócitos, desenvolvido devido as

limitações do LAL, que detecta todos os tipos de contaminantes biológicos por meio da

dosagem de mediadores inflamatórios em sangue total humano (TNF-α; IL1-β e IL-6) e

culturas de células monocíticas, após contato direto do sangue humano com o filtro amostrado.

Os resultados são expressos em UEE/m³ (unidades equivalentes de endotoxina por metro

cúbico de ar) (RIECHELMANN et al., 2007; BERNASCONI et al., 2010).

Page 28: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

18

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são apresentados os materiais e os procedimentos utilizados para avaliar

a qualidade microbiológica do ar interno da Biblioteca Central da Universidade Federal de Juiz

de Fora (UFJF), nos meses de julho e novembro de 2014.

4.1. Local de Estudo

Este estudo foi realizado na Biblioteca Central da UFJF, localizada na área central do

terreno do campus. As amostragens foram realizadas no segundo andar do prédio que também

abriga a reitoria, como pode ser visualizado nas Figuras 4.1 e 4.2.

Figura 4.1. Mapa da Universidade Federal de Juiz de Fora

Fonte: Adaptado de SRI, 2014.

Este local foi escolhido por ser a maior unidade do Campus (aproximadamente 3000

m²), com o maior acervo disponível e de fácil acesso. Este local é caracterizado pela alta

concentração de pessoas no decorrer de seu funcionamento, de Segunda a Sexta de 7 às 23

horas e Sábado de 8 às 14 horas. Seu público é de aproximadamente 400 pessoas por dia,

composto por usuários oriundos de todas as unidades acadêmicas, funcionários administrativos

e de manutenção.

Page 29: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

19

Figura 4.2. Vista externa do prédio da Biblioteca Central (em destaque)

Fonte: Autoria própria

Como a Biblioteca Central possui uma grande área dividida em diversos ambientes,

selecionou-se três ambientes internos para a amostragem: 1) sala dos guarda-volumes; 2) salão

de estudos; 3) sala de periódicos. Além destes pontos internos, selecionou-se também um ponto

externo à biblioteca para comparação com os ambientes internos, que foi estabelecido próximo

à entrada lateral de acesso ao estacionamento da reitoria. A figura 4.3 apresenta um croqui com

estes pontos.

Figura 4.3. Croqui dos pontos de amostragem

Page 30: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

20

O ponto externo está localizado entre o saguão que contem a escada de acesso para a

biblioteca e o estacionamento da reitoria, este local foi escolhido por ser um local aberto, sem

obstáculos, com proximidade às janelas da Biblioteca Central, e por representar o ambiente

imediatamente externo ao local de estudo (Figura 4.4).

Figura 4.4. Localização do ponto externo de amostragem

Fonte: Autoria própria

A sala dos guarda-volumes, localizado próximo a ambas as escadas de acesso, é um

local de grande concentração e movimentação de pessoas, já que os usuários devem guardar as

bolsas e mochilas em armários caso queiram entrar nas dependências que reúnem os livros.

Esta sala possui mesas para estudos e uma escrivaninha com três computadores para uso dos

estudantes. Este ambiente é o de menor área (aproximadamente 72 m²) entre os escolhidos para

este estudo, é formado por três paredes de alvenaria, onde estão encostados os guarda-volumes,

e uma parede de divisória com vidro, onde fica a escrivaninha com os computadores, e o centro

da sala contém três mesas. A sala possui apenas três basculantes na parede ao fundo para

ventilação, um fator condicionante de má ventilação. Apesar da biblioteca possuir

dependências mais adequadas ao estudo, por se tratar de um ambiente de maior movimentação

para acesso aos guarda-volumes, permite-se um maior nível de ruídos e conversa, motivo pelo

Page 31: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

21

qual muitos grupos de estudantes o escolhe para estudar, sendo este um dos motivos pelo qual a

sala está sempre cheia. Como o ambiente é pequeno, a amostragem foi realizada no centro do

mesmo, para evitar interferências pelas paredes e armários, assegurando-se sua

representatividade (Figura 4.5).

Figura 4.5. Ponto de amostragem na Sala dos Guarda-Volumes

Fonte: Autoria própria

O salão de estudos tem forma retangular e é o ambiente de maior área

(aproximadamente 966 m²) dentre os pontos selecionados, sendo localizado mais internamente

na biblioteca, armazenando parte do acervo de livros. De um lado da sala há fileiras de estantes

com livros, e do outro lado há várias escrivaninhas distribuídas em duas fileiras, sendo algumas

encostadas na parede; também há estantes de livros concentradas no fundo do salão (Figuras

4.6 e 4.7). Como possui um ambiente mais amplo e várias janelas que costumam ficar abertas,

esse ponto de amostragem apresenta uma melhor ventilação. Por ser um salão de leitura e

estudos, é necessário que se tenha um baixo nível de ruídos, e devido a isso, a movimentação é

bem menor, mas os usuários geralmente passam várias horas desenvolvendo suas atividades.

Neste ambiente, a amostragem foi realizada mais ao fundo, próximo a uma das pontas do salão,

entre o fim das fileiras de escrivaninhas e as estantes de livros alocadas naquela região, de

Page 32: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

22

forma que se obteve uma amostra de ar com influência de bioaerossóis provenientes dos livros

e dos usuários ocupantes do local, com boa representatividade (Figura 4.8).

Figura 4.6. Salão de Estudos

Fonte: Autoria própria

Figura 4.7. Salão de Estudos com destaque para uma das extremidades

Fonte: Autoria própria

Page 33: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

23

Figura 4.8. Salão de Estudos com destaque para o ponto de amostragem

Fonte: Autoria própria

A sala dos periódicos concentra os periódicos da biblioteca, encontrando-se fechada ao

público externo, em função de alterações que estão sendo feitas na disposição dos ambientes da

Biblioteca Central, este ambiente é de área intermediária (228 m³) dentre os pontos escolhidos.

Pelo fato da sala estar fechada para uso, a grande maioria das janelas se encontrava fechada,

fazendo com que a ventilação seja comprometida. Todo o ambiente é ocupado por fileiras de

estantes contendo os periódicos (Figura 4.9), havendo apenas algumas mesas destinadas para

leitura logo após a entrada. Devido a esta característica do local, o ponto de amostragem

selecionado foi na entrada, no espaço entre as mesas e próximo às estantes, que é a área mais

aberta dentro da sala que viabiliza fazer a coleta e que forneceria uma melhor

representatividade do ar inalado por uma pessoa fazendo uso do ambiente (Figuras 4.10 e 4.11),

aqui seguiu-se o mesmo critério adotado para o Salão de Leituras.

Page 34: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

24

Figura 4.9. Sala dos Periódicos com destaque para o arranjo das estantes

Fonte: Autoria própria

Figura 4.10. Sala dos Periódicos com destaque para o ponto de amostragem

Fonte: Autoria própria

Page 35: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

25

Figura 4.11. Sala dos Periódicos com destaque para entrada/ponto de amostragem

Fonte: Autoria própria

4.2. Amostragem

Foram realizadas duas campanhas de amostragem. A campanha 1 foi realizada nos dias

17, 18 e 21 de julho de 2014, correspondente ao período de inverno. A campanha 2 foi

realizada nos dias 18 e 19 de novembro, correspondente ao período da primavera e o mais

próximo possível do verão sem comprometer o cronograma. Dessa forma, foi possível se obter

dados de qualidade do ar interno da Biblioteca Central em diferentes condições climatológicas.

As amostragens referente à campanha 1 foram delineadas da seguinte forma:

• 17 de Julho (Quinta-Feira) – Ponto Externo e Sala dos Guarda-Volumes;

• 18 de Julho (Sexta-Feira) – Ponto Externo e Salão de Leitura;

• 21 de Julho (Segunda-Feira) – Ponto Externo e Sala dos Periódicos.

Page 36: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

26

As amostragens referente à campanha 2 foram delineadas a partir da análise e discussão

dos resultados da campanha 1, e seguiu a mesma metodologia, mas foram realizadas algumas

alterações. A sala dos periódicos foi excluída desta segunda campanha, em virtude de valores

mais baixos encontrados neste local, conforme será apresentado nos resultados a seguir. Assim,

a duração da campanha 2 foi reduzida de 3 para 2 dias, ficando da seguinte forma:

• Dia 18 de Novembro (Terça-Feira) – Ponto Externo e Sala dos Guarda-Volumes;

• Dia 19 de Novembro (Quarta-Feira) – Ponto Externo e Salão de Leitura.

As amostragens foram realizadas por meio de método ativo por impactação. O

equipamento utilizado nas amostragens foi um sistema de impactação modelo EMSL VP-400

Basic Kit with E-Lite Pump (EMSL, 2014) que é composto por: bomba E-Lite da Allegro para

sucção do ar (Figura 4.12); impactador de ar de um estágio, modelo EMSP VP-400, para a

coleta das amostras (Figura 4.13).

Figura 4.12. Bomba E-Lite da Allegro

utilizada para sucção do ar

Fonte: Autoria própria

Figura 4.13. Impactador de ar de um

estágio modelo EMSP VP-400 utilizado

para colocar as placas de petri na

amostragem

Fonte: Autoria própria

Seu funcionamento consiste no fluxo de ar coletado passando por uma superfície

composta de orifícios de diâmetro pré-determinado, que servem para impedir que partículas de

diâmetros maiores cheguem ao meio, contaminando-o, e para que a velocidade de escoamento

Page 37: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

27

do ar aumente e ao se deparar com a placa, as moléculas gasosas do ar se desviem, mas os

microrganismos, devido a maior massa e ao efeito da inércia, não se desviem e se choquem

com o meio (COSTA et al., 2004). A Figura 4.14 apresenta o esquema de um impactador em

corte para melhor entendimento.

Figura 4.14. Ilustração impactador de ar

Fonte: GIACHINI, A. J. et al, 2014

Mangueiras, para fazer a ligação entre a bomba e o impactador, e tripé, para fixar o

impactador a 1,50 metros do solo, como recomendado pelas normas (BRASIL, 2003) também

fazem parte do conjunto. E para se ter um maior controle no processo de amostragem, foi

adaptado um medidor de gás no tubo entre o impactador e a bomba, sendo possível medir o

volume de ar amostrado através da diferença entre o volume inicial e o final registrados para

cada amostra coletada (Figura 4.15). Um termo-higrômetro (Figura 4.16) foi usado para

registro e acompanhamento das umidades relativas e temperaturas instantâneas durante a

amostragem.

Page 38: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

28

Figura 4.16. Termo-Higrômetro

Fonte: Autoria própria

Figura 4.15. Medidor de volume

Fonte: Autoria própria

Ao sistema de impactação foram acopladas placas de petri descartáveis, adquiridas com

os meios de cultura prontos para uso. Estas placas foram identificadas com local e número da

amostra. Os meios de cultura utilizados foram:

a) Ágar Sabouraud: meio de cultura utilizado para o crescimento e análise quantitativa de

fungos, recomendado pela Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003 da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2003), norma brasileira atual para ambientes

climatizados artificialmente, uma das diretrizes deste trabalho (Figura 4.17-a);

b) Ágar TSA Sangue de Carneiro: meio de cultura utilizado para o crescimento e análise

quantitativa de bactérias, indicado para auditorias periódicas da QAI em edifícios de

serviços existentes no âmbito do RSECE, da Agência Portuguesa do Ambiente (N. T. SCE-

02, 2009), que também foi uma diretriz seguida, já que o Brasil não apresenta legislação

própria para bactérias no ar (Figura 4.17-b);

c) CHROMagarTM

KPC: meio de cultura cromogênico seletivo utilizado para análise

qualitativa de bactérias, de fácil uso, já que se baseia na identificação dos microrganismos

de acordo com a cor com que estes se apresentam no meio devido a suas propriedades

enzimáticas específicas (SAMRA et al., 2008), sendo o azul metálico indicador dos grupos

Page 39: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

29

Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter, rosa escuro indica o grupo Escherichia coli e a cor

creme indica organismos do grupo das Pseudomonas (Figura 4.17-c).

Por fim na figura 4.18 temos uma ilustração de todo este sistema montado.

a) b) c)

Figura 4.17. Placas com meios de cultura utilizados para cada tipo de análise

a) Placa com Ágar Sabouraud (Para contagem de fungos)

b) Placa com Ágar TSA Sangue de Carneiro (Para contagem de bactérias)

c) Placa com CHROMagarTM KPC (Para análise qualitativa de bactérias)

Fonte: Autoria própria

Figura 4.18. Sistema de coleta de amostras em funcionamento

Fonte: Autoria própria

Page 40: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

30

4.3. Coleta e preservação das amostras

Placas com os meios de cultura utilizados em cada dia de amostragem foram

etiquetados e levados a campo em caixas térmicas com bolsas de gelo reutilizáveis, sendo

mantidas na faixa de temperatura de 3 ºC a 15 ºC para conservação dos meios, como

recomendado pelo fabricante. Antes de cada coleta, o impactador foi desmontado e todo seu

interior esterilizado com álcool 70%. Após esse procedimento as placas com meio foram

retiradas da caixa térmica e colocadas no impactador. A bomba do impactador foi ajustada para

a faixa de vazão entre 25 e 30 L/min, pois o horímetro da bomba não permite a fixação da

vazão em exatos 28,1 L/min devido a flutuações e a sua escala, mas ainda sim respeitando a

faixa recomendada entre 25 e 35 L/min (BRASIL, 2003). Durante as amostragens

microbiológicas foram também registrados: dados de temperatura e umidade relativas

instantâneas do ar (no termo-higrômetro), volume inicial e final (mostrado pelo medidor de

gás), número de pessoas no local (caso fosse um ambiente interno), e a hora de início e término

de cada amostragem. O tempo de amostragem foi definido e cronometrado em 10 minutos

(BRASIL, 2003), tal que , dada a vazão determinada, obtém-se um volume próximo a 250

litros (BRASIL,2003; N.T.SCE-02, 2009). Todas as amostragens foram realizadas em

triplicadas.

Aos 5 minutos, metade do tempo de amostragem, eram anotadas a temperatura e

umidade relativa instantâneas fornecidas pelo termo-higrômetro, e a vazão da bomba conferida

novamente e ajustada em caso de necessidade, devido a oscilação que ocorre durante seu

funcionamento. Após 10 minutos de amostragem, os meios de cultura eram devolvidos à caixa

térmica, de forma a manter a temperatura baixa e mais estável que a ambiente, preservando o

meio de cultura e os organismos agora nele presentes. Ao final de cada amostragem esterilizou-

se o impactador com álcool 70%. Em todas as amostragens as manipulações dos meios foram

realizadas utilizando-se luvas e máscara, a fim de se minimizar potenciais contaminações do

meio de cultura pelo amostrador.

Ao final de cada dia de amostragem de campo, as amostras foram encaminhadas para o

laboratório onde foram incubadas separadamente em estufas microbiológicas. Na primeira

campanha foram usadas as instalações do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF e na

segunda campanha as análises foram realizadas no Laboratório de Qualidade Ambiental

Page 41: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

31

(LAQUA) do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFJF que teve sua construção

finalizada entre as duas campanhas.

As placas com meios para bactérias (ágar Sangue de Carneiro e CHROMagarTM

KPC)

foram incubadas em estufa a 37 °C por 48 horas (N.T.SCE-02, 2009). As amostras para fungos

(ágar Sabouraud) foram incubada em estufa a 25 °C por 7 dias (BRASIL, 2003). Duas estufas

foram utilizadas para incubação das amostras de fungos e bactérias separadamente, pois esses

microrganismos possuem diferentes temperaturas ótimas de crescimento, as quais eram

exigidas pelas normas seguidas neste estudo.

Ao todo, na campanha 1, foram coletadas 21 amostras. Nove delas foram feitas no

ponto externo, utilizando cada um dos meios respeitando a seguinte ordem: Ágar Sabouraud

(fungos), Ágar Sangue de Carneiro (bactérias) e CHROMagarTM

KPC (qualitativo bactérias)

com essa sequência se repetindo até que a triplicata fosse atingida. Em todos os dias de

campanha o ponto externo foi amostrado no mesmo horário na parte da manhã. As outras 12

amostras eram feitas no ponto interno da biblioteca, seguindo a mesma metodologia do ponto

externo com triplicata, só que ao final eram realizadas três amostras adicionais, seguindo o

mesmo passo-a-passo, mas com a bomba desligada. Essas amostras finais eram o branco para

cada meio de cultura, realizadas para se verificar se havia contaminação nas placas durante os

procedimentos de transporte para campo, amostragem e transporte para o laboratório. Os

valores encontrados nos brancos devem ser subtraídos de todas as outras amostras

correspondentes a esse dia de amostragem , visto que não representam os bioaerossóis em

suspensão no ar.

Durante a campanha 2 foram coletadas ao todo 22 amostras por dia, sendo 6 externas,

12 internas (manhã e tarde) e 4 brancas internas (manhã e tarde). A ordem de coleta foi: Ágar

Sabouraud (fungos), seguido pelo Ágar Sangue de Carneiro (bactérias), até se atingirem as

triplicatas. Nesta campanha optou-se pela exclusão das amostras realizadas com o

CHROMagarTM

KPC, uma vez que não apresentaram valores significativos. Por fim, decidiu-se

ainda que cada ponto interno seria amostrado duas vezes no mesmo dia, uma logo pela manhã,

no início do funcionamento da biblioteca, e outra mais ao final da tarde, para poder se fazer

uma comparação da variação da concentração destes microrganismos ao longo do dia. O ponto

externo foi amostrado no período do dia entre as duas coletas internas.

Page 42: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

32

4.4. Análise das Amostras

Após 24 horas de incubação, deu-se início ao procedimento de análise das amostras, que

consistiram na contagem do número de unidades formadoras de colônias a olho nu, com o

auxílio da iluminação de um estereomicroscópio (Figura 4.19). Ao se terminar o procedimento

de contagem, as placas foram novamente incubadas até a próxima contagem, no dia seguinte.

Figura 4.19. Análise de amostra de bactérias em estereomicroscópio

Fonte: Autoria própria

As contagens foram realizadas diariamente, sempre no mesmo horário, respeitando os

tempos intervalos limites de 48 horas para bactérias e 7 dias para fungos, ou até a placa se

encontrar tomada pelos microrganismos e não ser mais possível realizar a contagem (Figura

Page 43: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

33

4.20). No dia em que pelo menos uma dessas condições é atingida, registra-se o fim do período

de incubação na planilha de contagem e no caderno de campo.

Figura 4.20. Exemplo de amostras da segunda campanha tomada por fungos

Fonte: Autoria própria

Ao final desta análise as amostras são inativadas com o uso de cloro, para que possam

ser descartadas, como resíduo sólido comum, sem riscos ao ambiente e as pessoas que tiverem

contato com o lixo. Esse processo consiste em colocar um pouco de água sanitária dentro das

placas e deixa-las de molho de um dia para o outro, em seguida retira-se a água sanitária de

dentro das placas descartando-a na pia, por fim descartam-se as placas no lixo em sacos

plásticos.

Page 44: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

34

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta os principais resultados obtidos durante o desenvolvimento do

presente estudo e uma análise de suas tendências e valores, comparando-os com as normas em

vigor. Os dados detalhados para cada dia de campanha estão disponíveis nos Apêndices,

Tabelas 1 a 5. Todos os resultados apresentados nos tópicos seguintes serão detalhadamente

discutidos na seção 5.5. Discussões, última deste capítulo.

5.1. Concentrações totais de fungos no ar

Nas Tabelas 5.1 e 5.2 são apresentados os dados relativos às amostragens realizadas nos

locais selecionados, para cada campanha de campo, mostrando os valores da média da

concentração de fungos para cada ambiente com os respectivos desvios padrões e o número de

pessoas presentes no local ao início de cada amostra.

Tabela 5.1. Dados de quantificação de fungos da primeira campanha

Local Amostra UFC/m³ Média Desv. Padrão Número de Pessoas

INTE

RN

O

Sala dos Guarda-Volumes 17/jul

IF001 783

986 215

13

IF002 1211 6

IF003 963 7

Salão de Estudos 18/jul

IF004 1407

1403 14

8

IF005 1387 11

IF006 1413 18

Sala dos Periódicos 21/jul

IF007 405

324 84

2

IF008 237 2

IF010 330 2

EXTE

RN

O

Externo 17/jul

EF001 1613

1307 265

--

EF002 1147 --

EF003 1162 --

Externo 18/jul

EF004 952

1052 113

--

EF005 1175 --

EF006 1028 --

Externo 21/jul

EF007 1011

827 167

--

EF008 685 --

EF009 785 --

Page 45: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

35

Tabela 5.2. Dados de quantificação de fungos da segunda campanha

Dia Amostra UFC/m³ Média Desv. Padrão Número de Pessoas

INTE

RN

O M

AN

Sala dos Guarda-Volumes 18/nov

IF011 233

245 77

7

IF012 327 10

IF013 175 14

Salão de Estudos 19/nov

IF017 275

282 56

4

IF018 341 5

IF019 231 5

TAR

DE

Sala dos Guarda-Volumes 18/nov

IF014 347

344 94

15

IF015 249 25

IF016 436 16

Salão de Estudos 19/nov

IF020 372

402 96

17

IF021 326 20

IF022 509 16

EXTE

RN

O Externo

18/nov

EF010 335

294 65

--

EF011 328 --

EF012 220 --

Externo 19/nov

EF013 382

273 132

--

EF014 127 --

EF015 311 --

Analisando a comunidade fúngica presente no ar na primeira campanha, verificou-se

que em 6 amostras foram registradas concentrações acima do máximo de referência, 750

UFC/m³, destacando-se que, não apenas os ambientes internos tiveram valores altos, mas

também os externos. Isso indica a forte influência do ambiente externo sobre o interno. Esses 6

valores que extrapolaram a recomendação da ANVISA, também estão acima das principais

regulamentações existentes, como a recomendação de 500 UFC/m³ da OMS e NT-SCE-02 da

Agência para Energia de Portugal, assim como os 250 UFC/m³ da ACGIH.

Na segunda campanha todos os valores encontraram-se dentro dos padrões

recomendados pela legislação brasileira.

Comparando-se as concentrações de fungos no ar registradas na Biblioteca Central ao

estudo realizado por Araquan (2008), onde foram encontrados valores entre 89 e 2120 UFC/m³,

pode-se concluir que sua QAI é semelhante no que concerne à quantidade de fungos no ar,

tendo inclusive sido detectados alguns casos em que a concentração excede em relação ao

máximo de referência.

Page 46: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

36

Com as contagens realizadas e as concentrações de fungos definidas para cada

ambiente, é possível se determinar a relação entre o ar interno e externo (I/E), que é um dos

parâmetros abordados na norma brasileira que define essa relação como sendo aceitável para

valores menores que 1,5 (BRASIL, 2003). Para se determinar os coeficientes I/E da segunda

campanha foram usados os valores internos encontrados na parte da tarde, que coincidem em

horário com a primeira campanha. Os dados podem ser visualizados na Tabela 5.3 a seguir,

onde percebe-se que todos estão dentro dos limites aceitáveis, tendo a segunda campanha

atingido os maiores índices.

Tabela 5.3. Relação I/E para os dias de amostragem (Fungos)

DIA MÉDIA UFC/m³

I/E INTERNO EXTERNO

17/jul 986 1307 0,8

18/jul 1403 1052 1,3

21/jul 324 827 0,4

18/nov 344 294 1,2

19/nov 402 273 1,5

Com exceção da Sala dos Guarda-Volumes na primeira campanha (17/jul) e a Sala dos

Periódicos (21/jul) todas as relações apresentaram valores bem próximos entre si.

5.2. Concentrações de bactérias no ar

As Tabelas 5.4 e 5.5 apresentam os dados relativos às amostragens realizadas nos locais

selecionados, para cada campanha de campo, mostrando os valores da média da concentração

de bactérias em cada ambiente com os respectivos desvios padrões e o número de pessoas

presentes no ambiente ao início de cada amostra.

Na primeira amostragem, como pode-se constatar pela tabela 5.4, a amostra EB002 foi

descartada devido a uma contaminação ocorrida na placa durante o procedimento de análise.

Page 47: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

37

Tabela 5.4. Dados de quantificação de bactérias da primeira campanha

DIA Amostra UFC/m³ Média Desv. Padrão Número de Pessoas

INTE

RN

O

Sala dos Guarda-Volumes 17/jul

IB001 196

219 180

13

IB002 51 6

IB003 409 7

Salão de Estudos 18/jul

IB004 15

54 45

8

IB005 43 11

IB006 103 18

Periódicos 21/jul

IB007 51

69 16

2

IB008 81 2

IB009 75 2

EXTE

RN

O

Sala dos Guarda-Volumes 17/jul

EB001 302

209 131

--

EB002 -- --

EB003 116 --

Salão de Estudos 18/jul

EB004 48

35 15

--

EB005 19 --

EB006 39 --

Periódicos 21/jul

EB007 122

141 16

--

EB008 151 --

EB009 149 --

Tabela 5.5. Dados de quantificação de bactérias da segunda campanha

Dia Amostra UFC/m³ Média Desv. Padrão Número de Pessoas

INTE

RN

O

MA

NH

Ã

Sala dos Guarda-Volumes 18/nov

IB010 162

148 13

6

IB011 144 8

IB012 137 9

Salão de Estudos 19/nov

IB016 139

75 57

3

IB017 54 4

IB018 31 5

TAR

DE

Sala dos Guarda-Volumes 18/nov

IB013 383

139 211

13

IB014 11 18

IB015 22 17

Salão de Estudos 19/nov

IB019 140

77 66

11

IB020 8 16

IB021 85 16

EXTE

RN

O

Externo 18/nov

EB010 58

45 14

--

EB011 46 --

EB012 31 --

Externo 19/nov

EB013 72

68 44

--

EB014 23 --

EB015 110 --

Page 48: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

38

Na ausência de padrões nacionais, comparando-se os resultados com a Nota Técnica

NT-SCE-02 (ADENE, 2009), de 500 UFC/m3, nota-se que nenhuma amostragem superou o

limite recomendado. Mas observa-se que a Sala dos Guarda-Volumes apresentou as maiores

médias de concentrações e desvio padrão para ambas campanhas.

Realizadas as contagens e as concentrações de bactérias definidas para cada ambiente,

determinou-se a relação entre o ar interno e externo (I/E). Assim como foi feito para os fungos,

na determinação dos coeficientes I/E da segunda campanha foram usados os valores internos

encontrados na parte da tarde, que coincidem em horário com a primeira. Esses dados podem

ser visualizados na Tabela 5.6 a seguir. Observa-se que no dia 18 de novembro a relação I/E foi

extremamente alta, o que não ocorreu com os fungos, indicando a presença de fontes internas

de contaminação, normalmente relacionada aos usuários presentes no local, com a correlação

extrapolando o valor de 1,5 na Sala dos Guarda-Volumes para ambas as campanhas.

Tabela 5.6. Relação I/E para os dias de amostragem (Bactérias)

DIA MÉDIA UFC/m³

I/E INTERNO EXTERNO

17/jul 219 209 1,05

18/jul 54 35 1,54

21/jul 69 141 0,49

18/nov 139 45 3,09

19/nov 77 68 1,14

5.3 Amostras de CHROMagarTM

Na primeira campanha, de todas as 18 amostras realizadas com este meio (9 internas e 9

externas), apenas 5 delas retornaram resultados positivos, .apresentando colônias com as

colorações azul, que corresponde a presença dos gêneros Klebsiella, Enterobacter e

Citrobacter, e a leitosa, que corresponde ao crescimento do gênero Pseudomonas (tabelas 5.7 e

5.8).

Page 49: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

39

Tabela 5.7. Resultado das amostras externas com CHROMagarTM

(número de UFC)

Amostra EG001 EG002 EG003 EG004 EG005 EG006 EG007 EG009 EG010

Azul Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente

Leitoso Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente 2 1

Vermelho Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente

Tabela 5.8. Resultado das amostras internas com CHROMagarTM

(número de UFC)

Amostra IG001 IG002 IG003 IG004 IG005 IG006 IG007 IG008 IG009

Azul Ausente Ausente Ausente 1 Ausente Ausente 1 1 Ausente

Leitoso Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente 1 Ausente

Vermelho Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente

Como esses resultados foram extremamente baixos, decidiu-se por, na segunda

campanha, realizar uma réplica desta análise através do método gravitacional, por um período

de tempo igual ao total do tempo amostragem do ponto. Sendo possível de se amostrar, para

contagem do número total de fungos e bactérias, os pontos internos em dois períodos distintos

do dia. Todas as réplicas com este meio na segunda campanha apresentaram ausência dos

gêneros bacterianos analisados.

5.4. Análise global dos resultados

Na Tabela 5.9 são apresentados os valores de temperatura e umidade relativa, referentes

à primeira campanha, medidos para cada amostra tanto para fungos quanto para bactérias, estes

mesmos dados para a segunda campanha se encontram na tabela 5.10 a seguir.

E um resumo dos valores obtidos para cada amostra, nas duas campanhas realizadas,

referentes aos pontos internos da Biblioteca Central da Universidade Federal de Juiz de Fora é

apresentado na tabela 5.11, sendo discriminados os valores mínimos, médios e máximos

obtidos por parâmetro medido e comparados com os valores de referência das legislações guias

deste trabalho, a Nota Técnica NT-SCE-02 (ADENE, 2009) e a Resolução nº9 da ANVISA

(BRASIL, 2003). Onde cada não conformidade diz respeito a uma amostra fora dos valores de

referencia para aquele parâmetro.

Page 50: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

40

Tabela 5.9. Dados de umidade relativa e temperatura da primeira campanha

Fungos Bactérias

Dia Amostra

Umidade Relativa (%)

Temperatura (°C)

Amostra Umidade

Relativa (%) Temperatura

(°C)

EXTER

NO

17/jul

EF001 64 21 EB001 64 21

EF002 59 24 EB002 59 24

EF003 52 24 EB003 52 24

18/jul

EF004 49 25 EB004 49 25

EF005 53 24 EB005 53 24

EF006 42 27 EB006 42 27

21/jul

EF007 67 18 EB007 67 18

EF008 60 22 EB008 60 22

EF009 60 21 EB009 60 21

INTER

NO

17/jul

IF001 50 22 IB001 50 22

IF002 46 22 IB002 46 22

IF003 46 22 IB003 46 22

18/jul

IF004 44 22 IB004 44 22

IF005 43 22 IB005 43 22

IF006 43 22 IB006 43 22

21/jul

IF007 60 18 IB007 60 18

IF008 60 18 IB008 60 18

IF010 59 18 IB009 59 18

Como se observa nas tabelas 5.9 e 5.10, as variações de umidade e temperatura entre as

campanhas e os dias de cada campanha apresentaram baixa amplitude, dessa forma não foi

possível avaliar correlações entre a qualidade microbiológica do ar interno e alterações

ocorridas nestes parâmetros.

Page 51: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

41

Tabela 5.10. Dados de umidade relativa e temperatura da seungda campanha

Fungos Bactérias

Dia Amostra

Umidade Relativa (%)

Temperatura (°C)

Amostra Umidade

Relativa (%) Temperatura

(°C)

Externo

18/nov

EF010 47 24 EB010 49 24

EF011 43 25 EB011 48 24

EF012 44 28 EB012 42 26

19/nov

EF013 47 24 EB013 49 24

EF014 43 25 EB014 48 24

EF015 44 28 EB015 42 26

INTER

NO

MA

NH

Ã

18/nov

IF011 47 22 IB010 49 21

IF012 46 22 IB011 45 22

IF013 45 22 IB012 45 22

19/nov

IF017 48 21 IB016 48 21

IF018 46 21 IB017 46 21

IF019 45 21 IB018 48 21

TAR

DE

18/nov

IF014 38 25 IB013 39 25

IF015 38 25 IB014 38 25

IF016 37 25 IB015 38 25

19/nov

IF020 41 23 IB019 39 24

IF021 41 23 IB020 41 23

IF022 42 23 IB021 41 23

Tabela 5.11. Resumo dos resultados de todas as amostras internas

Parâmetro Mínimo Médio Máximo Número

de Amostras

Valor de Referência

NC* % NC*

Temperatura (°C) 18 22 25 42 20°C a 27°C a 6 14,3

Umidade Relativa (%) 37 46 60 42 40% a 65% a 7 16,7

Fungos totais (UFC/m³) 175 569 1413 21 ≤ 750 UFC/m³ a 6 28,6

Bactérias totais (UFC/m³) 8 111 409 21 ≤ 500 UFC/m³ b 0 0 a Resolução N°9 da ANVISA

b NT-SCE-02

* Não conformidades

Pela análise da tabela acima, comparando-se os valores obtidos com os padrões das

normas, contata-se que os parâmetros físico-químicos, para época das amostragens, estão em

conformidade com os valores de referência, com exceção de 6 réplicas para temperatura

(14,3% do total) e 7 para a umidade relativa (16,7% do total), mas que mesmo assim

Page 52: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

42

apresentaram valores bem próximos à faixa recomendada. No caso dos parâmetros

microbiológicos houve um total de 6 amostragens não conformes num total de 42 realizadas,

perfazendo 28,6% das amostragens com excesso de microrganismos no ar, todos estes 6 casos

de inadequação foram para a concentração de fungos na primeira campanha de amostragem,

compreendida no inverno, ocorrendo na Sala dos Guarda-Volumes e Salão de Estudos.

Outro aspecto que pode ser analisado neste trabalho são os efeitos da sazonalidade na

concentração destes bioaerossóis, onde se pode notar uma queda para concentração de fungos

entre a primeira amostragem realizada no inverno e a segunda amostragem feita na primavera,

já para a concentração de bactérias também houve redução, mas não tão significativa. Os

gráficos das figuras 5.1 e 5.2 nos ilustram essa situação.

Figura 5.1. Comparação da concentração de fungos entre os períodos de inverno e primavera

Figura 5.2. Comparação da concentração de bactérias entre os períodos de inverno e primavera

983

307

0

200

400

600

800

1000

1200

Fungos

UFC

/m³

Inverno

Primavera

116

83

0

20

40

60

80

100

120

140

Bactérias

UFC

/m³

Inverno

Primavera

Page 53: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

43

Para a segunda campanha de amostragem, devido à exclusão do ponto na Sala dos

Periódicos, foi possível que se realizassem amostragens para cada ponto interno nos períodos

da manha e tarde, podendo assim averiguar seu comportamento com o passar do dia. Nas

figuras 5.3 e 5.4 podemos verificar estas comparações para fungos e bactérias respectivamente.

Figura 5.3. Comparação da concentração de fungos entre os períodos da manhã e tarde

Figura 5.4. Comparação da concentração de bactérias entre os períodos da manhã e tarde

233

327

175

275

341

231

347

249

436

372 326

509

0

100

200

300

400

500

600

18/nov -Réplica 1

18/nov -Réplica 2

18/nov -Réplica 3

19/nov -Réplica 1

19/nov -Réplica 2

19/nov -Réplica 3

UFC

/m³

Manhã Tarde

162 144 137 139

54 31

383

11 22

140

8

85

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

18/nov -Réplica 1

18/nov -Réplica 2

18/nov -Réplica 3

19/nov -Réplica 1

19/nov -Réplica 2

19/nov -Réplica 3

UFC

/m³

Manhã Tarde

Page 54: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

44

Pode-se perceber que há uma tendência de crescimento da concentração no período da

tarde para os fungos, enquanto que para as bactérias, de acordo com os dados obtidos não há

como se determinar alguma tendência com relação a isto.

5.5. Discussões

Uma das intenções deste trabalho era avaliar as possíveis variações decorrentes da

climatologia da região, o que não foi possível já que esta análise é viável para estações do ano

bem definidas, com extremos sazonais (FULTON e MITCHELL, 1965), oposto do constatado

durante as campanhas de coleta devido à baixa variação de temperatura (18 a 28°C) entre as

estações de inverno e primavera.

Por outro lado, um fato que chamou bastante atenção foi a grande variação nas

concentrações fúngicas entre a primeira e segunda campanha, que caíram para menos da

metade nesta última. Tentou-se correlacionar os valores encontrados de fungos e bactérias com

a temperatura e a umidade relativa, que por vezes podem causar mudanças nas concentrações

(HYVARINEN et al., 2001; FRANKEL et al., 2012; BOFF, 2011), mas essas variáveis

ambientais sozinhas não explicaram a variação das concentrações dos bioaerossóis entre as

duas campanhas, devido a sua baixa amplitude de variação em comparação a grande amplitude

que se observou para fungos. Uma possível explicação a esse fenômeno observado é a presença

de massas de ar com características diferentes para cada campanha.

Houve a chegada e passagem de uma frente fria em Juiz de Fora durante o período que

compreendeu a primeira campanha. A Figura 5.5 nos mostra esta situação para o dia 19 de

julho de 2014, onde a linha azul representa a frente fria, os vértices dos pequenos triângulos

indicando a direção e sentido de propagação da mesma.

De acordo com Fulton (1965), as frentes frias geralmente são acompanhadas de um

aumento na turbulência atmosférica e de superfície, que, sob condições secas, aumenta a

disseminação de microrganismos do solo na atmosfera. Como a última chuva relevante ocorreu

no dia 19 de junho, mês anterior à campanha, tem-se a situação descrita acima. As figuras 5.6 e

5.7 nos mostram os gráficos com precipitações as acumuladas diárias para os meses de Junho e

Julho.

Page 55: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

45

Figura 5.5. Carta sinótica do dia 19/07/2014 que ilustra a chegada da frente fria a região de

Juiz de Fora na época da primeira campanha

Fonte: CPTEC, 2014a

Figura 5.6. Precipitação acumulada diária para a cidade de Juiz de Fora e região no mês de

Junho

Fonte: INMET, 2014

Page 56: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

46

Figura 5.7. Precipitação acumulada diária para a cidade de Juiz de Fora e região no mês de

Julho

Fonte: INMET, 2014

Já na época da segunda campanha o panorama era quase o oposto, uma frente fria já

havia passado pela cidade (Figura 5.8), trazendo consigo uma precipitação de 30 mm

aproximadamente (Figura 5.9). Após a passagem da frente fria, a turbulência reduz e a

atmosfera rapidamente se estabiliza novamente (FULTON, 1965). Além disso, a própria

precipitação propicia a limpeza da atmosfera, através da deposição úmida dos esporos presentes

no ar (AL-DOORY e DOMSON, 1984). Isso pode explicar assim a menor concentração

encontrada nesta época indicando a forte influência da característica da qualidade do ar externo

sobre o interno.

Page 57: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

47

Figura 5.8. Carta sinótica do dia 18/11/14 que ilustra a frente fria já distante da região de Juiz

de Fora na época da segunda campanha

Fonte: CPTEC, 2014b

Figura 5.9. Precipitação acumulada diária para a cidade de Juiz de Fora e regiãono mês de

Novembro

Fonte: INMET, 2014

Page 58: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

48

Outra observação que pode ser feita sobre o local analisado é que este possui uma boa

ventilação, que pode ser verificada pelas relações de concentração interna e externa, todas

próximas de 1 (AQUINO NETO e SIQUEIRA, 2000) e sempre dentro do especificado pela

regulamentação da ANVISA (BRASIL, 2003). A exceção ocorreu na Sala dos Periódicos que,

por não estar em uso na época da amostragem, se encontrava fechada e apresentou relação I/E

abaixo de 0,5 para fungos e bactérias. Apesar de estar com má ventilação, apresentou

concentração exterior maior que a interior, inclusive com concentrações de fungos e bactérias

abaixo do exigido pelas legislações (BRASIL, 2003; ADENE, 2009).

Pode-se observar também uma variação da concentração destes microrganismos ao

longo do dia, com as concentrações na parte da tarde sendo ligeiramente maiores que as da

manhã. Uma explicação para isto pode ser o fato de haver um aumento no fluxo de usuários no

decorrer das horas de funcionamento da biblioteca. De acordo com estudos prévios, há forte

relação entre a densidade de ocupação, atividade humana e concentração de microrganismos no

ar interno (KARWOWSKA, 2003; TOIVOLA et al, 2002). Essa relação também pode ser uma

explicação para o fato da Sala dos Guarda-Volumes, o ponto de menor área e maior fluxo de

pessoas, sempre ter apresentado maiores concentrações bacterianas, chegando a ter uma relação

I/E de 3,09 no dia 18 de novembro, o dobro do recomendado de 1,5.

Um outro aspecto observado foi o fato do Salão de Estudos ter sempre apresentado as

maiores relações I/E (próximas de 1,5), provavelmente relacionado ao fato de que neste

ambiente é armazenada grande parte do acervo da unidade estudada, que é uma fonte de

deposição e acúmulo de aerossóis. Ao se passar uma corrente de ar interna no ambiente, ou a

própria movimentação do acervo pelos usuários, faz com que este material particulado seja

ressuspenso, aumentando a concentração presente no ar interno e consequentemente a relação

I/E. Semelhante ao que concluíram Harkawy et al. (2011) em seu estudo realizado no edifício

de uma biblioteca histórica.

A respeito da norma brasileira, observou-se que a definição do período de incubação

em 7 dias é inadequada para o método volumétrico de coleta, já que com 4 dias de incubação a

placa fica tomada por fungos, com o tempo ideal de contagem ocorrendo no intervalo de 2 a 4

dias de incubação a 25°C.

Page 59: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

49

Outro ponto a ser revisado é em relação à ao número de amostras e o local onde devem

ser realizadas em cada ambiente. A norma sugere um baixo número de amostras de acordo com

a área total (Tabela 5.12) que acabam por comprometer a representatividade do local, e ainda

que estas sejam no centro ou bem distribuídas pelo espaço, sem considerar características

específicas de cada local ou pontos críticos.

Tabela 5.12. Número de amostras de acordo com a área do ambiente

Área construída (m2) Número mínimo de amostras

até 1000 1

1000 a 2000 3

2000 a 3000 5

3000 a 5000 8

5000 a 10000 12

10000 a 15000 15

15000 a 20000 18

20000 a 30000 21

acima de 30000 25

Fonte: Brasil, 2003.

Finalmente, no que diz respeito à concentração de bactérias, a QAI enquadrou-se no

padrão utilizado como referência, estando também de acordo com as principais legislações e

recomendações internacionais. Apresentando apenas em duas ocasiões relação I/E acima de

1,5, sendo que esta não é uma exigência para este tipo de microrganismo, esta relação é

utilizada pela norma brasileira para avaliação de fungos. E na análise qualitativa com o

CHROMagarTM

houve baixo número de amostras positivas, todas com baixo número de

colônias desenvolvidas.

Page 60: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

50

6. CONCLUSÃO

Pelo trabalho realizado na Biblioteca Central da Universidade Federal de Juiz de Fora

com relação à qualidade microbiológica do ar interno pode-se concluir que:

As concentrações de bactérias presentes no ar da biblioteca sempre estiveram de acordo

com o previsto por normas e recomendações de estudos já realizados.

As concentrações de fungos que ultrapassaram os limites recomendados na primeira

campanha de amostragem podem estar relacionadas à ressuspensão destes

microrganismos devido à chegada e passagem de uma frente fria no período.

As diferenças entre as concentrações microbiológicas dos períodos da manhã e tarde

podem estar relacionadas com o uso e fluxo de pessoas nos ambientes analisados no

decorrer do funcionamento da biblioteca.

Não foi possível avaliar alterações da qualidade microbiológica do ar interno

decorrentes da sazonalidade, já que a amplitude de variação dos parâmetros de

temperatura e umidade relativa entre as estações compreendidas no estudo foi pequena.

O Salão de Estudos foi o ambiente que apresentou as maiores concentrações em ambas

as campanhas provavelmente devido ao armazenamento de parte do acervo neste

ambiente.

A biblioteca apresenta boa ventilação natural, constatada pelas taxas I/E geralmente

próximas de 1 encontradas em ambas campanhas de amostragem.

Devido ao item anterior, a qualidade do ar externo influencia a qualidade do ar interno

na biblioteca estudada.

A norma brasileira necessita de seu tempo de incubação revisado para amostragens

ativas, já que a placa fica tomada por fungos bem antes dos 7 dias estipulados.

Ainda sobre a norma, também devem ser reavaliadas as recomendações para o número

de amostragens por área que atualmente é baixo para fornecer uma boa

representatividade e o local onde devem ser realizadas que deveriam considerar os

pontos críticos e características do ambiente além de apenas o centro.

Page 61: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

51

7. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Pela experiência e dados obtidos com o desenvolvimento deste estudo, para possíveis

futuras análises na Biblioteca Central da Universidade Federal de Juiz de Fora pode-se sugerir:

Fazer amostragem simultânea entre ambientes internos e o externo, para uma melhor

comparação;

Além de quantificar o número de unidades formadoras de colônias realizar também uma

análise qualitativa destes microrganismos para além de averiguar as espécies presentes,

verificar quais são as mais frequentes e realizar uma comparação se a microbiota interna e

externa são semelhantes, que indicaria se o ar destes dois ambientes é semelhante;

Realizar amostragem de superfícies nos ambientes que armazenarem livros, revistas e

jornais para averiguar se os mesmos são uma fonte de poluição microbiológica;

Expandir as análises para outros ambientes internos da biblioteca;

Realizar estudos que tentem correlacionar fenômenos climatológicos a alterações da

qualidade microbiológica do ar;

Page 62: Avaliação Microbiológica da Qualidade do Ar no Interior da

52

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APÊNDICE A – Planilhas de Campo da Primeira Campanha de Amostragem

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APÊNDICE B – Planilhas de Campo da Segunda Campanha de Amostragem

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