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AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA APTIDÃO PARA O CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO PARANAÍBA Fernanda Cristina Oliveira Tayt-Sohn Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Planejamento Energético, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Planejamento Energético. Orientadores: Amaro Olímpio Pereira Júnior Ana Maria Bueno Nunes Rio de Janeiro Fevereiro de 2014

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AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA APTIDÃO

PARA O CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO PARANAÍBA

Fernanda Cristina Oliveira Tayt-Sohn

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Planejamento Energético,

COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre

em Planejamento Energético.

Orientadores: Amaro Olímpio Pereira

Júnior

Ana Maria Bueno Nunes

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2014

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AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA APTIDÃO

PARA O CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO PARANAÍBA

Fernanda Cristina Oliveira Tayt-Sohn

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM PLANEJAMENTO ENERGÉTICO.

Examinada por:

_______________________________________________

Prof. Amaro Olímpio Pereira Junior, D.Sc.

________________________________________________

Profa. Ana Maria Bueno Nunes, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Emílio Lebre La Rovere, D.Sc.

________________________________________________

Dr. Christiano Pires de Campos, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ-BRASIL

FEVEREIRO DE 2014

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Tayt-Sohn, Fernanda Cristina Oliveira

Avaliação dos impactos das mudanças climáticas na

aptidão para o cultivo da cana-de-açúcar na região da bacia

hidrográfica do Paranaíba/ Fernanda Cristina Oliveira Tayt-Sohn.

– Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014.

XIV, 84 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Amaro Olímpio Pereira Junior

Ana Maria Bueno Nunes

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Planejamento Energético, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 75-84.

1. Aptidão Agro-Climática. 2. Mudanças Climáticas

Globais. 3. Modelo de Cultivo, 4. Etanol, 5. Modelos do

Sistema Terrestre. I. Pereira Júnior, Amaro Olímpio et al. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa

de Planejamento Energético. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por iluminar meu caminho.

A minha mãe pela persistência, carinho e dedicação que tem pela minha pessoa.

Aos meus orientadores, Professores Amaro Pereira e Ana Nunes, pelo apoio,

paciência e incentivo.

A todos os professores do Programa de Planejamento Energético da COPPE, que

muito contribuíram para minha formação.

Aos amigos Rodrigo Carvalho de Sousa, Gustavo Vinagre, Igor Balteiro e Rosa

Paes por toda a ajuda prestada desde o início do meu metrado.

To Professors Bridget Scalon and Carey King to helping me on the understanding

of CropWat 8.0.

A todos os integrantes do projeto ICI-BMU, que muito me impulsionaram em

minha dissertação, em especial ao coordenador do projeto Martin Obemaier e o

professor Emílio La Rovere.

Aos funcionários do Programa de Planejamento Energético da COPPE pelo

suporte e atenção recebida, em particular Sandrinha e Paulo.

À CAPES pelo apoio financeiro.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA APTIDÃO

PARA O CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO PARANAÍBA

Fernanda Cristina Oliveira Tayt-Sohn

Fevereiro/2014

Orientadores: Amaro Olímpio Pereira Júnior

Ana Maria Bueno Nunes

Departamento: Planejamento Energético

O objetivo desta dissertação é realizar um estudo prospectivo de curto prazo sobre

a cultura da cana-de-açúcar na bacia do Paranaíba, utilizando como ferramenta a aptidão

agroclimática. O propósito do estudo não está relacionado somente com a capacidade de

prever possíveis áreas de produção para aquele cultivo, mas também em analisar as

tendências da expansão do mesmo, e se o aumento da área pode ameaçar Unidades de

Conservação Ambientais. Nesse trabalho, os mapas de aptidão agroclimáticas foram

gerados utilizando a climatologia observada, a partir de dados de estações

meteorológicas, e integrações do clima corrente e de projeções climáticas do CMIP5

GFDL-ESM2G. O déficit hídrico foi então calculado através do CROPWAT 8.0 da

FAO. Uma avaliação da vulnerabilidade da cana, bem como de suas possíveis áreas de

expansão, foi realizada para o período considerado. Esse estudo confirmou que o déficit

hídrico é o único fator limitante para a produção de cana sobre aquela região, e que é

necessário a irrigação para que toda a área torne-se adequada para o cultivo. Já o

aumento da temperatura não foi considerado um fator limitante da produção de cana-de-

açúcar, na verdade possui o efeito oposto, pela aproximação aos valores ótimos para o

cultivo. Apesar da produção de cana-de-açúcar se beneficiar de maiores valores de

temperatura, o aumento da temperatura também contribui para o déficit hídrico.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

ASSESSING SUGARCANE VULNERABILITY TO CLIMATE CHANGE AT

PARANAÍBA BASIN REGION

Fernanda Cristina Oliveira Tayt-Sohn

February/2014

Advisors: Amaro Olímpio Pereira Júnior

Ana Maria Bueno Nunes

Department: Energy Planning

The aim of this master’s thesis is to conduct a short-term prospective study on

sugarcane culture in the Paranaíba river basin, using as a tool the agro-climatic aptitude.

The study intention is not only connected with the foreseeability issue of possible

production areas to this crop, but is also interested in analyzing trends in its expansion,

and if this area increase can come to threaten Environmental Conservation Units. In this

work, agro-climatic aptitude maps were generated using observed climatology from

meteorological datasets, and historical integrations and climate projections from

GFDL/CMIP5’s ESM2G forced by the RCPs 4.5 and 8.5. Hydrological deficit was then

computed through the CROPWAT 8.0 (FAO). An evaluation of sugarcane vulnerability

to climate changes, as well as its possible areas of expansion was performed after the

elaboration of the agro-climatic aptitude maps and spatial analyses by ArcGIS 10.0,

both for the climatological case, as for the climate change scenarios. This study

confirmed that water deficit is the only limiting factor to the sugarcane production over

that region, and irrigation for the entire area is required to become it suitable for

cultivation. In none of these analyses, the temperature increase was pointed out as a

limiting factor of sugarcane production; indeed it causes the opposite effect, making the

increased values to be closer to those required for its optimum growth. Although

sugarcane production could benefit from higher temperature values, the increase in

temperature would also contribute to the hydrological deficit.

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ÍNDICE

Capítulo I - INTRODUÇÃO 1

1.1 Justificativa 1

1.2 Objetivo 8

1.3 Características da Área de Estudo 8

1.4 Estrutura do trabalho 11

Capítulo II- IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AGRICULTURA

BRASILEIRA 12

2.1 Introdução 12

2.2. Fatores que Influenciam a Produtividade da Cultura da Cana-de-

Açúcar 16

2.3 Temperatura do Ar e a Cultura da Cana-de-Açúcar 19

2.4 Condição Hídrica e a Cultura da Cana-de-Açúcar 21

2.5 Estudos dos Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura

Brasileira 22

Capítulo III – MODELOS CLIMÁTICOS 28

3.1 Introdução 28

3.2 Cenários Climáticos 32

Capítulo IV - METODOLOGIA 37

4.1. Levantamento dos Dados Meteorológicos, Edáficos e da Cultura da

Cana-de-Açúcar. 37

4.1.1. Dados Meteorológicos 37

4.1.2 Dados Edáficos 40

4.1.3 Dados da Cultura 41

4.2 Obtenção do Déficit Hídrico 44

4.2.1 Módulo “Climate/ ET0” 45

4.2.2 Módulo “Rain” 46

4.2.3 Módulo “Crop” 47

4.2.4 Módulo “Soil” 47

4.2.5 Módulo “CWR” 47

4.2.6 Módulo “Schedule” 48

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4.2.7 Módulo “Croppattern” 48

4.2.8 Módulo “Scheme” 48

4.3 Espacialização e Interpolação dos Dados de Saída do Programa

CropWat 8.0 da FAO 49

4.4 Diagnóstico de Aptidão da Cana-de-Açúcar através do ZAC 50

Capítulo V – ANÁLISE DOS RESULTADOS 52

5.1 Análise dos Gráficos Comparativos dos Três Cenários do Modelo

ESM2G 52

5.2 Resultados do Cenário Climatológico dos Dados Observados 56

5.3 Resultados do Cenário RCP 4.5 60

5.4 Resultados do Cenário RCP 8.5 64

5.5 Análise dos Resultados 70

Capítulo VI - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 72

Referências Bibliográficas 75

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Demonstrativo da evolução da produção de etanol no Brasil (metros cúbicos),

desde a criação do PROALCOOL até o ano de 2011. 2

Figura 2- Demonstrativo das áreas de concentração da produção de cana-de-açúcar, e

representação das possíveis áreas de expansão deste cultivo. 5

Figura 3- Figura ilustrativa do avanço da expansão da cana-de-açúcar (em verde), na

região da bacia do Paranaíba, entre 2003 e 2013. 6

Figura 4- Região da bacia hidrográfica do Paranaíba. 7

Figura 5- Representação das regiões hidrográficas do país, e representação da bacia

hidrográfica do Paranaíba. 9

Figura 6- Figura em três dimensões da bacia hidrográfica do Paranaíba, apresentando as

declividades do relevo. 10

Figura 7- Limites de tolerância de três espécies vegetais à temperatura 19

Figura 8 (A) - Exemplos de cenários de zoneamento de risco climático futuro para

plantio da soja . Zoneamento considerando aumento de 1ºC na temperatura e 15% na

precipitação pluvial 23

Figura 8 (B) - Exemplos de cenários de zoneamento de risco climático futuro para

plantio da soja . Zoneamento considerando aumento de 3ºC na temperatura e 15% na

precipitação pluvial 24

Figura 8 (C) - Exemplos de cenários de zoneamento de risco climático futuro para

plantio da soja . Zoneamento considerando aumento de 5,8ºC na temperatura e 15% na

precipitação pluvial 24

Figura 9 – Zoneamento atual do café para o Estado de Minas Gerais (A); Zoneamento

considerando aumento de 1ºC na temperatura e 15% na precipitação pluvial (B);

Zoneamento considerando aumento de 3ºC na temperatura e 15% na precipitação

pluvial (C); Zoneamento considerando aumento de 5,8ºC na temperatura e 15% na

precipitação pluvial (D) 26

Figura 10 – Demonstrativo dos resultados da comparação das mudanças recentes já

registradas (dados observacionais) em escalas continental e global, na temperatura anual

média da superfície da terra e dos oceanos, com resultados obtidos por simulação dos

modelos climáticos, usando-se forçantes naturais e antrópicos. 30

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Figura 11 – Figura representativa do aumento da taxa de dióxido de carbono (CO2),

dada em parte por milhão (ppm), para o caso dos novos cenários de mudanças

climáticas, RCP2.6, RCP4.5, RCP6, RCP8.5, e o caso histórico 34

Figura 12 - Figura Ilustrativa dos pontos de grande do modelo, em vermelho, para área

selecionada nesta dissertação 40

Figura 13 - Figura esquemática dos tipos de solo existentes na bacia do Paranaíba

41

Figura 14 – Comparação entre o comportamento das temperaturas máxima (a) e mínima

(b), para o cenário climatológico histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas

RCP4.5, e o cenário RCP 8.5. 52

Figura 15 – Comparação entre o comportamento da umidade relativa, para o cenário

climatológico histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o

cenário RCP 8.5. 53

Figura 16 –: Comparação entre o comportamento precipitação, para o cenário

climatológico histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o

cenário RCP 8.5. 54

Figura 17 – Comparação entre o comportamento da velocidade do vento, para o cenário

climatológico histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o

cenário RCP 8.5. 55

Figura 18 – Figura demonstrativa da área apta de cultivo em verde, na bacia

Hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário observado climatológico,

em que apenas a variável de temperatura do ar média anual é levada em consideração.

57

Figura 19 - Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho e área apta com

restrição em amarelo, na bacia hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o

cenário observado climatológico, em que apenas a variável de déficit hídrico anual é

levada em consideração. 58

Figura 20 – Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho e área apta com

restrição em amarelo, na bacia hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o

cenário observado climatológico, em que são consideradas as variáveis de temperatura

do ar média anual e déficit hídrico 59

Figura 21 - Figura demonstrativa da área apta de cultivo em verde, na bacia hidrográfica

do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 4.5, em que apenas a variável de

temperatura do ar média anual é levada em consideração. 61

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Figura 22 - Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na bacia

hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 4.5, em que apenas a

variável de déficit hídrico anual é levada em consideração. 62

Figura 23 - Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na bacia

hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 4.5, em que são

consideradas as variáveis de temperatura do ar média anual e déficit hídrico. 63

Figura 24 – Figura demonstrativa da área apta de cultivo em verde, na bacia

hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 8.5, em que apenas a

variável de temperatura do ar média anual é levada em consideração. 65

Figura 25 – Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na bacia

hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 8.5, em que apenas a

variável de déficit hídrico anual é levada em consideração. 66

Figura 26 - Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na bacia

hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 8.5, em que são

consideradas as variáveis de temperatura do ar média anual e déficit hídrico. 67

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Resumo das principais características dos novos cenários utilizados pelo

IPCC (RCP 2.6, RCP 4.5, RCP 6.0, RCP 8.5). 36

Tabela 2 - Tabela explicativa das principais características da cultura da cana-de-açúcar

e de seu cultivo 43

Tabela 3 – Demonstrativo da base de dados da FAO, fornecida para o modelo de cultivo

CropWat 8.0 44

Tabela 4 – Localização das Estações utilizadas na dissertação 50

Tabela 5 – Tabela explicativa da metodologia aplicada nesta dissertação 51

Tabela 6 – Resultados da temperatura do ar média anual (0C) e da deficiência hídrica

(mm)., para o caso climatológico. 56

Tabela 7 – Resultados da temperatura do ar média anual (0C) e da deficiência hídrica

(mm)., para o caso dos cenários de mudanças climáticas RCP4.5. 60

Tabela 8 - Resultados da temperatura do ar média anual (0C) e da deficiência hídrica

(mm)., para o caso dos cenários de mudanças climáticas RCP8.5 64

Tabela 9 - Tabela com o acréscimo de temperatura do ar média anual e o acréscimo da

deficiência hídrica anual dados em porcentagem (%), feita através da comparação entre

o cenários RCP 4.5 e RCP 8.5. 68

Tabela 10 - Tabela com a diferença entre o caso climatológico observado e o RCP 4.5

em relação à temperatura do ar média anual e à deficiência hídrica anual, dados em

porcentagem (%). 69

Tabela 11: Tabela com a diferença entre o caso climatológico observado e o RCP 8.5

em relação à temperatura do ar média anual e à deficiência hídrica anual, dados em

porcentagem (%). 70

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANA: Agência Nacional de Águas

AEAC: Álcool Etílico Anidro Carburante

AEHC: Álcool Etílico Hidratado Carburante

AR4: Fourth Assessment Report

AR5: Fifth assessment report

CBH: Comitê da Bacia Hidrográfica

CM2G: Coupled Climate Model with Ocean Configuration Generalized Ocean Layered

Dynamics

CMIP3: Coupled Model Intercomparison Project 3

CMIP5: Coupled Model Intercomparison Project 5

CWR: Crop Water Requirements

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPE: Empresa de Pesquisa Energética

ESM: Earth System Model

ESM2G: Earth System Model with Ocean Configuration Generalized Ocean Layered

Dynamics

FAO: Food and Agricultural Organization

FR: Forçante Radiativa

GASA: Grupo de Análise de Sistemas Ambientais.

GEE: Gases do Efeito Estufa

GFDL: Geophysical Fluid Dynamics Laboratory

GOLD: Generalized Ocean Layer Dynamics

GRADS: Grid Analysis and Display System

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INMET: Instituo Nacional de Meteorologia

IPCC: International Panel on Climate Change

MAPA: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MCG: Mudanças Climáticas Globais

PDE: Plano Decenal de Energia

PNLT: Plano Nacional de Logística e Transportes

PROALCOOL: Programa Nacional do Álcool

RCP: Representative Concentration Pathway

ÚNICA: União Da Indústria De Cana-De-Açúcar

USDA S.C.: United States Department of Agricultural, Soil Conservation Service

ZA: Zoneamento Agrícola

ZAC: Zoneamento Agro-Climático

ZAE: Zoneamento Agro-Ecológico

WMO: World Meteorological Organization

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1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa

No Brasil a produção de etanol é gerada principalmente a partir da cana-de-

açúcar. O país ocupa uma posição privilegiada no mercado internacional, relacionada

não somente com a produção de cana-de-açúcar como também de etanol e de açúcar

(MAPA, 2013).

O Programa Nacional do Etanol, as boas condições edafoclimáticas brasileiras e a

crescente preocupação ambiental, que neste caso está relacionada às possibilidades de

mitigação apontadas nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças

Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC)1, foram alguns dos

principais fatores que impulsionaram a produção brasileira de etanol e fizeram com que

chegasse ao patamar no qual se encontra hoje.

A primeira fase do Programa Nacional do Etanol (PROALCOOL) teve início em

1975, e surgiu em consequência à primeira crise do petróleo (1973), e à influência

política dos produtores de cana-de-açúcar sobre o governo brasileiro em encontrar

mercados alternativos devido à alta flutuação do preço do açúcar. Esta fase durou

aproximadamente quatro anos, e teve como uma de suas ações mais importantes a

adição de álcool anidro2 à gasolina (NASS et al., 2007).

Com a segunda crise do petróleo em 1979, deu-se início a segunda fase do

Programa Nacional do Etanol. A principal característica desta fase foi o acordo firmado

entre o Governo e a indústria automobilística em 1979, em que foram acertadas as

diferenças que ocorreram durante o período da primeira fase do PROALCOOL, e assim

pôde ser estabelecido um denominador comum que levou à consolidação do Programa

1 Órgão Intergovernamental de Mudanças Climáticas, fundado em 1988, pela Organização Meteorológica

Mundial – OMM e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. Fonte: (IPCC,

2013).

2 Álcool Anidro: Álcool Etílico Anidro Carburante (AEAC) possui um teor de cerca de 0,5% em volume

de água, este tipo de álcool é utilizado para se fazer a mistura com a gasolina. Fonte: (UNICA, 2014).

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2

Nacional do Álcool. A segunda fase durou seis anos e foi um período marcado pela

grande quantidade de álcool hidratado3 produzido, pelo aumento da quantidade de

destilarias autônomas e pelo lançamento do primeiro carro movido a álcool (ROSILLO-

CALLE e CORTEZ, 1998).

Logo após estes seis anos prósperos, houve o declínio da produção de etanol que

ocorreu devido a vários fatores, dentre eles: o aumento do preço de exportação do

açúcar, a queda do preço do petróleo, a suspensão dos financiamentos de ampliação da

capacidade de usinas sucroalcooleiras instaladas, a suspensão de impostos baixos para

venda de carros movidos a álcool pelo governo, entre outros. Em 1988 o PROALCOOL

terminou oficialmente (NASS et al., 2007).

Uma nova expansão no setor de produção do etanol ocorreu a partir de 2003,

devido principalmente ao surgimento dos carros flex-fuel e ao preço elevado do

petróleo, como apresentado na Figura 1 (SHIKIDA e PEROSA, 2012).

Figura 1: Demonstrativo da evolução da produção de etanol no Brasil (metros cúbicos), desde a criação

do PROALCOOL até o ano de 2011. Fonte: BEN 2011 (EPE, 2012a).

Assim como no caso do PROALCOOL, as boas condições edafoclimáticas

brasileiras contribuem para a expansão do cultivo da cana-de-açúcar, como foi abordado

no estudo do Zoneamento Agroecológico da cana-de-açúcar feito por MANZATTO, et

al. (2009). Esta pesquisa traz como um dos seus resultados uma área total apta ao

3 Álcool Hidratado: Álcool Etílico Hidratado Carburante (AEHC) possui um teor de 5% em volume de

água, este tipo de álcool pode ser diretamente utilizado em carros movidos a etanol ou flex-fuel. Fonte:

(UNICA, 2014).

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

mil

m3

Evolução da Produção de Etanol no Brasil

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3

cultivo da cana-de-açúcar no Brasil de aproximadamente 64 milhões de hectares. Este

resultado demonstra que há a possibilidade de aumento da produção do etanol.

Outro fator que contribui para o aumento da produção de etanol no Brasil são as

preocupações relacionadas às mudanças climáticas. Nos relatórios publicados pelo

IPCC, a partir de 1990, a questão dos Gases do Efeito Estufa (GEE)4 e dos seus

possíveis impactos na Terra gerando Mudanças Climáticas Globais (MCG), foi

acrescentada às preocupações mundiais com o meio ambiente.

Uma das situações abordadas nestes relatórios é a crescente emissão de GEE

ocasionadas pelo uso de combustíveis fósseis. Algumas formas de mitigação são

sugeridas, dentre elas está a troca da utilização destes combustíveis por renováveis.

Desta forma, cada vez mais as fontes de energia renováveis vêm ganhando

destaque no quadro de produção energética mundial. No caso do Brasil, principalmente

após a criação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (2009), uma das fontes

renováveis que mais se destacou foi a do etanol.

Alguns estudos foram feitos sobre a questão da emissão e captura de CO2 equivalente,

tanto na produção quanto no uso do etanol que é gerado a partir da cana-de-açúcar,

dentre eles encontra-se o estudo desenvolvido por MACEDO et al. (2004), que

apresenta um quadro favorável quanto à mitigação das emissões de gases do efeito

estufa. Tal pesquisa conclui que para um consumo anual de 12 milhões de m3 de etanol,

sendo metade deste etanol do tipo anidro, é possível observar uma redução de cerca de

25,8 milhões de t CO2equivalente.

Apesar disto, o etanol pode gerar impactos ao meio ambiente, dentre eles está o

impacto relacionado à expansão da área agrícola devido à demanda global por

biocombustíveis.

O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), por exemplo, apresenta uma

avaliação de oferta e demanda do etanol carburante (hidratado e anidro), para o período

de 2012 a 2021, realizado pela EPE (2012b). Este estudo traz como resultado uma

perspectiva favorável à expansão do etanol, pois este terá um aumento de produção de

39,7 bilhões de litros, visto o aumento considerável dos carros flex-fuel. No caso das

exportações de etanol, o PDE indica que o Brasil continuará desempenhando um papel

4 GEE: Gases do Efeito Estufa, nome dado aos gases que contribuem para o efeito estufa, o qual gera o

aquecimento da Terra. Alguns destes gases são: o dióxido de carbono (CO2), o vapor d’água e metano

(MH4) (IPCC, 1996).

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importante, apesar das tendências mais protecionistas do mercado internacional,

principalmente relacionadas às questões ambientais.

A problemática que levou ao desenvolvimento desta dissertação está justamente

ligada às projeções que indicam o aumento da produção de cana-de-açúcar para geração

do etanol no Brasil e às implicações deste crescimento sobre o uso do solo, uso da água,

e segurança alimentar. Este trabalho limitou-se a analisar a expansão da área agrícola da

cana-de-açúcar, mais precisamente avaliando a aptidão agroclimática da cultura.

Como mostrado por FACHINELLI (2013), a expansão da área agrícola foi

prevista e observada por algumas pesquisas, como a feita pela EPE (2012b) que prevê

um aumento da área de cultivo de 8,2 para 13 Mha, ou a feita pela UNICA (s/d) que

observou um crescimento das áreas de cultivo na região Centro-Oeste, de 373 mil ha de

área plantada em 2000 para 1,42 milhões ha em 2011.

A Figura 2 apresenta as possíveis áreas para onde estas expansões devem ocorrer,

no sentido oeste (próximo a região nordeste) e no sentido norte / noroeste (próximo a

região centro-sul).

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Figura 2: Figura demonstrativa das áreas de concentração da produção de cana-de-açúcar (em vermelho)

e representação das possíveis áreas de expansão deste cultivo, mostradas pela seta verde. Fonte: (UNICA,

2013).

Já na Figura 3 são apresentadas estimativas obtidas através de sensoriamento

remoto, da área de cultivo da cana-de-açúcar (em verde), para o ano de 2003 e para o

ano de 2013. Sendo assim, possível fazer a verificação da expansão para a região da

bacia do Paranaíba.

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Figura 3: Figura ilustrativa do avanço da expansão da cana-de-açúcar (em verde), na região da bacia do

Paranaíba, entre 2003 e 2013. Fonte CANASAT, 2014.

Em decorrência desta expansão, foi escolhida uma área que estivesse prevista para

o cultivo da cana-de-açúcar, possuísse uma quantidade de dados passíveis de serem

coletados para este estudo e fosse próxima a uma localidade de grande concentração de

usinas sucroalcooleiras. Com isto, a região escolhida foi a da bacia do Paranaíba, como

pode ser observado pela Figura 4.

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Figura 4: Região da bacia hidrográfica do Paranaíba. Fonte: ANA 2007.

Esta região possui Unidades de Conservação Ambiental, onde a expansão do

plantio da cana-de-açúcar pode gerar impactos consideráveis, sobretudo se for adotada a

prática da queima da palha da cana-de-açúcar.

Logo, torna-se estratégico o desenvolvimento de ferramentas de análise que

permitam gerenciar a expansão do plantio de forma sustentável, visto que esta produção

apresenta implicações importantes relacionadas com a proteção do meio ambiente, a

criação de empregos, a segurança de abastecimento de energia, entre outras, como

observado por GOLDEMBERG (2004).

Com isto, em termos de comercialização internacional, caso não seja tomada

nenhuma medida contra os possíveis danos à natureza gerados pela produção do etanol,

uma barreira protecionista de âmbito ambiental pode causar perdas à exportação deste

produto brasileiro (NEVES e CONEJERO, 2007).

Algumas medidas podem ser tomadas para solucionar este possível problema de

mercado e dentre elas está o estudo da aptidão agroclimática de uma determinada

cultura e região.

Através da aptidão agroclimática da cana-de-açúcar é possível constatar

tendências de expansão do cultivo analisado, e assim mostrar as possibilidades destas

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expansões ocorrerem para áreas protegidas ambientalmente, como a Amazônia Legal e

o Pantanal. Com a utilização desta ferramenta, é possível também fazer um

planejamento ambiental e agrícola favoráveis às situações que causem um menor

impacto ao meio ambiente.

Baseado na importância da mesma ferramenta, nesta dissertação foi obtida a

aptidão agroclimática da cana-de-açúcar para a região da bacia do Paranaíba através de

cálculos e da utilização do programa CROPWAT 8.0. Após a análise dos resultados

destes cálculos, foram constatadas as possíveis áreas de expansão do cultivo da cana-de-

açúcar na região estudada, onde podem ser observadas as tendências de expansão, e as

possibilidades de Unidades de Conservação Ambiental serem ameaçadas por esta

expansão.

1.2 Objetivo

Coerente com as necessidades de ampliar os estudos na temática de

vulnerabilidade agrícola da cultura de cana-de-açúcar em relação ao clima atual e às

mudanças climáticas futuras, o objetivo desta dissertação consiste em realizar um estudo

climatológico (1961-1990) e prospectivo de curto prazo, trinta anos (2006-2035), sobre

a cultura da cana-de-açúcar na região da bacia do Paranaíba, utilizando como

ferramenta a aptidão agroclimática.

A pretensão do estudo não está ligada somente com a questão da previsibilidade

das possíveis áreas de produção deste cultivo, e um consequente planejamento agrícola,

mas também está interessado em analisar as tendências da expansão da produção de

cana-de-açúcar, em que tal aumento da área pode vir a ameaçar Unidades de

Conservação Ambiental.

Para alcançar tal objetivo, foram utilizadas as ferramentas de modelagem de

cultivo e de sistema de georeferenciamento para a formulação da aptidão agroclimática

da cana-de-açúcar.

1.3 Características da Área de Estudo

A região escolhida para o estudo desta dissertação está localizada entre os

paralelos 150 sul e 21

0 sul e os meridianos 45

0 oeste e 54

0 oeste, esta região possui uma

área de aproximadamente 600.000 km2, a qual engloba em sua totalidade a bacia

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hidrográfica do Paranaíba que faz parte da região hidrográfica do Paraná, sendo a área

correspondente a bacia do Paranaíba de 222.767 km2. Devido à importância territorial

desta bacia para esta região, a mesma bacia será considerada com maior ênfase e terá os

seus dados extrapolados para toda a região de estudo. Esta bacia é a segunda maior das

seis unidades integrantes da Região Hidrográfica do Paraná, ocupando 25.4% desta

Região Hidrográfica (ANA, 2007).

A mesma bacia abrange os Estados de Goiás (63,27% da área compreendida),

Minas Gerais (31,67%), Distrito Federal (1,65%) e Mato Grosso do Sul (3,41%). Possui

1160 km de extensão, como ilustrado na Figura 5.

Figura 5: Representação das Regiões Hidrográficas do país, como mostrado na legenda, e representação

da bacia Hidrográfica do Paranaíba, com os limites em vermelho e sua área hachurada de azul. Fonte:

PNLT, 2007.

O relevo desta bacia possui planaltos, relevos acidentados e até mesmo um terreno

geomorfologicamente uniforme, como pode ser observado na Figura 6 (ANA, 2007).

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Figura 6: Figura em três dimensões da bacia hidrográfica do Paranaíba, em que é possível observar as

declividades do relevo, com cores quentes representando maior altitude do terreno e cores frias menores

altitudes. Fonte: ANA, 2011.

Quanto ao Clima da bacia do Paranaíba, o mesmo possui uma temperatura média

mensal alta, de aproximadamente 180C, além disto, possui uma quantidade de insolação

considerável durante todo o ano. O regime hidrológico desta região é regulado pelo

regime de chuvas, o qual é bem definido pelas estações chuvosas, possuindo uma maior

concentração de chuvas no verão e uma menor no inverno (CBH, 2013).

De acordo com o Plano Nacional de Logística e Transportes - PNLT (2007), a

produção do agronegócio é dominante na bacia do Paranaíba, onde se inclui a produção

de bioenergia, principalmente provenientes da soja, da cana-de-açúcar, e também da

extração de recursos naturais. O PNLT ainda cita que a mesma região é de grande

importância na produção de energia elétrica, devido à presença de hidrelétricas, onde

algumas delas possuem grande geração de energia, estando entre as principais

hidrelétricas do país.

Além dos fatores citados acima, a escolha desta região se deu devido à quantidade

de dados passível de ser coletada para este estudo. Adicionalmente, pode ser encontrada

perto desta localidade uma grande concentração de usinas sucroalcooleiras, e ainda,

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pode ser observado, conforme ilustrado nas Figuras 2 e 3, que existe uma tendência dos

cultivos de cana se expandirem para a região escolhida.

1.4 Estrutura do trabalho

O trabalho está estruturado da seguinte forma:

Capítulo I - Parte introdutória da dissertação;

Capítulo II - Apresenta uma introdução à ferramenta de aptidão agrícola, mostrando as

principais variáveis meteorológicas que atuam na agricultura e são integrantes desta

ferramenta, dando uma especial atenção para as duas principais variáveis que

influenciam a agricultura, quais sejam a temperatura do ar e a condição hídrica.

Capítulo III - Possui uma breve descrição dos novos modelos e cenários utilizados pelo

IPCC.

Capítulo IV - Este capítulo está voltado para a explicação de toda a parte metodológica

aplicada neste trabalho.

Capítulo V - Detém todos os resultados obtidos nesta dissertação.

Capítulo VI - É voltado para as conclusões tiradas através da análise dos resultados

desta dissertação.

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CAPÍTULO II

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA AGRICULTURA

BRASILEIRA

2.1 Introdução

A questão das Mudanças Climáticas Globais (MCG) que são geradas pelo

aumento da concentração dos GEEs, como o dióxido de carbono (CO2), o metano

(CH4), o vapor d’água (H2O) etc, está progressivamente possuindo uma maior aceitação

no meio científico, mesmo que não seja algo consensual neste meio de que as mudanças

climáticas ocorrerão. Existem trabalhos que reforçam a possibilidade das mudanças

climáticas ocorrerem no futuro e mostram que elas aconteceram no passado, como o

feito por ALLEY (2005) (PELLEGRINO, ASSAD et al., 2007).

Ainda em relação às MCG, algumas pesquisas tiveram como enfoque os impactos

que estas mudanças podem ocasionar ao planeta, como por exemplo, a pesquisa

desenvolvida por THOMAS et al. (2004) que aponta um dos possíveis impactos

ocasionados pelas mudanças climáticas globais, o qual dar-se-á através da modificação

da distribuição e abundância de espécies no planeta.

Alguns estudos foram direcionados especificamente para o Brasil. Como os

trabalhos desenvolvidos por NOBRE et al. (2004) e NOBRE (2005), em que o objetivo

era a observação do comportamento dos biomas brasileiros em relação às MCG, e

tiveram como resultados a constatação de uma desertificação do semi-árido nordestino e

de uma “savanização” da Amazônia. No caso do estudo de AMBRIZZI et al. (2007), o

mesmo fez uma constatação na qual aponta as regiões do nordeste e Amazônica como

as áreas mais vulneráveis às MCG em termos de biodiversidade. Outro trabalho que

teve como enfoque o Brasil foi o de NOBRE et al. (2008), que apontou para um

problema de disponibilidade hídrica na região Centro - Oeste do Brasil.

Estas mudanças atingem toda a flora não somente a natural, como também a

artificial, ou seja, aquela criada pelo homem.

Com isto, os possíveis impactos ambientais ocasionados pelas mudanças

climáticas geram preocupações não somente com a questão do meio natural, mas

também com a questão agrícola.

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A agricultura é um dos setores econômicos mais importantes do Brasil, e que está

mais sujeita às condições do tempo e do clima. O clima interfere na agricultura,

determinando que tipo de atividade agrícola deve ser empregada em cada local, e as

condições do tempo, além de interferirem no planejamento agrícola e ambiental da

cultura, indicam a magnitude da produtividade para uma determinada cultura

(PEREIRA, ANGELLOCCI et al, 2002).

Segundo PRATES, SEDIYAMA et al. (1986) para alcançar uma exploração

agrícola com alta eficiência, as informações sobre as relações entre o clima e a cultura

são de extrema importância.

A agricultura pode sofrer diversas consequências, como a sua vulnerabilidade, a

realocação das culturas, a expansão das áreas de cultivo para regiões protegidas etc.

Este tipo de temática vem sendo alvo de muitas pesquisas, devido ao fato da sua

importância não se dar apenas na área econômica, mas sim em diversas áreas das

atividades humanas.

De maneira a evitar e a mitigar estas consequências faz-se necessário o

planejamento ambiental, sendo este feito antes da implementação de uma cultura, em

que são avaliadas as atividades a serem empregadas, para que a cultura seja produzida

de maneira eficiente, visando o menor impacto ambiental. A análise destas ações pode

ser feita levando em consideração o clima, a variabilidade natural e as MCG

(SENTELHAS e MONTEIRO, 2009).

Uma das maneiras de se fazer esta análise se dá através da aptidão agroclimática,

e ainda com maior profundidade através dos diversos tipos de Zoneamento, tais

ferramentas auxiliam o planejamento ambiental e agrícola.

As denominações de Zoneamento variam de acordo com o domínio que é levado

em consideração pelo estudo.

O Zoneamento Agrícola (ZA) possui uma maior complexidade associada, devido

à quantidade de informações analisadas. As variáveis que são utilizadas e analisadas

pelo ZA são: as condições socioeconômicas, climáticas e edáficas. No caso do

Zoneamento Edafoclimático ou Agro-Ecológico (ZAE), são levados em consideração:

as condições climáticas e edáficas. Já no Zoneamento Agro-Climático (ZAC), apenas a

questão do clima é levado em conta (PEREIRA, ANGELLOCCI et al., 2002).

Além dos zoneamentos descritos anteriormente outros tipos de zoneamento

existentes mostram-se ferramentas úteis de planejamento. Dentre esses zoneamentos,

podem ser mencionados (MMAa, 2014; MMAb, 2014):

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Zoneamento ambiental – É um instrumento da Política Nacional do Meio

Ambiente (lei federal nº 6.938/1981). Quando foi feita a modificação do decreto

federal nº 4.297/2002 o mesmo passou a se chamar zoneamento ecológico-

econômico (ZEE).

O Zoneamento ecológico-econômico (ZEE) – É um Instrumento da Política

Nacional do Meio Ambiente regulamentado pelo decreto federal nº 4.297/2002. O

mesmo tem como objetivo trazer a viabilidade da sustentabilidade, tendo como

enfoque um desenvolvimento socioeconômico que se dê de forma a conservar o

meio ambiente.

Zoneamento socioeconômico-ecológico (ZSEE) – Nomenclatura adotada pelos

estados de Mato Grosso e Rondônia para o ZEE, porém dando maior importância

a questão social do que no ZEE.

Zoneamento agrícola de risco climático – Instrumento da Política Agrícola, o

objetivo deste tipo de zoneamento é fazer o diagnóstico das melhores épocas de

plantio dos cultivos, levando em consideração os diferentes tipos de solos, e os

diferentes ciclos referentes a cada cultura, para assim fazer com que os riscos

relacionados aos fenômenos climáticos sejam minimizados.

Zoneamento industrial – Previsto na lei federal nº 6.803/1980, destinado aos

locais com alta poluição os quais estão referidos no artigo 4º do decreto-lei nº

1.413/1975, fazendo o zoneamento de áreas para a instalação de indústrias, dando

ênfase a questão da conservação ambiental.

Zoneamento urbano – Este tipo de zoneamento incide sobre as cidades, cujo

objetivo é atentar para o uso e a ocupação do solo. Tendo assim proporcionalidade

entre a ocupação e a infra-estrutura, a conservação ambiental, a preservação de

áreas de interesse cultural etc.

Etnozoneamento – É um instrumento da Política Nacional de Gestão Territorial e

Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) referente ao decreto federal nº

7.747/2012, neste zoneamento é feito o planejamento de forma participativa, em

que são levados em consideração áreas de relevância ambiental, a questão

sociocultural, a questão da produção indígena com base nos conhecimentos e

saberes dos povos indígenas.

Isto posto, a aptidão climática é uma ferramenta que pode auxiliar na formulação

de um zoneamento como é o caso, por exemplo, do ZAC. A mesma ferramenta define

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as áreas de aptidão para uma determinada cultura, levando em consideração as

exigências agroclimáticas do cultivo (PEREIRA, ANGELLOCCI et al., 2002).

De acordo com ZOLNIER (1994), a delimitação da vocação agrícola das terras,

em relação às variáveis de temperatura e precipitação, torna-se de vital importância

quando se leva em consideração a questão do planejamento ambiental e agrícola. Estes

dois parâmetros são os principais fatores limitantes de uma cultura.

Ainda de acordo com ZOLNIER (1994), várias decisões passam a ser tomadas

tendo em vista as informações obtidas através do estudo da aptidão agrícola. Não

obstante, o planejamento muitas vezes não é feito somente para uma situação

climatológica, mas também, considera a questão das mudanças climáticas, visando uma

estratégia eficiente no âmbito dos impactos ambientais e da produção.

A aptidão agroclimática de projeções de mudanças climáticas pode possuir

respostas nas quais muitas culturas terão que ser realocadas, migrando para locais que

sejam viáveis para sua sobrevivência e para uma boa produtividade.

Uma das situações de planejamento aplicado pelo governo brasileiro que utilizou

a ferramenta de aptidão agroclimática para auxiliar a formulação de um zoneamento, foi

apontada por PINTO et al. (2011), onde foi mostrada a questão do Programa de

Zoneamento de Riscos Climáticos no Brasil que entrou em vigor em 1996. Este

Programa está relacionado às políticas públicas dos Ministérios da Agricultura e do

Desenvolvimento Agrário. Com isto, tornou-se possível uma maior e mais eficiente

orientação do crédito e do seguro agrícola no país. Pois este programa viabilizou as

possibilidades de indicação de aptidão e formação de calendários agrícolas para as áreas

aptas, a serem requeridas no crédito e/ou no seguro agrícola. Além disto, sabendo das

projeções, que apontam tendências de elevação de temperatura (IPCC, 2013), tornou-se

necessário avaliar o quanto as mudanças climáticas podem afetar as culturas de maior

interesse comercial e suas datas de plantio para cada região do Brasil, onde tais

alterações podem ocasionar maior produtividade em algumas regiões e menor em

outras, ou até mesmo, pode causar a inaptidão agrícola do cultivo por todo o país.

Neste contexto, diversos trabalhos demonstram a importância da avaliação das

consequências das atividades agrícolas em diferentes locais e para diferentes culturas.

Muitas pesquisas deste cunho analisam ainda todo o ciclo hidrológico que se relaciona

com a disponibilidade hídrica do local estudado (MARENGO, 2001; PINTO et al.,

2002; SIQUEIRA, 2001).

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2.2 Fatores que Influenciam a Produtividade da Cultura da Cana-de-Açúcar

A capacidade que os seres vivos possuem em fazer de um determinado local seu

habitat é uma consequência de diversas modificações que estes seres sofrem,

ocasionadas pela seleção natural, no decorrer do tempo. Estas adaptações permitem que

as plantas, por exemplo, consigam suportar certas variações de umidade, temperatura,

luz, vento, disponibilidade de umidade no solo entre outras. Apesar disto, existem

limites em que as espécies podem tolerar estas variações (GLIESSMAN, 2001).

Ainda de acordo com GLIESSMAN (2001), nas situações em que estas variações

excedem os níveis considerados limítrofes, as plantas sofrem prejuízos em seu

crescimento e desenvolvimento. Além dos níveis limítrofes existe também um nível

considerado ótimo, em que o desempenho de suas funções é dado de forma máxima.

As principais variáveis meteorológicas que interferem e trazem modificações em

todo o ciclo de vida da cultura, alterando sua produtividade, são: a radiação solar, a

temperatura do ar, a precipitação, o fotoperíodo, a umidade do ar e a velocidade do

vento (HOOGENBOOM, 2000; PEREIRA, ANGELLOCCI et al., 2002; MAVI e

TUPPER, 2004, apud SENTELHAS e MONTEIRO, 2009), a saber:

Através da radiação solar tem-se a realização da fotossíntese, este

processo realizado pelas plantas fotossintetizantes está ligado à produção de biomassa, o

que em geral é favorável à produção.

A fotossíntese é sensível à temperatura do ar, com a modificação desta

variável meteorológica pode ocorrer a variação no metabolismo das plantas, alterando o

crescimento e o desenvolvimento destas.

A variável de precipitação auxilia na manutenção da umidade dos solos,

na absorção de água e nutrientes pelo sistema radicular das plantas e na própria

condição hídrica das culturas. Em situações de déficit hídrico, ligados à falta de chuva,

muitas plantas fecham seus estômatos ocasionando mudanças na taxa de fotossíntese e

de transpiração, muitas vezes sendo danoso para o desenvolvimento da planta. Já no

caso de excesso de chuva, existe a redução da oxigenação dos solos, reduzindo a

atividade radicular, diminuindo assim, a absorção de água e nutrientes. Não somente

isto, mas existe também a possibilidade da lixiviação dos nutrientes. Ou seja, os dois

extremos da condição hídrica ocasionam a redução da produtividade das plantas.

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O fotoperíodo está relacionado com o tempo ao qual a planta fica exposta

à radiação solar. Como a taxa de fotossíntese está diretamente relacionada à radiação,

quanto maior for o fotoperíodo maior será a taxa de fotossíntese e, consequentemente,

maior será a produção de biomassa. Esta variável interfere tanto no crescimento como

no desenvolvimento das culturas.

A umidade do ar afeta a taxa de evapotranspiração, pois quanto maior for

a umidade do ar menor será a capacidade do ar em “absorver” a umidade e

consequentemente menor será a taxa de evapotranspiração, a reciprocidade é verdadeira

para o caso oposto. Existe ainda o efeito da umidade sobre outros seres vivos que

interagem com as plantas, como é o caso de bactérias e fungos, que podem vir a agir

tanto de maneira simbiótica como de maneira hospedeira. Quando existe alta umidade

pode ocorrer de um hospedeiro causar danos às culturas, diminuindo sua produção

(SENTELHAS, 2004, apud SENTELHAS e MONTEIRO, 2009).

A velocidade do vento também interfere no desenvolvimento das

culturas. De acordo com PEREIRA, ANGELLOCCI et al (2002), para a situação em

que o vento possui intensidade baixa à moderada, há a contribuição deste na renovação

do suprimento de CO2 e no auxílio da transpiração das plantas, além de fazer a

polinização. No entanto, em situações com velocidades excessivas, o vento ocasiona

uma grande taxa de evapotranspiração das plantas, levando ao fechamento dos

estômatos, à redução do número de folhas e da área foliar, resultando em queda brusca

da fotossíntese. Além disso, ventos intensos provocam danos mecânicos nas plantas,

como acamamento, queda de folhas e quebra de galhos e troncos.

Com isto pode-se averiguar o quão importante são as condições de tempo e clima

para a agricultura. Estas condições afetam não só os processos metabólicos das plantas,

diretamente relacionados à produção vegetal, como também as mais diversas atividades

no campo (SENTELHAS e MONTEIRO, capítulo 1, organizador MONTEIRO, 2009).

Segundo PEREIRA, ANGELLOCCI et al (2002), quase todas as atividades da

agricultura, realizadas no campo, dependem das condições meteorológicas, e através

destas informações conseguem realizar suas atividades com maior eficiência, como

segue:

Manejo do solo: Para esta atividade é necessário um nível ótimo de

umidade no solo para que não ocorra nem a erosão (no caso de pouca umidade), nem a

compactação (no caso de excesso de umidade).

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Semeadura: Esta atividade é dependente da água contida nos solos, sem a

qual a germinação das sementes pode ser prejudicada.

Irrigação: Esta ferramenta é imprescindível em áreas com déficit hídrico.

A quantidade e o momento certo para aplicação da água são necessários para que haja a

maximização do seu rendimento. A previsão do tempo auxilia, podendo evitar irrigação

próximo a períodos de chuva.

Fitossanidade: A proliferação de pragas e doenças ocorre quando as

condições do ambiente são propícias à mesma. O controle através do uso de defensivos

agrícolas, somente faz-se necessário nestas condições. Para a situação em que as

condições sejam desfavoráveis, não há a necessidade do uso dos defensivos, tendo

como consequência a redução no custo de produção e a melhora na qualidade dos

produtos. Para o caso da aplicação do controle artificial, principalmente via

pulverização com produtos químicos, é necessário obter informações de previsão do

tempo, devido ao fato da chuva após a pulverização ocasionar a lavagem do produto

aplicado, gerando uma baixa eficiência do controle, e a contaminação do solo e

mananciais de água.

Colheita: A dependência desta atividade com as condições do tempo e do

clima é alta, pois para o caso dos grãos, por exemplo, a umidade dos grãos pode torna-

los impróprios para o comércio. Outro exemplo dar-se-á através da própria

inviabilização do tráfego do maquinário de colheita, pois estes podem causar a

compactação do solo, para situação de excedente hídrico.

Previsão de Rendimento: Assim como as outras atividades abordadas

anteriormente, o rendimento dos cultivos agrícolas sofre influência das condições

adversas de tempo, principalmente relacionadas às condições hídricas do solo e à

temperatura do ar. Modelos de cultivo podem simular as perdas de produtividade

geradas por mudanças nas variáveis de maior influência no rendimento da cultura.

Logo, pode-se verificar que tais condições como temperatura, disponibilidade

hídrica e solar, entre outras condições determinam o potencial de aptidão e de

produtividade agrícola de um determinado local, além de influenciar nas atividades

realizadas no campo (PEREIRA, ANGELLOCCI et al 2002).

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2.3 Temperatura do Ar e a Cultura da Cana-de-Açúcar

A temperatura do ar, assim como o índice bioclimático Graus-Dia5, são

condicionantes do tamanho do período dos estádios fenológicos e do ciclo de

desenvolvimento das plantas de maneira geral. (PEREIRA, ANGELLOCCI et al.,

2002).

O desenvolvimento da cana-de-açúcar cessa caso haja temperaturas abaixo e

acima dos limites suportados por ela, mesmo que haja uma quantidade ótima de luz, de

água e de outras variáveis.

Entre esses limites, há uma temperatura do ar em um nível ótimo, no qual o

crescimento e o desenvolvimento ocorrem de forma mais efetiva. Esses três valores,

limite inferior, ótimo e superior, são conhecidos como temperaturas cardenais (Figura

7), (MOTA, 1977).

Figura 7: Limites de tolerância de três espécies de plantas à temperatura. Fonte: MOTA, 1977.

De forma geral, a temperatura também afeta uma grande diversidade de processos

realizados pelas plantas, como a respiração de manutenção, a transpiração, a

fotossíntese, o repouso vegetativo, a indução ao florescimento, o conteúdo de óleo em

grãos, a taxa de germinação de sementes etc (MAVI e TUPPER, 2004; PEREIRA,

ANGELLOCCI et al., 2002).

5 Graus-dia: Índice no qual é considerado o somatório diário de graus de temperatura que efetivamente

contribuíram de forma benéfica para o metabolismo da planta (PEREIRA, ANGELLOCCI et al., 2002).

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A maneira como a temperatura do ar influencia os processos da cana-de-açúcar é

complexa, porque cada processo realizado por esta planta tem um nível ótimo diferente.

A transpiração e a transferência de nutrientes são os principais processos fisiológicos

regulados pela temperatura do ar, caso a perspectiva esteja voltada para o ângulo da

produtividade. A taxa de respiração, por exemplo, é diretamente proporcional ao

aumento da temperatura, até certo limite. As plantas de uma maneira geral têm uma

perda média da taxa de fotossíntese ocasionada pela respiração de 25% nos locais de

clima temperado e de 35% nos de clima tropical, o aumento da taxa em regiões tropicais

ocorre especialmente devido às altas temperaturas noturnas (PRATES, SEDIYAMA et

al., 1986).

O estresse térmico ocorre tanto com o déficit, quanto com o excesso de calor. As

respostas a estes estresses estão relacionadas a cada tipo de situação. As taxas elevadas

de temperatura provocam uma diminuição no metabolismo da cana-de-açúcar, um

aumento da taxa de respiração, que pode vir a ser maior do que a taxa de fotossíntese,

gerando o impedimento do crescimento da planta, e até mesmo, pode levar à morte do

seu tecido. Para o caso do déficit, pode ocorrer a entrada da cultura em estado de

dormência tendo sua atividade metabólica diminuída, podendo chegar à morte do tecido

(MAVI e TUPPER, 2004).

Segundo GLIESSMAN (2001), de maneira geral, as adaptações morfológicas

comuns das plantas ao excesso de calor incluem:

mudança na estrutura da folha, que influencia em um ponto de

compensação alto de CO2 para a relação fotossíntese/respiração;

folhas que refletem mais luz, para absorver menos energia;

pêlos, para isolar o tecido, folhas menores para diminuir a área de

incidência solar;

folhas com relação superfície/volume menor para ganhar menos calor;

raízes mais extensas para absorver mais água.

Para o caso de déficit de calor, existem adaptações como uma cobertura de cera,

ou a presença de células menores nas folhas etc (GLIESSMAN, 2001).

Com isto, sabendo da importância da temperatura do ar quanto aos diversos tipos

de processos da cana-de-açúcar. Esta variável torna-se um dos principais fatores

limitantes utilizados na metodologia para a formulação da aptidão agroclimática.

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21

2.4 Condição Hídrica e a Cultura da Cana-de-Açúcar

Uma informação de qualidade a respeito das respostas da cana-de-açúcar ao

estresse hídrico consegue fornecer certa previsibilidade do que é necessário fazer, em

termos de planejamento ambiental e de práticas de gestão, para que ocorra a

minimização dos efeitos adversos à cultura, em prol da exploração máxima dos recursos

fornecidos por este cultivo (MARIN et al., 2009)

Assim como a temperatura, a condição hídrica é uma variável complexa, pois

possui diferentes níveis ótimos para diferentes estádios fenológicos (AUDE, 1993).

O estresse de umidade afeta numerosos mecanismos relacionados à fotossíntese,

como por exemplo, inibindo o sistema de deslocamento de elétrons fotossintéticos,

causando o fechamento estomatal e alterando a taxa de respiração, agredindo

consequentemente não somente os mecanismos, como todo o processo de fotossíntese

BOYER (1970).

A variável de condição hídrica, juntamente com a temperatura do ar, são os

principais parâmetros levados em consideração pela aptidão agroclimática (CAMARGO

et al., 1974; 1977).

Danos causados por chuvas intensas e/ou prolongadas não são observadas com

tanta frequência nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar do Brasil. Apesar disto, uma das

consequências causadas por estes estados meteorológicos, é o encharcamento do solo,

provendo condições anaeróbicas às raízes. Este cenário torna-se mais propenso em

situações que o solo possui uma drenagem ineficiente, ou possui um lençol freático

mais superficial. Com estas condições, ocorre uma diminuição relevante no vigor das

brotações, na produção de colmos e na quantidade de sacarose (GILBERT et al., 2008)

Para o caso do déficit hídrico, quando a cultura da cana-de-açúcar sofre de

deficiência hídrica na fase de desenvolvimento, esta gramínea irá apresentar perdas de

rendimento na fase final do seu ciclo. Já na situação da análise do ciclo como um todo,

com déficits hídricos maiores do que 120 mm por ano há uma redução considerável do

acumulo de biomassa, e maiores do que 145 mm há redução da produção de sacarose

(INMAN-BAMBER e SMITH, 2005; INMAN-BAMBER, 2004).

De acordo com WIEDENFIELD (2000), a deficiência de água ocasiona a

diminuição da área foliar, do acumulo de biomassa, e da produção de colmos, e para os

casos em que o estresse hídrico ocorre no terceiro e quarto período do ciclo da cultura, a

mesma apresenta uma perda de 8,3 a 15% do seu rendimento.

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22

Como visto nos itens anteriores as mudanças nas variáveis meteorológicas,

principalmente de temperatura do ar e condição hídrica, podem influenciar em diversos

tipos de processos metabólicos realizados pelas plantas de forma generalizada.

Consequentemente, as mudanças climáticas podem gerar modificações nestas variáveis,

o que ocasiona a necessidade do melhor entendimento dos impactos das MCGs na

agricultura, para que desta forma os tomadores de decisões possam obter informações

para assim saber montar estratégias visando o maior rendimento da cultura com o menor

dano ao meio ambiente.

Além da agricultura, e do meio ambiente em geral, os seres humanos e a

economia de toda a Terra também serão atingidos pelas mudanças climáticas globais,

ainda que não se tenha certeza do quanto estes agentes atingidos serão afetados pelas

MCGs. Logo, as informações de como, quando e onde as mudanças climáticas causarão

algum dano são de extrema importância, para que os tomadores de decisões possam

fazer planejamentos para prevenir, mitigar e adaptar os efeitos gerados por estas

mudanças, tendo em vista a gravidade do problema (MARGULIS, DUBEUX et al.,

2011).

De acordo com PINTO et al. (2010), estas mudanças do clima podem causar

danos sérios à agricultura do Brasil, por exemplo, impactando negativamente gerando

perdas de áreas de cultivo para as culturas do trigo, do café, do feijão, do algodão, do

arroz, do girassol, do milho e da soja.

2.5 Estudos dos Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura do Brasil

Para que ocorra a prevenção, mitigação e adaptação dos efeitos das MCGs é

necessário primeiramente conhecê-los. No caso da agricultura uma das maneiras

encontradas para conhecê-los, deu-se através da formação de cenários agrícolas, a partir

dos cenários de mudanças climáticas. Muitos estudos, no âmbito do entendimento

destas mudanças e suas influências na agricultura, vêm sendo feitos através do uso de

modelagem de cultivo, tendo como dados de entrada do modelo, as saídas dos modelos

climáticos globais, a base de dados agrometerológicos climatológica do Sistema de

Monitoramento Agrometeorológico (AGRITEMPO), além de dados de cultura e solo.

Assim, alguns cenários agrícolas futuros foram feitos, o aumento de temperatura do ar

média anual e da precipitação variou de acordo com o cenário indo de 1ºC, 3ºC a 5,8ºC

e de 5%, 10% a 15%, respectivamente. Estas simulações descartaram quaisquer

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evoluções tecnológicas e quaisquer adaptações para estas novas condições

(PELLEGRINO, ASSAD et al, 2007).

As Figuras 8 (A), (B) e (C) exemplifica um destes estudos envolvendo cenários

agrícolas, para o caso da cultura da soja. Neste estudo foram simulados três cenários

para o plantio da soja de 1 a 10 de outubro, em solo de textura média e com aumento de

15% na precipitação, para os três aumentos de temperatura.

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Figuras 8 (A), (B) e (C) - Cenários de zoneamento de risco climático futuro para plantio da soja de 1 a 10

de outubro, em solo de textura média, aumento de 15% na precipitação e de 1ºC (A), 3ºC (B) e 5,8ºC (C)

na temperatura. São apresentadas três classes de índice de satisfação das necessidades de água, de 0 a

0,55, de 0,56 a 0,65 e de 0,66 a 1, definidas como inapta (em vermelho), apta com restrições (em

amarelo) e apta (em verde), respectivamente. (Fonte: PELLEGRINO, ASSAD et al, 2007).

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Através desta exemplificação das Figuras 8 (A), (B) e (C) é possível notar

a redução da área apta para o plantio da soja.

De acordo com este estudo feito para a soja, no caso mais pessimista o

decréscimo de área seria em torno de 1200000 km2, para este período de plantio.

O cenário de aumento de 1ºC a partir de 1990 está próximo de acontecer e o

cenário de 3ºC é praticamente certo. As estimativas para o cenário de acréscimo

de temperatura de 3ºC para outras culturas mostram perdas da área de cultivo de

aproximadamente 18% para o arroz, 11% para o feijão, 39% para a soja, 58% para

o café e apenas 7% para o milho (PELLEGRINO, ASSAD et al, 2007).

Apesar deste estudo não possuir dados de entrada refinados, estas

simulações apontam tendências essenciais ao planejamento das pesquisas,

especialmente voltadas para a realocação das culturas, possíveis áreas de expansão

e até mesmo melhoramentos genéticos que tornem os cultivos mais resistentes às

adversidades do tempo (PELLEGRINO, ASSAD et al, 2007).

Outro trabalho enfatizando estes mesmos cenários agrícolas futuros foi

realizado por ASSAD et al. (2004), onde foram consideradas cinco condições

diferentes para a cultura do café no estado de Minas Gerais, e estas condições são:

região com irrigação necessária; região com aptidão natural; região inapta por

excesso térmico (temperatura do ar média anual maior que 23ºC); região apta, mas

com risco de geada; e região inapta.

Neste estudo realizado por ASSAD et al. (2004), o cenário com acréscimo

de 1ºC na temperatura e 15% na precipitação, apresenta perdas de área de cultivo

no noroeste e centro de Minas, e uma consequente realocação dos cultivos para a

região do Sul do país A área inapta que era de 24,1%, para o clima corrente,

aumenta para 43,3%, no cenário futuro estudado. Para este mesmo quadro futuro,

também foi observado um aumento da área naturalmente apta (baixo ou nenhum

risco de geada ou excesso térmico), de 8,9% para 12,4% da área total do estado de

Minas Gerais. Ver (Figura 9).

Para o cenário com um aumento de 3ºC na temperatura do ar média anual,

o cultivo do café fica ainda mais restrito. Áreas com risco de geada praticamente

desaparecem. A área com produção sob condição de irrigação atingiria somente

6,1%; e 76,3% da área total seria considerada inapta para a cultura do café.

No cenário em que a temperatura aumenta 5,8 ºC, a cultura do café passa a

ser possível apenas em 2,6% da área total, e concentrada em alguns municípios do

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sul de minas, em locais mais amenos, que neste caso são as regiões de serra que

apresentam maiores empecilhos ao cultivo.

Figura 9 - Zoneamento climático do café para o estado de Minas Gerais (A); Zoneamento considerando

aumento de 1ºC na temperatura e 15% na precipitação pluvial (B); Zoneamento considerando aumento de

3ºC na temperatura e 15% na precipitação pluvial (C); Zoneamento considerando aumento de 5,8ºC na

temperatura e 15% na precipitação pluvial (D) (Fonte: ASSAD et al, 2004).

Assim com as informações necessárias do que pode ocorrer devido às mudanças

climáticas, as medidas tomadas para prevenir, mitigar e adaptar, devem estar pautadas

em um bom planejamento agrícola e ambiental, em que serão feitas estratégias para

trazer eficiência aos cultivos e o menor impacto possível ao meio ambiente. Tais

planejamentos devem fazer uso de técnicas, por exemplo, de manejo que possuam

menor emissão de carbono para atmosfera, ou ainda, de técnicas como a aptidão

agroclimática que podem direcionar o cultivo para áreas que possuam maior

produtividade e menor impacto ao meio ambiente, além de buscar ações que aumentem

o acúmulo de carbono pelas plantas, sobretudo utilizando espécies que possuam maior

fixação de carbono, e que ocasionem a diminuição das queimadas, desmatamentos etc

(PELLEGRINO, ASSAD et al 2007).

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Como visto ao longo do Capítulo II, foi possível observar a importância dos dados

de tempo e de clima que auxiliam na formulação da aptidão agroclimática e a

importância desta tanto para as atividades agrícolas, como para a cultura que se pretende

implementar em uma determinada área. A aptidão agroclimática pode ser formulada de

maneira climatológica e de maneira prognóstica, na primeira maneira são considerados

os dados observados climatológicos e na segunda são utilizadas saídas dos modelos

climáticos globais.

Consequentemente estes modelos são primordiais para se fazer um estudo

prospectivo da aptidão agroclimática, devem-se a eles quase todas as variáveis futuras,

que serão utilizadas para a formulação da aptidão agroclimática. Isto posto, no próximo

capítulo, capítulo III, será abordada a temática dos modelos climáticos dando ênfase na

questão das mudanças climáticas, nos novos cenários de MCGs e na modernização

deste tipo de modelo.

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CAPÍTULO III

MODELOS CLIMÁTICOS

3.1 Introdução

A variabilidade natural é uma característica do clima global e ocorre tanto em uma

escala longa como em uma escala curta de tempo. Alguns climatologistas acreditam que

as flutuações climáticas tanto de longo prazo quanto de curto prazo não são fenômenos

raros e sim eventos organizados que são controlados por forças e fontes de energia,

ambos associados com a Terra, ou até mesmo associados com planetas do sistema solar

(MAVI e TUPPER, 2004).

Sobrepostas a esta variação natural estão as mudanças induzidas pelas atividades

humanas. A emissão de gases do efeito estufa na atmosfera em anos recentes é tida

como uma das causas das mudanças dos padrões climáticos. O aumento da temperatura

na superfície terrestre e uma significante variabilidade interanual do clima foram

observados em muitas regiões do globo durante a última metade do século XX (MAVI e

TUPPER, 2004).

A mudança climática é um fenômeno causado por mudanças internas dentro do

sistema climático ou pela interação entre as componentes de variabilidade natural deste

sistema, ou por causa de forçantes externas, que são reflexo tanto de fenômenos naturais

como de atividades antrópicas (IPCC, 1996).

Para tornar factível o estudo onde se verificou a possibilidade da existência das

mudanças climáticas globais, fez-se o uso da modelagem numérica computacional,

também chamada de modelagem climática, neste caso.

Em certos aspectos o uso da modelagem computacional consegue prover maior

flexibilidade, e possibilita um melhor detalhamento dos agentes dinâmicos da circulação

atmosférica, diferentemente dos dados observacionais, que possuem restrições em seu

refinamento espacial e temporal. Não obstante, este tipo de recurso computacional tem a

capacidade de criar, assimilar e integralizar cenários fictícios, através dos quais torna-se

praticável a avaliação de ambientes sob diferentes hipóteses (IPCC, 1996).

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Logo, para a formulação dos relatórios e sumários do IPCC foram utilizados como

ferramenta modelos climáticos globais atmosféricos, acoplados oceano-atmosfera e

mais recentemente os modelos de sistemas terrestres (ESM), que incluem, além do

próprio desenvolvimento científico, todos os desenvolvimentos obtidos anteriormente

pelos modelos climáticos, criados pelos grupos de pesquisa integrantes do IPCC.

A Figura 10, apresentada no último sumário executivo do IPCC (IPCC, 2013),

mostra o resultado de um estudo comparativo sobre as questões da variabilidade natural

e da mudança climática através da utilização de modelagem climática. Em que,

demonstram-se os dados observados, simulações que não incluem as atividades

humanas, representando de maneira aproximada a variabilidade natural, e as simulações

das mudanças climáticas, que levam em consideração a forçante antrópica. Todos estes

resultados foram feitos para um período aproximado que vai de 1906 a 2010.

Esta figura mostra também, a boa representatividade dos modelos climáticos

quando levam em consideração as atividades humanas, uma vez que apresentam um

comportamento muito parecido com o dos dados observados. Dando desta forma, maior

confiabilidade às simulações futuras.

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Figura 10– Figura apresentada no último sumário executivo do Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas (IPCC, 2013), demonstrando resultados da comparação das mudanças recentes já registradas

(dados observacionais) em escalas continental e global, na temperatura anual média da superfície da terra

e dos oceanos, com resultados obtidos por simulação dos modelos climáticos, usando-se forçantes

naturais e antrópicos. As médias decenais das observações são apresentadas para o período de 1906 a

2010 (linha preta) plotadas sobre o centro da década e relativas à média correspondente para 1901-1950.

As linhas são tracejadas quando a cobertura espacial é inferior a 50%. As zonas roxas indicam a faixa de

5 a 95% para as simulações dos modelos climáticos com o uso apenas dos forçantes naturais devidos à

atividade solar e aos vulcões. As zonas rosas mostram a faixa de 5 a 95% para as simulações dos modelos

climáticos com o uso dos forçantes natural e antrópico. Fonte: IPCC, 2013.

As melhorias computacionais trouxeram um avanço à modelagem climática. As

quais, foram implementadas em várias áreas da modelagem, como por exemplo, na

resolução espacial e temporal, na quantidade de processos sendo calculados dentro de

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um mesmo modelo, nas simulações com períodos de tempo cada vez maiores etc (LE

TREUT et al,, 2007).

Com esta evolução, o CMIP 56 trouxe a ideia de criar modelos de diferentes

escalas e graus de complexidade trabalhando de forma conjunta, para trazer um melhor

entendimento e ainda solucionar alguns problemas, como por exemplo, a questão do

mecanismo responsável pelas diferenças entre os modelos nos feedbacks associados ao

ciclo do carbono. Esta criação foi posteriormente denominada de Modelos do Sistema

Terrestre (Earth System Models - ESM) (TAYLOR; STOUFFER et al., 2009).

Estes modelos, são mais do que modelos comuns, são uma plataforma que permite

uma junção consistente de vários modelos, com vários graus de complexidade, com

numerosos processos e componentes, e várias resoluções. Apesar desta flexibilidade ser

difícil de se implementar e se manter, fez-se muito útil para a evolução de diversas

pesquisas (DUFRESNE et. al., 2013).

Os Modelos do Sistema Terrestre tem a capacidade de utilizar componentes de

emissões de gases do efeito estufa, que acompanham a evolução do tempo, onde as

concentrações destes gases podem ser calculadas de forma interativa. Além disto, estes

ESM podem incluir variáveis prognósticas interativas, como no caso dos aerossóis e das

componentes dinâmicas de vegetação. Não somente isto, mas também, através do uso

deste tipo de modelo foi possível, pela primeira vez, “fechar” o ciclo do carbono dentro

do modelo, nas simulações de longo prazo (TAYLOR; STOUFFER; et al., 2012).

Para o caso do ciclo do carbono, os Modelos do Sistema Terrestre seguem o

padrão global de fluxos de CO2 do oceano-atmosfera, com liberação de gases nos

trópicos e absorção nas médias e altas latitudes. Na maioria destes modelos os tamanhos

dos sumidouros de carbono globais, na terra e no oceano, simulados sobre a última parte

do século 20 estão dentro da faixa das estimativas do que foi obtido pelos dados

observados (IPCC, 2013)

Alguns estudos comparativos entre os resultados do CMIP5 e do CMIP37, como

os feito por BLÁZQUEZ e NUÑEZ (2013), JONES e CARVALHO (2013), mostram

6 CMIP5: Coupled Model Intercomparison Project 5, Projeto que surgiu durante um encontro de 20

grupos de modelagem climática de todo o mundo, em 2008. No encontro estes grupos concordaram em

promover novos tipos de experimentos no âmbito da modelagem. A ideia do CMIP 5 seria a utilização de

modelos de diferentes escalas e graus de complexidade trabalhando de forma conjunta, para trazer um

melhor entendimento e ainda solucionar alguns problemas. Esta plataforma foi posteriormente

denominada de Modelos do Sistema Terrestre (TAYLOR, et al. 2012).

7 CMIP3: Coupled Model Intercomparison Project 3. Projeto de pesquisa envolvendo cientistas de todo o

globo, onde suas pesquisas resultaram no Relatório AR4 do IPCC, publicado em 2007.

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que os resultados do CMIP5 são consistentes. Adicionalmente, o estudo feito por

TORRES e MARENGO (2013), apresenta que as saídas dos modelos do CMIP5

possuem uma leve melhora, sendo mais próximos da realidade, em comparação aos

resultados do CMIP3.

O CMIP5 trabalhou com dois tipos principais de experimentos de modelagem

prospectiva: A modelagem de longo prazo (em escala de centena de anos) e a

modelagem de curto prazo (10 a 30 anos), também chamada de projeção decenal.

(MEEHL et al., 2009).

Os experimentos de longo prazo foram construídos na época do CMIP3, porém

algumas novas integralizações com melhoramentos foram feitas no CMIP5, para o

melhor entendimento das mudanças e variabilidades climáticas. Em contra partida, as

simulações de curto prazo são novas, tendo sido adicionadas às simulações dos grandes

modelos pelos grupos de pesquisa do CMIP5. Neste tipo de simulação, os modelos não

irão somente responder a uma forçante, mas sim seguir a alguma trajetória a partir do

clima presente, incluindo as componentes não-forçantes da evolução do clima

(TAYLOR; STOUFFER et al., 2012).

Logo, as simulações de curto prazo tendem a oferecer dados mais próximos da

realidade do que as simulações de longo-prazo, que trabalham com cenários hipotéticos.

Entretanto, como enfatizado por LE TREUT et al. (2007), deve-se ressaltar, que

apesar da melhoria computacional, e da própria modelagem, as saídas dos modelos

ainda não conseguem fornecer dados que possam ser considerados como dados

fidedignos à realidade.

Um dos fatores que leva a este problema dar-se-á através da incerteza dos

modelos, os quais apesar de terem passado por diversas melhorias ainda continuam

apresentando incertezas consideráveis, como foi abordado por BLÁZQUEZ e NUÑEZ

(2013).

3.2 Cenários Climáticos

Para se estimar as mudanças climáticas globais a comunidade científica criou uma

ferramenta capaz de auxiliar nas hipóteses dos futuros prováveis, esta nada mais é do

que os cenários socioeconômicos futuros.

As simulações feitas pelo CMIP5 incluíram quatro novos tipos de cenários,

conhecidos como Trajetórias Representativas de Concentração - Representative

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Concentration Pathways (RCP8), e eles são o RCP 2.6, RCP 4.5, RCP 6.0, RCP 8.5

(VAN VUUREN et al., 2011).

Estes cenários são fornecidos como dados de entrada aos modelos climáticos,

que gerarão diferentes dados de saída formando assim cenários variados de mudanças

climáticas, que apresentarão entre eles algumas divergências, como por exemplo, nas

variáveis meteorológicas como precipitação e temperatura da superfície da Terra, como

observado por NOBRE (2001). Apesar disto, existem convergências entre os cenários,

e uma das maiores convergências dar-se-á pela tendência de aumento da concentração

de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera até aproximadamente 2040, como pode ser

observado na Figura 11.

8 RCP: Representative Concentration Pathway (Trajetória Representativa da Concentração),

denominação dada pelo CMIP5 aos novos cenários de mudanças climáticas.

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Figura 11: Figura representativa do aumento da taxa de dióxido de carbono (CO2), dada em parte por

milhão (ppm), para o caso dos novos cenários de mudanças climáticas, RCP2.6, RCP4.5, RCP6,

RCP8.5, e o caso histórico. Fonte: JONES et al., 2013.

Substâncias e processos naturais e gerados pelo ser humano que alteram o balanço

de energia da Terra, são os principais fatores impulsionadores das mudanças climáticas.

Tal balanço pode sofrer mudanças que são detectadas pela variável da Forçante

Radiativa (FR), que quantifica a mudança dos fluxos de energia causada por variações

nesses fatores relativos a 2011 em comparação a 1850, salvo situações em que ocorre o

contrário. A FR Positiva mostra que houve o aquecimento da superfície, e a negativa o

arrefecimento. A Forçante Radiativa é estimada com base em observações in-situ e

remotas, de propriedades de gases de efeito estufa e aerossóis e cálculos usando

modelos numéricos que representam os processos observados (IPCC, 2013).

Os modelos climáticos exigem dados sobre as emissões em evolução no tempo ou

concentração radiativamente ativa dos constituintes, para alguns tipos de modelos

algumas informações suplementares também são necessárias, como no caso dos

caminhos em evolução no tempo, e o caso do uso e cobertura da terra (MOSS, 2010).

Tendo como base a literatura os cientistas da área de cenários identificaram

cenários de emissões específicas (incluindo dados sobre uso e cobertura da terra), em

que cada cenário possuia um caminho plausível para alcançar cada meta de trajetória de

FR, assim estes cenários foram posteriormente denominados de RCP. A palavra

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"representativa" foi designada para demonstrar que apenas um dos muitos cenários

possíveis que levam à FR específica foi escolhido. O mesmo fato ocorreu também com

a palavra "caminho" que traz como significado a questão de que não só os níveis de

concentração de longo prazo são de interesse, como também a trajetória percorrida ao

longo do tempo convergindo ao mesmo resultado de FR. Adicionalmente, em paralelo

ao desenvolvimento dos cenários RCPs ocorreu o desenvolvimento de um conjunto de

novos cenários socioeconômicos e de emissões. Vale ressaltar que este trabalho é

paralelo ao trabalho desenvolvido para os cenários RCPs e não em seqüência. As

informações obtidas através do conjunto de avaliação integrada de cenários de modelo

são complementares e importantes para os RCPs, visto que estas informações auxiliam

na identificação de uma gama de diferentes futuros no âmbito tecnológico,

socioeconômico e político que poderiam levar a um caminho de concentração e a uma

magnitude das mudanças climáticas particulares (MOSS, 2010).

Os cenários, RCP 2.6, RCP 4.5, RCP 6.0, RCP 8.5, são rotulados de acordo com o

nível da Forçante Radiativa aproximado em 2100 quando as concentrações de CO2

atingem 421, 538, 670 e 936 ppm, respectivamente (JONES et al., 2013)

Para que os RCPs conseguissem chegar às taxas-alvo de concentração de dióxido

de carbono, foi preciso incluir a política climática nos cenários socioeconômicos. Um

modelo simples de clima e ciclo do carbono foi então usado para calcular a

concentração de CO2 atmosférico dos cenários de emissões (MEINSHAUSEN et al.,

2011).

Como apontado por VAN VUUREN, et al. (2011), esta inclusão das políticas não

teve apenas o uso citado anteriormente, mas também serviu como uma variável

estratégica, devido ao fato de poder ter a sua eficiência avaliada através dos seus

desdobramentos futuros.

Basicamente, as principais características dos cenários de mudanças climáticas

estão resumidos na Tabela 1.

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36

Tabela 1: Resumo das principais características dos novos cenários utilizados pelo IPCC (RCP 2.6, RCP

4.5, RCP 6.0, RCP 8.5). Fonte: (1) JONES et al., 2013; (2)VAN VUUREN, et al., 2011;.

Variáveis

RCP

1

8.5 6 4.5 2.6

Forçante

Radiativa1 (W/m²)

>8,5, em 2100 e

continua

subindo

~ 6 em 2100,

com uma

estabilização

após 2100

~ 4,5 em 2100,

com uma

estabilização

após 2100

Um pico de ~3

antes de 2100, e

após o pico

declina

Concentração de

CO2 equivalente

(ppm)1

> 1370, em

2100

~850 com uma

estabilização

após 2100

~650,

estabilizando

após 2100

Pico em ~490,

antes de 2100 e

declina.

Emissão de gases

do efeito estufa2 Alta

Média A Alta

(Mitigação)

Média A Baixa

(Mitigação) Muito Baixa

Poluição do ar2 Média-Alta Média Média Média-Baixa

Crescimento

populacional2

Alto Médio Baixo Baixo

Área agrícola2

Média - Pasto e

Cultivo

Média –

Cultivo e Muito

Baixa para

Pasto (total

muito baixo)

Baixa- pasto e

cultivo

Média- pasto e

cultivo

Cabe ressaltar a questão do uso de energia, em que o consumo total de

combustíveis fósseis, essencialmente, segue o nível de FR apresentado em cada cenário,

no entanto, devido ao uso de tecnologias de Captura e Armazenamento de Carbono

(CCS) (em particular no sector da energia), todos os cenários, até 2100, ainda usam uma

quantidade maior de carvão e / ou gás natural em relação ao ano de 2000. O uso de

petróleo permanece razoavelmente constante na maioria dos cenários, com exceção do

cenário RCP 2.6, no qual este tipo de combustível apresenta uma queda ocasionada pela

aplicação de políticas públicas e pela própria diminuição das reservas de petróleo. O uso

de combustíveis que não são fósseis aumenta em todos os cenários, especialmente os

combustíveis feitos a partir de recursos renováveis como, por exemplo, energia eólica,

solar e bioenergia (VAN VUUREN, et al., 2011).

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37

CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

4.1. Levantamento dos Dados Meteorológicos, Edáficos e da Cultura Da Cana-de-

Açúcar.

4.1.1. Dados Meteorológicos

Os dados meteorológicos foram obtidos levando em consideração a escolha das

variáveis necessárias para que o modelo CropWat 8.09 pudesse ser executado, e estas

são: temperaturas máxima e mínima, umidade relativa do ar, precipitação, velocidade do

vento e insolação.

Assim, sabendo da prioridade anteriormente descrita, foram coletados no Instituto

Nacional de Meteorologia (INMET) (2013) os dados meteorológicos observados, para o

período de janeiro de 1961 a dezembro de 1990, com uma frequência mensal, referentes

às estações pertencentes a região de estudo. Este período e frequência foram escolhidos

devido à boa qualidade dos dados e também ao tamanho da série, que contém médias

mensais de 30 anos de dados que foram analisadas por especialistas do INMET. Estes

dados coletados também são chamados de normais climatológicas.

As variáveis meteorológicas necessárias para a execução do CropWat 8.0 também

foram extraídas de integrações numéricas do modelo ESM2G10

, que são

disponibilizadas pelo GFDL11

. Essas variáveis passaram por uma conversão de unidade

para o cálculo da média climatológica mensal sobre a região da bacia do Paranaíba. A

partir dessa média, com base no método conhecido como “Delta-Change Approach” foi

determinado um fator de mudança entre o clima corrente ou histórico e um valor médio

9 CropWat 8.0: Programa voltado para o planejamento e gestão da irrigação (SMITH, 1992).

10 ESM2G: Modelo do Sistema Terrestre, desenvolvido pelo GFDL. Este modelo possui um código base

de oceano dinâmico. Fonte: GFDL (2013)

11 GFDL: Geophysical Fluid Dynamics Laboratory – Laboratório Americano que é um dos laboratórios

de pesquisa integrantes do IPCC.

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38

obtido a partir de integrações feitas para os cenários RCP 4.5 e RCP 8.5, referentes às

projeções de menor e de maior impacto ambiental, respectivamente. Esse fator de

mudança é então aplicado a uma climatologia observada, nesse caso obtida a partir das

observações feitas em estações meteorológicas entre 1961 e 1990.

Os cenários de mudanças climáticas foram selecionados de acordo com os níveis

de emissões de dióxido de carbono equivalente, priorizando o contraste entre os

cenários.

O cenário RCP 8.5 foi escolhido, pelo fato de apresentar a maior quantidade de

dióxido de carbono equivalente emitido para atmosfera em comparação aos outros

cenários. Já o cenário RCP 4.5 foi escolhido por causa de possuir uma situação mais

branda no que concerne as emissões de CO2 equivalente. Neste cenário após ocorrer um

pico de emissões de CO2 equivalente em 2100, estas emissões se estabilizam.

Além disto, de acordo com WARD et al. (2011), o cenário RCP 4.5 quando

comparado com a maioria das projeções recentes de emissões geradas pela produção de

combustíveis fósseis, apresenta uma forte consistência de seus dados que apontam para

uma emissão de CO2 equivalente próxima às projeções de produção de combustíveis

não-renováveis.

O período dos dados históricos fornecidos pelo modelo foi escolhido, de acordo

com o período dos dados observados, possuindo assim o mesmo período, mesma

frequência e a mesma quantidade de anos, 30 anos de dados. Já que, a partir desta

quantidade de anos os dados são tidos como climatológicos (WMO, 2013).

Vale ressaltar que a coleta de dados para o caso dos cenários, RCP 4.5 e RCP 8.5,

inicia-se em 2006 devido à própria condição oferecida pelo sítio onde os dados são

coletados, sendo apenas possível começar a coleta a partir de janeiro de 2006. Tendo

sido considerado na escolha destes cenários utilizar 30 anos de dados, em que o período

varia entre 2006 a 2035, devido à própria condição do sítio, e também à condição

imposta pelas projeções de expansão do etanol apresentadas pelo PDE da EPE (2012b),

que são de curto prazo, consequentemente, a escolha também foi limitada por causa

disto a 30 anos de dados.

Um passo importante em direção ao novo relatório de mudanças climáticas do

IPCC (AR5) foi tomado a partir do uso dos Modelos de Sistema Terrestre (Earth System

Models – ESM), e seguindo o caminho dos modelos utilizados pelo IPCC, esta

dissertação utilizou o modelo (Earth System Model with Ocean Configuration

Generalized Ocean Layered Dynamics - ESM2G), o qual é baseado no modelo

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acoplado oceano atmosfera (Coupled Climate Model with Ocean Configuration

Generalized Ocean Layered Dynamics - CM2G). O modelo ESM2G possui como

componente oceânica um modelo com o código base da dinâmica da camada oceânica

generalizada (Generalized Ocean Layer Dynamics) – GOLD. (GFDL, 2013).

A resolução do modelo ESM2G, como descrito por TORRES e MARENGO

(2013), é de 2 graus de latitude e 2.5 graus de longitude. A grade do modelo é

gaussiana.

A escolha do modelo para a extração dos dados históricos e de mudança climática

se deu através de dois fatores:

I A disponibilidade dos resultados do ESM2G-GFDL em relação a todas as

variáveis que são necessárias como dados de entrada no modelo CropWat 8.0.

II O GFDL é um laboratório consagrado mundialmente em termos de pesquisas no

âmbito das mudanças climáticas globais, além de fazer parte das pesquisas do IPCC

desde sua formação. Assim, a escolha do modelo ocorreu levando em consideração o

laboratório de onde ele foi desenvolvido, e se deu também, pelo fato deste tipo de

modelo ser o que tem de mais moderno em termos de modelagem climática, de acordo

com o GFDL (2013).

Para evitar o agravamento da suavização dos campos plotados pelas saídas do

modelo ESM2G, recorreu-se ao método do ponto mais próximo12

, no qual os pontos das

estações foram interpolados para os pontos de grade do modelo ESM2G. A Figura 12

ilustra os pontos de grade do modelo para onde as estações meteorológicas foram

interpoladas.

12 Método do ponto mais próximo: este método de interpolação atribui o valor do ponto mais próximo

para cada ponto de grade (MAZZINI e SCHETTINI, 2009).

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Figura 12: Figura Ilustrativa dos pontos de grande do modelo, em vermelho, para área selecionada nesta

dissertação. Fonte: Elaboração própria, baseada nas saídas do modelo ESM2G.

Após a aplicação deste método, foi feita a adição dos deltas nos dados

climatológicos observados.

Todas estas modificações nos dados foram feitas através do uso do programa

Sistema de Exibição e Análise em Grade (Grid Analysis and Display System - GrADS) .

O GrADS é utilizado em escala global pela comunidade científica, sendo uma

ferramenta que analisa e exibe dados de ciência da terra. Este programa trabalha com

modelos em quatro dimensões, latitude, longitude, nível e tempo (DOTY, 1985).

4.1.2 Dados Edáficos

A escolha do solo foi baseada no tipo de solo predominante na bacia do Paranaíba

e o tipo de solo escolhido foi extrapolado para toda a região de estudo. De acordo com a

Figura 13 pode-se observar os tipos de solos existentes na área de estudo. Com isto, fez-

se a averiguação da predominância do tipo Latossolo Vermelho-Escuro na Bacia.

De acordo com ANA (2011), este tipo de solo é pouco fértil, porém possui boas

propriedades físicas. Ele pode ser irrigado, tendo como o método de maior eficiência o

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de irrigação por aspersão, e é passível à mecanização agrícola. O Latossolo Vermelho-

Escuro pode ser encontrado na região central da área de estudo, e em sub-bacias como

as dos rios Turvo, Verde, Doce e Meia Ponte.

Figura 13: Figura esquemática dos tipos de solo existentes na bacia do Paranaíba. Fonte: ANA, 2011.

4.1.3 Dados da Cultura

De acordo com MOZAMBANI et al., (2006), a cana-de-açúcar é originária do

sudeste asiático. Ela é constituída de colmos, folhas, inflorescências, sementes, e na

região subterrânea, de um sistema radicular ramificado, do tipo fasciculado, e rizomas.

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Além da produção de açúcar, esta cultura pode produzir diversos subprodutos, em

que a vinhaça é utilizada como fertilizante natural, o bagaço da cana pode servir como

alimento para os animais, e como matéria prima para extração de bioenergia, o melaço

possui vários destinos dentre eles está a utilização dele como matéria prima para a

formulação de remédios, de álcool combustível, de bebidas, de cosméticos, de mel,

entre outros (CAZETTA E CELLIGOI, 2005; NEVES e CONEJERO, 2007).

De forma geral, o cultivo da cana-de-açúcar tem o ciclo de um ano a um ano e

meio, esta variação ocorre devido à diferenciação de tipos da cultura, sendo chamada de

cana de ano e cana de ano e meio. Assim, a primeira colheita desta cultura é feita de 12

ou 18 meses após o plantio, quando se obtém a cana-planta. Por se tratar de uma

gramínea semi-perene, a mesma pode rebrotar por até quatro vezes, e após o primeiro

corte o produto que se colhe passa a se chamar cana-soca. A cada corte feito depois do

primeiro corte a cultura começa apresentar perda gradual de produtividade. Assim

quando sua produtividade torna-se desinteressante economicamente, faz-se a reforma do

canavial. (UNICAMP, 2005; BNDES, 2008 apud SILVA, 2010).

As características da cana-de-açúcar estão apresentadas de forma resumida na

Tabela 2.

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Tabela 2: Tabela explicativa das principais características da cultura da cana-de-açúcar e de seu cultivo.

Fonte: MONTEIRO, 2009. 1- MAPAb, 2013. 2 – PORTAL BRASIL, 2013. 3 – EMBRAPA, 2013. 4 –

DOORENBOS e PRUITT, 1977; DOOREMBOS e KASSAN, 1979.

Cultura Cana-de-açúcar

Regiões de cultivo São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul,

Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Alagoas,

Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe.

Áreas cultivadas1(ha) 8,4 milhões há

Áreas cultivadas com irrigação2(ha) 1,7 milhões há

Períodos fenológicos 5 períodos principais :

(Período 1) Germinação

(Período 2) Emergência

(Período 3) Perfilhamento

(Período 4) Estabelecimento

(Período 5) Maturação

Necessidade hídrica (mm/ciclo)3

1500 até 2500

Etc (mm/ dia) 2,3 até 7,8

Sistema Radicular (profundidade, cm) 85%: 50 cm

60%: nos primeiros 30 cm

Kc4

Emergência e estabelecimento: 0,5 a 1

Desenvolvimento da cultura: 1,2 a 1,3

Maturação: 0,8 a 0,9

Temperatura ótima (°C) Germinação: entre 34°C e 37°C

Emergência: 32 °C

Perfilhamento: 27°C até 32°C

Maturação: entre 10°C e 20 °C

Temperatura mínima (°C) Germinação: 21°C

Emergência: 21 °C

Perfilhamento: 5°C

Maturação: < 10 °C

Temperatura máxima (°C) Germinação: 44°C

Emergência: 32 °C

Perfilhamento: 45°C

Maturação: > 21°C

Graus-dia (°C/dia) Entre 500 °C/dia a 1200 °C/dia

Fotoperíodo(h) 10 a 14 horas

Velocidade do vento Intensidade fraca

Duração dos períodos vegetativos (dias) Período 1 - Período 2: 30 - 60 dias

Período 2 - Período 3: 60 - 90 dias

Período 4: 180 - 210 dias

Período 5: 60 - 90 dias

Os dados da cultura da cana-de-açúcar foram obtidos na própria base de dados da

FAO e através da revisão bibliográfica do assunto. Porém, pelo fato de haver

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divergências quanto às características deste cultivo encontradas na literatura devido à

grande variedade de tipos de cana-de-açúcar, optou-se por fazer uso da base de dados da

FAO, como pode ser verificado na Tabela 3.

O estudo realizado nesta dissertação foi baseado no tipo de cultura da cana que

possui um período de um ano entre o plantio e a colheita, (Tabela 3).

Tabela 3: Demonstrativo da base de dados da FAO, fornecida para o CropWat 8.0. Fonte: ALLEN, et al,.

1998.

Cultura Cana-de-açúcar

Períodos fenológicos

4 períodos principais :

(Período 1) Inicial

(Período 2) Desenvolvimento

(Período 3) Meia-estação

(Período 4) Final de estação

Sistema Radicular

(profundidade, m) 100%: 1,5 metros

Kc

Inicial e Desenvolvimento: 0,4

Meia Estação: 1,25

Final: 0,75

Duração dos períodos vegetativos (dias)

Período 1 - Período 2: 30 dias

Período 2 - Período 3: 60 dias

Período 4: 180 dias

Período 5: 95 dias

4.2 Obtenção do Déficit Hídrico

O programa CropWat pertencente a FAO, foi desenvolvido por SMITH (1992), e

sofreu uma atualização feita por Joss Swennenhuis para o Serviço de Gestão e

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Desenvolvimento dos Recursos Hídricos da FAO, e com isto, o programa passou a se

chamar CropWat 8.0. Este modelo faz o planejamento e gestão das necessidades de

irrigação de uma determinada cultura. Assim, ele foi utilizado nesta dissertação para

calcular o déficit hídrico da cultura da cana-de-açúcar através das necessidades de

irrigação. O modelo trabalha com diversos módulos, que serão descritos abaixo:

4.2.1 Módulo“Climate/ ET0”

Neste modulo são fornecidos como dados de entrada as variáveis de temperaturas

máxima e mínima, umidade relativa do ar, velocidade do vento e insolação. Ainda neste

módulo são calculados a evapotranspiração13

de referência (ET0)14

, e a radiação solar.

A evapotranspiração de referência (ET0) é calculada seguindo o método criado por

Penman-Monteith e possui a equação 1 para a sua determinação:

ET , s n-

(es -ea T

( . (1)

Em que,

é a constante psicrométrica ( , 6 kPa/ ºC ;

Rn= é a radiação líquida total diária (MJ m-2

d-1

);

T= é a temperatura dada em Kelvin;

G= fluxo de calor no solo (MJ m-2

d-1

);

T= é a temperatura media diária a 2 metros de altura [K],

U2=velocidade do vento a 2 metros (m/s)

es= pressão de saturação do vapor (kPa),

ea = pressão do vapor atual(kPa),

es-ea= déficit de saturação da pressão do vapor (kPa),

s = é a declividade da curva de pressão de vapor, sendo dado por: s=(4098.es).

13

Evapotranspiração: É a denominação dada para identificar os processos simultâneos, em que ocorre a

perda de água do solo, ou a perda desta pela retenção gerada pelas plantas, para a atmosfera por

evaporação e pela transpiração das plantas (BORGES e MEDIONDO, 2007).

14

Evapotranspiração de Referência: A taxa de evapotranspiração de uma superfície de referência, que

possui falta d’ água, é chamada de evapotranspiração de referência do cultivo ou evapotranspiração de

referência e é denotada como ETo (ALLEN et al., 1998).

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46

A equação da Radiação solar é dada pela equação 2 :

as bs n

a (2)

Tendo a equação (3),

a (6

sedr s sen sen cos cos sen( s (3)

Em que,

Rs= radiação solar de onda curta [MJ m-2

dia-1

];

n= duração atual da insolação [horas];

N= Máxima duração possível da insolação em um dia [horas];

n/N= duração relativa da insolação [-];

Ra= radiação proveniente do sol [MJ m-2

dia-1

];

as= constante que expressa a fração da radiação proveniente do sol que atinge a Terra

em um dia nublado (n=0).

as+bs = fração da radiação solar que atinge a Terra em um dia de céu claro (n=N);

Gse = constante solar = 0.0820 MJ m-2

min-1

;

dr = Distância relativa inversa entre o sol e a Terra;

Ws = ângulo horário do pôr- do –sol [rad];

latitude [rad];

declinação solar [rad].

4.2.2 Módulo “ ain”

Neste módulo é fornecida a variável meteorológica de precipitação, e através do

método (United States Department of Agricultural, Soil Conservation Service - USDA

S.C.) é calculada a precipitação efetiva. O método consiste das seguintes equações:

Para P= 250/3 mm, tem-se a equação 4:

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Pef P - . P

(4)

Para P> 250/3 mm, tem-se a equação 5:

Pef

. P (5)

Em que:

P= é a precipitação (mm);

Pef= é a precipitação efetiva (mm).

4.2.3 Módulo “Crop”

Neste módulo são inseridas as variáveis referentes à cultura analisada, que são: o

coeficiente da cultura (Kc), o tamanho do seu sistema radicular, períodos fenológicos

dado em dias, altura da cultura, fração de depleção metabólica e a fração de resposta ao

rendimento.

4.2.4 Módulo “Soil”

Neste módulo são inseridas as variáveis referentes ao solo (umidade total contida

no solo, taxa de infiltração da chuva no solo, profundidade máxima de sistema radicular,

diminuição de umidade inicial no solo, e umidade inicial no solo), para o caso estudado

nesta dissertação, o tipo de solo escolhido foi o Latossolo Vermelho-Escuro.

4.2.5 Módulo “CWR”

Neste módulo, (Crop Water Requirements–CWR), é calculada a

evapotranspiração da cultura (ETc) e a irrigação requerida, que se dão através das

equações (6) e (7):

ETc= ET0 * Kc (6)

Em que,

Kc= coeficiente da cultura, fornecida como dado de entrada;

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IReq = Pef – Etc (7)

Em que,

IReq = irrigação requerida;

Pef = precipitação efetiva.

Neste módulo considerou-se o cultivo como uma atividade agrícola de sequeiro.

4.2.6 Módulo “ chedule”

Através dos cálculos deste módulo é possível analisar a deficiência da irrigação, a

eficiência da chuva, os melhores dias para se irrigar e o balanço de umidade no solo.

4.2.7 Módulo “Croppattern”

Para este módulo são requeridas as datas de plantio e colheita e a área do cultivo

dada de maneira percentual.

Em que as datas de plantio e de colheita são respectivamente: março a outubro e

maio a dezembro (SAPPA, 2013). Sendo escolhidas para este trabalho a data de plantio

ocorrendo em outubro e a data de colheita também em outubro.

4.2.8 Módulo “Scheme”

No último módulo é feita uma tabela esquemática das datas de irrigação e do

déficit de precipitação.

Desta forma, foi possível avaliar a condição hídrica do cultivo da cana-de-açúcar

para a região de estudo, levando em consideração a necessidade hídrica da cultura e a

precipitação, que resultaram na necessidade de irrigação ou déficit hídrico da cana-de-

açúcar.

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4.3 Espacialização e Interpolação dos Dados de Saída do Programa CropWat 8.0

da FAO

No terceiro passo, fez-se a interpolação, pelo método Krigagem, e a

espacialização dos resultados do CropWat 8.0, utilizando como ferramenta o programa

de georrefenciamento ArcGIS 10.0.

A interpolação de dados é uma ferramenta utilizada para estimar o valor de uma

variável em um local no qual não se tem informação. A estimativa é feita a partir dos

dados amostrados neste mesmo local (GASA, 2013)

Existem vários métodos de interpolação, porém de acordo com CASTRO et al.

(2010), a Krigagem é uma das metodologias que apresenta maior exatidão para o

objetivo ao qual foi designada, pois a mesma conseguiu estimar de maneira mais

eficiente a maior parte das variáveis constituintes do balanço hídrico climatológico,

como por exemplo a variável de déficit hídrico, de excedente hídrico e de

disponibilidade hídrica .

De acordo com JAKOB (2002), esta metodologia é composta de um cálculo

matricial de covariância espacial, onde existe uma ponderação dos dados feita com o

uso da consideração de que os dados mais próximos são mais parecidos entre si do que

aqueles que estão mais afastados, fazendo assim, o procedimento inferencial e o

procedimento do caso do erro associado aos dados estimados.

Para conseguir uma interpolação com o máximo de informação possível fez-se o

uso de uma grade latitudinal e longitudinal um pouco maior do que a área da bacia

hidrográfica do Paranaíba. A mesma grade vai de 150

sul a 210

sul de latitude e 450 oeste

a 540 oeste de longitude. Abrangendo assim, um número maior de estações

climatológicas, as localizações destas estações encontram-se na Tabela 4.

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Tabela 4: Localização das estações utilizadas na dissertação.

Estações Latitude (0S) Longitude

(0O))

Araxá 19.56 46.93

Catalão 18.16 47.96

Formosa 15.53 47.33

Franca 20.55 47.43

Frutal 20.03 48.93

Goiânia 16.68 46.88

Goiás 15.91 50.13

Luisiana 16.25 47.91

Mueri-Santa Cruz 15.71 52.75

Monte Alegre 18.86 48.88

Paracatu 17.21 46.88

Pirenópolis 15.85 48.96

Presidente-Murtinho 15.61 53.9

Três-Lagoas 20.78 51.63

Uberaba 19.75 47.91

Com isto através da interpolação e espacialização dos dados, foi possível realizar

a visualização dos resultados por toda a Bacia.

4.4 Diagnóstico de Aptidão da Cana-de-Açúcar através da Aptidão

Agroclimática

Usando a metodologia apresentada na Tabela 5 como parâmetro de aptidão, fez-se

a avaliação da aptidão através dos dados espacialiazados, os quais resultaram em figuras

que possuem em verde as áreas aptas para o cultivo, em amarelo as áreas aptas com

restrição, em que há baixo consumo de água pela irrigação, e em vermelho as áreas

inaptas para o cultivo, estas figuras encontram-se no Capítulo V e são elas as Figuras

17,18,19,20,21,22,23,24,25.

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51

Tabela5: Tabela explicativa da metodologia aplicada nesta dissertação, em que há a utilização de parte da

metodologia aplicada no ZAE da Cana-de-Açúcar trabalho formulado por MANZATTO et al., 2009, e

foram utilizadas informações para complementar a metodologia que vão de acordo com o que é explicado

por MARIN et. al. (2009).

Baixo Risco- Sem limitação ao cultivo - Área apta

19°C < Temperatura do ar média anual < 38°C;

Deficiência Hídrica < 200 mm;

Baixo Risco- Irrigação de salvamento – Área apta com restrições

19°C < Temperatura do ar média anual < 38°C;

200 < Deficiência Hídrica < 400 mm;

Alto Risco- Carência Térmica– Área inapta

19°C > Temperatura do ar média anual > 38°C;

Deficiência Hídrica >400 mm;

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52

CAPÍTULO V

ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Análise dos gráficos comparativos entre os três cenários do modelo ESM2G

As Figuras 14(a), 14 (b), 15, 16 e 17, são gráficos ilustrativos do comportamento

das variáveis de temperatura máxima e temperatura mínima, umidade relativa,

precipitação e velocidade do vento, respectivamente, para os cenários RCP 4.5, RCP 8.5

e o cenário histórico, referentes ao modelo ESM2G, para o período de um ano.

Figura 14: Comparação entre o comportamento das temperaturas máxima (a) e mínima (b), para o cenário

climatológico histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o cenário RCP 8.5.

Fonte: Elaboração própria, com base nas saídas do modelo ESM2G-GFDL.

A temperatura máxima apresentada na Figura 14 (a), possui uma maior diferença

entre os cenários do que para o caso da Figura 14 (b), onde as temperaturas mínimas

possuem valores mais próximos, principalmente entre os cenários RCP 4.5 e RCP 8.5.

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Figura 15: Comparação entre o comportamento da Umidade Relativa, para o cenário climatológico

histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o cenário RCP 8.5. Fonte: Elaboração

própria, com base nas saídas do modelo ESM2G-GFDL.

A umidade relativa, representada pela Figura 15, apresenta valores muito

próximos entre os três cenários, os mesmos ainda, possuem um comportamento similar

quanto a esta variável.

A umidade relativa ainda apresenta um comportamento que vai de acordo com o

comportamento das temperaturas máxima Figura 14 (a) e mínima Figura 14 (b), esta

situação pode ser observada devido ao fato da umidade relativa estar ligada a

temperatura.

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Figura 16: Comparação entre o comportamento da precipitação, para o cenário climatológico histórico do

modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o cenário RCP 8.5. Fonte: Elaboração própria, com

base nas saídas do modelo ESM2G-GFDL.

Assim como a umidade, a precipitação também apresenta valores próximos entre

os três cenários, e um comportamento muito parecido.

O regime pluviométrico desta região apresenta valores muito baixos no período de

inverno, como visto na Figura 16. O que pode ocasionar a inviabilização de vários

cultivos que necessitam de temperaturas baixas, no inverno, e uma precipitação maior

do que a encontrada nesta região.

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Figura 17: Comparação entre o comportamento da velocidade do vento, para o cenário climatológico

histórico do modelo, o cenário de mudanças climáticas RCP4.5, e o cenário RCP 8.5. Fonte: Elaboração

própria, com base nas saídas do modelo ESM2G-GFDL.

A varável de velocidade do vento, também tem valores e um comportamento

muito próximos entre os três cenários.

Através das Figuras 14(a), 14(b), 15, 16 e 17, observa-se que a sazonalidade é

bem demarcada pelo modelo, e foi possível averiguar que as variáveis de temperatura

máxima e mínima, foram as que menos apresentaram proximidade entre os valores dos

cenários.

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5.2 Resultados Climatológicos Observados

Os resultados quantificados na Tabela 6 mostram que as temperaturas de um

modo geral são amenas para o clima atual e seus valores variam pouco quando

comparados aos valores de todas as estações, já o déficit hídrico possui valores

consideráveis e para o caso das estações Goiânia e Formosa desta tabela, os valores são

considerados de alto déficit hídrico. Além disto, na comparação entre os valores

encontrados em cada estação, é possível observar uma relevante variação dos mesmos.

Tabela 6: Resultados da temperatura do ar média anual (0C) e da deficiência hídrica (mm)., para o caso

climatológico.

Estações Temperatura do ar média anual

(0C)

Deficiência hídrica anual (mm)

Araxá 21 351

Catalão 23 471

Formosa 22 695

Franca 19 311

Frutal 24 558

Goiânia 24 677

Goiás 26 532

Luisiana 21 594

Mueri-Santa Cruz 23 552

Monte Alegre 22 578

Paracatu 23 502

Pirenópolis 24 497

Presidente-Murtinho 22 480

Três-Lagoas 25 588

Uberaba 23 520

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Figura18: Figura demonstrativa da área apta de cultivo em verde, na região da bacia hidrográfica do

Paranaíba contornada em azul, para o cenário observado climatológico, em que apenas a variável de

temperatura do ar média anual é levada em consideração.

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Figura 19: Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho e área apta com restrição em

amarelo, na região da bacia hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário observado

climatológico, em que apenas a variável de déficit hídrico anual é levada em consideração.

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Figura 20: Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho e área apta com restrição em

amarelo, na região da bacia hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário observado

climatológico, em que são consideradas as variáveis de temperatura do ar média anual e déficit hídrico.

Sabendo disto, as Figuras 17, 18 e 19 reafirmam o que é mostrado na Tabela 6,

que o déficit hídrico é o real fator limitante da cultura nesta região, para o clima atual.

Tal fator gerou inaptidão na maior parte da área da bacia Hidrográfica do Paranaíba.

Desta forma, apenas através do uso de ferramentas de irrigação a área seria apta

para o cultivo da cana, porém trazendo a adição de custos para a produção. Mesmo

sendo implementada a irrigação em toda a área, ainda assim, o cultivo da cana-de-

açúcar nesta região, para este cenário, não ameaçaria as Unidades de Conservação

Ambiental. Apesar de existir a possibilidade de expansão para Unidades de

Conservação Ambiental, a vasta área de plantio desta bacia justificaria o não-uso destas

unidades.

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5.3 Resultados do cenário RCP 4.5

A Tabela 7 possui valores próximos aos encontrados na Tabela 6, porém maiores

e na comparação deste tanto de temperatura do ar quanto de déficit hídrico pode ser

notado que os mesmos se encontram com uma maior variação entre si. Nesta mesma

tabela há dois pontos que são aptos com restrição, apesar disto após a interpolação, estes

pontos acabam perdendo a sua característica de aptidão com restrição devido aos seus

vizinhos próximos possuírem altos valores de inaptidão, o que no cálculo feito pela

interpolação faz com que as áreas aptas com restrição sejam consideradas inaptas, como

pode ser observado na Figura 21.

Tabela 7: Resultados da temperatura do ar média anual (

0C) e da deficiência hídrica (mm)., para o caso

dos cenários de mudanças climáticas RCP4.5.

Estações Temperatura do ar média anual

(0C)

Deficiência hídrica anual (mm)

Araxá 22 373

Catalão 24 466

Formosa 24 773

Franca 21 354

Frutal 25 584

Goiânia 25 681

Goiás 27 544

Luisiana 22 581

Mueri-Santa Cruz 25 564

Monte Alegre 24 596

Paracatu 25 496

Pirenópolis 25 490

Presidente-Murtinho 23 506

Três-Lagoas 26 670

Uberaba 24 583

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Figura 21: Figura demonstrativa da área apta de cultivo em verde, na região da bacia hidrográfica do

Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 4.5, em que apenas a variável de temperatura do ar

média anual é levada em consideração.

Mesmo para o caso do cenário RCP 4.5 que apresenta valores de temperatura do

ar média anual superiores aos encontrados no cenário climatológico dos dados

observados, as Figuras 21 e 22 mostram que o fator limitante desta cultura nesta região

continua sendo o déficit hídrico.

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Figura 22: Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na região da bacia hidrográfica

do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 4.5, em que apenas a variável de déficit hídrico

anual é levada em consideração.

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Figura 23: Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na região da bacia hidrográfica

do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 4.5, em que são consideradas as variáveis de

temperatura do ar média anual e déficit hídrico.

Apesar de toda a área ser apta ao plantio da cana-de-açúcar quando somente a

temperatura do ar média anual é levada em consideração, quando se faz o cruzamento

dos dados de déficit hídrico e temperatura do ar média anual toda a área torna-se inapta,

como mostrado na Figura 23.

Caso seja feito o uso da irrigação na região da Bacia, toda a área torna-se apta

para o cultivo. Logo, como há inaptidão em toda a região para este cenário, a expansão

ficaria inviabilizada, somente com adição de custos elevados à produção, intrínsecos a

irrigação, é que a área se tornaria apta.

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5.4 Resultados do cenário RCP 8.5

O cenário RCP 8.5 é o caso que apresenta os maiores valores de temperatura do ar

média anual e déficit hídrico, tendo pouca variação entre os valores de temperatura do

ar média anual das estações, porém uma variação importante entre os valores de déficit

hídrico, como mostrado na Tabela 8. Esta mesma tabela, apresenta valores de

deficiência hídrica considerados muito altos em quase todas as estações, com exceção

das estações Franca e Araxá.

Tabela 8: Resultados da temperatura do ar média anual (0C) e da deficiência hídrica (mm)., para o caso

dos cenários de mudanças climáticas RCP8.5.

Estações Temperatura do ar média

anual (0C)

Deficiência hídrica anual

(mm)

Araxá 26 508

Catalão 28 717

Formosa 26 916

Franca 24 468

Frutal 29 825

Goiânia 29 1006

Goiás 31 750

Luisiana 26 830

Mueri-Santa Cruz 27 733

Monte Alegre 28 851

Paracatu 28 700

Pirenópolis 29 750

Presidente-Murtinho 27 728

Três-Lagoas 28 783

Uberaba 28 766

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Figura 24: Figura demonstrativa da área apta de cultivo em verde, na região da bacia hidrográfica do

Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 8.5, em que apenas a variável de temperatura do ar

média anual é levada em consideração.

Através da Figura 24 é possível averiguar que mesmo no caso do pior cenário de

aumento de temperatura fornecido pelo IPCC, ainda assim, para esta cultura nesta

localidade, existe aptidão da área quanto à temperatura do ar média anual.

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Figura 25: Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na região da bacia hidrográfica

do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 8.5, em que apenas a variável de déficit hídrico

anual é levada em consideração.

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Figura 26: Figura demonstrativa da área inapta de cultivo em vermelho, na região da bacia

hidrográfica do Paranaíba contornada em azul, para o cenário RCP 8.5, em que são consideradas as

variáveis de temperatura do ar média anual e déficit hídrico.

Como ilustrado nas Figuras 25 e 26, os altos valores encontrados de déficit hídrico

para este cenário, podem chegar até mesmo a inviabilizar o cultivo da cana na região

caso não seja implementada a irrigação. Logo, para o caso deste cenário a cana poderia

vir a não se expandir para a região, e não havendo produção na região

consequentemente não haveria a chance da expansão ocorrer e então nenhuma área de

proteção ambiental seria ameaçada.

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Tabela 9: Tabela com a diferença entre o cenário RCP 8.5 quanto ao RCP 4.5 em relação à temperatura

do ar média anual e à deficiência hídrica anual, dados em porcentagem (%).

Estações Temperatura do ar

média anual (%) Deficiência hídrica anual (%)

Araxá 18.18 36.19

Catalão 16.67 53.86

Formosa 8.33 18.50

Franca 14.29 32.20

Frutal 16.00 41.27

Goiânia 16.00 47.72

Goiás 14.81 37.87

Luisiana 18.18 42.86

Mueri-Santa Cruz 8.00 29.96

Monte Alegre 16.67 42.79

Paracatu 12.00 41.13

Pirenópolis 16.00 53.06

Presidente-Murtinho 17.39 43.87

Três-Lagoas 7.69 16.87

Uberaba 16.67 31.39

MÉDIA 14,46 37,97

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Tabela 10: Tabela com a diferença entre o caso climatológico observado e o RCP 4.5 em relação à

temperatura do ar média anual e à deficiência hídrica anual, dados em porcentagem (%).

Estações Temperatura do ar

média anual (0C)

Deficiência hídrica anual

(mm)

Araxá 4.8 6.3

Catalão 4.3 -1.1

Formosa 9.1 11.2

Franca 10.5 13.8

Frutal 4.2 4.7

Goiânia 4.2 0.6

Goiás 3.8 2.3

Luisiana 4.8 -2.2

Mueri-Santa Cruz 8.7 2.2

Monte Alegre 9.1 3.1

Paracatu 8.7 -1.2

Pirenópolis 4.2 -1.4

Presidente-Murtinho 4.5 5.4

Três-Lagoas 4.0 13.9

Uberaba 4.3 12.1

MÉDIA 5.9 4.6

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Tabela 11: Tabela com a diferença entre o caso climatológico observado e o RCP 8.5 em relação à

temperatura do ar média anual e à deficiência hídrica anual, dados em porcentagem (%).

Estações Temperatura do ar

média anual (0C)

Deficiência hídrica anual

(mm)

Araxá 23.8 44.7

Catalão 21.7 52.2

Formosa 18.2 31.8

Franca 26.3 50.5

Frutal 20.8 47.8

Goiânia 20.8 48.6

Goiás 19.2 41.0

Luisiana 23.8 39.7

Mueri-Santa Cruz 17.4 32.8

Monte Alegre 27.3 47.2

Paracatu 21.7 39.4

Pirenópolis 20.8 50.9

Presidente-Murtinho 22.7 51.7

Três-Lagoas 12.0 33.2

Uberaba 21.7 47.3

MÉDIA 21,2 43,9

5.5 Análise dos Resultados

Através da análise das Figuras 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25, pôde-se

constatar que para todos os cenários estudados nesta dissertação a temperatura do ar

média anual não é um fator limitante para o cultivo da cana-de-açúcar nesta região. Pelo

contrário, para o caso dos cenários de mudanças climáticas, RCP 4.5 e RCP 8.5

mostrados pelas Tabelas 7 e 8, o aumento da temperatura contribui de forma positiva ao

crescimento e desenvolvimento da cana-de-açúcar, pois estes cenários possuem valores

de temperatura do ar mais próximos às temperaturas ótimas da cultura da cana-de-

açúcar, que podem ser encontradas na Tabela 2.

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Analisando as Figuras 14(a), 14(b), 15 e 16, conjuntamente com as Tabelas 6, 7 e

8, observa-se que a diferença de déficit hídrico apresentado entre os valores das Tabelas

6, 7 e 8, não está relacionada apenas com a quantidade de precipitação e umidade

relativa, uma vez que na análise das Figuras 15 e 16, a umidade relativa e a precipitação

dos cenários RCP 4.5 e RCP 8.5 são muito próximas.

Com isto, é possível concluir que o déficit hídrico está ligado não somente à

precipitação e à umidade relativa, como também à evapotranspiração, à temperatura do

ar, à velocidade do vento, ao tipo de solo e à própria cultura, o que pode ser verificado

nos cálculos realizados pelo modelo de cultivo CropWat 8.0, os quais foram

demonstrados no item 4.2 desta dissertação.

Uma constatação que deve ser abordada ocorre em relação à distância entre os

valores dos cenários RCP 4.5 e RCP 8.5 observados nas Tabelas 7 e 8, é que apesar de

possuírem valores próximos de umidade relativa (Figura 15), de precipitação (Figura

16) e de velocidade do vento (Figura 17), o déficit hídrico possui uma grande diferença

quando comparados estes dois cenários e entre o caso climatológico e o cenário RCP

8,5, como mostrado nas Tabelas 9 e 11, o que enfatiza a importância das temperaturas

máxima (Figura 14 (a)) e mínima (Figura 14 (b)) na influência sobre o déficit hídrico.

Além das temperaturas, as variáveis representadas pelas Figuras 14, 15 e 16, também

influenciam no cálculo do déficit hídrico, ainda que possuam valores mais próximos.

Já para o caso da Tabela 10, é possível notar que tanto a temperatura quanto o

déficit hídrico apresentam modificações mais brandas quando comparada às Tabelas 9 e

11.

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72

CAPÍTULO VI

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Nesta dissertação, foi realizado um estudo climatológico e prospectivo sobre a

cultura da cana-de-açúcar na bacia hidrográfica do Paranaíba, utilizando como

ferramenta a aptidão agroclimática, objetivando avaliar às possibilidades de expansão

das áreas de cultivo, e se esta pode ameaçar Unidades de Conservação Ambiental.

Esta ferramenta foi gerada através do uso das ferramentas de modelagem de

cultivo, em que foi usado o modelo CropWat 8.0 da FAO, e o programa de

georeferenciamento ArcGIS 10.0. Os dados que foram utilizados para a construção da

aptidão agro-climática são provenientes das saídas do modelo ESM2G do GFDL

(CMIP5) e dos dados observados climatológicos.

A partir da análise dos resultados foi possível constatar que todos os cenários

mostraram a área de estudo totalmente apta, quando só é considerada a variável

temperatura do ar média anual.

Para o cenário climatológico dos dados observados, quando é levado em

consideração o déficit hídrico a área torna-se inapta ou apta com restrição. Mostrando

que, apenas através do uso de ferramentas de irrigação a área seria apta para o cultivo da

cana, porém trazendo a adição de custos para o cultivo. Apesar de existir a possibilidade

de expansão para Unidades de Conservação Ambiental, a vasta área de plantio desta

bacia justificaria o não-uso destas unidades.

O cenário RCP 4.5, possui a região totalmente inapta para o cultivo quando se

considera o déficit hídrico. Apesar disto, caso seja feito o uso da irrigação na região da

bacia, toda a área torna-se apta para o cultivo. Logo, como há inaptidão em toda a

região para este cenário, a expansão ficaria inviabilizada sem a implementação da

irrigação, ou seja, somente com adição de custos elevados é que a área se tornaria apta.

Já no caso do cenário RCP 8.5, há o agravamento do déficit hídrico, que tem um

acréscimo médio anual de 37,97%.

Este último cenário possui a área totalmente inapta. Os altos valores encontrados

de déficit hídrico para este cenário, podem chegar até mesmo a inviabilizar o cultivo da

cana na região caso não seja implementada a irrigação. Logo, para o caso do cenário

RCP 8.5, a cana poderia vir a não se expandir para a região, e não havendo produção na

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73

região, consequentemente, não haveria a chance da expansão ocorrer, e então nenhuma

Unidade de Conservação Ambiental seria ameaçada.

As conclusões obtidas nesta dissertação mostram que o fator limitante à cultura da

cana-de-açúcar nesta região é o déficit hídrico, à medida que a temperatura do ar média

anual não apresentou restrições para nenhum dos cenários em toda a bacia.

Conclui-se que em todos os cenários estudados haveria a necessidade de irrigação,

a qual influenciaria nos custos da produção do etanol.

Para o cenário climatológico dos dados observados, a irrigação se daria com baixo

consumo de água, o que geraria baixo impacto aos custos da produção.

O Cenário RCP 4.5 apresenta algumas regiões que necessitariam de irrigação com

um alto consumo de água, porém, quando considerada a bacia como um todo, o

consumo de água ainda seria considerado baixo, contudo também seria adicionado

custos à produção do etanol devido a implementação da irrigação.

Já para o caso do cenário RCP 8.5 o consumo de água com irrigação seria

considerado alto, sendo assim custosa para a produção de etanol.

Diante de todos os cenários estudados, conclui-se que a região da bacia

hidrográfica do Paranaíba seria considerada por completo apta ao cultivo, desde que

seja implementada a irrigação na região de estudo, e devido a vasta quantidade de área

disponível ao cultivo, seria justificável uma expansão apenas para áreas que não são

Unidades de Conservação Ambiental justificável uma expansão apenas para áreas que

não são Unidades de Conservação Ambiental, no entanto isso não descarta a

possibilidade de impactos ambientais às Unidades de Conservação Ambientais se

forem, por exemplo, implementadas queimadas na área do entorno das mesmas. Um

estudo de impacto ambiental deveria ser feito para a viabilização da expansão

sustentável do cultivo no entorno das Unidades de Conservação Ambientais.

Como sugestão para trabalhos futuros está a análise com diferentes modelos

climáticos globais, que poderia proporcionar diferentes valores de saída, seguindo

apenas a mesma tendência, e consequentemente gerar diferentes cenários agrícolas,

também apresentando o mesmo comportamento apenas possuindo valores diferentes.

Outra pesquisa que poderia ser feita como continuação desta dissertação dar-se-á

no âmbito do downscaling dos modelos globais, em que estes podem prover resultados

mais refinados, os quais trariam maiores quantidades de informação para região de

estudo auxiliando o Zoneamento Agro-Climático.

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74

Este trabalho pode ser estendido, também, através da integração entre modelos de

diferentes áreas de atuação que gerariam saídas para criação de um zoneamento mais

completo, chegando até mesmo ao caso do zoneamento agrícola.

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75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do Paranaíba. Brasília, ANA, 2007. Disponível em:

<http://www.paranaiba.cbh.gov.br/ProcessoInstalacao/OficinaCapMobCoord/ModuloIII

CaracterizacaodoParanaiba.pdf>. Acesso em: 18/02/2013.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Plano de Recursos Hídricos da Bacia

Hidrográfica do Paranaíba - Diagnóstico da Bacia Hidrográfica do Paranaíba Parte

B. Brasília, ANA, 2011.

ALLEY, . B. “Mudança Climática Brusca”, Scientific American Brasil, Nº 12, pp. 8-15,

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