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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 72

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Heronides Dantas de FigueiredoNathan Leocata MachadoRebecca Fascina [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Nossa Sra. Imac. Conceição, 166, Conj 9 - 1ºAndar - 06190-100 - Osasco - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota do BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.

Colaboradores:Adalberto SantosAlan Vinícius VicenteAngelo Volpi NetoAna Lídia Carvalho Villela GodoyBernardo César CouraBruna RafaelaBruno Rafael de LimaDaihane CézarDaniela Almeida TonholliDaphnis Citti de LauroDavi AlbuquerqueEduardo Velozo FucciaEduardo R. Vasconcelos de MoraesEmmanuele FronzaEnderson BlancoFábio Machado BaldisserraFellipe DuarteFrancisco Machado Egito

Gabriel SchulmanGeraldo Beire SimõesGiordano Priotto WenzelGuilherme FeldmannHerbert Correa BarrosIrajá LacerdaIsabella Carvalho de MunerJanine Bertuol SchmittJaques BushatskyJessica Rodrigues DuarteJoão Pedro Lamana PaivaJosé Hildor LealJulio MartinsKelly DurazzoKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLarissa TavaresLia Fernanda Zambon

Luiz Antonio Scavone JuniorLutero de PaivaMarcelo Manhães de AlmeidaMarcos Vinicius GoulartMarta MendesMichel Rosenthal WagnerMiguel ZaimMário Cerveira FilhoOdair AlbrechtPaulo Henrique BrunettiRenato Donizeti PelagaliRodrigo KarpatSuse Paula Duarte Cruz KleiberSylvio CapanemaSérgio JacominoThayna KozarenkoValmir AlcantaraWagner Inácio Dias

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31ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Alienação Fiduciária: Nulidades na intimação por edital para leilão de imóvel financiado ...............23

Apart-Hotel: Rede hoteleira que iria administrar o Apart-Hotel não tem responsabilidade pela

paralização das obras ..........................................................................................................8

Atraso na Entrega: E ai consumidor, o sonho de ter um imóvel virou pesadelo devido ao atraso

da obra? ............................................................................................................................27

Cobertura: Proprietários são responsáveis pela manutenção e pelas obras de modificações de suas

unidades ...........................................................................................................................17

Comissão de Corretagem: É indevida quando se dá pela desistência do comprador ......................22

Despejo: O atraso do aluguel e sua terrível consequência: o despejo forçado ................................9

Despesas de Condomínio: Locatário tem direito a examinar documentos comprobatórios das

despesas do condomínio ......................................................................................................13

Fitness no Condomínio: É obrigatório o registro de profissional de educação física como

responsável técnico nos condomínios edilícios com espaços de academias ..................................16

Inventário: Imóvel do de cujus sem escritura pública ou registro na matrícula do imóvel pode ser

inventariado sobre a promessa de compra e venda .................................................................34

Muro Vizinho: É possível estabelecer limites para o muro vizinho de seu imóvel ............................26

Penhora: Imóvel comercial e residencial pode ser penhorado? .....................................................31

Extrato online não é aceito para mover ação monitória contra proprietária de

apartamento ......................................................................................................................33

Reajuste do Aluguel: Locador tem direito e poderá reajustar o valor do aluguel anualmente

conforme a Lei do Inquilinato ...............................................................................................11

Registro de Lote: Comprei um lote e quero registrar: preciso fazer projeto de desmembramento? ..20

Retomada de Imóvel: Para uso próprio ...................................................................................12

Síndico Isento: Dispensa da taxa condominial para o síndico não constitui para esta renda

tributável ..........................................................................................................................19

Taxa Condominial: Condôminos que não pagam a taxa de condomínio ........................................14

Taxa de Administração: Deve ser paga até a data da venda do imóvel .......................................7

Taxa SATI: É indevida a cobrança de taxa SATI e devida a comissão de corretagem nos

compromissos de compra e venda desde que expressamente previstas ......................................22

Usucapião: Imóvel de herança poderá ser usucapido por herdeiro desde que comprove a sua

posse exclusiva ..................................................................................................................26

Não se pode propor ação para obtenção da individualização e o registro de fração

de imóvel objeto de condomínio em loteamento irregular .........................................................3

Vícios de Construção: Indenização por defeitos no apartamento comprado na planta. Qual o

prazo? ...............................................................................................................................5

Índices de Correção Monetária ............................................................................................35

Sumário

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51ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Vícios de ConstruçãoIndenização por defeitos no apartamento

comprado na planta. Qual o prazo?

Do entendimento do STJ sobre o prazo prescricionalda ação indenizatória pela insegurança do prédio.

Luis Fernando Silva Pinheiro*

De 2014 a 2018, o setor da

construção civil sofreu uma cla-

ra retração, à qual se pode atri-

buir inúmeros fatores. Entretan-

to, o ano de 2019 demonstrou

alguma recuperação, ainda que

tímida, com a criação de mais

de cem mil postos de trabalho.

Para o ano de 2020, espera-se

um crescimento de 3%, espe-

cialmente impulsionado pelo au-

mento no número de projetos.

Ainda assim, é comum que a

empreiteira entregue ao adqui-

rente do imóvel uma constru-

ção defeituosa, que traz riscos

à segurança dos futuros resi-

dentes. Nesse caso, o compra-

dor deve requerer indenização,

se a construtora não for diligen-

te em corrigir os vícios da obra.

Porém, considerando que mui-

tos dos defeitos não são desco-

bertos de imediato, qual o prazo

máximo para o pedido de repara-

ção dos danos? É o que veremos

a seguir.

Dos prazos conforme

o entendimento do STJ

Nos termos do art. 618 do

Código Civil de 2002, o em-

preiteiro responsabiliza-se pelo

prazo irredutível de 5 anos pela

solidez e segurança do traba-

lho, direito este que decairá em

180 dias.

Todavia, conforme a jurispru-

dência do STJ, esse prazo tem

natureza de garantia, e não de

prescrição ou decadência. Des-

sa forma, o empreiteiro deve

garantir a solidez da obra pelo

período, pois, caso contrário, é

possível pleitear a rescisão ou a

diminuição no preço pago. Nes-

se sentido, veja um trecho do

REsp n° 1.534.831-DF, Min. Ri-

cardo Villas Bôas Cueva:

“Primeiramente, faz-se ne-

cessário salientar que o prazo

quinquenal disposto no art. 618

do CC/02, para que o comiten-

te verifique eventual existência

de defeito ou vício que estives-

se oculto por ocasião da entrega

da construção, é de garantia, na

medida em que visa protegê-lo

contra riscos futuros e eventuais.

Não se trata de prazo prescricio-

nal ou decadencial. Isso significa

que, apesar da entrega da obra,

o empreiteiro permanecerá res-

ponsável pelo vício oculto que

venha a ser revelado dentro do

quinquênio legal, comprometen-

do a segurança e a solidez da

construção”.

Na mesma decisão, o Minis-

tro do STJ insiste que a ação

condenatória que veicula pre-

tensão indenizatória, tem pra-

zo prescricional previsto no art.

205 do Código Civil de 2002, ou

seja, de 10 anos. Veja:

“Sobre o tema, a doutrina

majoritária se inclina no sentido

de que o prazo de 180 dias, de

natureza decadencial, se refere

apenas ao direito de o comiten-

te pleitear a rescisão contratual

ou o abatimento no preço (ação

de índole desconstitutiva), per-

manecendo a pretensão de in-

denização, veiculada em ação

condenatória sujeita ao prazo

prescricional disposto no art.

205 do CC/02, o qual, além de

corresponder ao prazo vintená-

rio anteriormente disposto no

art. 177 do CC/16, é o prazo que

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 76

Vícios de Construção

regula as pretensões fundadas

no inadimplemento contratual”.

Contudo, ainda permanece

a dúvida quanto à aquisição da

unidade autônoma que está si-

tuada em uma relação consu-

merista, uma vez que o Código

de Defesa do Consumidor traz

um tratamento diverso. Ainda

que não trate especificamente

de solidez e segurança do edi-

fício, há previsão, no art. 26, §

2º, do prazo decadencial de 90

dias para rejeitar o defeito, pra-

zo que se suspende pela recla-

mação do vício perante a cons-

trutora.

“Art. 26. O direito de recla-

mar pelos vícios aparentes ou

de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se

de fornecimento de serviço e de

produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-

-se de fornecimento de serviço

e de produtos duráveis.

§ 1º Inicia-se a contagem

do prazo decadencial a partir

da entrega efetiva do produto

ou do término da execução dos

serviços.

§ 2º Obstam a decadência:

I - a reclamação comprova-

damente formulada pelo consu-

midor perante o fornecedor de

produtos e serviços até a res-

posta negativa corresponden-

te, que deve ser transmitida de

forma inequívoca;

III - a instauração de inquéri-

to civil, até seu encerramento”.

Além dessa previsão, o Có-

digo de Defesa do Consumidor

permite que o adquirente peça a

substituição da coisa ou a reexe-

cução do serviço.

Entretanto, essas duas solu-

ções, dentro do âmbito das re-

lações de consumo, são opções

de que se serve o adquirente.

Nada impede, conforme a juris-

prudência do Superior Tribunal

de Justiça, que o comprador

que se sentir lesado apresen-

te sua pretensão indenizatória

dentro do prazo de 10 anos.

Afinal, ainda se configura o ina-

dimplemento contratual.

“A despeito das considera-

ções supracitadas, cabe regis-

trar que a solução, segundo

a legislação consumerista, da

questão relativa à decadên-

cia do direito de reclamar por

vícios no imóvel (prazo de 90

dias, contado do recebimento

do bem, em se tratando de vício

aparente, ou do aparecimento

do defeito, em se tratando de

vício oculto), não obsta a que

seja aplicado o raciocínio ante-

riormente desenvolvido no que

tange à prescrição da preten-

são indenizatória. Sendo assim,

o prazo decadencial previsto no

art. 26 do CDC se relaciona ao

período de que dispõe o consu-

midor para exigir em juízo algu-

ma das alternativas que lhe são

conferidas pelos arts. 18, § 1º,

e 20, caput do mesmo diploma

legal, não se confundindo com

o prazo prescricional a que se

sujeita o consumidor para plei-

tear indenização decorrente da

má-execução do contrato. E,

à falta de prazo específico no

CDC que regule a hipótese de

inadimplemento contratual, o

prazo quinquenal disposto no

art. 27 é exclusivo para as hipó-

teses de fato do produto ou do

serviço, entende-se que deve

ser aplicado o prazo geral dece-

nal do art. 205 do CC/02.”

Conclusão

A jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça esclarece

que o prazo prescricional para

requerer a indenização pelos

danos materiais decorrentes do

vício no imóvel adquirido é de

10 anos (art. 205, Código Civil

de 2002). Isso não afasta nem

se restringe com aplicação do

Código de Defesa do Consumi-

dor, que apresenta outras solu-

ções ao adquirente prejudicado.

* O autor é Advogado em São Paulo, SP.

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71ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Taxa de Administração

A taxa de administração deve ser pagaaté a data da venda do imóvel

Pergunta: Em relação às taxas de administração vincendas, como fica a responsabilidade do vende-

dor que contratou a administração, têm a obrigação de pagá-las, mesmo tendo vendido o imóvel?

BDI Responde: Nos termos do art. 502 do Código Civil, “in verbis”: “O vendedor, salvo convenção

em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição”. Ou seja, o

vendedor deverá pagar as taxas de administração anteriores à venda, através de uma rescisão do con-

trato de administração, entabulado com a administradora.

Se o novo adquirente quiser continuar com a administradora, deverá pagar as taxas posteriores à

venda do imóvel locado, através de uma nova contratação, para ficar responsável pelas taxas.

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 78

Apart-Hotel

Rede hoteleira que iria administrar o Apart-Hotel nãotem responsabilidade pela paralização das obras

Ementa: Recurso Especial. Civil. Promessa de Compra e Venda de unidade de Apart-Hotel. Paralisação

das Obras. Ação Resolutória. Empreendimento Econômico. Prevalência no negócio jurídico. Rede Hote-

leira. Futura administradora de serviços de hotelaria. Ilegitimidade Passiva. Precedente. Agravo Interno

Provido. 1. No julgamento do REsp n° 1.785.802/SP, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça,

examinando situação idêntica, relativa ao mesmo empreendimento imobiliário, decidiu que “Deve ser

afastada qualquer responsabilização solidária da recorrente pelo não adimplemento do contrato de pro-

messa de compra e venda das unidades do apart-hotel, seja por não integrar a cadeia de fornecimento

relativa à incorporação imobiliária, seja por não compor o mesmo grupo econômico das empresas ina-

dimplentes, seja por também ter sido prejudicada, visto que sua pretensão de explorar o ramo hoteleiro

na localidade foi tão frustrada quanto a pretensão da autora de ganhar rentabilidade com a aquisição e

a locação das unidades imobiliárias”. 2. De rigor, portanto, o reconhecimento da ilegitimidade passiva

da recorrente, uma vez que não integrou a cadeia de fornecimento da incorporação imobiliária, apenas

obrigando-se a administrar futuramente os serviços hoteleiros, ramo de sua expertise, após a conclusão

do empreendimento por meio da formação de sociedade em conta de participação juntamente com os

adquirentes. 3. Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial.

Dados da Decisão: STJ – Recurso Especial n° 1.757.092 – Relator: Ministro Ricardo Villas Bôas Cue-

va, Terceira Turma – Data do Julgamento: 19.11.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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91ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

DespejoO atraso do aluguel e sua terrívelconsequência: o despejo forçado

Bruno Angeli Perelli*

Como se sabe, o contrato de

locação gera ao locatário, como

obrigação principal, o pagamen-

to do aluguel e os demais en-

cargos eventualmente previstos

(condomínio, IPTU, etc).

Por alguma razão, no imagi-

nário popular, criou-se a crença

de que a ação de despejo so-

mente seria cabível após deter-

minado período de atraso, ge-

ralmente imaginam o prazo de

3 meses.

Esse é um grande equívoco

e pode acarretar consequências

seríssimas ao locatário.

Isto porque, a lei de locações

não prevê prazo algum para que o

locador, frente ao inadimplemen-

to do locatário, precise aguardar

para ajuizar uma ação de despejo.

A regra a ser seguida é:Todo e qualquer descumpri-

mento contratual cometido pelo

locatário possibilita a imediata

distribuição da ação de despejo.

Trata-se da regra estabelecida

no artigo 9º da Lei de Locações:

“Art. 9º A locação também

poderá ser desfeita:

(...)

II – em decorrência da prática

de infração legal ou contratual;

III – em decorrência da falta

de pagamento do aluguel e de-

mais encargos”.

Assim, se o contrato de lo-

cação nada dispor em contrá-

rio, e geralmente não dispõe,

passado um único dia do ven-

cimento do aluguel e encargos

sem que tenha sido realizado o

pagamento, o locador já poderá

distribuir uma ação de despejo

independentemente de notifica-

ção prévia oportunizando a qui-

tação do débito.

O mesmo se diz em relação às

cominações decorrentes do ina-

dimplemento, isto é, a incidência

de multa, juros de mora e atualiza-

ção monetária sobre o total devido.

Não se ignora que, nesse pe-

ríodo de crise econômica, muitos

locatários acabaram passando por

dificuldades financeiras e não con-

seguiram honrar o aluguel.

Neste particular, uma obser-

vação é muito importante. Em

relação ao aluguel de imóvel, o

inadimplemento nunca será uma

boa opção. Mesmo em momen-

tos de dificuldade, o débito loca-

tício deve ter preferência dentre

os demais e nunca se pode con-

tar com uma possibilidade de ne-

gociação futura.

A situação fica mais clara ana-

lisando-se o momento seguinte,

ou seja, o ajuizamento da ação

de despejo. O locatário, rece-

bendo a citação, terá uma última

chance de regularização do dé-

bito. É o que prevê o artigo 62,

Inciso II, da Lei do Inquilinato:

“Art. 62.

(...)

II – o locatário e o fiador po-

derão evitar a rescisão da loca-

ção efetuando, no prazo de 15

(quinze) dias, contado da ci-

tação, o pagamento do débito

atualizado, independentemente

de cálculo e mediante depósito

judicial, incluídos:

a) os aluguéis e acessórios

da locação que vencerem até a

sua efetivação;

b) as multas ou penalidades

contratuais, quando exigíveis;

c) os juros de mora;

d) as custas e os honorários

do advogado do locador, fixados

em dez por cento sobre o mon-

tante devido, se do contrato não

constar disposição diversa”.

Basicamente, se o locatário

permitir chegar ao ponto de uma

ação de despejo, a única e derra-

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 710

deira forma de evitar a desocupa-

ção do imóvel será com a realiza-

ção de depósito judicial, no prazo

de 15 dias, de todo o valor devido

com a incidência de multa, atuali-

zação, juros, custas processuais e

honorários advocatícios. Nenhum

centavo a menos.

Passado esse prazo sem o

pagamento, chamado de “pur-

gação da mora”, não haverá

mais nada que possa ser feito

pelo locatário para evitar o des-

pejo. O locador não será obri-

gado a aceitar nenhum tipo de

acordo e a desocupação forçada

do imóvel passa a depender úni-

ca e exclusivamente da vontade

dele.

Importante lembrar, ainda,

que a Lei de Locações possibili-

ta a purgação da mora, quitação

em juízo para evitar o despejo,

uma única vez a cada 2 anos.

Essa é a redação do parágrafo

único do artigo 62:

“Parágrafo único. Não se ad-

mitirá a emenda da mora se o

locatário já houver utilizado essa

faculdade nos 24 (vinte e qua-

tro) meses imediatamente ante-

riores à propositura da ação”.

Na prática, vemos muitos

casos em que locatários negli-

genciam ou não dão a devida

importância ao pagamento dos

encargos locatícios, imaginando

que a qualquer momento, mes-

mo sem sede de ação de des-

pejo, conseguirão realizar um

acordo com o locador.

Porém, não sabendo que, de

acordo com a lei, o locador não

é obrigado a aceitar senão o pa-

gamento imediato, somado a

todos os encargos contratuais e

processuais, e de uma única vez,

acabarão sendo despejados.

A situação é ainda mais grave

na seara da locação comercial.

Não é raro ver negócios ruírem

por irresponsabilidade em rela-

ção ao pagamento do aluguel.

A lei prevê diversas benesses

ao locatário, impossibilitando que

a locação seja desfeita pelo loca-

dor, exceto em situações espe-

cialíssimas. Dentre elas, a prin-

cipal é o atraso do aluguel. Em

ocorrendo o inadimplemento, o

locatário perde, imediatamente,

toda a proteção a ele outorgada

pela lei.

* O autor é Advogado em São Paulo, SP. Atuante em Direito Civil, principalmente na área con-

tenciosa judicial, com extensão em direito de família e lei de locações.

Despejo

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111ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Reajuste do Aluguel

Locador tem o direito e poderá reajustar o valordo aluguel anualmente conforme a Lei do Inquilinato

Ao término de um contrato de locação residencial, com prazo determinado de 30 meses, pretendendo

o locatário continuar com a locação.

Perguntas:

1 - O prazo pode ser estabelecido em 12 meses?

2 - O valor da locação pode seguir os parâmetros do mercado ou deve seguir os índices de reajuste

das locações?

BDI Responde:

1 – Nós aconselhamos a fazer um aditamento no contrato, prorrogando assim por mais 12 (doze)

meses, para uma maior segurança tanto para o locador quanto para o locatário.

2 – No contrato de locação, define-se que o locador tem direito a reajustar o valor do imóvel segundo

o índice pactuado anualmente. A Lei do Inquilinato nº 8245/91, garante que o cálculo deve ser feito em

moeda brasileira e não deve ter relação com o câmbio, tampouco com o salário-mínimo. O fato é que essa

atualização anual é prevista em contrato e deve seguir o índice ali descrito.

Quando se faz um contrato de locação, é preciso que haja um índice de parâmetro para que o reajuste

ocorra. Normalmente, é utilizado o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), um índice nacional geral

que calcula e registra as variações da inflação e, portanto, é uma das bases mais seguras para que o

reajuste do aluguel seja feito corretamente.

Sabe-se que o IGP-M faz os cálculos de acordo com a inflação, não sendo o único fator a ser levado

em conta na hora do reajuste. O reajuste também pode ser baseado no INPC (Índice Nacional de Preços

ao Consumidor), IPC (Índice de Preços ao Consumidor), entre outros.

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 712

Retomada de Imóvel

Retomada do imóvel para uso próprio

O locador está pedindo o imóvel locado para uso próprio, o contrato é de 36 meses e já se passaram

quase 24 meses de vigência. Faltam 30 dias pra se vencer os 24 meses.

Pergunta: O que poderá ser feito diante dessa situação? Sobre a multa contratual, o proprietário é

obrigado a pagar?

BDI Responde: Conforme o art. 4 da Lei do Inquilinato nº 8.245/91: ”Durante o prazo estipulado

para a duração do contrato, não poderá o locador reaver o imóvel alugado”. Exceto nos casos do Art. 9º

“A locação poderá ser desfeita:

I – por mútuo acordo;

II – em decorrência da prática de infração legal ou contratual;

III – em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;

IV – para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que não possam ser

normalmente executadas com a permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a con-

sentí-las”.

Nada impede que um mútuo acordo encerre o contrato ainda vigente. Basta haver a concordância de

ambos nos termos do acordo. Havendo um acordo, não existirá multa e nem ao locador e nem ao locatário.

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131ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Locatário tem direito a examinar documentoscomprobatórios das despesas condominiais

Ementa: Locação – Sem cobrança de aluguéis de forma antecipada – Inidoneidade da prova testemu-

nhal – Quitação como única prova possível – Legalidade do seguro fiança como garantia – Legitimidade e

interesse para a exigência de exibição de documentos comprobatórios das despesas condominiais men-

sais – Falta de legitimidade e interesse para exigência de exibição de prestação de contas, de conteúdo

muito mais amplo – Conhecimento a respeito da natureza das despesas de monopólio da locadora e da

administradora da locação – Considerada a disposição especial, ônus de prova de tratar-se de despesa

ordinária da locadora e da administradora da locação – Sem a prova, controvertida a legalidade da co-

brança, adequada a determinação de restituição – Contudo, restituição que deverá considerar a fração

ideal do imóvel locado, e não a totalidade das despesas do condomínio – Necessidade de liquidação –

Demonstração da entrega das chaves a pessoa efetivamente habilitada e com poderes para o encerra-

mento da relação apenas com o termo – Ofício que comprova a entrega das chaves ao funcionário do

condomínio – Sem hipótese para a incidência da multa contratual – Restituição de valores suficiente para

o retorno das partes à situação anterior – Dupla penalidade que é vedada, sob pena de enriquecimento

sem causa – Redistribuição dos ônus de sucumbência. Recursos parcialmente providos.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1050435-96.2016.8.26.0002 – Relator (a): Sá Moreira

de Oliveira – Data do julgamento: 15.3.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Despesas de Condomínio

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 714

Taxa Condominial

Condôminos que não pagam a taxa de condomínio

Flávio Roberto Varela Torres Junior*

Em um condomínio residen-

cial, a inadimplência é uma das

questões mais problemáticas

que o síndico pode enfrentar,

que, além do desfalque de va-

lores para pagamento das des-

pesas, causa um desconforto

em relação à cobrança e as de-

mais cominações pertinentes.

A inadimplência do condômi-

no em relação à taxa de condo-

mínio pode acarretar diversas

consequências negativas, con-

forme será exposto a seguir.

A primeira delas é a realiza-

ção de penhora de valores nas

contas bancárias do condômi-

no, via sistema judiciário de-

nominado de BACENJUD. Essa

medida está prevista no artigo

829 do Código de Processo Civil

Brasileiro, vejamos:

“Artigo 829: O executado

será citado para pagar a dívida

no prazo de 3 (três) dias, con-

tado da citação.

§ 1°. Do mandado de citação

constarão, também, a ordem de

penhora e a avaliação a serem

cumpridas pelo oficial de justiça

tão logo verificado o não paga-

mento no prazo assinalado, de

tudo lavrando-se auto, com in-

timação do executado.

§ 2°. A penhora recairá so-

bre os bens indicados pelo exe-

quente, salvo se outros forem

indicados pelo executado e

aceitos pelo juiz, mediante de-

monstração de que a constrição

proposta lhe será menos onero-

sa e não trará prejuízo ao exe-

quente”.

Outra consequência que pode

advir ao condômino inadimplen-

te é a negativação de seu nome

nos órgãos de proteção ao cré-

dito. Assim, o condomínio po-

derá solicitar a negativação do

nome do devedor nos órgãos de

proteção ao crédito, como por

exemplo: o SCPC e SERASA, e

demais órgãos que fazem essa

mediação, conforme consta do

art. 782, §3º do Código de Pro-

cesso Civil.

Pode ocorrer, ainda, a perda

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151ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

de bens móveis ou imóveis, como

carro, moto e o próprio bem ob-

jeto da ação de cobrança com-

petente, ou seja, a penhora do

imóvel. Nestes casos, o bem em

questão poderá ser penhorado

para que o débito seja solvido.

Destaca-se que a obrigação

de arcar com os dispêndios

condominiais é uma obriga-

ção propter rem, ou seja, está

atrelada ao próprio bem (imó-

vel), uma vez que o proprie-

tário usufrui de todos os be-

nefícios postos a coletividade

condominial. Observa-se que

apesar da Lei nº 8.009/1990

proibir a penhora do bem de

família, estabelece de forma

clara como exceção a penho-

ra para pagamento das despe-

sas relativas ao uso do próprio

bem. Nessa esteira, esgotados

os meios possíveis e legais

para a localização de bens pe-

nhoráveis do devedor condô-

mino, a penhora do imóvel é

perfeitamente possível.

Outra medida, trata de veda-

ção ao condômino devedor de

participar das Assembleias do

Condomínio, conforme previsão

do art. 1.335, do Código Civil.

Além disso, o Código Civil dis-

põe que o condômino devedor

estará sujeito ao pagamento de

juros e multa, conforme previs-

to na Convenção do Condomínio

ou de acordo com o artigo 1.336

do Código de Processo Civil.

Cumpre destacar que todas as

consequências e medidas adota-

das pelo condomínio em desfavor

do devedor ocorrerão no decorrer

da ação judicial de cobrança, seja

ela ação de execução ou ação de

cobrança.

Assim, existem medidas ju-

diciais que visam satisfazer o

crédito do condomínio, isto é,

receber de forma coercitiva o

pagamento das taxas condomi-

niais em atraso. O condomínio

deve sempre alertar os condô-

minos sobre as consequências

da inadimplência das taxas con-

dominiais.

* O autor é Advogado em Goiânia, GO. Pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil. Especialis-

ta em Direito Condominial e Consultoria Empresarial. Diretor do Escritório Varela Torres Advocacia,

Sócio Diretor da empresa Varela Torres Recuperação de Crédito. Sócio Diretor da empresa Garan-

tecred.

Taxa Condominial

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 716

É obrigatório o registro de profissional de educaçãofísica como responsável técnico nos condomínios

edilícios com espaços de academias

Administramos um condomínio no qual dispõe de espaço para a prática de exercícios físicos com al-

guns aparelhos de ginástica. Acontece que alguns moradores contrataram um personal trainer para o

acompanhamento dos exercícios.

Perguntas:

1 – O Condomínio tem alguma responsabilidade solidária pela simples cessão do espaço com os apa-

relhos para que os condôminos utilizem da forma antes citada?

2 – É necessário que o profissional contratado apresente ao condomínio o seu registro junto ao Con-

selho Regional de Educação Física?

BDI Responde: 1 e 2 - Conforme a Lei Estadual do Rio de Janeiro, n° 8.070 de 17 de agosto de 2018,

que dispõe sobre a obrigatoriedade de registro de profissional de educação física como responsável téc-

nico nos condomínios edilícios com espaços de academias, os condomínios deverão registrar o respon-

sável técnico junto ao Conselho Regional de Educação Física da 1ª Região – CREF1, quando a atividade

física for dirigida e realizada em salas de treinamento físicos, bem como:

Os condomínios edilícios deverão ser registrados no CREF1 como se fossem pessoas jurídicas e serão

isentos ao pagamento da anuidade.

A responsabilidade técnica, de que se trata o caput, deverá ser exercida única e exclusivamente por

Profissional de Educação Física.

O CREF1 deverá disponibilizar os formulários, bem como a relação de documentos necessários para o

registro do responsável técnico.

O registro do responsável técnico junto ao CREF1, a que se refere o caput deste artigo, será feito de

forma gratuita, sem gerar custo aos condomínios edilícios.

“Art. 2º – Fica facultado, a cada condômino, contratar um responsável técnico devidamente registrado

no Conselho Regional de Educação Física para orientar a sua atividade física”.

Conforme o art. 6º da Resolução CONFEF – Conselho Federal de Educação Física nº 052/2002, que

dispõe sobre Normas Básicas Complementares para a fiscalização e o funcionamento de Pessoas Jurí-

dicas prestadoras de serviços na área da atividade física, desportiva, e similares, o estabelecimento de

ginástica deverá manter em local público e visível o nome do responsável técnico e a relação dos pro-

fissionais de educação física que atuam em suas dependências, com o respectivo número de registro

profissional, sejam autônomos ou contratados.

Fitness no Condomínio

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171ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Cobertura

Proprietários de coberturas em condomíniosão responsáveis pela manutenção e pelas

obras de modificações de suas unidades

Em uma convenção de um condomínio está previsto e devidamente registrado junto ao RGI que: “Os

apartamentos 201, 202 e 203 terão direito ao uso da laje do telhado, cabendo a cada um a projeção

sobre a unidade autônoma”.

Pergunta: De quem é a responsabilidade pela manutenção do telhado na edificação, quando estes

vierem a fazer suas construções na cobertura?

BDI Responde: A responsabilidade é total e exclusiva de cada proprietário das unidades acima

mencionadas. As unidades autônomas destinam-se a fins exclusivamente residenciais, sendo que ficou

atribuído a instituição de condomínio que os proprietários atuais ou futuros dos apartamentos, tem di-

reito a uso, gozo e fruição, em caráter perpétuo das áreas da laje e telhado situados acima dos referidos

apartamentos, nas respectivas projeções, podendo seus proprietários ali procederem, por sua conta, ris-

co e inteira responsabilidade, as obras de modificações, aproveitamento, ampliação ou acréscimo nesta

área disponível, tudo as suas expensas e desde que não afetem a solidez ou a segurança do prédio. Bem

como não impeça o livre acesso as partes de uso comum, sem a necessidade de anuência de qualquer

condômino.

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191ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Síndico IsentoDispensa da taxa condominial para o síndico

não constitui para esta renda tributável

Ementa: Tributário. Recurso Especial. Imposto de renda de pessoa física. Isenção da quota condominial

do síndico. Ausência de acréscimo patrimonial. Fato gerador de imposto de renda não configurado. Não

incidência da exação. Recurso Especial do contribuinte provido, em conformidade com o parecer do Minis-

tério Público Federal. 1. Buscou-se com a impetração, na origem, o reconhecimento de que a isenção de

quota condominial pelo Síndico não configura renda para fins de incidência do Imposto de Renda de Pessoa

Física. Defende o impetrante que não recebeu pagamento por prestação de serviços. 2. O teor do dispos-

to no art. 43 do CTN, o aspecto material da regra matriz de incidência tributária do Imposto de Renda é

a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, sendo

certo que o conceito de renda envolve o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos. 3.

Logo, renda, para fins de incidência tributária, pressupõe acréscimo patrimonial ao longo de determinado

período, ou seja, riqueza nova agregada ao patrimônio do contribuinte. Consoante jurisprudência firmada

nesta Corte Superior, o imposto sobre a renda incide sobre o produto da atividade de auferir renda ou pro-

ventos de qualquer natureza, que constitua riqueza nova agregada ao patrimônio do contribuinte, e deve

se pautar pelos princípios da progressividade, generalidade, universalidade e capacidade contributiva, nos

termos dos artigos 153, Inciso III, § 2°, I, e 145, § 1°. da Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988. Sob o viés da matriz constitucional, foi recepcionado o conceito do artigo 43 do CTN, de renda e

proventos, que contém em si uma conotação de contraprestação pela atividade exercida pelo contribuinte

(EREsp n° 1.057.912/ SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 26.4.2011). 4. A quota condominial, contudo, é obrigação

mensal imposta a todos os condôminos para cobrir gastos necessários à manutenção de um condomínio,

ou seja, é despesa, um encargo devido pelos condôminos por convenção condominial. Assim, a dispensa

do adimplemento das taxas condominiais concedida ao síndico pelo labor exercido não pode ser considera-

da pró-labore, rendimento e tampouco acréscimo patrimonial, razão pela qual não se sujeita à incidência

do Imposto de Renda de Pessoa Física, sob pena, inclusive, de violar o princípio da capacidade contributiva.

Não se verifica, de fato, qualquer alteração entre o patrimônio preexistente e o novo, inexistindo ingresso

de riqueza nova em seu patrimônio que justifique a inclusão do valor correspondente à sua quota condomi-

nial como ganho patrimonial na apuração anual de rendimentos tributáveis. 5. A interpretação das regras

jus tributárias deve ser feita sob a inspiração dos princípios regedores da atividade estatal tributária, cujo

escopo é submeter a potestade do Estado à restrições, limites, proteções e garantias do contribuinte. Por

tal motivo, não se pode, do ponto de vista jurídico-tributário, elastecer conceitos ou compreensões, para

definir obrigação em contexto que não se revele prévia e tipicamente configurador de fato gerador. 6. Re-

curso Especial do contribuinte provido, em conformidade com o parecer do MPF.

Dados da decisão: STJ – Recurso Especial nº 1.606.234 – Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho

– Data do Julgamento: 5.12.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 720

Registro de LoteComprei um lote e quero registrar: preciso

fazer projeto de desmembramento?

Ana Lilian*

Não raras vezes nos depa-

ramos com casos em que os

adquirentes de lotes oriundos

de loteamentos, cujos projetos

foram previamente registrados

(alguns há bastante tempo) e

que ao solicitar a transferên-

cia da titularidade do bem, re-

cebem do cartório de registro

de imóveis diversas exigências

para realizar o “desmembra-

mento” da gleba. Importante

salientar que este procedimen-

to (de desmembramento) é

complexo, moroso e caro.

Por isso mesmo é importante

conhecer o procedimento do lo-

teamento para que não seja des-

pendido tempo e dinheiro desne-

cessários. Comecemos por dizer

que tanto o loteamento quanto

o desmembramento são modali-

dades de parcelamento do solo e

são regidos pela Lei nº 6.766/79.

Em ambos os casos o parcela-

mento do solo será precedido de

um projeto que deverá ser apro-

vado por todos os órgãos listados

no texto legal e posteriormente

registrado no Cartório de Registro

de Imóveis. Somente após esse

registro o empreendimento imo-

biliário poderá ser negociado. Por

outro lado, caso não seja efetiva-

do o registro especial, será consi-

derado clandestino o empreendi-

mento imobiliário, sendo vedada a

negociação de seus lotes por ex-

pressa previsão legal, confira-se:

“Art. 37. É vedado vender ou

prometer vender parcela de lo-

teamento ou desmembramento

não registrado”.

Superada a fase de registro

do projeto de loteamento/des-

membramento segue-se para a

fase de abertura das matrículas

dos lotes resultantes, tendo em

vista que estes passam a cons-

tituir nova propriedade. É a li-

teralidade do artigo 884, pará-

grafo terceiro da Consolidação

Notarial e Registral do Estado

do Ceará (Provimento 08/2014/

CGJCE), confira-se:

“Art. 884 – O parcelamento

do solo urbano ou rural poderá

ser feito mediante loteamento

ou desmembramento, observa-

das as disposições legais previs-

tas na legislação federal (v.g. Lei

nº 6.766/79 e Lei nº 10.257/01),

estadual e municipal.

(...)

§ 3º Realizada a divisão do

bem imóvel em lotes, estes pas-

sam a constituir uma nova pro-

priedade, não sendo mais parte

daquele”.

E é aqui que em alguns casos

a confusão se instala. Principal-

mente quando já transcorrido

um tempo considerável entre

o registro do projeto de lotea-

mento e o pedido de abertura

da nova matrícula para o lote.

Alguns cartórios de Registro de

Imóveis têm solicitado que o

requerimento de registro seja

acompanhado de documentos

necessários para a individua-

lização do lote adquirido, tais

como planta, memorial des-

critivo assinados por profissio-

nais habilitados com prova de

anotação de responsabilidade

técnica, e como dito, tais docu-

mentos são complexos e podem

custar bem caro.

Contudo, se o usuário busca

registrar um lote que já foi resul-

tado de um parcelamento, com

projeto previamente registrado

na serventia imobiliária, momen-

to em que todos os documentos

necessários à correta individua-

lização dos imóveis resultantes

do parcelamento acompanharam

o requerimento, ficando inclusi-

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211ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Registro de Lote

ve arquivados no Ofício de RI,

gerando averbações referentes

aos lotes, não há que se falar em

novo desmembramento.

Ora, como visto, a partir do re-

gistro do projeto de loteamento,

cada um dos lotes passou a ser

juridicamente considerado uma

propriedade autônoma, portanto

passível de registro, muito em-

bora a ocasião da abertura da

nova matrícula tenha sido pos-

tergada. Dessa forma, ainda que

o registro anteriormente reali-

zado apresente lacuna de infor-

mações, qualquer falha ocorrida

naquele momento registral não

pode ser imputada ao usuário

em momento posterior por ex-

pressa vedação legal, confira-se:

Lei nº 6.766/79 – Dispõe so-

bre o parcelamento do solo ur-

bano e dá outras providências:

“Art. 20. O registro do lotea-

mento será feito, por extrato, no

livro próprio.

Parágrafo único - No Registro

de Imóveis far-se-á o registro

do loteamento, com uma indi-

cação para cada lote, a aver-

bação das alterações, a abertu-

ra de ruas e praças e as áreas

destinadas a espaços livres ou a

equipamentos urbanos”.

Lei nº 10.169/2000 – Esta-

belece normas gerais para fixa-

ção de emolumentos:

“Art. 3º É vedado:

(...)

IV – cobrar emolumentos em

decorrência da prática de ato de

retificação ou que teve de ser

refeito ou renovado em razão de

erro imputável aos respectivos

serviços notariais e de registro.”

Pelo exposto, ainda que a

serventia não tenha procedido

a correta individualização dos

lotes, nem realizado as averba-

ções necessárias com indicação

para cada um dos imóveis resul-

tantes, a fim de melhor contro-

lar a negociação sobre cada um

deles, não pode transferir a res-

ponsabilidade ao usuário dada

a vedação contida no Inciso IV,

artigo 3º retromencionado.

* A autora é Advogada Fortaleza, CE. Graduada em Direito, Pós graduanda em Direito Notarial e

registral.

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 722

Comissão de CorretagemComissão de corretagem é indevida quando

se dá pela desistência do comprador

Uma transação imobiliária na qual existem o comprador, o vendedor e o corretor de uma unidade

autônoma residencial. A transação imobiliária seria uma parte através da instituição bancária pela Caixa

Econômica Federal, na qual a engenharia rejeitou por um detalhe estrutural do imóvel. Esse reparo, será

feito, porém a nova engenharia só poderá realizá-lo daqui 6 meses.

Pergunta: No caso, por essa demora, o comprador desistiu da compra do imóvel e o corretor exige

do vendedor a comissão de corretagem pelo qual a transação não foi concretizada. A comissão é válida?

BDI Responde: Não há que se falar em comissão de corretagem nesse caso. Pois a comissão de cor-

retagem é indevida quando há desistência por parte do comprador, pois não se trata de arrependimento

e sim da desistência da compra. No caso acima a desistência se deu por conta do comprador por não ter

conseguido o financiamento devido a problemas no imóvel e o interessado na compra não pode esperar

até que o problema seja sanado.

Veja a íntegra em nosso site: www.diariodasleis.com.br.

- BDI nº 17 – ano: 2018 – (Jurisprudência).

É indevida a cobrança de taxa SATI e devidaa comissão de corretagem nos compromissos de compra

e venda desde que expressamente previstas

Ementa: Apelação. Compromisso de Compra e Venda. Discussão acerca da legalidade da comissão

de corretagem e SATI. 1. Segundo entendimento fixado em recursos repetitivos decididos pelo Eg. STJ,

nos compromissos de compra e venda é indevida a cobrança de assessoria imobiliária (SATI) e devida

a comissão de corretagem desde que expressamente previstas. 2. Desse modo, considerando que deve

ser aplicada a interpretação mais favorável ao consumidor, todas as quantias que não restaram incon-

testavelmente reconhecidas como remuneração pela intermediação da venda deverão ser devolvidas. 3.

Recurso provido em parte, nos termos explicitados.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1048814-19.2016.8.26.0114 – Relatora: Clara Maria

Araújo Xavier - Data do julgamento: 6.2.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Taxa SATI

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231ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Alienação FiduciáriaNulidades na intimação por editalpara leilão de imóvel financiado

Rafael Rocha Filho*

Quando alguém adquire um

imóvel através de um finan-

ciamento, sem oferecer uma

garantia para o pagamento da

dívida, é comum que a insti-

tuição financeira institua sobre

o próprio bem financiado uma

medida para resguardar o rece-

bimento do valor emprestado,

em caso de inadimplência. Essa

garantia é denominada de alie-

nação fiduciária.

Existem outros meios de ga-

rantias como: a hipoteca, a ces-

são fiduciária de direitos creditó-

rios decorrentes de contratos de

alienação de imóveis e a caução

de direitos creditórios ou aqui-

sitivos decorrentes de contratos

de venda ou promessa de venda

de imóveis, todas previstas no

art. 17, da Lei nº 9.514/97.

A alienação fiduciária possi-

bilitará que a instituição financeira

realize a alienação do próprio bem,

quando o comprador não cum-

prir com a sua obrigação de pa-

gamento do financiamento, de

forma extrajudicial, isto é, sem

a intervenção do Poder Judici-

ário (ação judicial), através de

leilão, buscando minorar o seu

prejuízo e recuperar, ao máxi-

mo, o valor emprestado.

Quando ocorre o registro do

contrato da propriedade fidu-

ciária do bem, no competente

Registro de Imóveis, ocorrerá o

desdobramento da posse, tor-

nando-se o fiduciante o possui-

dor direto e o fiduciário o pos-

suidor indireto do imóvel.

Havendo o pagamento inte-

gral da dívida e de seus encar-

gos, a propriedade fiduciária do

imóvel se resolverá, cabendo à

instituição financeira fornecer

o termo de quitação ao fidu-

ciante, que poderá requerer ao

oficial do Registro de Imóveis

o cancelamento do registro da

propriedade fiduciária.

Até esse momento tudo bem,

a execução do contrato se deu

de modo esperado e regular

pelas partes. O problema sur-

ge quando não ocorre o paga-

mento, por parte do fiduciante,

o que levará o imóvel a leilão.

Ocorre que, para a realização

da alienação do bem, em leilão,

é necessário que alguns requi-

sitos sejam cumpridos, sem os

quais poderá resultar em sua

anulação/nulidade, através de

uma ação judicial intentada para

este fim, impedindo a venda do

imóvel, resguardando os direi-

tos e interesses do comprador.

Constituição em morarequisito indispensável

para a realização do leilãoAntes de realizar o citado lei-

lão, cabe à instituição financeira

fazer a constituição em mora do

devedor, que ocorre mediante a

sua intimação para realizar o

pagamento dos valores que não

foram pagos, o que é denomi-

nado de purgação da mora.

É como se fosse uma segun-

da chance para quem está de-

vendo regularizar a sua situa-

ção perante o banco, evitando

um prejuízo maior que o leilão

proporcionará.

O prazo para realizar esse pa-

gamento é de 15 (quinze) dias,

conforme o art. 26, § 1º, da Lei

nº 9.514/97, e deverá envolver

a(s) prestação(ões) vencida(s)

e as que se vencerem até a data

do pagamento, os juros con-

vencionais, as penalidades e os

demais encargos contratuais, os

encargos legais, inclusive tribu-

tos, as contribuições condomi-

niais imputáveis ao imóvel, além

das despesas de cobrança e de

intimação.

Caso ocorra o pagamento de

todos esses débitos, o contra-

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 724

Alienação Fiduciária

to terá seguimento normal e o

imóvel não sofrerá o leilão. En-

tretanto, se não houver o adim-

plemento dos débitos no prazo

mencionado, haverá a consoli-

dação da propriedade fiduciária

em nome da instituição finan-

ceira, permitindo a venda do

bem.

Esse procedimento é indispen-

sável para que seja permitida a

alienação do bem, posteriormen-

te. Havendo vícios nessa fase,

isso poderá resultar na anulação

ou nulidade do procedimento.

Problemas verificadosna intimação para a

constituição em moraÉ comum, entretanto, que

esse procedimento de constitui-

ção em mora e consolidação da

propriedade fiduciária não ocorra

de modo regular, conforme a le-

gislação pertinente exige.

A intimação para que o de-

vedor seja cientificado da exis-

tência do débito e que realize o

pagamento, sob pena de conso-

lidação da propriedade, deve ser

realizada de modo pessoal, ou

seja, na sua pessoa, não admi-

tindo que terceiros recebam esse

tipo de documento, exceto o fun-

cionário da portaria responsável

pelo recebimento de correspon-

dência, nos condomínios edilícios

ou outras espécies de conjun-

tos imobiliários com controle de

acesso, consoante a previsão do

art. 26, § 3º-B, Lei nº 9.514/97.

E é extremamente comum

que o devedor não seja encon-

trado. Geralmente, quem está

passando por alguma dificuldade

financeira a ponto de impedir o

pagamento das parcelas do seu

imóvel não será encontrado fa-

cilmente para receber essa inti-

mação.

Intimação por editale possíveis nulidades

Nesse momento, demonstra-

da a inviabilidade de localização

do devedor, a lei previu uma

alternativa ao credor, possibili-

tando que haja a intimação ficta

e o desdobramento do procedi-

mento de consolidação da pro-

priedade que permitirá a reali-

zação do leilão.

Trata-se da intimação por

edital, mas existem vários re-

quisitos para que essa forma

de intimação seja considerada

como válida e eles se encon-

tram no art. 26, § 4º, da Lei nº

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251ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

9.514/97, a saber:

“§ 4º Quando o fiduciante,

ou seu cessionário, ou seu re-

presentante legal, ou procura-

dor encontrar-se em local igno-

rado, incerto ou inacessível, o

fato será certificado pelo ser-

ventuário encarregado da di-

ligência e informado ao oficial

de Registro de Imóveis, que,

à vista da certidão, promoverá

a intimação por edital publica-

do durante 3 (três) dias, pelo

menos, em um dos jornais de

maior circulação local ou nou-

tro de comarca de fácil acesso,

se no local não houver impren-

sa diária, contado o prazo para

purgação da mora da data da

última publicação do edital.”

É necessário, primeiramen-

te, que haja certeza da impossi-

bilidade de se encontrar o deve-

dor, o que deve ser feito através

do esgotamento das tentativas

de intimação por outras formas,

como certidão expedida pelo

oficial do Cartório de que houve

diligências naquela localidade

sem a possibilidade de encon-

trar o devedor; cartas com avi-

so de recebimento (AR) frustra-

das etc.

Não basta que tenha havido

apenas uma tentativa de encon-

trar o devedor ou que existam

informações de que ele se en-

contra em outro lugar, sem bus-

car encontrá-lo naquela outra

localidade. Isso frustra a exigên-

cia de “local ignorado, incerto ou

inacessível” e poderá resultar na

nulidade/anulação do leilão.

Existindo, no processo de

consolidação, certidão de que

o devedor tenta se ocultar para

não receber a intimação, have-

rá a necessidade de se proceder

com a intimação por hora certa,

prevista no art. 26, § 3º-A, da

Lei nº 9.514/97. Adotar a inti-

mação por edital, nessa situa-

ção, é um vício insanável que

comprometerá a realização do

leilão.

Também é exigível que tenha

havido a publicação da intima-

ção durante 3 (três) dias, pelo

menos, em um dos jornais de

maior circulação local ou noutro

da comarca de fácil acesso. Isso

deve ficar documentado no pro-

cesso de consolidação.

Não existindo essa publica-

ção no jornal ou havendo-a,

mas em prazo inferior a três

dias, comprometerá o procedi-

mento previsto em lei, redun-

dando na invalidade da con-

solidação da propriedade e,

consequentemente, no leilão do

imóvel.

Por fim, o prazo para que o

devedor faça o pagamento dos

débitos, purgando a mora, se

iniciará da data da última pu-

blicação da intimação do edital

no jornal.

Negando o Cartório a rece-

ber os valores, antes do trans-

curso desse prazo, ou fixando

um período menor para paga-

mento nas publicações, isto ge-

rará, certamente, na anulação/

nulidade do procedimento.

Necessidade da análise do processo de consolidação da propriedade fiduciáriaPara verificar se houve algum

defeito na realização do proces-

so de consolidação da proprie-

dade fiduciária, algo que poderá

resultar na anulação do procedi-

mento, com a retirada do imóvel

de leilão marcado, é imprescin-

dível a análise do processo de

consolidação de modo integral,

por um profissional qualificado.

Esse processo pode ser ob-

tido por qualquer pessoa, pe-

rante o Cartório de Registro de

Imóveis onde aquele bem fora

registrado, mediante o paga-

mento de uma taxa. Os Car-

tórios, em até 4 dias (os mais

demorados), fornecerão o pro-

cesso completo.

Havendo alguma nulidade cons-

tatada, o caso poderá ser judi-

cializado com grandes chances

de sucesso.

* O autor é Advogado em Goiânia, GO. Especialista em Direito Civil e Processual Civil.

Alienação Fiduciária

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 726

Muro VizinhoÉ possível estabelecer limites para

o muro vizinho de seu imóvel

Pergunta: É possível exigir que meu vizinho recue toda e qualquer estrutura (calha, cerca elétrica,

concertina antena), para o limite da face do muro do lado dele? Qual o fundamento jurídico?

BDI Responde: A fundamentação está na aplicação do art. 1.300 do Código Civil. “O proprietário

construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho) ou

mesmo do art. 105 do Código de Águas.” O proprietário edificará de maneira que o beiral de seu telhado

não despeje sobre o prédio vizinho, deixando entre este e o beiral, quando por outro modo não o possa

evitar, um intervalo de 10 centímetros, quando menos, de modo que as águas se escoem, pois não se

está diante de prédio vizinho.

“Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o

direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos”. A ação versa sobre Direito de Vizinhança, para

resolver os problemas causados pelo vizinho.

Esse é um assunto bem polêmico e gera bastante discussão, existe uma série de fatores que devem

ser analisados antes de qualquer atitude, em primeiro lugar a segurança de todos e uma conversa com

o vizinho para que se resolva da melhor forma possível.

Imóvel de herança poderá ser usucapido por herdeiro desde que comprove a sua posse exclusiva

Pergunta: É possível um imóvel de herança ser usucapido?

BDI Responde: Sim, é possível após o falecimento do de cujus um dos herdeiros pleitear a usucapião

sobre o imóvel objeto de herança, desde que exerça a posse por si mesmo, ou seja, desde que compro-

vados os requisitos legais atinentes à usucapião, bem como tenha sido exercida a posse exclusiva com

efeito animus domini pelo prazo determinado em lei, sem qualquer oposição dos demais proprietários.

Na maioria das vezes a herança e a partilha podem ser resolvidas de forma rápida entre as partes, por

isso o interessado deve regularizar sua situação o quanto antes.

Usucapião

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271ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

E aí consumidor, o sonho de ter um imóvelvirou pesadelo devido ao atraso da obra?

Ruben de Carvalho*

O término da obra é um fato

aguardado tanto pelo incorpo-

rador, quanto pelo consumidor

(principalmente). O incorporador

porque satisfará sua obrigação

e poderá finalmente apurar com

precisão o resultado efetivo que o

projeto gerou: lucro ou prejuízo.

O consumidor por questão óbvia,

isto é, poderá finalmente ter pos-

se do sonhado imóvel próprio ou

desfrutar do investimento.

O problema atual é que em

consequência da instabilidade

econômica o incorporador endi-

vidado junto às instituições fi-

nanceiras, com vários projetos

em andamento e sem a procura

de clientes interessados no seu

produto, foi submetido a um

novo dilema: gastar e concluir

as obras dentro do prazo pre-

visto, suportando, após a con-

clusão, a despesa que o estoque

de unidades não comercializa-

das lhe dará (taxa condominial,

IPTU, manutenção, etc.), ou di-

minuir o ritmo, frustrar o cro-

nograma de obras e desagradar

os consumidores que adquiri-

ram o seu produto. A verdade é

que nos últimos anos aumentou

significativamente o número de

projetos com obras em atraso.

Todavia, existem outros fa-

tores que podem influenciar po-

sitiva ou negativamente para o

cronograma de obras: condições

climáticas, interface com os ór-

gãos públicos, sazonalidades do

terreno a ser ocupado ou mão

de obra qualificada à disposição,

por exemplo.

Pois bem. Adentrando no âm-

bito jurídico dessa relação con-

sumerista, temos que já está

sedimentado que o incorporador

é tido como fornecedor e possui

responsabilidade objetiva pelos

danos causados aos consumido-

res. Dessa forma, importante ex-

planar sobre os “famosos” caso

fortuito e de força maior, já ante-

cipando que somente a segunda

hipótese seria capaz de isentar o

incorporador de sua responsabi-

lidade. Ensina Luiz Antônio Sca-

vone Júnior que:

“O caso fortuito seria a im-

possibilidade relativa (impossí-

vel para o agente) e o motivo

de força maior a impossibilidade

absoluta (impossível para quem

quer que seja). Por outro enfo-

que, o caso fortuito, também

denominado fortuito interno,

pode ser considerado o fato ou

ato ligado à pessoa do devedor

ou à sua empresa, por exem-

plo, doença, greve, etc. O mo-

tivo de força maior ou fortuito

externo, por seu turno, é em-

pregado para designar os atos

externos. De um lado, os decor-

rentes de determinações legais,

como a proibição, por ato pos-

terior, de exportação de gêne-

ros que à época da constituição

da obrigação era permitida, e,

de outro lado, os fenômenos

naturais, como as enchentes,

o incêndio, etc., além dos fatos

políticos, como as guerras, re-

voluções, etc”.[1]

O mais curioso é que o tema

já foi objeto de tantas deman-

das judiciais, que o Tribunal de

Justiça de São Paulo formulou

a súmula 161 à respeito, afas-

tando muitas das principais ale-

gações usadas pelos incorpora-

dores para justificarem o atraso

das obras. Isso é muito bom

para o consumidor. Vejamos:

“Súmula 161: Não constitui

hipótese de caso fortuito ou de

força maior, a ocorrência de chu-

vas em excesso, falta de mão de

obra, aquecimento do mercado,

Atraso na Entrega

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 728

embargo do empreendimento ou,

ainda, entraves administrativos.

Essas justificativas encerram ”res

inter alios acta” em relação ao

compromissário adquirente”.

Cabe a recordação de que o

contrato firmado entre o incor-

porador e o consumidor é um

contrato de adesão, elaborado

ao gosto exclusivo do incor-

porador. Logo, obviamente, o

cronograma de prazos foi de-

senvolvido pensando na maior

conveniência possível de quem

é responsável pela execução e

entrega das obras: o próprio in-

corporador.

Mesmo assim, ainda é cos-

tumeiro a estipulação de cer-

to período de carência, sob a

justificativa de prevenção a in-

fortúnios que podem acarretar

prolongamento não planejado.

Nossos tribunais entendem que

o prazo de carência de até 180

dias é aceitável, condenado o

incorporador a realizar as de-

vidas indenizações ao consumi-

dor somente após esse período.

Existe dano moral!O artigo 14 do Código do Con-

sumidor diz que o fornecedor de-

verá reparar os danos causados

ao consumidor por defeitos rela-

tivos ao produto ou à prestação

de serviço. O artigo 927 do Códi-

go Civil dispõe, por sua vez, que

“aquele que, por ato ilícito (arts.

186 e 187)[2], causar dano a ou-

trem, fica obrigado a repará-lo”.

A situação de ser privado de

ter a posse do sonhado imóvel

no exato prazo previsto não

configura mero aborrecimento,

nem circunstância comum do

cotidiano, mas sim um transtor-

no atípico. Essa má prestação

do serviço é capaz de causar

danos de natureza extrapatri-

monial, o que caracteriza os

danos morais.

A doutrina vem firmando

entendimentos convergentes e

cristalinos em relação ao dano

moral. Nehemias Domingos de

Melo, afirma que:

“O dano moral é toda agres-

são injusta àqueles bens imate-

riais, tanto de pessoa física como

de pessoa jurídica ou coletivida-

de, insuscetível de quantificação

pecuniária, porém indenizável

com tríplice finalidade: satisfa-

tiva para a vítima, dissuasória

para o ofensor e de exemplari-

dade para a sociedade”.[3]

Nesse sentido, temos que a

demora excessiva na entrega

do imóvel priva o consumidor

da posse de seu bem, o que

pode incorrer em uma série de

problemas e sofrimentos. O Tri-

bunal de Justiça de São Paulo

reconhece o dever de o incor-

porador indenizar moralmente

o consumidor devido ao atraso

da obra:

“Esta conduta, com seguran-

ça, afetou a dignidade do autor,

que não pôde usufruir do bem

adquirido e se viu, até então,

privado das quantias desembol-

sadas. Assim, embora a questão

trate de inadimplemento con-

Atraso na Entrega

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291ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

tratual risco inerente a qualquer

negócio jurídico, justifica-se

o pedido de reparação por da-

nos morais. (...). Considerando

as circunstâncias apontadas,

revela-se razoável estabele-

cer a reparação no valor de R$

20.000,00, porquanto tal mon-

tante, considerando a repercus-

são do fato, as condições pes-

soais do autor e da ré, atende à

moderação que se reclama nes-

tes casos e está de acordo com

a orientação da jurisprudência

do Tribunal”.[4]

E o prejuízo financeiroapurado pelo consumidor,

como fica?Objetivamente podemos ime-

diatamente concluir que quando

a obra atrasa o prejuízo financei-

ro existe e decorre exatamente

da impossibilidade de usufruir

do imóvel adquirido. Valendo-se

dos ensinamentos de Luiz An-

tônio Scavone Júnior, que após

a análise de vários casos, pôde

concluir:

“Portanto, de maneira unifor-

me, a jurisprudência admite que

seja o imóvel adquirido para lo-

cação ou não, seja a opção do

adquirente pela resolução ou

pelo cumprimento a destem-

po, que os alugueres durante

o período de atraso correspon-

dente aos prejuízos indenizá-

veis a título de danos materiais,

notadamente a título de lucros

cessantes, sendo essa a orien-

tação do Tribunal de Justiça de

São Paulo na Sumula 162, se-

gundo a qual: descumprido o

prazo para a entrega do imóvel

objeto do compromisso de ven-

da e compra, é cabível a conde-

nação da vendedora por lucros

cessantes, havendo a presunção

de prejuízo do adquirente, inde-

pendentemente da finalidade do

negócio”.[5]

O consumidor já sofre por

diversos motivos, seja por se

sujeitar ao conteúdo contra-

tual imposto pelo fornecedor,

seja por realizar desembolsos

mesmo antes da posse do imó-

vel, seja por aguardar grande

período vivendo à expectati-

vas de poder finalmente habi-

tar em seu lar ou desfrutar de

seu investimento. Por isso, a

doutrina e a jurisprudência são

complementares e conclusivas:

a incorporadora deve ressarcir

o prejuízo financeiro apura-

do pelo consumidor devido ao

atraso da obra.

Notas:[1] Scavone Júnior, Luiz An-

tônio, 1966 – Direito Imobiliá-

rio – Teoria e Prática/ Luiz An-

tônio Scavone Júnior. - 10 ed.

- rev., atual e ampl. - Rio de

Janeiro: Forense, 2016. Página

383.

[2] Artigo 186: “Art. 186.

Aquele que, por ação ou omis-

são voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e

causar dano a outrem, ainda

que exclusivamente moral, co-

mete ato ilícito.

[3] MELO, N. D. Dano Moral

nas Relações de Consumo: dou-

trina e jurisprudência. São Pau-

lo, Ed. Saraiva, 2012, p. 104.

[4] Tribunal de Justiça de

São Paulo, 10ª Câmara de Di-

reito Privado, Apelação nº

0034328-46.2012.8.26.0224,

Relator: Carlos Alberto Garbi,

25 de agosto de 2015

[5] Scavone Júnior, Luiz An-

tônio, 1966 – Direito Imobiliário

– Teoria e Prática/ Luiz Antônio

Scavone Júnior. - 10 ed. - rev.,

atual e ampl. - Rio de Janeiro:

Forense, 2016. Página 396.

* O autor é Advogado em São Paulo, SP. Sócio em escritório especialista na defesa dos direitos

dos consumidores. Atuante também em questões imobiliárias, com experiência de mais de 8 anos

nas principais empresas nacionais do segmento de construção, incorporação, loteamento, locação e

comercialização de imóveis.

Atraso na Entrega

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 730

Usucapião

Não se pode propor ação de usucapião para a obtençãoda individualização e o registro de fração de imóvel

objeto de condomínio em loteamento irregular

Ementa: Agravo Interno nos Embargos de Declaração no Recurso Especial. Ação de Usucapião. Imó-

vel rural fracionado. Inexistência de matrícula individualizada. Interesse de agir. Ausência. Precedente.

Agravo desprovido. 1. É inadmissível a utilização da ação de usucapião para que a parte obtenha a in-

dividualização e o registro de fração de imóvel objeto de condomínio em loteamento irregular. Assim,

será útil, necessária e adequada a tutela jurisdicional somente quando o provimento pretendido for apto

a corrigir a situação concreta, isto é, se a pretensão de direito material tem aptidão para solucionar a

questão de fato objeto de controvérsia, o que não se verifica na espécie. Precedente. 2. Agravo interno

desprovido.

Dados da Decisão: STJ – Recurso Especial nº 1539964 – Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze –

Data do Julgamento: 9.12.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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311ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Penhora

Imóvel comercial e residencial pode ser penhorado?

Afinal, é possível o bloqueio judicial de imóvel conjugado (casa e comércio)?

João Domingos Advogados*

Primeiro, é importante anali-

sar se é possível desmembrar o

imóvel, ou melhor, se é possível

separar a parte residencial da

comercial.

Exemplo:Um imóvel que na frente

seja um bar e na parte dos fun-

dos seja a casa do proprietário.

Dependendo da forma como

está estruturada a entrada do

imóvel e as demais constru-

ções, talvez seja possível sepa-

rá-los, sem que haja prejuízo à

parte residencial.

Nesse caso, a Justiça pode

decidir pela proteção apenas da

casa, desde que seja compro-

vado que é um bem de família.

Com o auxílio de perito, será

delimitado quais as metragens,

os limites e as confrontações da

parte comercial e da residencial.

Assim, são criados dois imó-

veis: o comercial e o residencial.

Desse modo, para pagamen-

to da dívida, é possível fazer a

penhora apenas sobre a parte

comercial do imóvel e vendê-lo

em leilão. Com isso, é evitada a

penhora e a venda da parte re-

sidencial, pois será reconhecida

como bem de família.

E o que é bem de família?Bem de família é o imóvel re-

sidencial que pertence ao deve-

dor, e é onde reside com a sua

família. Esse imóvel é conside-

rado algo que dá a você uma mí-

nima e digna condição de vida.

Por isso, esse lugar de moradia

não pode ser tomado à força.

Também, não poderá ser alvo

de penhora (bloqueio judicial),

não podendo ser vendido de ma-

neira forçada através de leilão.

São requisitos obrigatórios

para a proteção legal do bem

de família:

- Imóvel residencial

- O devedor deve residir no

imóvel

- Se o devedor possuir mais

de um imóvel residencial, será

considerado bem de família o

que possuir menor valor.

Em regra, mesmo que uma

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 732

pessoa possua dívidas, ela não

poderá perder a sua casa para

quitar o débito, pois é um bem

necessário à sua subsistência.

Por esses motivos se fala tanto

em impenhorabilidade de bem

de família, buscando proteger o

único patrimônio da sua família.

Contudo, há algumas exceções

previstas na lei que permitem a

penhora e a venda do bem de

família.

O que acontece se não for possível a divisão do imóvel entre a parte comercial e a

residencial?É importante observar que

tem de haver a possibilidade de

separação física entre a parte

comercial e a residencial. Então,

para saber se o imóvel pode ser

dividido, é preciso avaliar se a

divisão proposta estará em con-

formidade com as leis de parce-

lamento do solo.

Essas leis variam para cada

município, em que são defini-

das, por exemplo:

• a metragem mínima que

pode ter um lote;

• a metragem mínima de

frente para a calçada que deverá

ter a fachada de cada imóvel; e

• a possibilidade de uma en-

trada independente para cada

imóvel, dentre outros requisitos.

Havendo uma parte comer-

cial e residencial, poderá ser

reconhecido como bem de fa-

mília apenas a parte residen-

cial. Assim, ocorre a divisão do

restante do imóvel, desde que

observadas as regras legais,

descritas no exemplo acima.

Porém, se não for possível a

separação da parte residencial

e da comercial, a Justiça tem

decidido que todo o imóvel de-

verá ser considerado como bem

de família e, portanto, não po-

derá ser penhorado.

ConclusãoAfinal, é possível bloquear ou

penhorar um imóvel comercial e

residencial?

Para ter essa resposta, pri-

meiro você precisa analisar se é

possível desmembrar o imóvel.

Essa análise é feita por peri-

tos (judiciais ou particulares) e,

assim, emitido um laudo para a

Justiça.

Então, se for possível separar

a parte residencial da comercial,

haverá a determinação da Justi-

ça para a separação do imóvel.

Depois, o juiz mandará blo-

quear e vender apenas a parte

comercial, preservando a parte

residencial à sua família.

Por fim, para fazer a análise

dos riscos e lhe ajudar na defe-

sa do seu patrimônio, é impor-

tante que você procure advoga-

dos especialistas nessa área.

* O autor é Advogado em Goiânia, GO.

Penhora

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331ª quinzena - Abril 2020 - nº 7

Extrato de penhora online não é aceito para mover ação

monitória contra proprietária de apartamento

Ementa: Direito Processual Civil. Recurso Especial. Ação Monitória. Prequestionamento. Ausência.

Súmula 211/STJ. Extrato de penhora online e outros documentos. Prova escrita que, na hipótese, não é

hábil a embasar o ajuizamento da ação monitória. 1. Ação monitória, por meio da qual a autora alega ser

credora da ré de valores que foram objeto de penhora online em ação de cobrança de cotas condominiais

ajuizada em seu desfavor. 2. Ação ajuizada em 21/10/2013. Recurso especial concluso ao gabinete em

04/10/2017. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito recursal é definir se o extrato de penhora online e

os documentos que instruíram a inicial são suficientes para configurar a prova escrita hábil ao ajuiza-

mento de ação monitória. 4. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pela recorrente

em suas razões recursais, não obstante a oposição de embargos de declaração, impede o conhecimento

do recurso especial. 5. A prova hábil a instruir a ação monitória, isto é, apta a ensejar a determinação

da expedição do mandado monitório – a que alude os arts. 1.102-A do CPC/73 e 700 do CPC/2015 –,

precisa demonstrar a existência da obrigação, devendo o documento ser escrito e suficiente para, efe-

tivamente, influir na convicção do magistrado acerca do direito alegado, não sendo necessário prova

robusta, estreme de dúvida, mas sim documento idôneo que permita juízo de probabilidade do direito

afirmado pelo autor. 6. Na específica hipótese dos autos, contudo, não é possível concluir que o extrato

de penhora online, ocorrida em contas bancárias de titularidade da recorrida e utilizado para embasar a

presente monitória, confira certo juízo de probabilidade a respeito da relação jurídica obrigacional que

comprove débito de responsabilidade da suposta possuidora e proprietária do imóvel, ora recorrente. 7.

Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido.

Dados da Decisão: STJ – Recurso Especial n° 1.713.774 – Relatora: Ministra Nancy Andrighi – Data

do Julgamento: 10.10.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Penhora

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1ª quinzena - Abril 2020 - nº 734

InventárioImóvel do de cujus sem escritura pública ou registro

na matrícula do imóvel pode ser inventariadosobre a promessa de compra e venda

Perguntas:

1- Os direitos inerentes à um imóvel objeto de contrato particular de compra e venda ou contrato

particular de promessa de compra e venda, em que o de cujus aparece como comprador, sem realização

de escritura pública ou registro na matrícula do imóvel, podem ser inventariados?

2 - Um imóvel sem matrícula no registro de imóveis (sem ter sido escriturado), pode ser inventariado?

3 - Se ainda o de cujus estava arcando com o imóvel (contrato de promessa de compra e venda), logo,

não o quitando integralmente, o que ocorre? O quinhão responde pelo valor faltante?

4 - Se os herdeiros não localizarem o contrato particular em que o de cujus aparece como comprador

do imóvel, a aquisição do bem pode ser comprovada através de testemunhas?

5 - Se o imóvel em que o de cujus adquiriu é parte de um lote ainda não desmembrado no registro

de imóveis, o inventário pode ocorrer? Ademais, se os herdeiros quiserem vender parte desse lote para

um terceiro, é possível através de escritura pública de cessão de direitos hereditários? Ou é necessário

regularizar o desmembramento antes?

BDI Responde:

1- Sim. Podem ser inventariados os direitos sobre a promessa de compra e venda, nos termos do art.

620, Inciso IV, alínea “g”, do CPC e dos arts. 1.206 e 1.784 do Código Civil.

2- Sim. Se existem direitos de posse os mesmos poderão ser inventariados. Vide resposta “1”

3 - Neste caso, ou o vendedor ingressa com uma Ação de Rescisão por inadimplemento das parcelas,

cumulada com Reintegração de Posse ou o comprador ingressa:

a) Com uma Ação Declaratória de Prescrição das parcelas não pagas ou;

b) Com Usucapião.

4 - Pode ser comprovado através do tempo da posse, pagamentos, IPTU, testemunhas, recibos, de-

pósitos etc.

5 - No Inventário poderão ser mencionados os direitos da parte que o “de cujus” comprou, para pos-

teriormente ser desmembrado do todo.

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Mar./2019 1,2553 1,0731 0,6515 1,3545 0,3125 0,7701 0,7500 0,5106

Abr. 0,9186 0,9033 0,6287 1,0900 0,3786 0,6000 0,5700 0,2871

Mai. 0,4455 0,3999 0,2207 0,5248 0,0334 0,1499 0,1300 (-) 0,0173

Jun. 0,7953 0,6309 (-) 0,0244 0,8319 0,8839 0,0099 0,0100 0,1547

Jul. 0,3961 (-) 0,0080 0,3078 (-) 0,2166 0,5765 0,0999 0,1901 0,1438

Ago. (-) 0,6669 (-) 0,5067 0,1669 (-) 0,9035 0,4242 0,1200 0,1101 0,3302

Set. (-) 0,0054 0,5032 0,0033 0,6950 0,4635 (-) 0,0500 (-) 0,0400 0,0015

Out. 0,6751 0,5496 (-) 0,0858 0,8431 0,1834 0,0400 0,1000 0,1644

Nov. 0,3001 0,8501 0,4856 1,1145 0,0369 0,5400 0,5100 0,6822

Dez. 2,0918 1,7415 0,7684 2,3398 0,2082 1,2201 1,1501 0,9397

Jan./2020 0,4770 0,0931 0,5855 (-) 0,1273 0,3768 0,1899 0,2100 0,2868

Fev. (-) 0,0406 0,0120 (-) 0,0067 (-) 0,0312 0,3296 0,1700 0,2500 0,1061

MESESTR (¹)

%POUPANÇA NOVA - % (²)

(A partir de 4.5.2012)POUPANÇA ANTIGA - % (²)

(Até 3.5.2012)SALÁRIO-MÍNIMO

R$

DÓLARCOMERCIAL (³)

R$

Abr./2019 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,8967

Mai. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,9453

Jun. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,9407

Jul. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,8322

Ago. 0,0000 0,3434 0,5000 998,00 3,7649

Set. 0,0000 0,3434 0,5000 998,00 4,1385

Out. 0,0000 0,3153 0,5000 998,00 4,1644

Nov. 0,0000 0,2871 0,5000 998,00 3,9786

Dez. 0,0000 0,2871 0,5000 998,00 4,2240

Jan./2020 0,0000 0,2588 0,5000 1039,00 4,0307

Fev. 0,0000 0,2588 0,5000 1045,00 4,2695

Mar. 0,0000 0,2446 0,5000 1045,00 4,4987

1. TR - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Poupanças Nova e Antiga - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês. A poupança antiga aplica-se aos depósitos feitosaté 3.5.2012. Já a Poupança Nova aplica-se aos depósitos feitos a partir de 4.5.2012.3. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (4)

Reajuste em Dez./2019 Reajuste em Jan./2019 Reajuste em Fev./2019 Reajuste em Mar./2019Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 1,0397 IGP-M/FGV 1,0730 IGP-M/FGV 1,0781 IGP-M/FGV 1,0682

IGP-DI/FGV 1,0538 IGP-DI/FGV 1,0770 IGP-DI/FGV 1,0772 IGP-DI/FGV 1,0640

IPC-DI/FGV 1,0361 IPC-DI/FGV 1,0411 IPC-DI/FGV 1,0413 IPC-DI/FGV 1,0376

INPC/IBGE 1,0337 INPC/IBGE 1,0448 INPC/IBGE 1,0430 INPC/IBGE 1,0392

IPC-A/IBGE 1,0327 IPC-A/IBGE 1,0431 IPC-A/IBGE 1,0419 IPC-A/IBGE 1,0401

IPC/FIPE 1,0353 IPC/FIPE 1,0440 IPC/FIPE 1,0410 IPC/FIPE 1,0364

4. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.