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 a Setor de Ensino a Distância Barbacena    MG 2011 AVICULTURA Prof. Adriano Boratto

AVICULTURA

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AVICULTURAProf. Adriano Boratto

Setor de Ensino a Distncia Barbacena MG 2011

Prezado (a) estudante,

Seja bem vindo a mais uma etapa de estudo e aprendizagem! Esta apostila o resultado da reunio de textos de vrios autores, materiais acadmicos e trechos de minha autoria. Espero que esse material possa auxili-lo em sua vida profissional. Coloco-me a disposio para dvidas e sugestes.

Atenciosamente, Adriano Jos Boratto

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SEO 1 - INTRODUO1) Origem e domesticao das aves ............................................................................... 5 2) Anatomia e biologia das aves ..................................................................................... 6 3) Classificao das aves ................................................................................................ 7 4) Principais raas utilizadas nos programas de melhoramento das aves ................... 8 6) Sistemas de produo avcola .................................................................................. 10

SEO 2 - AVICULTURA DE CORTE1) Produo e desenvolvimento avcola no Brasil ...................................................... 2) Manejo inicial do frango de corte ........................................................................... 3) Manejo do frango de corte em desenvolvimento...................................................... 4) Abate das aves ........................................................................................................ 12 17 27 37

SEO 3 - AVICULTURA DE POSTURA1) Sistemas e Densidades de Criao ............................................................................. 44 2) Distribuio de equipamentos durante o perodo de crescimento .............................. 46 3) Debicagem .................................................................................................................. 46 4) Programa de luz recomendado para poedeiras comerciais ........................................ 49 5) Verificao dos pesos corporais e uniformidade do lote de aves .............................. 54 6) Apanha das aves e transporte para gaiolas de postura .............................................. 55 7) Formao do ovo ....................................................................................................... 55 8) Produo de ovos ...................................................................................................... 56 9) Muda Forada ............................................................................................................ 58 10) Qualidade, classificao e comercializao dos ovos ............................................. 61

SEO 4 SANIDADE AVCOLA1) 2) 3) 4) 5) Bem-estar Animal .................................................................................................... 65 Biosseguridade ......................................................................................................... 68 Vacinao ................................................................................................................. 76 Principais doenas da produo avcola .................................................................. 91 Consideraes finais ................................................................................................ 99

SEO 5 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1) Referncias Bibliogrficas ..................................................................................... 99

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SEO 1 - INTRODUO 1) ORIGEM E DOMESTICAO DAS AVESAs aves derivam de um tronco de rpteis (semelhante aos que produziram os dinossauros) h cerca de 150 milhes de anos, sendo que h 4 milhes de anos, o ancestral humano adquiria a postura vertical. Ainda para uma referncia cronolgica, fsseis desse ancestral com 100 mil anos encontrados na frica, j se mostravam uma maior semelhana com o homem moderno, mas a histria da espcie humana s comeou mesmo, h 50 mil anos, com a utilizao dos artefatos e utenslios pelo homem. A domesticao dos animais, juntamente com o cultivo das plantas aconteceu h 13 mil anos atrs, fato importante que mudou a humanidade transformando a forma de viver do homem, de caador-coletor para o um modo vida sedentrio. Assim, com a domesticao houve um aumento da densidade populacional com maior estocagem de alimentos e uma menor mortalidade nos vilarejos quando comparado com as tribos nmades. Sobre o esse assunto, Diamond.J.(2002) em seu livro, Armas Germens e Ao, faz o questionamento interessante; quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Foi o aumento populacional que forou as pessoas a recorrer produo de alimento ou foi esta maior produo de alimentos que permitiu o crescimento populacional? De qualquer forma, a importncia da domesticao dos animais para a humanidade vista na mudana que a mesma propiciou, trazendo claros benefcios e tambm malefcios para o ser humano. Com a criao e o contato ntimo com os animais domsticos, vieram tambm os germes responsveis por vrias epidemias, que ao longo da histria dizimaram milhes de pessoas, e que ainda provocam risco a populao humana, a exemplo o que atualmente acontece com o temvel vrus H5N1 causador da gripe aviria. As mudanas ocorridas com a domesticao no influenciaram s a humanidade, mas tambm os animais, estudos mostram que espcies domsticas apresentam o crebro menor e sentido menos desenvolvido do que a dos seus ancestrais. A seleo dos animais proporcionou modificaes evolutivas em muitas geraes e a diferena nos caracteres morfolgicos e fisiolgicos foi proporcional ao distanciamento do ambiente de origem dessas populaes. Existe uma dificuldade em determinar a origem precisa das espcies e considera que os animas so originrios de onde se processou a sua domesticao. O co (Canis familiaris), provavelmente foi o primeiro animal a ser domesticado, sendo companheiro do homem e a muito o auxiliado na caa. As espcies domsticas de aves (Gallus domesticus) so de origem asitica e foram introduzidas na Europa via Prsia e Grcia 400 a.c.. Segundo Darwin o galo domstico se origina do Gallus bankiva, mas outras espcies de aves, por serem inter-fecundas, tambm possam ter participado de sua origem. A filogenia o ramo da cincia que estuda as transformaes porque passam as espcies no curso da sua evoluo, partindo do princpio de que elas se modificam ao 5

longo do tempo devido aos mais variados fatores, emanado de seres simples, ditos inferiores, para seres com maior complexidade, chamados de superiores. O vocbulo Filogenia vem da lngua grega, em que philos significa amigo e genos origem. Durante sculos nem sequer passou pela cabea dos cientistas que os seres vivos pudessem sofrer transformaes ao longo dos tempos. Era muito cmoda e natural a aceitao da fixidez ou imutabilidade das espcies, idia essa apoiada nos escritos sagrados. No sculo XVIII, um tanto inseguramente de incio, foram surgindo opinies em favor do chamado transformismo, segundo o qual as espcies se transformam gradualmente com o passar do tempo. Assim, as espcies atuais surgiram pela evoluo de espcies ancestrais mais primitivas. Ento eles passaram a se questionar: de que forma os seres vivos podem evoluir? Surgiram os evolucionistas. O desconhecimento das leis de Mendel contribuiu para atrapalhar os primeiros evolucionistas, dificultando entender que alguns seres vivos pudessem transformar com o tempo e que novas espcies podem surgir partindo de outras que se alteravam, e que muitas podem se extinguir pelos mais variados motivos. Em sntese, comprovadamente os animais e vegetais hoje existentes na superfcie da terra no so mais semelhantes quelas formas primitivas que eram comuns no passado, cuja presena s chegou at ns por intermdio dos seus fsseis.

2) ANATOMIA E BIOLOGIA DAS AVES

O esqueleto da galinha composto de 160 ossos que servem de suporte. Do ponto de vista fisiolgico, servem de reserva de Ca e P. Os ossos esponjosos ou pneumticos so cheios de ar e ligados ao aparelho respiratrio. A musculatura corresponde a 75% do peso das aves sendo maior em regies que fazem acentuado esforo fsico, coxas e msculos peitorais. Aparelho digestivo tem aproximadamente 250 cm de comprimento na ave adulta, inicia-se no bico e termina na cloaca. Boca; glndulas salivares, lngua, faringe; esfago, papo (expanso do esfago, funcionando como o reservatrio de alimento, bem como o umedecimento da rao, onde ocorre um pequeno processo de digesto); proventrculo (grande produo de sucos ctricos e que chamado estmago glandular); moela (constituda de msculos fortes que iro macerar e misturar os alimentos). Os intestinos tm a funo de concluir o processo de digesto e absorver os nutrientes; cecos (depsito de material fecal); reto, cloaca (parte terminal do aparelho urinrio, digestivo e reprodutor), a urina excretada juntamente com as fezes. A tabela 1 e a figura 1 mostram respectivamente os rgos e a constituio ssea do gallus domesticus.

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Tabela 1: Distribuio dos rgos internos das avesAparelho Digestivo 1. Cavidade oral (fenda palatina) 2. Esfago 3. Papo ou inglvio 4. Proventrculo ou estmago glandular 5. Moela ou estmago muscular 6. Intestino delgado 7. Cecos e reto Glndulas e rgos anexos 1. Timo 2. Bolsa de Fabrcio 3. Fgado 4. Pncreas 5. Bao 6- Rins 7. Placas de Peyer 8. Tonsilas cecais 9. Sacos areos abdominais Aparelho Respiratrio 1. Narina 2. Faringe 3. Laringe superior ou cranial 4. Traquia (Siringe) 5. Pulmes 6. Sacos areos torxicos craniais 7. Sacos areos torxicos cervicais 8. Sacos areos torxicos caudais Aparelho Reprodutor 1. Ovrio 2. vulos 3. Gema (vulo maduro) 4. Infundbulo 5. Istmo 6. tero 7. Vagina 8. Cloaca 9. Testculos

Figura 1: Constituio ssea da ave

3) CLASSIFICAO DAS AVES

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A classificao que nos orienta da American Poultry Association Standard Perfection, fundada nos EUA em 1870 (1 Instituio fundada na Amrica ligada ao Setor Agropecurio e tem sua sede em Oklahoma) ela reuniu as aves em 15 classes. O Standard de perfeio americana faz o agrupamento das aves em classes, raas e variedades, se limitando apenas s caractersticas de conformao e pormenores sobre plumagem, sem referncias especficas aos aspectos de produtividade. Classe - Define um grupo de raas originrias da mesma regio geogrfica. Apenas nos limitaremos a classes de maior importncia econmica e a poucos dos seus exemplares. 3.1) Classe Americana Reuni raas desenvolvidas na Amrica do Norte, na metade do sculo XIX Plymouth Rock: variedades branca, barrada (Carij), entre outras Rhode Island: variedades branca e vermelha New Hampshire: vermelho claro Gigante de Jersey: variedades preta e branca

3.2) Classe Inglesa Cornish: variedades branca, preta e amarela. Sussex: variedades branca, vermelha e pintada 3.3) Classe Mediterrnea Legorn: variedades branca, preta, amarela, prata entre outras Minorca: variedades branca, preta e amarela 3.4) Classe Asitica Brahma: finalidade de ornamentao e corte, nas variedades clara e escura Cochin: ornamentao, variedades branca, preta, marron, amarela, barrada

Uma caracterstica dessas duas raas asiticas apresentar empenamento cobrido pernas e ps.

4) PRINCIPAIS RAAS UTILIZADAS NOS PROGRAMAS DE MELHORAMENTO DAS AVES Leghorn Branca usadas na formao de linhas puras para cruzamento visando produo de poedeiras de ovos de casca branca. New Hamphire so usadas na formao de linhas de fmeas de frangos de corte ou nos programas de poedeiras de ovos coloridos 8

Plymouth Rock Branca formao das linhas de fmeas de frangos de corte. Plymouth Rock Barrada raa usada em programas de produo de poedeiras de ovos coloridos, podendo ser usada em programas de produo em linhas de frango corte. Rhode Island Red usadas em programas de produo de poedeiras de ovos coloridos e linhas de frangos de corte Cornish usada principalmente na formao das linhas de macho nos programas de melhoramento de frangos de corte. A tabela a seguir resume as caractersticas das principais raas que deram origem s linhagens comerciais: Raas Classe Tamanho corporal Plumagem Crista Brincos Ovos Legorn Branca Mediterrnea Pequeno e leve Branca Serra Brancos Branco New Hampshire Americana Volumoso e pesado Plymouth Rock Rhode Island Barrada Americana Volumoso e pesado Red Americana Volumoso e pesado Vermelha Serra Vermelho Marron Gigante de Jersey Preta Americana Volumoso e pesado Preta Serra Vermelho Marron Cornish Inglesa Compacto e pesado Branca Ervilha Vermelho Marron claro

Avermelhada Barras branca /preta Serra Vermelho Marron escuro Serra Vermelho Marron

Adaptado: Embrapa (2003)

Os pintainhos que so alojados nas granjas de produo, de corte e postura, so resultado do cruzamento de diferentes raas com o objetivo de transmitir as potencialidades de cada uma para das raas para o melhor desempenho de cada atividade produtiva. Raas puras: so as raas citadas acima, so bisavs das aves alojadas nas granjas de produo. Matrizes: so as aves provenientes do cruzamento das raas puras e que sero usadas na reproduo para a produo dos pintainhos de corte ou postura; so as mes dos pintainhos alojados nos avirios comerciais de produo. Linhagens: so resultantes da reproduo das raas puras. Como vimos anteriormente, linhagem um grupo de indivduos mais aparentados entre si em relao

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raa, decorrente do acasalamento entre os indivduos do mesmo grupo ( matrizes). Assim, consideramos os pintainhos alojados como uma lihagem comercial.

5) SISTEMAS DE PRODUO AVCOLA5.1) Sistema Industrial o sistema de produo animal com linhagens comerciais geneticamente selecionadas para alta taxa de crescimento e excelente eficincia alimentar, as aves so criadas confinadas e criadas em altas desidades aves/m2 nos galpes. um sistema interligado e composto por animais de reproduo e produo. 1) Avozeiro 2) Matrizeiro 3) Granja de produtores de frangos de corte 4) Granja de produtores de poedeiras de ovos brancos e de produtores de poedeiras de ovos marrons. O grande avano e especializao da avicultura, direcionou a produo do frango industrial a produtores com alta capacidade de investimento. J para os pequenos produtores ficou a opo de apostar em nichos de mercado, como o que demanda produtos agroecolgicos. H tambm, em todo o mundo, especialmente na rea de alimentos uma tendncia crescente pela procura dos produtos chamados naturais, ou seja, aqueles obtidos partir de criaes ou de culturas nas quais se adotam tcnicas de manejo mais prximo de um ambiente natural e com menos tecnificao. Com isso, comearam a aparecer algumas iniciativas de produtores interessados em atender a demanda existente em relao a esse tipo de produo. 5.2) Sistema Caipira/Colonial o sistema de produo de aves de corte normatizado pelo ofcio circular DOI/DIPOA n 007/99 de 19/05/1999 pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, onde as aves so denominadas de frango caipira, frango colonial, frango tipo caipira, frango estilo caipira, frango tipo colonial ou frango estilo colonial. Apenas linhagens especficas de crescimento mais lento que as industriais so permitidas. As aves devem ter acesso a rea externa e no podem receber produtos quimioterpicos e ingredientes de origem animal na rao. A idade mnima de abate em torno de de 85 dias. O frango e a galinha caipiras, alm de resgatarem costumes e tradies da culinria colonial, representam uma diversificao das atividades da agricultura familiar, proporcionando agregao de valor em seus produtos. A miscelnea de raas e linhagens que deram origem ao verdadeiro frango caipira, e o sistema caseiro de criao compromete a viabilidade econmica da atividade, pois resultam em baixo desempenho (em termos de idade de abate, converso alimentar, rendimento de carcaa, produo de ovos e uniformidade de lotes). Portanto, o que acontece hoje no Brasil e no mundo, so as criaes moda caipira. So criaes com diversos sistemas de manejo e instalaes, utilizando-se linhagens hbridas comerciais (como o Embrapa 041 e outras de origem francesa) de 10

crescimento mais tardio e maior adaptabilidade ao manejo semi-extensivo do que as linhagens industriais, ou frangos de granja que apresentam um crescimento rpido (abate aos 40 dias) e menor resistncia a enfermidades e stress. 5.3) Sistema Orgnico (Alternativo: Agroecolgico) No incio do sculo XX, aparecem os movimentos de formas no-convencionais de agricultura, que mais tarde na Holanda (1977), recebe a denominao de Agricultura Alternativa (AA), na dialtica com a agricultura industrial, mas no Brasil, somente na dcada de 70, acontece o fortalecimento dos movimentos de agricultura alternativa. A caracterizao da agricultura Industrial (AI) ou agricultura convencional, era de apenas ser baseada em 3 pilares: manipulao gentica, motomecanizao, agroqumica. No incio, tudo o que no era agricultura convencional era chamado de agricultura alternativa (AA) De acordo com o livro Agroecologia (Embrapa, 2005) houve uma evoluo contextual da agricultura alternativa at o marco conceitual da agroecologia, e apresenta diferentes abordagens de agricultura ps-industrial: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) Agricultura orgnica Agricultura Biodinmica Agricultura biolgica Agricultura ecolgica Agricultura Natural (Mokiti Okada, Fukuoka) Permacultura Agricultura regenerativa Agricultura sustentvel Agroecologia

O livro acima cita que; segundo Altiere (1998), a agroecologia especialmente enraizada na experincia dos pases do Sul (particularmente Amrica Latina), contendo o componente social mais explcito que o enfoque orgnico. Assim, a pesquisa agroecolgica mais fortemente orientada em direo as cincias sociais, incorporando um enfoque ecolgico humano. Descreve tambm, que a pesquisa agroecolgica prioriza o agricultor, apesar de levar em considerao outros seguimentos da sociedade, e relata que os sistemas agroecolgicos ainda no fornecem normas reconhecidas internacionalmente. Portanto, no fornecem as mesmas oportunidades para atrair prmios no mercado como os sistemas certificados orgnicos, isto, as vezes, gera uma tenso entre os dois enfoques. A avicultura orgnica normatizada pelo (Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento), onde se faz referncia aos produtos obtidos pelo sistema orgnico, ecolgico, biolgico, biodinmico, natural, sustentvel, regenerativo e agroecolgico. As aves so criadas em rea de pastagem, com baixa densidade, com alimentao contendo ingredientes vegetais orgnicos certificados e produtos quimioterpicos no devem ser usados na criao.

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SEO 2 - AVICULTURA DE CORTE 1) PRODUO E DESENVOLVIMENTO AVCOLA NO BRASILA avicultura no Brasil inicia-se na sua colonizao com as primeiras galinhas trazidas pelos portugueses, mas os primeiros passos rumo profissionalizao da avicultura no Brasil ocorreram no incio do sculo XX, sendo que, apareceram os primeiros concursos realizados pelo pas que estimulavam os criadores a aperfeioarem as raas ornamentais. Assim os primeiros criadores de aves procuraram, na construo de suas granjas, a melhor imitao possvel do habitat natural, substituindo os galhos das rvores por poleiros, servindo a alimentao diretamente no cho e com o tempo ajustando gradativamente os processos para o melhor manejo. Em 1928 j existiam criadores buscando fins verdadeiramente comerciais na avicultura. A escassez de alimento, particularmente da carne bovina, durante e aps a segunda guerra mundial fez da avicultura brasileira e mundial um negcio muito atraente. Neste contexto, a procura por um produto destinado corte aumentou, e em 1945, nos EUA, pesquisadores desenvolveram e cruzaram raas como a New Hampshire e a Plymouth Rock Barrada, e em 1948 a raa Red, Cornish, seguida posteriormente pela White Cornish e White Rock.. O que ocorreu a partir de ento at os dias atuais foi um intenso processo de seleo e cruzamentos, descaracterizando as raas e originando linhagens especficas com caractersticas prprias. O frango um produto hbrido resultante do cruzamento de 3 ou 4 linhagens puras, normalmente duas linhagens do origem fmea matriz e uma ou duas do origem ao macho. O melhoramento gentico tem um papel fundamental na melhoria da produtividade animal, e na avicultura isto pode se observado analisando os dados: Tabela 2: Evoluo mdia dos coeficientes de produo de frango de corte na avicultura brsileira PESO FRANGO VIVO (g) 1.500 1.600 1.700 1.860 2.050 2.250 2.300 2.300 CONVERSO ALIMENTAR 3,50 2,25 2,15 2,00 1,98 1,88 1,85 1,7 IDADE MDIA DE ABATE SEMANAS / DIAS 15 Semanas 8 Semanas 7 Semanas 47 Dias 45 Dias 43 Dias 42 Dias 42 Dias

ANO 1930 1960 1970 1984 1994 2000 2001 2010

1.1) Melhoramento gentico das aves Com o passar dos anos, ocorreu um significativo desenvolvimento gentico, nutricional, e com as principais doenas em condies de controle, assim como o desenvolvimento de instalaes e equipamentos, foi possvel ao homem confinar o frango de corte. Para atender aves mais sensveis e muito mais exigentes, foi necessrio adequar o manejo a uma nova realidade produtiva.

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Para melhorar os ndices produtivos preciso trabalhar sempre com animais de alto valor gentico, os quais so oriundos de uma seleo contnua dos melhores animais sendo que, certas caractersticas so estimadas no processo de seleo. No passado, o peso corporal e a converso alimentar, eram as caractersticas de maior importncia nos programas de melhoramento gentico do frango de corte, atualmente vrias caractersticas foram incorporadas ao processo de seleo e algumas tm ganhado grande destaque, principalmente as ligadas ao rendimento de carcaa. As principais caractersticas, consideradas pela maioria dos sistemas de melhoramento so relacionadas: ao frango vivo: Peso Corporal Eficincia Alimentar Conformao da carcaa Empenamento Pigmentao de pernas e penas Aspecto fsico do peito Robustez do esqueleto carcaa: Rendimento da carcaa eviscerada Rendimento de carne de peito Rendimento de carne de perna Teor de gordura reproduo: Produo de ovos incubveis Fertilidade Eclodibilidade resistncia: Viabilidade do frango Viabilidade da matriz Resistncia doenas especficas Tecnologias disponveis

A preciso da estimativa do valor gentico tem garantido a identificao dos melhores indivduos com maior exatido e com consistentes ganhos genticos para vrias caractersticas simultaneamente. Abaixo, alguns fatores que contriburam para isso: - Uso de mtodos estatsticos mais completos (como REML BLUP e anlise multivariada), principalmente devido ao grande avano na rea de informtica. - Uso de computadores capazes de analisar quantidade expressiva de dados. - Automao da coleta de dados (cdigo de barras, terminais portteis, coleta e transferncia eletrnica dos dados, etc) com reduo de erros e perda de informaes. - Avaliao de irmos para caractersticas de rendimento (carcaa, peito, pernas e gordura) - Uso de equipamentos da rea fsico-mdica como ultra-sonografia, raios X de tempo real, oximetria, etc.

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- Uso de tipagem sangnea e gentica molecular para avaliao de resistncia Essas e outras tecnologias, propiciaram um aumento de produo de frangos com um custo relativamente baixo, o que propiciou um aumento do consumo mdio pessoa/ano no Brasil, como podemos observar na tabela abaixo: Tabela 3: Consumo per capta de ovos e carnes no Brasil ANO 1986 1996 2005 OVOS (unidades) 94,0 101,0 138,0 FRANGOS (Kg) 10,0 22,2 35,4 BOVINOS (Kg) 29,8 41,4 36,3 SUNOS (Kg) 7,3 9,6 11,3

Fonte: CNPC/ABEF/ABIPECS/UBA

As empresas apresentam nveis diferentes de especializao e o que as mantm no mercado so todos os aspectos econmicos envolvidos na cadeia produtiva. Restringindo sobre o aspecto zootcnico da criao de frangos de corte devemos levar em considerao no s o melhoramento gentico, mas tambm, outros apectos da criao e do manejo, devem ser considerados: Um pintinho saudvel com um dia de idade; Programas de vacinao e controle sanitrio das aves; Nutrio, balanceamento e manejo do alimento; Ambiente saudvel e bom manejo avcola; Controle ndice de desempenho (a unio dos componentes).

1.2) O Pintinho saudvel O controle dos pintos de corte comea na origem gentica das aves, com uma seleo direcionada ao interesse zootcnico. O caminho percorrido desde os lotes de avs, matrizes reprodutoras, com as respectivas passagens pelos incubatrios vai infulenciar na performance final do frango. O sucesso da atividade depende da ateno aos detalhes do processo total, por exemplo; sade e manejo das matrizes; prtica cuidadosa de incubao; entrega eficiente de pintos. A qualidade dos pintos influenciada por muitos fatores desde muito antes de sua chegada na granja que devem ser acompanhados tecnicamente. 1.3) Programas de vacinao e controle sanitrio Um programa sanitrio comea com a educao da comunidade avcola. O rgo federal reponsvel pelo controle e medidas sanitrias o Ministriao da Agricultura Pecuria e Abastecimento (MAPA). A vigilncia sanitria na avicultura deve ser constante em todos os seus nveis (matrizes e produo), sendo que, todos os lotes devem ser constantemente monitorados com acompanhamentos sorolgico e necrpsias pelos tcnicos habilitadsos. Um bom controle com dados devidamente anotados e uma minuciosa anlise das informaes, proporciona subsdios para programas de vacinao, controle sanitrio ou programas especiais para granjas ou regies, sendo tambm importante nos programas de vacinas dos lotes de reprodutores. 14

1.4) Nutrio e manejo do alimento A nutrio eficiente comea na aquisio da matria-prima (milho, soja, etc), as quais devem ser de boa qualidade. Os gros classificados e com conhecimento de sua composio qumica, importante para formulaes das raes e correto balanceamento dos ingredientes propiciando fazer uma rao de qualidade com menor custo possvel. Sendo o alimento, o responsvel pelo maior custo na atividade produtiva de frangos, alguns pontos de ateno na produo de rao devem ser observados: Formulao (atendendo as necessidades de cada categoria de animal); Controle de qualidade da matria-prima das raes; Manuteno dos equipamentos da fbrica e do transporte de rao; Documentao e controles de estoque; Entregas e manejo das raes nas granjas.

1.5) Ambiente saudvel e um bom manejo avcola O controle ambiental, com instalaes e equipamentos adequados so importantes para o melhor rendimento do lote de frangos, assim como, a qualidade e especializao da mo-de-obra, com treinamento e material de apoio adequado para um bom manejo e melhor desempenho das aves. 1.6) Controle Zootcnicondice de desempenho (unio dos componentes)

Figura 2: Fatores que interferem no desenvolvimento e qualidade do frango:

A perfeita interao do conjunto de fatores que compe a atividade avcola que proporciona o sucesso da mesma. Gentica, pintinho saudvel, status sanitrio do lote, programas de vacinao, nutrio, ambiente e manejo adequado entre outros iro refletir diretamente nos ndices zootcnicos. ndice de eficincia produtiva (IEP) e ndices do desempenho

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Com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo de cada lote, o produtor pode averiguar facilmente o ndice de eficincia produtiva (IEP) do lote, expresso pela seguinte equao: IEP = PV x V_ x 100 IA x CA

em que: PV = peso vivo mdio do lote, em kg; V = viabilidade, que a relao entre n de aves retiradas e n de aves recebidas; IA = idade de abate (dias); CA = converso alimentar. Exemplo: Peso vivo mdio do lote: 2,30 kg de carne Viabilidade: 96,0% Idade ao abate: 42 dias de idade Converso alimentar: 4,15 kg de rao 2,30 kg de peso vivo = 1,79 Sendo assim: IEP = PV x V_ x 100 = _ 2,30 x 96,0__ x 100 = 293,69 IA x CA 42 x 1,79 A unio de todos os componentes citados acima ir influenciar direta ou indiretamente no ndice Eficincia Produtiva (IEP) das aves. No caso de avicultura de postura, podemos tambm avaliar a eficincia produtiva, s que em vez de kg de carne, consideramos o nmero de ovos por ave alojada bem como a converso alimentar entre outros fatores de produo. No caso de sistema avcola que contenha diversos seguimentos devemos cosiderar tambm um perfeito dimensionamento das granjas de matrizes, incubatrios, galpes de frangos, fbrica de rao, frigorficos e tambm a logstica de transporte. Para termos a idia da estrutura avcola de ciclo envolvendo reproduo, produo e abate vamos supor que para abastecer um abatedouro de 60.000 frangos/dia - 5 dias por semana. Ser necessrio requisitar as seguintes estruturas: Criar 1.300.000 frangos ao ms. Um incubatrio 1.400.000 pintos ao ms Dimensionar o parque criatrio dos frangos ncleos / galpes Padro 14.000 frangos / galpo Ser preciso de 186 unidades (galpes), dentro de preferncia dentro de um raio de 70 quilmetros da fbrica de rao e/ou do frigorfico. Projetar uma granja de matrizes para alojamento de 210.000 reprodutoras Estrutura das matrizes - 28 galpes de 7.500 aves cada (28 galpes de 1.600m2 ) Reposio anual de 150.000 (5 lotes de 30.000 por ano) Fbrica de rao com capacidade de 6.000 toneladas ao ms A cada tem destes processos, soma-se uma grande quantidade de procedimentos de gesto e operacionais, os quais sero responsveis pelo sucesso da atividade.

2) MANEJO INICIAL DO FRANGO DE CORTEFatores relacionados ao manejo das aves: 16

Controle bsico na chegada do pintinho Ambiente (aquecimento e abertura de espao) Manejo da cama ( controle da umidade e de microrganismos) Programa de luz ( estao do ano, iluminao e consumo) Alimentao (arraoamento e manejo de gua)

2.1) Controle bsico na chegada dos pintos A checagem geral da sade dos animais importante para detectar possveis problemas na criao de matrizes, no incubatrio e no transporte das aves. Uma amostragem do lote recebido deve ser realizada, e para isto; separar as caixas em diferentes momentos da retirada do caminho para o galpo. Nesta amostragem importante pesar todas as caixas selecionadas, verificando o peso mdio das caixas. Todas as caixas devem estar dentro de 5% do peso mdio de todas as caixas amostradas. Caso contrrio, verificar a origem da desuniformidade do lote. Exemplo: Verificao a uniformidade de um lote de 10 mil pintos. Pesa-se 20 caixas com 100 pintos (2%) e supondo que o peso mdio encontrando de 4 Kg por caixa, ento todas as 20 caixas devem se encontrar no intervalo de peso de 5% do peso mdio (4kg), ou seja devem pesar de 3,8 kg a 4,2 kg. Na amostragem do lote deve-se contar os pintos de cada caixa e certificar-se da presena dos seguintes aspectos: Penugem seca e fofa; Olhos arredondados e brilhantes; Umbigo bem cicatrizado e livre de infeces; Abdome firme; Canelas brilhantes, enceradas. Amostragem permite estimar a inviabilidade do lote, ou seja, as aves refugo, que dependendo da estimativa pode indicar problemas nas fase que antecedem o alojamento dos pintinhos. Por isso fundamental que todos os dados sejam, observados, anotados, e caso necessrio tomadas as devidas providncias. A importncia do bom desenvolvimento nas primeiras semanas de vida refletir diretamente no; tamanho de carcaa, bom empenamento, maturao dos sistemas orgnicos fundamentais (digestivo, cardiovascular, imunolgico), atingindo o objetivo de estabelecer um lote saudvel desde o primeiro dia de vida. A performance final do frango e a rentabilidade dependem da ateno aos detalhes do processo total, por exemplo; sade e manejo das matrizes, prtica cuidadosa de incubao, entrega eficiente de pintos. A qualidade dos pintos influenciada por todos estes estgios. essencial que no processo de fornecimento dos pintos estejamos atentos: Nos procedimentos de entrega. Os pintos so mantidos numa rea onde o ambiente est corretamente controlado Transporte para a granja em veculos com ambiente controlado. Cuidados devem ser tomados para que os pintos no sofram desidratao no momento da entrega e mantidos em condio estvel

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Seguir padres pr-determinados de higiene minimizando as contaminaes cruzadas e infeces do saco vitelnico

O crescimento bem sucedido pode ser negativamente afetado devido falta de planejamento, portanto devemos tambm estar atentos ao sistema de criao.

criao de machos e fmeas separados tcnicas definidas idade para descarte relacionada com a densidade de criao(aves/ m2) idade dos lotes de origemmatrizes mesma idade (uniformidade) tcnicas de manejo vacinaes, alimentao e iluminao

Todos os galpes devem praticar uma poltica de idade nica no mesmo ncleo. Os programas de vacinao e limpeza so menos eficazes e mais difceis em ncleos de idade mltipla. Os galpes, arredores e todos os equipamentos devem estar limpos e desinfetados antes da chegada dos pintos.

Ateno com os seguintes pontos na chegada das aves:

alojar os pintinhos rapidamente, gentilmente e homogeneamente no empilhar as caixas de pintinhos (oxigenao) contagem das aves e peso por amostra pintos de um nico lote de matrizes galpo pr-aquecido distribuio homognea da cama fornecimento de ar fresco adequado fornecimento de gua limpa adequada em temperatura ideal rao inicial fresca, triturada e livre de p bebedouros e comedouros fora das proximidades das campnulas controle constante do ambiente. Figura 2: Modelo de crculo para 1000 pintinhos de 1 dia de idade

2.2) Aquecimento e sistemas de aquecimento para as aves

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As aves em seus primeiros dias de vida necessitam de aquecimento, pois ainda no tem seu sistema termoregulatrio desenvolvido. Este aquecimento dado as aves vai depender: Das condies climticas de cada regio (Norte- Sul-Leste-Oeste) Do manejo de calor (vero) e manejo de frio (inverno) Da idade das aves Do custo do aquecimento e eficincia dos equipamentos

importante sabermos o conceito de temperatura efetiva, a qual leva em considerao os efeitos da temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do ar e est relacionada com a sensao trmica. Segue abaixo a temperatura de conforto para as aves nas diferentes fases de vida. Tabela: 4

TCI = Temperatura crtica inferior ZCT = Zona de conforto trmico TCS = Temperatura crtica superior

A temperatura do ncleo corporal das aves de 41,7C. Desvios das temperaturas que vo para fora da zona de conforto trmico conforme tabela acima, ativam os mecanismos de termoregulao das aves. Para mantermos o conforto trmico nos avirios devemos ter boas instalaes, equipamentos eficientes. A adoo de tcnicas adequadas, como o manejo das cortinas e o controle da abertura de espao para as aves so importantes no para a manuteno de um ambiete de conforto para as aves. Na escolha do sistema de aquecimento considera-se: Custo; Capacidade de produo de calor; Conseqncias no ar e na cama dos avirios. Tipos de aquecedores: Existem vrios tipos de aquecedores no mercado e devemos buscar o que melhor se adaptar a situao de criao de modo que o equipamento garanta o maior conforto trmico com menor consumo de energia.

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Existem equipamentos manuais e automticos para controle da temperatura, sendo que, em ambos importante posicionarmos os termmetros a 7 cm do piso conferindo a temperatura ao nvel das aves, controlando a temperatura e fornecendo as condies para o mximo de conforto. Tabelas com as temperaturas de conforto em cada idade das aves so fornecidas nos manuais das diferentes linhagens. Podemos aquecer o galpo inteiro ou aquecer apenas o local onde se encontram as aves. importante observar a distribuio das aves em relao fonte de calor como mostra o exemplo da figura 4, na pgina seguinte: Figura 3: Distribuio das aves em relao fonte de calor

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2.3) Abertura de espao para as aves Tanto no inverno quanto no vero, com o passar dos dias as aves vo se tornando maiores e necessitam de mais espao. No inverno, o espao dever ser aberto lentamente, enquanto no vero a abertura dever ser mais rpida e tambm gradativa. Se o espao for aberto muito rapidamente, o consumo de rao ficar comprometido, uma vez que a distncia dos pintinhos s bandejas torna-se maior. Uma alternativa de abertura de espao apresentada abaixo: A 1a abertura dever ocorrer: no vero, entre o 2o e o 3o dias de vida; no inverno, entre o 4o e 5o dia de vida A 2a abertura dever ocorrer: no vero, entre o 4o e 5o dias de vida; no inverno, entre o 8o e 10o dias A 3a abertura dever ocorrer, no vero, entre o 8o e 10o dias de vida; no inverno, entre o 15 e 17o dias de vida, retirando-se as cortinas transversais e internas do galpo, ou seja, abertura de todo espao do galpo. Num sistema de aquecimento do galpo inteiro, os crculos ou barreiras podero ser empregados para ajudar no controle do movimento inicial dos pintinhos. Esta rea de crculos dever ser gradualmente ampliada a partir dos 3 dias de idade e finalmente removida de 5 a 7 dias, de maneira que os pintos tenham livre acesso a todos os bebedouros e comedouros do avirio. 2.4) Cama dos avirios materiais e manejo da cama dos frangos A cama de frango , por conceito, todo material distribudo sobre o piso dos galpes para servir de leito s aves. Existem muitos estudos sobre o desempenho de frangos de corte alojados sobre diferentes tipos de cama e so quase unanimidades as caractersticas desejveis do material da cama, como por exemplo: seu baixo custo, boa disponibilidade, maciez, capacidade de absorver umidade, ser atxica, ter baixa condutividade trmica, dentre outras. A cama deve ser homogeneamente distribuda com uma profundidade de 5-8 cm. Caractersticas dos materiais que podem ser utilizados como cama de avirio:

Maravalha de Madeira Boa absoro e decomposio Ateno com contaminao inseticida ou outras substncias que podem alterar sabor e odor da carne de frango Palha Picada Variao na absoro e decomposio Pode ser misturada com a maravalha Ateno com produtos qumicos e micotoxinas

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Cascas e Resduos de cereais So muito absorventes misturar com outros materiais Problemas quando as aves tendem a comer Papel em Tiras Dificuldade do manejo em condies midas Utilizado no manejo do transporte dos pintinhos Serragem Causam problemas de poeira e ingesto Areia Usado em poucas regies ( Golfo Prsico)

ATENO Quando reutilizamos da mesma cama para os lotes de frangos subseqentes, por mais de trs lotes, o tipo do material tipo de material inicialmente utilizado deixa de ser to importante, pois a partir da a maioria do material composta por fezes ressecadas, as quais apresentam boas caractersticas de maciez, isolamento, capacidade de absoro.

Reutilizao da cama Quando se fala em reutilizao da cama na criao de frangos existem duas linhas bsicas a serem consideradas: aquela da Europa que troca a cama a cada criada, ou seja, no faz o reuso da cama; e a dos Estados Unidos, que reutiliza a mesma cama em vrios lotes consecutivos. Em um ponto intermedirio est o Brasil que pratica o reuso da cama at seis lotes consecutivos e realiza a troca da cama e desinfeco de todo o avirio pelo menos uma vez a cada ano. A troca da cama como controle de doenas potencialmente transmissveis uma prtica que vem sendo abandonada j h algum tempo. A intensificao da atividade concentrada em algumas regies do pas, especialmente o sul do Brasil, levou a um aumento da demanda por material de cama o que provocou sua falta e elevao no preo, forando assim o seu reaproveitamento. A realizao dessa prtica, porm, deve seguir dois critrios: A reutilizao da cama s deve ser praticada quando o lote anterior no apresentou nenhum problema sanitrio. A cama s deve ser reutilizada aps a utilizao de algum processo de reduo da carga microbiana. A reduo da carga microbiana da cama pode ser feita atravs de dois mtodos: Mtodos qumicos (desinfeco e modificadores de pH) Mtodos biolgicos (fermentao e inibio competitiva)

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Em ambos, no se elimina completamente determinado tipo de microorganismo, porm suas populaes so reduzidas de forma significativa. De um modo geral, devido necessidade de se utilizar grandes quantidades dos produtos para que estes apresentem uma boa eficcia no combate dos microorganismos, o uso de aditivos, sejam eles qumicos ou biolgicos, promovem um incremento no custo da produo. Reuso da cama pelo mtodo da fermentao: 1) Retirar os equipamentos, lav-los, desinfet-los, e coloc-los ao sol. 2) Enleirar a cama (de uma a trs leiras); 3) Cobrir as leiras com lona plstica; 4) Deixar a cama enleirada e coberta por oito dias; 5) Retirar a lona plstica aps o oitavo dia; 6) Espalhar a cama novamente no avirio; 7) Passar vassoura de fogo; 8) Fechar o avirio (portas e cortinas) e passar desinfetante, usando os nebulizadores; 9) Abrir as cortinas e portas. Retirar a cama da pinteira e colocar cama nova; 10) Passar sulfato de cobre sobre a cama nova ou forr-la com papel; 11) Repor os equipamentos infantis. Reuso da cama pelo mtodo tradicional: 1) Retirar os equipamentos infantis, lav-los e desinfet-los, e coloc-los ao sol; 2) Passar vassoura de fogo sobre a cama (queimando todas as penas), muretas e cantos; 3) Passar cal na cama; 4) Revolver a cama, passar vassoura de fogo novamente; 5) Fazer combate aos insetos da cama (usar inseticida combatendo os cascudinhos); 6) Passar vassoura de fogo novamente em toda a cama, muretas, cantos, etc; 7) Fechar o avirio (portas e cortinas) e passar desinfetante, usando os nebulizadores; 8) Abrir as cortinas e portas. Retirar a cama da pinteira e colocar cama nova; 9) Passar sulfato de cobre sobre a cama nova ou forr-la com papel; 10) Repor os equipamentos infantis. As recomendaes acima so gerais e devem ser ajustadas de acordo com cada situao de criao bem como as exigncias legais que possam ser adotadas. possvel se fazer uma anlise quanto viabilidade da reutilizao da cama sob trs aspectos: o sanitrio, o produtivo e o econmico. O desempenho econmico da avicultura frente reutilizao da cama, levando em considerao os aspectos zootcnicos e sanitrios que devem ser avaliados para o uso ou no dessa prtica. possvel utilizar a cama de frangos de corte vrias vezes, no entanto, mais estudos cientficos demonstrando a viabilidade da reutilizao da cama precisam ser feitos.

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2.5) Programa de luz e iluminao dos avirios A iluminao artificial um recurso utilizado para melhorar o desempenho zootcnico do frango de corte. Para isso, dispem-se de vrios programas de luz, os quais, para atingirem perfeita eficincia requerem a observao de algumas regras fundamentais. Entre elas, o clculo da rea do galpo, o uso de um nmero ideal de lmens (22 lmens/m2), a distribuio uniforme das lmpadas, a manuteno das lmpadas devidamente limpas, o emprego de refletores (seu uso aumenta a intensidade das lmpadas), e a substituio imediata das lmpadas queimadas. Atendidos esses requisitos, pode-se escolher o melhor programa a ser aplicado. Alm de uma distribuio criteriosa e atenta sobre o mnimo indispensvel de 22 lmens por metro quadrado, deve-se ter cuidados na escolha do tipo de iluminao. As lmpadas incandescentes so as mais simples, no entanto no so as mais econmicas no consumo de energia. As lmpadas fluorescentes so mais econmicas, mas apresentam, s vezes, defeitos que interferem no comportamento das aves, tal como ficar piscando ou acendendo esporadicamente. Sua manuteno bem mais cara do que as lmpadas incandescentes. Ambas devem ser mantidas limpas e ter um refletor simples. Tabela 5: Tipos de lmpadas com as correspondentes wattagens e luminosidades (lmens) Lmpadas incandescentes Watts 15 25 40 60 100 150 O Programa de Luz Vrios estudos realizados concluram que o programa de luz mais eficiente o de iluminao intermitente, ou seja, com uma hora de escuro e trs horas de luz artificial. Porm, esse programa exige maior monitoramento e sistemas automticos de acionamento da iluminao. Outro programa de uso bastante amplo, adotado no vero e aplicvel aps o primeiro dia de vida das aves consiste em, manter os pintos no escuro por at cerca das 22:00 horas e, aps este horrio, acender as luzes mantendo-as at clarear o dia. tambm comum utilizar o programa de luz contnua como sistema de iluminao na criao de frangos. Este programa consiste basicamente de um longo e contnuo perodo de luz, seguido de um curto perodo sem luz (ex: 1 hora) para acostumar as aves ao escuro numa eventual falta de energia Existem vrios programas de luz que podem ser adotados em diferentes situaes, mas ao adotar o programa de luz devemos levar em considerao: 24 Lmens 125 225 430 810 1600 2500 Lmpadas fluorescentes Watts 15 20 40 75 200 Lmens 500-700 800-1000 2000-2500 4000-5000 10000-12000 -

A linhagem que est sendo criada ; algumas linhagens devem ter o perodo de luz controlados em certas fases da vida para evitar um aumento na mortalidade em fases posteriores O sexo do lote criado; um lote de fmeas deve ter um programa de luz diferenciado de um lote de machos A idade e o peso de abate das aves A temperatura ambiente O desenvolvimento do lote deve ser considerado para ajustes no programa 2.6) Manejo do alimento utilizao dos comedouros e bebedouros O mercado oferece vrias alternativas de equipamentos para o arraoamento das aves, os quais devero ser escolhidos de acordo com grau de tecnificao que o produtor pretende, com o tipo e estgio de vida que se encontra a criao. Cada empresa tem suas especificaes tcnica definida para cada equipamento a ser utilizado sendo que as colocaes a seguir sero feitas de forma geral. Comedouros e manejo da rao

Durante o perodo inicial de cria deve ser fornecida rao triturada em comedouros tipo bandeja ou sobre folhas de papel, de modo que os pintinhos tenham fcil acesso rao. A bandeja, sem dvida, apresenta algumas desvantagens e a principal delas reside no fato de os pintos entrarem em seu interior para se alimentar. Com isso, eles defecam sobre a rao e tambm dormem dentro da bandeja, porm disponibiliza uma grande rea de exposio da rao, estimula o apetite das aves atravs da viso e do olfato, o que conseqentemente aumenta o consumo de rao e consequentemente o desenvolvimento das aves. A relao pintos/bandeja (60 x 40 cm) em torno de uma bandeja para cerca de 80 pintos e podemos verificar que na figura -3, o modelo de crculo para mil pintinhos temos em torno de 12 bandeijas. Os pintos devem ser gradualmente transferidos ao sistema principal de arraoamento dentro de 2-3 dias, restringindo o uso das bandejas. A mudana de comedouro, independente de qual seja o modelo usado na fase inicial e de qual ser usado na fase de engorda, dever ser feita com muito cuidado. Antes da retirada total do comedouro da fase inicial, deve ser introduzido, paralelamente, o comedouro da fase de engorda. medida que se observa que as aves se alimentam sem dificuldade no novo tipo de comedouro, deve ser iniciada a retirada dos primeiros. Portanto, a substituio ser gradativa, levando de trs a quatro dias para se completar.

Bebedouros e manejo de gua

A ateno dedicada gua oferecida aos pintinhos deve ser associada lembrana de que seu consumo de vital importncia no atendimento das necessidades fisiolgicas bsicas da ave. Alm disso, a quantidade de gua consumida corresponde a pelo menos o dobro da quantidade de rao. Portanto, havendo baixo consumo de gua, o prprio consumo de rao fica comprometido. Na fase inicial, essencial garantir que os bebedouros estejam bem distribudos nos crculos de proteo, sempre objetivando que qualquer que seja o lugar onde o pinto se

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encontre haja um bebedouro prximo. Da mesma forma, medida que os crculos de proteo so abertos, os bebedouros tambm devem ser movimentados, buscando sempre obter uma distribuio uniforme por todo o galpo. Os bebedouros precisam ser lavados uma vez por dia ou mais, conforme a necessidade, nos primeiros dias de criao, a cama ainda se encontra seca e solta, isso facilitar o acmulo do material da cama nas bordas dos bebedouros, implicando que sejam limpos tantas vezes quanto necessrio. A mudana de bebedouro, da fase inicial para a fase de crescimento, deve acompanhar a mesma linha j citada para os comedouros, ou seja, de maneira gradativa at a total adaptao dos pintos ao novo sistema. Por volta de quatro a cinco dias, iniciase o uso de bebedouros para frangos, que podem ser do tipo pendular, nipple, ou calha. Os bebedouros tipo nipple so regulados na altura dos olhos na chegada dos pintinhos, suspendendo em seguida para que possam passar por debaixo sem encostar, e no quarto dia em diante a ave deve formar um ngulo de 45 graus entre a base do bico e o nipple, conforme mostra a figura abaixo:

Fonte: Manual Avian 48 O nmero de bebedouros tipo nipple usado de 1 bebedouro para 12 aves mas na fase inicial a relao de bebedouro com copo de quatro litros d'gua para cada 100 pintos. O uso do bebedouro pendular indicado na proporo de um para cem aves. Quanto calha, recomenda-se uso de trs centmetros lineares por ave. Esses nmeros precisam ser adaptados ao consumo de gua, de forma a evitar o aumento da competitividade nas pocas de maior consumo (vero). Diante de tal possibilidade, preciso estar sempre atento para enxertar, rapidamente, mais bebedouros dentro do galpo. Por todos esses indicadores, constata-se que a gua um fator de grande importncia na consecuo de bons resultados, justificando, por isso, um mximo de ateno, a fim de oferecer ave, em todos e quaisquer momentos, uma gua sempre fresca e limpa.

3)

MANEJO DE CRESCIMENTO DO FRANGO DE CORTE

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A seguir vamos comparar as curvas de crescimentos de alguns animais de produo com a curva de crescimento do frango de corte. Existe hoje, uma especifidade com relao aos sistemas de criao de cada linhagem de frango, sendo que cada uma determina um conjunto de medidas de manejo que sero adotadas durante a criao resultando no melhor desempenho das aves. A figura abaixo mostra as curvas de crescimento de alguns animais de produo Figura 4: Curvas de crescimento de alguns animais de produo

Fonte: Freitas (2005) 3.1) Alimentao no crescimento do frango de corte A alimentao de crescimento muito importante e deve ser realizada com o

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suprimento adequado de gua de boa qualidade e uma correta nutrio. Assim deve formular uma dieta que atenda as exigncias nutricionais das aves em suas diferentes fases, que considere criaes sexadas ou mistas, assim como, o ambiente em que as aves esto sendo criadas. Os comedouros e bebedouros durante o crescimento dos frangos, devem ser constante regulados em relao a altura das aves, de acordo com o tipo de equipamento utilizado. Os bebedouros pendulares devem ser mantidos com o nvel da gua entre o dorso e olhos dos frangos, de maneira que a ave no abaixe a cabea para beber gua. A altura da borda dos comedouros deve estar abaixo do papo, e a partir de 35 dias manejar o mais baixo possvel, sem contudo permitir que as aves comam deitadas, porque assim elas obstruem o acesso ao comedouro e podem comprometer a integridade do peito com a formao de calos. O nvel de rao dentro dos pratos dos comedouros deve ser regulado para se evitar desperdcios. Os comedouros automticos so muito eficientes em funo da reduo da mo-de-obra e quanto ao baixo desperdcio de rao, o que favorece a melhor converso alimentar. O tipo de prato utilizado variado e muitos deles possuem grades com finalidade de reduzir o desperdcio e manter a rao mais limpa. Quanto ao nvel de rao no prato, este tipo de equipamento deve permitir um prato praticamente cheio nos primeiros dias, reduzindo gradativamente, de modo que nas ltimas duas semanas permanea com mnimo de rao, suficiente para consumo sem desperdcio, perodo em este problema mais crtico devido ao alto consumo da ave (170-180 g / dia). Exemplo geral Relao equipamento: nmero de aves Tubular - dimetro de prato (38 cm) 1 : 60 aves Automtico - prato dimetro (33 cm) 1:50 aves Calha com corrente 3cm/ave Bebedouro - tipo nipple 1 : 12 aves Beb. pendulares dimerto (40cm) 1:100 aves

3.2) Densidade de alojamento das aves A densidade de alojamento depende de muitos fatores relacionados as instalaes, equipamentos e manejo. Em mdia usamos de 30-34 kg /m2 para pesos finais das aves, sendo que na poca mais quente do ano, ou pesos finais acima de 3 kg/ave, a densidade de alojamento deve ser reduzida para 27 kg/m2. A disponibilidade de rea por frango depender: da idade de abate; do clima e estao do ano; do tipo de alojamento.

Tabela 6: Densidade de alojamento em funo do peso da ave, de modo a obter uma biomassa de 34,2 kg/m2. Peso Vivo Aves /m2 Peso Vivo Aves /m2

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(Kg) 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2

34,2 28,5 24,4 21,4 19,0 17,1 15,6

(Kg) 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6

14,3 13,2 12,2 11,4 10,7 10,0 9,5

A densidade de alojamento tem influncia significativa sobre o produto final em termos de uniformidade, desempenho e qualidade. O aumento da densidade de alojamento intensifica a presso ambiental sobre o frango, o que pode reduzir extremamente a lucratividade caso a criao no seja bem conduzida. Deve-se lembrar que se a densidade de alojamento for aumentada, dever ser feito um aumento apropriado na disponibilidade de comedouros e bebedouros e cuidados devem ser tomados a fim de manter a qualidade do ar e da cama. O aumento demasiado da densidade de alojamento pode ocasionar:

reduo da taxa de crescimento, especialmente no ltimo perodo da criao; aumento da mortalidade; cama de baixa qualidade e um subseqente aumento de depreciao do frango (joelho queimado e calo de peito); hematomas; defeitos nas pernas (integridade esqueltica); qualidade da carne (cor, textura, odor, sabor); condio da pele (textura, arranhes, etc.); empenamento; falta de uniformidade.

Uma alta densidade de criao aumenta significativamente a deposio de fezes sobre a cama consequentemente elevando a umidade. importante que a cama seja mantida seca solta ao longo de toda a vida do lote, se a cama estiver emplastada ou muito molhada (>50% de umidade), a incidncia de joelho queimado, necrose e/ou calo de peito ir aumentar substancialmente. Todos os esforos devem ser realizados com o objetivo de manter a cama em boas condies para minimizar a depreciao de carcaas. Muitos so os fatores que podem estar contribuindo para a m qualidade da cama, ocasionando joelho queimado ou condies associadas s escoriaes de dorso e calos do peito. Causas de m qualidade da cama: Baixa qualidade do material da cama ou espessura insuficiente Umidade alta Modelo e ajuste do bebedouro Baixa ventilao Enterite devido doena Baixa qualidade da gordura da dieta Dietas com alto contedo de sais e protenas

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Alta densidade de alojamento

3.3) Criao de frangos sexados A produo de frangos sexados permite melhor aproveitamento das aves direcionando a engorda de machos e de fmeas para necessidades especficas de processamento. Possibilita a opo de terminar as fmeas mais leves e machos mais pesados apropriados para cortes e ps-processamento, agregando assim mais valor ao produto final. O recente crescimento do mercado de carne desossada tem resultado em um aumento na engorda dos lotes de frangos separandos por sexo. A produo de carne, particularmente a carne de peito, aumenta com um maior peso. Assim, com o intuito de reduzir o custo por unidade de carne produzida, os machos, maiores e mais eficientes, so normalmente destinados para cortes nobres (comercializao de partes) e para a fabricao de produtos de maior valor agregado (p.ex. produtos pr-cozidos), ao passo que fmeas so usualmente apropriadas para as exigncias de mercado de carcaa inteira. Alm do aumento da demanda para carne desossada, h tambm um aumento de demanda por maior uniformidade do produto, em termos de distribuio de peso no abatedouro. A distribuio de peso em torno de um dado objetivo de peso vivo pode ser significativamente melhorada pela criao de lotes sexados. Como pode ser observado, criar machos e fmeas separadamente reduzir a amplitude de variao de peso na populao, melhorando a uniformidade do produto fornecido ao abatedouro. O manejo em ambos os sexos pode ser mais eficaz no que diz respeito rao, iluminao e densidade de alojamento. A criao separada por sexo tem a adicional vantagem de que os nutrientes fornecidos podem ser alterados para satisfazer as diferentes exigncias dos dois sexos. Machos apresentam crescimento mais rpido, melhor eficincia alimentar e tm menos gordura na carcaa que as fmeas. A resposta da taxa de crescimento pelo aumento da relao protena/energia maior nos machos que nas fmeas. Dependendo das exigncias do produto final, vrios sistemas de manejo podem ser empregados quando a criao separada por sexo. Exemplo: 1) Fmeas abatidas ao peso normal de mercado (1,5-2,0 kg) - e os machos, mais eficientes (2,5 kg), usados para um mercado que exige carcaa de maior peso. 2) Machos que so abatidos primeiro e as fmeas mantidas mais alguns dias at atingirem o mesmo peso vivo. A maior vantagem da engorda separada por sexo melhorar a uniformidade do produto que chega ao abatedouro. Entretanto, deve ser notado que a uniformidade do produto fornecido ao abatedouro tambm dependente do padro de manejo. Sexagem : A identificao de machos e fmeas ao primeiro dia de idade facilmente realizada. Pintinhos com empenamento rpido (precoce) so fmeas e com empenamento lento (tardio) so machos. O tipo de empenamento identificado observando-se o relacionamento entre as penas de cobertura (camada superior) e primrias (camada inferior) que se encontram na poro mdia da asa.

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Machos: No empenamento lento (machos), as penas primrias so do mesmo comprimento ou menor que as de cobertura.

Fmea: No empenamento rpido (fmeas), as penas primrias so maiores que as de cobertura.

3.4) Manejo na poca de calor Em certas localidades geogrficas brasileiras ou durante o vero em regies temperadas, o estresse calrico e seus efeitos sobre a taxa de crescimento e mortalidade pode tornar-se um problema. A temperatura normal do corpo do frango 41 C e quando a temperatura ambiente excede a zona de conforto trmico (ZCT = 18 a 28C), o estresse sobre o frango aumenta e quanto maior a exposio alta temperatura, maior o estresse calrico e seus efeitos.

Aes imediatas em situaes de estresse calrico: Reduzir a densidade de alojamento Garantir a disponibilidade de gua fresca adequada a qualquer momento. Colocao de gelo no reservatrio de gua assim como o isolamento do reservatrio e tubos de gua ajudaro a reduzir o estresse calrico. Evitar o arraoamento durante o perodo mais quente do dia, a utilizao de programas de luz auxilia no controle da alimentao, assim como o uso de um sistema de arraoamento intermitente pode ajudar e servir para que as aves saiam da posio de repouso regularmente, dissipando o calor em torno delas. Promover urna corrente de ar de 3 m/segundo logo acima do nvel da ave. Isso pode ser alcanado com a utilizao de ventiladores de 91 cm, colocados em

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um ngulo de 32 a cada 10 metros ao longo do avirio. Ajustar os ventiladores para soprarem a favor do vento predominante. Manter a cama seca - cama mida aumentar a umidade relativa. Em avirios abertos, telas contra o calor radiante, utilizando-se tela de horticultura de 30% (sombrite). Isso combinado com ventiladores como descrito acima e com aspersores na cumieira do teto reduzir o estresse calrico. Suplementao na gua com 1 g de vitamina C + 0,3 g de cido saliclico (aspirina) por litro tem sido apontado por alguns pesquisadores como um redutor do estresse calrico. Aes de longo prazo que amenizam o estresse calrico: Idade, Sexo e Densidade de Alojamento. Os machos so mais vulnerveis ao estresse calrico que as fmeas. Frangos de mais idade (mais pesados) so mais susceptveis e sofrem mais o efeito do estresse calrico. O aumento na densidade de alojamento aumentar o efeito do estresse calrico. As seguintes tcnicas reduziro o efeito do estresse: - criar os sexos separadamente e evitar amontoamento; - reduzir a densidade de alojamento. Aclimatizao. Um perodo de condicionamento em temperatura elevada durante a primeira semana pode reduzir os efeitos do calor no perodo futuro de crescimento. Isto pode ser alcanado submetendo os pintinhos de 5 dias de idade a temperaturas em torno de 36-38C durante um perodo de 24 horas. Ambiente e Equipamento. Os avirios devem ser locados em reas bem drenadas e onde exista movimento natural de ar. Orientao leste/oeste do avirio para evitar a incidncia direta de raios solares. Beirais devem ser suficientes para fornecer sombra adicional. O isolamento das paredes e telhado assim como telhado de alumnio para refletir o calor e ventiladores movimentando o ar a 3 m/seg. ao nvel das aves, reduziro significantemente o efeito de altas temperaturas. A utilizao de nebulizadores de alta presso, que produzem uma fina nvoa, tambm traz bons resultados nesses casos. Em pases de climas quentes, avirios equipados de sistemas de resfriamento evaporativo e tnel de ventilao so considerados positivos no desempenho do frango. Se tais avirios so prova de luz, o uso de programas intermitentes de luz, p.ex. 1 hora de luz : 3 horas sem luz, podem tambm facilitar a dissipao calrica. Nutrio. Aps ter sido otimizado o controle ambiental e o manejo para a reduo do estresse calrico, possvel a obteno de benefcios adicionais pela manipulao da composio da rao. Deve-se dar ateno especial qualidade do alimento em condies de temperaturas elevadas, onde existem maiores riscos de deteriorao devido ao crescimento fngico e/ou perdas vitamnicas. Ajustar os nveis de nutrientes levando-se em conta o consumo alimentar reduzido e a reduo do incremento calrico da rao (calor gerado pela alimentao e digesto). Como orientao, o consumo alimentar reduzido em 5% por grau 0C quando a temperatura alcanar os nveis de 32-38C, ao passo que a

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reduo ser de 1-1,5% quando a temperatura estiver entre 20-30C. Se o consumo alimentar for abaixado em 5-10%, ento deve-se fazer aumentos proporcionais da concentrao nutricional. de suma importncia o ajuste de protenas, vitaminas e minerais na rao, pois as aves estaro ingerindo menos rao consequentemente os nveis dos nutrientes estaro abaixo das exigncias das aves. O aumento dos nveis de protena e aminocidos pode ser benfico se o consumo alimentar for reduzido, mas piorar a situao se aplicado em condies onde as aves no podem responder. Neste caso a ave ter maior trabalho para a degradao e excreo do excesso de protena, pois estes processos produzem um alto incremento calrico. Pelas mesmas razes, sob as condies de estresse calrico, as necessidades de aminocidos devem ser atendidas com o mais baixo contedo possvel de protena bruta. A utilizao de fontes de protena de alta qualidade e de aminocidos sintticos, facilitar a digesto pois no haver gasto de energia na quebra das protenas para libero dos aminocidos . Alm disto, para minimizar os efeitos do excesso de protena nesse contexto de excesso de calor, algumas vantagens devem ser somadas pela boa qualidade do gordura e tecnologia de processamento da rao. A incluso de gordura pode tambm estimular a ingesto e, sob algumas circunstncias, dar um aumento benfico na ingesto de energia. Aves com estresse colrico mostram nveis reduzidos de dixido de carbono e bicarbonato no plasma. Alm disso, o ato de ofegao induz a alcalose respiratria. Isso pode ser corrigido por uma variedade de suplementos na rao e gua. Existe tambm uma perda de potssio em estresse calrico, a qual pode ser corrigida atravs da administrao de cloreto de potssio. possvel que esta suplementao benfica aja na estimulao do consumo de gua.

3.5) Manejo pr-abate Retirada do lote: fatores que afetam o rendimento e a qualidade da carcaa O objetivo final do criador de frangos de corte entregar para o abatedouro, o maior nmero de aves por lote (baixa mortalidade), com maior peso possvel, gastando para isso, o mnimo de rao. E como j vimos usamos ndices para medirmos o desempenho IEP = PV x V_ x 100 IA x CA

Porm, nos dias de hoje, em que a indstria de frangos de corte experimenta um grande desenvolvimento tecnolgico, sofisticando seus produtos e disputando mercados internacionais, cada vez mais o conceito de qualidade total deve ser compreendido e executado pelo produtor. Se os ndices de peso mdio, converso alimentar e mortalidade so importantes, uma boa integridade fsica das aves ao irem para o abate tambm considerada parte importante do processo de produo. As aves devem ser abatidas com peso adequado, com um bom empenamento, sem problemas sanitrios, hidratadas e, principalmente, com seu aspecto externo ntegro, ou seja, sem nenhuma leso de contuso, causada por batidas, arranhes ou fraturas. Conceituando o que se entende por rendimento e qualidade da carcaa, podemos dizer que:

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Rendimento de carraa: a relao percentual existente entre as partes comestveis e as no comestveis, e perdas. Qualidade da carcaa: uma noo subjetiva dos sentidos dos consumidores e, ao mesmo tempo, objetiva e mensurvel, no que tange s caractersticas fsico-qumicas. O rendimento e a qualidade da carcaa, no abatedouro, so determinados, em grande parte, pelo manejo do lote e especialmente pelos cuidados dispensados aos frangos durante o momento da captura. No manejo da retirada do lote, vrios cuidados devem ser tomados para uma boa programao e planejamento da retirada dos frangos dos avirios: 1)Aviso de recolhimento O setor do PCP (Planejamento e Controle de Produo) dever emitir com antecedncia, os avisos de recolhimento contendo dia e hora aproximados da chegada dos caminhes de recolhimento. Com isso, o produtor poder organizar o pessoal para a retirada, se esta tarefa de sua responsabilidade, bem como proceder s atividades de manejo que antecedem ao recolhimento. 2) Inspeo pr-abate importante um tcnico do Departamento de Assistncia Tcnica visitar o lote uma semana antes do dia do recolhimento. Com isso, poder verificar o estado geral do lote, objetivando o planejamento e a otimizao do abate. Para estabelecimentos que trabalham com cortes de frangos e produtos especiais, dados como peso mdio, uniformidade, estado sanitrio do lote, so de muita valia para a programao do abate. Alm disso, o tcnico pode usar este momento para dar orientaes finais ao produtor, no sentido de melhor manejar o final de seu lote. 3) Equipe A equipe de trabalho que far a apanha das aves deve ser composta por pessoas adultas, que devem ser previamente instrudas do procedimento para a realizao da tarefa, estar avisadas com antecedncia, e chegar granja momentos antes dos caminhes. 4) Retirada da rao A rao dever ser retirada sempre seis boras antes do incio da captura das aves. Este procedimento deve ser rigorosamente observado, para que se d tempo para a ave digerir toda a rao existente no trato digestivo. Procedendo assim, evita-se mortalidade de aves por papo cheio e, principalmente, fica bastante facilitada a retirada do papo, por ocasio do abate. A ruptura do papo, quando cheio, contamina a carcaa, predispondo a mesma condenao por parte da inspeo Federal. Uma boa prtica de manejo, no momento do corte da rao, a diviso do avirio em quatro reparties-usando cercas de tela mveis, com o objetivo de evitar o amontoamento das aves durante a captura. 5) Abastecimento de gua O abastecimento de gua do lote de relevante importncia e deve estar em condies ideais at momentos antes do incio da apanha. Faltando 15 minutos para o incio da operao, levante ou retire todos os bebedouros. Faa esta operao gradativamente, ou seja, por etapas, retirando primeiro os bebedouros na regio do avirio em que se iniciar o carregamento. Este procedimento pode ser bastante importante durante o vero e em carregamentos diurnos e em avirios grandes (mais de

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12.000 aves), no qual as ltimas aves a serem carregadas podero sofrer caso fiquem muito tempo sem beber gua. 6) Equipamentos Todo equipamento deve ser retirado do avirio ou elevado uma altura que no atrapalhe boa movimentao do pessoal, nem crie obstculos onde as aves possam se acidentar. Os comedouros tubulares devem ser erguidos ou pendurados nas telas laterais do avirio. Quanto aos comedouros automticos, devem soltos no cho; quando so do tipo "tuboflex", o ideal ergu-los atravs de sistemas de roldanas. Os bebedouros pendulares devem ser erguidos, e os tipo calha, retirados do avirio ou colocados nas laterais. 7) Carregamentos Em carregamentos diurnos se faz necessria a preparao de pequenos crculos de captura, onde se prendem de 150 a 200 frangos em cada um. Estes crculos podem ser feitos a partir de trs chapas de Eucatex providas de dobradias, facilitando a captura e evitando grande movimentao das aves. Deve-se trabalhar com seis a oito crculos destes, medida que vo sendo liberados segue-se adiante na apanha para aprisionar novos grupos de aves. 8) Sistema de tubos Para o transporte das caixas vazias e que contenham frangos, o uso de tubos, colocados em forma de trilhos dentro do avirio, tem se mostrado muito eficiente. Facilita sobremaneira o manejo das caixas, diminui sensivelmente o esforo dos carregadores ao transport-las e diminui muito as contuses das aves. Este sistema consiste canos de seis metros de comprimento cada, dispostos no cho do avirio, paralelamente, com o espao interno contnuo de 50 centmetros, formando um trilho que vai do caminho ao interior do avirio. Com este sistema instalado, descarregamos as caixas vazias para o interior do avirio e retornamos as mesmas, cheias de frangos, para o caminho. Esta operao toda feita por deslizamento suave, evitando o esforo de ergu-las ao caminho, diminuindo com isso os maus tratos com as aves, alm de facilitar e agilizar consideravelmente a operao. 9) Tempo O tempo para o carregamento de 200 caixas deve ser de aproximadamente 45 minutos. 10) Nmero de aves O nmero de aves por caixa depende do tipo de frango produzido. O ideal dimension-la por Kg de peso-vivo. Em caixas convencionais, usa-se o espao de 0,020 m2 /Kg de peso-vivo no vero, e de 0,024 m2/Kg de peso-vivo no inverno.

11) Caixas Ao serem descarregadas do caminho, as caixas podem deslizar sobre os trilhos em pilhas de quatro a cinco unidades; e, ao retornarem, somente em pilhas de duas. 12) Mo-de-obra

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So necessrias duas pessoas em cima da carroceria do caminho. Juntas, elas formaro a carga, encaixando uma gaiola sobre a outra, sempre com a coordenao do motorista. 13) Iluminao e apanha das aves Ao iniciar a apanha das aves noite, as luzes dever ser apagadas, podendo ser usadas lmpadas azuis, que permitem a movimentao do pessoal, sem excitar as aves. Quando o transporte feito durante o dia, necessria a confeco de pequenos crculos, j descritos, para a conteno de pequenos grupos de aves. Todo o trabalho e a movimentao no interior do avirio devem ser efetuados com calma e sem nenhuma correria, para no assustar as aves. Elas devem ser apanhadas e encaixotadas individualmente, pelo dorso, com as mos posicionadas sobre as asas, firmando-as uma a uma, sendo colocadas no interior das caixas. Cada operador deve encher sua caixa, mais de um operador por caixa leva freqentemente a erros de contagem. importante manter uma pessoa como responsvel pela apanha, esta dever constantemente supervisionar os carregadores, chamando a ateno, quando algo estiver sendo feito de maneira errada. Nunca permita que as aves sejam apanhadas pelas pernas ou asas. Esta operao errnea, com certeza, aumentar consideravelmente o nmero de aves contundidas. A apanha pelo pescoo vem crescendo e empresas j utilizam 100% dessa modalidade que exige um pouco mais de treinamento da equipe. As aves so apanhadas 2 a 3 em cada mo. As leses hemorrgicas e o nvel de fraturas so semelhantes quando se pega a ave pelo dorso. Uma desvantagem o nmero de arranhes no dorso e coxas que so feitos quando introduaz a ave na caixa que j tem outras aves. Nos dias mais quentes, pode aumentar a mortalidade no transporte porque o modo de apanha no deixa de ser um processo de asfixia. 14) Conduo das caixas Aps o completo enchimento das caixas com frango, as luzes podem ser novamente acesas, e as caixas, empilhadas sobre os trilhos em duas a duas. Uma pessoa empurra estas duas caixas, deslizando-as suavemente, pelos trilhos at o caminho. Assim, toda a carga refeita. 15) Transporte Nesta etapa ocorre grande nmero de hematomas e contuses, principalmente em peitos. uma operao muito importante e deve ser realizada por motoristas treinados e conscientes da tarefa que esto realizando. 16) Abate O planejamento minucioso fator vital no processo. importante lembrar que a responsabilidade do criador continua no abatedouro, pois a eficincia do abate, sangramento, depenamento, etc., so fatores que dependem do tratamento oferecido nos estgios anteriores. Para minimizar prejuzos e reduzir a depreciao da carcaa, ateno especial deve ser dada s seguintes reas que antecedem o abate: Qualidade da cama, profundidade e condies da mesma. Densidade de alojamento. Mtodos de captura e manuseio do frango. Transporte e tempo de engradamento. Intensidade de luz antes do abate.

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4) ABATE DAS AVESComo anteriormente dito, a preocupao com a qualidade fsica das carcaas no pode terminar quando as aves alcanaram o peso de abate e esto prontas para o apanhe, mas deve estender-se pelas etapas subseqentes da cadeia de processamento. Assim, veremos as etapas que seguem no momento em que as aves chegam ao abatedouro. 4.1) Recepo e tempo de espera Durante o recebimento das aves no frigorfico, ser conferida a documentao de procedncia e julgamento das condies de sanidade do lote, pelo Servio de Inspeo (Federal, Estadual ou Municipal). No ocorrendo suspeita de doena infecto-contagiosa o caminho encaminhado aos galpes para realizar o descanso das aves. Como conseqncia das diversas formas de estresse gerado no transporte, as aves podem chegar com o sistema cardio-respiratrio alterado e a temperatura corporal aumentada. Os galpes devem proporcionar as melhores condies para minimizar os efeitos provocados pelo estresse, corno ser coberto e equipado com ventiladores. A ventilao associada a sistemas de asperso com gua contribui para reduzir o excesso de calor e diminuir a agitao das aves. A asperso com gua durante o tempo de descanso recomendada em temperaturas ambientais variando de 10 a 300C e umidade relativa abaixo de 80%. Entretanto, desaconselhve1 em temperaturas abaixo de 100C, pois pode causar tremor muscular, depleo do glicognio e aumentar a incidncia de carnes escuras, firmes e ressecadas na superfcie. O tempo de descanso para o abate das aves, pode influenciar na incidncia da mortalidade, principalmente em situaes de clima desfavorvel (alta temperatura) e perodos longos de transporte, normalmente associado ao jejum alimentar mais prolongado. Fundamentados nestas constataes o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa) publicou a portaria n0 210 (Brasil, 1998) que libera as aves para o abate, imediatamente aps a recepo, sem necessitar de descanso mnimo de duas horas. 4.2) Pendura A retirada das gaiolas do caminho na plataforma de recepo pode ser realizada manualmente ou com auxilio de equipamentos. No abate de perus, a retirada manual uma prtica muito comum, devido ao elevado peso das aves e ao tipo de carroceria dos caminhes, que possuem compartimentos adequados ao tamanho dos perus, no necessitando de gaiolas. No abate de frangos, a maioria dos frigorficos utiliza empilhadeiras operadas manualmente associadas esteira mvel, que um mtodo eficiente para minimizar o estresse. A retirada manual das gaiolas um mtodo muito estressante e pode ocasionar danificaes na carcaa, pois no decorrer da operao o descuido dos funcionrios no manejo das gaiolas normalmente ocorre e acidentes como tombamentos das mesmas podem ocorrer, alm do que, uma atividade fsica externamente exaustiva. Aps o descarregamento, as gaiolas so conduzidas em esteiras e funcionrios posicionados ao longo da nrea, fazem a pendura manual, assim como a inspeo ant mortem do lote. Para realizar a pendura ou suspenso pelos ps nos ganchos da nrea, os funcionrios devem ser treinados de forma a ter agilidade e executar esta atividade com rapidez, minimizando o estresse. O ambiente nesta etapa deve proporcionar 37

tranqilidade e, nesse sentido, importante ter ventilao, pouco rudo e iluminao adequada. Recomenda-se a utilizao de luz negra (luz violeta) no ambiente, e o uso de uniformes de cor azul, objetivando no despertar a ateno das aves e transmitir tranqilidade. A pendura uma das etapas que deve receber total ateno, assim como a apanha nas granjas, pois so prticas que quando mal conduzidas, sem equipes treinadas, comprometem a qualidade da carcaa (alta incidncia de fraturas e contuses de asa e perna). importante que as agroindstrias forneam treinamento constante aos funcionrios que executam esta prtica, assim como rodzio (troca) de funo a cada trs horas. H necessidade de sensibiliz-los constantemente, quanto s questes de manejo respeitando o bem-estar animal, pois a rotina e execuo da mesma tarefa por perodos longos diminuem a sensibilidade dos mesmos nestas questes. 4.3) Insensibilizao Com o objetivo de evitar a dor e sofrimento dos animais o Mapa criou a instruo normativa n 13, a qual regulamenta todos os mtodos permitidos para a insensibilizao no abate humanitrio. Todos os estabelecimentos destinados ao abate devem aplicar a insensibilizao imediata como etapa prvia a sangria. A perda da conscincia tem por objetivo impedir que a ave sofra durante a sangria, devendo manter-se inconsciente at ocorrer morte, assim como, imobiliza-la permitindo que as demais etapas sejam realizadas facilmente. Somente permitido o sacrifcio de animais sem insensibi1izao prvia a sangria, em caso de ser destinada esta carne ao consumo por comunidade religiosa que faa esta exigncia. Dois exemplos que no realizam a insensibilizao so; o abate conforme o ritual judaico ou islmico. Insensibilizao mecnica Dividido em: a) Percussivo Penetrativo: Pistola com dardo cativo = Utiliza uma pistola, cujo dardo penetra no crtex cerebral, atravs da regio frontal da cabea da ave. b) Percussivo no penetrativo: Utiliza uma pistola que provoca um golpe no crnio. O equipamento deve ser posicionado na cabea, nas regies indicadas pelo fabricante. Insensibilizao eltrica A eletronarcose um mtodo reversvel comumente utilizado pelos abatedouros. As aves so suspensas na nrea e levadas insensibilizao, onde ocorre a imerso da cabea e parte do pescoo (7 seg), num tanque contendo gua conduzindo eletricidade. A conduo da corrente eltrica na ave promove epilepsia, que impede a atividade rnetablica cerebral. A epilepsia se d pela propagao do estimulo eltrico, que provoca despolarizao imediata da clula neuronal, impedindo que haja traduo do estmulo da dor, provocado pela inciso na sangria. Ao contrrio do Brasil, a legislao da Comunidade Europia exige que durante a insensibi1izao ocorra a morte cerebral, para isto, deve ser utilizada alta intensidade de corrente, acima de l20mA. Os europeus preferem que as aves morram nesta etapa, assegurando o bem-estar animal, pois impede o risco de algumas aves mal insensibilizadas, retomarem a conscincia e sofrer durante a sangria. J nos Estados

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Unidos e Brasil, o atordoamento ocorre sob baixa intensidade de corrente, sendo comum os insensibilizadores com correntes de 35mA, freqncia de 60 hertz e voltagem variando de 28 a 60 volts. A insensibi1izao por eletronarcose um mtodo eficiente e de baixo custo de aquisio, entretanto, quando realizada de forma inadequada, apresenta alta incidncia de defeitos de qualidade na carcaa, como: fraturas, contuses, colorao alterada da carne e, principalmente, o surgimento de petquias (salpicarnento) na musculatura. De acordo com Raj et al. (1990) esta incidncia maior na insensibilizao eltrica com alta intensidade de corrente, devido as fortes contraes e convulses, que podem provocar rompimento dos capilares (petquias) e fraturas, acarretando maiores perdas econmicas.

Insensibilizao gasosa A insensibilizao com gs um mtodo aceito mundialmente, sendo que, a sua utilizao tem aumentado. No entanto, poucos abatedouros utilizam devido o alto custo de aquisio das cmaras ou tneis com gs, sendo vivel economicamente, somente em plantas que abatem um grande volume de aves. A conduo das aves ao insensibilizador pode ser pela suspenso na nrea ou atravs das gaiolas em esteira mvel. A inalao do gs direto nas gaiolas se d com baixas concentraes, sem que o animal perceba, apresentando como vantagem a eliminao do estresse provocado pela separao das aves e da pendura. A mistura de gases comumente utilizada o oxignio com dixido de carbono (CO2), no entanto, outras misturas como o oxignio com argnio, argnio com dixido de carbono e somente argnio, tem sido testadas demonstrando eficincia. 4.4) Sangria A sangria das aves deve ser realizada imediatamente aps a insensibilizao de modo a provocar rpido escoamento do sangue, que causa isquernia, levando morte cerebral. A morte deve ocorrer antes da recuperao da sensibilidade. A inciso deve ser realizada nos grandes vasos do pescoo (veia jugular e artria cartida), podendo ser manual ou automatizada, ambos os mtodos so eficientes. Na sangria automatizada deve haver a superviso de um funcionrio, pois pode ocorrer falha do equipamento ou algumas aves escapar da inciso, sendo necessrio fazer o repasse manual. Aves muito pequenas (refugos) dificultam a maioria das etapas no abate, principalmente insensibilizao e a sangria, pois a altura dos equipamentos regulada em funo do comprimento das carcaas. A eficincia da sangria influenciada por diversos fatores como; o estado fsico do animal antes do abate, mtodo de insensibilizao e, principalmente, o intervalo entre a insensibilizao e a sangria. Todas as enfermidades que debilitam o sistema circulatrio afetam a sangria, as febris provocam vasodilatao generalizada, o que impede uma sangria eficiente. O mesmo ocorre em animais em estado de estresse agudo, tendo em vista que o sistema circulatrio est alterado. Falhas operacionais como, tamanho da inciso (muito pequena e que impede o total escoamento do sangue). Neste caso a ave deve ser encaminhada ao Departamento de Inspeo Final da linha de abate para ter o correto julgamento e destino, j que, a reteno de sangue na carne oferece condies para o desenvolvimento bacteriano, representando um risco microbiolgico.

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4.5) Escaldagem Realizada na seqncia do processo de sangria por determinado perodo de tempo, sendo que as aves no entrem vivas, ou ainda ofegantes, no tanque de escaldagem. Se isto acontecer, a traquia, esfago, pulmes, papo, moelas e sacos areos podem contaminar-se com a gua da escaldagem, e as carcaas ficaro vermelhas. Adicionalmente, os pulmes podem colapsar-se e tornarem-se difceis de remover da carcaa. O processo de escaldagem pode ser feito por imerso em gua quente ou por asperso. A escaldagem por asperso, menos usada que a por imerso, tem como beneficio uma melhor higiene das carcaas, e como desvantagens o alto consumo de gua e o relato da maior incidncia de defeitos nas carcaas. Esta maior incidncia de defeitos na carcaa pode ser decorrente da menor eficincia na transferncia de calor aos folculos, proporcionada por este sistema, o que exige como compensao, uma temperatura mais alta da gua, fragilizando a pele. A escaldagem por imerso feita em tanque. O tanque de escaldagem no um equipamento cujas especificaes so universais, so estabelecidas de acordo com as exigncias especficas de cada processo. Levar em conta no projeto os aspectos termodinmicos do processo tambm muito importante, uma vez que possvel economizar uma considervel quantidade de energia com um desenho e concepo cuidadosos. Contudo, no se faz um bom produto apenas com um tanque cheio de gua. necessrio agitar e aquecer a gua. A agitao da gua do tanque de escaldagem tem a funo de eriar a camada de penas que reveste a pele das aves, permitindo que o calor da gua seja transferido de maneira eficaz, rpida e econmica aos folculos, facilitando a remoo das penas, posteriormente. A agitao da gua pode ser feita por meio mecnico ou por injeo de ar. O processo de escaldagem pode ser brando, com a gua aquecida ao redor de 55C para a produo de carcaas de pele amarela, ou duro, aquecida acima dos 55C,para produo de carcaas de pele branca. O aquecimento da gua pode ser feito de diferentes maneiras. A escaldagem um dos principais pontos de ocorrncia de contaminao cruzada por Salmonella dentro do abatedouro. Por esta razo que, ainda em meados dos anos 80, comeou-se a analisar, na Europa, as vantagens do uso de tanques com mais de um estgio no tocante diminuio da concentrao de contaminantes fsicos e, sobretudo, microbiolgicos existentes nos tanques de um s estgio, buscando com isto, reduzir contaminao cruzada durante o processo.

4.6) Depenagem a retirada das penas, sendo que, em geral utilizam-se trs depenadeiras em srie. Ao passar pela primeira depenadeira, grande parte das penas so removidas, principalmente as do peito. As depenadeiras seguintes retiram os restos de penas e depenadeira final retira a cutcula da superfcie dos ps dos frangos. As penas retiradas caem sobre canaletas que escoam com o auxlio de gua corrente para a graxaria. A seo de depenagem junta da seo de escaldagem.

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A depenagem mecnica aumenta significativamente os nveis de contaminao na pele das aves, a1m de se constituir num dos principais pontos de contaminao cruzada. Estudos envolvendo o uso de uma ave artificialmente inoculada com um organismo facilmente identificave1 Escherichia coli Ki 2 (organismo marcado), mostrou que durante a depenagem o organismo marcado pode ser transmitido para pelo menos 200 outras aves. 4.7) Eviscerao A eviscerao uma operao que deve ser conduzida com cuidados especiais de modo a evitar que as vsceras sejam rompidas, colocando em risco a qualidade e segurana da carcaa. A seqncia das operaes realizadas no percurso da calha de eviscerao varia em mtodo, porm, todas partem do princpio de expor as vsceras para que sejam examinadas pela Inspeo Federal. Nas operaes que antecedem a inspeo, no pode ser retirada nenhuma parte ou rgo da carcaa, que possa mascarar o futuro diagnstico. Todas as operaes do processo de eviscerao, com exceo da Inspeo Federal podem ser feitas atravs de evisceradora automtica. Quando no automatizados, as etapas bsicas realizadas antes e aps a eviscerao propriamente dita so: toilete inicial; corte da pele do pescoo, traquia e esfago; extrao da cloaca; corte do abdome; eventrao; retirada de vsceras; retirada do papo, traquia e esfago; extrao dos pulmes; reinspeco; toilete final. 4.8) Lavagem A lavagem aps a eviscerao e inspeo final da carcaa efetuada principalmente para assegurar uma ave limpa e livre de resduos. Os chuveiros devem ser eficientes e a presso suficiente para remover significante nmero de contaminantes tanto da superfcie externa da carcaa como da superfcie interna, minimizando assim, a contaminao da gua de resfriamento. 4.9) Pr-resfriamento, resfriamento e gotejamento Esta operao realizada em dois equipamentos em srie, o pr-chiller e o chiller. O pr-chiller serve para dar incio ao resfriamento, limpeza e reidratao da carcaa. O chiller finaliza este processo. A reidratao tem por finalidade a recuperao da gua perdida durante o transporte e nas operaes iniciais. Essa reidratao protege a carcaa nos processos de conservao, principalmente o congelamento (colorao e aspecto da carcaa). O resfriamento tem por finalidade eliminar o calor ps-mortem adquirido durante as fases iniciais de abate. Com a diminuio da temperatura evita-se a proliferao da flora microbiana que est normalmente presente nas carcaas. Estes microorganismos podem causar toxi-infeces alimentares, ou produzem SO (xido de enxofre) que causa alterao de colorao nas carcaas. Este processo de resfriamento leva de 30 a 40 minutos e a carcaa deve alcanar uma temperatura final, em torno de 4 a 6C. Em muitos abatedouros, a velocidade de abate tal que a perda de calor da ave antes que ela chegue ao estagio de resfriamento muito pequena e frequentemente a temperatura da carcaa est acima de 300C quando ela chega aos tanques de resfriamento. Um resfriamento rpido da carcaa essencial para retardar/minimizar o

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crescimento de bactrias deterioradoras psicrotrficas e prevenir qualquer aumento de microrganismos de importncia para a sade humana. O resfriamento por imerso continua o mtodo mais utilizado. Neste sistema a gua, em um estado de constante agitao, tem um efeito de lavagem da carcaa, removendo um grande nmero de microrganismos, tanto da superfcie externa corno da interna. As condies higinicas de operao dos refriadores por imerso devem prevenir o desenvolvimento de contaminantes e isto depende muito da qualidade da gua usada e do controle da temperatura. A adio de gua fria ou gelo, no apenas auxilia no processo de resfriamento, mas tambm previne o aumento de temperatura da gua a nveis que possam permitir o desenvolvimento microbiano. A adio de hipoclorito na gua dos tanques de resfriamento, comumente usada em muitos pases um modo efetivo de se minimizar a contaminao cruzada neste estgio do processo. Os frangos saem do chiller atravs de uma esteira caindo em uma mesa, onde h funcionrios que os penduram em ganchos numa linha contnua, suspensos pelas asas, coxas ou pescoo. A finalidade da etapa de gotejamento eliminar o excesso d'gua adquirida na operao de pr-resfriamento. Ao final desta fase, a absoro de gua no dever ultrapassar a 8% de seu peso. 4.10) Classificao e espostejamento As carcaas so classificadas por funcionrios, que podem destin-la para a embalagem como pea inteira ou para a sala de cortes, de acordo com os pedidos de demanda da empresa, dependendo, principalmente, de sua aparncia externa. As carcaas "mais perfeitas" so embaladas inteiras, as de aparncia estranha (com manchas de sangue, por exemplo) so destinadas ao corte. As carcaas inteiras ou partes so embaladas, resfriadas e estocadas at o pedido de expedio. Espostejamento a etapa onde ocorre o corte da carcaa em diversas partes. Estes cortes podem ser feitos manual ou mecanicamente. Em ambos os casos, utilizar equipamentos de material inoxid