Upload
doancong
View
218
Download
2
Embed Size (px)
Citation preview
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA:
INFLUÊNCIA DAS ATIVIDADES ANTRÓPICAS NA
DINÂMICA HIDROLÓGICA
ALESSANDRO COELHO MARQUES
ILHÉUS, BAHIA.
2008
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC Programa Regional de Pós-graduação em
Desenvolvimento e Meio Ambiente
Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
ALESSANDRO COELHO MARQUES
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA: INFLUÊNCIA DAS
ATIVIDADES ANTRÓPICAS NA DINÂMICA HIDROLÓGICA.
Orientador: Dr. Maurício Santana Moreau.
ILHÉUS, BAHIA.
2008
Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental no Trópico Úmido.
COMISSÃO EXAMINADORA
Ilhéus – BA, 28/03/2008.
_______________________________________________
Prof. Dr. Maurício Santana Moreau UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz
Orientador
_______________________________________________ Prof. Dr. Oldair Del’Arco Vinhas Costa
UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Examinador Externo
_______________________________________________ Prof. Dr. Jaênes Miranda Alves
UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz Examinador Interno
DEDICO E OFEREÇO
À minha pequenina filha Laís, que chegou no percurso dessa pesquisa e me fez
observar o mundo através de um novo olhar, de respeito aos simples detalhes que a
vida oferece.
A minha esposa Caroline Fontes e a minha mãe Raymunda Coelho, pelo amor
dedicado a mim, às palavras de conforto e incentivo, responsáveis pelo meu
sucesso de vida pessoal e profissional;
Ao meu pai, Umberto Marques pelos ensinamentos de respeito, hombridade e moral
durante toda a minha vida;
Aos meus irmãos Cláudio Marques e Cristine Marques pelo convívio fraternal e
estímulo no meu desenvolvimento pessoal e profissional;
Aos meus colegas do IESB, pelos ensinamentos de luta a favor das questões
ambientais, da redução das desigualdades sociais e da busca do conhecimento.
AGRADECIMENTOS
A Deus pelos caminhos que tem guiado em minha vida.
Ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da Universidade Estadual de Santa Cruz, pela oportunidade para
realização do curso.
Ao Professor Dr. Maurício Santana Moreau, pelas orientações, amizade e
apoio incondicional durante todo percurso dessa dissertação.
Aos Professores Doutores Jaenes Alves, Neylor Calasans, Francisco de
Paula, Ana Maria Moreau, pelo apoio e confiança concedida a mim.
Ao Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB) e a The
Nature Conservancy (TNC), pelo apoio logístico e financeiro para realização da
pesquisa.
A toda equipe do IESB, em especial Gabriel dos Santos e Marcelo Araújo,
pela amizade e incentivo a qualificação profissional.
Aos amigos estagiários Joseval Moreira, Diego Correia, Dayse Andrade,
Dayse Azevedo e Murilo Pitanga, pela colaboração e apoio nas atividades de
campo.
Aos proprietários e funcionários das fazendas Bom Sossego (Sr. Hélio da
Silva), Faz. Nossa Senhora Auxiliadora (Sr. Vivaldo de Oliveira), Faz. Baixa Alegre
(Sr. Carlos dos Santos) e Faz. Redenção (Sr. Waldez Martins), pela amizade e
contribuição na coleta de dados utilizados na pesquisa.
vi
Bacia Hidrográfica do Rio Santana: Influência das Atividades Antrópicas na Dinâmica Hidrológica.
RESUMO
A bacia hidrográfica do rio Santana está inserida em um dos biomas mais ameaçados do planeta, a Mata Atlântica. Devido a sua importância, principalmente por abastecer parte de município de Ilhéus - BA, o presente estudo objetivou correlacionar a influência dos aspectos socioeconômicos, ambientais e de uso da terra em seu comportamento hídrico. A realização pesquisa demandou as seguintes atividades: caracterização fisiográfica da bacia (geologia, geomorfologia, pedologia, clima, hidrografia e cobertura vegetal); caracterização do perfil dos agricultores sob os aspectos socioeconômico e ambiental; mapeamento em escala de detalhe, 1:25.000, do uso da terra através de imagem do satélite de alta resolução, Ikonos, e apoio de softwares que trabalham com Sistemas de Informação Geográfica (SIG); monitoramento do comportamento do fluxo hídrico em quatro sub-bacias, através de réguas liminimétricas instaladas, com cobertura vegetal compostas por: 1) com domínio de florestas; 2) domínio de pastagens e 3) composta de floresta, cacau e pastagem. Os resultados encontrados demonstram as atividades humanas desenvolvidas na BHRS são praticadas, principalmente, por pequenos agricultores proprietários de 1 a 50ha de terra, direcionados para o cultivo do cacau. Os fatores sociais e econômicos relacionam-se com a forma de uso da terra, interferindo no comportamento hídrico da rede de drenagem. As características de uso da terra na área de estudo demonstram que a agricultura tradicional permanente com cultivo do cacau, sobressai em relação aos outros usos. As análises realizadas revelaram que a bacia com maior percentual de cobertura florestal apresentou menor oscilação no nível da lâmina da água, nos períodos chuvosos e de seca. As bacias com uso da terra mais intenso sofreram constante oscilação, comprovando a importância dos recursos florestais para a manutenção da quantidade e qualidade hídrica.
Palavras-chave: Atividades socioeconômicas; uso da terra; hidrologia.
vii
The Santana River Watershed: the influence of human activities on the hydrological dynamics.
ABSTRACT
The Santana River watershed is inserted into one of the most threatened biomes of the world, the Atlantic Forest. Because of its importance, for supplying water for the municipality of Ilhéus - BA, this study aimed to correlate the influence of socioeconomic aspects, environmental and land use on the hydrology of this watershed. This research demanded the following activities: physiological characterization of the basin: geology, geomorphology, pedology, climate, hydrography and vegetation cover; characterization of the profile of farmers under the socioeconomic and environmental aspects; mapping the land use using 1:25.000 scale of detail through satellite image of high resolution, Ikonos, and support of software that work with Geographic Information Systems (GIS), tracking the performance of the water flow into four sub-basins, through liminimetrics ruler installed, with vegetation composed by: 1), area of forest, 2) area of pasture and 3) a mix of are of forest, cocoa and pasture. The results showed human activities developed in the BHRS are practiced, mainly by small farmers which owned areas varying from 1 to 50ha of land, directed for the cultivation of cocoa. The social and economic factors are related with the land use, affecting the drainage system. The characteristics of the land use in the study area showed that the traditional agriculture with permanent cultivation of cocoa, stands out for other uses. The analyses also revealed that the basin with a higher percentage of forest cover had lower-level of oscillation of the fluvial level in both rainy and dry periods. The basins with more intensive land use suffered constant oscillation. This result proves the importance of forest cover to the maintenance of quality and quantity of water.
Key words: Socioeconomic activities, Land use; Hydrology.
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, LITORAL
SUL DA BAHIA.---------------------------------------------------------------------------30
FIGURA 2 - DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA. ----40
FIGURA 3 - UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA-----41
FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS CLASSES DE SOLOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SANTANA. ---------------------------------------------------------------------------44
FIGURA 5 - DISTRIBUIÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SANTANA. --------------------------------------------------------------------------------45
FIGURA 6 – TIPOS CLIMÁTICOS E DISTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO SANTANA ------------------------------------------------------------------------46
FIGURA 7 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS PROPRIEDADES ENTREVISTADAS NA BACIA
HIDROGRAFIA DO RIO SANTANA, EM 2005. ------------------------------------------47
FIGURA 8 - REALIZAÇÃO DE ENTREVISTA COM PREENCHIMENTO DE FORMULÁRIOS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA.-----------------------------------------------------48
FIGURA 9 – REGIÕES IDENTIFICADAS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA. -----------49
FIGURA 10 - SUBSTITUIÇÃO DE “CAPOEIRA” POR MANDIOCA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SANTANA, EM 2005. --------------------------------------------------------------------58
FIGURA 11 - USO DA TERRA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA EM 2005.-----------64
FIGURA 12 – CLASSE DE USO FLORESTA SECUNDÁRIA, REGIONALMENTE CONHECIDA COMO
“CAPOEIRA”, ENCONTRADA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA.---------65
FIGURA 13 - CLASSE DE USO COM O CULTIVO DE CACAU NO SISTEMA “CABRUCA”, NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA.-----------------------------------------------------66
FIGURA 14 – CLASSE DE USO COM COCO-DA-BAÍA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SANTANA. --------------------------------------------------------------------------------67
ix
FIGURA 15 – CLASSE DE USO COM PASTAGENS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA.
--------------------------------------------------------------------------------------------68
FIGURA 16 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DAS SUB-BACIAS ESTUDADAS -----------------------77
FIGURA 17 - COMPORTAMENTO HÍDRICO DO RIBEIRÃO BAIXA ALEGRE, NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA.-----------------------------------------------------80
FIGURA 18 - COMPORTAMENTO HÍDRICO DO RIO SANTA MARIA, NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SANTANA. ---------------------------------------------------------------------------84
FIGURA 19 - COMPORTAMENTO HÍDRICO DO RIO SANTANINHA, NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SANTANA. ---------------------------------------------------------------------------87
FIGURA 20 - COMPORTAMENTO HÍDRICO DO RIO MACUCO, NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
MACUCO.---------------------------------------------------------------------------------90
FIGURA 21 – COMPORTAMENTO HÍDRICO EM QUATRO SUB-BACIAS DO RIO SANTANA.-------96
x
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - GRAU DE INSTRUÇÃO DOS PROPRIETÁRIOS OU ADMINISTRADORES RURAIS DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005. -------------------------------50
TABELA 2 - GRAU DE INSTRUÇÃO ENTRE OS PROPRIETÁRIOS E ADMINISTRADORES RURAIS DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005. -------------------------------51
TABELA 3 – FORMAÇÃO DA RENDA DOS PROPRIETÁRIOS RURAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SANTANA, EM 2005.--------------------------------------------------------------51
TABELA 4 – COMPOSIÇÃO DA RENDA DOS PROPRIETÁRIOS RURAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO SANTANA POR INTERVALO DE TAMANHO DE PROPRIEDADE, EM 2005. 52
TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DAS PROPRIEDADES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA
POR INTERVALO DE TAMANHO, EM 2005.-------------------------------------------53
TABELA 6 - PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DESENVOLVIDAS NA ZONA RURAL DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005. ---------------------------------------54
TABELA 7 - PROPRIEDADES DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA QUE RECEBEM OU
RECEBERAM CRÉDITOS FINANCEIROS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM 2005.------55
TABELA 8 - INTENÇÃO DOS PROPRIETÁRIOS RURAIS EM IMPLANTAR OU AMPLIAR NOVOS
CULTIVOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005. ---------------57
TABELA 9 - ÁREAS INDICADAS PELOS AGRICULTORES PARA IMPLANTAÇÃO DE NOVOS
CULTIVOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005. ---------------58
TABELA 10 - ATIVIDADES A SEREM IMPLANTADAS, CASO FOSSE PERMITIDO SUPRESSÃO DA
FLORESTA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005 ---------------59
TABELA 11 - PROPRIEDADES COM RESERVA LEGAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SANTANA, EM 2005.-------------------------------------------------------------------60
xi
TABELA 12 - PROPRIEDADES COM RESERVA LEGAL DISTRIBUÍDO POR TAMANHO, NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA EM 2005. ----------------------------------------61
TABELA 13 - POSSÍVEIS ÁREAS PARA REFLORESTAMENTO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SANTANA, EM 2005.-------------------------------------------------------------------62
TABELA 14 – DISTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE USO DA TERRA NA BACIA HIDROGRAFIA DO RIO
SANTANA, EM 2005.-------------------------------------------------------------------70
TABELA 15 – DISTRIBUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NA SUB-BACIA BAIXA ALEGRE, EM
2005 ------------------------------------------------------------------------------------79
TABELA 16 – CHUVA ACUMULADO NO PERÍODO DE MARÇO A OUTUBRO DE 2007, DA BACIA DO
RIBEIRÃO BAIXA ALEGRE -------------------------------------------------------------80
TABELA 17 – DISTRIBUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NA BACIA RIO SANTA MARIA, EM 2005
-------------------------------------------------------------------------------------------83
TABELA 18 – CHUVA ACUMULADO NO PERÍODO DE MARÇO A OUTUBRO DE 2007, DA BACIA DO
RIO SANTA MARIA ---------------------------------------------------------------------83
TABELA 19 – DISTRIBUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NA BACIA DO RIO SANTANINHA, 2005
-------------------------------------------------------------------------------------------86
TABELA 20 – CHUVA ACUMULADO NO PERÍODO DE MARÇO A OUTUBRO DE 2007, DA BACIA DO
RIO SANTANINHA. ----------------------------------------------------------------------87
TABELA 21 – DISTRIBUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NA BACIA DO RIO MACUCO, EM 200589
TABELA 22 – CHUVA ACUMULADO NO PERÍODO DE MARÇO A OUTUBRO DE 2007, DA BACIA DO
RIO MACUCO. --------------------------------------------------------------------------90
TABELA 23 – DISTRIBUIÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DAS SUB-BACIAS ESTUDAS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA, EM 2005. ---------------------------------------95
TABELA 25 - DADOS ESTATÍSTICOS DAS QUATRO SUB-BACIAS DO RIO SANTANA -------------97
xii
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – CLASSES DE SOLO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA E SUA
DISTRIBUIÇÃO --------------------------------------------------------------------------43
QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA
-------------------------------------------------------------------------------------------75
QUADRO 3 – CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DO RIBEIRÃO BAIXA ALEGRE -------------78
QUADRO 4 – CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DO RIO SANTA MARIA ---------------------81
QUADRO 5 – CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DO RIO SANTANINHA-----------------------85
QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DO RIO MACUCO ---------------------------88
QUADRO 7 – DADOS MORFOMÉTRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTANA E DAS
SUAS SUB-BACIAS ESTUDADAS-------------------------------------------------------91
QUADRO 8 – CLASSIFICAÇÃO DA DECLIVIDADE SEGUNDO EMBRAPA (1979) ------------------93
xiii
LISTA DE SIGLAS
AIA Avaliação de Impactos Ambientais
BH Bacia Hidrográfica
BHRS Bacia Hidrográfica do Rio Santana
CEPLAC Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CI Conservação Internacional do Brasil
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO Food and Agriculture Organization
GBH Gerenciamento de Bacia Hidrográfica
GPS Global Positioning System
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IESB Instituto Estudos Socioambientais do Sul da Bahia
MDT Modelo Digital do Terreno
RGB Red, Greem, Blue
SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
SIG Sistema de Informação Geográfica
SWAT Soil and Water Assessment Tool
TNC The Nature Conservancy
UTM Universal Transversa de Mercator
xiv
SUMÁRIO
RESUMO ---------------------------------------------------------------------------------------------- VI
ABSTRACT-------------------------------------------------------------------------------------------VII
1. INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------16
1.1 OBJETIVOS--------------------------------------------------------------------------------------18 1.1.1 Geral------------------------------------------------------------------------------------------18 1.1.2 Específicos----------------------------------------------------------------------------------18
2. REVISÃO DE LITERATURA ------------------------------------------------------------------19
2.1 O Meio Ambiente -------------------------------------------------------------------------------19
2.2 Bacia Hidrográfica como Unidade de Planejamento -----------------------------------21
2.3 Uso da Terra e Regime Hídrico das Bacias Hidrográficas ----------------------------23
2.4 Bacia Hidrográfica do Rio Santana (BHRS) ----------------------------------------------25
3 METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------29
3.1 Localização Geográfica da Área de Estudo ----------------------------------------------29
3.2 Caracterização de Aspectos Fisiográficos da Bacia Hidrográfica do rio Santana.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------31
3.3 Mapeamento do Uso da Terra ---------------------------------------------------------------32
3.4 Análise Socioeconômica e Socioambiental-----------------------------------------------34 3.4.1 Tamanho da Amostra --------------------------------------------------------------------35
3.5 Análise de Características do Comportamento Hídrico das Sub-bacias do Rio Santana ------------------------------------------------------------------------------------------------36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------38
4.1 Caracterização de Aspectos Fisiográficos da Bacia Hidrografia do Rio Santana38 4.1.1 Geologia -------------------------------------------------------------------------------------38
xv
4.1.2 Geomorfologia -----------------------------------------------------------------------------40 4.1.3 Pedologia------------------------------------------------------------------------------------42 4.1.4 Clima -----------------------------------------------------------------------------------------45
4.2 Aspectos Socioeconômicos e Ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Santana.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------47
4.2.1 Aspectos Socioeconômicos-------------------------------------------------------------47 4.2.2 Aspectos Ambientais ---------------------------------------------------------------------56
4.3 Uso da Terra na Bacia Hidrográfica do Rio Santana-----------------------------------63 4.3.1 Classes de Uso da Terra na Bacia Hidrográfica do Rio Santana --------------63 4.3.2 Distribuição Quantitativa das Classes de Uso da Terra na Bacia Hidrográfica do Rio Santana------------------------------------------------------------------------------------69
4.4 Caracterização Hidrológica da Bacia Hidrográfica do Rio Santana. ----------------73 4.4.1 Características Morfométricas da Bacia Hidrográfica do Rio Santana--------74 4.4.2 Caracterização das Sub-bacias Estudadas -----------------------------------------76 4.4.3 Análise Comparativa do Comportamento Hídrico das Sub-bacias Estudadas.--------------------------------------------------------------------------------------------------------91
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------99
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------- 101
16
1. INTRODUÇÃO
As transformações do meio ambiente, causadas principalmente pela interação
das atividades humanas com o meio físico tem comprometido expressivamente a
manutenção recursos naturais. As razões do uso intensivo e desordenado dos
recursos naturais estão ligadas fundamentalmente ao modelo de desenvolvimento
econômico baseado na obtenção de lucro imediato, na forma de ocupação da terra e
nas tradições culturais locais.
Historicamente o uso da terra destinado à agricultura e a pecuária tem sido
apontado como as principais atividades humanas responsáveis pelas alterações na
cobertura dos solos. O aumento da população mundial e consequentemente a
demanda por mais alimentos, somados às necessidades da indústria favorecem a
ampliação das fronteiras agrícolas, exigindo a conversão de áreas naturais cada vez
maiores.
De modo geral, as alterações na cobertura do solo, de acordo com Turner e
Mayer (1994), envolvem dois conceitos relativos às atividades humanas: “conversão”
definida como a mudança de uma cobertura do solo para outro, por exemplo:
floresta para pastagem e, de “modificação”, que é uma mudança de condição dentro
da categoria de cobertura do solo, como por exemplo, a mudança na composição de
uma floresta.
17
A conversão e modificação do solo, indubitavelmente, afetam diretamente a
qualidade e a quantidade dos recursos hídricos, reduz a biodiversidade,
empobrecem os ecossistemas e consequentemente diminui a qualidade de vida.
Essas alterações têm levado a um incalculável prejuízo ambiental que podem afetar
a própria sobrevivência da espécie humana no planeta.
A investigação com ênfase nos fatores socioeconômicos e nas características
do uso da terra, associado ao comportamento hidrológico de bacias hidrográficas é
um dos mecanismos para o entendimento dos efeitos causados por alterações
humanas. De acordo com Silva (2000), os recursos hídricos caracterizam-se como
os mais facilmente afetados pelas atividades humanas, sejam pelo
comprometimento de sua qualidade e/ou quantidade, ou seja, pelo
comprometimento de outras características, como a mudança de cursos de
drenagem ou diminuição de canais de drenagem.
A Bacia Hidrográfica do Rio Santana (BHRS), objeto de estudo dessa
pesquisa, está inserida em um dos biomas mais ameaçados de extinção do planeta,
a Mata Atlântica. A aceleração no processo de ocupação e alteração do solo na
Mata Atlântica e consequentemente na BHRS, teve início na época do
descobrimento do Brasil, com a exploração do Pau-Brasil (Caesalpina echinata) e
posteriormente com os ciclos da cana-de-açúcar e do café, e também da atividade
pecuária. A partir século XVIII o cultivo de cacau (Theobroma cacao) torna-se a
principal atividade econômica regional, dominando na paisagem do Sul da Bahia.
Diante desse cenário, o presente estudo buscou caracterizar o perfil
socioeconômico de proprietários rurais e o uso da terra da BHRS. Além disso,
correlacionou-se o comportamento hidrológico de quatro sub-bacias do rio Santana
com características específicas ocupação: sendo uma bacia com domínio de
18
cobertura florestal, duas bacias com domínio de pastagens e uma bacia composta
de floresta, cacau e pastagem.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
A presente pesquisa propõe correlacionar a influência dos aspectos
socioeconômicos, ambientais e de uso da terra, no comportamento hídrico da
rede de drenagem da bacia hidrográfica do rio Santana (BHRS).
1.1.2 Específicos
Ø Caracterizar aspectos fisiográficos da bacia hidrográfica do rio Santana:
geologia, geomorfologia, pedologia e clima;
Ø Caracterizar os agricultores sob os aspectos socioeconômicos e relacionar as
tendências conservacionistas na bacia hidrográfica do rio Santana;
Ø Mapear, em escala de detalhe 1:25.000, o uso da terra através de imagem de
satélite de alta resolução;
Ø Medir os diferentes níveis de rios em quatro sub-bacias do rio Santana, com
diferentes coberturas vegetais.
19
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O Meio Ambiente
As preocupações com o meio ambiente e sua sustentabilidade perante o
desenvolvimento econômico provocou uma série de reflexões nos diversos setores
da sociedade a partir da Revolução Industrial, amplificando-se nas ultimas três
décadas. O modelo de desenvolvimento que outrora praticado passou a ser
criticado, pois, a existência de conflitos entre a velocidade do crescimento
econômico esperado e a capacidade de renovação dos recursos naturais era
incompatível.
Segundo Rattner (1992) as contradições entre o crescimento econômico e a
manutenção dos ecossistemas são refletidas pelas condições de vida precária da
população pobre nos países em desenvolvimento, como também pelos altos
padrões de consumo material e energético das sociedades afluentes dos países
desenvolvidos.
A crítica ao modelo apontou para uma nova concepção de desenvolvimento
onde o crescimento econômico e a preservação ambiental, deixam de ser
incompatíveis, mas passam a ser interdependentes para um efetivo
desenvolvimento. Esse novo modelo desenvolve-se numa proposição do
desenvolvimento sustentável baseado no “tri-pé” que visa à eficiência econômica, a
preservação e/ou conservação ambiental e promove a equidade social. De acordo a
20
Comissão Mundial para o Desenvolvimento e Meio Ambiente, o desenvolvimento
deve atender as necessidades e aspirações do presente, sem comprometer a
capacidade de atendimento das futuras gerações. (World Comission on Environment
and Development,1987; Lima, 2006).
Dessa forma os conceitos de meio ambiente deixam de ser estritamente
ecossistêmico, mas também passam a ser social, econômico e cultural. Silva (2000),
Fornasari Filho e Bitar (1995), descrevem que o meio ambiente consiste na
integração de componentes abióticos (rochas, solo, ar e água), bióticos (vegetal e
animal) e sociais e econômicos (humanos) considerados, respectivamente, em meio
físico, biótico e socioeconômico ou antrópico. De acordo a Lei Federal 6.938/81 que
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, o meio ambiente é conceituado
como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas suas formas.
No Brasil, os problemas ambientais derivam principalmente da insuficiência
ou inexistência de planejamento e gerenciamento dos recursos naturais, nos quais
muitas vezes são tratados como restritivos ao desenvolvimento econômico e social.
Segundo Lanna (1995), os problemas ambientais brasileiros decorrem, em grande
parte, de graves deficiências no processo de gestão que promove a utilização dos
recursos naturais, muitas vezes justificados pela falta de conhecimento científico do
funcionamento dos ecossistemas.
A degradação ambiental e as falhas na gestão dos recursos naturais no Brasil
estão ligadas, principalmente, ao nível hierárquico em que às questões ambientais
são tratadas. Muitas vezes os interesses particulares e econômicos se sobrepõem
aos interesses da coletividade, devido à falta de articulação, de conhecimento, de
definições de papéis e de mecanismos entre os agentes sociais envolvidos no
21
processo. Nesse sentido Lanna (1995), orienta que deve ser dada uma atenção
especial ao desenvolvimento de instrumentos de gestão (Gerenciamento de Bacia
Hidrográfica – GBH, Avaliação de Impactos Ambientais – AIA, Zoneamento
Ambiental, etc.), que possibilitem promover, de forma coordenada, o uso, proteção,
conservação e monitoramento dos recursos naturais e sócio-econômicos, sem
deixar de lado a pesquisa, para fundamentar cientificamente as intervenções
propostas no processo.
2.2 Bacia Hidrográfica como Unidade de Planejamento
A adoção dos conceitos de bacia Hidrográfica (BH) como unidade de
planejamento é utilizado há bastante tempo por pesquisadores e gestores
ambientais, pois, esta é concebida como um ambiente naturalmente delimitado,
onde os reflexos das atividades humanas ou naturais convergem para um único
ponto, sua rede de drenagem. Adams (1993) e Lima (2006) descrevem que o
conceito de manejo dos recursos naturais dentro da perspectiva da BH já é
reconhecido há muito tempo, mas só recentemente o valor e o potencial dessa
estratégia de uso da terra vêm ganhando aceitação generalizada.
Conforme Attanasio et al. (2006), a bacia hidrográfica é a unidade básica de
planejamento para a compatibilização da preservação dos recursos naturais e da
produção agropecuária. As bacias hidrográficas possuem características ecológicas,
geomorfológicas e sociais integradoras, o que possibilita uma abordagem holística e
participativa envolvendo estudos interdisciplinares para o estabelecimento de formas
de desenvolvimento sustentável inerentes às condições ecológicas locais e
regionais. Esta abordagem é reforçada por Ab’Saber (2002), com a afirmativa de
que o uso dessa unidade natural possibilita uma visão sistêmica e integrada, devido
22
a clara delimitação e a natural inter-relação entre processos ecossistêmicos e
atividades antropogênicas.
Pires et al. (2002), destaca que do ponto de vista do planejador direcionado à
conservação dos recursos naturais, o conceito de bacia hidrográfica tem sido
ampliado, com uma abrangência além dos aspectos hidrológicos, envolvendo o
conhecimento da sua estrutura biofísica, bem como as mudanças de padrões do uso
da terra e sua implicações ambientais.
Em uma abordagem voltada para a sustentabilidade dos recursos naturais, a
utilização dos conceitos de BH como unidade de planejamento e gerenciamento é
mais eficaz, pois, permite uma melhor visualização do potencial econômico, social e
cultural da área, facilita análises ambientais e ecológicas, permite indicar e discutir,
numa perspectiva do desenvolvimento sustentável, o melhor aproveitamento dos
recursos naturais.
Dessa maneira, a perspectiva da BH como unidade de manejo oferece uma
metodologia coerente para incorporação da questão das diferentes escalas da
sustentabilidade, o que, sem dúvida, contribui para o planejamento integrado ou
sistêmico das ações de manejo, bem como, para o equacionamento do
monitoramento ambiental (Lima, 1998; Lima, 2006).
De acordo Salati (1996) e Silva (2000), planejar uma bacia hidrográfica
significa estruturar um conjunto de procedimentos, os quais devem ser capazes de
assegurar um uso ambiental correto dos recursos naturais, objetivando: 1) promover
o desenvolvimento sustentado da bacia; 2) melhorar a qualidade de vida das
populações, e; 3) garantir a construção e a preservação ambiental.
23
2.3 Uso da Terra e Regime Hídrico das Bacias Hidrográficas
Dentre as influências externas que podem causar alterações no geossistema
de uma bacia hidrográfica, o grau de utilização e o manejo aplicado a terra podem
causar impactos significativos nesse ambiente. De acordo com a CEPLAC (1976), os
diferentes estágios, formas e intensidade de utilização da terra que influencia a
ocupação de determinadas zonas agrícolas pelo homem, é determinado por um
complexo de fatores físico-ambientiais, como o relevo, o solo, o clima, a
disponibilidade e salinidade da água. Além desses, pode-se adicionar os fatores
econômicos, como as vias de acesso e facilidades de comercialização dos produtos
agrícolas.
Conceitualmente a FAO classifica “terra” como uma área da superfície
terrestre cujas características compreendem o ambiente físico, incluindo o clima,
solos, a rocha matriz, hidrologia e a vegetação, incluindo aos resultados de
atividades humanas passadas e correntes, na medida em que estes influenciam no
potencial de utilização da terra (FAO, 1976).
De acordo Walling e Gregory (1973) e Silva (2000), as bacias hidrográficas
podem ser consideradas, em um enfoque sistêmico, como um sistema aberto,
sustentado por um equilíbrio dinâmico. O “input” de energia desse sistema é
constituído, principalmente, pelo clima gerando o transporte de água e sedimentos,
tanto no interior do sistema como nas vertentes, canais e abaixo da superfície. O
“output” natural da bacia hidrográfica é caracterizado pela evapotranspiração, pela
vazão da água e sedimentos pela foz da bacia.
As alterações no fluxo hidrológico das bacias hidrográficas são dadas de
acordo com a intensidade e os tipos de atividades humanas ali desenvolvidas. A
substituição ou utilização dos recursos florestais para dar lugar a atividades
24
agropecuárias ou extrativistas tende a estabelecer um outro patamar de regime
hídrico na bacia.
De acordo com Pires et al (2002), as principais causas de ameaças à
qualidade ambiental em uma BH estão relacionadas às atividades não sustentáveis,
com fins de lucro imediato, que não computam os custos ambientais e sociais,
repassando-os para terceiros. Silva (2006), reforça que o uso da terra nesse
geossistema retrata as diferentes atividades antrópicas, que utiliza recursos naturais
visando em última análise, transformá-los em bens de consumo e serviço.
A utilização dos recursos naturais na BH voltadas para o desenvolvimento das
atividades humanas, principalmente na agricultura, invariavelmente provoca
alterações expressivas em seu regime hídrico, seja no aumento ou diminuição do
fluxo de água, na mudança de qualidade da água e no aumento de sedimentos no
leito dos rios. De acordo com Silva (2006, apud Merten et al. 1995), o processo de
substituição da vegetação nativa por áreas de uso agrícola sem planejamento e não
respeitando a capacidade de uso dos recursos naturais envolvidos, causa alterações
significativas no regime hidrológico dos rios, aumentando as vazões no período de
pico de chuvas e diminuindo drasticamente essa em períodos de estiagem. Além
disso, há um aumento da carga de sedimentos nos mananciais.
Nesse sentido, Tucci (2002) comenta que a alteração da superfície da bacia
tem impactos significativos sobre o escoamento. Esse impacto normalmente é
caracterizado quanto ao efeito que provoca no comportamento das enchentes, nas
vazões mínimas e na vazão média, além das condições ambientais locais e a
jusante. Os desmatamentos tende a aumentar a vazão média em função da
diminuição da evapotranspiração, com o aumento das vazões máximas e diminuição
25
das mínimas. O reflorestamento tende a recuperar as condições naturais existente
na superfície.
2.4 Bacia Hidrográfica do Rio Santana (BHRS)
No Sul da Bahia estão inseridas grandes bacias hidrográficas interestaduais
como as dos Rios Jequitinhonha e Pardo, além de um conjunto de outras bacias
menores como as dos rios Santana, Una, Cachoeira e Almada, que compõem a
Região Administrativa da Água 1 (Bacias do Leste), de acordo com a política de
gestão dos recursos hídricos do Estado da Bahia. As Bacias do Leste fazem parte
da Mata Atlântica, o domínio fitoecológico mais devastado e ameaçado de extinção
do Brasil, sendo que dentro deste bioma a Região Sul da Bahia é uma das três
áreas mais prioritárias para a conservação (MMA, 2000).
Dentre o conjunto das Bacias do Leste a bacia hidrográfica do rio Santana
(BHRS) assume expressiva importância, por apresentar fragmentos conservados de
Mata Atlântica e fornecer água para uma população direta de aproximadamente 100
mil habitantes nos municípios de Ilhéus e Buerarema. A área da Bacia drena 509,86
km2, passando por quatro municípios no Sul da Bahia: Ilhéus, Buerarema, Itabuna e
São José da Vitória.
A BHRS está inserida em um dos mais importantes conjuntos de
remanescentes da floresta atlântica brasileira no Sul do Estado da Bahia, em uma
das “áreas foco” no Corredor Central da Mata Atlântica. Os altos índices de
diversidade biológica e endemismo dessa região, assim como seu alto risco de
desmatamento, fazem desta uma das áreas prioritárias para a implementação de
ações para a conservação.
26
Historicamente a ocupação da BHRS iniciou antes da chegada dos
portugueses em nosso território. Nessa área viviam índios das tribos Tupiniquins que
usavam o solo para cultivos de subsistência (mandioca), além da caça, da pesca e
da coleta de frutos. Após a “descoberta” do Brasil pelos portugueses e o
fracionamento do território em capitanias hereditárias, inicia-se, a mando da Coroa
portuguesa, a primeira atividade econômica agrícola na região – o cultivo da cana-
de-açúcar (CAMPOS, 2003).
A dificuldade de mão-de-obra para ocupação do território e a estratégia de
controle político das novas terras, fez com que a Coroa portuguesa, naquele
momento, distribuísse as terras em grandes propriedades rurais, onde as atividades
iniciavam com o desbravamento da floresta – corte e queima das matas - e posterior
introdução da cana-de-açúcar. Graziano Neto (1982) relata que “é na base da
grande propriedade, a plantation, que se realizou a produção açucareira no Brasil. O
intuito mercantil da produção de açúcar, de um lado, e a falta de uma população
camponesa semelhante à existente na Europa, de outro lado, inviabilizaram o
estabelecimento da produção baseada num sistema de pequenas propriedades”.
A ocupação das terras na BHRS segue o mesmo caminho de ocupação das
outras capitanias destinadas à produção açucareira. Campos (2003) descreve que a
introdução da lavoura canavieira iniciou na capitania com a doação de sesmarias.
Em 1537 foi doada uma sesmaria a Mem de Sá que fundou o Engenho de Santana,
onde hoje está situado o povoado do Rio de Engenho. Com o início da lavoura
canavieira, os portugueses penetraram mais para o interior, alcançando a área de
domínio dos índios Aimorés. Os índios começaram a atacar os invasores e acabou
afugentando os moradores da região de Ilhéus, o que acabou contribuindo pela a
decadência da lavoura canavieira.
27
No século XVIII é introduzido na região o cultivo do cacau (Theobroma
cacao). A expansão dos cacauais foi um processo lento e demorado, devido ao
pouco conhecimento no trato do produto e pela falta de mercado consumidor na
época. Os cultivos seguiam, quase sempre, às áreas ribeirinhas sujeitas as
inundações periódicas. Os plantios eram realizados de forma empírica pelos
agricultores. Os homens que implantavam e desenvolveram a lavoura de cacau do
sul da Bahia não possuíam nenhum conhecimento técnico, o que era natural, uma
vez que não havia nenhuma instituição nem ninguém capaz de orientá-lo. Sua
preocupação maior era aumentar a área das plantações, multiplicar sempre o
número de árvores, para colher mais (ALVIN, 1972).
Apesar de inicialmente ocupar pequenas áreas e ter uma produção modesta,
a cacauicultura se mostrava bastante promissora. No entanto é no início do século
XX que o produto tem um vigoroso crescimento, fazendo com que a Bahia se
convertesse no grande Estado brasileiro produtor de cacau, responsável, naquele
momento, por 95% da produção nacional (RANGEL, 1982).
Tecnicamente, o cultivo do cacau pode ser plantado em sistema agroflorestal,
pois, a planta necessita de sombreamento para o seu melhor desenvolvimento. Os
cacauais são plantados no sistema denominado Cabruca, introduzidos
espaçadamente após o raleamento do sub-bosque da floresta nativa. Do ponto de
vista da conservação ambiental, o sistema agrícola apresenta pontos positivos,
permite a conservação dos solos, possibilita o trânsito de determinadas espécies
(corredores ecológicos) e diminui o transporte de sedimentos para os leitos dos rios.
Araújo e Alger (1998) destacam que no sistema de cabruca, a manutenção de
parte da estrutura da floresta representa um benefício para a conservação dos
recursos naturais. A cobertura florestal parcialmente mantida, protege o solo dos
28
processos erosivos, favorece o ciclo hidrológico, permite a manutenção de algumas
espécies da flora e fauna, além de contribuir para a manutenção da beleza da
paisagem regional. Porém, para que haja um benefício efetivo à conservação da
biodiversidade é necessária a permanência de trechos com mata inalterada, pois,
nem todas as espécies da fauna fazem uso da cabruca e algumas espécies de
plantas que só vivem no sub-bosque da floresta não são mantidos neste sistema.
Para a CEPLAC o “Cacau-Cabruca” é um sistema ecológico de cultivo
agroflorestal. Baseia-se na substituição de estratos florestais por uma cultura de
interesse econômico, implantada no sub-bosque de forma descontínua e circundada
por vegetação natural, não prejudicando as relações mesológicas com os sistemas
remanescentes (CEPLAC, 2006).
A expansão da lavoura cacaueira na região sul da Bahia colocou a Bacia do
rio Santana no centro da maior área produtora de cacau do país. Por esse motivo,
ao longo do tempo, a área sofreu transformações significativas em sua estrutura
vegetal e dos seus ecossistemas.
29
3 METODOLOGIA
Os procedimentos para o desenvolvimento desta pesquisa foram baseados
na metodologia utilizada por Silva (2000, apud COLLARES no prelo). Esta
metodologia visa determinar alterações ocorridas na bacia hidrográfica através de
observações e levantamentos do meio físico, do uso e ocupação da terra e da rede
de drenagem.
Os dados do meio físico e do uso e ocupação da terra foram organizados em
um banco de dados espacializado utilizando software ArcGis® 9.0, que trabalha com
Sistemas de Informações Geográficas (SIG). O uso do Sistema de Informação
Geográfica permite uma visão global da bacia hidrográfica, possibilitando sobrepor e
analisar informações espaciais do objeto de estudo em camadas com maior
flexibilidade.
3.1 Localização Geográfica da Área de Estudo
A Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Ministério do Meio
Ambiente subdivide o território brasileiro em oito grandes bacias hidrográficas. De
acordo com esta divisão, a bacia hidrográfica do rio Santana é englobada na macro-
30
bacia do Atlântico Sul, trecho Leste, em uma região de alta densidade demográfica,
com grande demanda de água.
A bacia do rio Santana está localizada no sul do Estado da Bahia, na micro-
região geográfica Ilhéus-Itabuna, sob coordenada geográfica central 14º56’33’’ de
Latitude Sul e 39º12’56’’ de longitude Oeste. Tem em seus limites norte e oeste a
bacia hidrográfica do rio Cachoeira, a sul e sudeste a bacia hidrográfica do rio
Maruim e do rio Acuípe respectivamente, e a leste o oceano Atlântico (Figura 1).
A Bacia abrange parte dos municípios de Ilhéus, Buerarema, Itabuna e São
José da Vitória e abarca os vilarejos rurais de Coutos, Rio do Engenho, Maria Jape,
Santo Antônio, Japu, Vila do Serrado, Repartimento e Vila do Sururu, com uma
população aproximada de 100 mil habitantes.
Figura 1 - Localização geográfica da Bacia Hidrográfica do rio Santana, Litoral Sul
da Bahia. Fonte: Adaptado de Sudene, 1975.
31
3.2 Caracterização de Aspectos Fisiográficos da Bacia Hidrográfica do rio
Santana.
A caracterização da bacia hidrográfica do rio Santana foi realizada através de
dados secundários obtidos da base digital publicada pelo IESB – Instituto de
Estudos Socioambientiais do Sul da Bahia & CI – Conservação Internacional do
Brasil, compiladas no CD-ROM Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul
da Bahia (2003). Esta base de dados reúne as principais informações de estudos
fisiográficos realizados por diversas instituições oficiais na região que compreende a
área do Corredor Central da Mata Atlântica, porção baiana. As classes de cada
unidade de estudo, foram descritas através de revisão bibliográfica de pesquisas e
estudos realizados na região, conforme listadas a seguir:
• Geológico – Fonte: Radambrasil (1981; 1987); Escala original: 1:1.000.000
• Geomorfológico - Fonte: Radambrasil (1981); Escala original: 1:1.000.000
• Pedológico - Fonte: Nacif (2000); Escala original: 1:100.000
• Climatológico – Fonte: CEPLAC e IICA (1975d); Escala original: 1:750.000
Os dados digitais foram armazenados em um SIG (Sistema de Informação
Geográfica) utilizando o software ArcGis 9.0. Adotou-se o sistema de projeção
geográfica Universal Transversa de Mercator (UTM), com Datum horizontal Córrego
Alegre. Posteriormente foi recortado de cada tema a área de interesse, com base
nos limites da Bacia. Por fim, foram elaborados mapas temáticos que compõe as
características da Bacia Hidrográfica.
32
3.3 Mapeamento do Uso da Terra
O mapeamento do uso da terra utilizou a metodologia baseada no Manual
Técnico de Uso da Terra do IBGE (1999). Segundo esse Manual os levantamentos
do uso da terra, de um modo geral, identificam e separam em classes as unidades
de uso do terreno, com o objetivo de possibilitar a representação em bases
cartográficas e mostrar a distribuição espacial, extensão e limites da variedade de
usos da terra.
No levantamento foram utilizadas imagens do satélite IKONOS, obtidas no
ano de 2005, com resolução espacial de 1 metro. A imagem Ikonos, quando
adquirida, já apresenta um georreferenciamento prévio, sendo necessário apenas
fazer pequenos ajustes na correção geométrica. Os ajustes foram realizados com
apoio da ferramenta de registro do software Erdas e ancoradas através de pontos de
controle coletados com aparelho de GPS (Global Positioning System) e de dados
vetoriais das estradas. Foi aplicada correção linear simples, de primeira ordem, com
reamostragem do pixel pelo vizinho mais próximo.
A composição colorida (RGB) foi definida como sendo a melhor para
reconhecer e identificar, por parâmetros visuais, as tipologias presentes na área de
estudo. A composição utilizada foi respectivamente, banda 3 no canal vermelho (R),
banda 2 no canal verde (G) e banda 1 no canal azul (B) - sobre esta composição foi
desenvolvida a classificação da vegetação por meio de interpretação visual, na tela
do computador, utilizando os parâmetros cor, tonalidade, forma e textura.
A escala utilizada no mapeamento foi 1:25.000, que de acordo IBGE (1999), é
considerada como “levantamento semi-detalhado”. Nessa escala de mapeamento é
33
previsto a indicação de classes, tipos, subtipos e espécies dominantes ou
associações dominantes.
A base inicial do mapeamento consistiu na separação da vegetação em duas
categorias (sistemas), de acordo o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE,
1992):
• Sistema Primário – Estão incluídos todos os “tipos de vegetação” brasileira,
as Formações Pioneiras, os Refúgios Vegetacionais e as Faixas de Tensão
Ecológicas. De acordo com o CONAMA (2003) a vegetação primária é aquela
de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os
efeitos das ações antrópicas mínimas, sem afetar de forma significativa as
características originais da floresta em relação à florística e estrutura.
• Sistema Secundário (antrópico) – estão incluídas todas as comunidades
onde houve a intervenção humana para o uso da terra, seja por finalidade
mineradora, agrícola ou pecuária, descaracterizando a vegetação primária.
A partir dos resultados do mapeamento da cobertura vegetal, a classes
identificadas foram reclassificadas e adaptadas às classes de uso da terra definidas
no Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 1999).
A definição e edição dos polígonos de uso da terra foram realizados através
do software ArcGis 9.0 a partir do módulo “Editor”. As unidades de uso foram
mapeadas e codificas numericamente, seguindo uma legenda pré-definida. Os
resultados obtidos foram armazenados em um SIG e posteriormente, aplicados
cálculos matemáticos para definição de área e perímetro de cada polígono.
Na etapa final, os dados foram submetidos a um teste de acuracidade,
visando a validação da classificação. Foi aplicado o índice estatístico Kappa, que é
34
realizado através de uma matriz, onde se estima o erro de classificação através da
comparação entre o mapeamento classificado e outro construído a partir de dados
de campo (verdade de campo). Segundo Lobão (2005), no cálculo do coeficiente
Kappa é necessário a construção de um mapa de verdade de campo, para que se
possa fazer uma tabulação cruzada indicando a proporção de casos presentes e/ou
ausentes nos mapas: Mapa classificado (1) e o Mapa real (2). Considerando uma
situação de com apenas duas classes o resultado é expresso em uma tabela onde:
a célula a indica a proporção dos casos em que o real (1) e o classificado (2) são
corretos; b, quando (1) for correto e a (2) errado; c, quando a observação 1 for
correto e a 2 errado; e a d, quando ambas forem errados.
3.4 Análise Socioeconômica e Socioambiental
Esta etapa da pesquisa foi realizada a partir de dados primários e inéditos,
cedidos pelo IESB, coletados entre os meses de julho a dezembro do ano de 2005
por meio de pesquisa exploratória através de entrevistas com preenchimento de
formulários, cujas respostas são registradas pelo pesquisador. Segundo Munhoz
(1989), esta metodologia constitui uma das formas preferidas, já que, dentre outras
vantagens, permite o levantamento de uma ampla gama de dados, garante maior
grau de precisão das respostas, cria condições para que o entrevistador desenvolva
o contato de forma adequada ao comportamento do entrevistado e sua
disponibilidade de tempo. A pesquisa foi feita junto aos elementos escolhidos, por
meio de perguntas, que são apresentadas numa mesma ordem e com mesmos
termos utilizando um formulário previamente preparado e testado.
35
O método de análise aplicado neste trabalho foi o estatístico descritivo, usado
para coletar, apresentar, descrever, analisar e prever os aspectos dos
acontecimentos que puderem se tomar em formas mensuráveis.
3.4.1 Tamanho da Amostra
Neste estudo, utilizou-se a técnica de amostragem aleatória simples sem
reposição. Nesse tipo de amostragem, os elementos do universo da pesquisa têm a
mesma chance de serem escolhidos. Os elementos farão parte da amostra
aleatoriamente ou ao acaso, isto é, todos os elementos têm probabilidade igual de
serem sorteados.
O dimensionamento da amostra se deu com informações a priori do universo,
utilizando a seguinte expressão matemática (COSTA NETO, 2000).
pqZNepqNZ
n2
2/20
22/
)1( α
α
+−≥
Onde:
n = tamanho da amostra necessária;
N = tamanho da população, neste caso de propriedades rurais, 185
propriedades;
Za/2 = valor da tabela correspondente à área sob a distribuição normal
padronizada, para um nível de confiança de 90%;
p = proporção da população para a principal variável, de 0,5;
q = (1-p);
e = erro amostral admitido, em 5%.
36
Após uma amostragem com 185 unidades realizou-se uma aferição do erro,
considerando as informações da proporção da amostragem de uma das principais
variáveis, 30,8%, o erro amostral foi de aproximadamente 5%, obtido da seguinte
expressão matemática:
1)()1(
2/ −−−
=N
nNn
ppZe α
3.5 Análise de Características do Comportamento Hídrico das Sub-bacias do
Rio Santana
A metodologia utilizada para análise das características do comportamento
hídrico das sub-bacias do rio Santana foi realizada em três etapas.
A primeira etapa consistiu na identificação e seleção das sub-bacias. A partir
de curva de nível e da rede de dreangem das cartas da SUDENE na escala
1:100.000 de 1974, folhas Itabuna (SD24-Y-B-VI) e Camacã (SD24-Y-B-VI), foi
elaborado o modelo digital de terreno – MDT da bacia, auxíliado pelo software de
sistemas de informação geográfica (SIG) o ArcGis 9.0. Posteriormente com a
ferramenta ArcGis-SWAT - Soil and Water Assessment Tool, foi realizado
mapeamento semi-automático das sub-bacias com área máxima de 3.000 ha de
extensão.
Os resultados da etapa anterior foram cruzados com os dados fisiográficos e
de uso da terra da BHRS, com objetivo de identificar sub-bacias com características
semelhantes e que possuíssem: 1) domínio de florestas; 2) domínio de pastagens e
3) composta de floresta, cacau e pastagem.
37
A segunda etapa objetivou monitorar o nível dos rios e do índice pluviométrico
das sub-bacias selecionadas. Foram instalados na saída de cada sub-bacia um
controle artificial do nível de água, do tipo régua liminimétrica, onde diariamente,
durante seis meses entre abril e outubro de 2007, foi registrado o nível da lâmina de
água na seção selecionada. Paralelamente aos registros do nível dos rios foram
coletados dados de precipitação, através de pluviômetros, instalados próximo a
jusante de cada sub-bacia. Os dados foram tabelados e utilizados cálculos
estatísticos de máxima, mínima, média, amplitude, moda e desvio padrão, para
observar as características do comportamento hídrico de cada sub-bacia.
O volume de água em cada sub-bacia foi registrado utilizando o método da
diluição proposto por Benischke e Harum (1990). O método consistiu na medição da
condutividade, capturada através de um codutivímetro. Os procedimentos utilizados
envolvem o lançamento de 0,5kg de sal (Cloreto de sódio) a uma distância de 5
metros de ponto de coleta e registros da variação da condutividade e do tempo de
passagem da substância pelo equipamento. Por fim, é estimado o volume de água
através do cálculo da integrada do gráfico formado.
A terceira etapa do estudo consistiu na análise das características
morfométricas de cada sub-bacia. As investigações dessas características
possibilitaram elucidação de particularidades das bacias, que podem influenciar no
deflúvio dos rios. Para a análise foram calculados: Coeficente de compacidade,
fartor de forma, declividade e características altimétricas, densidade e ordem da
rede drenagem.
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização de Aspectos Fisiográficos da Bacia Hidrografia do Rio
Santana
4.1.1 Geologia
A BHRS está assentada sobre três conjuntos geológicos distintos: os
Depósitos Quaternários, a formação Barreiras e Embasamento Cristalino (BRASIL,
1981).
Os Depósitos Quaternários se dividem em depósitos costeiros e aluviões. Os
depósitos costeiros encontrados na região litorânea e na foz da BHRS. As planícies
deltáicas são formadas por materiais arenosos fluviais retrabalhados pelo mar e
distribuídos subparalelamente à linha de costa. Os depósitos costeiros, que formam
os manguezais, são compostos, predominantemente, por sedimentos argilosos. Os
Aluviões são depósitos sedimentares fluviais encontrados ao longo das margens dos
rios da bacia. (CAMPOS, 2003)
A formação Barreiras ocorre na porção centro leste da BHRS, apresentando-
se em forma de tabuleiros (mesas). De acordo com o Projeto RADAMBRASIL
(1981), a formação barreiras é composta de conglomerados predominantemente de
fenoclastos de quartzo leitoso, arredondados, em meio de seixos de granulitos,
39
arenitos, lamitos, etc. A matriz é de arenito igualmente complexo em composição e
mal selecionado.
Os arenitos possuem a mesma composição da matriz dos conglomerados,
apresentam cores variadas, vermelha ou violeta, branca e amarela. A estruturação
interna dos bancos de arenitos apresenta na maioria dos casos, estratificação plano-
paralelas (RADAMBRASIL, 1981).
Os sedimentos que foram depositados na plataforma continental, no fim do
terciário, formando grandes extensões sob a forma de cones (leques) aluviais
coalescentes, que recobriram parte da plataforma, uma vez que o nível do mar
estava menor que o atual. Ao fim da deposição dos sedimentos do Barreiras, houve
o retorno de um clima mais quente e úmido, que deu lugar a uma transgressão
marinha, a qual erodiu a parte externa da formação (RADAMBRASIL, 1981;
CAMPOS, 2003).
O Embasamento Cristalino é constituído por rochas do Cinturão Itabuna de
idades Proterozóica Inferior à Proterozóica Superior. O Cinturão Itabuna possui
predominantemente, composição granulítica. Na área da BHRS, esta unidade
litológica subdivide-se geoquimicamente em Complexo São José, Complexo
Ibicaraí-Buerarema e Complexo Ilhéus. A composição litológica do Complexo São
José corresponde a rochas granulitos básicos com granada, provavelmente
originados de gabros/basaltos. O Complexo Ibicaraí-Buerarema é constituído por
granulitos intermediários, derivados possivelmente de tonalitos/dacitos e
trondhjemitos/riolitos. Já o Complexo Ilhéus é composto por intercalações de
granulitos básicos com hornblenda e granulitos ácidos plagioclásicos com
associação vulcânica (BARBOSA E DOMINGUES, 1996; CAMPOS, 2003).
40
4.1.2 Geomorfologia
De acordo BRASIL (1981), a BHRS está disposta sobre quatro domínios
geomorfológicos: próximo a foz, encontram-se os Depósitos Sedimentares; na
porção central, os Planaltos Inundados; a oeste Planalto Cristalino intercalado pela
Depressão Interplanáltica (Figura 2).
Figura 2 - Domínios geomorfológicos da bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: adaptado de Brasil, 1981.
Segundo Campos (2003), a BHRS apresenta cinco unidades
geomorfológicas: na área da foz, ocorrem as Planícies Marinhas e Fluviomarinhas,
seguindo a montante aparecem os Tabuleiros Costeiros; na parte central estão os
Tabuleiros Pré-litorâneos, e a oeste, a Depressão de Itabuna-Itapetinga e as Serras
e Maciços Pré-litorâneos (Figura 3).
41
Figura 3 - Unidades Geomorfológicas da bacia hidrográfica do rio Santana Fonte: adaptado de Brasil, 1981.
As Planícies Marinhas e Fluviomarinhas formam terraços, reelaborados por
ações fluviais e marinhas. Os sedimentos arenosos finos formam solos
hidromórficos, estando, portanto, susceptíveis às inundações nas porções mais
baixas. A unidade apresenta pequena variação altimétrica 0 a 20 m (RADAMBRASIL
1981, CAMPOS 2003).
Nestas Planícies o padrão da drenagem é dentrítico e paralelo em alguns
locais. O material de cobertura é inconsolidado, e com espessura de 4 a 6 metros,
composto por argilas cauliníticas cobertas por colúvios arenosos com seixos e
placas de cangas retrabalhadas e mosqueado (CAMPOS, 2003).
Os Tabuleiros Pré-litorâneos compreendem a maior parte da área da BHRS,
localizando-se em sua porção central. Possuem altitude média de 150 m. Os relevos
42
uniformemente dissecados eram, inicialmente, recobertos pela Floresta Ombrófila
Densa. Estes tabuleiros incluem parte da Formação Barreiras e áreas de
Embasamento Cristalino. A presença de espesso manto de intemperismo sobre o
embasamento, associado às superfícies de aplainamento neogênicas, permitiu o
desenvolvimento dessa unidade. O padrão de drenagem é composto de numerosos
sulcos difusos dendríticos, que aprofundam as ravinas centrais e geram alvéolos de
cabeceira (RADAMBRASIL, 1981; CAMPOS, 2003).
As Serras e Maciços Pré-litorâneos abrangem relevos montanhosos,
intercalados por áreas mais planas. A altitude desta área varia de pouco menos de
100m a mais de 640m. As formas do relevo consistem de interflúvios, geralmente,
convexizados, configurando colinas e morros que podem assumir feições de serras.
As encostas apresentam-se convexas, côncavas e retilíneas, associadas aos
afloramentos de rocha. As vertentes são íngremes, com declividades acentuadas a
fortes, e os topos das serras podem ser aguçados (RADAMBRASIL, 1981;
CAMPOS, 2003).
A Depressão de Itabuna-Itapetinga possui variações altimétricas que vão de
100m a 240m apresentando relevo suave a moderado. Destacam-se as áreas
dissecadas associadas aos corpos graníticos, sieníticos e intrusões de rochas
básicas e de granitos (CAMPOS, 2003).
4.1.3 Pedologia
As características pedológicas da BHRS apresentam o domínio, em sua
extensão, dos Latossolos. Esta classe de solo cobre aproximadamente 76% da
área. Em geral, os solos da BHRS apresentam baixa a média fertilidade, 83%
43
são considerados distróficos, enquanto entorno de 10% são de melhor
qualidade - eutróficos (Quadro 1).
Quadro 1 – Classes de solo da bacia hidrográfica do rio Santana e sua distribuição
UNIDADES Hectares (%)
LATOSSOLO AMARELO Distrófico 27796,1 54,52 LATOSSOLO AMARELO Coeso e ARGISSOLO AMARELO Distrófico 10495,3 20,58
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico 5375,2 10,54
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico 3659,9 7,18
CHERNOSSOLO ARGILÚVICOS Órtico 2520,1 4,94
GLEISSOLO SÁLICO Sódico 686,7 1,35
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico 452,8 0,89 Fonte: adaptado de Nacif, 2000.
De acordo com Nacif (2000), as unidades pedológicas da BHRS
ocupam, ao longo da sua extensão, as seguintes áreas (Figura 4).
Os Gleissolos Sálicos ocupam as áreas da planície flúvio-marinha e
apresenta, em suas características, forte influência dos materiais de origens
(sedimentos arenosos e sedimentos argilo-siltosos). Na BHRS essa unidade
representa em torno de 1,3% da área de estudo.
Os Latossolos, unidade geomórfica com maior extensão na BHRS, estão
presentes na BHRS em áreas dos Tabuleiros Pré-Litorâneos (Mares de
Morros) da zona litorânea e nos Tabuleiros Costeiros, formados por
sedimentos cauliníticos do Grupo Barreiras.
A Depressão Itabuna-Itapetinga, apresenta como solos principais os
Chernossolos e Argissolos. Estes dois domínios pedológicos ocupam cerca de
23% dos solos da BHRS: os Chernossolos ocupam toda a área interiorana da
44
depressão, com precipitações de até 1.400 mm; e os Argissolos cobrem a
parte litorânea, com maiores precipitações (1.200–2.000 mm).
Figura 4 – Distribuição espacial das classes de solos da bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: adaptado de Nacif, 2000
Quanto à fertilidade dos solos a Figura 5 mostra a sua distribuição na
BHRS. No lado leste da bacia encontram-se solos classificados pela CEPLAC
(1976) como de muito baixa a média fertilidade e a oeste solos de média a alta
fertilidade.
45
Figura 5 - Distribuição da Fertilidade do solo na bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: adaptado da Ceplac e IICA, 1975b
4.1.4 Clima
O clima da região sudeste da Bahia, em função da latitude e das variações da
altitude é muito diversificado, segundo CEPLAC (1976). É característica constante a
existência de um domínio quente e úmido no litoral, com precipitações elevadas,
acima de 1.300mm ano.
Segundo a classificação de Koeppen a BHRS apresenta os climas “Af”, na
faixa mais próxima do litoral, onde a precipitação chega aos 2.000mm/ano, e “Am”
na porção oeste da Bacia, com precipitação variando entre 1.000 e 1.200mm/ano
(Figura 6).
46
Figura 6 – Tipos climáticos e distribuição da precipitação na bacia hidrográfica do rio Santana
Fonte: adaptado da Ceplac e IICA, 1975b
O clima “Af” apresenta características dos climas das florestas tropicais:
quente e úmido, sem estação seca, com pluviosidade total superior a 1.300mm/ano,
com temperaturas médias variando entre 24ºC e 25ºC, enquanto o clima de tipo
“Am” apresenta características de transição, entre os climas “Af” e “Aw”: quente e
úmido, com estação seca compensada por totais pluviométricos elevados, com
pluviosidade próxima dos 1.000mm/ano.
Em geral os índices pluviométricos na BHRS apresentam uma boa
distribuição ao longo do ano, contribuindo generosamente na disponibilidade hídrica
dos rios e dos solos, reduzindo as possibilidades de seca mesmo em épocas de
estiagens.
47
4.2 Aspectos Socioeconômicos e Ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio
Santana.
4.2.1 Aspectos Socioeconômicos
Através de levantamento de campo foi possível registrar 185 entrevistas, das
quais 108 foram respondidas pelo administrador ou gerente da propriedade,
representando 58% do universo estudado.
A área total declarada pelos agricultores representou 10.351 hectares, em
propriedades que variaram de 2 a 700 hectares, cobrindo aproximadamente 20% da
área total da BHRS (Figura 7).
Figura 7 - Distribuição espacial das propriedades entrevistadas na bacia hidrografia
do rio Santana, em 2005. Fonte: Dados da Pesquisa
48
As entrevistas buscaram atingir todas as regiões no interior da BHRS,
aplicadas mediante a presença do seu responsável. Do grupo estudado, apenas 16
propriedades eram geridas por administradores do sexo feminino, enquanto 169
propriedades, ou 91,3% do total, são geridas por administradores do sexo masculino
(Figura 8).
Figura 8 - Realização de entrevista com preenchimento de formulários na bacia hidrográfica do rio Santana.
Fonte: Arquivos fotográficos IESB, 2005.
De acordo com o conhecimento local, foi possível regionalizar a BHRS em 30
localidades distintas. As regiões identificadas são: Areia Branca, Buerarema, Búzios,
Cajazeiras, Cascalheira, Couto, Facões, Fartura, Fortuna, Ilhéus, Japú, Maria Jape,
Medroso, Nove, Repartimento, Ribeirão do Carmo, Ribeirão São Bento, Ribeirão
Seco, Rio Sipó, Rio do Engenho, Rio Seco, Rompedeira, Santa Maria,
Santana/Santaninha, Santo Antônio, Sapucaeira, Serra do Ronca, Sururu, Tararé e
Vila do Serrado (Figura 9).
49
Figura 9 – Regiões identificadas na bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: Dados da Pesquida
Os dados revelaram que aproximadamente 86% dos entrevistados possuem
apenas o primeiro grau de estudo (ensino fundamental), sendo que desses, 36,8%
declaram ser analfabetos ou analfabetos funcionais – conseguem apenas assinar o
nome (Tabela 1). Essa situação demonstra o baixo nível de escolaridade entre os
entrevistados, fator que pode influenciar o desenvolvimento local. Em um estudo
realizado por Barros e Mendoça (1997) sobre escolaridade, destacam, dentre outros
aspectos, que a ampliação do nível educacional promove o crescimento econômico,
eleva a renda per capta da população, reduz o crescimento populacional, eleva os
indicadores de mortalidade (longevidade e mortalidade) e de educação. O baixo
nível educacional, em geral, está associado a pobreza.
50
Ambientalmente os efeitos dessa associação podem resultar no uso
excessivo dos recursos naturais, pois as populações humanas nessa situação
buscam na natureza alternativas para sua sobrevivência.
Tabela 1 - Grau de instrução dos proprietários ou administradores rurais da bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Grau de educação Número de entrevistados
Percentual dos entrevistados (%)
Analfabeto 54 29,19
Analfabeto funcional (*) 14 7,57
1º grau incompleto 78 42,16
1º grau completo 13 7,03
2º grau incompleto 2 1,08
2º grau completo 13 7,03
Superior incompleto 2 1,08
Superior completo 9 4,86
TOTAL 185 100,0 Fonte: Banco de dados IESB, 2005. (*) Consegue apenas assinar o nome.
O grau de instrução dos proprietários e dos administradores funcionários das
propriedades cursando ou com ensino fundamental concluído encontra-se em um
patamar próximo, com cerca de 50% do total de cada um dos grupos. Entretanto,
analisando os níveis mais baixos e os mais elevados de educação é possível
observar diferenças importantes, os percentuais elevados de analfabetos ou
analfabetos funcionais se concentram entre os administradores 42,6%, contra 28,6%
dos proprietários. Já os que cursam ou concluíram os ensinos médio e superior
observa-se que 23,4% dos proprietários se enquadram nesta condição enquanto
apenas 7,4% dos administradores alcançaram esse nível educacional (Tabela 2).
51
Esses números demonstram o baixo conhecimento dos entrevistados, fator
que pode influenciar diretamente no uso inadequado ou excessivo dos recursos
naturais e, consequentemente, promover mudanças na dinâmica hídrica da bacia.
Tabela 2 - Grau de instrução entre os proprietários e administradores rurais da bacia
hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Grau de educação Percentual de
administradores entrevistados (%)
Percentual de proprietários
entrevistados (%)
Analfabeto 34,3 22,1
Analfabeto funcional (*) 8,3 6,5
Ensino fundamental 50,0 48,1
Ensino Médio 6,5 10,4
Ensino superior 0,9 13,0
Total 100,0 100,0 Fonte: Banco de dados IESB, 2005 (*) Consegue apenas assinar o nome.
A renda dos agricultores da BHRS, na maior parte, é formada por recursos
advindos de outras atividades que não se relacionam com a agricultura. Os dados
revelaram que aproximadamente 65% dos agricultores têm na atividade agrícola
uma complementação dos seus rendimentos, pois a renda gerada na propriedade
não supre suas necessidades. A maior parte os proprietários compõe suas rendas
através de recursos de aposentadoria ou em atividades profissionais executadas
principalmente nos centros regionais de Ilhéus e Itabuna (Tabela 3).
Tabela 3 – Formação da renda dos proprietários rurais na bacia hidrográfica do rio
Santana, em 2005.
Respostas dos entrevistados Proprietários (n) Proprietários
Renda formada exclusivamente da propriedade 64 34,59%
Renda formada da propriedade e outras atividades 121 65,41%
Total 185 100 Fonte: Banco de dados IESB, 2005
52
A formação da renda dos proprietários na BHRS demonstrou produzir
influência direta com tamanho da propriedade (Tabela 4). Apesar da maioria dos
agricultores necessitarem buscar rendimentos fora da propriedade, áreas de
tamanho inferior a 50 hectares a participação de recursos externos tendem a ser
menor, enquanto propriedades de área superior, os recursos advindos de outras
atividades são ampliados à medida que o tamanho da propriedade aumenta. Esta
realidade reflete as atuais condições econômicas, sociais e fundiárias da região
cacaueira, em que as maiores porções de terras estão destinadas às classes de
maior poder aquisitivo, geralmente formada por empresários ou profissionais que
têm a agricultura como atividade secundária, por vezes herdada de seus
antecessores. No outro grupo estão os possuidores de áreas de menor tamanho que
são, quase sempre, agricultores que tem em sua família a força de trabalho, onde a
renda e sua subsistência são geradas dentro da sua área ou prestando serviços a
vizinho.
Tabela 4 – Composição da renda dos proprietários rurais da bacia hidrográfica do rio Santana por intervalo de tamanho de propriedade, em 2005.
Intervalo de tamanho das propriedades (ha) 1 a 10 11 a 50 51 a 100 >100
Número de proprietários (n) 37 91 25 32
Renda formada exclusivamente da propriedade (%) 40,54 40,66 32,00 12,50 Renda formada da propriedade e outras atividades (%) 59,46 59,34 68,00 87,50
Total geral (%) 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
A estrutura fundiária na bacia hidrográfica do rio Santana é baseada na
pequena propriedade rural, menor que três módulos rurais (na região o módulo rural
é de 20 ha), representando 69% das propriedades amostradas, localizadas
53
principalmente próximos dos pequenos distritos urbanos ou ao longo das estradas.
As propriedades de tamanho médio e grande, de acordo com padrão regional,
localizam-se nas regiões com melhor faixa de solos e com acessos melhor
estruturados (Tabela 5).
Tabela 5 - Distribuição das propriedades da bacia hidrográfica do rio Santana por intervalo de tamanho, em 2005.
Intervalo de área das propriedades (ha) 1 – 10 11 - 50 51 – 100 >100
Nº. entrevistas realizadas 37 91 25 32
Representatividade 20,00% 49,19% 13,51% 17,30% Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
A principal atividade agrícola na BHRS, apontada na pesquisa, é a produção
de cacau com 76,8%, seguidos pela pecuária 10,8% e côco 3,2%. Das atividades
secundárias apontadas pelos agricultores a pecuária extensiva tem maior destaque,
sendo aplicada em 37,3% das propriedades, seguidas da cacauicultura 13,5% e
produção de banana 13,5% (Tabela 6).
Apesar de a pecuária extensiva ter sido apontada como uma das principais
atividades, a grande maioria das propriedades possui pastagens subutilizadas ou até
mesmo sem criação. É comum na região encontrar áreas que foram desmatadas,
introduzido gramíneas forrageiras e não possuir atividade pecuária, servindo por
vezes para alimentação de alguns muares, que servem de força de tração animal na
produção de cacau.
Do ponto de vista da conservação dos recursos hídricos, a atividade
cacaueira pode ser considerada de menor impacto que a pecuária extensiva e do
que aquelas atividades agrícolas que exigem corte raso da vegetação nativa. A
54
conservação de parte da estrutura arbórea nativa, utilizada no sombreamento dos
cacauais, promove cobertura dos solos e, consequentemente, diminui o fluxo de
águas para as calhas dos rios através do escoamento superficial.
Tabela 6 - Principais atividades econômicas desenvolvidas na zona rural da bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Culturas / Criação Atividade principal (%)
Atividade secundária (%)
Cacau 76,8 13,5
Pecuária 10,8 37,3
Coco 3,2 8,6
Mandioca 2,2 4,9
Seringa 2,2 4,3
Frutas 1,6 0,5
Piaçava 1,1 1,6
Criação de porcos 0,5 0
Apicultura 0,5 0
Banana 0,5 13,5
Café 0 3,8
Flores 0 1,1
Horta 0 0,5
Pupunha 0 0,5
Não Informou 0,5 9,7 Fonte: Banco de dados IESB, 2005
Quanto ao investimento de recursos através de financiamentos bancários ou
de programas de desenvolvimento, os resultados indicaram que a grande maioria
76,7% não obteve recursos a partir de linhas de financiamentos ou créditos (Tabela
7). As propriedades que receberam créditos destinaram prioritariamente à
recuperação da lavoura cacaueira para a melhoria das espécies, através da
55
clonagem, em combate a Vassoura-de-Bruxa (Crinipellis pernicios) – enfermidade
que atinge a lavoura cacaueira desde a década de 90.
Tabela 7 - Propriedades da bacia hidrográfica do rio Santana que recebem ou receberam créditos financeiros e assistência técnica em 2005.
Obtenção de financiamento e
assistência técnica Finaciamento /
Crédito Assistência
Técnica
Resposta do entrevistado Sim Não Sim Não
Proprietários 43 142 57 128
Proporção de Proprietatios (%) 23,30 76,70 30,80 69,20 Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
Também foi questionado sobre o acompanhamento técnico no manejo das
lavouras e os resultados apontaram que apenas 30,8% das propriedades rurais
recebem assistência técnica especializada (Tabela 7), sendo a CEPLAC o principal
órgão extensionista atuante na região.
Em termos gerais, a vocação da BHRS para atividade cacaueira produz uma
paisagem de certo modo conservacionista, por apresentar blocos expressivos de
floresta, intercalados com o cacau sombreado por parte floresta nativa. Um fator
preocupante que tem despontado é o novo manejo aplicado na recuperação da
lavoura. Nesse novo pacote tecnológico recomenda-se a diminuição da área
sombreada, com retira expressiva de exemplares que fazem a cobertura dos
cacauais. Esta prática poderá ampliar o fluxo das águas superficiais e,
consequentemente, carrear quantidades maiores de sedimentos para o interior dos
rios, comprometendo o fluxo natural.
Ainda não se sabe os impactos que esse manejo pode causar na dinâmica
atual da bacia, por isso faz-se necessário estudos hidrológicos para avaliar e
56
monitorar possíveis mudanças no regime hídrico dos rios, no sentido de buscar
práticas mitigadoras para os possíveis degradações da rede drenagem do Santana.
4.2.2 Aspectos Ambientais
A bacia do rio Santana está inserida em um dos mais importantes conjuntos
de remanescentes da floresta atlântica brasileira no Sul do Estado da Bahia, em
uma das “áreas foco” no Corredor Central da Mata Atlântica. Os altos índices de
diversidade biológica e endemismo dessa região, assim como o alto risco de
desmatamento fizeram desta, uma das áreas prioritárias para a implementação de
ações para a conservação.
A pesquisa observou as intenções dos proprietários em implantar ou substituir
cultivos ou criações na Bacia verificando o manejo aplicado aos recursos naturais, o
plano no uso das florestas, a utilização da água e do solo, o cumprimento da
legislação ambiental e o potencial inserção em programas de reflorestamento. Do
ponto de vista da manutenção dos recursos hídricos, a conversão de áreas com
cobertura florestal para uso agrícola ou pecuário interfere diretamente na dinâmica
hídrica, aumentando os riscos de degradação da bacia.
A investigação, em primeiro momento, buscou conhecer a intenção do
agricultor em ampliar a extensão das áreas agrícolas e de pecuária, além de
identificar os locais preteridos para implantação das novas atividades. Nesse
aspecto, foi verificado que aproximadamente 46% dos proprietários da BHRS têm
intenção em implantar novos cultivos, principalmente, na ampliação ou introdução de
novos cacauais. O desejo de ampliação das áreas cultiváveis foi demonstrado
principalmente pelos proprietários com maior extensão de terras, dado que indica
57
um potencial de redução da área florestada na bacia, pois estes são detentores dos
maiores fragmentos de floresta. (Tabela 8).
Tabela 8 - Intenção dos proprietários rurais em implantar ou ampliar novos cultivos na bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Propriedades (área em hectares) 1 a 10 11 a 50 51 a 100 >100
Total geral
Respostas positivas 35,14% 48,35% 52,00% 46,88% 45,95%
Respostas negativas 64,86% 51,65% 48,00% 53,13% 54,05%
Total geral 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
As áreas em estágio inicial e médio de regeneração “capoeiras” foram
indicadas por 35,3% dos agricultores com as de maior probabilidade de substituição
para implantação de novas atividades agropecuárias, enquanto, apenas 1,2% dos
indicaram as florestas maduras com esse potencial. Apesar do reduzido percentual
indicado para a substituição da floresta, o índice pode ser superior, pois, por vezes
no trabalho de campo, foi solicitado ao entrevistado mostrar qual área de capoeira
que poderiam ser usada, e muitos indicaram áreas que estavam em processo
avançado de regeneração ou até mesmo com porte de floresta madura (Tabela 9).
A ampliação da agricultura em áreas florestadas, de modo geral, interfere na
dinâmica hídrica dos rios. Na bacia do Santana essa prática foi observada no
campo, principalmente em pequenas áreas – alguns poucos hectares - para
implantação de cultivos cíclicos como mandioca, milho, feijão, etc. (Figura 10).
A implantação sistemas de consórcios de culturas ou substituição de velhos
cultivos foi apontada por 28,2% dos entrevistados como possibilidade de expansão
agrícola nas propriedades, enquanto a substituição de pastagens por plantios foi
mencionada por 23,5% dos agricultores. Estes manejos se tornam interessantes do
58
ponto de vista ambiental, pois, além de tornar mais eficiente a atividade, não
necessita realizar corte de áreas florestadas, podendo manter ou até mesmo ampliar
a cobertura vegetal na bacia.
Tabela 9 - Áreas indicadas pelos agricultores para implantação de novos cultivos na bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Áreas prováveis para implantação de novos cultivos
Número de agricultores
Proporção de agricultores
Capoeiras 30 35,30%
Consórcio ou substituição de plantios 24 28,20%
Pastagens 20 23,50%
Floretas 1 1,20
Não informou 10 11,80
Total 85 100 Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
Figura 10 - Substituição de “capoeira” por mandioca na bacia hidrográfica do rio
Santana, em 2005. Fonte: Arquivos fotográficos IESB, 2005.
59
O incremento agrícola nos últimos cinco anos através da supressão da
floresta foi confirmado por 17% dos agricultores da bacia. Questionados sobre a
possibilidade de implantação de novas atividades agrícolas ou pecuárias na
propriedade, caso fosse legalmente permitido a supressão da floresta nativa, 39%
responderam positivamente, que substituiriam a floresta para implantação de novas
atividades. Por outro lado, os 61% restantes afirmaram não necessitar substituir as
matas, pois, dependem delas principalmente pela manutenção dos recursos hídricos
e de produção de matéria-prima para uso na propriedade.
As atividades indicadas (Tabela 10) com maior potencial de implantação em
áreas florestadas, caso fosse permitido a supressão, foram:
Tabela 10 - Atividades a serem implantadas, caso fosse permitido supressão da floresta na bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005
Atividade Potencial de implantação
Cacau 55,60%
Pastagens 12,50%
Mandioca 5,60%
Coco 4,20%
Fruticultura 4,20%
Banana 2,80%
Outros cultivos 5,60%
Não informou 9,70% Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
Na região é nítida a força do monocultivo do cacau como pilar da economia
regional. Em diversos momentos, agricultores diziam estar descapitalizados e sem
apoio para recuperação da lavoura, mas, acreditam que a produção cacaueira
60
deverá passar esse momento delicado - ataque da Vassoura-de-bruxa (Crinipellis
pernicios) e preços baixos – e se reerguer em um futuro próximo.
No momento atual da agricultura, 87% dos entrevistaram dizem estar
recuperando o cacau, 59% usando técnicas de clonagem para o melhoramento
genético dos cacaueiros em combate a Vassoura-de-bruxa, 34,8% fazem o manejo
mais comum (limpeza, roçagem, poda e adubação), e outros 10% estão replantando
as áreas onde houve morte de cacaueiros.
Em relação aos recursos florestais, foram registrados, segundo declaração
dos entrevistados, 2.226 ha de floresta em estágio “primário” e 986 ha de floresta
em estágio avançado de regeneração “capoeira”, totalizando 3267 ha. Analisando
proporcionalmente o que deveria ser preservado caso seguissem apenas as
legislação ambiental, que destina, nessa região, 20% da área de cada propriedade
para a conservação, a bacia possui um superávit de florestas, pois, dos 10.351ha
declarados, seria necessário o mínimo 2.702 hectares preservados.
Outro dado importante é que apenas 7,03% dos entrevistados declaram que a
propriedade possui Reserva Legal averbada, enquanto que a maioria, 71,35%,
informou o descumprimento da legislação e, 21,62% não sabem ou estão
desinformado sobre o assunto (Tabela 11).
Tabela 11 - Propriedades com Reserva Legal na bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Averbação da Reserva Legal Número de propriedades
Percentual de propriedades
Possui reserva legal 13 7,03%
Não possui reserva legal 132 71,35%
Não respondeu 27 14,59%
Não sabe 13 7,03%
Total geral 185 100,00% Fonte: Banco de dados IESB, 2005.
61
Levando em consideração o tamanho das propriedades (Tabela 12), os
números revelam que, quanto maior a propriedade, maior a possibilidade do
proprietário em averbar a Reserva Legal e conservar as áreas de APP, entretanto,
os índices são bastante baixos considerando que menos de 10% das propriedades
encontram-se legalmente resguardadas. Outra informação que se deve levar em
conta é o número de entrevistados que não souberam responder, cerca de 20% dos
entrevistados não sabiam da obrigatoriedade dos proprietários em averbar a
Reserva Legal. O conhecimento da legislação é um fator preocupante, pois, por
muito tempo a lei ambiental que dispõe sobre a conservação dos recursos naturais
não foi devidamente observada tanto pelos agricultores, quanto pelas instituições de
financiamento e de desenvolvimento, causando danos significativos ao meio
ambiente.
Tabela 12 - Propriedades com Reserva Legal distribuído por tamanho, na bacia hidrográfica do rio Santana em 2005.
Averbação da Reserva Legal
Número de propriedades
1 a 10 (ha)
11 a 50 (ha)
51 a 100 (ha)
>100 (ha)
Possui reserva legal 13 5,41% 6,59% 8,00% 9,38%
Não possui reserva legal 132 72,97% 74,73% 68,00% 62,50%
Não respondeu 27 0,00% 4,40% 12,00% 18,75%
Não sabe 13 21,62% 14,29% 12,00% 9,38%
Total geral 185 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Fonte: Banco de dados IESB, 2005
Perguntados se acham importante preservar as florestas, 86,5% responderam
positivamente, pois, acreditam que as florestas são responsáveis pela manutenção
dos recursos hídricos, garantem a biodiversidade e podem servir de fonte de
matéria-prima para utilização na propriedade, principalmente produtos madeireiros.
62
Caso houvesse um programa de reflorestamento 44,9% dos entrevistados
teriam interesse em participar, reflorestando áreas de mata ciliar, nascentes, áreas
desmatadas entre outros (Tabela 13).
Tabela 13 - Possíveis áreas para reflorestamento na bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Áreas pretendidas para reflorestamento Percentual de entrevistados interessados em reflorestar
Mata Ciliar 36,10%
Nascentes 25,30%
Áreas desmatadas 25,30%
Pastagens 6,00%
Outros 1,20%
Não informou 6,00% Fonte: Banco de dados IESB, 2005
Quanto ao o uso da água pela população residente nas propriedades, 60,5%
dos entrevistados disseram que a água utilizada para consumo humano e uso
residencial é captada de nascentes que brotam na própria fazenda, 9,2% usam água
de poços artesianos, 8,6% captam diretamente dos rios. Já para agricultura e trato
animal, a disponibilidade de água, devido principalmente a boa distribuição e alta
pluviosidade, permitem que as atividades não necessitem de sistemas de irrigação,
sendo registrado em apenas 4 propriedades.
Também foram registrados casos onde a captação é realizada com
armazenamento de água da chuva ou de represamentos. Estimou-se, a partir da
declaração do entrevistado, 223 nascentes em 63 propriedades que afirmaram
possuir nascentes, o que resulta em uma média 3,5 nascentes em cada
propriedade. Na pesquisa não foi possível verificar de que forma os agricultores
tratam as nascentes na hora da capitação
63
Em relação a contaminação das águas através resíduos da aplicação de
insumos, 64,3% afirmaram utilizar adubos em suas lavouras, sendo que desse total
91% utilizam adubos químicos. Quanto a periodicidade na aplicação de insumos
químicos na lavoura, 68 proprietários afirmaram aplicar constantemente, em um
prazo máximo de 1 ano.
4.3 Uso da Terra na Bacia Hidrográfica do Rio Santana
A Bacia Hidrográfica do Rio Santana está inserida em um dos biomas mais
ameaçados do planeta – a Mata Atlântica. A vegetação que cobre a Bacia apresenta
características originais conhecida como Floresta Ombrófila Densa, ou
especificamente Floresta Higrófila Sul-Baiana (IBGE, 1992). A descaracterização da
paisagem na bacia teve início no período colonial, com a atividade extrativista do
pau-brasil e posteriormente com a introdução de plantios de cana-de-açúcar.
Atualmente esta área faz parte de uma microrregião tradicionalmente
agrícola, em que a base econômica esta vinculada à cultura do cacau. A substituição
da floresta para implantação da lavoura cacaueira e da agricultura de subsistência,
no século passado, intensificou as modificações na paisagem do local, favorecendo
o estabelecimento de uma grande variabilidade sucessional.
4.3.1 Classes de Uso da Terra na Bacia Hidrográfica do Rio Santana
As classes de uso da terra aqui mapeadas na escala 1:25.000, levaram em
conta unidades simples de domínio na paisagem ou associações de classes, quando
a resolução na escala de mapeamento não permitiu subdivisões. As áreas de
pastagens e os cultivos cíclicos de pequeno porte (plantios de mandioca, milho,
64
feijão, etc.) foram associados em uma única classe, enquanto os trechos cobertos
por nuvens cobriram 1.011 hectares, indicada na classe “sem dados”.
Nesta pesquisa, foi possível classificar o uso da terra em sete categorias,
descriminadas e adaptadas de acordo o Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE
(1999), (Figura 11). A acurácia total calculada do mapeamento foi de 91,11%, com
índice Kappa de 0,8709, classificado com “excelente” de acordo CONGALTON
(1991).
Figura 11 - Uso da terra na bacia hidrográfica do rio Santana em 2005. Fonte: Dados da Pesquisa
a) Área Especial sob Proteção Legal – Floresta Primária (AE(fp))
São áreas ocupadas pela Floresta Ombrófila Densa, com vegetação nativa,
cuja fitofisionomia se aproxima da original. Estas áreas são assim descriminadas por
65
não sofrerem influencias antrópicas significativas em sua estrutura e na composição
florística. Estão protegidas, de acordo ao Decreto Federal 750, de 10 de fevereiro de
1993.
b) Área Especial sob Proteção Legal – Floresta Secundária (AE(fs))
São as áreas que englobam as florestas não cultivadas, no estágio médio e
avançado de regeneração, cuja fitofisionomia varia desde herbáceo-arbustiva, no
seu primeiro estágio, até arbórea em seu nível mais avançado. Estas áreas sofreram
corte raso da cobertura em épocas passadas, apresentando-se hoje com um dossel
fechado e relativamente uniforme quanto ao porte, de altura variando entre 5m e
15m aproximadamente. São popularmente chamadas de “capoeiras” (Figura 12).
Estas áreas, assim como as florestas primárias, estão protegidas através do Decreto
Federal 750, de 10 de fevereiro de 1993.
Figura 12 – Classe de uso Floresta secundária, regionalmente conhecida como
“capoeira”, encontrada na bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: Arquivos fotográficos IESB, 2005.
66
c) Extrativismo Animal (EA)
São as áreas cobertas por manguezais, que são ambientes constituídos de
uma floresta homogênea, adaptada ao ambiente salobro, situada na desembocadura
de rios e regatos no mar, que crescem em solos siltosos e lamacentos. Apesar de
proibida a supressão, através da Lei 4.771/65 do Código Florestal Brasileiro, à fauna
dos manguezais sofrem intensivo uso, com a pesca e catação de caranguejos,
principalmente por estarem localizadas próximo ao núcleo urbano de Ilhéus.
d) Agricultura Tradicional Permanente com Cultura do Cacau (ATp(c))
Áreas cobertas com plantio de cacau (Theobroma cacao) no sistema
“cabruca” ou no sistema convencional de plantio, com adensamentos variados. A
forma dominante de cultivo é o sistema de plantio cacau-cabruca, ou cultivo sob a
mata raleada, onde é possível encontrar exemplares da floresta nativa como as
emergentes (Figura 13).
Figura 13 - Classe de uso com o cultivo de cacau no sistema “cabruca”, na bacia
hidrográfica do rio Santana. Fonte: Arquivos fotográficos IESB, 2005.
67
e) Agricultura Tradicional Permanente com Cultura do Coco/Seringa (ATp(co, s))
Coco - São áreas utilizadas no cultivo do coco (Cocos nucifera), também conhecido
como coco-da-baía. Em geral os plantios foram recentemente implantados, como
opção de diversificação da lavoura regional, através de incentivos governamentais.
As áreas estão predominantemente ocupando a faixa solo pobre e de textura mais
arenosa, anteriormente ocupada por pastagens ou com cultivos de subsistência
(Figura 14).
Seringa - São áreas ocupadas com o plantio da seringueira (Hevea brasiliensis) ou
consórcio de seringa e cacau. Apresenta na imagem do satélite, um aspecto
homogêneo, regular e como coloração acinzentada.
Figura 14 – Classe de uso com coco-da-baía na bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: Arquivos fotográficos IESB, 2005.
f) Pecuária Extensiva / Agricultura de Subsistência (PE/AS)
São áreas abertas com derruba total da vegetação natural, utilizadas
geralmente para abrigar pastagens pouco manejadas com introdução das espécies
68
de gramíneas, Brachiaria brizantha (grama-braquiária) e B. humidicola (braquiária-
talo-roxo/kikui). Apesar de ocupar uma área expressiva na bacia, a atividade
pecuária é restrita, apresentando baixa densidade populacional, principalmente na
região entre os municípios de Ilhéus a sede municipal de Buerarema. Muitas vezes,
foram constatadas em campo, diversas áreas ociosas ou abrigando apenas alguns
muares utilizados na lavoura cacaueira (Figura 15).
Na parte sudoeste da Bacia, região da Fartura apresenta um maciço desse
uso, onde o cacau e os policultivos cíclicos foram pouco ou não cultivados, devido
principalmente às características do ambiente.
Figura 15 – Classe de uso com pastagens na bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: Arquivos fotográficos IESB, 2005.
Nesta categoria foram englobadas, por apresentar aspecto semelhante na
escala de mapeamento, as áreas ocupadas com policultivos de subsistência de ciclo
curto, com destaque para produção de mandioca utilizada na fabricação da farinha,
além de hortaliças, flores tropicais, etc. De modo geral essas atividades são
69
praticadas por pequenos agricultores em regime familiar, ocupando pequenas áreas,
variando entre 1 e 5 hectares.
g) Áreas Urbanas (AU)
São áreas totalmente descaracterizadas, em relação ao seu estado natural,
com funcionalidade de abrigar parte da população humana local. São os chamados
núcleos urbanos de habitação, que apresentam para essa região o uso misto, de
natureza residencial e comercial nos núcleos urbanos de Ilhéus e Buerarema e, uso
residencial nos vilarejos rurais.
4.3.2 Distribuição Quantitativa das Classes de Uso da Terra na Bacia
Hidrográfica do Rio Santana
A paisagem na BHRS produz distribuição quantitativa quase homogênea. Os
domínios das classes de cultivo do cacau, pecuária extensiva e florestas, ocupam
cada classe aproximadamente de 30% da área (Tabela 14). Espacialmente esta
distribuição segue a aptidão dos solos para o desenvolvimento agrícola, o histórico
de ocupação, as facilidades de acesso e a proximidade dos núcleos urbanos.
Os resultados do mapeamento demonstram que a agricultura tradicional
permanente com cultura do cacau ocupa 30,8% da área. Espacialmente o cacau
está distribuído em fragmentos de tamanhos diferenciados por toda extensão da
bacia, entretanto, nas proximidades da sede municipal de Buerarema concentra-se
os maiores blocos, provavelmente em razão das melhores de solos.
A pecuária extensiva/agricultura de subsistência ocupa 32,5% da área de
estudo, contudo ela não prepondera sobre o domínio de cacau, pois, a escala de
mapeamento foi insuficiente para separar as extensões destinadas a criação do
70
gado das áreas utilizadas nos policultivos cíclicos (mandioca, milho, hortaliças, etc).
A maior concentração do uso pecuário está na região da Fartura, município de
Buerarema. Nessa região a atividade pecuária é eminentemente superior às outras,
fato devido principalmente às condições ambientais.
Os blocos de floresta nativa – primária e secundária - recobrem 32% da área
total, distribuídos em fragmentos por toda extensão da bacia. O índice encontrado
pode ser considerado elevado, se comprados aos dados nacionais. De acordo com
o Vicens et al. (no prelo) o mapeamento dos remanescentes florestais de Mata
Atlântica em 2007 apresentou 26,97% de cobertura nativa para todo o bioma.
Tabela 14 – Distribuição das classes de uso da terra na bacia hidrografia do rio Santana, em 2005.
Cód. Classe ( f ) Área (%)
Área (ha)
AE(fp) Área Especial sob Proteção Legal - Floresta Primária 67 14,20% 7252,9
AE(fs) Área Especial sob Proteção Legal - Floresta Secundária 202 17,80% 9084,5
PE/AS Pecuária Extensiva / Agricultura de Subsistência 326 32,50% 16572,0
Atp(c) Agricultura Tradicional Permanente com Cultura do Cacau 171 30,80% 15694,9
Atp(co,s) Agricultura Tradicional Permanente com Cultura do Coco/Seringa 37 1,50% 769,5
EA Extrativismo Animal 2 0,80% 390,8
AU Áreas Urbanas 7 0,40% 211,0
S/D Sem dados (nuvens) 50 2,00% 1011,0
Fonte: Dados da Pesquisa (f) Freqüência na BHRS
A ocupação e utilização das terras na BHRS se deram inicialmente nas áreas
próximas ao litoral, expandindo-se para o interior, seguindo o curso do rio. Os dados
71
obtidos no mapeamento do uso da terra através da classificação da imagem do
satélite Ikonos juntamente com a caracterização fisiográfica e o histórico de
ocupação da BHRS, revelaram que a intensidade de ocupação na área se deu,
principalmente devido aos fatores de qualidade do ambiente, em essencial do solo, e
facilidade de acesso.
Na faixa próxima ao litoral, onde estão localizados os solos mais pobres
(Figura 5 e 6), encontram-se os principais blocos florestais (Figura 11) e mais bem
conservados, onde, por vezes são utilizados para extração da piaçava (Attalea
funifera) ou extração de madeira de forma clandestina. Esta região apresenta um
mosaico de usos, com destaque para os cultivos de coco, da mandioca, da
policultura de subsistência, além da criação de gado no sistema extensivo, destinado
a produção de leite e carne.
Na área central da BHRS, onde estão localizados os solos de média
fertilidade, conforme o mapa de classes e fertilidade do solo (Figura 5), as pastagens
e os plantios de mandioca, envolvidos por cultivos do cacau e a formação de
“capoeiras” destacam-se na paisagem (Figura 13). As áreas destinadas à criação do
gado apresentam, quase sempre, baixa densidade de indivíduos, que segundo Leite
(1975), grande parte destas pastagens foram cacauais que desapareceram
totalmente após período de decadência da lavoura. Atualmente, com a ultima crise
da lavoura, algumas pastagens foram abandonadas pelos agricultores e, por falta de
manejo, foi possível a recomposição ao sistema natural, transformando-se em
capoeiras nos mais diversos níveis sucessional.
Na porção oeste da BHRS, na área que compreende o entorno da sede do
município de Buerarema, margeando a BR-101, está localizado o principal maciço
de plantios de cacau. A área apresenta solos com melhor qualidade e fertilidade
72
(Figuras 5, 6), onde se desenvolve a cacauicultura nos sistema convencionais (à
sombra de árvores exóticas) e no sistema cabruca debaixo das árvores nativas. No
trecho mais ao sul dessa “sub-região” encontra-se o complexo de serras
popularmente conhecidas como “Serra do Ronca”. Nesta área a ocupação se deu
principalmente no sopé das serras, com o cultivo do cacau e as áreas mais elevadas
a vegetação continua florestada e bem conservada.
No extremo oeste, na região conhecida como “Fartura”, onde ficam as
nascentes do rio, a atividade dominante é a pecuária leiteira (Figura 11). Esta região
apresenta solos rasos de fertilidade elevada, com afloramentos de rochas em
determinados trechos (Figura 5). As pastagens geralmente formadas de uma
associação de capim sempre-verde (Panicum maximum) com grama rasteira bico-
de-pato (Axonopus sp) e capim papuã (Ichnanthus caudichans), são utilizadas no
sistema rotativo e, manejadas com aplicação de fogo aproveitando o baixo custo da
mão-de-obra no período de maior estiagem, ocorridos entre os meses de outubro a
dezembro (Leite, 1975).
As atividades que exige retirada da vegetação através de corte raso, de modo
geral não respeitam a legislação ambiental na bacia do Santana, suprimindo as
matas ciliares que fazem a contenção dos rios. Foi constatado no campo que a
maioria dos proprietários fazem uso das margens dos rios no desenvolvimento de
suas atividades, podendo com isso comprometer o fluxo natural de água e
sedimentos para interior dos rios.
Outro fator importante está ligado ao histórico de implantação das fazendas
de cacau. Por muitos anos a cacauicultura ocupou as proximidades das margens
dos rios como área de melhor condição para o seu desenvolvimento, inclusive
indicado em pacotes tecnológicos disseminados por órgãos de desenvolvimento
73
governamentais. Essa prática infere ao agricultor o ônus por infringir a legislação
ambiental, colocando-os em situação desconfortável perante o judiciário. Atualmente
as mesas de discussão são alimentadas por esse debate, entretanto, é consenso
que a recuperação dessas áreas representaria um prejuízo econômico incalculável
para a região.
4.4 Caracterização Hidrológica da Bacia Hidrográfica do Rio Santana.
As características abióticas e bióticas de uma bacia hidrográfica
desempenham um importante papel em seu processo hidrológico, influenciando nos
escoamentos superficiais e sub-superficiais, como também na infiltração, na
evapotranspiração, no ciclo hidrológico, dentre outros. De acordo com Lima (1986),
o comportamento hídrico de uma bacia hidrográfica é função de suas características
físicas (forma, relevo, área, solos, rede de drenagem, entre outros) e do tipo de
cobertura vegetal.
De modo geral, os estudos voltados para investigação do comportamento
hidrológico de bacias hidrográficas são focados na descrição qualitativa dos
processos que influenciam e modificam a superfície (morfologia, solo, uso da terra,
cobertura, etc), entretanto, essas informações são insuficientes para identificação de
homogeneidades da bacia. De acordo com Filho e Lima (2007), descrever e analisar
essa superfície somente do ponto de vista qualitativo, não teria grande valor
científico, pois, as mais variadas formas que seus atributos vão adquirindo no
decorrer do tempo, inutilizam proporcionalmente esse tipo de análise. Por essa
razão o estudo das características morfométricas terá na expressão matemática, no
sentido de buscar informações necessárias para uma análise quantitativa.
74
Dessa maneira, a análise morfométrica da BHRS foi realizada no sentido de
caracterizar os processos do ponto de vista quantitativo, através de parâmetros
geométricos (coeficiente de compacidade, fator de forma, circularidade dentre
outros), do relevo (declividade, altitudes, etc.) e da rede de drenagem (densidade,
ordem, etc.). De acordo com Alves e Castro (2003), Tonello et al. (2006), esses
parâmetros podem revelar indicadores físicos específicos para determinado local, de
forma a qualificarem as alterações ambientais.
4.4.1 Características Morfométricas da Bacia Hidrográfica do Rio Santana
A BHRS compreende uma área de 509,8 km2, com perímetro de 165,5 km. A
forma da bacia foi determinada pelos índices geométricos: coeficiente de
compacidade (Kc) e fator de forma (F). Segundo Vilela e Mattos (1975). De acordo
com Tonello et al. (2006) a forma superficial de uma bacia hidrográfica é importante
na determinação do tempo de concentração, ou seja, o tempo necessário para que
toda a bacia contribua com a saída da água após uma precipitação. Quanto maior o
tempo de concentração, menor a vazão máxima de enchente, se mantidas
constantes as outras características.
O coeficiente de compacidade e o fator de forma calculados foram de Kc=
2,05 e F=0,26, respectivamente (Quadro 3). De acordo com os resultados, pode-se
afirmar que a BHRS tem pouca susceptibilidade a enchentes, pois, o seu coeficiente
de compacidade possui um valor afastado a unidade (1,0), indicando ter uma forma
alongada e, consequentemente, com escoamento mais distribuído no tempo. Essa
característica é confirmada pelo fator forma, pois, o índice encontrado apresenta um
valor baixo (<0,50), indicando que a bacia não possui circularidade, diminuindo a
75
possibilidade de chuvas intensas ocorrerem em toda sua extensão, induzindo a
concentração do volume de água no rio principal.
Quadro 2 – Características morfométricas da bacia hidrográfica do rio Santana
Característica morfométrica Valores
Área de drenagem (km2) 509,8
Perímetro (km) 165,51
Coeficiente de Compacidade Kc) 2,05
Fator forma (Kf) 0,26
Declividade máxima (%) 191,35
Declividade média (%) 6,61
Declividade mínima (%) 0
Altitude máxima (m) 760
Altitude média (m) 141
Altitude mínima (m) 4
Extensão do rio principal (km) 62,41
Declividade do rio principal (m/km) 2,9
Densidade de drenagem (km/km2) 0,82
Ordem da Bacia 4 Fonte: Dados da Pesquisa
A BHRS encontra-se entre 4m e 760m de altitude, com média altimétrica de
141 metros e desnível da calha principal 2,9m/km. A declividade média encontrada
foi de 6,61% corroborando com dos dados de Embrapa (1999), que afirmam que a
maior parte do relevo da bacia corresponde a classe “suave ondulado”. De acordo
com Cardoso et al. (2006), a declividade influencia a relação entre a precipitação e o
deflúvio da bacia hidrográfica, sobretudo devido ao aumento da velocidade do
escoamento superficial, reduzindo a possibilidade da infiltração de água no solo.
O padrão de drenagem da BHRS e classificada como dentrítica, no qual o
material de origem e a rocha matriz oferecem resistência uniforme a erosão. A
76
densidade da drenagem da bacia, na escala 1:100.000, é de 0,82 km/km2,. Segundo
Villela e Mattos (1975), esse índice pode variar de 0,5 km/km2 a 3,5 km/km2 em
bacias com drenagem pobre e, >3,5 km/km2 para bacias bem drenadas. Desse
modo pode-se afirmar que a BHRS possui baixa densidade de drenagem e,
consequentemente, poucos canais de escoamento superficial e baixa dissecação
associada.
A rede de drenagem da bacia, de acordo com a hierarquização de Strahler,
apresenta grau de ramificação de 4a ordem. Segundo Tonello et al (2006), ordens
inferior ou igual a 4 são comuns em pequenas bacias hidrográficas e reflete os
efeitos diretos do uso da terra. Considera-se que, quanto mais ramifica for a rede,
mais eficiente será o sistema de drenagem.
4.4.2 Caracterização das Sub-bacias Estudadas
Para melhor detalhamento das características da BHRS, foram selecionadas
e analisadas quatro sub-bacias específicas, observando as características
morfométricas, o uso da terra e a cobertura vegetal, bem como a estrutura social-
econômica a qual elas estão inseridas, associando estes dados a vazão dos seus
tributários (Figura 16).
Das quatro sub-bacias selecionadas, três obedeceram a critérios de
similaridade, por possuir o mesmo domínio de classe de solo, que no caso são os
Latossolos, estar dispostas em longitudes aproximadas e, consequentemente,
possuir características climáticas (pluviosidade, temperatura, etc) semelhantes, além
da conformidade morfológica. A quarta bacia selecionada foi estudada devido a
diferenças do ambiente e especificidades sócio-econômicas, que difere de todas as
77
outras, pois, está ligada a pecuária leiteira em cima do domínio da classe dos
Chernossolos.
Na menor bacia, localizada na região conhecida como “rio do Engenho”, não
foi identificado o nome da sua calha principal, nem pelos moradores da redondeza,
nem pela carta topográfica. Nesse sentido, adotou-se o nome fictício de ribeirão
Baixa Alegre, por cortar uma propriedade com essa nomenclatura.
Figura 16 – localização geográfica das sub-bacias estudadas Fonte: Dados da pesquisa.
4.4.2.1 Sub-bacia Hidrográfica do Ribeirão Baixa Alegre
A bacia do ribeirão Baixa Alegre, está localizada na porção nordeste da
BHRS, cujo centro corresponde à coordenadas 14o 50‘ 57.38’‘ de latitude sul e 39o 8‘
78
19.48’’ de longitude oeste. A área da bacia compreende 7,36 km2, com altitudes
variando entre 13m a 160m, com média altimétrica de 89 m.
A declividade média é de 15,14%, classificada de acordo com a categorização
da Embrapa (1999) como “relevo ondulado”, enquanto a declividade do principal
curso d’água é de 10,5 m/km. O coeficiente de compacidade da bacia é de Kc= 1.98,
valor afastado da unidade (1,0), indicando que a forma da bacia se aproxima de uma
elipse e, conseqüentemente, não está sujeita a grandes enchentes. Esta variável é
confirmada pelo fator forma, que é de kf= 0,29, valor considerado baixo, indicando
que a bacia tem forma alongada, reduzindo a possibilidade de que ocorram chuvas
intensas em toda sua extensão em um único momento, aumentando o tempo de
deflúvio (Quadro 3).
Quadro 3 – Características morfométricas do ribeirão Baixa Alegre
Característica morfométrica Valores
Área de drenagem (km2) 7,36
Perímetro (km) 19,14
Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,98
Fator forma (Kf) 0,29
Declividade máxima (%) 179,50
Declividade média (%) 15,14
Declividade mínima (%) 0
Altitude máxima (m) 160
Altitude média (m) 89
Altitude mínima (m) 13
Extensão do rio principal (km) 5,7
Declividade do rio principal (m/km) 10,5
Densidade de drenagem (km/km2) 0,77
Ordem da Bacia 1 Fonte: Marques, 2008
79
A densidade da drenagem é de 0,77 km/km2, demonstrando que a sub-bacia
possui baixa densidade de drenagem e, consequentemente, pouca quantidade de
canais de escoamento superficial e baixa dissecação associada. Outro aspecto
referente a rede de drenagem, é que a bacia, de acordo com a hierarquização de
Strahler (1952), apresenta grau de ramificação de 1a ordem, indicando pouca
eficiência do sistema de drenagem.
A cobertura vegetal dominante na bacia do ribeirão Baixa Alegre está
constituída por florestas nativas 78,81%, sendo 64,3% por florestas primárias ou
maduras, e 14,5% por florestas secundárias em estágio médio e avançado de
regeneração. Os valores indicam que a bacia do ribeirão Baixa Alegre apresenta
expressiva cobertura florestal, se comparado com as demais regiões da bacia. A
área restante da bacia esta coberta por pastagens e plantios de cacau,
apresentando 14,6% e 4,1%, respectivamente. Essa condição pode ser explicada
pela dificuldade de acesso ao local e pela estrutura fundiária, que apresenta
propriedades com tamanho superior a 100 ha, além possuir solos de baixa fertilidade
(Tabela 15).
Tabela 15 – Distribuição da cobertura vegetal na sub-bacia Baixa Alegre, em 2005
Tipologia Área (ha) Percentual de
cobertura vegetal
Floresta nativa – primária 473,4 64,3%
Floresta nativa – secundária 107,0 14,5%
Agricultura perene – cacau 30,0 4,1%
Agricultura perene - coco/seringa/etc. 0,0 0,0%
Pastagens/cultivos cíclicos 107,5 14,6%
Sem dados 18,3 2,5%
Total 736,2 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa
80
A altura do ribeirão Baixa Alegre apresentou, do ponto onde foi instalada a
régua liminimétrica, nível máximo de 50 cm, nível mínimo de 20cm e amplitude de 30
cm. A média de todo período estudado foi de 32,97 cm, com moda de 30 cm e
desvio padrão de 5,61. Quanto a pluviosidade, os períodos mais chuvosos, durante
a pesquisa, foram os meses de maio e outubro, com acumulado de 160 mm para
cada mês, sendo o mês mais seco foi junho com 60mm. A média mensal ficou em
144,7 mm/mês (Tabela 16 e Figura 17).
Tabela 16 – Chuva acumulado no período de março a outubro de 2007, da bacia do
ribeirão Baixa Alegre
Mês Abr (13 a 30) mai jun jul ago set out
Chuva acumulada (mm) 15 160 60 158 105 145 160
Fonte: Dados da Pesquisa
Comportamento Hídrico do ribeirão Baixa Alegre
Período 13/abr/2007 a 31/out/2007
0
10
20
30
40
50
60
1 31 61 91 121 151 181dias de monitoramento
Nív
el d
o r
io (
cm)
0
10
20
30
40
50
60
70
Ch
uva
no
Per
íod
o (
mm
)
Nível do rio (cm)
Chuva no período (mm)
Figura 17 - Comportamento hídrico do ribeirão Baixa Alegre, na bacia hidrográfica do rio Santana.
Fonte: Dados da Pesquisa
81
5.4.2.2 Sub-bacia hidrográfica do rio Santa Maria
A bacia do rio Santa Maria está localizada na porção norte da BHRS, cujo
centro corresponde à coordenadas 14o 52‘ 18.55’‘ de latitude sul e 39o 11‘ 40.95’’ de
longitude oeste. A área da bacia compreende 13,57 km2, com altitude variando entre
11m a 200 m, com média altimétrica de 119 m.
A declividade média é de 22,82%, classificada de acordo com a categorização
da Embrapa (1979) como “relevo forte ondulado”, enquanto a declividade do
principal curso d‘água é de 8,5 m/km. O coeficiente de compacidade da bacia é de
Kc= 2.06, valor afastado da unidade (1,0), indicando que a forma da bacia se
aproxima de uma elipse e, conseqüentemente, não está sujeita a grandes
enchentes. Esta variável é confirmada pelo fator forma, que é de kf= 0,33, valor
considerado baixo, indicando que a bacia não possui circularidade, reduzindo a
possibilidade de que chuvas intensas ocorram em toda sua extensão, aumentando o
tempo de deflúvio (Quadro 4).
Quadro 4 – Características morfométricas do rio Santa Maria
(continua)
Característica morfométrica Valores
Área de drenagem (km2) 13,57
Perímetro (km) 27,06
Coeficiente de Compacidade (Kc) 2,06
Fator forma (Kf) 0,33
Declividade máxima (%) 187,11
Declividade média (%) 22,82
Declividade mínima (%) 0
Altitude máxima (m) 200
82
Quadro 4 – Características morfométricas do rio Santa Maria (conclusão)
Característica morfométrica Valores
Altitude média (m) 119
Altitude mínima (m) 11
Extensão do rio principal (km) 7,5
Declividade do rio principal (m/km) 8,0
Densidade de drenagem (km/km2) 0,85
Ordem da Bacia 2 Fonte: Dados da Pesquisa
A densidade da drenagem é de 0,85 km/km2, demonstrando que a sub-bacia
possui baixa capacidade de drenagem e, consequentemente, pouco escoamento
superficial e baixa dissecação associada. Outro aspecto referente a rede de
drenagem, é que a bacia, de acordo com a hierarquização de Strahler (1957),
apresenta grau de ramificação de 2a ordem, indicando pouca eficiência do sistema
de drenagem.
A cobertura vegetal na bacia do rio Santa Maria mostrou-se bastante
heterogênea, constituída principalmente por cultivos de cacau 34,2%, distribuídos,
principalmente, em propriedades medianas a grande (entre 50 ha. e 200 ha.), se
considerado o padrão fundiário regional. As pastagens, em geral, localizam-se
próximo a cabeceira dos rios, em propriedades que variam entre 10 e 50 hectares,
recobrindo uma 27,6% da área total. As florestas ocupam 34% da área, sendo
20,7% de florestas secundárias em estágio médio e avançado de regeneração e
13,35% de florestas primária ou madura (Tabela 17). As florestas nativas em melhor
estágio de conservação estão localizadas, principalmente, em propriedades maiores
com extensão que varia entre 100 e 200ha.
83
Tabela 17 – Distribuição da cobertura vegetal na bacia rio Santa Maria, em 2005
Tipologia Área (ha) Percentual do uso da terra
Floresta nativa – primária 181,2 13,35%
Floresta nativa – secundária 281,0 20,70%
Agricultura perene – cacau 464,0 34,18%
Agricultura perene - coco/seringa/etc. 7,6 0,56%
Pastagens/cultivos cíclicos 374,7 27,60%
Área Urbana 0,6 0,04%
Sem dados 48,5 3,57%
Total 1357,6 100,00% Fonte: Dados da Pesquisa
A altura do rio Santa Maria apresentou, do ponto onde foi instalada a régua
liminimétrica, nível máximo de 135 cm, nível mínimo de 50cm e amplitude de 85 cm.
A média de todo período estudado foi de 64,61 cm, com moda de 60 cm e desvio
padrão de 10,95. Quanto a pluviosidade, os períodos mais chuvosos, durante a
pesquisa, foram os meses de maio e julho, com acumulado de 182 mm e 165
respectivamente, sendo o mês mais seco junho com 70mm. A média mensal ficou
em 130,0 mm/mês (Tabela 18 e Figura 18).
Tabela 18 – Chuva acumulado no período de março a outubro de 2007, da bacia do rio Santa Maria
Mês mar (28 a 31) abr mai jun jul ago set out
Chuva acumulada (mm) 10 153 182 70 165 110 120 110
Fonte: Dados da pesquisa.
84
Comportamento Hídrico do rio Santa MariaPeríodo 28/mar/2007 a 31/out/2007
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1 31 61 91 121 151 181 211dias de monitoramento
Nív
el d
o r
io (
cm)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Ch
uva
no
Per
íod
o (
mm
)
Nível do rio (cm)
Chuva no período (mm)
Figura 18 - Comportamento hídrico do rio Santa Maria, na bacia hidrográfica do rio Santana.
Fonte: Dados da pesquisa.
4.3.2.3 – Sub-bacia hidrográfica do Rio Santaninha
A bacia do rio Santaninha, está localizada na porção Sul da BHRS, cujo
centro corresponde à coordenadas 15o 1’ 36,19” de latitude sul e 39o 11’ 37,64’’ de
longitude oeste. A área da bacia compreende 29,16 km2, com altitude variando entre
10 m e 360 m, com média altimétrica de 145 metros.
A declividade média é de 13,35%, classificada de acordo com a categorização
da Embrapa (1999) como “relevo ondulado”, enquanto a declividade do principal
curso d‘água é de 1,5 m/km. O coeficiente de compacidade da bacia é de Kc= 2,02,
valor afastado da unidade (1,0), indicando que a forma da bacia se aproxima de uma
elipse e, conseqüentemente, não está sujeita a grandes enchentes. Esta variável é
confirmada pelo fator forma, kf= 0,32, valor considerado baixo, indicando que a bacia
85
não possui circularidade, reduzindo a possibilidade de que chuvas intensas ocorram
em toda sua extensão, aumentando o tempo de deflúvio (Quadro 5).
Quadro 5 – Características morfométricas do rio Santaninha
Característica morfométrica Valores
Área de drenagem (km2) 29,16
Perímetro (km) 39
Coeficiente de Compacidade (Kc) 2,02
Fator forma (Kf) 0,32
Declividade máxima (%) 184,63
Declividade média (%) 13,35
Declividade mínima (%) 0
Altitude máxima (m) 360
Altitude média (m) 145
Altitude mínima (m) 10
Extensão do rio principal (km) 9,8
Declividade do rio principal (m/km) 1,5
Densidade de drenagem (km/km2) 0,86
Ordem da Bacia 2 Fonte: Dados da pesquisa.
A densidade da drenagem é de 0,86 km/km2, demonstrando que a sub-bacia
possui baixa capacidade de drenagem e, consequentemente, pouco escoamento
superficial e baixa dissecação associada. Outro aspecto referente a rede de
drenagem, é que a bacia, de acordo com a hierarquização de Strahler (1957),
apresenta grau de ramificação de 2a ordem, indicando pouca eficiência do sistema
de drenagem.
A paisagem da bacia do rio Santaninha é dominada por pastagens e cultivos
cíclicos de pequeno porte (Tabela 19), ocupando uma área de aproximadamente
51% do total da bacia. Nos trabalhos de campo foi possível constatar áreas
86
recobertas com plantios de mandioca direcionadas a produção de farinha. Em geral,
a produção de mandioca é realizada por pequenos agricultores com áreas de
tamanho entre 10 e 50 hectares, no sistema de corte e queima.
As áreas destinadas ao cultivo de cacau recobrem 18,8% da bacia, enquanto
a florestas nativas ocupam 26%, sendo 5,7% de florestas primárias ou maduras e
20,3 de florestas secundárias no estágio médio e avançado de regeneração. Outra
atividade pouco expressiva na bacia do rio Santaninha é a produção de coco e
seringa, ocupando 4,3% da área.
Tabela 19 – Distribuição da cobertura vegetal na bacia do rio Santaninha, 2005
Tipologia Área (ha) Percentual do uso da terra
Floresta nativa – primária 164,9 5,66%
Floresta nativa – secundária 591,2 20,27%
Agricultura perene – cacau 547,8 18,79%
Agricultura perene - coco/seringa/etc. 125,4 4,30%
Pastagens/cultivos cíclicos 1486,7 50,98%
Sem dados 0,0 0,00%
Total 2916,0 100,0% Fonte: Dados da pesquisa.
A altura do rio Santana apresentou, do ponto onde foi instalada a régua
liminimétrica, nível máximo de 165 cm, nível mínimo de 70cm e amplitude de 95 cm.
A média de todo período estudado foi de 94,64 cm, com moda de 95 cm e desvio
padrão de 12,21. Quanto a pluviosidade, os períodos mais chuvosos, durante a
pesquisa, foram os meses de maio e abril, com acumulado de 210 mm e 180 mm
respectivamente, sendo o mês mais seco junho com 75mm. A média mensal ficou
em 125,6 mm/mês (Tabela 20 e Figura 19).
87
Tabela 20 – Chuva acumulado no período de março a outubro de 2007, da bacia do rio Santaninha.
Mês mar (21 a 31) abr mai jun jul ago set out
Chuva acumulada (mm) 20 180 210 75 155 135 105 125
Fonte: Dados da pesquisa.
Comportamento Hídrico do rio SantaninhaPeríodo 21/mar/2007 a 31/out/2007
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 31 61 91 121 151 181 211dias de monitoramento
Nív
el d
o r
io (c
m)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Chuva
no P
erío
do (m
m)
Nível do rio (cm)
Chuva no período (mm)
Figura 19 - Comportamento hídrico do rio Santaninha, na bacia hidrográfica do rio Santana. Fonte: Dados da Pesquisa.
4.4.2.4 Sub-bacia hidrográfica do ribeirão Macuco
A bacia do ribeirão Macuco está localizada na porção sudoeste da BHRS,
cujo centro corresponde à coordenadas 15o 1‘ 29.9’‘ de latitude sul e 39o 21‘ 33.76’’
de longitude oeste. A área da bacia compreende 24,09 km2, com altitude variando
entre 9 m e 480 metros, com média altimétrica de 170 metros.
88
A declividade média é de 14,6%, classificada de acordo com a categorização
da Embrapa (1979) como “relevo ondulado”, enquanto a declividade do principal
curso d‘água é de 5,1 m/km. O coeficiente de compacidade de Kc= 1,84 indicando
pouca circularidade e, fator forma kf= 0,40 demonstrando que a bacia tem forma
alongada e, conseqüentemente, como pouca probabilidade de ocorrer grandes
enchentes (Quadro 6).
Quadro 6 – Características morfométricas do rio Macuco
Característica morfométrica Valores
Área de drenagem (km2) 24,09
Perímetro (km) 32,34
Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,84
Fator forma (Kf) 0,40
Declividade máxima (%) 185,04
Declividade média (%) 14,66
Declividade mínima (%) 0
Altitude máxima (m) 480
Altitude média (m) 170
Altitude mínima (m) 9
Extensão do rio principal (km) 7,5
Declividade do rio principal (m/km) 5,1
Densidade de drenagem (km/km2) 0,46
Ordem da Bacia 2 Fonte: Dados da Pesquisa
A densidade da drenagem é de 0,46 km/km2, demonstrando que a sub-bacia
possui baixa densidade de drenagem pobre e, consequentemente, pouco
escoamento superficial e baixa dissecação associada. Outro aspecto da drenagem,
é que a bacia, de acordo com a hierarquização de Strahler (1957), apresenta grau
de ramificação de 2a ordem, indicando pouca eficiência do sistema de drenagem.
89
A bacia do rio Macuco predomina pastagens, ocupando aproximadamente
67,4% de sua extensão (Tabela 20). A área da sub-bacia difere de todas as outras
da BHRS, pois, está voltada para pecuária leiteira. Este fato se deve provavelmente,
a classe de solo que reveste a bacia, os Chernossolos. Em geral, a criação de gado
é realizada nos sistema de pastoreio rotativo, em propriedades de tamanho
mediano, entre 100 e 200 hectares, se comparados com o padrão regional.
O cultivo de cacau ocupa um pequeno trecho da bacia 6,1%, localizadas nas
encostas e topos dos morros. As florestas nativas recobrem 26,1%, sendo 16,1 de
florestas secundárias no estágio médio e avançado de regeneração e 10,5% de
florestas primárias ou maduras (Tabela 21).
Tabela 21 – Distribuição da cobertura vegetal na bacia do rio Macuco, em 2005
Tipologia Área (ha) Percentual do uso da terra
Floresta nativa – primária 252,1 10,46%
Floresta nativa – secundária 387,1 16,07%
Agricultura perene – cacau 145,9 6,06%
Agricultura perene - coco/seringa/etc. 0,0 0,00%
Pastagens/cultivos cíclicos 1624,3 67,42%
Sem dados 0,0 0,00%
Total 2409,4 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa
A altura do rio Macuco apresentou do ponto onde foi instalada a régua
liminimétrica, nível máximo de 130 cm, nível mínimo de 0 cm e amplitude de 130 cm.
A média de todo período estudado foi de 13,64 cm, com moda de 5 cm e desvio
padrão de 21,45. Quanto a pluviosidade, os períodos mais chuvosos, durante a
pesquisa, foram os meses de abril e maio, com acumulado de 185 mm e 145 mm
90
respectivamente, sendo o mês mais seco agosto com 50mm. A média mensal ficou
em 82 mm/mês (Tabela 22 e Figura 20).
Tabela 22 – Chuva acumulado no período de março a outubro de 2007, da bacia do rio Macuco.
Mês mar (21 a 31) Abr mai jun jul ago set out
Chuva acumulada (mm) 25 185 145 60 45 50 71 75
Fonte: Dados da Pesquisa
Comportamento Hídrico do rio MacucoPeríodo 21/mar/2007 a 31/out/2007
0
20
40
60
80
100
120
140
1 31 61 91 121 151 181 211dias de monitoramento
Nív
el d
o r
io (
cm)
0
10
20
30
40
50
60
Ch
uva
no
Per
íod
o (
mm
)
Nível do rio (cm)
Chuva no período (mm)
Figura 20 - Comportamento hídrico do rio Macuco, na bacia hidrográfica do rio Macuco.
Fonte: Dados da Pesquisa
91
4.4.3 Análise Comparativa do Comportamento Hídrico das Sub-bacias
Estudadas.
De acordo com os dados morfométricos apresentados na Quadro 7, pode-se
afirmar que as sub-bacias do rio Santana apresentam semelhanças morfológicas
importantes, principalmente, no que se refere às características geométricas, do
relevo. Em geral, as sub-bacias possuem forma alongada, e consequentemente com
maior tempo de concentração, aumentando o período de deflúvio e
consequentemente, com baixo risco de ocorrências de enchentes. Essa afirmativa
pode ser comprovada pelos índices morfométricos de forma e compacidade, que
apresentaram valores distantes da unidade.
Quadro 7 – Dados morfométricos da bacia hidrográfica do rio Santana e das suas sub-bacias estudadas
Característica morfométrica BHRS Rib. Baixa Alegre
Rio Santa Maria
Rio Santaninha
Rio Macuco
Área de drenagem (km2) 509,8 7,36 13,57 29,16 24,09
Perímetro (km) 165,51 19,14 27,06 39 32,34
Coeficiente compacidade (Kc) 2,05 1,98 2,06 2,02 1,84
Fator forma (Kf) 0,26 0,29 0,33 0,32 0,40
Declividade máxima (%) 191,35 179,50 187,11 184,63 185,04
Declividade média (%) 6,61 15,14 22,82 13,35 14,66
Declividade mínima (%) 0 0 0 0 0
Altitude máxima (m) 760 160 200 360 480
Altitude média (m) 141 89 119 145 170
Altitude mínima (m) 4 13 11 10 9
Extensão do rio principal (km) 62,4 5,7 7,5 9,8 7,5
Declive do rio principal (m/km) 2,9 10,5 8,0 1,5 5,1
Densidade drenagem (km/km2) 0,8 0,8 0,9 0,9 0,5
Ordem da Bacia 4 1 2 2 2 Fonte: Dados da Pesquisa.
92
Apesar das condições morfométricas de forma indicar baixa possibilidade de
ocorrência de enchentes, a sub-bacia do rio Macuco demonstrou, se comparada às
outras sub-bacias estudadas, possuir ligeira circularidade, além de apresentar
capacidade de drenagem mais pobre de acordo com índice de densidade de
drenagem, tornado-a mais susceptível a possíveis enchentes, em condições de
chuvas adversas ao natural.
O sistema de drenagem é considerado pobre em todos os casos, indicando
que as sub-bacias estudas apresentam deficiência no deflúvio, e consequentemente
com tempo de concentração das águas maior que em bacias com drenagem mais
desenvolvidas. As áreas apresentam, na escala do mapa utilizado (1:100.000),
ramificações de primeira e segunda ordem de acordo com a hierarquização de
Strahler, o que significa pouca ramificação, reafirmando a baixa capacidade de
drenagem. Em um estudo realizado por Cardoso et al. (2006) na bacia hidrográfica
do rio Debossan no estado do Rio de Janeiro, a densidade de drenagem encontrada
foi de 2,35 km/km2, indicando que possui média capacidade de drenagem. Já na
bacia rio Turvo Sujo, em Minas Gerais, Santos (2001) encontrou o valor 4,6 km/km2
para esse mesmo índice, mostrando que aquela bacia apresenta elevada
capacidade de drenagem.
O relevo da BHRS é classificado, segundo Embrapa (1979), como suave-
ondulado, entretanto, as sub-bacias estudadas se enquadram como relevo ondulado
(Quadro 8). A declividade influencia a relação entre a precipitação e o deflúvio da
bacia hidrográfica, sobretudo devido ao aumento da velocidade do escoamento
superficial, reduzindo a possibilidade de infiltração da água no solo (CARDOSO et
al, 2006).
93
Quadro 8 – Classificação da declividade segundo Embrapa (1979)
Declividade (%) Classe do relevo
0 – 3 Relevo plano
3 – 8 Relevo suavemente ondulado
8 – 20 Relevo ondulado
20 – 45 Relevo fortemente ondulado
45 – 75 Relevo montanhoso
> 75 Relevo fortemente montanhoso Fonte: Embrapa, 1979
Em geral, a declividade, se analisadas em condições ambientais de igualdade
(vegetação, solos, pluviosidade), expõe as sub-bacias a um moderado risco de
degradação erosiva. Desse ponto de vista é possível destacar a sub-bacia do rio
Santa Maria que apresentou o maior percentual de declividade média 22,82%,
demonstrando maior fragilidade dentre as outras. Por outro lado a sub-bacia do rio
Santaninha indicou a menor índice, 13,35% de declividade, sendo esta a com menor
risco de degradação, se considerado apenas esta variável. Segundo Tonello et al.
(2006), a declividade acentuada, associada a ausência de cobertura vegetal, a
intensidade das chuvas e a classes de solos menos permeáveis, amplia velocidade
de escoamento, reduzindo a retenção de água no solo, resultando em enchentes
mais pronunciadas, sujeitando a bacia à degradação.
Outro fator relevante se refere à declividade do rio principal, pois este interfere
na velocidade do deflúvio, influenciando no tempo de permanência das águas na
bacia. As sub-bacias do ribeirão Baixa Alegre e o rio Santa Mata Maria
apresentaram maior declividade média em seu cursos, 10,5 m/km no Baixa Alegre e
8 m/km no Santa Maria, indicando o maior escoamento e consequentemente o
menor tempo de deflúvio. As sub-bacias menos eficientes na drenagem através do
94
curso principal foram a do rio Macuco com 5,1 m/km de desnível médio, e do rio
Santaninha com apenas 1,5 m/km.
Em um estudo realizado por Tonello et al. (2006) nas sub-bacias da
Cachoeira das Pombas em Minas Gerais, o curso d´água com maior declividade
média apresentou 9,99 m/km, indicando maior escoamento e menor tempo de
permanência da água na sub-bacia, enquanto a de menor valor de declividade
média foi de 0,22 m/km.
De acordo os resultados do mapeamento do uso da terra nas sub-bacias
estudadas (Tabela 23), a sub-bacia do ribeirão Baixa Alegre apresentou maior
percentual de cobertura florestal, aproximadamente 78,8% do total de sua área. Se
observado apenas esta variável, pode-se inferir que esta sub-bacia apresenta,
dentre as outras, melhor capacidade de interceptação e retenção das precipitações
pela vegetação, diminuindo o volume de água nos cursos, melhorando condições de
infiltração, diminuindo o escoamento superficial e, naturalmente diminuindo o risco
de degradação.
A bacia do rio Santa Maria apresentou distribuição homogênea de usos da
terra, se consideradas as características da paisagem regional – plantios de cacau,
florestas e pastagens - ocupando aproximadamente 1/3 de cada tipologia em toda
sua extensão. Estas características indicam que esta sub-bacia possui um nível de
conservação mediano e a baixo de susceptibilidade a degradação por erosão, se
considerado apenas esta variável.
As bacias que apresentaram maior descaracterização das condições naturais
da vegetação foram a do rio Macuco e Santaninha, recobertas principalmente por
pastagens, 67,4% e 51% respectivamente. As condições encontradas nessas sub-
bacias influencia diretamente na propensão ao maior escoamento superficial das
95
águas, imprimindo maiores riscos de enchentes e carreamento de sedimentos para
o leito dos rios.
Tabela 23 – Distribuição da cobertura vegetal das sub-bacias estudas na bacia hidrográfica do rio Santana, em 2005.
Bacia do rib. Baixa Alegre
Bacia do rio Santa Maria
Bacia do rio Santaninha
Bacia do rio Macuco Tipologia
Área (ha) %
Área (ha) %
Área (ha) %
Área (ha) %
Floresta nativa primária 473,4 64,3 181,2 13,3 164,9 5,7 252,1 10,5 Floresta nativa secundária 107,0 14,5 281,0 20,7 591,2 20,3 387,1 16,1 Agricultura perene cacau 30,0 4,1 464,0 34,2 547,8 18,8 145,9 6,1 Agricultura perene coco/seringa/etc. 0,0 0,0 7,6 0,6 125,4 4,3 0,0 0,0 Pastagens/cultivos cíclicos 107,5 14,6 374,7 27,6 1486,7 51,0 124,3 67,4
Área Urbana 0,0 0,0 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Sem dados 18,3 2,5 48,5 3,6 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 736,2 100,0 1357,6 100,0 2916,0 100,0 2409,4 100,0 Fonte: Dados da Pesquisa
A sub-bacia do rio Macuco, em especial, apresenta condições ambientais
peculiares que influenciam diretamente na propensão ao maior escoamento
superficial das águas. Em geral, a área está destinada a pecuária leiteira, sofrendo
compactação dos solos pelo pisoteio do gado que, somado às condições
pedológicas naturais – solos rasos geralmente com elevado teor de argila, que
influenciam na capacidade de infiltração. Os reflexos da atividade e das condições
naturais puderam ser comprovados no comportamento hídrico da sua calha
principal. O rio Macuco apresentou a maior oscilação no nível de sua lâmina de água
dentre os rios estudados. Em períodos de chuvas intensas foi observado que o rio
96
tende a aumentar consideravelmente seu volume, provocando alagamentos em todo
seu percurso. Nos períodos de estiagens prolongadas, atinge níveis baixos, com
esvaziamento total da calha em pontos mais elevados (Figura 21).
Comportamento hídrico de 04 sub-bacias do rio SantanaPeríodo 28/mar a 31/out de 2007
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 31 61 91 121 151 181 211dias de monitoramento
Nív
el d
o ri
o (c
m)
Rbeirão Baixa Alegre
Rio Sta Maria
Rio Santaninha
Rio Macuco
Figura 21 – Comportamento hídrico em quatro sub-bacias do rio Santana. Fonte: Dados da Pesquisa As sub-bacias do rio Baixa Alegre e o Santa Maria apresentaram, através da
análise da variação do comportamento do nível da lâmina de água, variabilidade
estatística similar. O coeficiente de variação, que é uma maneira representar a
variabilidade dos dados retirando a influência da ordem de grandeza da variável,
apresentou valores de 0,17 para ambas sub-bacias (Tabela 24). Esse valor (<1)
indica uma dispersão inexpressiva em relação à média da altura do nível dos rios.
Esse comportamento pode ser explicado pela maior capacidade infiltração e de
retenção do volume de chuvas, por intermédio do elevado percentual cobertura
97
arbórea existente, associadas às condições de solos e forma da bacia,
compensando o efeito da declividade.
A pesquisa não contemplou a avaliação da capacidade de retenção hídrica
dos cultivos de cacau em sistemas agroflorestais, entretanto, a literatura indica que
quando a cobertura natural é substituída por cultivos perenes, como no caso do
cacau, o escoamento tende a estabelecer um patamar intermediário. Nesse sentido,
denota-se a necessidade de investigação para se estabelecer o padrão de
escoamento para esse tipo de cultivo.
Tabela 24 - Dados estatísticos das quatro sub-bacias do rio Santana
Estatística Baixa Alegre Santa Maria Santaninha Macuco Moda (cm) 30,00 60,00 95,00 5,00 Máxima (cm) 50,00 135,00 165,00 130,00 Média (cm) 32,97 64,61 94,64 13,64 Mínima (cm) 20,00 50,00 70,00 0,00 Amplitude (cm) 30,00 85,00 95,00 130,00 Desvio Padrão (cm) 5,63 10,98 12,23 21,50 Coeficente de variação 0,17 0,17 0,13 1,58
Fonte: Dados da Pesquisa
As bacias cobertas principalmente por pastagens apresentaram as maiores
amplitudes no nível da lâmina de água, 130 cm de amplitude e 21,50 cm de desvio
padrão no rio Macuco e 95 cm de amplitude e 95 cm de desvio padrão no rio
Santaninha. Estatisticamente, a sub-bacia do rio Santaninha apresentou a menor
variação no nível médio, 0,13 de coeficiente de variação, entre todas as sub-bacias
estudadas. Esta característica se deve, provavelmente, à reduzida declividade
média da área, somadas ao baixo desnível médio do curso do rio principal (Quadro
7), conduzindo a um menor escoamento e, consequentemente permitindo maior
98
infiltração das águas nos solos, mantendo a estabilidade no nível do rio. Em
períodos de chuvas intensas, com solos saturados, o escoamento amplia elevando
consideravelmente o nível da lâmina de água.
O rio Macuco apresentou a maior variabilidade no nível médio da lâmina de
água entre os estudados, com coeficiente de variação de 1,5 indicando uma forte
dispersão da média. Este comportamento possivelmente se deve ao baixo
percentual de cobertura florestal, somados às atividades desenvolvidas em seu
interior e ao tipo de solo existente, aumentando os riscos de alagamentos e seca em
períodos de alta ou baixa pluviosidade.
99
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A principal atividade econômica desenvolvida na BHRS está baseada na
produção de cacau, ocupando 30,8% da área.
A pesquisa revelou que menos de 10% das propriedades cumprem a
legislação ambiental referente a averbação da Reserva Legal e conservação das
Áreas de Preservação Permanente – APP. Ainda assim, quase metade dos
agricultores tem intenção em implantar novos cultivos, principalmente, na ampliação
ou implantação de novos cacauais, podendo comprometer os recursos hídricos da
Bacia.
A análise morfométrica aplicada afirmou que a BHRS tem pouca
susceptibilidade a enchentes, por possuir pouca circularidade, baixa declividade
média e pouco desnível em seu curso principal. Estes fatores indicam a pouca
capacidade de escoamento e consequentemente, menor propensão à degradação.
Os resultados obtidos na pesquisa indicam que o comportamento hídrico da
rede de drenagem da bacia hidrográfica do rio Santana está intimamente
relacionado com o uso da terra, associado às especificidades fisiográficas de cada
local.
A comparação entre as sub-bacias estudas denotou diferenças importantes
que influenciam no comportamento hídrico, fato que evidencia a necessidade de
manejos específicos para cada sub-bacia do Santana.
100
A sub-bacia do rio Santa Maria, composta plantios de cacau, associado à
floresta, demonstrou similaridades no comportamento da lâmina de água dos rios,
quando comparadas à bacia do ribeirão Baixa Alegre, que possui a maior cobertura
florestal.
A análise do comportamento hídrico em quatro sub-bacias revelou que, nas
bacias com atividades que exigem o corte raso da vegetação, como no caso da
pecuária e produção de cultivos cíclicos, apresentaram maiores amplitudes no
comportamento do nível da lâmina de água.
101
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A. Zoneamento Ecológico e Econômico da Amazônia: Questões de Escala e Método. In: O Estudo de Bacias Hidrográficas: Uma Estratégia de Educação Ambiental. São Carlos, SP, RiMa, 2002. 22p. ADAMS, P. W.. Closing the gaps in knowledge, policy and action to address water issues in forests. Journal of Hidrology, v.150, 1993. 773-786p. ALVES, J.M.P.; CASTRO, P.T.A. Influência de feições geológicas na morfologia da bacia do rio Tanque (MG) baseada no estudo de parâmetros morfométricos e análise de padrões de lineamentos. Revista Brasileira de Geociências, v. 33, n. 2, 2003.117-127p. ALVIN T., ROSÁRIO, M.. Cacau, Ontem e Hoje. Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacueira. Itabuna. 1972. 83p ARAUJO, M. H., ALGER, K.. Mata Atlântica do Sul da Bahia. Situação Atual, Ações e Perspectivas. série Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Caderno nº 8. Instituto Florestal do Estado de São Paulo. São Paulo. 1998. 20p. ATTANASIO, M. A. et al.. Método para a Identificação da Zona Ripária: Microbacia hidrográfica do Ribeirão São João (Mineiros do Tietê, SP). Scientia Forestalis (IPEF), Scientia, v. 71, p. 131-140, São Paulo, SP. 2006. BARBOSA, J. S. F. e DOMINGUES, J. L. M. Geologia da Bahia: texto explicativo para o mapa geológico ao milionésimo. Salvador, Sec. Ind. Com. Mi/ SGRM, 1996. 440p. BENISCHKE, R. e HARUM, T. Determination of discharge rates in turbulent streams by salt tracer dilution applying a microcomputer system. Comparison with current meter measurements.-. Proceedings of the IAHS und IAH. Congress in Lausanne, Publ. n. 193, Lausanne, Suíça. 1990. 215 – 221p. BRASIL - Ministério das Minas e Energia. Projeto RADAMBRASIL. Folha SD-24 Salvador. Rio de Janeiro, 1981. BRASIL, 1981. Lei Federal n. 6.938/81, de 31 de agosto de 1981. que Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
102
BUR, D.H.. Catchment similarity for regional flood frequency analysis using seasonality measures. Journal of Hydrology. Amsterdam, v.202, 1997. 212-230p. BURCH G J, BATH R K, MOORE I D e O’LOUGHLIN E M. Comparative hydrological behaviour of forested and cleared catchments in southeastern Australia. J. Hydrology 90. 1987,19-42p. CAMPOS, D. O. Unidades ambientais, uso da terra e áreas prioritárias à conservação da Mata Atlântica na bacia hidrográfica do rio Santana, sul da Bahia. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Viscosa - UFV Viçosa. 2003. 90p. CARDOSO, C.A. et al. Caracterização Morfométrica da Bacia Hidrográfica do Rio Debossan, Nova Friburgo, Rj. Sociedade de Investigações Florestais. Revista Árvore, v. 30, n. 2. Viçosa-MG. 2006. 241-248p. CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira. Dinâmica do uso da terra. Rio de Janeiro: IICA/CEPLAC, 1976a. 280p. CEPLAC, Cacau-cabruca - um modelo sustentável de agricultura tropical. http://www.ceplac.gov.br/radar/sistema_agro.htm2006. Acesso agosto 2006. CONGALTON, R. G. A review of assessing the accuracy of classifications of remotely. sensed data. Remote Sensing Environment, v.37, n.1, 1991. 35 – 46p.. COSTA NETO, Pedro Luiz de Oliveira. Estatística. São Paulo: Edgar Blucher, 2000.
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de solos. Súmula da 10ª reunião Técnica de Levantamento de Solos. Micelânea 1, Embrapa-SNLCS. Rio de Janeiro, 1979. 83p. FAO. Food and Agriculture Organization. A Framework for land Evaluation. Roma, Food and Agriculture Organization for the United Nations, 1976, 72p. FILHO, A. F. e LIMA, E. F..Considerações morfométricas da bacia do Rio Uberabinha – Minas Gerais. Sociedade e Natureza, Uberlândia, v.1, n 19. jun. 2007. 65-80p. FORNASARI FILHO, Nilton ; BITAR, O. Y.. O meio físico em estudos de impacto ambiental-EIAs. In: Bitar, O.Y.. (Org.). Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. 1 ed. São Paulo: ABGE, 1995, v. 1, p. 151-179. GRAZIANO NETO, F. Questão agrária e ecologia. Crítica da Moderna Agricultura. Editora Brasiliense. 3 edição. 1986.155p. IBGE – Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de uso da terra. Manuais. Técnicos em Geociência. Volume 7. Rio de Janeiro, 1999. 58 p.
103
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. Manuais Técnicos em Geociências, 1. Rio de janeiro, 1992. 92p. IESB – Instituto de Estudos Sócio-ambientais do Sul da Bahia. Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. In. PRADO, P. I. et al. (orgs). Publicação em CD-ROM. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP. Ilhéus-Ba. 2003. LANNA, A. E. L., Gerenciamento de Bacias Hidrográfica: aspectos conceituais e metodológicos. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1995, 171p. LEITE, J. O. Desaparecimento de Cacauais em Adjacências de Itabuna. Boletim Técnico no. 29. CEPEC. Itabuna-BA.1975. LIMA, W. P.. Efeitos hidrológicos do manejo de florestas plantadas. In: W.P.Lima ; M.J.B. Zakia. (Org.). As Florestas Plantadas e a Água: Implementando o conceito da microbacia hidrográfica como unidade de planejamento. 01 ed. São Carlos - SP: Rima Editora, 2006, v. 01, 9-28.p. LIMA, W. P.. Soil And Water Protection. In: IUFRO Conference on Indicators for Sustainable forest Management. v. 1. Melbourne – Austrália, 1998. 56-57p. LOBÃO, J.S.B.; ROCHA, W.J.S.F. e SILVA, A. B.. Aplicação dos índices KAPPA & PABAK na validação da classificação automática de imagem de satélite em Feira de Santana-BA. Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Goiânia, Brasil, 16-21 abril 2005, INPE, 1207-1214 p. MERTEN, G.H.; CAVIGLIONE, J.H; GIACOMINI, D.C.; RUFINO, R.L.; MEDEIROS, G.; SAINTRAINT,; RIBAS, G.C.; DERECEK, R., El Uso de SIG e Del Modelo USLE para Determinar Mapas de Erosão Potencial e Atual em Lãs Microcuencas Pilotos de Água Grande y Córrego do Pensamento. FAO/EMBRAPA. Santiago. 1995. 43p. MMA/SBF – Ministério do Meio Ambiente, et al. Avaliação e Ações Prioritárias para Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília. 2000. MUNHOZ, D. G. Economia aplicada – Técnicas de pesquisa e análise econômica. Brasília: Universidade de Brasília. 1989. NACIF , P.G. S.. Ambientes Naturais da Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira, com ênfase nos domínios pedológicos. Viçosa: UFV, 2000. 118p. Tese de Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas. Universidade Federal de Viçosa. 2000. PAES DE BARROS, R., MENDONÇA R. S. P. Investimentos em Educação e Desenvolvimento Econômico. Texto para discussão nº 525. Rio de Janeiro: IPEA. 1997. 14p. PIRES, J. S. R.; SANTOS, J. E. & DEL PRETTE, M. E.. A Utilização do Conceito de Bacia Hidrográfica para a Conservação dos Recursos Naturais. In:
104
SCHIAVETTI, A. & CAMARGO, A. F. M. (ed.) Conceitos de Bacias Hidrográficas: teorias e aplicações. Ilhéus: Editus, 2002. RANGEL, J.F.. Ceplac/Cacau. Ano 25. Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura - IICA. Série Brasil II. Unidade de Informação e Documentação. Brasília. 1982. 142p. RATTNER, H. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 6, n. 1/2, p. 30-33, jan./jun. 1992. SALATI, E.. Diagnóstico Ambiental Sintético de Qualidade da Água com Subsídio para o Planejamento Regional Integrado da Bacia Hidrográfica do Rio Corumbaí. Tese Doutorado. Universidade de São Paulo (EESC/USP). São Paulo. 1996. SANTOS, A.R. Caracterização morfológica, hidrológica e ambiental da bacia hidrográfica do rio Turvo Sujo, Viçosa, MG. Tese de Doutorado em Recursos Hídricos, Universidade Federal de Viçosa - UFV, Viçosa-MG, 2001. 141p. SILVA, S.F.. Avaliação das Alterações Ambientais na Sub-bacia Hidrográfica do Ribeirão do Piçarrão. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. 2000, 138p. SILVA, V. A.. Alterações no Uso da Terra e sua Influência na Perda de Solo da Bacia Hidrográfica do Rio Colônia, no Litoral Sul da Bahia. Dissertação de Mestrado. Prodema - UESC. Ilhéus-BA, 2006. 76p. STRAHLER, A. N.. Hypsometric (area-altitude) analysis and erosional topography. Geological Society of America Bulletin, v. 63,. 1952. 1117-1142 p. TONELLO, K. C. et al. Morfometria da bacia hidrográfica da cachoeira das Pombas, Guanhães – MG. Sociedade de Investigações Florestais. Revista Árvore, v. 30, n. 5. Viçosa-MG. 2006. 849-857p. TUCCI, C.E.M.. Impactos da Variabilidade Climática e Uso do Solo Sobre os Recursos Hídricos. ANA - Agência Nacional de Águas, Câmara Temática sobre Recursos Hídricos do Fórum Brasileiro de mudanças Climáricas. 2002. 150p. TUCCI, C. E. M. ; HESPANHOL, I. ; CORDEIRO NETTO, O. M. . Gestão da Água no Brasil. Brasilia: UNESCO, 2001. 156 p. TURNER, B. L. e MEYER, B. L.. Global land use and land cover change: An overview. In: MEYER, W. B.; TURNER, B. L. II. (Ed.). Changes in land use and land cover: aglobal perspective. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1994. p.3-10. VICENS, R.S. et al. Mapeamento da Cobertura Vegetal do Bioma Mata Atlântica – uma contribuição metodológica. no Prelo. 17p.
105
VILLELA, S. M.; MATTOS, A.. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975. 245p. WALLING, D. E. e GREGORY. Dranige basin form and process: a geomorfological approach. London. Eduard Arnold. 1973. 456p. WORLD COMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our Common Future. Oxford University Press,1987.