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Basquete Nas Escolas

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Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20, n.1, p.37-49, jan./mar. 2006 • 37

A representação do ensino

Introdução

A representação do ensino do basquetebol em contexto escolar:

estudos de casos na formação inicial em educação física

CDD. 20.ed. 796.01

796.32Valmor RAMOS*

Amândio Braga dos Santos GRAÇA**

Juarez Vieira do NASCIMENTO***

*Centro de Educação

Física, Fisioterapia e

Desportos, Universida-

de do Estado de Santa

Catarina;

**Faculdade de Des-

porto, Universidade do

Porto - Portugal;

*Centro de Desportos,

Universidade Federal

de Santa Catarina.Resumo

O objetivo desta pesquisa foi descrever as atividades de ensino do basquetebol em contexto escolar de

estudantes universitários de Educação Física em situação de estágio supervisionado. Os procedimentos

metodológicos adotados caracterizaram esta pesquisa como sendo descritiva e interpretativa de estudos

de casos múltiplos. Os dados foram obtidos a partir de observações sistemáticas, entrevistas formais

semi-estruturadas e planejamentos escritos de três estudantes da 6a. fase do curso de licenciatura. Os

resultados mostram que dois estagiários utilizaram-se da metodologia analítica e destinaram mais tempo

de suas aulas ao ensino dos fundamentos técnicos da modalidade desportiva em questão. Quanto às

condições das tarefas de aprendizagem, estes estagiários empregaram principalmente exercícios para o

desenvolvimento de fundamentos individuais de ataque e exercícios de combinação destes fundamentos

individuais. As progressões de exercícios foram realizadas, em sua maioria, sem oposição do adversário.

O terceiro estagiário utilizou-se da metodologia de ensino para a compreensão do jogo, destinando a

maior parte de suas aulas aos conteúdos da tática individual e de grupo. Apesar das semelhanças verificadas

entre os estagiários investigados, quanto aos conteúdos e às metodologias empregadas na iniciação do

basquetebol, identificou-se propósitos pessoais distintos para o ensino, diretamente relacionados à

experiência pessoal de prática desportiva.

UNITERMOS: Educação física; Ensino; Conhecimento pedagógico do conteúdo; Basquetebol.

A iniciação desportiva de crianças e jovens temsido um importante campo de investigações nasCiências do Desporto. A preocupação com aprodução de conhecimentos, especialmente aquelesque possam fornecer subsídios teóricos para umamelhor intervenção profissional nesta área, temjustificado a realização de estudos no qual os problemasabordados estão relacionados à forma como deveocorrer a iniciação aos desportos, e sua origem está naprática cotidiana do processo de ensino-aprendizagemimplementado na realidade escolar (GRECO, 2002).

GRAÇA e MESQUITA (2002) realizaram umarevisão bibliográfica da evolução histórica dasinvestigações sobre o ensino dos jogos desportivos.Os autores constataram que a forma tradicional deabordagem do ensino dos jogos, centrada na

aprendizagem das habilidades básicas do jogo, foi otema central de uma série de estudos realizados, emsua maioria, em contextos das aulas de Educação Física.

De modo geral, GRAÇA e MESQUITA (2002) refe-rem-se à evolução das investigações sobre estatemática indicando que numa primeira fase a preo-cupação dos investigadores prendeu-se à escolha domelhor método, ao mesmo tempo em que se con-fundia com a investigação na área da aprendizagemmotora. A observação e contagem do tempo deempenhamento motor marcaram a fase seguinte,preocupada essencialmente com as competênciasgenéricas de ensino. Mais recentemente, a investi-gação passou a dar mais atenção ao conteúdo da ta-refa, à sua estruturação pelo professor e às condiçõesde prática. Alguns estudos procuraram alargar o

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teste de hipóteses das condições laboratoriais daaprendizagem motora a condições mais ecológicas,isto é mais próximas das situações reais de ensino.Destacam-se neste âmbito os estudos do efeito donível de interferência contextual, ou seja, a práticade habilidades em condições variáveis. Os estudosatuais tendem a dar maior relevância aos aspectoscognitivos, à tomada de decisão, à dimensão tática,aspectos anteriormente negligenciados quer no en-sino, quer na investigação. Entende-se agora que aestrutura do jogo deve servir de base para aestruturação das tarefas de ensino.

As abordagens atuais a respeito do ensino nosjogos apresentam relação direta não só com a evo-lução nos estudos específicos nesta área, mas assen-ta também nas alterações de concepções epensamentos em todos os campos do conhecimen-to. De fato, durante um longo período, a aborda-gem que preponderava estava baseada nopensamento mecanicista, onde os procedimentosanalíticos eram os mais apropriados para a com-preensão dos fenômenos humanos e sociais.

A fragmentação de um fenômeno em partes paradepois reconstruí-lo a partir da reunião destas par-tes mostrou-se insuficiente às explicações teóricas epráticas exigidas no mundo moderno. Esta insufi-ciência gerou uma tendência em se tratar o com-portamento humano como uma totalidade ousistema, operando uma transformação nas estraté-gias básicas de pensamento (BERTALANFFY, 1977).

Esta evolução de pensamento também pode servisualizada nas alterações ocorridas nas abordagensde ensino dos jogos esportivos coletivos. Num pri-meiro momento a ênfase era a utilização de méto-dos analíticos de ensino inspirados “[...]no dualismocartesiano e nos conceitos associacionistas, muitodivulgados na Educação Física nos anos sessenta”.A esta abordagem, designada de método parcial,veio opor-se uma outra, o método global, cuja con-cepção de totalidade era representada pela inspira-ção na teoria Gestalt (GRECO, 2001, p.52).

Estes métodos foram difundidos e utilizados nasaulas de Educação Física, principalmente duranteos anos de 1970 e 1980. No campo da investiga-ção, as pesquisas sobre o tema buscavam a defini-ção entre o melhor método, conforme classificaçãoadotada por GRAÇA e MESQUITA (2002).

As abordagens mais atuais têm definido o ensinocomo uma tarefa complexa, que requer do professoro domínio de um conjunto de conhecimentos oucompetências, que utilizados de forma integradaconduzem ao êxito no ensino. Na formação inicial,

a aquisição de algumas destas competências,especificamente o conhecimento do conteúdo, oconhecimento de estratégias e conhecimentos dosalunos, são elementos que contribuem para aestruturação da competência pessoal para o ensino.

Contudo, o reconhecimento das inúmerastransformações ocorridas na Educação Física,proveniente do avanço científico nas últimas décadas,tem sido insuficiente para uma alteração significativana atuação do professor em aula. Apesar das variadaspreocupações de cunho pedagógico e social narealização do ensino dos esportes em contexto escolar,o esquema de aula do Método desportivo trazido aoBrasil por Auguste Listello (MARTINEZ, 2002), passoua ser utilizado de forma generalizada, tanto nas aulasde Educação Física Escolar quanto nas sessões detreinamento desportivo, homogeneizando osprocedimentos de intervenção do profissional deEducação Física. A estrutura mais usual de aulaapresenta uma preparação inicial, uma segunda partedestinada à aprendizagem e aperfeiçoamento da técnicade jogo, e na terceira etapa realiza-se o jogopropriamente dito, o qual serve de contexto para oaluno aplicar os comportamentos aprendidos.

Por sua vez, a literatura mais atual provenientedesse desenvolvimento científico acentuado, temcolocado à disposição um conjunto de obras sobreo ensino dos desportos coletivos. As obras O Ensi-no dos Jogos Desportivos Coletivos de BAYER (1994)e O Ensino dos Jogos Desportivos de GRAÇA e MES-QUITA (1995) constituem referência básica destenovo período (DAOLIO, 2002).

Além disso, outras correntes metodológicas têmsurgido, a exemplo do Teaching Games forUnderstanding (TGFU) ou ensino para acompreensão do jogo, proveniente dos estudos deBUNKER e THORPE (1982) e ainda os modelos deGRIFFIN, MITCHEL e OSLIN (1997). No Brasil,particularmente as publicações de GRECO (2001,2002) tem sido referência obrigatória parafundamentar trabalhos de investigação e formulaçãode programas para o ensino dos esportes coletivos.

Na proposta de BUNKER e THORPE (1982), porexemplo, as preocupações dos idealizadores têm sevoltado principalmente para o processo de aprendiza-gem dos jovens, relativamente à motivação para a prá-tica; a incapacidade demonstrada pelas crianças emcompreender o jogo; e a dificuldade de utilização datécnica em situações circunstanciais do contexto dojogo (BUNKER & THORPE, 1982; HOPPER, 2002).

A resposta do TGFU a estes problemas, portan-to, foi trazer para o primeiro plano dos debates a

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importância e o lugar da técnica e da tática na apren-dizagem dos jogos desportivos. De fato, houve ainversão do ensino tradicional dos jogos centradona técnica para o ensino com ênfase na compreen-são e conhecimento da tática de jogo (GRÉHAIGNE,GODBOUT & BOUTHIER, 1999; HOPPER, 2002; KIRK

& MACPHAIL, 2002).De certo modo, todo este processo de mudança

de concepções metodológicas não constitui exclu-sividade da área do ensino dos jogos. Igualmente,acompanha a tendência de transformação nas es-tratégias básicas de pensamento, já apontada porBERTALANFFY (1977), de se adotar o pensamentosistêmico ou sistemas complexos na compreensãodos fenômenos sociais e humanos.

O recurso à abordagem sistêmica nos jogosdesportivos justifica-se, conforme GARGANTA e OLI-VEIRA (1996, p.70), “porque contribui para a emer-gência de novas representações da realidade e oferecevias de investigação e reflexões alternativas”.

Os desportos coletivos podem ser consideradossistemas sociais complexos de performance, carac-terizados a partir de um grupo de elementos (joga-dores), ligados por interações internas entre si(equipe) e interações externas entre o grupo e o meioexterno, todos atuando sobre a finalidade do siste-ma (obtenção do ponto ou gol) (BOTA & COLIBABA-EVULET, 2001; GARGANTA & OLIVEIRA, 1996).

As interações que se estabelecem tanto entrecompanheiros de uma mesma equipe quanto destescom os outros elementos do ambiente (adversários,espaço, bola, alvo,...), geram um conjunto decomunicações simultâneas, entre jogadores damesma equipe e entre jogadores da equipeadversária, conferindo aos jogos desportivos umacaracterística de aleatoriedade e imprevisibilidadeconstantes, ampliando o papel da estratégia e da

tática no domínio dos desportos coletivos(GARGANTA & OLIVEIRA 1996; TAVARES & FARIA,1996).

Nesta perspectiva, ao ensinar o gesto desportivo,o professor necessita promover um ambiente deaprendizagem que permita aos alunos compreen-der o significado das suas ações e assim fomentar odesenvolvimento da capacidade tática do jogador.

Na formação inicial, as investigações tem apon-tado para alguns problemas na implementação doensino dos jogos desportivos na Educação Física.Os resultados indicam que as habilidades de jogotêm sido apresentadas fora do contexto de jogo e asestratégias de jogo têm sido negligenciadas pelosestudantes universitários, tanto nas suas experiên-cias de ensino quanto nas situações de estágio su-pervisionado (ROVEGNO, 1992, 1994, 1995).

Em face destas novas perspectivas conceituais emetodológicas de ensino dos esportes, esta investiga-ção concentrou-se na estrutura do conhecimento pe-dagógico do conteúdo de estudantes estagiários duranteo ensino do basquetebol, buscando responder os se-guintes questionamentos: Quais os propósitos de es-tagiários de Educação Física para o ensino dobasquetebol no contexto escolar? Como sãoestruturadas as atividades de ensino do basquetebol?Quais conteúdos específicos do basquetebol são privi-legiados nas aulas? Quais abordagens metodológicassão utilizadas para implementar as propostas de ensi-no da Educação Física destes estagiários?

Assim, o objetivo desta pesquisa foi descrever asatividades de ensino do basquetebol em contextoescolar de estudantes universitários de EducaçãoFísica em situação de estágio supervisionado, pro-curando identificar os propósitos para o ensino, osconteúdos selecionados e as metodologias utiliza-das na iniciação desta modalidade desportiva.

Procedimentos metodológicos

Para investigar com profundidade a estrutura doconhecimento pedagógico do conteúdo de estudan-tes estagiários durante o ensino dos jogos desportivoscoletivos, especificamente o basquetebol, optou-se pelarealização de estudos de casos múltiplos (YIN, 2001).Além disso, a investigação caracterizou-se como umapesquisa do tipo descritiva, de caráter interpretativo(THOMAS & NELSON, 1990).

A estratégia de investigação do tipo estudo decaso tem sido considerada a mais adequada para a

compreensão de fenômenos individuas e sociaiscomplexos (YIN, 2001). Neste estudo em particu-lar, estes fenômenos estão caracterizados como oconhecimento pessoal de professores durante o pro-cesso de formação inicial, em situações de práticade ensino dos jogos coletivos.

Participaram do estudo três estudantes do cursode Licenciatura em Educação Física de uma Uni-versidade pública de Santa Catarina, que realiza-vam suas atividades de estágio obrigatório em uma

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escola pública situada na cidade de Florianópolis.Dentre os sujeitos, um era do sexo feminino e doisdo sexo masculino, todos matriculados e freqüen-tando regularmente a disciplina de Prática de Ensi-no do referido curso.

A seleção dos sujeitos foi realizada a partir de doiscritérios. Primeiro, o acesso dos pesquisadores aossujeitos do estudo. Todos os universitáriosdesenvolviam suas atividades de estágio sob asupervisão de um professor, neste caso em particular,um dos pesquisadores. Este fator contribuiu para aobtenção das informações, devido à relação defamiliaridade e do sentimento de confiança dosenvolvidos no estudo. Além disso, verificou-se adisponibilidade e o interesse dos universitários emparticipar desta investigação, com o intuito decontribuir para a melhoria do processo de formaçãoprofissional.

O segundo critério adotado para a seleção dossujeitos foi o conteúdo de ensino comum a todosos participantes do estudo. A partir do contato pré-vio, identificou-se o período no qual seria ensina-do o basquetebol em suas aulas. A propostacurricular do ensino médio desta escola contem-plava as modalidades desportivas futebol, voleibol,handebol e basquetebol. Para cada modalidade eradestinado um período específico de dois ou trêsmeses de prática, permitindo aos alunos a práticadestas quatro modalidades durante o ano.

Nestas circunstâncias, as gravações das aulas ocor-reram durante o período no qual todos os estagiá-rios iniciaram o ensino do basquetebol. Antes desteperíodo, por exemplo, os universitários haviam en-sinado outro desporto coletivo, por três meses, parasuas respectivas turmas em cumprimento a propostacurricular da escola.

Este procedimento foi adotado para auxiliar ospesquisadores na confrontação dos casos da pes-quisa durante a discussão dos resultados, possibili-tando a identificação de semelhanças e/ou diferençasem virtude da suposta estabilidade de alguns fato-res contextuais.

Os instrumentos utilizados na coleta dasinformações foram a entrevista semi-estruturada ea observação sistemática de aulas. Um roteiro de14 perguntas foi aplicado nas entrevistas paraidentificar dados biográficos dos sujeitos, origemdo conhecimento para o ensino, concepções deensino e o conhecimento sobre o aluno. Para realizaras observações foi necessária a utilização de umacâmera de vídeo digital e um sistema de captura desom acoplado a câmera, com microfone sem fio de

“lapela” preso ao estagiário. As imagens e sonscaptados das aulas foram armazenados emmicrocomputador, com auxílio de um programade edição de imagens. As intervenções verbais e asentrevistas foram gravadas, transcritas earmazenadas em microcomputador com auxílio deprograma para edição de texto. Documentoselaborados pelos estagiários referentes aoplanejamento de ensino foram utilizados comofonte complementar de informações.

Os procedimentos de recolha dos dados ocorreramem ambiente natural das aulas de estágio curricular.Antes do início de cada aula, mantendo a rotina dasatividades de estágio, cada universitário entregava oplanejamento das atividades previstas.

As imagens das aulas foram obtidas com a câmeranuma posição o mais distante possível dos sujeitos,na tentativa de evitar interferências no ambientenatural que pudessem alterar as ações e decisões dosestagiários e alunos envolvidos na pesquisa. Acâmera manteve-se fixa, focalizando três quartos doespaço total do ambiente de aula. O foco principalda aula refere-se especificamente aos momentos deinteração entre estagiário e alunos e também à rea-lização das tarefas de aprendizagem pelos alunos.Em alguns momentos a câmera foi movimentadapara manter o universitário sempre dentro dos li-mites de focalização das imagens.

Ao final do período de gravação das aulas foirealizada a entrevista formal com cada participantedo estudo, em local previamente agendado e comacesso restrito apenas ao pesquisador e participan-tes do estudo. Foram gravadas duas aulas de cadaparticipante do estudo, em seqüência, as quais com-preendiam o número de aulas previstas no progra-ma curricular da escola durante uma semana,totalizando seis aulas.

Os participantes do estudo foram informados arespeito dos objetivos da investigação e assinaramo termo de consentimento livre e esclarecido, auto-rizando a gravação e divulgação dos resultados.Posteriormente, os dados das entrevistas e das ob-servações realizadas foram encaminhados aos par-ticipantes do estudo para confirmarem asinformações coletadas.

Durante a recolha dos dados, houve a preocupa-ção em não emitir qualquer comentário ou avalia-ção sobre o desempenho dos estagiários nasatividades de ensino (planejamento, docência e en-trevista concedida), que pudesse alterar o nível deespontaneidade das manifestações pessoais de ensi-no dos estagiários sobre o tema. Ainda, as aulas

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foram filmadas em dias e horários diferentes demodo que os participantes do estudo não assisti-ram às aulas dos colegas envolvidos no estudo.

Para testar os equipamentos e os procedimentosempregados em ambiente natural, realizou-se umestudo preliminar com um estudante estagiário emcondições semelhantes aos sujeitos do estudo, ondeforam gravadas três aulas, utilizando-se os mesmosprocedimentos do estudo principal.

Na análise dos dados utilizou-se a estratégia datriangulação de três principais fontes de informação.Enquanto que a observação sistemática das aulasconstituiu a principal fonte para identificar osconteúdos de ensino e a estrutura de aula dosestagiários, os dados das entrevistas foram empregadosprioritariamente para identificar os propósitos deensino e as fontes de conhecimento. O planejamento

escrito das aulas complementou as informações. Todosos dados das três fontes foram constantementeconfrontados e interpretados com o propósito deidentificar pontos comuns ou divergentes, quepudessem caracterizar os conhecimentos utilizadospelos universitários para planejar e implementar oensino do basquetebol em suas aulas. As informaçõesforam agrupadas com base em quatro categoriaspreviamente estabelecidas do conhecimentopedagógico do conteúdo: propósitos do ensino,estrutura de aulas, conteúdos e metodologias utilizadas.

Além da triangulação foram empregados os pro-cedimentos de checagem pelos participantes equestionamento pelos pares (ALVES, 2002; ALVES-MAZZONTTI & GEWANDSZNAJDER, 2004; MOLINA

NETO & TRIVINOS, 1999; YIN, 2001) para assegu-rar a validade descritiva e interpretativa dos dados.

Apresentação dos resultados

Na apresentação dos resultados, houve a preo-cupação em descrever individualmente cada estu-do de caso, onde se atribuiu nomes fictícios (Sílvia,Ricardo, Pedro) a cada estagiário a fim de preservarsuas identidades. Posteriormente, os dados foramconfrontados entre si, conforme procedimentos su-geridos por YIN (2001).

A descrição de cada caso segue uma sequênciacomum de análise, baseada nas condições das tare-fas, correpondente à forma como os estagiáriostransformam o conteúdo técnico e tático do bas-quetebol para apresentar aos alunos; e as concepçõese metodologias de ensino em que tem destaque a ado-ção ou aproximação do ensino dos estagiários àmodelos teóricos de referência.

Na análise das condições das tarefas, os dadosforam organizados com base no modelo de RINK

(1985), a respeito da progressão da complexidadede tarefas de ensino para os jogos de invasão. Astarefas caracterizam-se por quatro níveis de com-plexidade:

1. Fundamento individual: Exercitação das ha-bilidades técnicas isoladas sem oposição;

2. Combinação de fundamentos: Exercitação deduas ou mais habilidades sem oposição;

3.Complexo de jogo: Situações de jogo de ata-que e defesa com oposição simplificada;

4. Jogo: Exercitações em situação de jogo.Neste estudo em particular, acrescentou-se mais

duas condições de exercitação dos conteúdos dosbasquetebol pelos treinadores: Jogo modificado, ca-racterizando as tarefas nas quais os alunos exercita-vam o jogo formal de basquetebol com adaptaçõesàs circunstânciais da aula, geralmente com altera-ções nas regras; e Jogo recreativo, que apresenta-vam características de estrutura formal semelhanteao basquetebol (meta, bola, duas equipes, campode jogo, regras definidas) e apelo à tomada de deci-são e ao pensamento tático.

O conteúdo das aulas

Na TABELA 1 são apresentados os dados refe-rentes às tarefas implementadas pelos estagiários du-rante suas aulas para ensinar especificamente oconteúdo do basquetebol.

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TABELA 1 - Freqüência percentual da duração das tarefas de ensino do basquetebol.

Condições das tarefasPercentual de tempo

Silvia Ricardo Pedro

1 Fundamento individual 12,4% 35,3% -

2 Combinação de fundamentos 29,8% 27,3% -

3 Complexo do jogo - - -

4 Jogo modificado 13,3% - 62,5%

5 Jogo recreativo - - 37,5%

6 Jogo formal 44,5% 37,3% -

Total 100% 100% 100%

O conteúdo na aula de Silvia

A ausência de Complexo de Jogo na aula de Síl-via evidencia que há duas condições distintas noexercício das tarefas de ensino nas suas aulas. O pri-meiro momento está relacionado ao exercício dosfundamentos individuais e da combinação destesfundamentos. O segundo momento é a prática dejogo, seja ela da forma modificada ou formal.

Entre as tarefas apresentadas por Sílvia, foramenfatizadas aprendizagens de fundamentos de ata-que, como drible, arremessos e passes, executadossem deslocamento e em deslocamento simples, sem-pre sem oposição do adversário.

No seu planejamento Sílvia apresentou outrosobjetivos de cunho social e cognitivo, além daquelesvoltados à tecnica de jogo do basquetebol. Porém, emsuas tarefas de aprendizagem foi enfatizado o ensinodos gestos técnicos isolados do contexto de jogo.

A partir de pesquisas realizadas com estudantesuniversitários no ensino de jogos coletivos,ROVEGNO (1992, 1994, 1995) percebeu que umadas características destes futuros professores era deensinar habilidades fora do contexto de jogo, e nãoensinar estratégia de jogo.

As críticas a respeito do ensino das habilidadestécnicas fora de um contexto útil têm incidido sobrea possibilidade dos jovens perderem o interesse pelaaprendizagem do jogo, sentirem dificuldades naaplicação do conhecimento técnico durante o jogo,assim como na sua compreensão e suafuncionalidade (KIRK & MACPHAIL, 2002).

Embora o jogo modificado utilizado por Sílvia seaproximasse das características do jogo propriamentedito, com sua característica complexa e seus compo-nentes técnicos e táticos, as modificações realizadasbuscavam complementar a aprendizagem do gestotécnico trabalhado no segmento anterior da aula. A

utilização do jogo modificado com este propósito es-tava descrita e destacada em seu planejamento.

Por outro lado, em algumas intervenções reali-zadas durante jogo formal, Sílvia demonstrou pre-ocupação com aspectos do pensamento tático,especificamente aqueles relacionados à tomada dedecisão do jogador com a posse da bola, diferente-mente das intervenções durante as outras tarefas deaprendizagem implementadas.

Um questionamento que se realiza a respeito éque, se por um lado Sílvia preocupava-se em ensi-nar aspectos do pensamento tático aos jovens du-rante o jogo formal, emitindo alguns “feedbacks”de tática individual aos alunos, por que não pro-porcionou este conteúdo nas tarefas de aprendiza-gem e no seu planejamento?

Os “feedbacks” durante o jogo formal eram emiti-dos de forma espontânea e imediata, a medida queocorriam no jogo, o que demonstra os conhecimen-tos de Silvia sobre estes conteúdos do basquetebol.

De fato, a partir do conhecimento pedagógicoque possui, Sílvia parece encontrar algumas difi-culdades ao elaborar tarefas que alcancem seus pro-pósitos. Assim, prioriza os aspectos técnicos combase nos conhecimentos obtidos na disciplina debasquetebol do curso de Educação Física e nos li-vros sobre esta modalidade esportiva, como elamesma comentou ao ser indagada sobre as fontesde conhecimento de suas tarefas de aprendizagem.

O conteúdo na aula de Ricardo

Mantendo a mesma perspectiva de análise utilizadanos dados do primeiro estagiário (Sílvia), pode-seperceber que também no processo de ensino de Ricardonota-se uma ausência de tarefas de aprendizagem queproporcionem aos alunos a prática do gesto técnicoem contexto. Os conteúdos referentes a tática do

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basquetebol, seja de caráter individual ou coletivonão são privilegiados nas aulas de Ricardo.

O passe e suas variações, o drible, bem como o ar-remesso, a bandeja e o “jump” parado e com desloca-mento simples sem oposição compreenderam osconteúdos de aula. Tais conteúdos constituem os fun-damentos da técnica de ataque do basquetebol.

Nas intervenções realizadas durante as tarefas deaprendizagem, Ricardo mostrava claramente apreocupação com a execução correta dosmovimentos e o detalhamento destas execuções.Suas avaliações e correções se voltaram quase quetotalmente à eficiência do movimento, como sepercebeu nas suas intervenções em aula.

Nas intervenções que realizou durante o jogoformal, Ricardo também privilegiava a eficiênciatécnica do movimento. Ainda que tivesse mostra-do algumas vezes preocupação com a distribuiçãodos alunos no espaço de jogo, mostrando algumconhecimento sobre fatores de qualidade de jogoligado à organização coletiva da equipe, a quanti-dade de intervenções sobre a qualidade do gestodesportivo foi bastante superior.

A ênfase de Ricardo na aprendizagem dos gestostécnicos esteve presente nos objetivos do planeja-mento de suas aulas, também nas tarefas de apren-dizagem, nas intervenções que realizava duranteestas tarefas e nas intervenções durante os jogos.De um lado, isto reflete uma qualidade didáticaimportante no ensino de Ricardo, na medida queele conseguia planejar e representar nas aulas osconteúdos que sabia sobre o basquetebol. Por ou-tro lado, ao direcionar suas aulas ao ensino dos fun-damentos técnicos de forma pouco contextualizada,Ricardo revelou algumas dificuldades sobre o co-nhecimento da matéria.

Em sua entrevista, o estagiário revelou sua difi-culdade quanto ao conhecimento do conteúdo dobasquetebol, principalmente aqueles relacionadosaos aspectos táticos.

Estudos realizados por ROVEGNO (1992, 1994,1995) com estudantes universitários evidenciaramresultados semelhantes. Ou seja, o problema doensino dos jogos coletivos não estão somente liga-dos a opções metodológicas inadequadas mas a fal-ta de conhecimento mais aprofundado peloprofessor a respeito da matéria que ensina.

As implicações da falta de conhecimento damatéria foram destacadas por SCHEMPP, MANROSS,TAN e FINCHER (1998), a partir de estudos com pro-fessores em início de carreira. Para os autores, o co-nhecimento da matéria está relacionado diretamente

às atividades de planejamento, ao desenvolvimentode estratégias adequadas de ensino, e também aoreconhecimento apurado de problemas de apren-dizagem do aluno.

O conteúdo na aula de Pedro

Os conteúdos privilegiados nas aulas de Pedroforam, em grande maioria, sobre conhecimentotático de jogo e sobre as regras dos jogos. No seuplanejamento deixou claro os seus objetivos de “Favo-recer a compreensão da estrutura funcional do des-porto; desenvolver estratégias a partir dos jogos;desenvolver a cooperação entre as alunas; possibilitaràs alunas a aquisição de conhecimento tático” .

Com o propósito de esclarecer a funcionalidadedo jogo de basquetebol às alunas, as intervençõesde Pedro apontavam o objetivo do jogo (fazer ces-ta) como o elemento norteador de todas as demaisações e decisões.

Suas intervenções buscavam estabelecer uma rela-ção entre o jogo que estava sendo praticado e o jogoformal de basquetebol, destacando a semelhança en-tre estas duas atividades, relativamente à estrutura for-mal (bola, alvo, equipes, espaço, objetivo) e o apelo àtomada de decisão a que ambas se caracterizavam.

Os conteúdos mais enfatizados em suas inter-venções foram aqueles relacionados à tática indivi-dual de ataque, principíos de tática coletiva deataque e de contra-ataque. Estes contéudos forammais enfatizados por força das situações circuns-tanciais que o jogo proporcionava, e são resultadosda opção metodológica adotada.

As principais regras abordadas nas aulas foramas violações, como por exemplo, andar com a bolae sair com a bola fora do espaço de jogo. A faltapessoal com contato físico foi um tópico muito con-templado nas aulas, também por conseqüência dametodologia adotada.

Diferente dos outros estagiários, Pedro nãoenfatizou aspectos técnicos nas suas aulas e tão pou-co o jogo formal de basquetebol. Contudo, em suaentrevista deixa claro que privilegiar a tática emdetrimento da técnica foi uma opção pessoal, leva-da pela expectativa de ensinar com base nas novasmetodologias disponíveis sobre o ensino dos jogosdesportivos.

De fato, o ensino de Pedro nas aulas de basque-tebol durante o estágio partiu de uma seqüênciada tática para a técnica, se aproximando da pers-pectiva de que o praticante deve entender “o que”dever fazer (intenção tática), antes de conhecer

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“como” deve fazer (modalidade técnica), conformeTAVARES (1995, p.42). Relativamente ao processomais amplo de ensino da técnica e da tática, o au-tor sugere que no processo de ensino dos jogosdesportivos coletivos o professor desenvolva con-juntamente estes dois conteúdos técnicos e táticos,evitando alguma separação metodológica e tem-poral (p.44).

De forma geral, o modo como Pedro realizouseu ensino, acrescentando gradualmente novos co-nhecimentos à medida que a prática de cada jogoexigia; a utilização do debate e da reflexão sobre osconteúdos com as alunas foi considerado como ca-racterísticos de um professor, com conhecimentomais aprofundado da matéria, em particular a fun-cionalidade do jogo de basquetebol.

Concepções e metodologias de ensino

A metodologia de ensino de Silvia

Baseada em suas vivências positivas no esportedurante a infância, e a insatisfação com o rigor dosmétodos de treinamento desportivo presente mui-tas vezes nas aulas da Faculdade, Sílvia enfatizou obrincar em seu discurso como sendo a melhor for-ma de aprendizagem dos jogos desportivos.

Apesar de certa crítica à estratégia de ensino ba-seada no estilo comando-tarefa, como ela própriadenomina, a forma como Sílvia centralizava as de-cisões de aula, relativamente ao tempo de práticade cada tarefa de aprendizagem, a preocupação deimplementar o conteúdo que havia planejado, sãoindicadores de que seu modelo se aproximava maisde um modelo centrado no professor e no conteú-do do que outro mais centrado no aluno.

A utilização desses estilos de ensino tem sidoapontada como um recurso para facilitar a intervençãoe o controle do professor sobre o processo de ensino-aprendizagem. Porem, FARIA JUNIOR, CORREA eBRESSANE (1982), fazendo referência aos Estilos deEnsino de Muska Mosston, indica que no Brasil oestilo de ensino denominado Comando é associadoao ensino militar, e por isso esta forma de atuação doprofessor tem sido fonte de diversas críticas.

Considerando as tarefas de aprendizagem apre-sentadas por Sílvia, bem como as informações emi-tidas durante grande parte do tempo de suas aulas,a sua concepção de ensino apresentou característi-cas marcantes de uma perspectiva voltada para aaquisição e execução eficiente dos aspectos técni-cos do basquetebol.

Ainda, a divisão do conteúdo evidenciou tambémo emprego de uma metodologia de ensino analítica,onde as partes são trabalhadas individualmente,cabendo ao aluno posteriormente aplicarapropriadamente os comportamentos aprendidosem contexto de jogo.

Ao realizar estudos com professores “experts” noensino do drible, ROVEGNO, CHEN e TODOROVICH

(2003) perceberam que a contextualização do con-teúdo técnico do basquetebol não ocorre apenas naprática de tarefas de aprendizagem onde haja situa-ções de cooperação e oposição. A contextualizaçãodeste gesto técnico, por estes professores, foi reali-zada através de intervenções verbais, nas quais estesprofessores estimulavam os alunos a pensar e esta-belecer conexões entre o drible que estavam reali-zando, com o significado que este fundamento tinhapara o jogo. A abordagem do drible pelos treinado-res era “holística” como uma rede de conexões en-tre movimentos e táticas.

A experiência pessoal de prática nesta modalidadee as reflexões sobre esta temática contribuíram naconstrução da concepção pessoal de prática de Sílvia,ou seu propósito para o ensino. Porém, apesar deperseguir estes propósitos e tentar proporcionar aosalunos aquilo que acreditava ser essencial na prática, aopção pedagógica que adotou, analisada sob o pontode vista dos conteúdos das tarefas de aprendizagem ena condução direta de sua aula, parece ter diminuídoas oportunidades de aprendizagem que pretendiaproporcionar aos alunos.

A metodologia de ensino de Ricardo

Ao ser questionado sobre a finalidade do ensinodo basquetebol na escola, Ricardo apontou o des-porto como um elemento importante na socializa-ção, no desenvolvimento motor e na aquisição deaptidão física para a saúde dos jovens.

Para Ricardo, a manutenção dos jovens na ativi-dade desportiva está relacionada diretamente aoconhecimento que estes possuem a respeito dos con-teúdos inerentes ao jogo, como as regras, técnicas etáticas de jogo.

A estratégia de ensino adotada por este estagiá-rio se assemelha à de Silvia, ou seja, caracteriza-sepor um ensino analítico, no qual os conteúdos téc-nicos são aprendidos em separado do contexto dejogo, para posteriormente serem aplicados pelosalunos durante o jogo.

Embora estes estagiários tenham utilizadomodelos de ensino semelhantes, há uma distinção

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A representação do ensino

entre eles quanto a forma de integrar osconhecimentos que possuem a respeito dospropósitos e as estratégias de ensino.

Uma característica marcante que se percebeu emtodo o processo de ensino de Ricardo foi a coerên-cia entre o planejamento e a respectivaimplementação. Os objetivos estabelecidos, as ta-refas de aprendizagem implementadas e as inter-venções pedagógicas convergiam claramente parauma perspectiva de ensino que enfatizava aspectosda eficiência do movimento.

Contudo a adoção de um modelo analítico porRicardo induz as mesmas circunstâncias de ensinodas aulas de Sílvia.

Ricardo denomina o método que utiliza com“Método da Educação Física Desportiva” e cientedas críticas que esta abordagem tem recebido parao contexto escolar, apóia-se em sua experiência pes-soal de prática de ensino e o considera com umreferencial importante para o ensino do esporte naescola, desde que bem “administrado”.

Os elementos sociais e afetivos que indicava comoimportantes foram pouco contemplados em suasintervenções e também nas tarefas de aprendizagem. Paraatender a estes propósitos, realizou atividades recreativas.

Ao abordar esta questão na entrevista, Ricardoapresentou a justificativa de que estes elementosestão implícitos nas atividades da prática desportiva.Complementou que o fato destes elementos nãoserem abordados diretamente pelo professor, nãoquer dizer que não existam na prática. Esteposicionamento de Ricardo se assemelha ao queGUDMUNDSDOTTIR (1990) define como os valoresocultos presentes na atividade de ensino.

A metodologia de ensino de Pedro

As concepções de ensino de Pedro parecem estarassociadas a experiência pessoal de prática desportivana idade mais jovem. Durante este período, buscavarelacionar-se com as pessoas, divertir-se, e issorefletiu em seus propósitos para ensinar. Ao ser

indagado sobre os propósitos do ensino dobasquetebol, ele destacou elementos relacionados àsocialização, auto-conhecimento e ética, presentesna prática do esporte.

Pedro também percebeu uma relação entre a con-cepção de ensino ou teoria pessoal e a opçãometodológica do professor. Ele acredita que ametodologia que o professor adota deve estar deacordo com a concepção de vida dele e da históriade vida que possui.

A denominação que atribuiu ao seu modelo deensino foi “abordagem sistêmica”. Ainda citou autilização os estilos de ensino comando, solução deproblemas e descoberta orientada de forma integrada,“buscando a autonomia de decisão dos alunos”.

De forma geral, a metodologia empregada porPedro permitiu que as alunas refletissem sobre asatividades desenvolvidas, foram evidentes os mo-mentos que conduzia as alunas à descoberta de re-gras e às formas de jogar, levando-as a compreenderos fundamentos da tática de jogo. Além disso, sepercebeu em todo o processo de ensino de Pedrofoi a coerência entre seu planejamento e a respecti-va implementação, sem que isso representasse um“processo linear de ensino” (CLARK & PETERSON,1989; GRAÇA, 1997) entre o planejamento e faseinterativa de aula, ainda muito comum em nossosdias. Os objetivos estabelecidos, as atividades deensino e suas intervenções pedagógicas convergiamclaramente para uma perspectiva que enfatiza as-pectos da compreensão do jogo pelos alunos.

A proposta de ensino de Pedro, portanto, inver-teu a ordem dos conteúdos no ensino dos jogoscoletivos. Ele priorizou a tática à técnica. De fato,nos modelos de ensino dos jogos para a compreen-são a técnica é apresentada para o aluno quandoeste já alcança um nível suficiente de compreensãode jogo. Esta abordagem se contrapõe ao ensinoanalítico, onde a técnica é ensinada fora do contex-to de jogo, cabendo ao aluno posteriormente a ta-refa de aplicar estes movimentos em contexto dejogo (KIRK & MACPHAIL, 2002).

Discussão dos resultados

Os propósitos ou concepções de ensino são emparte a representação dos valores pessoais que osprofessores atribuem à sua prática. Tendo sua basena filosofia ou axiologia, estes valores podem estarrefletidos nos grandes objetivos que o professor

estabelece para o ensino de determinada matéria(GRAÇA, 2001).

Neste estudo foram identificados três valoresdistintos na base dos propósitos de ensino dosestagiários. Enquanto que Sílvia evidenciou valores

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RAMOS, V.; GRAÇA, A.B.S. & NASCIMENTO, J.V.

de diversão em sua experiência de prática desportiva,Ricardo destacou valores éticos e morais da atuaçãoprofissional e Pedro salientou valores decompanheirismo e socialização em sua experiênciade prática desportiva.

Todos os sujeitos investigados reconheceram aexistência destes valores e identificaram neles suasmetas pessoais de ensino. As passagens das entre-vistas de Pedro e Sílvia respectivamente descritas aseguir constituem evidências desta interpretação:“[...] hoje eu tento direcionar a minha aula para asmesmas sensações que eu sentia” (Pedro); “[...] en-tão, eu tenho a impressão que consegui passar paraos alunos o que eu aprendi na infância” (Sílvia).

Desse modo, percebe-se a influência da experiênciapessoal de prática desportiva destes universitários naformação de seus propósitos de ensino. Contudo, asrepresentações ou ações em aula nem sempre condizemcom tais propósitos. No caso de Sílvia, por exemplo, aopção metodológica adotada na maior parte de suasaulas não permitiu enfatizar de forma explícita osvalores que preconizava.

A dificuldade enfrentada por Sílvia, na adequa-ção das estratégias de ensino aos propósitos que es-tabelecia, pode estar associada a falta de integraçãoentre dois domínios do conhecimento pedagógicodo conteúdo: o conhecimento dos propósitos e oconhecimento das estratégias.

O conhecimento pedagógico do conteúdo, segun-do Grossman (1990 citado por GRAÇA, 1997), é for-mado por quatro componentes: conhecimento dospropósitos, conhecimento das estratégias, conhecimen-to do conteúdo e conhecimento dos alunos.

Relativamente a estrutura do conhecimento de en-sino, HOUSNER e GRIFFEY (1985), ENNIS, MUELLER eZHU (1991), GRAHAM, HOPPLE, MANROSS e SITZMAN

(1993), compararam a tomada de decisão de profes-sores em início de carreira e universitários (novatos)com professores experientes e constataram que os no-vatos possuíam alternativas de estratégias limitadas emcomparação aos professores experientes.

Estes estudos encontram apoio na teoria psico-lógica de esquemas (GRAHAM et al., 1993; ROVEGNO,CHEN & TODOROVICH, 2003), onde este termo éempregado “para ajudar a explicar porque as pes-soas apresentam respostas mais ou menos estáveisaos estímulos e para explicar muitos fenômenosassociados a memória” (WADSWORTH, 2003, p.16).

Os esquemas são definidos como estruturasintelectuais ou conceitos, semelhantes a fichas deum arquivo, onde são organizadas as informaçõesna mente das pessoas. Sempre que uma pessoa

defronta-se com uma situação, ela confronta estainformação com os repertórios que possui,reconhecendo ou não tal estímulo. À medida que ainformação é reconhecida, uma resposta é gerada.De outro modo, se a informação não é reconhecida,processos mentais de aprendizagem sãodesencadeados (WADSWORTH, 2003).

As investigações de HOUSNER e GRIFFEY (1985),HOUSNER, GOMEZ e GRIFFEY (1993), ENNIS, MUELLER

e ZHU (1991), GRAHAM et al. (1993) e BYRA e SHERMAN

(1993) têm revelado que professores experientespossuem mais esquemas e estes são mais complexos eintegrados entre si do que nos novatos.

A partir da perspectiva de “esquemas” pode-seressaltar a dificuldade de domínio do conhecimentoda matéria de Ricardo. Para resolver esta situação, eleelaborou um planejamento, em médio prazo, e definiuos conteúdos de aula para todo o período. Emboraesta tarefa denote capacidade pedagógica deplanejamento, evidencia por outro lado a suadependência em um conjunto de conhecimentospreviamente definidos ou sistematizados sobre obasquetebol, para servir de referência nas suas aulas.

Em se tratando das fontes do conhecimento parao ensino, uma característica comum percebida entreos estagiários foi a de que, embora suas experiênciasde prática desportiva tenham guiado em parte seuspropósitos de ensino, suas atividades deplanejamento foram fortemente marcadas porconhecimentos obtidos durante a formação inicial.

Estudos realizados por GRAHAM et al. (1993)mostraram que universitários se apoiaram mais emlivros e textos complementares apresentados naformação inicial para definir seu conteúdo de aula doque os professores experientes. Ainda, os universitáriosdemonstraram mais dependência dos planejamentosdiários escritos para realizar suas aulas. Por outro lado,os mais experientes faziam mais ajustes durante a aulasem se preocupar com o planejamento.

Ao estabelecer uma relação entre as característi-cas dos novatos e experientes evidenciadas em in-vestigações anteriores com as características dossujeitos desta pesquisa, constatou-se que neste es-tudo cada sujeito apresentou, em algum momentodas atividades de ensino, seja no planejamento ounas atividades de aula, características de ação e de-cisão que se aproximam em parte aos novatos eoutras vezes dos experientes. De fato, os estagiáriosrevelaram níveis de conhecimento mais desenvol-vidos em determinada categoria e níveis menos de-senvolvidos em outras categorias do conhecimentopedagógico do conteúdo.

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A representação do ensino

Conclusões

O objetivo deste estudo foi responder uma questãoprincipal sobre como os jogos desportivos sãoensinados na escola. No caso particular desta pesquisa,como os estudantes estagiários de Educação Física ofazem. Assim, chegaram-se as seguintes conclusões.

A experiência obtida na prática desportiva é pon-to central na definição dos propósitos pessoais parao ensino do basquetebol. Os estudantes universitá-rios, a partir de suas experiências pessoais, adotamvalores sociais distintos que estão na base de seuspropósitos, e estes por sua vez influenciam na for-ma de planejar suas aulas.

Os principais conteúdos ensinados foram a técnica deataque, tática individual e de grupo e regras. Embora osestudantes mostrassem interesse em ensinar outros

elementos de cunho axiológico, considera-se que estesforam conteúdos implícitos nas atividades proporcionadasem aula e também pouco controlados.

Os conhecimentos obtidos na formação inicialem Educação Física são as principais fontes de sus-tentação metodológica para a implementação desuas propostas. Estes estudantes apresentaram co-nhecimentos importantes sobre os conteúdos dobasquetebol, sobre as estratégias e sobre os propó-sitos para o ensino, mas a falta de maior integraçãodestes conhecimentos para o ensino aponta paracaracterísticas da prática pedagógica de professoresnovatos, definidas na linha de investigação sobre opensamento do professor, relativamente às compa-rações entre professores experientes e novatos.

Apesar destes sujeitos apresentarem importantesesquemas ou conceitos sobre a estrutura de ensino,a integração e a combinação entre estes conheci-mentos ainda não ocorre de forma natural, comotem sido observada em professores experientes.

As metodologias de ensino adotadas pelos sujei-tos deste estudo podem ser distinguidas em duasvertentes. A primeira utilizada por Ricardo e Sílvia,caracterizou-se por um modelo analítico (GRAÇA

& MESQUITA, 2002; GRECO, 2001). Nesta perspec-tiva, o conteúdo é fragmentado e ensinado separa-damente do contexto de jogo, com a pretensa deque estes conteúdos, neste caso em particular osgestos técnicos do basquetebol, sejam aprendidos eaplicados posteriormente no contexto de jogo. Asegunda vertente, adotada por Pedro, caracterizouuma metodologia onde os elementos essenciais daestrutura do jogo se mantiveram integrados, masde forma simplificada. Houve, portanto neste últi-mo, uma redução na complexidade do jogo e nãouma separação dos elementos necessários para sejogar o basquetebol.

A estratégia de ensino adotada por Pedro, emauxiliar os alunos na compreensão das suas ações amedida que elas surgiam durante os jogos, aproxi-ma-se daqueles preconizados por KIRK e MACPHAIL

(2002), de modificar o jogo para desafiar os alunosem termos de sua apreciação, consciência tática,tomada de decisão e execução técnica. Na literatu-ra portuguesa, GRAÇA e OLIVEIRA (1995), GRAÇA eMESQUITA (2002) e GRECO (2001, 2002) têm apre-sentado as principais propostas nesta perspectiva.

Assim como Pedro, Sílvia e Ricardo também destinaramgrande parte de suas aulas à prática de jogo. Porém, somentena aula de Pedro o jogo foi intencionalmente utilizadocomo um meio para ensinar o próprio jogo.

Por outra parte, em todas as aulas notou-se a au-sência de estruturas de ensino relacionadas ao Com-plexo de jogo. Para RINK (1985), a utilização destetipo de tarefas durante as aulas torna mais fácil aaprendizagem de conteúdos táticos de defesa e ata-que, a medida que simplifica estruturas complexasde oposição e cooperação inerentes aos jogosdesportivos coletivos.

Abstract

The representation of basketball teaching in the school context: case studies in physical education

preservice instruction

The purpose of the present research was to describe the teaching of basketball in the context of supervised

practice of Physical Education college students. The research adopted an interpretive and a descriptive

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Referências

approach composed of multiple case studies. Data were obtained from systematic observations of three

student’s classes, analysis of the respective lesson plans, and formal, semi-structured interviews. Results

showed that two students adopted a molecular approach, and dedicated a major portion of their class

time to teaching game skills. The learning tasks employed were almost directed to the development of

isolated and combined individual offensive skills. Most of the time, skills progressions, do not include

any form of opposition. The third student implemented an approach oriented towards the understanding

of the game , and the majority of his classes were focused on individual, and group tactics. Despite the

similarities observed in the instructional procedures and content coverage, different personal purposes

for teaching basketball in schools were identified, which seems directly related to personal experiences

in sport practices.

UNITERMS: Physical education; Teaching; Pedagogical content knowledge; Basketball.

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ENDEREÇO

Valmor RamosR. Douglas Seabra Levier, 140 - apto. 310-A88040-410 - Florianópolis - SC - BRASIL

e-mail: [email protected]

Recebido para publicação: 25/04/2006

Revisado: 15/08/2006

Aceito: 20/09/2006