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Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
BENS SERVIÇOS
markEtiNg Presença no mercado fortalecida com
o omnichannel
giro pElo EStado Varejistas gaúchos traçam estratégias
para elevar o consumo local
Entrevista Marco caValcanti, Diretor-aDjunto De estuDos e Políticas MacroeconôMicas Do iPea, fala sobre o ajuste
ineficiência tributária ameaça a competitividade
doSSiê o fogão nos permitiu controlar o fogo
e aprimorar a gastronomia
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luiz carlos bohnPresidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac
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A queixA dA clASSe eMPReSARiAl sobre a tributação é antiga, mas nunca foi tão pertinente quanto no momento atual. O ponto inicial dessa discussão precisa passar, obrigatoriamente, pelo retorno decorrente da arrecadação. Esse é um aspecto essencial para que as críticas sejam compreendidas a partir de seu viés mais crucial: os tributos pagos no país não revertem em serviços e infraestrutura compatíveis com os valores arrecadados.
Basta observar a carga tributária de países com infraestrutura irretocável, como a Dinamarca, que tem a mais elevada do mundo, muito superior à brasileira. Lá, os impostos correspondem a mais de 48% do Produto Interno Bruto (PIB) dinamarquês. Aqui, temos uma carga tributária de 33,77%, pouca coisa inferior à alemã, de 36,68%. O retorno dos tributos pagos, é até óbvio dizer, não se compara.
Nossas estradas, nossa educação, o sistema de saúde e a segurança estão muito distantes do que encontramos na Alemanha. Porém,
a carga tributária é compatível. O que isso quer dizer? Quer dizer que além dos valores que pagamos em impostos, temos que arcar com custo do que deveria ser feito e não foi. Assim, pagamos educação, saúde e segurança privada, além de sofrermos com os altos cus-tos logísticos e até com perdas decorrentes da falta de estrutura. Portanto, temos uma carga tributária de fato, a paga em impostos, taxas e contribuições, e outra carga indireta. Fatalmente, no Brasil, o custo tributário, somado aos aportes necessários para que tenhamos as mais básicas condições produti-vas, eleva a carga para muito mais do que foi divulgado. Embora seja difícil de mensurar, não resta dúvida de que o custo passa dos 40%, podendo chegar aos mesmos níveis dos da Dinamarca.
Para debater essa importante questão, que mina a competitividade das empresas brasileiras, a Fecomércio-RS fará seis encontros em cidades gaúchas neste ano para aprofundar o conhecimento sobre esse vilão da nossa produtividade e do nosso desenvolvimento.
onde vão parar os nossos impostos?
especial / tributos
revista bens & serviços / 120 / abril 2015
sum
ário
26
o brasil possui uma das
maiores cargas tributárias
do mundo, um peso
compartilhado por todos
os brasileiros, mas que,
por conta da
complexidade burocrática,
impacta ainda mais sobre
o ambiente de negócios
36
economia
24
nichotendências
sofisticação do mercado de
consumo leva boutiques de
carnes, com cortes nobres e
diferenciados, à ascensão
12
aumento da longevidade
desafia o mercado a
oferecer produtos e
serviços específicos
desvalorização do real
frente ao dólar coloca em
evidência alguns setores e
prejudica outros
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Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC® (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente
responsável da matéria-prima florestal.
Selo FSC
PubliCação mEnSal do SiStEma FEComérCio-rS FEdEração do ComérCio dE bEnS E dE SErviçoS do EStado do rio GrandE do Sulavenida alberto bins, 665 – 11º andar – Centro – Porto alegre/rS – brasil
CEP 90030-142 / Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
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Vice-Presidentes: luiz antônio baptistella, andré luiz roncatto, levino luiz Crestani,ademir José da Costa, alécio lângaro ughini, arno Gleisner, diogo
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Francisco micelli vieira, Joel vieira dadda, leonardo Ely Schreiner, marcio Henrique vicenti aguilar, moacyr Schukster, nelson lídio nunes, ronaldo
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renato ranzi, manuel Suarez, Gilberto José Cremonese, ivo José Zaffari
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davi treichel, denério rosales neumann, denis Pizzato, dinah Knack, Eduardo luiz Stangherlin, Eduardo luís Slomp, Eider vieira Silveira, Elenir luiz bonetto, Ernesto alberto Kochhann, élio João Quatrin, Gerson nunes lopes, Gilberto
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reinaldo, marco aurélio Ferreira, miguel Francisco Cieslik, nasser mahmud Samhan, ramão duarte de Souza Pereira, reinaldo antonio Girardi, régis luiz Feldmann, ricardo Pedro Klein, Sérgio José abreu neves, valdir appelt, valdo
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delegados rePresentantes cnc: luiz Carlos bohn, Zildo de marchi, andré luiz roncatto, ivo José Zaffari
conselho editorial: Júlio ricardo andriguetto mottin, luiz Carlos bohn e Zildo de marchi
assessoria de comunicação: aline Guterres, Camila barth, Caroline Santos, Catiúcia ruas, Fernanda romagnoli, liziane de Castro, luana trevisol e
Simone barañano
coordenação editorial: Simone barañano
Produção e eXecução: temática Publicações
edição: Fernanda reche (mtb 9474)
cheFe de rePortagem: marina Schmidt
rePortagem: Cláudia boff, diego Paiva de Castro e marina Schmidt
colaboração: amanda Gomes, Edgar vasques, ludmila Cafarate, Kátia Souza e João Pierotto
edição de arte: Silvio ribeiro
diagramação: Camilla moura e Silvio ribeiro
reVisão: Flávio dotti Cesa
imagem de caPa: ©iStock.com/ruslan Grechka
tiragem: 21,1 mil exemplares
é permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
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Palavra do Presidente
Sobre / Empreender
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Empreender
“Entendemos que existe uma alternativa ao que o
mercado de trabalho tenta nos vender: 8 horas de
trabalho diárias por um salário X, que pode ser alto
ou baixo, e com férias anuais. Nós acreditamos que a
vida é muito curta para passarmos mais da metade
dela atrás de uma cadeira de escritório fazendo algo
simplesmente por causa do dinheiro e da sobrevivên-
cia pessoal. Entendemos que empreender é a melhor opção de vida.
Você pode gerar empregos, desenvolver soluções para problemas da
nossa sociedade, aproveitar mais a vida e ter flexibilidade de trabalhar
onde quiser, mesmo que inicialmente exija um esforço bem maior do
que o normal. Acreditamos que gerar emprego é melhor do que ter um
emprego. Acreditamos que empreender é muito mais seguro que ter
um emprego, porque empreender só depende de nós. Empreender é ir
muito além do que criar um negócio ou ganhar algum dinheiro, empre-
ender é ter paciência e perseverança. Para empreender é fundamental
saber administrar, planejar e organizar bem.”
Marcos Eduardo, empreendedor e fundador do portal Mentalidade Empreendedora
Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, se são difíceis é porque não ousamos empreendê-las.“
sênEca Filósofo durante o Império Romano
Trabalhar o dia inTeiro ou meio
período? pensar sozinho ou em equipe?
planejamenTo ou inTuição? não exisTem
resposTas cerTas para o sucesso.
empreender é saber decidir o que é melhor
em cada siTuação. o que funciona hoje
pode não servir para amanhã
”
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“Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mes-mo sem bússola. É tomar a atitude que ninguém tomou. É ter a consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas construir uma história...”
augusto cury, no livro Dez leis para ser feliz
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Fecomércio-rS diSponibiliza e-cpF com deSconto Até 30 de abril, data que encerra a Declaração do Imposto
de Renda 2015, a Fecomércio-RS oferece desconto de 26% na aquisição do e-CPF. Além disso, o Certificado Digital
no Cartão Inteligente terá validade de 3 anos. O valor passa de R$ 270 para R$ 200 para quem acessar o site www.
certisign.com.br/ir. Após a aquisição do e-CPF, a validação pode ser feita na Fecomércio-RS, Sindilojas Porto Alegre,
Sindilojas Santa Rosa, Sindilojas Gravataí ou Sindilojas Osório.
BC exige novas regras de transações via Cartão de Créditoa fim de supervisionar o mercado de transações via cartões de crédito ou débito, o Banco Central do Brasil (BC) instituiu novas regras que estão em período de implementação desde 2014 e serão obrigatórias até 2017. A iniciativa exige mais
segurança para os usuários do serviço (empresários e consumidores), visto que tratam de gestão de risco, prevenção à lavagem de dinheiro, controles internos, ouvidoria e auditoria interna. Todas as empresas deverão adotar o padrão Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), que apresenta os critérios e procedimentos contábeis a serem ob-servados pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BC. A adaptação das lojas ao novo padrão deve encarecer a contabilidade – por necessitar de mais pessoas, processos e sistemas de in-formação – e, conforme o BC, deve durar entre um ano e um ano e meio.
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procon pode receber denúnciaS via redeS móveiS
Aproveitando a mobilidade para ampliar seus serviços e facilitar a
comunicação com a população, o Procon de Porto Alegre criou
um aplicativo que funciona via sistema iOS ou Android. O app foi
desenvolvido pelo POA Digital, divisão voltada às ações digitais da
prefeitura da capital, e pela Procempa, empresa de tecnologia do
governo municipal. Por meio do aplicativo, os usuários poderão fazer
denúncias sobre produtos e estabelecimentos da cidade, além
de saber mais sobre os serviços do Procon, como o ranking que
apresenta as empresas e o número de reclamações contra elas.
espaço sindiCal
projeto do SindilojaS vale do taquari
percorre cidadeS da região O projeto
Atitudes Vencedoras, realizado pelo Sindilojas
Vale do Taquari, através de uma equipe de
pesquisadores, está percorrendo cidades do
local. O objetivo é entrevistar consumidores
e vendedores sobre a situação do comércio
em suas cidades. Os quesitos avaliados são:
atendimento, criatividade e inovação.
Divulgação/Sindilojas Gravataí
geStão de equipeS de venda é diScutida no
SindilojaS porto alegre Na primeira edição
do Café com Lojistas de 2015, em março, o
assunto abordado foi a gestão de equipes
de venda. Na ocasião, o empresário, escritor
e especialista em varejo Eduardo Tevah
apresentou uma reflexão sobre o tema.
O encontro destacou a importância de
motivar e capacitar equipes de venda para
melhor atender ao cliente.
interauto 2015 traz lançamentoS O Centro
de Interação e Relacionamento com a Indústria
de Autopeças do Brasil (Interauto 2015), promo-
vido pelo Sincopeças-RS, reunirá profissionais e
empresários do setor para troca de informações
e lançamentos de indústrias do segmento.
O evento acontecerá em maio, em Porto Alegre.
FeComérCio-rs sedia enContro Com emBaixadores de 29 paíseso Sistema Fecomércio-RS recebeu embaixadores de 29 países para um almoço de negócios, em 11 de março. Representantes da África do Sul, Angola, Bielorrússia, Botsuana, Burkina Faso, Burundi, Cama-rões, Costa do Marfim, Egito, Gabão, Honduras, Iraque, Jamaica, Lí-bia, Malásia, Marrocos, Mauritânia, Moçambique, Myanmar, Nicará-gua, Nigéria, Quênia, República do Congo, Senegal, Sudão, Tanzânia, Tunísia, Zâmbia e Zimbábue estiveram presentes. O evento, que objetivou a parceria entre o Estado e os países visi-tantes, foi aberto pelo vice-presidente e coordenador do Conselho de Comércio Exterior, Arno Gleisner. Também foi apresentado o funcio-namento do Sistema, que incentiva a comunidade gaúcha através da promoção do desenvolvimento e empreendedorismo.
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Sindimulher homenageia público Feminino
A comissão formada por empresárias associa-
das ao Sindilojas Gravataí realizou, em março,
eventos em homenagem ao Dia Internacio-
nal da Mulher. O objetivo do Sindimulher foi
destacar a importância da mulher no mundo
contemporâneo. Para isso, o papel feminino na
transformação e no desenvolvimento de uma
sociedade mais justa e igualitária foi incentivado.
O sindicato também promoveu em sua sede, no
mesmo mês, a 1ª Mostra SindiMulher, que exibiu
trabalhos artísticos de mulheres da cidade.
e-FeComérCio permite Criação de lojas virtuais por empresas
o lançamento do novo serviço e-Fecomércio, desenvolvido pela en-tidade em parceria com a Traycom-merce, pretende ampliar o universo de empresas de todos os setores e portes do país com acesso às vanta-gens do mundo virtual. A ferramenta
possibilita a criação de lojas virtuais a baixo custo, com um passo a passo para a inserção de textos, fotos e vídeo de cada produto. Na pá-gina, é possível criar diferentes layouts com vários elementos visuais. Os valores mensais têm como média R$ 79,90 para a inclusão de 100 produtos à venda e R$ 424,15 para incluir até 3 mil produtos. Acesse o site www.e-fecomercio.com.br e saiba mais.
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três perguntas
Gustavo Cerbasi é especialista em finan-
ças comportamentais, consultor e escritor.
Com mais de 1,6 milhão de livros vendidos
no Brasil e no exterior, é referência brasileira
em finanças pessoais e dos pequenos ne-
gócios (www.maisdinheiro.com.br).
em tempoS de aperto econômico, como oS em-
preSárioS podem melhorar oS reSultadoS? A reco-
mendação para que tanto os empresários quanto as
famílias atravessem com maior tranquilidade períodos
de crise é reduzir gastos fixos. O ideal é buscar maior
eficiência e giro de estoques, enxugar linhas de produ-
tos e serviços menos rentáveis e cativar com descontos
os raros clientes que pagam à vista.
aS FamíliaS eStão maiS endividadaS e peSSimiStaS
em relação ao conSumo, é poSSível reverter
eSSe quadro? É possível, mas não recomendável.
A incerteza leva a uma postura mais conservadora,
pensando mais antes do consumo, o que é saudável
para que não se criem problemas para meses mais
difíceis que podem vir adiante. Isso não significa que
o comércio deve assumir o ônus da crise. Devemos
dançar como toca a música. No lugar do estímulo a
compras de grande valor a prazo (que tira liberdade
das famílias no futuro), é saudável promover compras
de menor valor, pagamentos à vista, estímulo para
que o cliente retorne no próximo mês.
neSte momento, quaiS São oS melhoreS inveS-
timentoS para manter a rentabilidade? Crise é
sinônimo de oportunidade. Por mais que bens, ativos e
ações estejam baratos, não podemos desprezar o fato
de que o governo, ao subir a taxa Selic para perto dos
13% ao ano, está nos convidando a encostar o dinhei-
ro na renda fixa. Os ganhos voltaram aos níveis mais
altos, e devem ser aproveitados. É na crise que surgem
ótimos negócios, como empresas ou imóveis vendidos
abaixo do preço. Em tempos turbulentos e de juros
altos, a melhor estratégia é manter o dinheiro em renda
fixa enquanto oportunidades são garimpadas.
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omC diz que é tempo de FaCilitar o ComérCio
deputados aprovam terCeirização irrestritadepois de aprovar o Projeto de Lei (PL) 4330/04 no início de abril, a Câmara dos Deputados voltou a avaliar pontos polêmicos da legislação que trata da terceirização e apro-vou a emenda aglutinativa que permite a contratação de terceirizados para as atividades-fim, reduz o prazo de espe-ra entre a demissão de um funcionário e a sua contratação como Pessoa Jurídica (PJ) e define regras para recolhimento de encargos trabalhistas. O texto final, aprovado por 230 vo-tos favoráveis e 203 contrários, no dia 22 de abril, permite, ainda, a subcontratação de serviços por parte de empresas terceirizadas (hoje denominada quarteirização). Em relação às garantias previstas aos trabalhadores, o projeto de lei es-tipula que a empresa contratante fiscalizará a terceirizada e deverá reservar 4% do valor do serviço para quitar dívidas trabalhistas com os empregados terceirizados. O PL segue agora para apreciação no Senado; porém, o presidente da Casa, senador Renan Calheiros, (PMDB) antecipou que não haverá pressa na votação.
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i de acordo com o diretor geral da Organização Mundial de Comér-cio (OMC), Roberto Azevedo, es-tamos em um momento propício para investir em temas impor-tantes e no favorecimento do co-mércio mundial. Ele afirma que, até julho, os países e membros da OMC apresentarão um programa
com medidas que facilitem a iniciativa, que deve ser dis-cutida em dezembro, na conferência da organização.Azevedo destaca que os três temas mais importantes para o Brasil são relacionados à agricultura, como subsídios internos, acesso a mercados e subsídios a importação. O embaixador admite que há dificuldades para fomentar o comércio mundial e diz que serão necessárias propostas criativas o suficiente para superá-las. Além disso, o dire-tor enfatiza que todos os países devem estar preparados para negociações.
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Acompanhe a análise do cientista político da Fecomércio-RS, Rodrigo Giacomet, sobre a economia
atual. No canal do Youtube você encontra esse e outros vídeos sobre diversos temas. Acesse em http://www.
youtube.com/user/videosfecomerciors
Bndes vai estimular negóCios a nova função do Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social (BNDES) é estimular negócios e originar operações. O Ministério da Fa-zenda definiu que o papel do banco, na nova con-formação da política econômica, não será mais o de financiador de projetos de longo prazo a juros subsidiados. A partir de agora, o BNDES participa do financiamento com uma pequena fatia, dando um “selo de qualidade” ao investimento e ajudan-do as empresas a emitir debêntures. A mudança fará com que o BNDES, em vez de substituir o mer-cado de capitais, ajudará a desenvolvê-lo, encer-rando o ciclo de expansão da instituição federal apoiada em recursos do Tesouro Nacional.
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governo do rs instala Fórum soBre imposto de Fronteiraem 23 de março ocorreu o primeiro encontro que discutiu o impacto da alí-quota diferenciada de Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermu-nicipal e de Comunicação (ICMS) na economia gaúcha. O secretário da Fazen-da, Giovani Feltes, coordenou a reunião, que contou com entidades empresa-rias. O Diferencial de Alíquota (Difa), conhecido como Imposto de Fronteira, vigora desde 2009 e representa 5% a mais na alíquota de ICMS sobre produtos de outros estados. O varejo gaúcho pretende revogar essa medida por considerar que ela não favorece o mercado interno. Um dos objetivos da atividade foi a composição de um fórum, instituído pelo governador José Ivo Sartori e que conta com repre-sentantes da Fecomércio-RS. De acordo com o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, o fórum incentiva a transparência na divulgação dos dados e na apuração do impacto financeiro no que se refere ao recolhimento do Diferencial de Alíquota (Difa) de ICMS nas compras de fora do Estado. Bohn enfatiza que a duração deste grupo de discussões deve ter um prazo estipulado, e não ser indeterminado como foi previsto, já que o setor empresarial necessita de uma resposta rápida do Poder Executivo.
analiStaS projetam inFlação Superior a 8% para
2015 A previsão para inflação (IPCA) neste ano foi ele-
vada para 8,2% pelos analistas de mercado, segundo
o Boletim Focus de 2 de abril. O grupo que semanal-
mente se reúne para avaliar os indicadores econô-
micos do país tem elevado, a cada nova reunião, a
projeção para o IPCA. A projeção de alta tem sido
recorrente há 14 semanas. Há um mês, a perspectiva
era de 7,77%. Para 2016, os analistas mantiveram a
previsão de inflação em 5,6%. Segundo o mesmo
relatório, a tendência apontada pelos analistas é a
de que o PIB brasileiro sofra retração de 1,01% em
2015. Para o ano que vem a previsão é mais otimista
e indica alta do PIB de 1,1%.
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tendências
o país hoje caminha na direção con-trária. Seguindo as tendências mundiais, estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma in-versão na pirâmide etária da população nas últimas décadas. Com isso, há uma queda na taxa de natalidade e o aumento da qualidade e da expectativa de vida. Para os especialistas, é preciso estar preparado para lidar com essas mudanças, que geram desafios e oportunidades às empresas.
Em 1950, o número de pessoas com 60 anos ou mais era de 204 milhões (8,1% da população mundial, de 2,4 bilhões
Se até a década de 1980 o BraSil era conSiderado “jovem”,
©iStock/lisa Fx
udanças demográficas
no Brasil exigem que
as empresas estejam
preparadas para lidar com
uma população mais idosa
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terceira idade gera oportunidades
texto cláudia Boff
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de habitantes). Nos anos 2000, conforme o IBGE, a parcela de idosos já chegava a 610 milhões (10% do total populacio-nal). Mas o recorde de envelhecimento, segundo projeções da Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrerá em 2019, quando será alcançada a marca de 1 bilhão de habitantes idosos, de um total mundial de 7,6 bilhões de pessoas (13,5% deles com idade avançada).
No Brasil, esse fenômeno é observado desde a década de 1960, com a diminuição da fecundidade, associada a fe-nômenos como a urbanização, industrialização, inserção da mulher no mercado de trabalho e avanços da medicina, entre outros. Desde então, o envelhecimento da população brasileira tem sido contínuo e progressivo. Em cinco déca-das, o número de brasileiros mais velhos aumentou mais de seis vezes. A projeção do IBGE é de que em 2025 o país terá 16 vezes mais idosos do quem em 1950, quando o número de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil correspondia a 3,5% da população (de 5,9 milhões de habitantes).
Reflexos das mudanças
Para a PwC, empresa de auditoria e consultoria, as mu-danças demográficas se refletem em alterações no poder eco-nômico, escassez de recursos ou mudanças de normas sociais. Uma das causas é a industrialização acelerada, em que atual-mente mais de 85% da população vive em cidades com mais de 20 mil habitantes, conforme o Censo de 2010. Até 2050, a população urbana do mundo deverá crescer 72%.
O sócio e líder da PwC Brasil para a região Sul, Carlos Bie-dermann, diz que o Brasil deve estar atento às oportunida-des e desafios gerados por essas megatendências: “Esse novo público deixa o mercado de trabalho formal a partir dos 50 anos, mas quer se manter em plena atividade”. Um dos pon-tos, segundo ele, é a abertura de alternativas de consumo. “Há oportunidades em turismo, saúde e beleza, entre outros serviços”, exemplifica o profissional, citando a existência de um consumidor diferenciado. “Ele é mais seletivo, mais cui-dadoso e muitas vezes compra por paixão, pois quer curtir essa etapa da vida ao máximo.”
Novas tecnologias, associadas à resistência de entender e aceitar alguns processos em “tempos modernos”, costumam atrapalhar o consumo dos mais velhos. Ao estudar este públi-co, a Nielsen Brasil aponta que há uma grande dificuldade das
A gerente de Previdência da Icatu Seguros, Cláudia Pic-cinini, vê as mudanças demográficas como uma oportu-nidade de crescimento em todo o sistema securitário. “As pessoas estão tendo menos filhos e vivendo mais”, analisa. Essa nova realidade traz como desafio a criação de uma cultura de economia: “Deve-se ser um poupador desde o início da vida, e isso envolve uma educação financeira”. Além de seguros, a empresa oferece para esse público uma assistência de qualidade de vida, que prevê orientações e descontos especiais em convênios e serviços diversos.
Diante do envelhecimento da população, aliado à as-censão de doenças crônicas e complicações, a Unimed do Brasil criou, em 2011, o Comitê de Atenção Integral à Saúde para elaboração e disseminação de diretrizes e protocolos. “Ele trabalha com a Atenção Primária, que oferece um cuidado integral, com foco na pessoa, durante todo o seu ciclo de vida, considerando o histórico fami-liar, comunitário e regional do usuário”, conta o diretor de Marketing e Desenvolvimento, Edevard José de Araújo, citando que os idosos não representam o maior número de usuários, mas são os que identificam mais gastos.
novas opções de mercado
empresas em lidar com a terceira idade, que busca conforto e bem-estar na hora da compra. Se por um lado as empresas devem estar atentas para atender às demandas geradas pela idade, como necessidades nutricionais especiais e até mes-mo limitações físicas, Biedermann alerta que esse público também gosta de consumir produtos e marcas feitos para os jovens. “Muitas pessoas chegam nessa faixa etária em plena atividade, com boa cabeça, capacidade física, condição finan-ceira e mais tempo livre”, ressalta ele, lembrando que o poder aquisitivo delas também está crescendo, devido à diminuição de gastos com a família.
Outro desafio apontado pelo sócio-líder da PwC Brasil é a criação de vagas de trabalho e a prestação de serviços de profissionais mais experientes. “O mercado deve gerar opor-tunidades para essas pessoas, que nem sempre estão inte-ressadas em uma alta remuneração. Elas querem se manter ativas e produtivas, interagindo com outras pessoas.”
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ass
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Pesquisa de mercado
Informações estratégIcas
uer um norte para o seu negócio? Faça pesquisa de mercado!
É ela quem vai apontar o melhor caminho a seguir, o preço
ideal a ser aplicado e, principalmente, o que o seu público-alvo
espera da sua empresa
QDefina o público-alvo
a pesquisa deve contemplar a
necessidade de informação da
empresa. o Sebrae-RS, ao de-
finir o passo a passo para abrir
um negócio, elenca alguns
questionamentos que devem
ser feitos pelo empreendedor,
como identificar a viabilidade
do empreendimento, local e
perspectivas de mercado. a
pesquisa levará às definições.
eStabeleça objetivoS
Sabendo que foco dará à pes-
quisa, estabeleça objetivos
claros, como, por exemplo, a
aceitação do público-alvo a
um produto ou serviço, a me-
lhor localização para a em-
presa e o melhor preço a ser
aplicado, entre outros pontos
específicos do ramo. antes de
começar, é preciso definir o
que se quer descobrir.
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Defina a amoStRa
a amostra é uma parcela da
população com a qual se faz
uma pesquisa a partir de um
universo previamente defini-
do. na pesquisa qualitativa
não é necessário quantificar
essa amostra, pois o estudo
possui um caráter subjetivo. já
na pesquisa quantitativa, por
amostragem, é o contrário. a
quantidade é determinante.
eStRutuRe a coleta De DaDoS
Reúna dados já disponíveis
em diversas fontes, como in-
ternet, livros, jornais, revistas,
associações e outras pesqui-
sas já realizadas. esse material
deve complementar o que
será levantado pela sua pes-
quisa, de fato. Depois, os da-
dos poderão ser comparados
e fortalecidos com as duas
abordagens adotadas.
monte o QueStionáRio
tendo estabelecido o método
e a amostra, é preciso verificar
quais são as questões a serem
feitas. monte um esquema de
formulários, com questionário,
roteiro das entrevistas e o formu-
lário de avaliação. esses docu-
mentos vão orientar a pesquisa
e ajudarão a fazer com que
siga uma lógica positiva na
condução dos trabalhos.
eScolha um métoDo
para realizar a sua pesquisa es-
colha o método mais adequa-
do. o estudo pode ser quanti-
tativo ou qualitativo. a pesquisa
quantitativa busca identificar
dados objetivos como quan-
tas pessoas estão dispostas
a comprar um produto. já a
quantitativa tenta compreen-
der qual é o novo produto de
que os clientes precisam.
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Pesquisa de mercado10 passos
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pRoDuza um RelatóRio
o relatório final consiste na aná-
lise da pesquisa a partir dos re-
sultados observados. nele, de-
vem constar as respostas para
os objetivos definidos no início
da pesquisa, a partir da apre-
sentação detalhada de suas
descobertas. a análise ajudará
no planejamento e na imple-
mentação de ações que con-
tribuirão com o seu negócio.
apliQue a peSQuiSa
é importante que a pesquisa
seja realizada de forma bem-
educada, prezando pela im-
parcialidade. para o entrevis-
tado, é preciso deixar claro o
objetivo da pesquisa e o tem-
po de duração. o perfil do
pesquisador tem que ser asser-
tivo, para transmitir segurança
ao entrevistado, deixando-o à
vontade para participar.
tome a DeciSão
com essas orientações,
você poderá tomar deci-
sões mais acertadas, seja
para abrir um novo negócio
ou para desenvolver ações
para a estrutura já existente.
as pesquisas de mercado
podem e devem ser refei-
tas pontualmente, ou quan-
do surge um novo produto
ou serviço a explorar.
tabule oS DaDoS
para tabular os dados da pes-
quisa você poderá utilizar siste-
mas que facilitem essa tabula-
ção: o excel é um software de
fácil manuseio para a tabu-
lação dos dados. inicie pela
primeira pergunta do questio-
nário, computando a quanti-
dade de respostas para cada
alternativa apresentada, e as-
sim sucessivamente.
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Há décadas o Brasil vive uma epidemia silenciosa – acidentes de trânsito. Ocorrem danos materiais e pessoais, morrem pessoas e famílias inteiras desaparecem. Parece que aprendemos a tolerar com indiferença este gravíssimo problema.
Entre tantos fatores de risco que promovem esta verdadeira epidemia, destacamos, a nosso juízo, os dois principais causadores dos acidentes de trânsito: falta de infraestrutura urbana e rodoviária e, fundamentalmente, a falta de educação e conscientização dos nossos motoristas, amadores e profissionais.
Não podemos esquecer que compartilhamos os espaços públicos com automóveis, caminhões, ônibus, motos, bicicletas, pedestres e carroças, entre outros. Para se ter uma ideia da carência da infraestrutura, somente no Estado do Rio Grande do Sul, entre os 12.000 km de rodovias estaduais e federais, apenas 592 km são duplicados, representando 4,7 % do total.
O Banco Mundial recomenda que uma rodovia com 5.000 veículos para cada 24 horas VDM (volume diário médio) já exige duplicação do trecho medido. O aumento da frota no RS nos últimos cinco anos foi de 22%, ou seja, 1.100 mil veículos, totalizando
6 milhões de veículos circulando pelas nossas estradas e rodovias. A precária sinalização, as invasões nas faixas de domínio, comércio à beira das rodovias, árvores e outros obstáculos contribuem também para as ocorrências, quando o motorista perde o controle do seu veículo, ou seja, não temos áreas de escape.
Sem dúvida nenhuma, apesar do acima relatado, o motorista é o principal causador dos acidentes, começando pela sua formação, que carece de mais horas de prática no trânsito urbano e rodoviário. Quando da obtenção da sua primeira licença para dirigir por 12 meses, ainda se nota certo cuidado para o não cometimento de infrações. No entanto, quando o mesmo recebe a CNH que o habilita para o volante, a sua tendência é de dominar o veículo, quase sempre em alta velocidade. Por isso que as estatísticas de mortes no trânsito mostram que a maior parte dos acidentes ocorrem dos 18 aos 24 anos.
Leis mais severas, campanhas continuadas de educação para o trânsito e conscientização dos motoristas para o cumprimento das normas de trânsito, apesar das dificuldades e carências de infraestrutura, são os melhores caminhos para se evitarem os acidentes de trânsito.
João Pierottoadministrador de empresas, palestrante e consultor técnico em logística
ACIDENTES DE TRÂNSITO, POR QUE ACONTECEM?
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Marco Antônio Cavalcanti
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Estamos vivEndo um ano Em quE tanto EmprEsários
quanto consumidorEs Estão bastantE pEssimistas. o quE
Essa informação transmitE sobrE a nossa Economia? De fato, vivemos um momento muito complicado, não é à toa que tanto empresários e consumidores estão com baixa confiança, que atingiu níveis muito baixos, mais baixos do que no auge da crise em 2009. Este ano já começou de for-ma muito complicada e a tendência é que continue com a situação muito difícil. O reflexo bate na confiança. Por que há tanta insegurança quanto ao momento atual e ao curto
e médio prazos? Esses indicadores não refletem a visão do país em longo prazo. Podemos ser confiantes no longo pra-zo, mas pessimistas no curto prazo. Se olharmos para o lado das empresas, durante algum tempo tivemos a produção crescendo a taxas elevadas. Vivemos a década de 2000 de forma bastante favorável. Mas a década de 2000 não surgiu do nada, foi antecipada pela década de 1990, onde muitas realizações ocorreram. Em primeiro lugar, o Plano Real, que permitiu uma estabilidade e um ambiente de negócios
ideia de ciclo, na economia, pressupõe prosperidade no ponto alto e o declínio
posteriormente. em períodos de crise, como o de 2008, busca-se nas medidas
anticíclicas fugir da fase ruim. essa foi a aposta do brasil e deu certo por um
tempo, explica o diretor adjunto de estudos e políticas macroeconômicas do
instituto de pesquisa econômica aplicada (ipea), marco antônio cavalcanti
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aCiClo eConômiCo
brasileiro
entrevista
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mais propícios para planejamento no longo prazo. Até então as pessoas pensavam no curtíssimo prazo. Com a estabiliza-ção começamos a pensar mais à frente, abriu-se espaço para ampliar crédito e os consumidores puderam fazer compras a crédito com expectativa de custos previsíveis. Ou seja, a popu-lação teve acesso a bens que não tinha antes. Foi um primeiro momento importante. Depois veio a responsabilidade fiscal e o câmbio flutuante. As metas de inflação, fiscal e o câmbio flu-tuante compuseram o importante tripé macroeconômico. Isso foi no final de 1990 e início de 2000. Em 2000 tivemos mais dois movimentos: a política de inclusão social (já tinha sido favore-cida pelo controle da inflação) e o crédito, que foi aumentando bastante na década de 2000, em parte devido ao controle da inflação e por transformações legais, como no caso do crédito consignado e da nova lei de falência. Então, todo o ambiente fez com que se tivesse a expansão do crédito, criando um ambien-te de negócios estável. Com a inclusão social, grandes camadas foram agregadas ao mercado consumidor, houve aumento do estímulo ao consumo e à produção das empresas. Esse ambien-te doméstico foi favorecido pelo ambiente externo. Até 2007 a economia no mundo todo estava pujante, a China crescia forte-
mente, elevando os preços de exportação e aumentando a ren-da dos exportadores. Esse aumento da renda é um ganho de produtividade da economia, baseado em um ambiente estável de negócios, crédito e cenário internacional favorável. Aí veio a crise e interrompeu esse ciclo.
mas Em um primEiro momEnto o EnfrEntamEnto da cri-
sE foi visto como positivo. os mEcanismos dE combatE
foram insuficiEntEs? O mundo todo começou a passar por dificuldades, ainda vivemos consequência dessas crises. Os Estados Unidos são o país que se recuperou mais rapida-mente agora, mas demorou para começar a se recuperar. O governo brasileiro, a partir de movimentos fiscais, ten-tou manter o movimento da economia em níveis razoáveis, mas esse mecanismo se esgotou. Não apenas se esgotou como começou a ser usado em excesso. Vieram o déficit, o aumento da dívida e a inflação foi elevada. O crédito já cresceu muito, e não cresce mais muito fortemente. O ciclo se esgotou em alguma medida. No movimento de inclusão social, ainda que tenhamos muito mais a incluir, sabemos que a política de redistribuição de renda tem que tirar de um setor para passar para outros. Pode-se, por exemplo, aumentar a tributação para distribuir. Só que a tributação já está num nível muito alto e está virando um empecilho. Não dá mais para sustentar acréscimos de inclusão social. A dívida pública também não pode ser elevada porque no
Marco Antônio Cavalcanti
“Os mecanismos anticíclicos geraram
desequilíbrio na economia. Agora, o
governo está tentando resolver esses
desequilíbrios por meio do ajuste fiscal e monetário.”
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a 10% de todos os investimentos feitos na economia. E no momento interromperam-se vários investimentos, e toda a cadeia de fornecedores está sendo afetada por isso. É um efeito em cadeia.
como contornar um cEnário Em quE as maiorEs Em-
prEsas do país, principalmEntE na árEa dE infraEstrutura,
Estão compromEtidas com acusaçõEs dE corrupção?
Temos que partir do pressuposto de que a investigação vai ter impacto positivo para o país. O Brasil, institucionalmen-te, está avançando. De fato é um absurdo pensarmos que o dinheiro vem sendo desviado. Tem um aspecto positivo. Isso me leva a crer que são benefícios no longo prazo. No curto prazo, talvez algumas dessas empresas não consigam operar como vinham fazendo. Mas não tem muito como fugir disso, porque não existem tantas empresas para substituir essas. Vamos sofrer no curto prazo fortemente, mas eu acredito que haverá um reflexo positivo no longo prazo. Considero que os recursos serão mais bem usados a partir desse momento.
qual é a saída para a crisE Econômica? Bom, estamos em um momento complicado em que alguns ajustes estão sendo feitos. A esperança é que os ajustes sejam implementados na quantidade e na rapidez esperada. O ajuste, se feito de for-ma adequada, vai sanar as contas públicas, impactar nos ju-ros da dívida pública e nos juros da economia. Isso atenuaria parte do problema e lançaria bases para crescer. Mas existe a questão política, e tudo depende de negociações.
momento não temos um problema grave de dívida elevada, mas em longo prazo teremos um problema fiscal que tem a ver com a previdência social. Ainda que no curto prazo não tenhamos problema fiscal iminente, temos que levar em consideração que vamos ter problema no futuro com a gestão previdenciária.
os movimEntos fiscais do govErno para EnfrEntar a
crisE são justamEntE o quE agora nos coloca a nE-
cEssidadE dE ajustE? Os mecanismos anticíclicos geraram desequilíbrio na economia. Agora, o governo está tentan-do resolver esses desequilíbrios por meio do ajuste fiscal e monetário. Além de as medidas adotadas para o comba-te à crise não serem mais funcionais e não poderem ser mais usadas, ainda precisamos resolver os desequilíbrios gerados. A economia não está crescendo e o mercado de trabalho – que não está mal, já que a taxa de desemprego ainda é baixa, mas vinha em tendência de melhora – agora começou a piorar, e está havendo uma deterioração forte nos indicadores. Isso tudo gera um ambiente de negócios incerto. Para completar, a instabilidade política está ge-rando um problema econômico, como a corrupção na Pe-trobras, que é uma empresa importante e que corresponde
“Temos que partir do pressuposto de que a
investigação da corrupção vai ter impacto positivo
para o país. O Brasil, institucionalmente, está
avançando.”
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elo e
stado Consumo
arejistas gaúchos apostam
em campanhas, cursos, entre
outras ações, para atrair o
consumo dentro das próprias
cidades, valorizando o
comércio local
Vdo aumento do preço da luz e
dos alimentos, entre outras commodities, traz reflexos negati-vos para o comércio e serviços. Segmentos como o de vestuá-rio, da alimentação e da construção civil, assim como o ramo automobilístico, reclamam da queda do movimento nas lojas e, consequentemente, das vendas. Para driblar a situação, va-rejistas gaúchos estão apostando em campanhas, cursos e na informação para fomentar o consumo dentro das cidades, va-lorizando o potencial de cada região.
O presidente do Sindilojas de Gravataí, José Rosa, conta que a reclamação de colegas do comércio tem sido frequente, devi-do ao baixo consumo. “Chegamos a um momento em que só vai sobreviver quem for profissional e estiver preparado”, alerta o dirigente. Com 30 anos de experiência no mercado varejis-ta, ele aconselha os empresários a se manterem dedicados aos
O desaquecimentO da ecOnOmia, decOrrente da alta de impOstOs,
unindo forças para reaquecer o comércio
©istock.com/Gedhau67
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clientes. “O jeito é enxugar ao máximo, pois no ano que vem teremos eleições municipais e Olimpíadas. Aí o foco do consu-midor muda totalmente”, opina.
No universo de serviços relacionados a carros, motos e bici-cletas, entre outros, a situação não parece diferente. Conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincopeças-RS), Gerson Nunes Lopes, há reflexos sig-nificativos da crise do país em diferentes setores. “O segmento sente a diminuição da margem nas vendas, o crescimento dos estoques e das demissões.” Para reverter esse cenário, Lopes conta que as empresas do setor estão trabalhando com diver-sas ações, que vão desde promoções, descontos e condições fa-cilitadas para incentivar a retomada do consumo. “Elas estão se esforçando para que isso aconteça. Apoiamos as iniciativas, abrindo uma ampla discussão a respeito.”
Campanhas e CapaCitações
Uma das ações tradicionais em Gravataí é a campanha Compre e concorra, do Sindilojas do município. Realizada anu-almente, desde 2011, a iniciativa incentiva o consumo local, premiando tanto quem compra como quem vende produtos. A edição deste ano deve ser lançada no final de abril e sorteará dois automóveis Fiat Uno zero quilômetro. “Vendedores e con-sumidores concorrem com cupons distribuídos nas lojas con-veniadas, em compras a partir de R$ 50”, explica o presidente da entidade. O sorteio será realizado no dia 16 de setembro, na sede do Sindilojas de Gravataí, dentro das comemorações pelos seus 52 anos. As lojas conveniadas recebem kits com cartazes, cupons, sacolas e urnas para divulgação da campanha. “A ideia é fomentar o comércio tanto em Gravataí como em Glorinha”, reforça José, contando que a ação já se tornou referência em outros estados. “Além de divulgar a entidade, colaboramos com as empresas e ganhamos novos associados”, ensina.
Para manter os empresários informados e auxiliá-los na gestão de seus negócios, o Sincopeças realiza workshops, cursos para vendedores – dentro do Programa Senac de Gratuidade – e eventos com palestras de interesse para o setor. “Esses serviços dão suporte ao segmento. O trabalho associativista é feito em âmbito nacional e inclui a atuação na câmara setorial que re-presenta as empresas de autopeças”, completa Lopes, citando que a entidade também busca ações de fomento ao comércio.
Outra aposta do Sindilojas Gravataí é a Escola de Varejo, que conta com uma programação de sete cursos, com temas como liderança, fidelização de clientes e negociação em ven-das. As formações, voltadas aos associados, começam em 15 de abril, com o curso Empreendedorismo de sucesso, ministrado por profissionais do Senac e Sebrae. “São oportunidades de quali-ficação que mostram que o desenvolvimento de competências gera resultados”, afirma o gerente-executivo, Rodrigo Silva.
Com o intuito de fomentar as vendas no comércio da região metropolitana de Porto Alegre, o Sindilojas Canoas lançará em maio o Cartão Rede de Descontos. O benefício ofertará descon-tos especiais aos associados da entidade em diversos es-tabelecimentos. A listagem de conveniados abrange lojas e serviços do comércio, cultura, lazer, educação e saúde, entre outros. Os empresários também poderão oferecer o cartão aos seus funcionários, dependentes e clientes. A iniciativa também proporcionará o aumento da visi-bilidade do comércio local, a ampliação da carteira de clientes, a divulgação da marca e também a utilização dos descontos das empresas credenciadas. Outra inicia-tiva do sindicato é o prêmio Selo de Qualidade no Aten-dimento, que reconhecerá as empresas que se destacam com boas práticas de atendimento ao cliente. O progra-ma também promove a qualidade no comércio de bens e serviços de Canoas, por meio do incentivo à capacitação. Três workshops já foram realizados pelo Senac Canoas com a finalidade de sensibilizar e qualificar as empre-sas. Entre abril e maio, membros da comissão avaliadora realizarão visitas técnicas às 50 lojas participantes, a fim de fazer um diagnóstico com base em critérios como a abordagem e condução do atendimento e vendas, apre-sentação pessoal da equipe, fachadas, letreiros, vitrines e ambiente de loja. Em julho, o selo será concedido às empresas que atingirem a pontuação determinada.
cartão e selo de qualidade
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ho Boutiques de carne
aconchegante são os pon-tos fortes das boutiques de carne, a nova tendência do ramo de açougues no Rio Grande do Sul e no Brasil. A moderni-zação, agregando valor ao negócio, surge como boa alter-nativa para atrair consumidores de bom poder aquisitivo e afasta os estabelecimentos da forte concorrência dos super-mercados. Mesmo com o freio ao consumo decorrente da recessão econômica, quem ingressou no segmento aposta em uma clientela cativa.
No bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, há pouco mais de um ano e meio a Premium foi inaugurada, adminis-trada por Dirceu Dornelles Pons e seus três filhos. A família,
Atendimento personAlizAdo, quAlidAde comprovAdA no produto e Ambiente
sofisticação alcançou
o churrasco. lojas
especializadas surgem em
várias cidades, aliando carnes
de primeira, vinhos, cervejas
artesanais e acessórios
A
Açougue sofisticAdo
©istock.com/Jag cz
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com tradição pecuarista, procurou suprir carência no varejo local em termos de carne qualificada, ganhando clientela de maior exigência. “O pessoal hoje se interessa pela raça do animal, sua idade e procedência”, explica Pons. “Trazemos carne da região da Campanha, com grande diferencial no que diz respeito à alimentação dos animais abatidos: eles não recebem suplementação no coxo, só recebem pasto, o que resulta em um sabor diferenciado.”
A casa oferece todos os artigos relativos ao churrasco, além de vinhos, cervejas artesanais, geleias, temperos e do-ces caseiros. O público consumidor pertence, em sua maio-ria, às classes A e B. “Ainda estamos em fase de captação de clientela, mas as primeiras impressões são muito boas. Acredito que a partir de dois anos e meio ou três de ativi-dade teremos retorno do investimento inicial, se o cenário voltar à normalidade”, conta o proprietário. “A recessão prejudica. Na área de alimentação, o cidadão não deixa de comprar, mas reduz o número de churrascos na semana.”
Os produtos mais requisitados são cortes de costela, pica-nha e vazio, na linha de churrasco, ou filé, alcatra e carne mo-ída com gordura mínima, na linha de cozinha. O manejo re-quer atenção máxima. “Prezamos pela qualidade, não apenas no momento em que a mercadoria chega do frigorífico for-necedor, mas dentro da loja monitoramos validade, aspecto e intercorrências que podem acontecer em itens perecíveis. Praticamos o prazo de 30 dias de validade na carne resfriada, antecipando em um mês o período preconizado pelo frigorífi-co, que é de 60 dias. Nossa ruptura é de 1%”, comenta Pons.
Público Procura novidade
Ex-representante de laboratório farmacêutico, Alex Se-bem abriu a boutique de carnes Sal Grosso, em Canoas, em junho de 2014. A inspiração veio de São Paulo, onde elas já existem às dezenas. Depois de uma pesquisa de mercado própria, ele abriu seu negócio apostando em um consumi-dor de cortes especiais que valoriza o atendimento. “Na ci-dade, somente um supermercado apresenta produtos com qualidade semelhante, mas lá a fila é grande, às vezes não se encontra o que se procura, e aqui conheço as pessoas pelo nome e posso fazer indicações”, lembra.
Seu foco é oferecer opções para qualquer tipo de refei-ção, atraindo também clientes da classe C com as chuletas e
guizados de primeira. Quem ganha mais prefere as carnes nobres e sempre procura novidades, como as linguiças re-cheadas. A Sal Grosso comercializa também cortes de porco e frango, bem como espetos, facas, tábuas e arroz e feijão, entre outros itens. “Até dezembro do ano passado as coisas estavam indo bem em termos de rentabilidade. Tínhamos boas perspectivas para o futuro, mas o trimestre inicial de 2015 tem sido fraco”, lamenta o empresário. “O valor da car-ne subiu de 15 a 20%, encareceu o frete, e o poder de compra das pessoas reduziu com a inflação e o aumento da energia elétrica. Não estou repassando os aumentos na íntegra, pois ainda estou amadurecendo o negócio”, diz.
Para tornar o nome da loja conhecido, Sebem conta com o boca a boca, site, as redes sociais e carro de som. No ve-rão passado, abriu loja em Atlântida por 90 dias, empatando ganhos e despesas. Em 36 meses, prevê o retorno do investi-mento inicial. “Vivemos um momento de transição, em que é difícil ganhar dinheiro”, argumenta. Com quatro funcio-nários, ele recebe carnes três vezes por semana e esforça-se para escalonar bem os pedidos. “Minha carteira de clientes está em formação, então acabo sempre tendo uma ruptura maior pela dificuldade em mensurar a demanda”, relata. No dia a dia, o empresário desenvolve a sua sensibilidade.
Premium, de Porto Alegre: qualidade na
carne e atendimento personalizado
especial
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entravena competição
empresarial
carga tributária paga no brasil é considerada alta, complexa
e ineficiente pela classe empresarial, e gera um impacto ainda
mais prejudicial para toda a sociedade na medida em que não é
revertida em serviços públicos de qualidade e amplo acessoa
Depende. Se o volume despeja-do gota a gota for retido em um grande reservatório plane-jado para o abastecimento futuro, é uma situação positiva. Agora, se cada uma das milhares de gotas se perderem, seja pela falta de um recipiente que permita o armazenamento ou porque o reservatório está cheio a ponto de transbordar, aí estamos diante de um caso clássico de desperdício.
O mesmo ocorre com os impostos pagos no Brasil. Só que estamos falando de uma imensa torneira que goteja R$ 50.523,40 por segundo – de acordo com o Impostômetro. Em apenas um minuto, o total passa dos R$ 3 milhões. Em uma hora, supera R$ 181 milhões. E assim, o Brasil arrecada mais de R$ 4,3 bilhões por dia. Em 2014, o montante arrecadado no ano chegou a R$ 1,85 trilhão. É algo bom ou ruim? Depen-de, igualmente, do uso que se faz desses recursos.
Para dimensionar o impacto dos tributos é padrão com-parar o montante arrecadado por um país com a riqueza ge-
texto Marina Schmidt
imagem de abertura ©iStock.com/Ruslan Grechka
UMa toRneiRa Soltando UMa Gota d’áGUa poR SeGUndo é alGo boM oU RUiM?
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tributos
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rada, o Produto Interno Bruto (PIB). A relação de um dado para o outro apresenta o quanto os tributos representam, percentualmente, do PIB. Essa é a lógica por trás do conceito de carga tributária. Os dados mais recentes disponibilizados pela Receita Federal são de 2013 e revelam que, naquele ano, a carga tributária chegou a 33,77% – conforme o PIB revisado recentemente pelo IBGE. Ou seja, dos R$ 5,157 trilhões do PIB, R$ 1,741 trilhão foi obtido com a arrecadação tributária. “É como se trabalhássemos um terço do ano para o governo”, compara o economista da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal.
“O agravante”, acrescenta, “é que competem às empre-sas outras despesas, inclusive para compensar faltas estru-turais, muitas vezes.” Por isso, a questão tributária no Brasil não pode ser vista apenas pelo prisma do montante pago. A complexidade do sistema tributário e a compensação de deficiências estruturais também entram na conta das em-presas. É o chamado Custo Brasil. “No final, se colocar na
ponta do lápis, as empresas terão trabalhado praticamente o ano inteiro para bancar essa conta. O lucro vai ser relativo a apenas alguns dias de trabalho”, contextualiza.
Portugal caracteriza a política tributária do país como cara, complexa e de baixo retorno. “Pagamos mais impostos do que praticamente todos os países da América Latina. Em média, a carga tributária na região é de 21,3% do PIB, nós estamos mais de 10% acima disso”, adverte. “Nossa arreca-dação está no patamar de países como a Alemanha, em que a carga tributária é um pouco maior do que a nossa, porém com retorno em serviços públicos incomparável ao nosso.”
Noção histórica e efeito político
Pagar impostos é uma lógica decorrente da “necessida-de de se manter uma espécie de ‘fundo’ para a realização de objetivos comuns a toda a sociedade”, explica o cientista
especial
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político e consultor da Fecomércio-RS, Rodrigo Giacomet. Um dos primeiros pensadores que se dedicaram ao tema foi Thomas Hobbes, que, em 1651, no livro Leviatã, começou a explicar essa necessidade. “Nessa obra, Hobbes formula a primeira teoria do ‘Contrato Social’, que se resume na re-núncia do homem às condições vividas no estado de nature-za, em troca de segurança mútua e, posteriormente, de ou-tros benefícios da vida em sociedade, como a infraestrutura, as leis e os serviços públicos essenciais”, acrescenta.
Assim, surgiu a ideia do Estado como garantidor de segu-rança, direitos fundamentais e contratos. E em decorrência dessa lógica, surgiu o conceito de governo capaz de atender a esses preceitos. “Em que pese durante séculos a sociedade tenha atribuído aos seus governantes poderes divinos, na se-gunda metade do segundo milênio os cidadãos passaram a perceber que seus governantes não somente eram desprovidos de divindades como também eram suscetíveis a todos os erros de avaliação e desvios de comportamento comuns aos seres humanos”, estabelece Giacomet. “Essa consciência, que é um dos reflexos do Iluminismo, foi muito importante para que a
sociedade começasse a se questionar sobre o uso do dinheiro público e reivindicar uma relação mais justa com o Estado.”
O acompanhamento tanto do custo tributário quanto do retorno da arrecadação levou as sociedades a acompanha-rem e compararem o nível da carga tributária. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) usa a margem aproximada de 36%. “Esse percentual é similar ao pago pelos alemães, oito pontos superior ao americano, e o dobro da carga paga pelos japoneses. A pergunta que os bra-sileiros se fazem é muito simples: por que a infraestrutura e os serviços públicos brasileiros são inferiores aos oferecidos nesses países?”, pontua o cientista político.
Giacomet destaca que o evidente déficit na qualidade e na abrangência dos serviços públicos no Brasil foi a causa das ma-nifestações de 2013, e justifica a declarada e recente insatisfa-ção popular. “Em 2015, a certeza de que os desvios de dinheiro promovidos pela corrupção estão fora de controle e a percep-ção da diferença entre o que foi proposto pela presidente du-rante as eleições e o que vem sendo praticado pelo seu segundo governo completam a carga de indignação dos brasileiros.”
Com esse pano de fundo, o governo tem que enfrentar a in-satisfação popular e a instabilidade política, dificultando ainda mais que a reforma tributária avance no país. “Em 2015 esta questão é impensável”, sustenta o economista Marcelo Portu-gal. Para ele, o comportamento do governo é errático tanto na tributação quanto no gasto. Nesse aspecto, há momentos em que ocorre a expansão dos gastos, com posterior redução, in-terferindo negativamente no ambiente de negócios. “O Finan-
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Temos estagnação, inflação, corrupção, falta de vontade,
política tributária inadequada, e o ajuste trará aumento do
custo tributário.
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professor universitário e jurista
o brasil arrecada
r$ 50.523,40 por segundo
tributos
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ciamento Estudantil (Fies) consumia R$ 1 bilhão há sete anos, mas em cinco passou para R$ 14 bilhões. O governo percebeu que gastou demais e agora quer passar de R$ 14 bilhões para R$ 4 bilhões, só que alguém investiu pensando no Fies.”
O pacote de desonerações é outro foco de críticas do econo-mista. “Queremos desoneração horizontal, para todo mundo. Ou seja, uma medida que reduza a carga tributária para todos”, pleiteia. Portugal aponta que este é o caminho para minimizar o peso atual da carga tributária. “O dia em que vier a reforma tributária tem que ser de uma forma que simplifique o sistema, mas que desonere para todo mundo. Da forma como está, esse procedimento afeta a competição na economia.”
icMs, o Maior e Mais coMplexo tributo
A complexidade tributária do Brasil, que leva empresas a investirem mais de duas mil horas de trabalho apenas para concretizar o pagamento dos impostos, fica evidente na ar-recadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).
“O ICMS aparece nos três setores (indústria, comércio e ser-viços), só não no agronegócio”, detalha o advogado tributarista Rafael Borin, explicando que esse tributo é arrecadado pelos estados, mas que parte dele (25%) retorna para os municípios. “O ICMS sempre vai ter a principal atenção por parte dos es-tados. Toda vez que o Estado concede benefício fiscal, afeta os municípios”, descreve. O fato de cada estado ter autonomia para definir suas alíquotas, buscando a competitividade frente aos demais, abriu margem para a chamada guerra fiscal entre os estados. “As empresas que têm operação em todos os esta-dos precisam conhecer as 27 legislações vigentes no país. Sem sombra de dúvida, é, hoje, o imposto mais difícil de calcular, por sua abrangência”, esclarece.
Borin comenta que existe uma regra nacional que diz que todo o estado que quiser conceder benefício tem que seguir requisitos, e um desses requisitos é pedir autorização do Con-faz para estabelecer a alíquota ou os benefícios. “O estado tem
o peso do ajuste
O ano de 2015 está marcado pelo ajuste fiscal. Para atingi-lo, alguns tributos foram majorados, muitos passando a valer a partir de junho. As alíquotas elevadas devem gerar até o final do ano um aumento de R$ 25,95 bilhões para os cofres públi-cos, calcula o economista Marcelo Portugal, com base em informações da Receita Federal. Confira as principais mudanças:
tributo
ipi Cosméticos
piS/Cofins importação
ioF – Crédito pessoa Física
piS/Cofins – Cide Combustíveis
Contribuição previdenciária
sobre Faturamento
efeito em 2015
R$ 381,41 milhões
R$ 694 milhões
R$ 7,38 bilhões
R$ 12,18 bilhões
R$ 5,35 bilhões
efeito anual
R$ 653,85 milhões
R$ 1,19 bilhão
R$ 8,31 bilhões
R$ 14,07 bilhões
R$ 12,80 bilhões
alteração
equiparação do atacadista a industrial, para efeitos de
incidência do imposto*
Restabelecimento da carga tributária original (antes da
exclusão do iCMS da base) por meio da elevação das
alíquotas das contribuições para 11,75%*
aumento da alíquota de ioF incidente sobre crédito da
pessoa Física de 1,5% ao ano para 3% ao ano, mantido o
adicional de 0,38% por operação, adotada em substituição
da CpMF, por ocasião de sua extinção
estabelecimento das alíquotas ad rem do piS/Cofins e da
Cide Combustíveis (atualmente zeradas) para R$ 0,22 para
a gasolina e R$ 0,15 para o diesel
as empresas passarão a recolher 4,5% e 2,5% do faturamen-
to em substituição ao recolhimento de, respectivamente, 2%
e 1%, a título de contribuição para a previdência*
*a partir de junho/2015 / Fonte: Receita Federal do brasil
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que comunicar a todos os demais o benefício que pretende dar, para que os representantes estaduais concordem ou não.” O Confaz, que deveria evitar a ocorrência da guerra fiscal, acaba se abstendo. Dessa forma, os benefícios não são contestados.
“O Rio Grande do Sul sempre respeitou muito a regra na-cional de não fazer a guerra fiscal, sempre agiu conforme a lei, respeitou a Constituição, mas na prática isso só gerou prejuízo para as nossas empresas. O que importa manter o respeito às normas se suas empresas estão sucateadas?”, questiona Borin. “O problema da guerra fiscal é a falta de
fiscalização e de cumprir a lei”, consolida. “Os estados deve-riam ser prejudicados quando praticassem a guerra fiscal, deixando de receber recursos.”
“Se um Estado concede um benefício de forma unilate-ral, os estados prejudicados têm que entrar com Ação Direta de inconstitucionalidade (Adin), só que demora tanto tempo para ser julgada, que enquanto o processo tramita a empre-sa já está há meses se beneficiando de impostos”, critica, sobre a morosidade do Judiciário em avaliar a questão.
Na coNtraMão
Para o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, o Brasil está na contramão do que os demais países têm praticado. “O que te-mos sentido é que o nosso governo faz de tudo para que o Bra-sil continue não desenvolvido e tenha recessão econômica”, diz. “No mundo, a tendência é de incentivar o crescimento e o lucro para só depois tributar o ganho”, esclarece. “Já no Brasil, temos uma tributação antecipada, que é em cima do fatura-mento. Ou seja, a forma de tributação é muito forte em cima do empresariado por conta da antecipação tributária.”
Olenike argumenta que o certo seria fazer a tributação após o lucro obtido. “O faturamento não é lucro, é venda. Nesse caso, mesmo que ele não tenha resultado econômico tem que pagar o imposto. Para colocar o custo tributário no preço, o produto fica mais caro, a venda é menor e a atividade econômica é me-nor do que deveria.” Como efeito, “o governo, ao investir nesse sistema tributário, ao invés de enriquecer as empresas, acaba indo pelo lado contrário”.
O presidente do IBPT não vê saída em curto espaço de tem-po para o problema dos tributos. “O Congresso não está muito preocupado. Na verdade, é conivente com a situação, porque também precisa da arrecadação”, critica. “O horizonte não é otimista. Não temos projeto sério de reforma ou de diminui-ção.” Segundo cálculos do IBPT, mais de 50% do que poderia ser o lucro das empresas é destinado aos tributos.
Gestão da arrecadação
O que é mais prejudicial para o país: a má administração dos tributos arrecadados ou a corrupção? “Problemas não são comparáveis. A má administração e a corrupção produzem os mesmos resultados para o cidadão, e são problemas endêmicos
contribuição dos tributos por categoria
Os tributos sobre bens e serviços e sobre a folha de salários são os que mais pesam na arrecadação
A fatia arrecadada em cada esfera governamental:
tipo 2013
tributos sobre bens e serviços 51,27%
tributos sobre a folha de salários 24,98%
tributos sobre a renda 18,11%
tributos sobre a propriedade 3,92%
tributos sobre transações financeiras 1,69%
outros tributos 0,03%
união – 68,93%
municípios – 5,79%
estados – 25,28%
Fonte: Receita Federal (dados de 2013)
tributos
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do setor público brasileiro”, avalia o cientista político Rodrigo Giacomet. “Ambos geram desperdício de dinheiro e diminui-ção do capital social existente entre a população.”
No momento, tanto um aspecto quanto o outro têm sido debatido pela sociedade. Porém, as denúncias de corrupção geram um descrédito que acaba por dificultar a melhor ad-ministração política. “Os governos, quando estão envolvidos em denúncias de corrupção, perdem a razão nesse debate, e não conseguem implementar reformas administrativas que aumentem a produtividade, melhorando as entregas que são feitas ao cidadão. Portanto, a reforma administrativa é a mais urgente das reformas que o Brasil precisa”, pontua Giacomet.
Quando fala em reforma administrativa, o cientista político tem em mente a diminuição dos custos do trabalho no setor público, o aumento da produtividade dos servidores e a quali-dade das entregas que são feitas à população, além da diminui-ção da burocracia, aumento da transparência e da utilização dos recursos e ampliação da participação da sociedade civil nas atividades públicas. “Concomitantemente, essa mesma refor-ma poderia aumentar o controle e a punição aos servidores que praticam desvios e diminuir os incentivos à corrupção”, acrescenta. “Se o governo reduzir os esforços concentrados na produção direta de bens e serviços públicos, e se especializar na gestão dos contratos que firma com o setor privado, os incenti-vos à corrupção no setor público reduzirão sensivelmente.”
O jurista Ives Gandra Martins avalia que o cenário tributá-rio no Brasil está pior. “Temos estagnação, inflação, corrupção, falta de vontade, política tributária inadequada, e o que ao meu ver é pior é que o ajuste pode trazer aumento do custo tribu-tário”, elenca. O ajuste, avalia Gandra Martins, está sendo feito pelo lado errado. “Não se fala em corte na própria carne.”
QueM paGa a coNta?
“Embora a principal queixa quanto à alta carga tributária parta das empresas, quem paga a conta, no final, é a socieda-de, por meio dos consumidores”, esclarece Marcelo Portugal. Recentemente, todas as empresas foram obrigadas a detalhar na nota fiscal o total pago em impostos pelos consumidores. Porém, são poucas as pessoas que observam essa informação. O economista defende que se faça uma campanha destacando para a população quem paga a conta no final. O imposto é alto para a empresa e precisa ser repassado no preço final.
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João eloi oleNike
presidente do ibpt
O horizonte não é otimista. Não temos projeto sério
de reforma ou de diminuição de tributos.
”““Uma das bandeiras da Fecomércio-RS é a racionalização
dos tributos, e buscamos isso lutando pela simplificação do sistema de arrecadação, motivo pelo qual, neste ano, o foco do evento Giro pelo Rio Grande é a Reforma Tributária”, afirma o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn. “Sabe-mos que até a reforma virar realidade ainda vamos trilhar um longo caminho, mas é nosso papel discutir as mudanças necessárias e instigar o setor empresarial a ter este tema como uma de suas principais pautas. É de conhecimento que esse é um problema estrutural, ou seja, político e adminis-trativo. A arrecadação tributária do Brasil é suficiente; toda-via, a ineficiência da administração desses recursos culmina na baixa prestação de serviços públicos que recebemos”, acrescenta Bohn.
O governo brasileiro investe mal o que arrecada em saú-de e educação, áreas que representaram 12,1% das despe-sas primárias em 2012. Porém, o Brasil foi um dos últimos colocados em pontos no Pisa-Matemática no mesmo ano e um dos países com maior índice de mortalidade infantil em 2011. “Estamos longe de nos conformar com esta realidade, pelo contrário, devemos cada vez mais unir esforços, discu-tindo os desafios para implementar essas mudanças.”
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mais
liderança / Pesquisa revela Possível Postura dos jovens líderesBuscando entender o pen-samento dos futuros gesto-res em relação ao mercado de trabalho, o Núcleo Brasi-leiro de Estágios (Nube) per-guntou a um grupo de apro-ximadamente 20 mil jovens (de 15 a 26 anos) como eles se comportariam caso fossem líderes. O resultado do questionamento evi-dencia uma grande preocupação com cobranças, mas sem deixar de aten-tar também ao bom humor e simpatia – opção escolhida por 56,17% dos participantes. Entre as quatro alternativas, a segunda postura mais votada (31,83%) foi a do líder exigente, porém educado. Apenas 7,4% dos entrevis-tados acreditam que seriam instigantes, constantemente oferecendo bo-nificações compatíveis ao desempenho dos funcionários, enquanto 4,6% ficariam neutros, permitindo à equipe fazer suas próprias escolhas.
mais & menos
BelezaO comércio do setor de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos (HPPC) cresceu
11% em 2014, segundo dados da As-
sociação Brasileira de Higiene Pessoal, Per-
fumaria e Cosméticos (ABIHPEC). O país já
possui o terceiro maior mercado do mundo,
ficando atrás apenas dos EUA e da China.
poupançaEm março, a poupança registrou a
maior retirada mensal líquida de recursos
da história. As retiradas somam r$ 11,44 bilhões a mais do que os
depósitos. O principal motivo dos saques
é o aumento da taxa de juros básicos,
que atualmente está em 12,75% ao ano
– a maior em seis anos.
veículosA Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea) prevê que-
da de 13,2% nas vendas de veículos
em 2015. No início do ano, as montadoras
projetavam estabilidade no setor. Mas a
estimativa mudou devido ao fraco desem-
penho no primeiro trimestre deste ano, que
registrou queda de 17% nas vendas em
relação ao mesmo período de 2014.
mercadoA busca por pesquisas de mercado aumen-
tou 150% em 2015. Os dados são da
Hibou, empresa especializada em monito-
ramento comercial. Metade das pesquisas
encomendadas visam a resgatar clientes
que as empresas brasileiras perderam com
a crise econômica.
supermercadosOs supermercados gaúchos faturaram
r$ 24,1 bilhões em 2014.
O valor indica um crescimento de 3,44%
em relação ao ano anterior. Os dados são
da Associação Gaúcha de Supermercados
(AGAS), que ouviu as 251 maiores empresas
do setor supermercadista do Estado.
longevidade / jovens não têm interesse na longevidade
um estudo da Zhuo Consulto-ria e Giacometti Comunicação, realizado com mais de mil en-trevistados, apontou que 39% dos jovens (de 20 a 35 anos) gostariam de viver apenas en-tre 76 e 85 anos, mesmo ten-do sido provado que o homem é capaz de chegar aos 120. O grupo de 36 a 55 pensa pareci-do: 41% se encaixam na mesma categoria, não desejando pro-longar sua existência. O mesmo vale para as pessoas de 56 a 69 anos, 42% das quais não têm in-
teresse pela longevidade. Já 34% de quem tem mais de 70 anos adoraria viver de 86 a 95 anos. Na média geral, a maioria dos entrevistados (40%) acredita que, nem se quisessem, viveriam além de 85 anos. Intitulada de A perspectiva da longevidade e o impacto na sociedade, a pesquisa foi conduzi-da nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.
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consumo / Poucos brasileiros associam Promoções a resPeito ao clienteo estudo As empresas que mais respeitam o consumidor no Brasil, conduzido pela Shopper Experience em parceria com a revista Consumo Moderno, revelou que somente 5% dos compradores brasileiros conside-ram promoções, brindes, ofertas, sorteios e descontos como uma forma de apreço ao cliente. Segundo os coordenadores da pesquisa, o consumo consciente, uma prática hoje em desenvolvimento no país, foi a principal motivação para o resultado. Compuseram a análise os depoimentos de cerca de 10 mil homens e mulheres maiores de 18 anos, provenientes das classes A, B, C e D e moradores de São Paulo (capital e interior), Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia.
emprego / dicas Para fazer uma boa contrataçãorecrutar o candidato ideal para preencher uma vaga em sua empresa não é fácil. Pen-sando nisso, a Stato, consultoria especializa-da em gestão de carreira, formulou sete dicas para auxiliar os gestores a aperfeiçoarem os processos seletivos. Veja abaixo!
empreendedorismo / índice mostra crescimento
sustentável para pequenas empresas Segundo o Indicador Global do Empreendedorismo (GEI),
balanço semestral promovido pela Enterpreneurs’ Organization, 2015 está sendo um ano melhor para as pequenas empresas no mundo. Os 5.868 entrevistados,
originários de 46 países, afirmaram terem – na comparação com 2014 – criado mais empregos em
tempo integral (passando de 55% a 56%, com previsão de alcançar 66% nos próximos seis meses) e obtido
acesso facilitado a capital (33% a 36%). Por outro lado, o aumento nas receitas diminui de 68% para 67%. O
número de empreendedores que declarou contar com disposição para iniciar uma empresa foi de 84% a 90%. Mundialmente, 83% dos gestores mostram-se otimistas
quanto à economia, acreditando na manutenção ou melhoria da conjuntura em seu país.
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1. Informe-se sobre as razões para a
contratação – é uma substituição ou
aumento de pessoal?
2. Pense cuidadosamente nas habilidades
exigidas pela posição.
3. Antes de sair procurando por alguém novo,
verifique se existem candidatos em potencial
dentro da própria empresa.
4. Elabore uma estratégia de busca,
considerando suas limitações orçamentárias,
complexidade da vaga e quantidade de perfis
similares no mercado.
5. Realize entrevistas profundas e separe a
análise técnica da comportamental.
6. Vá além da primeira impressão: confira
referências profissionais antes da contratação.
7. Ofereça um salário, bônus e benefícios
coerentes ao nível de capacitação
do profissional.
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ircuito de corridas, dia do
desafio e Jogos comerciários
são alguns dos proJetos
desenvolvidos pelo sistema
fecomércio-rs/sesc no estado
e que integram a campanha
move Brasil
Cgrupos sociais e voluntários
de diversas partes do Brasil em prol da qualidade de vida. No Estado, o Sistema Fecomércio-RS/Sesc, em parceria com os Ministérios do Esporte e da Saúde e entidades, como a Associação Cristã de Moços e os Atletas pela Cidadania, quer aumentar o número de praticantes de esportes até 2016. A campanha Move Brasil, criada em 2012, incentiva a mobi-lização da sociedade, que pode auxiliar nas atividades ou mesmo participar das ações oferecidas gratuitamente.
O coordenador da secretaria-executiva do Move Brasil, Eduardo Uhle, explica que a campanha trabalha com alguns pilares. “Buscamos facilitar o acesso ao esporte, construin-do uma rede de parceiros, que oferece uma diversidade de práticas, com preços baixos e em locais diversificados”, afirma. O movimento, segundo ele, conta nacionalmente com “movedores” que se identificam com a causa e pro-
A prátiCA de exerCíCios físiCos está mobilizAndo empresAs,
mobilização em prolDe mais saúDe
Claiton dornelles/bbC fotografias
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SuceSSo no Santa Maria SeSc circo Com lotação
máxima nos espetáculos, o santa maria sesc Circo
movimentou a região Centro-oeste do estado, de 12
a 17/04. A primeira edição do evento contou com
atrações nacionais e internacionais, além de oficinas,
mostra fotográfica e palestras, em locais como escolas,
calçadão e espaços sesc. realizado pelo sistema
fecomércio-rs/sesc, em parceria com a prefeitura
e apoio da Aliança francesa, o evento incentiva a
formação de núcleos e grupos para essa prática
artística milenar. Alguns destaques foram os espetáculos
Rigoletto, da companhia francesa l’ inopinée, e o
argentino Dos Plazas, da companhia Circo social del
sur, apresentados nos dias 16 e 17/04.
inScriçõeS para o Dia Do DeSafio As cidades
gaúchas interessadas em participar do dia do desafio
2015 podem se inscrever até o dia 27/04. A iniciativa,
promovida pelo sistema fecomércio-rs/sesc, propõe
que as pessoas interrompam suas atividades para a
prática de 15 minutos de qualquer atividade física. basta
preencher o formulário oficial enviado pelo sesc às
prefeituras. mais informações em www.sesc-rs.com.br.
movem projetos voltados à comunidade. “Queremos que a população veja o exercício físico como algo prazeroso, que pode melhorar a qualidade de vida e promover o desenvol-vimento social.”
Trabalho em rede
Desde a criação da campanha, em 2012, o número de parti-cipantes, em diferentes frentes, vem crescendo. Segundo Uhle, o Move Brasil possui uma rede de 32 movedores. “A cada dia mais pessoas querem colaborar. Começamos com sete mem-bros-fundadores e hoje já são 40”, comemora o também técnico do Sesc-SP. Em 2014, foram realizadas ações globais em even-tos como o Dia Mundial da Atividade Física (6/04), Dia Mundial da Saúde (7/04) e na Semana Move Brasil (21 a 28/09).
No Rio Grande do Sul, um dos “movedores” é o Sistema Fecomércio-RS/Sesc, que oferece um leque variado de ações, desde dança, palestras, jogos de diversas modalidades espor-tivas, passeios ciclísticos e atividades ligadas a caminhada, corrida e ginástica. No calendário deste ano estão programa-ções como o Circuito Sesc de Corridas, que conta com 14 eta-pas, em diversos municípios do Estado – iniciado em Osório, no dia 8 de fevereiro –, até 6 de dezembro (final estadual, em Porto Alegre), o Dia do Desafio, marcado para 27 de maio, e os Jogos Comerciários, entre outros.
CombaTe ao sedenTarismo
De acordo com pesquisa feita pelo Instituto IPSOS, o se-dentarismo atinge 70% das mulheres brasileiras. “Buscamos reverter esse quadro, evitando que a situação se aproxime ao alto grau de obesidade e doenças associadas, observadas nos Estados Unidos”, alerta Uhle. Como o país sediou a Copa do Mundo Fifa 2014 e receberá os Jogos Olímpicos no pró-ximo ano, ele acredita ser um momento propício para que a população aproveite as competições para se tornar mais saudável a partir da prática de esportes e atividades físicas.
Interessados em participar da campanha (instituição pública, privada ou pessoa física), segundo Uhle, devem divulgá-la publicamente. “Quem se identificar com a cau-sa deve assumir compromissos e participar ativamente das ações em sua região”, convida. Mais informações no endere-ço www.movebrasil.org.br.
agenDa De eventos
29/abr a 5/Jununidade Sesc de Saúde preventiva em alegrete
De 29/04 e 5/06, a Unidade sesc de saúde pre-
ventiva (Ussp) disponibilizará à comunidade
exames gratuitos, como mamografias, ultrassom,
citopatológicos de colo de útero e oftalmológicos,
entre outros. o atendimento ocorrerá de segunda
a sexta-feira, das 8h às 12h, e das 13h às 17h, na
praça osvaldo aranha, em alegrete.
8 a 31/Maio10º festival palco Giratório Sesc/poa
espetáculos teatrais, de dança, circo, intervenções
artísticas, oficinas e momentos de reflexão prometem
movimentar a capital de 8 a 31/05. a 10ª edição do
Festival palco giratório sesc/poa ocorre em diferen-
tes espaços da cidade. as programações podem ser
conferidas em www.sesc-rs.com.br/palcogiratorio.
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Economia
A valorização do dólar no mundo todo ga-nhou força ainda maior no Brasil, em virtude da deterioração dos fundamentos econômicos locais: aumento da inflação, pio-ra das contas públicas, baixo nível de investimento. Os dados revelam que, ainda que mais tarde do que a indústria, os servi-ços (no sentido amplo, incluindo o comércio) já não mostram a mesma pujança de outrora: em 2014, os números do PIB reve-laram um crescimento de apenas 0,7%. O mercado de trabalho não é mais capaz de gerar novos postos na mesma medida que em momentos anteriores e, portanto, não cria novos consumi-dores. Além disso, o crédito ficou mais caro e restrito.
O dólar vive um processo de alta perante todas as moedas, decorrente do movimento de recuperação da economia norte-americana. “Uma economia que cresce atrai capital, especial-mente quando é um ambiente de baixo risco, como é o caso dos Estados Unidos. Além disso, o país terminou o III Quantitative Easing, uma política monetária expansionista do Banco Cen-tral americano que injetava mensalmente bilhões de dólares
A previsão do tempo pArA o comércio em 2015 é sombriA.
fortalecimento da moeda
norte-americana, combinado
com o aumento da inflação
no brasil e a retração nos
investimentos, é um freio ao
comércio. as atividades ligadas
ao lazer e entretenimento são
as que mais perdem
o
Dólar em alta, comércio preocupaDo
©istock.com/porco rex
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na economia mundial, bem como há a perspectiva de elevação de juros nos EUA, o que por sua vez já aumenta o rendimento dos treasures (títulos do Tesouro)”, analisa a economista da Fe-comércio, Patrícia Palermo.
É difícil projetar uma perspectiva no momento, segundo a especialista. Os Estados Unidos passam por um processo de recuperação estável e sem pressões inflacionárias relevantes de curto prazo. “Isso faz com que a decisão de aumentar juros não seja urgente na agenda do FED, mas o mesmo já avisou que acompanha com atenção a evolução do cenário vigente, dando sinais de que pode vir a aumentar os juros no segundo semes-tre. Entretanto, esta elevação pode ser adiantada devido ao mercado de trabalho aquecido, ou postergada devido à queda de preços”, explica. “É difícil precisar o quanto dessa perspec-tiva já está embutida na cotação atual do dólar.”
Conforme Patrícia, tanto o comércio quanto os serviços vem sendo impactados pelo cenário econômico vivido pelo Brasil. “A moeda nacional somatiza a deterioração dos funda-mentos econômicos”, diz. “Se há atividades que naturalmen-te estão mais protegidas em ambientes de baixo crescimento (caso de gêneros alimentícios, medicamentos e combustíveis), outras devem sofrer mais.”Atividades ligadas a lazer e entre-tenimento, cuidados pessoais de toda ordem e vestuário ten-dem a repercutir de maneira mais intensa a diminuição da ati-vidade, pois também são elas que mais crescem em períodos de prosperidade. “O mercado de trabalho mostrando indícios de retração, os juros altos e a baixa confiança também são ele-mentos que prejudicam a venda de imóveis, bem como de mó-veis e eletrodomésticos”, observa.
Nem toda empresa viverá crise
Nem toda empresa vivenciará um cenário de crise em 2015. Mesmo na estagnação do ano passado, várias conse-guiram bons resultados. “Quem cresceu capturou uma par-cela de mercado de um concorrente”, avalia a economista. No cenário atual, Patrícia considera fundamental apostar em atendimento e relacionamento com o cliente, uma vez que reconquistá-lo é muito mais caro do que conquistar um cliente novo. “E num tempo de redes sociais, perder um consumidor pode significar perder milhares em termos potenciais. Outra questão relevante é não descuidar do flu-xo de caixa e manter estoques adequados”, completa.
João Pedro Florence, administrador da rede de lojas Malt Store, em Porto Alegre, sentiu o reflexo na alta do dólar. Ele trabalha com cerca de 400 rótulos de cervejas importadas e nacionais, e tanto as primeiras quanto as se-gundas tiveram alta nos preços, já que grande parte dos insumos para a fabricação das cervejas artesanais no Brasil vêm do exterior. “Temos negociado preço com os fornece-dores, mas acredito em alta até a metade do ano. Assim, es-tamos enxugando o número de rótulos com os quais traba-lhamos para melhor equacionarmos as finanças”, conta.
Outra ação da Malt Store para manter as vendas é re-duzir as margens de lucro em determinadas marcas, apos-tar em vendas associadas e outras promoções. “O cliente percebe o aumento, principalmente nas importadas, mas quem realmente gosta da cerveja importada continua com o hábito. Não houve queda no faturamento, porque temos alternativas de vendas. Alguém que vai fazer uma viagem para o estrangeiro pode não ir nesse momento, mas não deixará de consumir algo que realmente goste na nossa faixa de preços”, relata.
Na análise do presidente do Sindicato dos Hotéis, Ba-res e Restaurantes da Região das Hortênsias, Fernando Boscardin, o crescimento da moeda americana ainda não gerou o lucro esperado na Serra. “Evidentemente, já ou-vimos relatos de pessoas que trocaram Bariloche ou os Estados Unidos e decidiram vir para a Serra gaúcha, mas o ganho ainda é pequeno”, diz. “Em princípio, o dólar alto nos ajuda, na medida em que os Estados Unidos deixam de ser destino atrativo para compras, mas precisamos de ajuda das companhias aéreas também. Há promoções de passagem de ida e volta para a América do Norte por pre-ço muito menor do que uma ida ao Nordeste. Não adianta os hotéis reavaliarem seus custos e baixarem preços, em virtude da redução do poder de compra do turista brasi-leiro, sem essa contrapartida.”
A expectativa da entidade, representativa de 165 esta-belecimentos, é de 5% a 10% de aumento na demanda, des-de que o câmbio não encareça muitos produtos no Brasil. “Se o custo de vida sobe muito, o brasileiro perde o poder de viajar. Na Páscoa, por exemplo, já percebemos que o perfil de cliente mudou. Recebíamos muitos visitantes das classes C e D, mas o feriadão atraiu pessoas com melhor situação financeira”, observa.
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com a 10ª Feira de Oportunidades, que ocorrerá de 4 a 8 de maio em todo o Estado. Mais de 100 mil pessoas deverão ser capacitadas gratuitamente em palestras, oficinas e workshops capilari-zados nos mais de 60 pontos de atendimento da institui-ção, atingindo os municípios de todas as regiões.
Com o tema “Aprender é mudar”, o evento lembra a necessidade de adaptações a novas realidades. “As pesso-as precisam se educar, se apropriar de novas competên-cias, porque o mundo do trabalho evolui continuamente. É preciso encarar a mudança como geração de oportu-nidades, e devemos estar preparados”, explica o diretor regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa.
O senac cOntinua dandO O exemplO de prOmOçãO da qualificaçãO prOfissiOnal
Qualificação para o trabalho
eira de OpOrtunidades chega à
sua décima ediçãO,
prOmOvendO a educaçãO
para O trabalhO. mais de
100 mil pessOas deverãO ser
beneficiadas cOm a iniciativa
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faculdade senac porto alegre inscreve para cur-
so de pós-graduação para quem deseja iniciar uma
especialização ainda este ano, a faculdade senac
porto alegre está com cinco opções de cursos, com
início das aulas previsto para maio. O programa oferece
uma rede de descontos para aqueles que trabalham
no comércio de bens e serviços. além disso, também
disponibiliza financiamento total dos cursos, por meio de
convênio com a caixa econômica federal. Os interessa-
dos podem optar pelos seguintes cursos: especialização
em comunicação e marketing estratégico; Gestão de
negócios; computação nas nuvens; segurança da
informação e Gestão de moda. mais informações pelo
site www.senacrs.com.br/pos.
senac gramado marca presença na 25ª festa da
colônia O senac Gramado celebra junto à popula-
ção os 100 anos do município. a unidade irá participar
da 25ª festa da colônia, com diversas oficinas abertas
aos visitantes que serão mediadas pela docente neusa
maria Boeira. este ano, o evento ocorre entre os dias 16
de abril e 23 de maio, no expogramado (av. Borges de
medeiros, 4111). mais informações podem ser obtidas
pelo telefone (54) 3286-4445.
agenda de eventos
Ao longo das nove edições, 373.167 mil pessoas passa-ram pelo evento, que exige apenas a doação de um quilo de alimento não perecível ou de uma peça de roupa como requisito para a inscrição.
Para o diretor regional, a educação é o maior desafio nacional. “O Brasil precisa se qualificar na área, tendo em vista que, em todos os indicadores de avaliação da quali-dade de nossa educação, estamos muito abaixo da média mundial”, diz.
No último teste de raciocínio Pisa (Programa Inter-nacional de Avaliação de Alunos, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), aplicado a jovens de 15 anos de 65 países, o Brasil ficou na 59ª colo-cação. “Nossa média de anos de estudo é de 7,2 anos por pessoa, abaixo da Argentina, com 9 anos, e muito abaixo da Coreia do Sul, com 15 anos. Nossa população não tem nem o Ensino Fundamental concluído, e precisaremos de muito tempo para mudar essa realidade”, conta.
Nesse contexto, a educação profissional é importan-tíssima. “A qualificação para o trabalho, o ato de se apro-priar de competências básicas nesse âmbito, pelo menos resolve no curto prazo a deficiência da educação de baixa qualidade”, pondera.
Segundo relata, há vários casos de pessoas que parti-ciparam de palestras na feira e mudaram sua realidade a partir do contato com diferentes opções de cursos de qualificação até então desconhecidos. “O público é bas-tante heterogêneo, abarcando desde jovens no Ensino Médio, vivenciando período de difíceis escolhas, aos apo-sentados que decidem enveredar por outros caminhos na maturidade.”
As pessoas não precisam ficar atreladas às profissões tradicionais, o Código Brasileiro de Ocupações já conta com 2.500 afazeres. “Na feira, se discutem alternativas e escu-tamos outros relatos de modo a evidenciar a dinamicidade do mundo do trabalho. Muitos trabalhadores já mudaram a sua trajetória em virtude desse evento”, conclui.
Todas as atividades geram um certificado de parti-cipação que pode ser retirado depois da feira. Mais in-formações sobre datas, horários e conteúdos das pales-tras, com a programação completa de todas as unidades envolvidas, estão disponíveis para consulta no site www.senacrs.com.br/feiradeoportunidades.
20/abr a 26/Junvestibular de inverno 2015
estão abertas as inscrições para o vestibular
de inverno 2015, da faculdade senac de
porto alegre (r. coronel genuíno, 130 – centro
histórico). a prova ocorrerá no dia 28 de junho,
das 13h às 16h. Mais informações pelo site
www.senacrs.com.br/vestibular.
5 a 20 maiounidade móvel do senac em são Borja
a unidade móvel do senac estará, de 5 a 8 de
maio, na feira de oportunidades do senac são
borja. Já de 9 a 20 do mesmo mês serão ministra-
dos cursos e oficinas de informática. as atividades
são gratuitas e ocorrerão na praça Xv de novem-
bro. Mais informações no site www.senacrs.com.
br/saoborja ou pelo telefone (55) 3431-6775.
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dossiê / Fogão
pão caseiro, o bolo e o almoço
de domingo têm em comum mais
do que o talento do cozinheiro.
são alimentos preparados
com carinho, quando bons
ingredientes e aptidão culinária
se juntam ao calor do fogão
OUm dos eletrodomésticos mais presentes
nos domicílios é o fogão, que junto com a geladeira forma a dupla indispensável do ambiente. E é fácil entender por quê: ambos existem para conservar alimentos, no caso da geladeira, e para aprimorar o preparo dos alimentos, no caso do fogão. Mas vamos nos ater ao ponto quente dessa relação.
Desde os primórdios, o homem descobriu no fogo um grande aliado. Nos dias e noites frios, é o calor dele que garante o conforto térmico, além de prover iluminação e proteção contra o ataque de predadores. Depois disso, foi impossível viver sem o fogo, mas o uso dele foi se aprimo-rando com o passar dos anos. Primeiro, vieram tentativas de controlá-lo. Os primeiros fogões, rudimentares ainda, eram formados por um pequeno buraco no solo. Ali era aceso o fogo para o cozimento de alimentos em panelas. Ainda as-
É difícil imaginar uma cOzinha sem ele.
O cOraçãO da sua cOzinha
©istock.com/chandler Photo
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sim, a chama era de difícil controle. Para resolver a situa-ção, pedras começaram a ser usadas como suporte para as panelas, equilibrando o calor transmitido para os utensílios utilizados para o cozimento.
Com o passar dos anos, os fogões passaram a ser cons-truídos. O material inicialmente usado foi o barro. O apri-moramento foi recorrente até o desenvolvimento do fogão de metal, o mais eficiente até então. Claro que o modelo era ainda muito simples em comparação com os modelos mais modernos utilizados atualmente; porém, o fogão de metal ainda está presente na casa de muitas pessoas ao redor do mundo. Aliás, ainda é vendido em lojas especializadas e até pela internet. É o famoso fogão a lenha, utilizado especial-mente na cultura gaúcha.
O fogão a lenha ficou vinculado à vida tranquila do campo, aos momentos de aconchego e até a sabores. O exemplo mais clássico da importância dada ao fogão ou forno a lenha é a produção de pizzas. Há quem sacramente que, se não for feita em forno a lenha, não é a mesma coi-sa. É por isso que o fogão a lenha ainda tem uma aceitação tão grande até hoje.
Fogão a gás
A nova fase dos fogões começou com a Revolução Indus-trial, no século 19, que inaugurou um período de inovações recorrentes. A grande característica da era industrial foi o uso de energia térmica aplicada a uma série de maquinários. Esse tipo específico de energia era gerado pelo calor, e o uso do vapor nos processos produtivos foi o grande trunfo da época. Os fogões, logicamente, não fugiriam dessa caracte-rística. Passaram a ser fabricados como grandes móveis com um compartimento para o fogo e, muitas vezes, com uma caldeira para armazenamento de água quente.
No século 20, os fogões geravam fogo a partir da lenha ou do carvão, mas logo seriam substituídos pelos fogões a naf-ta (decorrente da refinação do petróleo), porém ainda sem uso doméstico. Estes eram mais vinculados aos modelos in-dustriais. Mas a inovação estava iniciada. Do petróleo veio, mais tarde, o gás de cozinha, que passou a fazer parte da vida das pessoas de maneira abrangente. O fogão a gás eliminou a necessidade da queima de biomassa e tornou a rotina das famílias mais prática. Embora seus perigos sejam bastante
TipOs de fOgões
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Diversos tipos de fogão são encontrados no mer-cad, desde o tradicional fogão de piso até o moderno cookto. As variações de função, tamanho, design e po-tência também apresentam uma vasta gama de pro-dutos ao consumidor, que tem a opção de escolher o mais adequado para a sua rotina.
Fogão de piso – É o modelo tradicional e
o mais encontrado nas lojas. ele é fácil de
instalar, funciona a gás, conta com um
ou dois fornos embutidos e geralmente
tem de 4 a 6 bocas.
Fogão de
embutir – esse
modelo possui praticamente as
mesmas características do fogão
de piso, sendo ideal para cozinhas
planejadas, já que necessita de
uma base (bancada ou móvel)
que o sustente.
Fogão de mesa ou cooktop – exigindo pouco espaço na
cozinha, este fogão é constituído
apenas pelos queimadores
(variam entre 1 e 6). além dos que
funcionam a gás, existem ainda o
cooktop – ou também chamado dominó – elétrico e o por indução,
cujos funcionamentos dispensam a chama.
Fogão industrial – com grande
porte e alta potência, este
modelo possui de 4 a 8 bocas
e pode ter forno embutido. O
modelo é utilizado para cozinhar
por longos períodos em lugares
como fábricas, restaurantes, escolas, hospitais e hotéis.
Fogão a lenha – ideal para
lugares e estações com
temperaturas baixas, esse
fogão, além de possibilitar um
cozimento homogêneo dos
alimentos, aquece o ambiente
em que se encontra.
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dossiê / Fogão
curiOsidades
Pioneiro O registro mais antigo de que
se tem notícia de um fogão
a gás no Brasil é do ano 1901.
O primeiro comprador do modelo
foi o governo de são Paulo, que o
instalou no palácio oficial. somente
27 anos foi importada dos estados
unidos a primeira geladeira elétrica
para o Brasil.
Chama azula chama do fogão é azul basicamen-
te porque a queima do combustível
resulta em gás carbônico e água. ao
aquecermos um material, as molécu-
las entram em um estado de agitação,
porque estão absorvendo energia,
mas depois decaem, emitindo ener-
gia – no caso, em forma de fótons, a
partícula da luz.
Fogão de lenhadominando os mistérios do fogão
e da vida, maria stella libanio
christo reuniu uma coleção
de cadernos de receitas das
bisavós mineiras e escreveu o livro
Fogão de Lenha (ed. Vozes – 1ª
edição de 1977), uma obra que
apresenta três séculos de tradições
gastronômicas de minas gerais.
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conhecidos, a exemplo do risco de explosões de botijões de gás, controlado com medidas de segurança específicas.
Hoje, um novo tipo de fogão está ganhando espaço nas cozinhas: é o fogão elétrico, feito de várias placas de resistên-cias, acopladas sobre uma caixa de metal. Entre as novidades, há os fogões mistos, que utilizam tanto as placas de resistên-cia quanto o gás, mas é pouco utilizado atualmente. Entre as modalidades de fogões elétricos, há os que possuem as placas instaladas em cima de um forno e há os fogões elétricos de mesa, desvinculados dos fornos.
soFistiCação aliada à segurança
Cozinhar sem fogo. Essa é uma das vantagens do cooktop com funcionamento elétrico ou por indução, produtos ino-vadores não só pelo design moderno, mas também pelas fa-cilidades que oferecem ao consumidor. Também chamado de dominó, a tecnologia desse fogão é mais segura que ou-tras formas de cozimento por calor, já que dispensa o uso da chama e reduz acidentes, como queimaduras e incêndios.
Além disso, ele ocupa pouco espaço na cozinha e proporcio-na um cozimento rápido e uniforme, pois seus controles de temperatura são precisos e totalmente digitais.
Feitos de vitrocerâmico, os cooktops por indução possuem uma tecnologia ainda pouco usada nas cozinhas que permite a geração de calor através de um campo magnético, o qual oscila em uma frequência capaz de gerar correntes induzidas em ob-jetos ferromagnéticos. Para cooktops por indução magnética, as panelas de ferro fundido são ideais, já que elas serão transfor-madas na única fonte de calor e, assim, cozinharão o alimento. Já os fogões dominó elétricos funcionam por meio de uma re-sistência elétrica, que aquece tudo ao seu redor.
Se outros modelos de fogão, como o de piso e o de embu-tir, dispõem de recursos variados, o cooktop não fica atrás. A maioria deles vem com timer ou um queimador de alta po-tência, ideal para preparar pratos que envolvem mais volu-me de alimento. A quantidade de queimadores varia de 1 a 6. No caso do cooktop dominó, a combinação entre diferentes modelos é extensa e o consumidor pode personalizar o seu próprio fogão.
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NormAlmeNte, A iNflAção se AcelerA em fases de crescimento rápido da economia, quando a expansão da oferta não consegue dar conta de satisfazer o crescimento da demanda. como resultado, os preços sobem. Vale também o oposto. em períodos de estag-nação da atividade econômica, a inflação fica perto de zero ou mesmo negativa (deflação), tal como ocorre na europa atualmente.
mas a História já nos mostrou, contudo, que pode haver também uma combinação pouco usual de estagnação econômica com inflação elevada. Nos anos 60 e 70, os países desenvol-vidos passaram por esse fenômeno. A econo-mia não crescia por limitações de oferta. mas, em vez de tomar medidas para a ampliação da oferta, como o aumento do investimento produtivo e em infraestrutura e de incentivo a produtividade, os governos tentavam forçar uma aceleração do crescimento através de políticas de dinheiro fácil, ampliando o crédi-to ao consumo e aumentando o gasto público. o resultado foi um crescimento próximo de zero e a aceleração da inflação. Esse fenôme-no acabou batizado de “estagflação” por um deputado do parlamento inglês, iain macleod, que se tornaria ministro da fazenda em 1970.
Os dados recentes mostram que a “estagfla-ção” voltou a aparecer no Brasil em 2014 e, provavelmente, continuará conosco em 2015.
No ano passado a inflação atingiu 6,4% e o PIB cresceu apenas 0,1%. Para este ano, a es-timativa do nosso Banco Central é o que o PIB cresça -0,5% e a inflação atinja 7,9%. O Brasil repetiu, ao longo do primeiro governo da presidente Dilma, o mesmo erro do passado, tentando crescer por injeções maciças de de-manda, principalmente via gastos públicos. Nossa limitação de crescimento não ocorre por falta de demanda, como ocorre na euro-pa atualmente. Na europa, há infraestrutura e mão de obra qualificada, mas não há o âni-mo que estimule os gastos dos consumidores. No Brasil, o problema é o oposto. Precisamos que o governo concentre sua atuação nas condições de oferta: privatização, melhoria da educação básica, simplificação do sistema tributário, aumento da eficiência dos servi-ços públicos de saúde e segurança, etc. em seu segundo governo, a presidente Dilma deu um primeiro passo correto ao optar pelo ajuste fiscal. Falta dar agora o segundo passo, anunciando políticas de cunho microeco-nômico que incentivem o investimento, a inovação e a produtividade. O ajuste fiscal é importante para conter a inflação e manter o nosso grau de investimento, mas precisa-mos de reforma tributária, liberalização do mercado de trabalho e serviços públicos de qualidade para voltar a crescer.
Marcelo PortugalConsultor Econômico da Fecomércio-RS
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Estagflação
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marketing
çOnipresenca para atrair cliente
abriram formas de os consumidores interagirem durante o processo de compra dos seus bens de consumo. Eles querem mais conteúdo, mais participa-ção, mais informações. Os canais de propaganda e venda (e-commerce, lojas físicas, redes sociais) precisam convergir e dialogar entre si para que haja melhor experiência de aqui-sição dentro, fora, antes e depois da loja. É o marketing omni channel. O desafio para o varejo é colocá-los dentro de uma lógica que melhor atenda ao processo todo, convergindo em uma mensagem uniforme e atrativa.
As novAs tecnologiAs (tAblets, celulAres, computAdores)
inserção de novas tecnologias
no mundo competitivo
criou uma série de novas
oportunidades para o varejo
inovar nas vendas
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©istockphoto/violetkaipa
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O professor Rubens Sant’Anna, da ESPM Sul, é assertivo: não há fórmula pronta para uma excelente abordagem em todos os canais. O varejista precisa entender como o cliente se comporta em seu processo de compra, o que varia con-forme cada categoria de produto. “Numa loja de vestuário, por exemplo, quanto mais informação uma consumidora tiver na hora da escolha, maior é a chance de ela adquirir bens inter-relacionados”, comenta. “Nos Estados Unidos, algumas lojas criaram curadorias que oferecem ao shopper composições enquanto ele escolhe algo, seja online ou na loja física. Ele pode procurar cores, receber sugestões, provar o produto e decidir comprar em casa.”
Todas as empresas devem investir em inovação, desde que mantenham em dia as atividades essenciais, o arroz com feijão. Segundo Sant’Anna, o melhor plano de aborda-gem omni channel é fazer um projeto-piloto de baixo custo, com assessoria de empresa conhecedora de e-commerce e comportamento digital. “Tudo parte de bom planejamento para identificar o que a empresa pretende com a expansão de canais, se quer aumentar visibilidade, melhor divulgar seus produtos, aumentar taxa de conversão. O importan-te é não pensar os canais de forma isolada. O e-commerce deve ajudar a trazer o cliente para a loja”, diz. Na visão dele, o maior problema é a falta de informação, há muitos lançamentos e o varejista revende-os sem uma lógica. “A plataforma digital deve pos-sibilitar ao cliente ter mais informação sobre os produtos e ter orientação”, afirma. Ao pequeno varejo, o professor recomenda a busca de uma forma mais seletiva de criar valor para o negócio, fugindo da conquista de clientes ape-nas pela conveniência.
AlinhAmento de estrAtégiAs
A loja de moda esportiva Centauro já oferece um aten-dimento multicanal aos clientes, que podem comprar nas mais de 180 lojas físicas da rede, por meio do e-commerce, do televendas e também em algumas lojas, em quiosques cha-mados de “estoque estendido”, nos quais se compram pro-dutos complementares a uma atividade, como acessórios e aparelhos para musculação. “Nosso cliente pode trocar nas lojas físicas os produtos comprados no site, e estamos agora iniciando testes com um programa de coalizão que vai per-mitir aos consumidores acumular pontos nas compras on e offline e trocar por produtos nos dois canais. A integração completa de estoques e serviços em lojas de todos com o e-commerce acontecerá até 2016”, anuncia o diretor de marke-ting do Grupo SBF, Artur Silva.
Há mais de dez anos em operação, o portal da loja repre-senta hoje 14% do faturamento do Grupo SBF. A expectativa para 2015 é de um faturamento de R$ 550 milhões. Para su-portar o crescimento previsto, a empresa deverá investir R$ 30 milhões em infraestrutura. A estratégia para os próximos anos é continuar a focar em rentabilidade e geração de cai-xa, não simplesmente em crescimento acelerado. As redes sociais são consideradas um termômetro importante de in-teração e proporcionam um diálogo com os nossos clientes.
Na Centauro,
cliente pode trocar nas
lojas físicas produtos
comprados online
divulgação/grupo sbF
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marketing“São fundamentais para que a gente entenda como estão os ní-veis de satisfação e serviço prestado”, conta Silva.
“O maior desafio da mega store foi entender as pecu-liaridades dos canais e o que procura o cliente que busca cada um deles”, relata o executivo. “Para isso, criamos uma operação exclusiva para o e-commerce, que hoje conta com mil pessoas, e demos liberdade para que pudesse crescer de maneira independente, porém, alinhada à estratégia do Grupo SBF.” Houve ainda grande investimento em equipe, softwares, centro de distribuição e logística. “Agora, estamos buscando evoluir internamente, visando a um melhor ali-nhamento de estratégias de precificação e de marketing em todas as plataformas, pois a dinâmica de realização de cam-panhas promocionais é bastante diferente nos mundos on e off line”, compara Silva.
tecnologiA pArA o Big dAtA
No Shopping Iguatemi de Porto Alegre, a abordagem omni channel tornou-se uma necessidade: todo consumidor é considerado multicanal. “Reunimos 300 lojas, mas não re-alizamos as vendas, então nosso papel é ser um facilitador de acesso do nosso cliente ao varejo, do telefone até as re-des sociais”, declara a gerente de marketing, Cíntia Marques.
divulgação/shopping iguatemi
A conversão de tecnologias, contudo, é um obstáculo. “Ain-da temos dificuldades em fazer todas as formas de contato convergirem e estar tudo integrado em um sistema de Big Data”, diz. O treinamento e o alinhamento dos funcionários responsáveis pelo contato com os consumidores também exigem esforço. “Precisamos ter uma forma única de ser Iguatemi e de interagir com o shopper. Nossa equipe conta com mais de 20 pessoas e temos treinamentos sistemáticos sobre diretrizes de atendimento. Queremos ser mais ágeis em todas as plataformas, pois o tempo é um dos bens mais preciosos das pessoas”, conta. As solicitações ou reclama-ções são respondidas no menor tempo possível.
O investimento na interação tem sido crescente. “Es-tamos desenvolvendo um aplicativo para o pagamento da taxa de estacionamento e já implementamos ações digitais bem presentes”, garante Cíntia. O Iguatemi promove, por exemplo, a Quarta de Estilo na terceira semana de cada mês. Enquanto as namoradas fazem compras, os seus parceiros podem ficar jogando em um aplicativo desenvolvido espe-cialmente para entretê-los. E mais: o app permite o acúmulo de pontos para se trocar por benefícios nas lojas. “Isso era inimaginável há apenas dois anos. Cada vez mais nossos mo-vimentos precisam prever recursos para o desenvolvimento de inciativas assim”, resume.
Cíntia, do
Iguatemi: tempo
é bem precioso
para o cliente
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pelo mundoNOVIDADE EM FECHADURAS A Imab, empresa paulista especializa-da na confecção de fechaduras, lançou um novo modelo de produto com
funcionamento por meio de código QR. Para destrancar portas equipa-das com o iQR01, basta efetuar uma leitura ótica utilizando os códigos específico destas. Eles podem ser impresso em papel ou transportados
em um suporte digital, como tablets, smartphones e outros. O procedimen-to é descomplicado, seguro e barato, uma vez que é totalmente livre de
fios, não exige mudanças estruturais na porta e necessita de um consumo energético quase
nulo. Ainda permite ao usuário escolher qualquer tipo de maçaneta, uma vantagem
muitas vezes inexistente nos demais métodos. Os acessos são configurados por um
software simples, facilitando o uso mesmo aos leigos em informática.
JOGOS DE TABULEIRO PARA GATOS A empresa
brasileira Pet Games, voltada à fabricação de artigos
inovadores para melhorar a qualidade de vida dos
animais de estimação, criou recentemente um jogo de
tabuleiro exclusivo aos bichanos. Batizado de Cat
Pizza, consiste em uma caça ao tesouro: o objetivo é
alcançar os petiscos ou ração escondidos dentro de uma
caixa. Vários animais podem brincar simultaneamente e são quatro os níveis de dificuldade. Segundo os
desenvolvedores do produto, através do jogo, pretende-se resgatar instintos naturais
perdidos pelos gatos quando estes são criados dentro de ambientes fechados e limitados, bem como
estimular a atividade física. Para ser implementado, o projeto demandou um
investimento de R$ 10 mil e aproximadamente quatro
meses de trabalho.
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CAFÉ PRONTO AO DESPERTAR Muitas pessoas têm o hábito de tomar café pela manhã. Embora seja uma boa maneira de começar o dia, nem todos tem tempo para prepará-lo. Tendo
isto em mente, o designer britânico Joshua Renouf criou o Barisieur, um relógio despertador passível de ser programado para deixar o café pronto de 5 a 30 minutos antes ou depois do usuário acordar. Munido de um compartimento refrigerado, o leite pode ser estocado e mantido fresco no equipamento por longos períodos de tempo. O projeto faz parte do trabalho de conclusão de curso realizado por Renouf ao término de sua
graduação na Nottingham Trent University. Por ser apenas um protótipo, não há um valor exato de venda, mas estima-se que
custará cerca de £ 250 quando passar a ser comercializado.
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Há duas edições, utilizei esta coluna para falar sobre a responsabilidade que os governos têm de coordenar investimentos públicos entre as gerações, portanto, em um largo espaço de tempo. Agora, volto a falar sobre o mesmo assunto, mas com um enfoque conjuntural, para tentar mostrar como conjuntura e História se articulam.
Em todos os países, o governo federal dispõe de recursos públicos que podem ser utilizados para influenciar variáveis econômicas e, assim, enfrentar ou postergar crises. Quando as enfrenta logo, gasta menos energia. Quando posterga o enfrentamento, permite que as crises se aprofundem e gasta mais recursos. O governante utiliza esse tipo de ferramenta quando decide reajustar ou não as tarifas públicas, gastar mais ou menos dinheiro em benefícios sociais ou investimentos ou aumentar impostos, apenas para citar alguns casos.
No Brasil, o governo federal postergou todas as medidas que eram necessárias para enfrentar a crise das contas públicas e de crescimento econômico, quando pode, para vender aos brasileiros a ilusão de um país que crescia cada vez mais, econômica e socialmente, durante as eleições. Comprou esse pacote uma parcela da população que, em sua maioria, mora em regiões distantes
dos grandes centros e dispõe de níveis de renda e escolaridade inferiores. Ou seja, o governo obteve mais um mandato, mas não conquistou os formadores de opinião pública.
Quando se inicia 2015, a realidade é outra. Os problemas econômicos de inflação, déficit das contas públicas, baixo crescimento e instabilidade política se revelam nas diversas pesquisas de opinião, que demonstram uma queda vertiginosa do percentual de brasileiros que aprova o governo: aproximadamente 13%, o que é muito diferente da maioria obtida nas urnas, há alguns meses. Isso ocorre porque é justamente a parcela da população que mais apoiou a reeleição a que mais sofre com a postergação do enfrentamento da crise.
Essa escolha, governamental, de postergar o enfrentamento da crise permitiu que ela se agravasse fortemente. A maioria da população, assim como quem escreve este texto, espera que este mesmo governo possa contornar a crise e entrar em uma fase de crescimento e estabilidade, o que é bom para todos. Caso isso não aconteça, os custos não serão pagos por pessoas que interlocutores estatais costumam chamar de “elite branca”, mas sim, as próximas gerações, independentemente de cor, opinião política ou origem social.
RodRigo giacometConsultor Político da Fecomércio-Rs
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monitor de juros mensal
O Monitor de Juros Mensal é uma publicação que objetiva auxiliar as empresas no processo de tomada de
crédito, disseminando informações coletadas pelo Banco Central junto às instituições financeiras.
O Monitor compila as taxas de juros médias (prefixadas e ponderadas pelos volumes de concessões na primeira
semana do mês) praticadas pelos bancos com maior abrangência territorial no Rio Grande do Sul, para seis
modalidades de crédito à pessoa jurídica.
Capital de Giro Com prazo até 365 dias
Cheque espeCial
anteCipação de Faturas de Cartão de Crédito
no
tas
Capital de Giro Com prazo aCima de 365 dias
Conta Garantida
desConto de Cheques
Na modalidade de capital de
giro com prazo até 365 dias, houve
elevação das taxas médias de
concessão no início do mês na maior
parte das instituições. Citibank e HSBC
permanecem nas primeiras posições,
seguidos por Caixa e Santander.
O Bradesco passou a ter a
média mais elevada da modalidade
em março.
A modalidade de cheque
especial, caracterizada por
relativa estabilidade nas taxas
da maioria das instituições, foi
marcada, no início de março,
pela continuidade na trajetória de
elevação na média de concessão
do Banco Safra, que se afasta das
primeiras posições.
Na modalidade de antecipação de
faturas de cartão, o Banco Safra
registrou leve aumento em
sua taxa média em março,
porém permanece com folga
na primeira posição. De modo
geral, não houve alterações
significativas nas outras
posições da modalidade.
Na modalidade de capital de
giro com prazo mais longo,
após ausência de informação
em fevereiro, o Citibank
retorna ao ranking na primeira
posição em março, seguido
pelo HSBC. Itaú e Bradesco
permanecem com as médias
mais elevadas da modalidade.
Na modalidade de conta
garantida, Banco do Brasil e HSBC
permanecem com as menores
médias de concessão em março.
O Banco Safra, que já apresentava
a média mais alta, por sua vez,
registrou nova elevação, afastando-
se ainda mais de seus
concorrentes na modalidade.
Na modalidade de desconto
de cheques, como é de
costume, não houve
mudanças relevantes nas
taxas médias de concessão.
O Banco Safra apresentou
elevação sutil, no entanto
permanece com a média mais
baixa da modalidade.
1) A fonte das informações utilizadas no Monitor de Juros Mensal é o Banco Central do Brasil, que as coleta das instituições financeiras. Como cooperativas de crédito efinanceiras não prestam essa classe de informações ao Banco Central, elas não são contempladas no Monitor de Juros Mensal2) As taxas apresentadas referem-se ao custo efetivo médio das operações, incluindo encargos fiscais e operacionais incidentes sobre elas3) Período de coleta das taxas de juros: 2/3/2015 a 6/3/2015.
Instituição
Instituição
Instituição
Instituição
Instituição
Instituição
Taxa de juros(% a.m.)
Taxa de juros(% a.m.)
Taxa de juros(% a.m.)
Taxa de juros(% a.m.)
Taxa de juros(% a.m.)
Taxa de juros(% a.m.)
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1,39
1,41
2,04
2,05
1,98
1,74
2,47
2,35
FEV
8,67
9,15
9,47
9,95
8,74
11,28
12,71
FEV
1,13
2,36
2,29
2,99
2,92
3,68
FEV
–
1,88
1,71
1,72
2,11
1,92
2,24
2,27
FEV
2,29
2,38
2,56
3,20
4,04
3,64
6,11
Citibank
HSBC
Caixa
Santander
Banco Safra
Banco do Brasil
Itaú
Bradesco
Caixa
Banco do Brasil
Itaú
Bradesco
Banco Safra
HSBC
Santander
Banco Safra
Santander
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Bradesco
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Citibank
HSBC
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Banco Safra
Banco do Brasil
Santander
Itaú
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Banco do Brasil
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Santander
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Bradesco
Citibank
Banco Safra
Banco Safra
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Caixa
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Itaú
Banco do Brasil
Bradesco
MAR
1,51
1,86
2,09
2,15
2,29
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2,47
2,50
MAR
8,67
9,17
9,60
10,04
10,11
11,34
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/ março 2015
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DICAS DO MÊSFILM
E
UM cLássIco qUE nUnca dEIxa dE EnsInar Negócios, estratégias,
equilíbrio e sabedoria. Esses são alguns dos valores que o espectador pode
aprender assistindo ao clássico O Poderoso Chefão, filme norte-americano
de 1972, baseado no livro homônimo escrito por Mario Puzo e dirigido por Francis Ford Coppola. A obra narra a
história da família Corleone, de 1945 a 1955, cujo chefe é Don Vito Corleone
(Marlon Brando). O padrinho, como ele é conhecido, possui muitos aliados e
inimigos igualmente numerosos. Por ser uma figura respeitada em Nova York, onde mora a família italiana, ele é re-
quisitado por vários amigos e familiares a fazer favores e oferecer proteção. Na
trama, os problemas começam para Vito quando uma família rival, encabeçada por Phillip Tattaglia (Victor Rendina) e seu filho Bruno (Tony Giorgio), preten-de estabelecer um grande esquema de vendas de narcóticos na cidade, mas
exige permissão e proteção política de Vito para agir. Don Corleone odeia esta ideia, pois está satisfeito em operar com jogo, mulheres e proteção. Inicia-se aí uma disputa mortal entre as máfias.
Ficha técnicaTíTulo: O Poderoso Chefão
Gênero: Crime, drama
Direção: Francis Ford Coppola
roTeiro: Mario Puzo e Francis Ford Coppola
Duração: 177 Minutos
a EconoMIa no novo MILênIo Considerado uma obra fundamental para quem quer entender a desigual-dade social no novo milênio, o livro O capital no século XXI, do francês Thomas Piketty, foi alvo de manchetes e colheu comentários e elogios de diversos ganhadores do Prêmio Nobel. Apesar de aclamado, o livro também é polêmico, porque apresenta ideias para compensar o abismo entre as classes sociais. O estudo é fruto de 15 anos de pesquisas, que remontam a dados do século 18. A partir disso, a obra trata do crescimento econômico e da difusão do conhecimento que impediram que fosse concretizado o cenário apocalíptico previsto por Karl Marx, no século 19. Referência entre os
estudos econômicos, o livro contribui para reno-var a compreensão sobre o capitalismo ao co-locar sua contradição fundamental na relação entre o crescimento econômico e o rendimento do capital. O capital no século XXI nos obriga a
refletir profun-damente sobre as questões mais prementes de nosso tempo.
Ficha técnicaTíTulo: O capital no século XXI
auTor: Thomas Piketty
eDiTora: Intrínseca
ano: 2014
livro
Divulgação/Paramount
GEstão dE cLIEntEs na paLMa da Mão O aplicativo Gestão Clientes proporciona que o empresário tenha o controle das vendas e centralize os dados de todos os seus clientes na tela do seu tablet ou smarthphone. Além dis-so, ele facilita a organização de oportunidades
e a coordenação de equipes, estimulando a obtenção de resultados.O Gestão Clientes funciona como uma solução eficaz para auxiliar equipes de venda a organizar dados de clientes – informações de contato, anotações e arquivos –, acompanhar o status das propostas que estão sendo trabalhadas e, assim, melhorar seu desempenho. A ferramenta deixa as informações acessíveis a toda a equipe de forma centralizada, de modo que os dados podem ser atualizados a qualquer momento. O aplicativo tem custo e para smarthphones deve ser adquirido através dos sistemas Android ou iOS. A ferramenta é compatível também com navegadores Internet Explorer (aci-ma da versão 8), Firefox, Google Chrome e Safari.
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