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Biblioteca Terra Livre · 2016. 9. 21. · =1>965cd1>d5cae51

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  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg1

    ÉTICA e ELEIÇÃOQue um obstáculo obstrua um rio, suas

    águas se amontoam pouco a pouco

    formando um lago, por uma lenta evolução

    se produz uma infiltração no obstáculo e

    uma pedra rolando determinará o

    cataclismo. O obstáculo será arrastado

    violentamente e o lago voltará a ser rio. . . O

    progresso se faz por uma troca contínua de

    pontos de partida diferentes para cada ser.

    Élisée Reclus – A Evolução e a Revolução eo ideal anarquista.

    O cenário político brasileiro vem sendodominado pela máxima do Império Romanode 70 d.c. “pão e circo” para o povo. OImperador promovia “jogos” onde osgladiadores se matavam e ao povo plebeuera jogado pão, era essa a forma de desviara atenção do povo dos graves problemas queviviam.

    Os alienados que vivem na política do“pão e circo” não acreditam em conflitossociais. Quando veem cenas de confrontoentre manifestantes e a repressão, a Polícia

    Militar tratam os manifestantes comoarruaceiros, baderneiros, vândalos,bandidos, etc. Exigem rigor, porrada eprisão.

    Mas onde existe dominação existeresistência e com essa, formas criativas deluta para transformação social, revolução.As lutas, revoltas, manifestações, grevesfazem parte da nossa história.

    Em junho de 2013 parte da populaçãose revoltou contra o aumento das passagensdos transportes públicos. Para os alienados,lá estavam os vândalos e bandidos, paranós, os que lutam por seus direitos,acreditam num mundo diferente, maissolidário, ético, socialista e libertário.Por conta desses acontecimentos o único

    que segue injustamente preso, é RafaelBraga, acusado de portar produtosexplosivos, água sanitária e desinfetante. Écoincidência ser negro e morador de favela?Sociedade racista.Com a copa do mundo de futebol em

    2014, os alienados aplaudiram ecomemoraram, os rebeldes protestaram, arepressão foi enorme. Sabiam os

    EDITORIAL

    O ano de 2016 entrará para a Históriada política brasileira como o ano em quecaiu a máscara, não apenas dos governosditos de esquerda, mas da políticarepresentativa como um todo. Ao fazeralianças com capital e representantes dossetores mais reacionários da políticanacional, o governo do partido quesupostamente representaria ostrabalhadores foi cenário de retrocessos nosdireitos trabalhistas, destruição ambiental,genocídio de negros e indígenas, aaprovação de leis que podem criminalizar osmovimentos sociais.Mesmo priorizando uma agenda

    desenvolvimentista o governo de DilmaRousseff obteve alguns ganhos na áreasocial e por isso acabou suplantado pelosseus próprios aliados, por meio de um golpeparlamentar e midiático. O caminho estálivre para que misóginos, racistas, fascistase LGBTfóbicos possam colocar em práticasuas políticas ultraliberais e decerceamento de direitos de minorias.Nossas lutas cotidianas incomodam. O quevivemos hoje, mais do que uma disputaentre partidos, é a reação de uma classe quepretende nos manter dominados.Diante desta situação tenebrosa apenas

    a ação direta, apoio mútuo e a solidariedadepoderão nos ajudar a resistir. O ano de 2016tem dado diversas mostras do que osanarquistas já sabiam: não existe governode esquerda, o governo é aliado daburguesia. É ingenuidade acreditar quemudanças substanciais virão das urnas. Éesta a posição que os coletivos anarquistasAtivismo ABC, Biblioteca Terra Livre,Centro de Cultura Social, Fenikso Nigra eNúcleo de Estudos Libertários CarloAldegheri reafirmam nos textos que compõea segunda edição deste informativo.Somente a luta muda a vida. Viva aanarquia!

    Veja o Manifesto Existe Política Alémdo Voto

    https://alemdovoto.milharal.org/

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg2

    manifestantes que além da corrupção, parao povo, os trabalhadores o legado eraviolência, desemprego, repressão, prisão e aconta a ser paga.Parecia que em 2015 as coisas seriam

    calmas, nada de novo só as greves desempre, os conflitos pela posse das terrasindígenas e o assassinato de suaslideranças.Porém cresce na imprensa as denúncias

    e apurações dos casos de corrupção daoperação “lava jato”, após o “mensalão”novamente pessoas dentro do círculo maispróximo do poder estão envolvidas emescândalos que vão pipocando nos estadosdo Brasil envolvendo figuras publicas epolíticos, doleiros, lobistas e liderançasempresariais de diferentes segmentos daeconomia como a construção, energia, etc.No segundo semestre ocorrem

    acontecimentos marcantes, o desastre deMariana (MG) onde duas represas dedejetos da mineradora Samarco estourammatando pessoas, destruindo casas e umacidade, poluindo o Rio Doce. É consideradoo maior desastre ambiental do Brasil e até omomento nada foi apurado, ninguém foipreso e pouquíssimo foi feito para resgataresse ambiente.Outro acontecimento foram as 247

    escolas estaduais ocupadas pelosestudantes contra o plano de reorganizaçãoescolar da Secretaria Estadual de Educaçãodo governo Geraldo Alckmim que pretendiacriar escolas com ciclo único (fundamentalI, II e médio). Isso obrigaria muitosestudantes se locomoverem mais de 1 km.para chegar a escola e outros transtornosalém de fechar 94 escolas, eliminar operíodo noturno em centenas acabando commilhares de vagas, despedindo muitostrabalhadores de diversas profissões.A repressão contra os estudantes por

    parte da PM foi tremenda, a intimidação ouso indiscriminado da força bruta, prisõesarbitrarias, de tudo foi usado para arrefeceros ânimos dos jovens aguerridos quelutavam por uma educação publica,gratuita e de qualidade. Assim como em2013 o governo é vencido e pela segunda veztem de voltar atrás em seus planos contra opovo.Nesse ano começamos com o

    impeachment da presidente Dilma Rousseffe os Jogos Olímpicos na cidade do Rio deJaneiro. Para preparação dos jogos sedefendeu novamente o tal legado. Naprática o dinheiro da arrecadação dosimpostos esta sendo desperdiçado com obrasque em nada mudará o cotidiano dapopulação mais pobre. O descaso, asmazelas com as obras são gritantes, a

    corrupção novamente correu solta e os quese beneficiaram no passado continuamagora. Os jogos apesar de diferente doimpeachment são mais um elemento dapolítica do pão e circo, tudo é usado paradesviar a atenção do povo, os trabalhadoresdas causas reais do seu sofrimento.Desde o mensalão perpassando por todos

    os acontecimentos da política, dascondenações da lava jato, dos escândalosnos esportes, tudo é divulgado como se oBrasil estivesse limpando a casa,construindo uma nova nação que combateos desmandos a corrupção se tornando umasociedade mais ética.Contudo, os que julgam e condenam a

    presidente são os mesmos denunciados porenvolvimento em corrupção. A presidentefaz parte do partido político com grandenúmero de acusações, julgamento econdenações. É fato que poucas vezes vimostantos próximo ao poder julgados e presos,mas isso é a ética que desejamos?O professor Mauricio Tragtenberg

    afirma: “A profunda incompatibilidade dospartidos da esquerda tradicional, sejamcomunistas, socialistas ou intitulem-separtidos dos trabalhadores, consiste em queo partido tende a ser instrumentoprivilegiado de coordenação da revoluçãosocial. Fundamentalmente é um Estado emminiatura, com um aparelho e quadros cujafunção é tomar o poder e não destruí-lo.(Reflexões sobre o socialismo)Os partidos políticos aprimoram as

    técnicas para enganar e roubar o povo,

    lutam para perpetuar-se no poder e dessaforma beneficiar seus candidatos ecorreligionários, ao povo restam asmigalhas.Na aparência é o discurso da luta pela

    ética, na essência é mais uma forma “pão ecirco” de desviar a atenção das causas dosproblemas que vivemos e as eleições sãoparte desses problemas.Nas eleições os candidatos se

    apresentam como salvador, com a soluçãomiraculosa que com apoio do povotransformara a realidade beneficiando opróprio povo. Na prática é tudo mentira,não existe ética nessa luta, são os desempre praticando os mesmos conchavos,acordos, trocas de favores, corrupção paraperpetuar-se no poder e manter o povo nacondição de espectador da sua própria vida.Como disse Jaime Cubero “A ética que

    nos interessa fundamenta as doutrinaslibertárias, estudada e defendida porProudhon e desenvolvida por Kropotkin,com bases sólidas, que aceitam uma ordemnatural entre os homens, fundada nastensões que formam e que procuramconservar-se, porque na realidade toda éticaestá fundada nelas e nos interesses por elascriada. Portanto, se a sociedade fororganizada sob bases simples e naturais,formará naturalmente sua ética, não comouma necessidade apenas, mas porque ohomem sabe descobrir o que lhe convémpara ordenar as suas relações, porque sabeescolher. Por isso, os homens, quando sereúnem para um fim comum, logo sabemdeduzir de sua organização as regras eprincípios justos (ajustados) que permitemconquistar da melhor forma o fim a quevisam, como têm-se verificado ao longo daHistória na constante da polarização entreliberdade e autoritarismo, e em todos osmovimentos que buscam a superação social.Dessa forma, a organização anarquistadesenvolve sua própria ética, fundada numdever-ser próprio, que, como todo ato ético,é frustrável. O ato antiético para oanarquista é tudo o que ofenda a norma daorganização, o que ofende a solidariedade,seu fundamento, e que se estende à espéciehumana. E o vigor, o desenvolvimento, asgrandes possibilidades do projetoanarquista dependem fundamentalmenteda coerência de sua ética”É essa ética que garante coesão ao que

    Jaime chamou de ideias-força do anarquis-mo.

    Centro de Cultura Social/São PauloContato: [email protected]

    “Conhecer é vencer obstáculos, é abrirespaços à liberdade.” Jaime Cubero

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg3

    Lei antiterrorismo é umaameaça de criminalizaçãodos movimentos sociais

    Em março deste ano, pouco antes de serafastada da presidência da república, apresidenta Dilma Rousseff deixou ao povobrasileiro um triste e perigoso legado: a leinº13.260 de 16 de março de 2016 apresentaa definição oficial de terrorismo eestabelece as punições e condiçõesprocessuais e de investigação para oreferido crime. As penas a quem praticaratos considerados terroristas variam de 12a 30 anos de reclusão e de cinco a oito anospara quem promover, constituir, integrar ouprestar auxílio a organização terrorista.Caso resulte em morte, a pena mínima é de24 anos de detenção.

    De acordo com o texto aprovado pelocongresso nacional e sancionado pelapresidência, terrorismo consiste na práticade uma série de atos que, motivados por“xenofobia, discriminação de raça, cor, etniaou religião” tenham por finalidade“provocar terror social ou generalizado,expondo a perigo pessoa, patrimônio, pazpública ou a incolumidade pública”. Entreos atos que podem entrar nesta categoriaestão:

    - incendiar, depredar, saquear, destruirou explodir meios de transporte ou qualquerbem público ou privado.

    - usar ou ameaçar usar, transportar,guardar, portar ou trazer consigoexplosivos, gases tóxicos, venenos,conteúdos biológicos, químicos, nucleares ououtros meios capazes de causar danos oupromover destruição em massa.

    - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ouservindo-se de mecanismos cibernéticos, docontrole total ou parcial, ainda que de modotemporário, de meio de comunicação ou detransporte, de portos, aeroportos, estaçõesferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casasde saúde, escolas, estádios esportivos,instalações públicas ou locais ondefuncionem serviços públicos essenciais,instalações de geração ou transmissão deenergia, instalações militares, instalaçõesde exploração, refino e processamento depetróleo e gás e instituições bancárias e suarede de atendimento.

    - atentar contra a vida ou a integridadefísica de pessoa.

    A criação da Lei Antiterrorismo noBrasil segue uma tendência nas legislaçõesinternacionais desde os atentados ao WordTrade Center e Pentágono, em 11 deSetembro de 2001. Desde então aOrganização das Nações Unidas (ONU), por

    meio do Projeto Global Contra o Terrorismotem procurado fortalecer o regime penalcontra o terrorismo em diversos países queainda não possuíam uma legislaçãoespecífica para o tema, como o Brasil.

    Desde que foi levada ao plenário, a leicomeçou a despertar debates a respeito dapossível criminalização dos movimentossociais, uma vez que cita entre os atos quepodem ser considerados terroristas estãodiversas táticas tradicionalmente utilizadaspor movimentos sociais, como a paralisaçãode serviços, fechamento de ruas e avenidasou ocupação de lugares públicos, comoescolas. A lei também cita formasatualmente utilizadas para a ação política,como o hackerativismo e invasão/controletemporário de meios de comunicação.Contudo, ao menos no papel, afirma-se quea lei” não se aplica à conduta individual oucoletiva de pessoas em manifestaçõespolíticas, movimentos sociais, sindicais,religiosos, de classe ou de categoriaprofissional, direcionados por propósitossociais ou reivindicatórios, visando acontestar, criticar, protestar ou apoiar, como objetivo de defender direitos, garantias eliberdades constitucionais”.

    Em outras palavras, lutar ainda não écrime. Porém, isso não significa que nestemomento de crescimento das forçasconservadoras dentro e fora do país osmovimentos sociais, sobretudo osanarquistas, possam deixar de estar atentossobre a possibilidade de criminalização daspráticas políticas. Isso porque a leiantiterrorismo não incide apenas sobre atospraticados, mas podem incidir sobre atosque ainda não foram executados. Sim, umapessoa pode ser condenada por um crimeque ainda não foi cometido se a investigação

    apontar que há indícios que este crimeestava sendo planejado. Lembrando o casode Rafael Braga, morador de rua condenadono auge dos protestos de 2013 por estarcarregado uma sacola contendodesinfetantes, observa-se que para a justiçado Estado esses indícios não precisam serfortes (ou tampouco realistas) para que umapessoa inocente seja presa, julgada econdenada.

    Curiosamente, o projeto de lei quetipifica o terrorismo, aprovado durante omandato de uma presidente de passado deluta, é também de autoria de outro ex-guerrilheiro: o senador Aloysio Nunes(PSDB/SP), ex-membro do PCB e daAliança Libertadora Nacional, condenadocom base na extinta Lei de SegurançaNacional (que foi substituída pela Lei13.260). Em tempos de eleições convémlembrar mais uma vez dos perigos daesquerda que se institucionaliza e deoprimida se torna opressora.

    Por Ativismo ABC

    Contato: [email protected]

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg4

    O Governo Não Faz Nada:Façamos Nós Mesmos !!!

    É ano de eleições municipais, uma farsaanunciada que se repete periodicamente.As cidades da Baixada Santista, região

    na qual se situa o Núcleo de EstudosLibertários Carlo Aldegheri sofrem com acorrupção e abandono daqueles que dizemque nos representam, nossos governantes.Em Guarujá, cidade onde se situa a

    Biblioteca Carlo Aldegheri, a prefeita foiinvestigada pelo superfaturamento nacompra de alimentos para merenda dasescolas e creches, através de uma CPI. Alémde pagar 30 reais pela unidade da melancia,a prefeitura é responsável por proveralimentos de péssima qualidade equestionáveis no aspecto nutricional, comosalsichas e carnes sebosas e estragadas.Uma Comissão Parlamentar de Inquéritofoi instaurada para averiguar o caso, porém,a prefeita Maria Antonieta conseguiu umaliminar da justiça que suspendeu a CPI, etodas essas questões não deram emabsolutamente NADA. Se as investigaçõestivessem continuado, elas poderiamculminar na cassação da prefeita.São Vicente passa por um momento

    complicadíssimo no qual diversos servidorespúblicos, médicos e trabalhadores dalimpeza não estão sendo pagos e o povo nãotem acesso aos serviços públicos, como acoleta de lixo e o hospital. O descaso é tantoque o nome dos funcionários públicos estáficando sujo, pois os empréstimosconsignados são descontados em folha,porém, a prefeitura não faz o pagamento acaixa econômica. Além disso foi descobertoum esquema de corrupção que tem entre osréus um vereador, o secretário de assuntosjurídicos, o diretor da secretaria de

    transportes operando a lavagem de dinheirode facções criminosas através do sistema detransporte público da cidade.Como se não bastasse, creches

    municipais têm sido fechadas a algumtempo. A gestão dos equipamentos foiterceirizada para associações nas quais agestão é autoritária e não tem a menortransparência. Funcionários sem receber a8 meses, e dinheiro público não falta. Agestão não dá a menor satisfação aosmoradores e diversas mães, pais e criançastêm sido prejudicadas. Em meio a essasituação, em entrevista recente o prefeitoLuis Claudio Bili, ao falar sobre o jogopolítico em São Vicente afirma "Apoiou? Dáuma creche pra ele!".Em Santos, a cidade com a maior favela

    sobre palafitas do Brasil, o prefeito éinvestigado por usar o dinheiro dos nossosimpostos para pagar apoiadores do seugoverno, no que ficou conhecido comoescândalo dos chequinhos. Diversaslideranças de bairro, comerciantes,assessores de vereadores, possíveisapoiadores do prefeito tem recebido essespagamentos irregulares.Na mesma proposta suja de usar o

    dinheiro público para manter apoio político,a prefeitura de Cubatão é acusada dedistribuir licenças-prêmio a funcionáriospúblicos de até 200 mil reais! ! !Isso para não falar dos problemas que

    passam as demais cidades da Baixada.Todos esses casos têm algo em comum: acentralização do poder político em poucaspessoas. Quando um vereador ou prefeitotem em suas mãos tamanho poder, é muitaingenuidade esperar que ele não sebeneficie em algum momento. As câmarasmunicipais são mecanismos corruptos emsua essência, pois alienam o povo da gestãopública e colocam nas mãos de partidos aresponsabilidade que deveria ser das

    comunidades. Os interesses e aliançaspolíticas, as ambições de ascensão na“carreira” parlamentar sempre vem nafrente das necessidades do povo.

    É importante reivindicar transparência,só que mais importante ainda é exigir o fimdessa estrutura, pois está claro que somosmeros expectadores da política parlamentarque se mostra a cada dia mais ineficaz ecriminosa. Não faz mais sentido votar emninguém! É absolutamente impossível quetão poucas pessoas que compõe o governomunicipal possam saber das necessidadesde todos os bairros e dos milhares dehabitantes. Sendo assim os moradores nãoseriam os mais preparados para decidir oque fazer com os recursos? Há quem digaque o povo não é capaz de fazê-lo, será que éverdade?

    No Rio de Janeiro, os moradores dobairro da Barra Mansa reivindicavam aconstrução de uma ponte que dava acesso auma unidade básica de saúde. A prefeituraorçou a ponte em 270 mil reais e alegavanão ter dinheiro. Os moradores cansados deesperar a anos resolveram eles mesmosfazerem a ponte através dos seus própriosrecursos e esforços. Eles conseguiramviabilizar a obra através de mutirões egastaram 5 mil reais, realizando a obra emum mês.

    Mais um exemplo onde a organizaçãopopular através da ação direta e coletivapode ser mais eficaz que os serviçospúblicos: em 2015, nos bairros de Marsilac,Jusa, Barragem e Bosque do Sol, noextremo sul de São Paulo, os moradores nãotinham acesso ao transporte público ereivindicavam uma linha de ônibus quetransportasse os habitantes da região. Apósuma série de protestos, inclusive em umdeles tendo os manifestantes se acorrentadona frente da subprefeitura saindo com umapromessa de que a linha seria instalada em20 dias, resolveram criar sua própria linhade ônibus. Fazendo rifas e arrecadandodinheiro com festas e bingos nascomunidades, eles conseguiram botar emprática durante alguns dias uma linha detransporte autônoma que atendia aosmoradores com tarifa zero.

    Nós, trabalhadores, professores, idosos,moradores de rua, artistas, engenheiros edesempregados, pense no quantopoderíamos melhorar na educação, saúde einfraestrutura se construíssemos umaplataforma de autogestão popular etivéssemos a liberdade de decidir o quefazer com a arrecadação dos nossosimpostos através de uma rede deassembléias populares, conselhos ecomissões horizontais, verdadeiros órgãosde democracia direta e concreta.

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg5

    Organizados dessa forma, as pessoasdeliberam o que deve ser feito na rua, naescola, nos serviços públicos e até nas leis, eescolhem porta-vozes. Eles mudam a cadaassembléia para dar chance de todosparticiparem e para dividir a tarefa, já quesabemos que nosso tempo é limitado e todosdevemos fazer parte. Assim, levam apenas oque foi decidido em seu bairro para aassembléia geral da cidade onde as decisõesserão discutidas e tomadas sem anecessidade de eleger políticosprofissionais.Entendendo que nossa ação é de baixo

    para cima, vamos aplicar a velha máxima“pensar globalmente, agir localmente”. Éurgente que voltemos nossa atenção paranossos espaços de convivência cotidianos: arua, o bairro, a cidade. Estes são os camposimediatos do desenvolvimento daautonomia popular. É necessário abrir odebate, encarar as diferenças, mostrar queum novo modelo de organização regionalnão só é possível como inevitável, uma vezque a cada eleição mais pessoas seconscientizam da farsa eleitoral e, ao redordo mundo, exemplos como as comunaszapatistas e curdas nos mostram arealização da democracia por fora doEstado.Vamos construir a autogestão das nossas

    cidades. Romper com anos de alienaçãopolítica, com as máfias imundas que sócriaram verdadeiros currais eleitoraisconstruídos a base de compras de votos efavores. Combater a dominação da políticaeleitoral através de uma política concreta,feita nas ruas, no trabalho, no dia a dia, efeita por nós mesmos; sem partidos, semchefes, sem privilegiados, semparlamentares! Parece difícil mas sóaprenderemos começando e agindo, e quemomento melhor do que agora mesmo?

    Por NELCAContato: [email protected]

    SEU VOTO NÃO VALENADA! GOLPE É O

    ESTADO!Uma conversa entre dois velhos amigos

    - Você viu o que aconteceu? Tiraram apresidenta e colocaram o vice. . . O que vocêachou disso?- Normal. A política é assim mesmo, um

    ninho de cobras onde cada um só se preocupacom seus interesses ou dos ricos que elesrepresentam. Alguém te perguntou o que vocêachava disso?- Claro que não! Mas eu votei nela e agora

    me arrependo. Até pensei em votar nulo masna hora fiquei com medo de um político piorganhar.. . E afinal, não podia desperdiçar meuvoto, minha oportunidade de participar edecidir os rumos do país!- Pois é amigo, mas você votou e o o seu

    voto não valeu nada. Nenhum voto vale nada.Veja só: mais 54 milhões votaram na candidataque foi eleita, aí uns meses depois esses votosjá não valiam mais nada. Os deputados esenadores, junto com o vice-presidente e opartido perdedor se organizaram e passaram aperna na presidenta. Agora você ficou comcara de trouxa com seu voto na mão.. . Setivesse jogado no lixo seria a mesma a coisa.Se tivesse votado nulo ou nem votado teriapelo menos a consciência tranquila de não terapoiado esse circo eleitoral e político, onde opalhaço é você. Mas não se preocupe, você nãoestá sozinho. Tem mais 54 milhões de trouxasque abdicaram de seu poder, acreditando naspromessas de um partido e foram traídos –pois você já sabe que nenhum político cumprecom as suas promessas de campanha e essapresidenta então.. . Mudou tudo logo no diaseguinte em que sentou na cadeira do palácio.- Mas então você acha que rolou um golpe

    mesmo?- Claro que sim! Mas esse golpe rolou

    muitos anos atrás. Aliás, muitos anos mesmo.Golpe é o Estado! Quando uma pessoa ou umgrupo de pessoas disse que seriam osgovernadores de um povo e ninguém dissenada, aí é que reside o único golpe que existiu.O resto é parte do jogo político paramanutenção dos poderosos no governo e acontinuidade da exploração e enganação dopovo que acredita precisar do Estado. E te digomais uma coisa: tanto numa ditadura comonuma democracia sempre as regras sãodecididas pelos “de cima” para manter “os debaixo” no mesmo lugar, sempre explorados eacreditando que têm voz através do voto.Coitados. Cordeiros caminhando para oabismo e achando bom.. .- Mas você é muito radical. . . Não é melhor

    votar no “menos pior”? Não é melhor umademocracia que uma ditadura?- Sim, uma democracia é mil vezes melhor

    que uma ditadura, mas a democraciarepresentativa já é muito ruim também. Opovo tem ilusão de que decide ao ir às urnasvotar a cada 4 anos, mas o sistema dealienação continua o mesmo. Seu voto é umcheque em branco para pessoas que já estãocomprometidas com outros interesses ou osseus próprios interesses. Chegando no podernão existe forma de controlar o que essaspessoas farão em seu nome.. . Pois é issomesmo, eles fazem tudo o que fazem em seunome.. . Eu e outras muitas pessoas nãoqueremos fazer parte dessa farsa e nãoqueremos dar o direito de um grupo deexploradores, malandros e canalhas controlemnossas vidas.. . pelo menos não farão isso commeu apoio, com meu voto. . . Não em meu nome!- Mas rapaz, como é que faz se o mundo é

    assim desde sempre? Não tem outro jeito, só seexplodir tudo e começar tudo de novo.. .- Não, meu amigo, o Estado nem sempre

    existiu e tenho certeza que não vai existir parasempre. Ele foi construído pela sociedade e damesma forma que surgiu pode desaparecer.Temos que trabalhar para isso, não adiantaficar parada ou somente votar nulo ou seabster. . . Não votar é um passo, temos que fazermais. . . E vou te dizer, você falou e disse:destruir todo esse sistema seria um bomcomeço, mas não basta. Temos que construirtambém e é por isso que eu não voto e acreditoque existe política além do voto, saca?- Não, eu não compreendo, não consigo

    entender essa coisa de política além do voto! Aestrutura já está toda aí: devemos nosinformar sobre os candidatos e suas propostas,votar naquele que melhor representa nossasideias, ou que achamos que promete mais deacordo com a realidade.. . E aí precisamosacompanhar o trabalho dele, ficar de olho,cobrar! Pressionar mesmo, enviando e-mail,postando os eventuais deslizes e absurdos nasredes sociais, ameaçando que se continuar

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg6

    assim não votaremos nele nas próximaseleições!- Certo. E quantas vezes você já fez isso?

    Por quanto tempo? Você sequer lembra dequem você votou nas últimas eleições paradeputado estadual? Federal? Senador?- É.. . bem.. . Deputado Federal eu lembro.

    Os outros não tenho certeza.- Viu!? E você acompanha a agenda desse

    seu deputado? Sabe o que ele faz? Sabe comogasta o nosso dinheiro, quais os projetos? Vocênão tem acompanhado o que ele tem feito porlá? Quais as decisões que ele tem tomado emseu nome.. .?- Sei. . . mais ou menos, na real. . . Gostei

    bastante das propostas de campanha dele.Mas na verdade estou meio por fora mesmo doque acontece por lá. Pior que acho queninguém está olhando muito mesmo para oque ele está fazendo ou deixando de fazer.- Pois é. Sabe quem está sempre olhando

    para o que os políticos fazem? E ainda porcima está dizendo o que ele tem que fazer?Quem financiou a campanha dele, e não quemvotou nele.- Será mesmo?- Você acha que os empresários que

    investiram mais de R$70 bilhões financiandoas campanhas de todos os políticos de todos ospartidos em 2014 não vão cobrar pelo “apoio”que deram? Nessa hora você acha que essepolítico vai cumprir com a palavra e honrar oque prometeu a você para ganhar o seu voto ouele vai atender aos interesses de quemfinanciou a campanha dele?- Ah, mas aí o problema é que as pessoas

    não sabem escolher, acabam escolhendo oscorruptos. . . Precisamos caçar os corruptos,saber escolher melhor! É por isso que caipresidente, como agora.- A questão é mais séria e mais profunda. O

    sistema é que é corrupto! Tanto faz quem estálá. Mesmo o mais bem intencionado vai secorromper para chegar ao poder. Já reparouque sempre tem escândalo de corrupção, hádécadas, há séculos, não importa quem sejaeleito? A política é estruturada de um jeito quenão tem qualquer ligação com a sociedade, comos anseios e vontades da nossa vida comum...É um mundo à parte, que de vez em quandoentra em contato com a gente.. . Mas que nãotem compromisso nenhum conosco, que estásempre decidindo coisas sobre a gente semperguntar nada para ninguém.. .- É, acho que tem razão.. . E o que vocês

    propõem no lugar, então? Não adianta sócriticar e não apresentar uma solução.. .- Propomos, ao invés da “democracia

    representativa”, que limita a nossaparticipação política apenas ao voto, uma“democracia direta”, onde as decisões sãotomadas pelas próprias pessoas envolvidas;pensando, decidindo e organizando por nós

    mesmos os rumos de nossa vida seja no bairro,no local de trabalho, enfim, em qualquerespaço, pelo apoio mútuo e de formahorizontal. Isto é autogestão: não há chefesnem presidentes, mas pessoas que respondempor si mesmas dentro do coletivo, isto é,pessoas autônomas, mas que tenhamcompromisso e responsabilidade para com ocoletivo. Desejamos que as pessoas nãotenham mais que escolher um governo, masque elas mesmas sejam seu próprio governo.- Concordo com você em todos os pontos

    levantados. Fazer política para além dademocracia representativa e tomar em nossaspróprias mãos os rumos de nossa vida, é defato o melhor para todos. Mas essa forma defazer política é impossível! Nunca em umasociedade tão complexa quanto a nossaconseguiríamos viver dessa maneira! É umautopia, não?- As suas palavras demonstram, na

    verdade, como que fomos impedidos de veroutras alternativas por essa políticarepresentativa medíocre que nos é imposta.Em nosso dia-a-dia nos juntamos e buscamosresolver os diversos problemas que nos afetam,não é verdade?- Como assim?- Quando nosso vizinho precisa de ajuda

    para encher a laje, fazemos um mutirão.Quando vemos um terreno baldio em nossobairro, nos juntamos e começamos uma horta.Se temos um direito que não é respeitadoorganizamos protestos e manifestações. Umapoiando o outro. . . Não é assim?- É, pode até ser. Mas são coisas tão

    pequenas e pontuais, não mudam nada alémde ser uma troca de gentilezas pessoais navizinhança.. . Isso não muda o sistema.- É? Mas imagine se uma pessoa que vive

    no campo e que já possui muitos problemas emsuas poucas terras é espezinhada por umgrande dono de terras, plantador de eucalipto.A justiça não o ajuda, a polícia não o ajuda, ospolíticos não o ajudam! Ele precisa se juntar aoutras pessoas para continuar na sua terra,tão valiosa para ele! Ou se, em nosso bairro,que alaga toda vez que chove, montamos ummovimento de moradores para exigirmelhorias, não estamos indo além dessasgentilezas pessoais? Em todos esses casos, nãoestamos enfrentando diretamente quem nosprejudica?- Sim, estamos.. . E sem precisar de

    nenhum desse políticos. . .- Ou ainda coisas mais amplas! Um

    movimento de luta dos sem-teto é ajudadopelos vizinhos do bairro e da cidade, que sesolidarizam com a situação. Aumenta-se apassagem do transporte e a gente bloqueia oterminal de ônibus! Como você pode perceber,em diversos momentos nós tomamos conta denossa própria vida, nos unimos com outras

    pessoas e partimos para a ação, semdependermos de ninguém mais do que nósmesmos.- Certo, entendi mas ainda assim, essas

    coisas não se referem à organização de todasociedade.. . O único órgão que pode fazer isso éo Estado, auxiliado pelas empresas privadas.É justamente o Estado e os empresários nosoferecem serviços de saúde, educação e atédivertimento.- Novamente você caiu na lábia dos

    governantes e dos capitalistas, pois hojeexistem grupos que já se relacionam buscandosuprimir todas essas necessidades, sem oEstado e sem as empresas privadas.- Que tipo de grupos?- Ora, grupos que possuem hortas

    medicinais e que socializam essa sabedoriaque foi desenvolvida por gerações e gerações. . .Outros grupos promovem encontros paradiscutir textos e conversar sobre os problemasenfrentados hoje, desenvolvendo outra formade educação, uma educação livre. Existemainda outros que atraem os “holofotes” para siao ocuparem um prédio, uma casa, uma rua ouuma praça revelando as ineficiências do poderestatal e da iniciativa privada. Tais gruposfazem festas onde a comida possui verdadeirovalor, realizam exibições de filmes comdiscussão sobre o que foi assistido, promovemshows ao ar livre, no meio da praça pública.. .- E nesses grupos não existe uma liderança

    também? Não acabam recriando uma casta denovos políticos exploradores do povo?- Pelo contrário. Autogestão, solidariedade

    e apoio mútuo são os princípios de todos essesgrupos e indivíduos. Eles relacionam-se entresi de tal forma que há uma coesão de todos,mas respeitando a autonomia do grupo nessacoesão e do indivíduo ao grupo. Essa forma deorganização que já existe é o que propomos emsubstituição à forma estatal de organização.. .- E que forma de organização é essa?- Podemos nomeá-la como "Federalismo", e

    é uma forma política que está além do voto. . .Que só enxergamos, que só vivenciamosplenamente, quando nos dispomos a atuar porfora e contra a democracia representativa,fazendo a política das pessoas comuns!Fazendo política além do voto!- Parece que é mesmo possível fazer as

    coisas de maneira diferente.. .- Claro que sim. Basta nos organizarmos.

    Por isso te digo, amigo: não vote, organize-se!- Pode crer. Valeu pelo papo. Vou conversar

    sobre essas coisas lá em casa e com o pessoaldo trabalho. Ver se juntamos um pessoal paracomeçar a fazer alguma coisa.- Ótimo! Força pra vocês. Precisando de

    algo é só dar um toque. Falou?

    Biblioteca Terra LivreContato: [email protected]

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg7

    Oroboro sinistro ou dareforma trabalhista,

    previdenciária e eleições.

    Existe uma forte conexão entre aspráticas políticas com os meios de produção.Para o modelo de produção denominado

    capitalismo, é essencial que o Estadofuncione com sua percepção, com seu olhare que produza e reproduza seus conceitosideológicos em forma de uma legislação queo legalize e o legitime, de forma alimentartoda a estrutura e que esse se feche em si,num oroboro sinistro.Presenciamos uma reorganização dos

    meios de produção onde os gruposempresariais, das pessoas empreendedoras,fortemente orientadas pelo lucro máximo,custo mínimo, trazem referências deopressão e exploração do inicio daRevolução Industrial, como por exemplo, oaumento das jornadas de trabalhosuperiores a 10 horas diárias e uso depráticas insalubres nos locais de trabalhoanálogas a escravidão. E estão ocorrendoem boa parte do mundo. Podemos citar aEspanha, Itália, Argentina, México,Estados Unidos e a França, onde temosrecentemente presenciado um levantepopular por conta da reforma trabalhista.

    A reforma trabalhista em poucaspalavras é um mecanismo de flexibilizaçãoe precarização que unido a reformaprevidenciária, estenderá o tempo dessarelação de opressão e exploração daspessoas trabalhadoras.

    Os setores patronais e empresariaisrecorrentemente citam uma supostanecessidade de reduzir custos, tornando aprodução brasileira mais competitiva, compreço menor e mais atraente no mercadointernacional. Afirmam que a reformatrabalhista promoveria maior contrataçãona medida em que simplificaria e reduziriaa carga tributária. Querem de fato énegociar diretamente com as pessoastrabalhadoras, gerando convenções coletivase contratos individuais muito maislucrativos, onde poderão reduzir direitostrabalhistas de forma legal. Isso seria umprocesso de dumping social e quecaracteriza-se pela adoção de práticasdesumanas de trabalho, pelos setorespatronais/empresariais/empregadores, como objetivo de reduzir os custos de produçãoe, repetimos, aumentar os seus lucros, arazão de ser do capitalismo.

    Alvo da reforma trabalhista no Brasil éa Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).Iniciada em 1930, atendia demandas deproteção e controle estatal sobre as pessoastrabalhadoras. Sancionada em 1º de maio

    de 1943 pela ditadura de Vargas, é umaversão fac-símile da Carta del Lavorofascista italiana e um marco no desmonteda organização livre das pessoastrabalhadoras, regendo-as até o presentemomento.

    As conquistas de direitos atribuídas aCLT e que são as mais visadas pela reformatrabalhista, foram das organizações livresdas pessoas trabalhadoras, que em suamaioria eram anarcossindicalistas eobjetivavam não só uma melhorasignificativa na vida das pessoas trabalha-doras, como também a sua emancipaçãoatravés de uma organização autogestionáriados meios de produção, no qual osindicalismo revolucionário seria essa for-ma federalizada dos ramos de produção, obraço operacional do anarquismo. Oanarcossindicalismo no Brasil, temapresentado e debatido, a redução dajornada de trabalho para 30 horas semanaissem redução salarial; sobre o saláriomínimo necessário (conforme artigo 7º inc.IV da Constituição), que em junho estavaem R$3.940,00 enquanto que o salárionominal está em R$880,00. A organizaçãodas pessoas trabalhadoras é umaferramenta de luta direta e não um meio devida.

    As prioridades são diferentes entre aspessoas que estão no poder político eeconômico e as de nossa população e sãoperceptíveis nas cidades e nos campos. Aconstrução de uma política além do voto éurgente, uma política descentralizada,horizontal onde todas tenham de fato amploespaço de deliberação e execução, da formamais direta que possa ser construído. Issosim poderá ser chamado de democracia.Qualquer coisa contrária é ilusão e farsa,como as eleições para representantes dosdiversos cargos públicos.

    As eleições são processos controlados evigiados, que objetivam repor de tempos emtempos um conjunto de pessoas gestorasque atendem acima de tudo, aos interessesdos setores patronais e empresariais, queorquestram sempre formas e mecanismoslegislativos de exploração e opressão,resguardando uma legalidade aos seus atosde extrema ambição e ganância. Asreformas trabalhista e previdenciáriailustram esse argumento. Boa parte daspessoas candidatas pensa dentro da lógicado capital, de obtenção de vantagens parasi, para seus partidos e para seus grupos deapoio e financiadores.

    A população obrigada a votar, sustenta ooroboro mencionado. Através daemancipação, que é nossa obra, romperemoscom essa espiral.

    Por Fenikso Nigra

    FENIKSO NIGRAÉ uma união de pessoas

    anarquistas e esperantistas queatua em Campinas e região queexiste desde 2005. Nessa jornada demais de 10 anos, compartilhamosuma proposta não impositiva edesenvolvemos atividades compráticas anarquistas como saraus,palestras, oficinas, eventos,manifestações e campanhas deemancipação de todas, humanas enão humanas.Mantemos o sítio eletrônico

    ANARKIO.NET (desde 2007) emensalmente, de forma virtual ojornal A-Info, o zine A-Info PapoReto, a revista Aurora Obreira e oboletim em esperanto Anarkio.Abraçamos a proposta deste

    boletim (Ação Coletiva) eagradecemos a oportunidade asorganizações que o compõe.Nesse momento também estamos

    envolvidas com a IniciativaFederalista Anarquista Brasil (IFABrasil) e essa foi apresentada eaprovada no X Congresso daInternacional de FederaçõesAnarquistas realizado emFrankfurt/Alemanha.

    Todas as pessoas da regiãointeressadas em se unir nessaconstrução anarquica serão bemvindas!

    Contato e + informações:[email protected]

  • AÇÃO COLETIVA - Nº 2 - set/2016, Pg8

    Evento criado em 2001 em Araraquara,interior paulista e que visa a união, trocade conhecimentos, vivências entre pessoase organizações anarquistas. ExpressõesAnarquistas na intenção de trazer asdiversas manifestações e ações queocorrem dentro da grande bandeira negrado anarquismo, para o interior de SãoPaulo.Havia um entendimento de que

    enquanto na capital havia diversos grupose muitas atividades anarquistas, nointerior paulista a situação era diferente,poucos grupos e poucas atividades e esseseria um dos objetivos do realização doExpressões Anarquistas, fazer oanarquismo florescer intensamente nointerior paulista.Este ano será em Piracicaba nos dias

    08 e 09 de outubro no Espaço CulturalRaul Seixas. Rua Samuel Neves, 1416. Pi-racicaba/SP

    Mais informações e contato:[email protected]

    Neste ano a Feira Anarquista de São Paulo chega a sua 7ª edição histórica, celebrando os10 anos de sua primeira edição e a realização da sexta edição consecutiva. O evento tem secaracterizado, ao longo do tempo, por ser um espaço de encontro e troca entre militantesanarquistas de diferentes regiões do Brasil e do mundo e um espaço para um primeirocontato com as ideias ácratas para uma considerável parcela de pessoas. Cada edição daFeira contou com grupos e atividades distintos. Confira!

    Mais informações sobre a Feira Anarquista em:https://feiranarquistasp.wordpress.com

    Para saber mais sobre a Feira Anarquista acesse:Histórico - https://feiranarquistasp.wordpress.com/historico/

    Princípios - https://feiranarquistasp.wordpress.com/principios/

    ExpedienteAção Coletiva, Nº 2Setembro de 2016TIRAGEM: 5.000 exemplaresDISTRIBUIÇÃO GRATUITAContatos:Centro de Cultura Social - São Paulowww.ccssp.com.brfacebook.com/CCSSP33Rua General Jardim, 253 sala 22 Vila BuarqueCorrespondências: CP 702, São Paulo/SP - cep01031-970Email: [email protected]

    Livro: A TRAGÉDIA NA ESPANHA de Rudolf Rocker

    O ano de 2016 marca o 80º aniversário da Revolução Espanhola. Para comemorar esse momento histórico,a Biblioteca Terra Livre, em parceria com a L-Dopa, está reeditando o livro "A Tragédia na Espanha", deRudolf Rocker. O anarquista alemão faz uma profunda análise dos interesses em torno da Guerra Civil naEspanha e os aspectos construtivos do movimento operário e anarquista nos anos de 1936 e 1937. Preço:R$ 25,00.Para saber mais informações e fazer seu pedido, escreva para o email: [email protected] títulos disponíveis em: https://bibliotecaterralivre.noblogs.org/editora/nossos-livros/

    Livro: "O MOVIMENTO OPERÁRIO" deEdgar Leuenroth

    Em breve o Centro de Cultura Social lançará o livro “OMovimento Operário” de Edgard Leuenroth, importantemilitante anarquista do século passado. Edgard faz umareflexão sobre o movimento operário e o anarquismobrasileiro até 1968. Aguardem!

    Núcleo de Estudos Libertários CarloAldegheriwww.nelcarloaldegheri.blogspot.com.brfacebook.com/nelca.carloaldegheriRua Luiz Laurindo Santana 40, 1º andar,sala. Ferry Boat – Guarujá/SPEmail: [email protected]

    Ativismo ABCwww.ativismoabc.org/facebook: facebook.com/groups/lagartixapretaRua Alcides de Queiroz 161 - Santo AndréEmail: [email protected]

    Biblioteca Terra Livrewww.bibliotecaterralivre.noblogs.orgfacebook.com/bibliotecaterralivre/Correspondência: CP 195 São Paulo/SP - cep01031-970Email: [email protected]

    Fenikso Nigrawww.anarkio.net/feniksofacebook.com/feniksonigra/Email: [email protected] [email protected]