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BIODIVERSIDADE BRASILEIRAAvaliao e identificao de reas e aes prioritrias para conservao, utilizao sustentvel e repartio dos benefcios da biodiversidade nos biomas brasileiros

Ministrio do Meio Ambiente Secretaria de Biodiversidade e Florestas

BIODIVERSIDADE BRASILEIRAAvaliao e identificao de reas e aes prioritrias para conservao, utilizao sustentvel e repartio dos benefcios da biodiversidade nos biomas brasileiros

BRASLIA - DF 2002

Equipe PROBIO Projeto de Conservao e de Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira: DANIELA OLIVEIRA, DANILO PISANI, DILMA DE FTIMA QUEIROZ DE MENEZES, EDILEIDE SILVA, FTIMA OLIVEIRA, JOO ARTHUR SEYFFARTH, MARINEZ COSTA, MAURCIO AZEREDO, NILSON SILVA, RITA DE CSSIA CONDE, ROSNGELA ABREU, SHIRLEY RODRIGUES ANDRADE E UBIRATAN PIOVEZAN. Coordenadores da Avaliao, por Biomas Amaznia Brasileira JOO PAULO RIBEIRO CAPOBIANCO Cerrado e Pantanal ROBERTO B. CAVALCANTI Caatinga JOS MARIA CARDOSO DA SILVA Mata Atlntica e Campos Sulinos LUIZ PAULO PINTO Zona Costeira e Marinha SILVIO JABLONSKI Organizadora CILULIA MARIA MAURY Projeto Grfico MARILDA DONATELLI Reviso GISELA VIANA AVANCINI Fotos gentilmente cedidas por: Andr Alves, Andy Young, Antnio Edson Guimares Farias, Carlo Leopoldo Francini, Cludio Savaget, Denise Greco, Edward Parker, Enrico Marone, Eurico Cabral de Oliveira, Guilherme Fraga Dutra, Haroldo Castro, Haroldo Palo Jnior, Ilmar Santos, Juan Pratginests, Miguel T. Rodrigues, Ricardo Russo, Russel Mittermeier, Conservation International do Brasil e WWFBrasil. Apoio: Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira PROBIO; Global Environment Facility GEF; Banco Mundial BIRD; Conselho Nacional do Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq, Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento - Projeto BRA 00-021. Os textos tcnicos apresentados foram produzidos pelas instituies responsveis pelos workshops em seus respectivos biomas e apenas organizados por este Ministrio, no mbito do PROBIO.

AVALIAO e identificao de reas e aes prioritrias para a conservao, utilizao sustentvel e repartio dos benefcios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Braslia: MMA/SBF, 2002. 404 p. 1. Meio ambiente. 2. Biodiversidade. 3. Poltica ambiental. I. Ministrio do Meio Ambiente CDU 504.7

Ministrio do Meio Ambiente MMA Centro de Informao e Documentao Luis Eduardo Magalhes CID Ambiental Esplanada dos Ministrios Bloco B trreo 70068-900 Braslia DF Tel: 5561 317-1235 Fax: 5561 224 5222 e-mail: [email protected]

PREFCIO

Avaliar e identificar reas e aes prioritrias para a conservao dos biomas brasileiros Floresta Amaznica, Cerrado e Pantanal, Caatinga, Floresta Atlntica e Campos Sulinos e Zona Costeira e Marinha mostraram-se iniciativa pioneira e instigante, devido grande representatividade e importncia da biodiversidade brasileira, para o desenvolvimento sustentvel do Brasil. Com o desenvolvimento do Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira (PROBIO), pela primeira vez, foi possvel identificar as reas prioritrias para conservao da biodiversidade, avaliar os condicionantes socioeconmicos e as tendncias atuais da ocupao humana do territrio brasileiro, bem como formular as aes mais importantes para conservao dos nossos recursos naturais. O trabalho preliminar do PROBIO organizou informaes sobre todos os biomas, que se encontravam dispersas em dezenas de rgos pblicos e instituies privadas, e gerou um considervel acervo que constituiu, para alguns dos biomas brasileiros, o primeiro trabalho do gnero. O segundo passo foi o envolvimento de diferentes instituies, nacionais e internacionais, e de pesquisadores de todas as regies do Pas, firmemente apoiados por este Ministrio, em um esforo indito para gerar informaes que permitem, agora, a adoo de aes capazes de proporcionar grande avano no conhecimento e na efetiva proteo da biodiversidade brasileira. Este trabalho representa tambm o cumprimento de compromissos assumidos pelo governo brasileiro, quando da assinatura da Conveno sobre Diversidade Biolgica, que determinou a cada uma das naes signatrias que estabelecesse suas prioridades de aes. com muito orgulho que o Ministrio do Meio Ambiente disponibiliza este livro, elaborado a partir de relatrios existentes e de outros resultantes da realizao de workshops de avaliao dos biomas brasileiros e que tem por objetivo sintetizar e consolidar os resultados obtidos, de forma a poder divulg-los amplamente para tomadores de deciso, proponentes e executores de projetos, instituies de ensino, de pesquisa e de extenso, entre outros. Este documento uma prova do esforo brasileiro em conhecer sua realidade e que dever nortear, daqui para frente, a poltica do Ministrio do Meio Ambiente para a conservao e o manejo sustentvel de nossa biodiversidade.

Jos Carlos Carvalho Ministro do Meio Ambiente

APRESENTAO

A Conveno sobre Diversidade Biolgica CDB, assinada em 1992, aborda aspectos importantes referentes ao tema biodiversidade, tais como: conservao e utilizao sustentvel, identificao e monitoramento, conservao ex situ e in situ, pesquisa e treinamento, educao e conscientizao pblica, minimizao de impactos negativos, acesso a recursos genticos, acesso tecnologia e transferncia, intercmbio de informaes, cooperao tcnica e cientfica, gesto da biotecnologia e repartio de seus benefcios, entre outros. O desafio da CDB conciliar o desenvolvimento com a conservao e a utilizao sustentvel da diversidade biolgica. Esta tarefa no ter xito, no entanto, sem a ajuda tecnolgica e financeira dos pases economicamente desenvolvidos. No se pode fazer pesquisas sem os recursos genticos dos pases pobres e/ou em desenvolvimento, geralmente ricos em biodiversidade. A CDB trata dessas assimetrias e prope diretrizes para super-las, reconhecendo o princpio da diviso dos custos decorrentes do uso da biodiversidade e dos benefcios advindos da comercializao dos produtos resultantes do intercmbio entre pases ricos e pases pobres. O Brasil, como pas signatrio da CDB, deve apoiar aes que venham a dotar o governo e a sociedade de informaes necessrias para o estabelecimento de prioridades que conduzam conservao, utilizao sustentvel e repartio de benefcios da diversidade biolgica brasileira. Para cumprir com as diretrizes e as demandas da CDB, o Pas deve elaborar sua Poltica Nacional de Diversidade Biolgica, bem como implementar o Programa Nacional da Diversidade Biolgica PRONABIO, viabilizando as aes propostas pela Poltica Nacional. O Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira PROBIO, o componente executivo do PRONABIO, tem como objetivo principal apoiar iniciativas que ofeream informaes e subsdios bsicos para a elaborao tanto da Poltica como do Programa Nacional. O conhecimento das reas e das aes prioritrias para a conservao do uso sustentvel e a repartio de benefcios da biodiversidade brasileira um subsdio fundamental para a gesto ambiental. Para atender a esta demanda, o PROBIO apoiou a realizao de cinco grandes avaliaes divididas por bioma, envolvendo especialistas, tomadores de deciso e organizaes no-governamentais. Com uso de metodologia inovadora, que pressups a elaborao prvia de documentos por especialistas, foi realizada discusso para indicao, por consenso, de reas e de aes prioritrias para todo o Pas.

Cada avaliao por bioma teve como resultados: sumrio executivo e mapa-sntese, relatrio tcnico, alm de documentos e mapas temticos que esto sendo disponibilizados on-line. Este livro consolida as informaes referentes s cinco avaliaes por bioma, que esto contempladas nos respectivos sumrios executivos. A idia oferecer um instrumento de consulta rpida que sintetize as recomendaes e indique as reas e as aes prioritrias para conservao e uso sustentvel da biodiversidade brasileira, tornando acessvel, para gestores pblicos e privados e sociedade em geral, o resultado desse enorme esforo de parceria entre governo, universidades e organizaes no-governamentais. Este documento tem um captulo introdutrio abordando os objetivos gerais das avaliaes. A metodologia foi sintetizada em um nico captulo, abordando todos os biomas. Em seguida so apresentados os textos que tomaram como base os respectivos sumrios executivos. Ao final apresenta-se um captulo de concluso. Acreditamos que este esforo resultar em uma srie de aes em benefcio da biodiversidade brasileira. Na rea governamental j podem ser notadas vrias aes que procuram atender s recomendaes das avaliaes por bioma, como, por exemplo, o apoio a projetos de gesto participativa e de desenvolvimento sustentvel no entorno de Unidades de Conservao, de inventrios biolgicos rpidos em reas insuficientemente conhecidas e de manejo de espcies ameaadas de extino. Este trabalho subsidiou o reconhecimento de uma abrangente Reserva da Biosfera do Sistema MAB (Man and Biosphere) da UNESCO para cada um dos principais biomas brasileiros. Serve de base tambm criao de inmeras outras reas protegidas. um esforo importante que realiza, pela primeira vez no Brasil, uma sistematizao de dados deste porte. Deve, no entanto, ser revisto periodicamente, sofrendo os aperfeioamentos que a tcnica e mais conhecimento proporcionaro. Agradeo imensamente a todos, e so muitos, que contriburam para estes resultados, conclamando os que conhecerem estes resultados a se empenharem na sua implementao.

Jos Pedro de Oliveira Costa Secretrio de Biodiversidade e Florestas

SIGLASACIRNE - Associao das Comunidades Indgenas do Rio Negro ADENE Agncia de Desenvolvimento do Nordeste AGROTEC - Centro de Tecnologia Agro-ecolgica de Pequenos Agricultores AHIMOR - Administrao das Hidrovias da Amaznia Oriental AHITAR - Administrao da Hidrovia Tocantins-Araguaia ANA Agncia Nacional das guas ANEEL - Agncia Nacional de Energia Eltrica APA - rea de Proteo Ambiental BASA - Banco da Amaznia S.A. BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BB Banco do Brasil BIRD Banco Mundial BN Banco do Nordeste BRG - Bureau des Ressources Gntiques CAF Corporacin Andina de Fomento CHESF Companhia Hidreltrica do So Francisco CI - Conservation International do Brasil CIRM Comisso Interministerial para os Recursos do Mar CNPMF - Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura da Embrapa em Cruz das Almas (BA) CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPT Centro Nacional de Populaes Tradicionais e Desenvolvimento Sustentvel CNRS - Centre National de la Recherche Scientifique COBRAPHI - Comisso Brasileira para Programas Hidrolgicos Internacionais CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente CODEVASF Conpanhia de Desenvolvimento do Vale do So Francisco COICA Confederao das Organizaes Indgenas da Bacia Amaznica CPAA - Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amaznia/Embrapa CPATU - Centro de Pesquisa Agropecuria do Trpico mido/Embrapa CRI - Cartrio de Registro de Imveis CTA - Centro dos Trabalhadores da Amaznia DCA - Detrended Correspondece Analysis DER - Departamento de Estradas de Rodagem DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNOCS Departamento Nacional de Obras contra a Seca DOU - Dirio Oficial da Unio ECOPOR - Ao Ecolgica Vale do Guapor EDELCA Eletrificacin del Caroni C. A. EIA Estudo de Impacto Ambiental ELETROBRAS - Centrais Eltricas Brasileiras ELETRONORTE - Centrais Eltricas do Norte do Pas EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luz de Queiroz ESEC - Estao Ecolgica FAO - Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao FAP Fundao de Amparo Pesquisa FEMA - Fundao Estadual do Meio Ambiente FENOC Federacin Nacional de Organizaciones Campesinas FEPAM - Fundao Estadual de Proteo Ambiental Henrique Luis Roessler FERRONORTE - Ferrovias Norte Brasil S. A. FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos FJP - FUNDAO JOO PINHEIRO FLONA - Floresta Nacional FN - Fundao Pr Natureza

FNO - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte FPM Fundo de Participao dos Municpios FNE - Fundo de Desenvolvimento do Nordeste Agrcola FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente FOIRN - Federao das Organizaes Indgenas do Rio Negro FUNAI - Fundao Nacional do ndio FUNATURA - Fundao Pr Natureza GEF Global Environment Facility GIS - Geographic Information System GLP - Gs Liquefeito de Petrleo GT Grupo de Trabalho GTA - Grupo de Trabalho Amaznico IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBDF - Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria IPA ndice de Presso Antrpica IPOA-Seabirds Plano Internacional de Ao para a Reduo da Captura Incidental de Aves Marinhas IPOA-Sharks Plano Internacional de Ao para o Ordenamento das Pescarias de Tubaro IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econmico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte IDH - ndice de Desenvolvimento Humano IMAZON - Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amaznia INCRA - Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPAM - Instituto de Pesquisas Ambientais da Amaznia IP - Instituto de Pesquisas Ecolgicas IPEA - Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IRD - Institut Franaise de Recherche Scientifique pour le Dvlopment en Cooperation ISA - Instituto Socioambiental ISPN - Instituto Sociedade, Populao e Natureza IUCN - World Conservation Union (Unio Internacional para a Conservao da Natureza) LME - Large Marine Ecosystems MEC Ministrio da Educao MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MMA - Ministrio do Meio Ambiente MPEG - Museu Paraense Emlio Goeldi MPO - Ministrio do Planejamento e Oramento MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MZUSP - Museu de Zoologia da Universidade de So Paulo NAEA - Ncleo de Altos Estudos da Amaznia NAFTA - North American Free Trade Agreement NOAA Nacional Oceanic and Atmospheric Administration NUPAUB - Ncleo de Apoio Pesquisa sobre Populaes Humanas e reas midas Brasileiras ODA - Overseas Development Agency ONG Organizao no Governamental OIT - Organizao Internacional do Trabalho PAM Produo Agrcola Municipal PE Parque Estadual PARNA - Parque Nacional PLANAFLORO - Plano Agropecurio e Florestal de Rondnia PNUD - Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PP-G7 - Programa Piloto para Proteo das Florestas Tropicais - Grupo dos Sete PROBIO - Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira

PRODEAGRO - Projeto de Desenvolvimento Agro Florestal de Mato Grosso PRODES - Projeto de Estimativa do Desflorestamento da Amaznia / Inpe PRONABIO - Programa Nacional de Diversidade Biolgica PIBIC Programa de Bolsas de Iniciao Cientfica PNMA Programa Nacional de Meio Ambiente PPA Plano Plurianual PPM Produo de Pecuria Municipal PRODECER Programa de Cooperao Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados PROMAR Programa de Mentalidade Martima PRONAF Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar RADAM - Projeto de levantamento e mapeamento de recursos naturais do Brasil, solo, geologia, geomorfologia, vegetao e uso da terra, utilizando como base imagens gerada por Radar. Desenvolvido pelo Governo brasileiro durante as dcadas de 70 e 80, ficou conhecido tambm como Projeto Radam. REBIO - Reserva Biolgica RIMA - Relatrio de Impacto Ambiental RIRN - Reserva Indgena de Recursos Naturais REDS Resrva de Desenvolvimento Sustentvel RESEC Reserva Ecolgica RESEX Reserva Extrativista REVIZEE Avaliao do Potencial Sustentvel dos Recursos Vivis na Zona Econmica Exclusiva RHAE Programa de capacitao de Recursos Humanos RIMA Relatrio de Impacto Ambiental RPPN Reserva Particular do Patrimnio Natural SAF - Sistema Agroflorestal SECTAM - Secretaria de Estado de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Par SEINF - Secretaria de Infra-Estrutura SIG - Sistema de Informaes Geogrficas SNE - Sociedade Nordestina de Ecologia SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza SPU - Secretaria de Patrimnio da Unio SUDEPE - Superintendncia do Desenvolvimento da Pesca SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do Cear SMA Secretaria de Meio Ambiente (SP) SUDEMA Superintendncia do Meio Ambiente TFF - Tropical Forest Foundation (Fundao Florestas Tropicais) TI - Terra Indgena UC - Unidade de Conservao UFPA - Universidade Federal do Par UnB Universidade de Braslia UNEP - United Nations Environment Programme USAID - United States Agency for International Development USP - Universidade de So Paulo UFPE Universidade Federal de Pernambuco VIE - Valor de Importncia Especfico. VIF - Valor de Importncia da Famlia WWF - World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natureza) ZEE Zona Exclusiva Econmica

SUMRIO

I II III 12 14 19 133 175 215 267 341

Prefcio Apresentao Siglas Introduo Metodologia Amaznia Brasileira Caatinga Cerrado e Pantanal Mata Atlntica e Campos Sulinos Zona Costeira e Marinha Sntese Nacional

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INTRODUO

A humanidade retira alimento, remdios e produtos industriais da biodiversidade, entre os 10 milhes de seres que formam a fantstica riqueza biolgica do Planeta, localizada principalmente nas suas florestas tropicais. O Brasil possui a maior cobertura de florestas tropicais do mundo, especialmente concentrada na Regio Amaznica. Por esta razo, aliada ao fato de sua extenso territorial, diversidade geogrfica e climtica, nosso pas abriga uma imensa diversidade biolgica, o que faz dele o principal entre os pases detentores de megadiversidade do Planeta, possuindo entre 15% a 20% das 1,5 milho de espcies descritas na Terra. Possui a flora mais rica do mundo, com cerca de 55 mil espcies de plantas superiores (aproximadamente 22% do total mundial); 524 espcies de mamferos, 1.677 de aves, 517 de anfbios e 2.657 de peixes (LEWINSOHN&PRADO, 2000). Diante da carncia de informaes sobre como e o que preservar prioritariamente, um dos maiores desafios para os responsveis pelas decises quanto conservao da biodiversidade a definio de planos de ao e linhas de financiamento. Na ltima dcada, vrias iniciativas levaram identificao de prioridades mundiais para a conservao, considerando ndices de diversidade biolgica, grau de ameaa, ecorregies, entre outros critrios. A identificao de prioridades regionais representa passo adiante neste esforo, quando as decises podem ser traduzidas em aes concretas, com a aplicao eficiente dos recursos financeiros disponveis. O Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira (PROBIO), no mbito do Programa Nacional da Diversidade Biolgica (PRONABIO), foi estruturado especialmente para desenhar estratgias regionais de conservao da biodiversidade para os principais ecossistemas do Pas. Por sua iniciativa, foi promovido um conjunto de seminrios de consultas regionais (workshops), como parte do cumprimento s obrigaes do pas junto Conveno sobre Diversidade Biolgica, firmada durante a RIO-92, e para subsidiar a elaborao da Poltica Nacional de Biodiversidade. Foram cinco os subprojetos desenvolvidos, listados aqui por ordem de suas realizaes: Aes Prioritrias para a Conservao da Biodiversidade do Cerrado e do Pantanal, realizado por uma parceria entre as instituies Fundao Pr-Natureza - FUNATURA, Conservation International do Brasil CI, Fundao Biodiversitas e Universidade de Braslia UnB; apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq e da Financiadora de Estudos e Projetos FINEP. Avaliao e Aes Prioritrias para Conservao do Bioma Floresta Atlntica e Campos Sulinos, sob a coordenao da Con-

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servation International do Brasil em parceria com a Fundao SOS Mata Atlntica, a Fundao Biodiversitas, o Instituto de Pesquisas Ecolgicas - IP, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo e o Instituto Estadual de Florestas IEF/MG. Avaliao e Identificao de Aes Prioritrias para a Conservao, Utilizao Sustentvel e Repartio dos Benefcios da Biodiversidade da Amaznia Brasileira, realizado pelo Instituto Socioambiental ISA (coordenao geral), Instituto de Pesquisas Ambientais da Amaznia IPAM, Grupo de Trabalho Amaznico GTA, Instituto Sociedade, Populao e Natureza ISPN, Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amaznia IMAZON e Conservation International do Brasil. Avaliao e Aes Prioritrias para a Zona Costeira e Marinha, realizado em parceria pela Fundao BIO RIO, Secretaria de Estado de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Par SECTAM, Instituto de Desenvolvimento Econmico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte IDEMA, Sociedade Nordestina de Ecologia SNE, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo SMA e Fundao Estadual de Proteo Ambiental Henrique Luis Roessler, do Rio Grande do Sul FEPAM. Avaliao e Aes Prioritrias para Conservao da Biodiversidade do Bioma Caatinga, realizado por um consrcio entre a Universidade Federal de Pernambuco UFPE (a quem coube a coordenao), a Conservation International do Brasil, a Fundao Biodiversitas, a Embrapa Semi-rido e a Fundao de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco. Os objetivos gerais, comuns a todos os subprojetos, foram: 1. Consolidar as informaes sobre a diversidade biolgica do Pas e identificar lacunas de conhecimento; 2. Identificar reas e aes prioritrias para conservao, com base em critrios especficos estabelecidos para cada bioma; 3. Identificar e avaliar a utilizao e as alternativas para uso dos recursos naturais, compatveis com a conservao da biodiversidade; e 4. Promover um movimento de conscientizao e participao efetiva da sociedade na conservao da biodiversidade do bioma em pauta. O sucesso das recomendaes e das estratgias definidas depende, em grande parte, do comprometimento dos setores ligados utilizao e proteo dos recursos naturais com as propostas apresentadas. Em vista disso, uma abordagem participativa foi adotada, por meio da qual especialistas de diversas reas de conhecimento e de atuao identificaram, em conjunto, medidas que possam contribuir para a proteo da biodiversidade regional. O consenso tcnico-cientfico e a incorporao dos resultados nas polticas pblicas nacionais endossam e fortalecem as estratgias definidas e criam um contexto favorvel para a efetiva implantao das medidas sugeridas.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o trabalho foi baseada, em linhas gerais, no Programa de Workshops Regionais de Biodiversidade da Conservation International. Basicamente, ela consiste na reunio de um conjunto de informaes de alta qualidade sobre vrios aspectos biolgicos, sociais e econmicos de uma regio, para servir de apoio definio, por um conjunto de especialistas de diversas disciplinas trabalhando de forma participativa, de reas e de aes prioritrias para a conservao. Foram realizadas cinco avaliaes de reas e de aes prioritrias para a conservao de biodiversidade, abrangendo um conjunto de sete biomas, a saber: Cerrado e Pantanal, Mata Atlntica e Campos Sulinos, Caatinga, Amaznia e Ecossistemas Costeiros e Marinhos. Embora contendo particularidades e pequenas variaes, cada subprojeto foi planejado para ser desenvolvido em quatro fases: 1. Fase Preparatria; 2. Fase Decisria (realizao do workshop); 3. Fase de Processamento e de Sntese dos Resultados; 4. Fase de Disseminao dos Resultados e de Acompanhamento de sua Implementao. A Fase Preparatria constituiu-se no levantamento, na sistematizao e no diagnstico de dados cientficos atualizados, biolgicos e no-biolgicos, do bioma em pauta. Foram disponibilizados, na Internet, os mapas e os relatrios produzidos, para avaliaes prvias pelos participantes da etapa seguinte. Em alguns casos, comps ainda a fase preparatria a realizao de reunies visando primeira avaliao e ao aprimoramento dos documentos desenvolvidos nesta fase. Na Fase Decisria para definio de prioridades, em linhas gerais, os participantes (cientistas de diversas reas, profissionais ligados gesto governamental, especialistas em socioeconomia e populaes humanas, representantes do setor empresarial e de organizaes no-governamentais) foram, inicialmente, divididos por grupos temticos para identificar reas prioritrias dentro da tica de cada tema e do grau de conhecimento cientfico sobre a diversidade biolgica. As reas definidas como prioritrias foram mapeadas e classificadas em quatro nveis de importncia biolgica nos grupos temticos, de acordo com a classificao a seguir: rea de extrema importncia biolgica; rea de muito alta importncia biolgica; rea de alta importncia biolgica e rea insuficientemente conhecida, mas de provvel importncia biolgica. Na segunda etapa da Fase Decisria, as informaes obtidas foram integradas por grupos multidisciplinares separados por regies geogrficas ou por ecorregies. Estes grupos integradores identificaram reas de importncia consensual entre os diversos temas, mas tambm puderam destacar situaes nicas que exigissem ateno especial. Em reunies plenrias, com a

apresentao da sntese dos trabalhos, o mapa geral de prioridades foi refinado e as estratgias de conservao, discutidas. A Fase de Processamento e de Sntese dos Resultados do Workshop compreendeu a reviso e o aprimoramento de todos os documentos e mapas gerados antes e durante a fase anterior. Assim, foram consolidados os documentos e os relatrios produzidos e conferidos e refinados os mapas resultantes do trabalho dos grupos temticos e integradores. A fase de Disseminao dos Resultados e de Acompanhamento de sua Implementao compreende a disponibilizao dos resultados dos trabalhos para os diferentes rgos do governo, setor privado, acadmico e sociedade em geral e ainda est em andamento. Cada avaliao se props a disponibilizar as informaes obtidas por meio dos seguintes produtos: Relatrio tcnico contendo os documentos e os resultados produzidos previamente e durante o workshop; Sumrio executivo contendo mapa-sntese das reas e das aes prioritrias, descrio da metodologia, principais resultados oriundos dos grupos temticos e integradores e as principais aes e recomendaes para o bioma em pauta; Site na Internet contendo informaes relativas ao projeto; Mapa sntese, no formato de pster, das reas prioritrias para a conservao do bioma.

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Cerrado e PantanalO complexo formado pelo Cerrado e pelo Pantanal foi a primeira regio contemplada com a avaliao das reas e das aes prioritrias para a conservao da biodiversidade. Entre 23 e 27 de maro de 1998, em Braslia, foi realizada a Fase Decisria, quando os participantes foram divididos em grupos temticos para identificar reas prioritrias dentro da tica de cada tema e do grau de conhecimento cientfico sobre a diversidade biolgica, contemplando os seguintes grupos biolgicos e no-biolgicos: vegetao e flora, invertebrados, biota aqutica, rpteis e anfbios, aves, mamferos, fatores abiticos, socioeconomia e desenvolvimento e Unidades de Conservao. O conceito de prioridade foi definido a partir de dois critrios bsicos. O primeiro diz respeito importncia biolgica e o segundo, urgncia das aes para a conservao de reas. A importncia biolgica tem um amplo espectro de avaliao, desde o nvel de espcies at o das grandes paisagens. Os locais de ocorrncia de endemismo, de espcies raras e ameaadas, de espcies migratrias e de interesse econmico, de uso cultural ou tradicional foram identificados. Foram tambm mapeadas as grandes extenses contnuas de cobertura vegetal nativa, da ordem de 100.000ha ou mais. Alm dos dados biolgicos, foram utilizados outros elementos determinantes de biodiversidade, como clima, solos e relevo. A urgncia de aes de conservao foi avaliada pelas presses demogrficas, a vulnerabilidade das reas naturais s atividades econmicas e expanso urbana e os incentivos atuais aos diversos tipos de explorao econmica.

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Mata Atlntica e Campos SulinosO workshop de Mata Atlntica e Campos Sulinos foi realizado em Atibaia, SP, entre os dias 10 e 14 de agosto de 1999. Na primeira etapa do workshop, mais de 250 participantes formaram grupos temticos para discutir as reas prioritrias dentro de sua especialidade (flora; invertebrados; rpteis e anfbios; aves; mamferos; peixes; fatores abiticos; presso antrpica; planejamento regional; reas protegidas; estratgias de conservao; e educao ambiental). Na segunda etapa, as propostas foram integradas no mbito dos grupos multidisciplinares, ocasio em que se procedeu anlise das prioridades para conservao, por sub-regies biogeogrficas preestabelecidas. As ecorregies foram adotadas como unidades geogrficas de anlise. Por motivos operacionais, as ecorregies foram reagrupadas em seis grupos integradores, alm de um grupo integrador de polticas ambientais. A identificao das prioridades nos grupos integradores foi feita a partir da sobreposio dos mapas temticos, de forma consensual entre os especialistas, ilustrando a importncia, em termos de biodiversidade e dos principais elementos condicionantes, de deciso sobre a base territorial para as aes de conservao. Finalmente, na reunio plenria, ltima etapa do workshop, foram apresentados os trabalhos-snteses, discutidas as estratgias de conservao fundamentadas nas experincias regionais e o mapa geral de prioridades.

Amaznia BrasileiraRealizado na cidade de Macap, AP, no perodo de 20 a 25 de setembro de 1999, o Seminrio de Consulta (workshop) da Amaznia Brasileira contou com a participao de 226 pessoas, entre representantes de organizaes governamentais (federais, estaduais e municipais), organizaes no-governamentais, movi mentos sociais, instituies de pesquisas pblicas e privadas, setor empresarial, pesquisadores (brasileiros e estrangeiros) e imprensa. Inicialmente os participantes foram divididos em 12 grupos temticos, sendo seis da rea biolgica (botnica, invertebrados, biota aqutica, rpteis e anfbios, aves e mamferos) e seis da rea no-biolgica (presses antrpicas, Unidades de Conservao, plos e eixos de desenvolvimento, funes e servios ambientais dos ecossistemas, povos indgenas e populaes tradicionais, e novas oportunidades econmicas). Os pesquisadores da rea biolgica delimitaram em mapas os padres de distribuio geogrfica da biodiversidade e definiram as reas mais importantes para o grupo. Simultaneamente, os outros seis grupos de especialistas desenvolveram anlises sobre os principais aspectos socioeconmicos da Amaznia Legal e estabeleceram um diagnstico da situao das Unidades de Conservao. Isto resultou na elaborao de um relatrio de aes prioritrias e de um mapa de reas prioritrias por tema. A seguir os participantes foram divididos por sete regies,

tendo sido definidos, aps dois dias de trabalho, sete mapas e um conjunto de 385 reas prioritrias. Este conjunto de informaes foi sintetizado em um nico mapa: reas Prioritrias para Conservao, Utilizao Sustentvel e Repartio dos Benefcios da Biodiversidade da Amaznia Brasileira. Com base no trabalho desenvolvido nos trs dias anteriores, os participantes foram redivididos em seis grupos de aes prioritrias para consolidao dos resultados regionais. Os resultados das discusses dos grupos foram sistematizados em relatrios contendo anlises de situao e recomendaes de aes.

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Zona Costeira e MarinhaO workshop de Zona Costeira e Marinha foi realizado em Porto Seguro, BA, entre 25 e 29 de outubro de 1999, com a participao de cerca de 150 pesquisadores. O primeiro passo para a implementao da estrutura operacional adotada foi a diviso do universo de pesquisa em cinco regies, definidas por similaridade nas feies litorneas dos estados: Norte (AP, PA e MA), Nordeste 1 (PI, CE e RN), Nordeste 2 (PB, PE, AL, SE e BA), Sudeste (ES, RJ, SP e PR) e Sul (SC e RS). Para cada regio foi elaborado um diagnstico, composto a partir de ampla reviso bibliogrfica e de questionrios enviados a todas as instituies de pesquisa da rea que trabalham com a temtica enfocada. Cada litoral regional foi subdividido em unidades fsico-ambientais, que serviram de base de anlise e de apresentao do trabalho, totalizando 45 compartimentos, para toda a costa brasileira. Os temas especficos adotados foram: esturios, manguezais e lagoas costeiras; dunas e praias; recifes de coral; banhados e reas midas costeiras; costes rochosos; restingas; quelnios; mamferos marinhos; aves costeiras e marinhas; telesteos demersais e pequenos pelgicos; atuns e afins; elasmobrnquios; bentos; plncton; e plantas marinhas. Durante o workshop, os participantes foram organizados em grupos de trabalho por rea temtica (ecossistemas/comunidades e grupos biolgicos), para a reviso do material disponvel, compreendido pelos trabalhos elaborados pelos coordenadores e consultores, pelas contribuies trazidas pelos participantes, pelos mapas-base preparados pela Coordenao do subprojeto e por demais referncias e documentos. Em paralelo, foram constitudos quatro grupos regionais que tiveram por objetivo a reviso dos diagnsticos apresentados; a anlise do potencial de utilizao de reas naturais e sua importncia para as comunidades humanas; os impactos sociais da conservao da biodiversidade; o acesso das comunidades e setores sociais aos recursos biolgicos; a avaliao das polticas pblicas e da legislao com impacto na diversidade biolgica (infra-estrutura de transportes, energtica ou produtiva, uso da terra, impostos etc.); os condicionantes econmicos e sociais que influenciam o uso e a degradao da diversidade biolgica; as fontes de poluio e de presso antrpica sobre o compartimento ou ecossistema/ambiente.

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A partir do trabalho dos grupos regionais foram gerados mapas com a distribuio da presso antrpica, na forma de manchas, obedecendo escala: baixa, mdia e alta. Na segunda fase do trabalho, os participantes foram organizados em cinco grupos regionais, somando-se, s quatro regies propriamente ditas, a rea da plataforma continental e ilhas ocenicas, de tal forma que especialistas dos diversos grupos temticos pudessem definir reas prioritrias regionais, a partir do mapeamento elaborado na primeira fase. Como produto desses grupos integradores foram produzidos os mapas com as reas prioritrias para conservao e suas respectivas aes recomendadas. Reunies plenrias, aps a primeira e a segunda etapa, permitiram a discusso e o refinamento das prioridades definidas.

CaatingaO workshop de Caatinga foi realizado em Petrolina, PE, entre 21 e 26 de maio de 2000, e contou com a participao de 115 pesquisadores. A dinmica de trabalho envolveu, inicialmente, a formao de seis grupos temticos biolgicos flora, invertebrados, biota aqutica, rpteis e anfbios, aves e mamferos que discutiram o estado de conhecimento e as lacunas de informao por rea temtica. Os critrios adotados para a identificao das reas prioritrias de cada grupo foram: distribuio e riqueza de elementos especiais da biodiversidade e a presena de fenmenos biolgicos nicos, tais como zonas de contato entre biotas, reas de repouso ou invernada de migrantes e comunidades biolgicas especiais. As reas prioritrias definidas pelos grupos temticos biolgicos foram ento classificadas em quatro categorias, de acordo com a sua importncia biolgica. As categorias de extrema importncia, de muito alta importncia e de alta importncia representam nveis decrescentes de importncia biolgica. A quarta categoria, reas de potencial importncia, mas com conhecimento insuficiente, classifica aquelas reas aparentemente bem conservadas, mas com lacunas enormes de conhecimento sobre suas biotas. Outros quatro grupos no-biolgicos estratgias de conservao, fatores abiticos, presso antrpica e desenvolvimento regional e uso sustentvel da biodiversidade reuniram-se paralelamente aos grupos biolgicos para gerarem produtos especficos. Com o objetivo de facilitar a integrao dos resultados obtidos, os grupos temticos foram reestruturados em grupos multidisciplinares, agrupados por regies predefinidas: Maranho/Piau; Cear; Rio Grande do Norte/Paraba; Pernambuco/Alagoas e Sergipe/ Bahia/Minas Gerais. Cada grupo regional analisou os mapas propostos pelos grupos temticos, organizando as informaes segundo critrios definidos. Alm dos grupos regionais, foi formado um grupo integrador para combinar todas as recomendaes propostas pelos grupos temticos em um conjunto nico de propostas de polticas pblicas para a conservao da biodiversidade da Caatinga. Finalmente, na reunio plenria, ltima fase da reunio de trabalho, foram apresentados os resultados dos grupos integradores regionais, discutidas as estratgias de conservao, as recomendaes de polticas pblicas e o mapa geral de prioridades.

AMAZNIA BRASILEIRA

WWF-Brasil/Juan Pratginests

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O Seminrio de Avaliao e Identificao de Aes Prioritrias para a Conservao, Utilizao Sustentvel e Repartio dos Benefcios da Biodiversidade da Amaznia Brasileira foi realizado por: Instituto Socioambiental ISA (coordenao geral), Instituto de Pesquisas Ambientais da Amaznia IPAM, Grupo de Trabalho Amaznico GTA, Instituto Sociedade, Populao e Natureza ISPN, Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amaznia IMAZON e Conservation International do Brasil CI. Contou com o apoio de: CNPq Conselho Nacional do Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico; Governo do Estado do Amap; GEF Global Environment Facility; BIRD Banco Mundial; WWF Brasil; USAID; FINEP; CEFORH; Rainforest da Noruega; Comisso Europia; ICCO. No site www.socioambiental.org/website/bio/index.htm, podero ser encontradas informaes relativas ao projeto e a ntegra dos documentos temticos, mapas simplificados e a lista das reas prioritrias para cada uma das regies trabalhadas durante o Seminrio Consulta. Comisso de Coordenao ADALBERTO VERSSIMO e EUGNIO ARIMA IMAZON ADRIANA MOREIRA e PAULO MOUTINHO IPAM ADRIANA RAMOS, GERALDO ANDRELLO e JOO PAULO R. CAPOBIANCO ISA DONALD SAWYER e MAURCIO PONTES ISPN IZA DOS SANTOS GTA LUIZ PAULO PINTO e ROBERTO CAVALCANTI CI Consultores temticos Invertebrados WILLIAM LESLIE OVERAL Biota aqutica RONALDO B. BARTHEM Anfbios CLAUDIA AZEVEDO-RAMOS e ULISSES GALATTI Rpteis RICHARD C. VOGT, GLUCIA MOREIRA e ANA CRISTINA DE OLIVEIRA CORDEIRO DUARTE Aves DAVID C. OREN Mastofauna MARIA NAZARETH F. DA SILVA, ANTHONY B. RYLANDS e JAMES L. PATTON Botnica BRUCE W. NELSON e ALEXANDRE A. DE OLIVEIRA Populaes tradicionais ANTONIO CARLOS DIEGUES, CARLOS ALBERTO RICARDO, GERALDO ANDRELLO, JOS HEDER BENATTI, JULIANA SANTILLI, MANUELA CARNEIRO DA CUNHA, MRCIA NUNES e MAURO ALMEIDA Unidades de Conservao FANY RICARDO, JOO PAULO R. CAPOBIANCO e LEANDRO V. FERREIRA Terras Indgenas FANY RICARDO e MRCIO SANTILLI Funes ecolgicas dos ecossistemas florestais PAULO MOUTINHO e DANIEL NEPSTAD Aspectos socioeconmicos ADALBERTO VERSSIMO, ANDR GUIMARES, DONALD SAWYER, EUGNIO ARIMA, EIRIVELTHON LIMA, MARKY BRITO e MAURCIO PONTES

PANORAMA DA AMAZNIA

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A maioria das florestas tropicais brasileiras est concentrada na regio amaznica e dos pouco mais de seis milhes de quilmetros quadrados que se estima ser hoje a rea total da Floresta Amaznica na Amrica do Sul, nada menos do que 60% esto em territrio brasileiro. A Amaznia possui grande importncia para a estabilidade ambiental do Planeta. Nela esto fixadas mais de uma centena de trilhes de toneladas de carbono. Sua massa vegetal libera algo em torno de sete trilhes de toneladas de gua anualmente para a atmosfera, via evapotranspirao, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a gua doce que despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre. Alm de sua reconhecida riqueza natural, a Amaznia abriga expressivo conjunto de povos indgenas e populaes tradicionais que incluem seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaueiras, entre outros, que lhe conferem destaque em termos de diversidade cultural. Este patrimnio socioambiental brasileiro chega ao ano 2002 com suas caractersticas originais relativamente bem preservadas. Atualmente, na Amaznia, ainda possvel a existncia de pelo menos 50 grupos indgenas arredios e sem contato regular com o mundo exterior. No plano nacional e internacional, entretanto, a Amaznia do sculo XXI muito mais do que um cone de representao simblica-cultural em termos de seu valor como natureza e cultura e para o equilbrio planetrio. Ela uma fronteira para a cincia e a tecnologia, em era marcada pelo avano das biotecnologias e da engenharia gentica. Seu potencial neste campo enorme. O Relatrio Nacional para a Conveno sobre Diversidade Biolgica (MMA, 1998) afirma que a diversidade biolgica tem importncia decisiva no plano econmico, sendo que o setor da agroindstria, por exemplo, que se beneficia diretamente do patrimnio gentico, responde por cerca de 40% do PIB nacional. O crescente mercado mundial de produtos biotecnolgicos, por sua vez, movimenta entre 470 bilhes e 780 bilhes de dlares por ano (Arnt, 2001) e o seu crescimento depende de princpios ativos e cdigos genticos existentes na natureza. Neste campo, a ironia da histria une as duas pontas da linha do tempo: em um dos extremos, os laboratrios mais avanados que a cincia j desenvolveu e, no outro, os conhecimentos das populaes tradicionais, que permitem a identificao dos princpios ativos escondidos na complexidade dos ecossistemas tropicais. Mas o futuro da Amaznia no ser definido apenas por sua importncia socioambiental e por seus potenciais. As ameaas de degradao avanam em ritmo acelerado. Os dados oficiais elaborados pelo INPE sobre o desmatamento na regio mostram que ele extremamente alto e est crescendo. J foram eliminados

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cerca de 570 mil quilmetros quadrados de florestas na regio, uma rea equivalente superfcie da Frana, e a mdia anual dos ltimos sete anos da ordem de 17,6 mil quilmetros quadrados (INPE 2001). Mantida esta taxa, em pouco mais de 30 anos ser dobrada a rea que levou 500 anos para ser eliminada. A situao pode, no entanto, ser mais grave. Os levantamentos oficiais identificam apenas reas onde a floresta foi completamente retirada, por meio das prticas conhecidas como corte raso. As degradaes provocadas por atividades madeireiras e queimadas no so contabilizadas (KRUG 2001). Se computssemos os 11.730 quilmetros quadrados de florestas queimadas no incndio de Roraima, em 1998 (SHIMABUKURO et al. 2000), mais os 15 mil quilmetros quadrados que se estima seja a rea impactada pela extrao seletiva de madeiras nobres a cada ano na regio (COCHRANE 2000), a rea total de floresta degradada no ano de 1998 aumentaria dos 17.383 quilmetros quadrados computados pelo INPE para 44.113 quilmetros quadrados, mais do que o dobro. Por outro lado, a expanso da soja sobre reas de cerrados e florestas na Amaznia pode constituir sria ameaa se no forem adotadas medidas de ordenamento ambiental. No perodo de 1997 a 2000, a produo dessa leguminosa no estado de Rondnia saltou de 4,5 mil toneladas para 45 mil toneladas, um crescimento de 900%. Neste contexto de oportunidades e ameaas, em que definir um planejamento estratgico para a regio amaznica inadivel, foi desenvolvido o projeto Avaliao e Identificao de Aes Prioritrias para a Conservao, Utilizao Sustentvel e Repartio dos Benefcios da Biodiversidade da Amaznia Brasileira.

SNTESE DOS GRUPOS TEMTICOSA seguir, ser apresentada a sntese dos resultados obtidos nos temas organizados em dois grupos: BIODIVERSIDADE (Vegetao, Invertebrados, Biota Aqutica, Rpteis e Anfbios, Aves e Mamferos) e FATORES DE PRESSO E VULNERABILIDADE (Funo e Servios Ambientais, Populaes Tradicionais e Povos Indgenas, Eixos e Plos de Desenvolvimento, Novas Oportunidades Econmicas, Presso Antrpica, Unidades de Conservao). Os mapas so representaes esquemticas das reas identificadas pelos participantes do workshop, ilustrando as anlises realizadas.

Biodiversidade

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VegetaoRicardo Russo

PUPUNHA

A riqueza da flora fanerogmica amaznica tem sido estimada em aproximadamente 21.000 espcies (GENTRY 1982) sendo que, segundo informaes obtidas a partir de estudos em herbrios, a Amaznia Central abriga maior diversidade do que Amaznia Oriental. Comparada com outras florestas midas neotropicais, a Floresta Amaznica apresenta maior nmero de espcies com distribuio ampla. importante salientar, no entanto, que os dados de herbrios ainda no permitem retratar adequadamente a geografia da diversidade vegetal e as concentraes de endemismos no-edficos da regio. Este problema conseqncia, por um lado, do fato de muitas espcies serem rarefeitas e, por outro, de o esforo de coleta ser regionalmente heterogneo, gerando listagens locais incompletas e, portanto, comparaes tendenciosas entre elas. Este problema persiste, apesar da existncia de aproximadamente 300 mil diferentes coletas herborizadas de angiospermas da Amaznia Brasileira. Os padres fitogeogrficos na Amaznia so mais confiveis quando inferidos a partir de levantamentos realizados em parcelas de 1 hectare. A anlise de diversos inventrios publicados, efetuados com a coleta de exsicatas, e os estudos de Steege et al. (2000) demonstram que: a riqueza de espcies de rvores em parcelas mais alta na parte central e na ocidental da Amaznia, em comparao com a parte oriental e as Guianas; existe uma relao entre a riqueza da parcela e a pluviosidade anual, atingindo o assntota entre 2.000 e 2.500 mm ao ano; e, considerando a abundncia de rvores nas famlias, o eixo de maior variao florstica constitui um gradiente SW/NE, passando pela Amaznia Central. Adotando-se a abundncia de rvores nas famlias e os gneros como medida de similaridade, a anlise multivariada de parcelas revela dois indicadores de complementaridade florstica muito teis para a definio de locais para a criao de novas Unidades de Conservao (UCs): fitofisionomia e distncia geogrfica. A anlise da cobertura atual da proteo legal das 21 fitofisionomias da Amaznia Brasileira tidas como floristicamente dissimilares, conforme os dados do projeto RADAM (IBGE, 1997) e o sistema de classificao de VELOSO et al. (1991), permite verificar que as Unidades de Conservao so freqentemente mal distribudas, gerando lacunas e falta de conectividade entre elas. Como conseqncia, espcies localmente endmicas, assim como a diversidade gentica abaixo do nvel de espcie, esto vulnerveis. Com base nesta metodologia, possvel constatar que 17 das 21 fitofisionomias da regio tm menos de 10% de sua rea resguardados por Unidades de Conservao de proteo inte-

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gral. Sendo que sete delas apresentam menos de 2% de sua rea sob proteo: floresta montana sazonalmente decdua (0% sob proteo integral); floresta ombrfila aberta com dominncia de cips (0,9%); florestas de transio sazonalmente semidecduas (1,3%) e decduas (0,4%) at 600 metros de altitude; o ectono entre savana e floresta de dossel fechado (0,6%); o cerrado (1,9%); e o cerrado stricto sensu (1,1%). O quadro agravado pelo fato de estas fitofisionomias estarem concentradas nas proximidades de reas desmatadas ou degradadas, sendo, portanto, ameaadas. Quando as categorias de Unidades de Conservao menos restritivas (de uso sustentvel) e as Terras Indgenas so inseridas na anlise, todas as 21 fitofisionomias passam a apresentar mais do que 10% de suas reas sob proteo. Finalmente, o estudo desenvolvido classificou a distribuio geogrfica das Unidades de Conservao como tima, regular ou ruim. Das 21 fitofisionomias, 13 tiveram distribuio ruim de suas Unidades de Conservao de proteo integral. Quando ambos os nveis de proteo, proteo integral e uso sustentvel so considerados, quatro fitofisionomias permanecem na categoria ruim: floresta montana sempre-verde; floresta montana sazonalmente decdua; formaes pioneiras costeiras de manguezal e arbustal; e ectono entre savana e floresta de dossel fechado. Estas fitofisionomias tm pequenas extenses e suas reas mais distantes de Unidades de Conservao esto em regies onde se verificam atividades de desmatamento, extrao de madeira e incndios. So, portanto, de alta prioridade. Durante o Seminrio Consulta de Macap, foram identificadas 61 reas prioritrias para vegetao na Amaznia (ver mapa). Entre elas, 28 (45,9%) apresentam alta riqueza de espcies, 25 (41%) tm alto endemismo (principalmente edfico) de espcies e apenas duas (3,3%) possuem elevado grau de conservao (Tabela 1). Tabela 1 reas prioritrias para vegetao. Elementos de diagnstico com valor mximo diagnstico Elementos de diagn stico Riqueza de espcies Endemismos Diversidade filtica Fragilidade intr nseca Fenmenos biol gicos Fen menos biolgicos especiais Hotspots ameaadas Riqueza de espcies raras/amea adas biolgico Valor biol gico ameaa Grau de amea a Espcies de importncia econ mica import cia n Grau de conserva o o1

reas N ero de eas m r 28 25 13 13 12 11 10 9 7 4 2

%

1

45,9 41,0 21,3 21,3 19,7 18,0 16,4 14,8 11,5 6,6 3,3

Sobre o total de eas indicadas (61) r

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reas prioritrias para o grupo temtico sobre Botnica

(pontuao: 1 = baixa a 5 = alta prioridade da recomendao) BT 001 - Peixe-Boi, Vila Anani. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 Manejo: 4. BT 002 - Contato floresta-savana em Maraj. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 5 Manejo: 1. BT 003 - Castanhais. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Manejo: 5. BT 004 - Cacaual Cacipor Cunani. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BT 005 - Cerrado Marac Santa Clara. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 1 - Manejo: 5. BT 006 Cerrado do Amap Grande. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 1 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BT 007 - Floresta seca-savana. Aes recomendadas: Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BT 008 - Contato Floresta-Savana Humait. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 2 - Criao de UC: 5 Manejo: 4. BT 009 - Floresta Savana. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4 Manejo: 4. BT 010 - Alto Jari e Amapari. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. BT 011 - Alto Jari e Amapari. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. BT 012 - Vrzeas do Rio Branco. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. BT 013 - Serra do Maicuru. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 1. BT 014 - Serra dos Carajs. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 2 - Criao de UC: 5 Manejo: 5. BT 015 - Pico da Neblina. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 1 Manejo: 2. BT 016 - Rio Iana e serra do Igarap Pgua. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 - Manejo: 1. BT 017 - Igaps do rio Amazonas. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5.

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BT 018 - Campinas do mdio rio Madeira e alto Andir. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 - Manejo: 5. BT 019 - Floresta de bambu isolada. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. BT 020 - Campinas do alto Juru. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. BT 021 - Norte de Manaus. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 2 - Criao de UC: 2 Manejo: 5. BT 022 - Mdio rio Negro - rio Cuiuni. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. BT 023 - Tepui Surucucus. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 4. BT 024 - Tepui serra de Ufaranda. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. BT 025 - Serra das Andorinhas, rea ao Norte. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 5 Manejo: 4. BT 026 - Alto rio Juru. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 4. BT 027 - Mdio e alto rio Tarauac. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 3. BT 028 - Alto rio Acre. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 4. BT 029 - Rio Iaco - rio Macau. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 Manejo: 4. BT 030 - Microbacias do rio Acre. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 4. BT 031 - Monte Roraima. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 2 Manejo: 3. BT 032 - Tepui serra do Arac. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 2. BT 033 - Contato floresta seca-savana no Oeste de Roraima. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BT 034 - Interflvio rio Purus Juru. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. BT 035 - reas sem coleta botnica. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 5. BT 036 - Ecorregio Purus Madeira. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 037 - Ecorregio Purus Madeira. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 038 - Ecorregio de Caquet. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 039 - Ecorregio vrzeas do Gurup e Monte. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 040 - Ecorregio vrzea de Monte Alegre. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 041 - Ecorregio Xingu - Tocantins Araguaia. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 042 - Ecorregio Xingu - Tocantins - Araguaia ( Baixo Xingu. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 043 - Ecorregio Florestas Secas de Mato Grosso ( Alto Xingu).Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 044 - Ecorregio Florestas Secas de Mato Grosso. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 045 - Ecorregio Pantanal. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 046 - Ecorregio Uatum - Trombetas e Savana das Guianas. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 047 - Ecorregio Uatum - Trombetas e Ecorregio Florestas das Guianas. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 048 - Ecorregio sudoeste da Amaznia. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 049 - Ecorregio savanas das Guianas. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BT 050 - Ecorregio interflvio Tapajs Xingu. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 051 - Ecorregio Madeira Tapajs. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 052 - Ecorregio Negro, Branco e campinaranas do rio Negro. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 053 - Ecorregio Tocantins - Araguaia Maranho. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 054 - Ecorregio Tocantins - Araguaia Maranho. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 055 - Ecorregio sudoeste da Amaznia. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 056 - Ecorregio cerrado e florestas secas de Mato Grosso. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 057 - Ecorregio cerrado. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 058 - Ecorregio florestas secas de Mato Grosso e cerrado. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 059 - Ecorregio Juru Purus. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 060 - Ecorregio sudoeste do Amazonas. Ao recomendada: Recuperao: 5. BT 061 - Ecorregio Madeira Tapajs. Ao recomendada: Recuperao: 5.

InvertebradosWWF-Brasil / Edward Parker

27 Os invertebrados constituem mais de 95% das espcies dos animais existentes e distribuem-se entre 20 a 30 filos. Na Amaznia, estes animais diversificaram-se de forma explosiva, sendo a copa de rvores das florestas tropicais o centro da sua maior diversificao (PERRY 1991). Apesar de dominar a Floresta Amaznica em termos de nmeros de espcies, nmeros de indivduos e biomassa animal e da sua importncia para o bom funcionamento dos ecossistemas, por meio de sua atuao como polinizadores, agentes de disperso de sementes, guarda-costas de algumas plantas e agentes de controle biolgico natural de pragas, e para o bem-estar humano, os invertebrados ainda no receberam prioridade na elaborao de projetos de conservao biolgica e raramente so considerados como elementos importantes da biodiversidade a ser preservada. Mais de 70% das espcies amaznicas ainda no possuem nomes cientficos e, considerando o ritmo atual de trabalhos de levantamento e taxonomia, tal situao permanecer por muito tempo. Devido a estes fatores, a utilizao desses animais na definio de prioridades para conservao biolgica da regio torna-se difcil e somente o grupo das borboletas, entre todos os invertebrados, pode fornecer indicaes consistentes. Outros grupos, ricos em espcies e abundantes localmente em vrios ecossistemas, como formigas, abelhas, vespas sociais, algumas famlias de besouros, cupins, caros oribatdeos, minhocas, alguns artrpodes de solo, liblulas e grupos aquticos, oferecem alto potencial para definir reas e aes de conservao, mas necessitam de maiores estudos. Considerando as informaes limitadas disponveis, e que a priorizao de reas para conservao biolgica normalmente se determina por comparaes do nmero, relativo ou absoluto, de espcies, para os invertebrados, os critrios devem levar em conta os seguintes parmetros: a utilizao de espcies como indicadoras biolgicas de biodiversidade (surrogates) e do bom funcionamento de ecossistemas (qualidade do ambiente), espcies com apelo pblico (borboletas, liblulas), espcies-mestres (keystone species) e espcies raras isoladas pelo processo de evoluo (relquias, relict species). Os invertebrados, como os vertebrados, no existem em isolamento e s sero preservados como parte integrante de ecossistemas em funcionamento. Atualmente, so conhecidas aproximadamente 7.500 espcies de borboletas no mundo, sendo 3.300 no Brasil e 1.800 na Amaznia (LEGG 1978; SHIELDS 1989; BROWN 1996). Para as formigas, que contribuem com quase um tero da biomassa animal das copas de rvores na Floresta Amaznica (FITTKAU & KLINGE 1973; ADIS et al.1984), as estimativas so de mais de 3.000 espcies (W. L. OVERAL) estimativa baseada em dados no-publicados). Quanto s abelhas, h no mundo mais de 30.000 espcies descritas,

LIBLULA

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sendo mais de 7.000 espcies na Amrica do Sul, mais de 4.000 no Brasil (OTOOLE & RAW 1991) e entre 2.500 e 3.000 na regio amaznica. Outros grupos de invertebrados tambm apresentam nmeros expressivos de espcies na Amaznia, tais como: vespas sociais, 220; aranhas, mais de 500 espcies conhecidas com expectativa de 2.500; minhocas, mais de 100; imbus, mais de 3.000, com 200 j descritas; colmbolas, 80; pseudo-escorpies, estimativas de 120. Entre as reas que merecem um tratamento prioritrio para a conservao da diversidade de espcies de invertebrados na Amaznia, destacam-se: florestas de igap; florestas de vrzea; reas de encraves, como as campinas do rio Negro e campos rupestres da Amaznia central; e cavernas. So necessrias, ainda, campanhas de educao ambiental para informar o pblico sobre o valor dos invertebrados e para incluir estes animais nos planos para a conservao biolgica da Amaznia e maior esforo de coleta e estudos. Durante o Seminrio Consulta de Macap, foram identificadas 28 reas prioritrias para invertebrados na Amaznia (ver mapa). Entre elas, 25 (89,3%) apresentam alta riqueza de espcies raras/ameaadas, 19 (67,9%) tm alta diversidade filtica e abrigam espcies de valor econmico e 11 (39,3%) possuem elevado grau de ameaa de degradao (Tabela 2).

Tabela 2 reas prioritrias para invertebrados Elementos de diagnstico com valor mximo Elementos de diagnstico diagn stico ameaadas Riqueza de espcies raras/amea adas Espcies de importncia econ mica import cia n Diversidade filtica biolgicos Fen menos biol gicos especiais Endemismos Riqueza de espcies Grau de ameaa amea a Fragilidade intr nseca Valor biolgico biol gico Grau de conserva o o Hotspots1

N ero de reas m eas r 25 19 19 17 15 13 11 8 7 7 3

%

1

89,3 67,9 67,9 60,7 53,6 46,4 39,3 28,6 25,0 25,0 10,7

Sobre o total de eas indicadas (28) r

29

reas prioritrias para o grupo temtico sobre Invertebrados(pontuao: 1 = baixa a 5 = alta prioridade da recomendao) IV 001 - Reserva Florestal Adolfo Ducke. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4. IV 002 - REDS Mamirau. Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 003 - Arquiplago de Anavilhanas. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Criao de UC: 5. IV 004 - FLONA Caxiuan. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Criao de UC: 2. IV 005 - FLONA. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4. IV 006 - Santarm (Vrzea, Alter do Cho, Taperinha). Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5. IV 007 - Belm (Apeg-Mocambo). Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5. IV 008 - PARNA Pacas Novos e serra dos Parecis (NO). Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 009 - Campos inundveis de Maraj. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Inventrio biolgico: 5. IV 010 - Serra do Navio. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3. IV 011 - Costa nordeste do Par e Maranho. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Criao de UC: 3. IV 012 - REBIO do Gurupi. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Criao de UC: 5. IV 013 - TI Kayap. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Criao de UC: 5. IV 014 - Querari (Alto Rio Negro). Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Inventrio biolgico: 4. IV 015 - Serra do Tumucumaque. Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 016 - So Gabriel da Cachoeira e PARNA do Pico da Neblina. Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 017 - Tabatinga. Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 018 - Aripuan. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5. IV 019 - Serra do Divisor. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Criao de UC: 4. IV 020 - Serra de Pacaraima. Ao recomendada: Criao de UC: 5. IV 021 - Serra de Parima.Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 022 - Maraj (NE). Ao recomendada: Criao de UC: 5. IV 023 - APA do Curia. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5. IV 024 - Carauari - rio Juru. Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 025 - Urucu. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 5. IV 026 - Rio Tapajs PARNA da Amaznia. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 5. IV 027 - PARNA do Araguaia + reas de contato com cerrado = vale do Araguaia e pantanal do rio das Mortes. Ao recomendada: Recuperao: 5. IV 028 - Amaznia Legal. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 5.

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Biota AquticaOs ambientes aquticos, marinhos e continentais abrigam grande diversidade de seres de diferentes reinos, desde as algas e as bactrias, passando pelas macrfitas e pelos artrpodes (crustceos e insetos), at chegar aos vertebrados. Entre a fauna que habita os ambientes aquticos, os peixes representam um pouco mais da metade das espcies de vertebrados conhecidas do mundo, com 24.618 espcies, sendo que 9.966 espcies ocupam guas doces permanentemente (Nelson, 1994). A dimenso da Bacia Amaznica e a sua grande heterogeneidade ambiental so fatores de fundamental importncia para a manuteno de sua alta diversidade. As caractersticas da Bacia e as paisagens que esto nela inseridas so macroaspectos a serem considerados no sistema aqutico. A rea de drenagem do rio Amazonas, somada a do rio Tocantins, totaliza 6.869.000 km2, que representam cerca de uma vez e meia a segunda maior bacia do Planeta, a do rio Zaire, na frica (MARLIER 1973), e cerca de 1/3 da rea da Amrica do Sul. A descarga amaznica eqivale a quase cinco vezes a descarga do rio Zaire, o segundo em descarga do mundo, e a 20% de toda a gua doce que despejada nos oceanos do Planeta por todos os rios. O nmero de espcies de peixes da Amrica do Sul ainda desconhecido, sendo sua maior diversidade centralizada na Amaznia (MENEZES 1996). ROBERTS (1972) estima que o nmero de espcies de peixes para toda a bacia seja maior que 1.300, quantidade superior encontrada nas demais bacias do mundo. BHLKE et al. (1978) consideram que o estado atual de conhecimento da ictiofauna da Amrica do Sul se equipara ao dos Estados Unidos e do Canad de um sculo atrs e que pelo menos 40% das espcies ainda no foram descritas, o que elevaria este nmero para alm de 1.800. MENEZES (1996) estima o nmero de espcies de peixes da Amrica do Sul em torno de 3.000. A Amaznia Brasileira apresenta 68% da rea de drenagem de toda a bacia e a avaliao da sua diversidade tem sido extendida para diferentes regies. GOULDING et al. (1988) identificam pelo menos 450 espcies de peixes no rio Negro, mas estimam que esse total ultrapasse 700 espcies, caso os diversos bitopos sejam devidamente amostrados. SANTOS (1986/87) encontrou mais de 260 espcies no rio Jamari, no Machado, no Guapor e no Mamor no estado de Rondnia. Nas reas de vrzea do Solimes, prximas Manaus, BAYLEY (1982) encontrou mais de 220 espcies. SANTOS et al. (1984) inventariaram mais de 300 espcies apenas no leito do baixo rio Tocantins. FERREIRA et al (1998) listam mais de 130 espcies de peixes comerciais na regio de vrzea de Santarm. Muitas das espcies possuem ampla distribuio, como as migratrias: o tambaqui (ARAJO-LIMA & GOULDING 1998) e os grandes bagres (BARTHEM & GOULDIN 1997). Outras so restritas a determinadas regies devido s barreiras ambientais, como o prprio rio Amazonas, para as espcies que vivem

nas cabeceiras de seus afluentes, ou devido s caractersticas qumicas da gua. Diversos fatores so apontados, por LOWE-MCCONNELL (1987), como causa da alta diversidade alfa e beta, tais como: idade e tamanho do sistema de drenagem; alta heterogeneidade ambiental que promove grande diversidade de nichos; e histria de captura de rios de bacias vizinhas ao longo do tempo em escala geolgica, o que permitiu o intercmbio da fauna. No entanto, sabemos que os nmeros apresentados subestimam a realidade, pois ainda bastante comum encontrar espcies novas, e existem diversos grupos cuja descrio carece de maior ateno. Exemplo do atraso do conhecimento sobre a ictiofauna amaznica, mesmo em relao s espcies conhecidas pelos pescadores da regio, o caso de Merodontotus tigrinum, uma espcie de Pimelodidae (Siluriformes) de grande porte (cerca de 55 cm) cuja descrio ocorreu recentemente (BRITSKI 1981). No seria difcil imaginar que h endemismo exacerbado nas cabeceiras (MENEZES, N. 1996) e que as futuras revises possam separar espcies que atualmente pensamos se tratar de uma s, algumas to comuns a ns, como o filhote ou a piraba. No h informaes seguras sobre ameaas, desaparecimento ou extino de espcies de peixes na Amaznia Brasileira. O que tem ocorrido, com razovel freqncia, a diminuio, ou mesmo o desaparecimento local de algumas espcies, devido pesca intensa ou a alguma alterao ambiental, como desmatamento da floresta marginal, minerao no canal do rio ou represamento. H duas espcies na Amaznia citadas pela IUCN como Data Deficient, que necessitam de mais informaes para melhor avaliao. O pirarucu, Arapaima gigas, uma delas e, apesar de ser considerado como espcie com possibilidades de ser extinta pela ao do homem, suas populaes tm sobrevivido at o momento mesmo sob a presso pesqueira em lugares bastante alterados, como os lagos da Ilha de Maraj e do baixo Amazonas. Phreatobius cisternatum, a outra espcie, vive no lenol fretico de extensa regio da desembocadura do rio Amazonas, sendo ignorados a dimenso de sua distribuio e o sofrimento de alguma ameaa. A adoo de espcies-chave (endmicas ou raras), para definir reas prioritrias de conservao, esbarra no pouco conhecimento sobre a composio taxonmica e nos padres de distribuio da sua ictiofauna (Menezes, 1996). A falta de boas colees na regio, como um todo, dificulta o reconhecimento de reas endmicas. Devido a isto, a premissa de que, se os mecanismos que regem o sistema ecolgico aqutico forem preservados, as chances da biodiversidade aqutica tambm ser preservada sero altas, deve ser adotada para a definio de aes prioritrias. Ambientes como as corredeiras e os pequenos igaraps dos Escudos Cristalinos das Guianas ou do Brasil, o canal principal dos rios e os diferentes tipos de reas alagadas (por transbordamento do rio; florestas periodicamente alagadas pela chuva; savanas periodicamente alagadas pela chuva; e reas costeiras alagadas pela mar) abrigam no somente espcies endmicas, mas tambm sustentam grande biomassa de peixes, exploradas

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pela pesca comercial ou de subsistncia. Estes ambientes poderiam ser considerados como ambientes-chave que auxiliariam na definio de reas prioritrias de conservao. Uma forma de categorizar estes ambientes seria considerar as diferentes subbacias da Bacia Amaznica, as paisagens definidas pelo passado geolgico e os diferentes tipos de reas alagadas. Alm desses aspectos, o estudo realizado com espcies migradoras mostra que as aes de conservao e manejo da biodiversidade devem atuar de forma conjunta, envolvendo os pases que compartilham a Bacia Amaznica. Dessa forma, as aes prioritrias para a conservao e a utilizao sustentvel da diversidade biolgica do sistema aqutico da Amaznia Brasileira devem-se concentrar em estudos sobre taxonomia, biogeografia, biologia e ecologia das espcies endmicas a determinadas regies e das espcies migradoras, e aes para proteger e manejar os seguintes ambientes-chaves: reas alagadas da Plancie Amaznica (vrzeas e igaps); reas alagadas, corredeiras e cabeceiras do Escudo das Guianas (rio Negro, Trombetas, Jari, Araguari e outros); reas alagadas, corredeiras e cabeceiras do Escudo do Brasil (rio Tocantins, Xingu, Tapajs e afluentes do Madeira); e encostas dos Andes (rio Amazonas, Madeira, Purus, Juru e Japur). Durante o Seminrio Consulta de Macap, foram identificadas 31 reas prioritrias para biota aqutica na Amaznia (ver mapa). Entre elas, 19 (61,3%) apresentam alta diversidade filtica, 14 (45,2%) tm diversidade de espcies e 13 (41,9%) abrigam espcies de importncia econmica e possuem elevado grau de ameaa de degradao (Tabela 3).

Tabela 3 reas prioritrias para biota aqutica Elementos de diagnstico com valor mximo Elementos de diagn stico diagnstico Diversidade filtica Fragilidade intr nseca Riqueza de espcies Valor biolgico biol gico Grau de ameaa amea a Espcies de iimportnciaecon mica mport cia econmica n Fen menos biol gicos especiais biolgicos Hotspots Endemismos ameaadas Riqueza de espcies raras/amea adas Grau de conservao conserva o1

N ero de reas m eas r 19 15 14 13 13 13 11 10 6 4 0

%

1

61,3 48,4 45,2 41,9 41,9 41,9 35,5 32,3 19,4 12,9 -

Sobre o total de eas indicadas (31) r

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reas prioritrias para o grupo temtico sobre Biota Aqutica(pontuao: 1 = baixa a 5 = alta prioridade da recomendao) BA 001 - Aripuan Roosevelt. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 Manejo: 4. BA 002 Guapor. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 - Manejo: 1. BA 003 - Bacia do Tacutu (Negro). Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4 - Manejo: 3. BA 004 - Cabeceiras e corredeiras do Ja e Paru. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 Manejo: 2. BA 005 - Cabeceira do Juru Acre. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4. BA 006 - Araguari - cabeceira e corredeira. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 2. BA 007 - Mangue do Par e Maranho. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 3 - Manejo: 5. BA 008 - rea alagada da regio de Barcelos - Monte do Cordeiro. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 Criao de UC: 1 - Manejo: 3. BA 009 - Corredeira do Purus. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 1 - Manejo: 1. BA 010 - Cabeceira do Teles Pires Juruena. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 Manejo: 4. BA 011 - Corredeira do Madeira. Aes recomendadas: Recuperao: 4 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 5 - Manejo: 4. BA 012 - Corredeira do Tapajs. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. BA 013 - reas alagadas do rio Araguaia e Tocantins. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 1 - Manejo: 5. BA 014 - rea de corredeira do mdio Tocantins. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4. BA 015 - Arquiplago de Anavilhanas e reas alagadas do rio Branco. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 2 Criao de UC: 1 - Manejo: 1. BA 016 - Bacia do Uraricoera. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 Manejo: 1. BA 017 - Mangue do Amap. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BA 018 - Vrzea do mdio Madeira. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 3.

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BA 019 - Vrzea do Solimes e Amazonas. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 5. BA 020 - Vrzea do Juru e Amazonas. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 5. BA 021 - Varzea do Purus. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 5. BA 022 - Vrzea do Juta. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 5. BA 023 - Vrzea do Japur, acima do Auati-Paran. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 5. BA 024 - Bacia do rio Javari. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 1 - Manejo: 2. BA 025 - Cabeceira e corredeira do Trombetas. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 2 Manejo: 1. BA 026 - Bacia do Ja e Unini. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 2 - Manejo: 1. BA 027 - Delta Amaznico, ilhas e plancies estuarinas do Amap. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 Criao de UC: 5 - Manejo: 5. BA 028 - Mdio Xingu e corredeiras. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 2. BA 029 - Cabeceiras do Xingu. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. BA 030 - Alto rio Negro, a montante de Barcelos. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 1 Manejo: 3. BA 031 - Amaznia Legal. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 5.

Rpteis e AnfbiosWWF-Brasil/Juan Pratginests

PARQUE NACIONAL DO JA, AM

Um total de 163 registros de espcies de anfbios foi encontrado para a Amaznia Brasileira. Esta cifra equivale a aproximadamente 4% das 4.000 espcies que se pressupem existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil (HADDAD 1998). Cabe ressaltar, no entanto, que este nmero representa ndice mnimo, uma vez que espcies indeterminadas e registros de descrio de espcies isoladas no foram utilizados nas anlises. Em algumas localidades, este nmero chega a quase 40% das espcies coletadas, o que evidencia as dificuldades existentes com a taxonomia e, conseqentemente, a avaliao da diversidade de anfbios na regio. A riqueza de espcies de anfbios identificada representa nmero mnimo conhecido e desviado para anuros (sapos e pererecas). Informaes sobre Gyminophiona (cobras cegas) so raras e, apesar de apenas uma espcie de salamandra ser descrita para a Amaznia (Bolitoglossa altamazonica), pouco se sabe sobre sua distribuio geogrfica. Desde o workshop da Amaznia, realizado em 1990, verificou-se considervel aumento de dados sobre a distribuio das espcies de anfbios na regio. Este conhecimento, no entanto, ainda muito fragmentado e pouco disponvel na literatura especializada. A grande maioria dos estudos concentra-se em regies ao longo das margens dos principais afluentes do rio Amazonas ou em localidades mais bem servidas pela malha rodoviria. Foram encontradas 29 localidades inventariadas para anfbios na Amaznia Brasileira. Deste total, em apenas 13 (46%) os inventrios podem ser considerados de longa durao (tempo superior a dois meses). Aparentemente, endemismos no representam boa varivel para nortear estabelecimento de reas de conservao para anf-

bios amaznicos, uma vez que o nmero encontrado de espcies endmicas foi muito baixo. Tampouco existem menes sobre espcies tidas como ameaadas. O total de 38 espcies foi identificado como ocorrendo em apenas uma localidade. No entanto, a maioria destas espcies conhecida de outros stios no Brasil e na Amaznia em geral. A comparao destes dados com FROST (1985) e DUELLMAN (1993) indica que, provavelmente, apenas 12 espcies, o equivalente a 7,4% das presentes na regio, so endmicas na Amaznia Brasileira, embora novas descries podem evidenciar padres de endemismos ainda desconhecidos. As reas onde foram identificadas maior riqueza de espcies so: Manaus (AM), Carajs (PA), rio Madeira (AM); rio Juru (AM); Costa Marques (RO); Guajar-Mirim (RO) e ao longo da BR364 (RO). A partir da anlise das lacunas dos estudos, 15 regies podem ser consideradas como prioritrias para novos inventrios. So elas: regio entre o rio Madeira e o rio Tapajs (at o limite sul da Amaznia); bacia hidrogrfica do rio Tapajs; rea entre o rio Tapajs e o rio Xingu (at o limite sul da Amaznia); bacia hidrogrfica do rio Xingu; rea entre o rio Xingu e o rio Tocantins (at o limite sul da Amaznia); bacia hidrogrfica do rio Tocantins e a do rio Araguaia (at o limite sul da Amaznia); regio do rio Gurupi, no nordeste do Par; regio da ilha de Maraj; rea entre o rio Branco e o rio Jari, abrangendo as bacias e microbacias do rio Jatapu, Mapuera, Trombetas, Paru e Ipitinga; bacia hidrogrfica do rio Negro; rea entre o rio Negro e o rio Solimes e regio do rio Japur; rea entre o rio Solimes/rio Javari e o rio Juru; rea entre o rio Juru e o rio Purus; rea entre o rio Purus e o rio Madeira; e regio dentro e ao sul da Reserva Biolgica do Guapor, na divisa com a Bolvia. Considerando-se que estas regies representam grande parcela da Amaznia, os esforos devem se concentrar nos stios representativos da diversidade dos ambientes naturais, de forma a se obter coleo tambm representativa da diversidade da fauna local. Alm deste aspecto, as regies prximas ao arco do desmatamento (nordeste e sul do Par, norte de Mato Grosso, norte de Rondnia e Acre) devem receber prioridade, por estarem pressionadas por intensa atividade antrpica modificadora dos habitats naturais. Como os inventrios realizados no eixo leste-oeste identificaram fauna tpica de cada local, e no subamostras de reas mais ricas, fortemente recomendado que o desenho amostral inclua localidades ao longo deste eixo para melhor caracterizao da diversidade amaznica. Adicionalmente, a regio entre o rio Branco e o rio Jari deve ser igualmente considerada prioritria para novos inventrios, devido ao grande endemismo encontrado nas reas vizinhas do Suriname e da Guiana Francesa, o que indica a possibilidade de se encontrar, nesta regio, fauna particular. Em termos de conservao de anfbios, so prioritrias as seguintes reas: bacia do rio Juru; regio entre o rio Juru e rio Purus; regio entre o rio Purus e rio Madeira; poro amazonense da Bacia do rio Madeira; poro sul da rea entre o rio Tapajs e o rio Xingu; regio fronteiria entre Par e Mato Grosso; Alter do Cho, Par; Floresta Nacional do Tapajs; regio de fronteira com Suriname e Guiana Francesa; Serra do Navio, Amap; nordeste do estado do Par; e ilha de Maraj.

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O nmero total de espcies de rpteis no mundo estimado em 6.000, sendo 465 espcies identificadas no Brasil (MARQUES 1998). DIXON (1979) informou a existncia de 550 espcies de rpteis registrados para a bacia Amaznica, das quais 62% so endmicas. Os levantamentos faunsticos para alguns grupos de rpteis so muito incompletos na Amaznia. Os estudos relativos aos jacars e aos quelnios so os mais abrangentes, no que diz respeito distribuio, taxonomia, ao status e ecologia das espcies. Esta situao pode estar relacionada ao fato de esses grupos terem nmero menor de espcies, se comparados ao grupo das serpentes, por exemplo, e, tambm, por serem animais de relevante importncia econmica. O valor financeiro historicamente agregado s espcies de quelnios e jacars contribui para o conhecimento de suas distribuies e aumenta o interesse pela conservao de suas populaes. Existem, na Amaznia, 14 espcies de tartarugas de gua doce e duas espcies de tartarugas terrestres, sendo cinco endmicas e uma ameaada. H, ainda, trs espcies de tartarugas marinhas que aninham em ilhas e praias ao longo da costa de estados da Amaznia, mas que no so consideradas como parte da fauna da regio. Na Amaznia, h quatro espcies de jacars distribudas em toda a Bacia, sendo duas endmicas e trs ameaadas. Estas espcies so afetadas pela caa indiscriminada e por alteraes do meio ambiente. Quanto aos lagartos, existem pelo menos 89 espcies na regio, distribudas em nove famlias (AVILA-PIRES 1995), das quais entre 26 e 29% ocorrem tambm fora dessa regio. A distribuio, a abundncia e o estado das populaes de serpentes so bem menos conhecidos do que dos outros grupos de rpteis na Amaznia, e os estudos existentes no permitem tecer recomendaes seguras para a conservao. DIXON (1979) listou 63 gneros e 284 espcies de serpentes de floresta tropical na Amrica do Sul abaixo de 1.000m de altitude; isso inclui reas da Amaznia fora do Brasil e da Mata Atlntica. Com as descries de muitas espcies novas nos ltimos 20 anos, no improvvel a superao da marca de 300 espcies para a Amaznia. As reas prioritrias na Amaznia para novos inventrios da fauna de rpteis so: Bacia do alto e mdio rio Negro; Bacia do rio Branco at rio Jari; Bacia do rio Tapajs; Bacia do rio Xingu; Bacia do rio Tocantins; Bacia do rio Araguaia; Reserva de Desenvolvimento Sustentvel do Aman; Bacia do rio Japur; Bacia do rio Purus; Bacia do rio Juru; e Bacia do rio Madeira. As reas com intensa atividade antrpica e com degradao acelerada dos habitats naturais, como o estado de Rondnia, do Acre, algumas regies do Par e norte do Mato Grosso, devem ser urgentemente selecionadas para amostragem. A documentao das comunidades e de diversidade de rpteis desses locais deve ser feita o mais rpido possvel, antes que as populaes desapaream por completo. urgente e essencial que se designem setores das Bacias de todos os grandes rios da Amaznia como reas de preservao. As reservas criadas em ecossistemas aquticos devem ter reas protegidas nas duas margens dos rios, ao contrrio do que vem sendo feito at agora. Essa medida fundamental para a proteo dos animais aquticos.

No que diz respeito proteo de quelnios e jacars, fundamental a implantao de reservas nos seguintes locais: rio Guapor; alto e mdio rio Negro; rio Branco; rio Trombetas (expandir a reserva existente para os dois lados do rio); rio Purus (expandir a reserva existente para os dois lados do rio); rio Juru; reas na Reserva de Desenvolvimento Sustentvel do Aman para o preservao de quelnios e jacars, priorizando-se a proteo das populaes dos animais e no a economia dos moradores; rio Tapajs; rio Xingu; rio Araguaia; rio das Mortes; rio Japur. As praias de desova, apesar de importantssimas para a manuteno das tartarugas, so apenas uma parte do habitat explorado pelas espcies. A no-proteo desses animais em seus habitats de forrageamento e tambm durante suas migraes no afasta os riscos para suas populaes. A preservao de corredores dos rios protege no apenas os quelnios como tambm muitos animais da floresta que no so atrativos economicamente. Durante o Seminrio Consulta de Macap, foram identificadas 46 reas prioritrias para rpteis e anfbios na Amaznia (ver mapa). Entre elas, 20 (43,5%) apresentam alto valor biolgico, 14 (30,4%) tm alta diversidade filtica e 11 (23,9%) possuem elevado grau de ameaa de degradao (Tabela 4).

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Tabela 4 reas prioritrias para rpteis e anfbios Elementos de diagnstico com valor mximo diagnstico Elementos de diagn stico biolgico Valor biol gico Fragilidade intr nseca Diversidade filtica Riqueza de espcies ameaa Grau de amea a Espcies de importncia econ mica import cia econmica n biolgicos Fen menos biol gicos especiais Riqueza de espcies raras/amea adas ameaadas Hotspots Grau de conservao conserva o Endemismos1

reas N ero de eas m r 20 14 14 11 11 8 7 5 5 4 3

%

1

43,5 30,4 30,4 23,9 23,9 17,4 15,2 10,9 10,9 8,7 6,5

Sobre o total de eas indicadas (46) r

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reas prioritrias para o grupo temtico sobre rpteis e anfbios(pontuao: 1 = baixa a 5 = alta prioridade da recomendao) RA 001 - So Gabriel da Cachoeira - Cabea do Cachorro. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 5. RA 002 - Japur-Tiqui. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 1 - Manejo: 1. RA 003 - Pico da Neblina. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Manejo: 4. RA 004 - Matas da serra do Surucucus. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 2 Manejo: 1. RA 005 - Lavrado de Roraima. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. RA 006 - Mdio rio Negro - rio Demini. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4 - Manejo: 4. RA 007 - Rio Branco. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 5 Manejo: 5. RA 008 - Interflvio Solimes Negro. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 5. RA 009 Trombetas. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 - Manejo: 3. RA 010 - Escudo das Guianas. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. RA 011 - Regio de Alter do Cho - foz do Tapajs. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 2 - Criao de UC: 5 - Manejo: 1. RA 012 - Baixo Amazonas. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4. RA 013 - Serra do Navio. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 1. RA 014 - Delta do Amazonas - Ilha de Maraj. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. RA 015 - Rio I. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 1. RA 016 - Baixo Juru. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 3 Manejo: 1. RA 017 - Bacia do rio Urucu (interflvio Tef - Coari). Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. RA 018 - Rio Purus - REBIO do Abufari. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 2 - Manejo: 4. RA 019 - Careiro Castanho. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 1. RA 020 - Rio Abacaxis. Ao recomendada: Inventrio biolgico: 4. RA 021 - Mdio Tapajs, Tabuleiro de Monte Cristo. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 1 - Criao de

UC: 5 - Manejo: 4. RA 022 - Baixo rio Xingu. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5 - Manejo: 3. RA 023 - Baixo Tocantins. Aes recomendadas: Recuperao: 3 - Inventrio biolgico: 2 - Criao de UC: 5 - Manejo: 4. RA 024 - Regio Bragantina. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. RA 025 - Tapirap Tuer. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4. RA 026 - Serra do Divisor. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 2 - Manejo: 2. RA 027 - Alto rio Juru. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 2 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. RA 028 - Alto rio Purus. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Manejo: 3. RA 029 - Regio do rio Pauini. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 3 - Manejo: 1. RA 030 - Cabeceira do Ituxi. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. RA 031 - Interflvio rio Cuniu e mdio Purus. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 1. RA 032 - Regio dos Campos de Humait, do Apu e do mdio Madeira. Aes recomendadas: Recuperao: 1 Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 2. RA 033 - Baixo Aripuan. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 2. RA 034 - Aripuan - Juruena Apiacs. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 5 Manejo: 3. RA 035 - Interflvio Tapajs Araguaia. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 5. RA 036 Apinajs. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 - Manejo: 3. RA 037 - So Lus do Maranho. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 3 - Criao de UC: 3 - Manejo: 3. RA 038 - Guajar-Mirim - Pacas Novos. Aes recomendadas: Recuperao: 2 - Inventrio biolgico: 3 - Manejo: 4. RA 039 - Regio mdio Guapor. Aes recomendadas: Criao de UC: 3 - Manejo: 3. RA 040 - Regio do rio Corumbiara. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 4 - Manejo: 2. RA 041 Cludia. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 5 - Criao de UC: 4 - Manejo: 4. RA 042 - Teles Pires Xingu. Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 3 - Manejo: 2. RA 043 - Rio das Mortes. Aes recomendadas: Recuperao: 1 - Criao de UC: 4 - Manejo: 5. RA 044 - Tabuleiros do Araguaia. Aes recomendadas: Recuperao: 5 - Criao de UC: 5 - Manejo: 5. RA 045 Cachimbo. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 1 - Criao de UC: 2 - Manejo: 2. RA 046 - So Flix do Xingu. Aes recomendadas: Inventrio biolgico: 4 - Criao de UC: 5 - Manejo: 4.

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AvesWWF-Brasil/Juan Pratginests

MAARICO DE SOBRE BRANCO

As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebrados, com o nmero de espcies estimado em 9.700 no mundo, sendo que, deste total, 1.677 esto representadas no Brasil (SILVA 1998). Na Amaznia, h cerca de 1.000 espcies, das quais 283 possuem distribuio restrita ou so raras, considerando as que ocorrem em apenas uma das trs grandes divises da regio (do rio Negro ao Atlntico; do rio Madeira ou rio Tapajs at o Maranho; e o restante ocidental, incluindo rio Negro e rio Madeira ou do rio Tapajs s fronteiras ocidentais do Pas). Como a regio compartilhada entre Brasil e mais sete pases vizinhos, apenas cerca de 32 espcies podem ser consideradas endmicas Amaznia Brasileira. Em termos de espcies em perigo, considerando-se a listagem oficial do IBAMA e mais duas espcies que constam no Livro Vermelho da IUCN como vulnerveis, temos, na regio, 15 ameaadas de extino e 11 potencialmente ameaadas. H srios problemas em tentar avaliar a riqueza de espcies pela comparao de listas de localidades de inventrios na Amaznia Brasileira, bem como em todo o neotrpico

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(REMSEN 1994). Esforos de pesquisas em cada local variam, bem como os mtodos utilizados e a experincia das equipes. A extenso das reas pesquisadas no padronizada e falta distinguir entre espcies residentes e vagantes. Na Amaznia, h vrias regies onde as aves foram pouco estudadas. No Estado de Tocantins, apenas trs localidades foram inventariadas at hoje, e o sul do Maranho desconhecido no que diz respeito a dados ornitolgicos. Outras regies completamente desconhecidas em termos de inventrios ornitolgicos incluem os mdios e altos cursos dos rios que drenam o Escudo das Guianas, noroeste de Roraima, alto rio Japur, alto rio Javari, rio Tarauac, alto Purus, no Acre, afluentes de ambas as margens do Purus, afluentes da margem direita do rio Madeira, rio Juruena, alto curso do rio Teles Pires, alto rio Iriri e mdio rio Xingu acima de Cachoeira Grande. importante notar que o Estado de Tocantins e o alto curso do rio Purus, o do Madeir