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7/29/2019 Biotica texto 13
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U n i t e r m o s :
B iodir eito, B iotica e D ireito
Princpios da Biot ica e do Biodir eit o
Heloisa Helena Barboza
A autora destaca a origem e o desenvolvimento da Biotica at os nossos dias e sal ienta os
princpios do Biodirei to frent e aos problemas ticos gerados pelos avanos nas cincias biolg-
icas e mdicas no mundo contemporneo, dando nfase, principalmente, necessidade de
norm atizao de m uit as das si tu aes oriu ndas dest a relao. O Biodirei to , como in tegrant e do
Direito , deve, cont udo , observar out ros princpios estabelecidos pelo Direi to, cincia com m to-
dos e formulaes especficas.
Heloisa Helena Barboza
Professora titular de Direito Civil
da UERJ
209 - 216
S I M PSIO
1. O surgimento da Biotica: princpios
Afinal o que B iotica? N a ltima dcada essa pergun -
ta foi formulada inmeras vezes e muitas foram as res-postas apresentadas. Indica-se que o termo foi criado e
posto em circulao em 1971, no ttulo do livro do on-
cologista americano Van R. Potter, B ioeth ics, bridge to
the future, referindo-se a uma nova disciplina que deve-
ria permitir a passagem para uma melhor qualidade de
vida (1). Contudo, em sua rpida difuso a expresso ad-
quiriu significado especfico e cientfico de "uma nova
dimenso da pesquisa no campo dos estudos acadmi-
cos", surgindo, em menos de uma dcada, como discipli-
na autnoma em universidade italiana (2), alm de ins-titutos dedicados a sua investigao. Em sua concepo
alargada passou a designar os problemas ticos gerados
pelos avanos nas cincias biolgicas e mdicas (3), pro-
blemas esses que atingiram seu auge no momento em
que se comeou a divulgar de modo amplo, certamente
em proporo direta com o acelerado desenvolvimen to
dos meios de comunicao, o poder do homem interfe-Biotica
2000
-vol8
-n2
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rir de forma eficaz nos processos de nascimen-
to e morte, que at ento apresentavam "mo-
mentos" ainda no "dominados". Talvez essa
possibilidade - de controle da vida -, mais do
que qualquer outra, tenha despertado a huma-
nidade para a necessidade de preserv-la, esta-
belecendo limites para o atuar do cientista.
Na verdade, se aplicado o termo biotica no
sentido simplista de "tica da vida" ou comodefinido na Enciclopdia de Biotica de
1978: "estudo sistemtico da conduta huma-
na na rea das cincias da vida e do cuidado
da sade, quando esta conduta se examina
luz dos valores e dos princpios morais", cons-
tituindo, portanto, um setor da "tica aplica-
da", movimento intelectual que surgiu nos
Estados Unidos nas ltimas dcadas e que
promove a reflexo filosfica sobre problemas
morais, sociais e jurdicos propostos pelo de-senvolvimento da civilizao tecnolgica con-
tempornea (4), constataremos que a "questo
biotica" de h muito est posta, embora tal-
vez neste sculo muito tenha se agravado.
Basta lembrar o movimento eugnico do in-
cio do sculo que an imou a criao, em diver-
sas naes, de sociedades com este fim, a pri-
meira delas em 1907, em Londres (Eugenics
E ducation S ociety). E ssa tendncia m elho-
ria da raa impulsionou aes moralmente re-gressivas, como a adotada pelos Estados Uni-
dos, onde se esterilizaram muitas pessoas, a
maioria contra sua vontade, por serem consi-
deradas delinqentes ou retardados mentais,
culminando as aes desse tipo com os sinis-
tros e vergonh osos programas n azistas de me-
lhoria da raa arian a, prom ovidos pela Alema-
nha (5). Nessa linha, pode-se indicar, como
emblemtica, a utilizao de armas nucleares
e biolgicas. Na verdade, antigas e no resol-
vidas questes - como a do aborto e a da eu-
tansia - foram realimentadas com o advento
das tcnicas de reproduo assistida e dos
tran splant es de rgos e tecidos.
O s antigos e novos problemas apresent aram-se,
duran te cerca de setenta anos, sem que ocorres-se, ao menos concomitantemente, expressa dis-
cusso sistemtica dos aspectos bioticos. Em
outras palavras, constata-se que mais de meio
sculo foi necessrio para que se sistematizasse,
ou se tent asse sistematizar, a anlise e a discus-
so de uma srie de situaes decorrentes dos
avanos da tecnologia, da biotecnologia e da bi-
omedicina que se imbricam e pem em cheque
valores morais, por suas gravssimas conse-
qncias para a continuidade da vida.
Talvez esse o maior mrito da B iotica: sistema-
tizar (ou ao menos tentar) o tratamento de
questes diversas, mas que devem guardar entre
si, necessariamente, princpios e fins comuns.
J se assinalou que as ameaas que pendem so-
bre a vida no planeta Terra e especialmente so-
bre a espcie humana derivam do grau diferen-
ciado de desenvolvimento entre as cincias da
natureza e as da sociedade. Enquanto impor-tan tes conquistas das primeiras podem eliminar,
mediante guerra nuclear ou por contaminao
da atmosfera, o suporte da biosfera, as segundas
foram incapazes de propor dispositivos institu-
cionais aptos a evitar tais conseqncias poten-
ciais e funestas: a humanidade foi incapaz de
inventar um modelo organizacional adequado
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s circunstncias tcnico-cientficas de nossa
era. E ssas reflexes so perfeitam ente vlidas no
campo dos avanos da Biomedicina e da Biotec-
nologia que tm buscado, sem encontrar, apoio
de out ras disciplinas para acomodar seus rumos,
como se reiterou no Colquio da UNESCO
em 1 97 5: "um dos problemas mais importantes
que se propem em todo o mundo reside em
que as cincias sociais e as do comportamento
no progrediram no mesmo ritmo das cinciasnaturais e biolgicas. Disso resultou que seus
efeitos na reflexo filosfica e moral, includos
cdigos religiosos, ticos e civis, ficaram limita-
dos. Com efeito, durante muito tempo as ditas
cincias ignoraram, em geral, a necessidade de
reajustar os sistemas de valores em funo das
estruturas da sociedade moderna. Por isso, vi-
ram minguar sua capacidade de influir de ma-
neira apropriada nos sistemas polticos e sociais
das coletividades e, por sua vez, na direo eaplicao do progresso tecnolgico" (6).
Diante de tal quadro j se pode constatar o im-
portante papel da Biotica, quer na definio
antes referida, quer considerada como "ramo da
filosofia moral que estuda as dimenses morais
e sociais das tcnicas resultantes do avano do
conhecimento nas cincias biolgicas. Como
um dos seus primeiros resultados pode-se consi-
derar a formulao dos "princpios da Biotica",em torno dos quais tem havido importante con-
senso e que passaram a constituir o ponto de
partida obrigatrio para qualquer discusso a
propsito da eutansia, dos transplantes de r-
gos, do genoma humano, da experimentao
em humanos, do emprego das tcnicas de repro-
duo assistida e de todas as demais questes
que se possam enquadrar dentro do amplssimo
espectro que tem sido reconhecido Biotica, a
envolver, a um s tempo, desde a codificao do
genoma humano at o equilbrio ambiental.
O estabelecimento dos mencionados princpi-
os da Biotica decorreu da criao, pelo Con-
gresso dos Estados Unidos, de uma Comisso
Nacional encarregada de identificar os princ-
pios ticos bsicos que deveriam guiar a inves-tigao em seres humanos pelas cincias do
comportamento e pela Biomedicina. Iniciados
os trabalhos em 197 4, quatro anos aps publi-
cou a referida Com isso o chamado In forme
Belmont , cont endo trs princpios: a) o da au-
tonomia ou do respeito s pessoas por suas
opinies e escolhas, segundo valores e crenas
pessoais; b) o da beneficncia, que se traduz na
obrigao de no causar dano e de extremar os
benefcios e minimizar os riscos; c) o da justi-a ou imparcialidade na distribuio dos riscos
e dos benefcios, no podendo uma pessoa ser
tratada de maneira distint a de outra, salvo ha-
ja entre am bas alguma diferena relevan te. A
esses trs princpios Tom L. Beauchamp e Ja-
mes F. Childress acrescentaram outro, em
obra publicada em 1979 (7), o da "no-male-
ficncia", segundo o qual no se deve causar
mal a outro e diferencia, assim, do princpio da
beneficncia que envolve aes de tipo positi-vo: prevenir ou eliminar o dano e promover o
bem, mas se trata de um bem de um contnuo,
de modo que n o h uma separao significan-
te entre um e outro princpio (8).
A formulao de tais princpios se d de modo
amplo, para que possam reger desde a experi-
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mentao com seres humanos at a prtica cl-
nica e assistencial. Sua observncia deve ser
obrigatria, sempre e quando no entrem em
conflito entre si, caso em que se hierarquizam
conforme a situao concreta, o que significa di-
zer que no h regras prvias que dem priorida-
de a um princpio sobre outro, havendo a neces-
sidade de se chegar a um consenso entre todos os
envolvidos, o que constitui o objetivo fundamen-
tal dos comits institucionais de tica.
Embora no constituam regras precisas ou
hierarquizadas e tenham propositalmente con-
tedo vago, h consenso em torno dos princ-
pios da Biotica, fato que lhes tem conferido
observncia bastante significativa em campo
ainda to instvel.
2. Biodirei to
Se inmeras so as indagaes relativas Bio-
tica, multiplicam-se quando h referncia ao
Biodireito, h avendo m esmo corrente que nega
sua existncia. Mas, o que Biodireito? Pode-
se dizer, em um primeiro momento, que o Bi-
odireito o ramo do Direito que trata da teo-
ria, da legislao e da jurisprudncia relativas
s normas reguladoras da conduta humana em
face dos avanos da Biologia, da Biotecnologiae da Medicina. Todavia, para melhor compre-
enso de seu contedo e complexidade, neces-
srias se fazem algumas reflexes.
Ramn Martn Mateo, ao discorrer sobre a di-
menso moral das cincias da vida, esclarece
que embora parea que as cincias em geral,
ao menos em seu aspecto investigatrio, no
devam ter restries intrnsecas, sempre se ve-
taram determinadas prticas, por razes reli-
giosas, ticas ou culturais, havendo na atuali-
dade uma srie de regras que, se no condicio-
nam o exerccio da inteligncia, ao menos res-
tringem alguns experimentos e certas aplica-
es prticas da Medicina. Tais normas restriti-
vas por vezes tm um componente espiritualis-
ta, como o respeito vida ou o livre arbtrio,mas em alguns casos atendem preocupaes
inerentes aos prprios riscos da descoberta, co-
mo na hiptese de novas bactrias ou vrus.
Cert o que na maioria dos casos a adequao
dos comportamentos cientficos axiologia ex-
tracientfica se produz de forma espontnea,
por meio de auto-restries e controles aut-
nom os, o que n em sempre suficiente, deven-
do ser aclarados externamente de alguma ma-
neira os modelos que vo ser adotados. S egun -do ainda Mateo, para tais casos no basta a in -
vocao da conscincia pessoal, que precisa de
referncias coletivas. Para esses devem ficar es-
tabelecidos os valores que a sociedade, em um
mom ento h istrico determinado, considera re-
levantes e merecedores, portanto, de proteo,
superando o jogo de convices particulares, a
necessidade do permitido ou do obrigatrio,
transcendendo o sistema de proibies (9).
A difcil tarefa de estabelecer esses valores tem
sido desempenhada pelo Direito, embora o r-
pido desenrolar dos acontecimentos no raro
atropele o ordenamento, exigindo do jurista
esforo interpretativo para adequar as normas
existentes s novas situaes, mantendo nte-
gro o sistema vigente, fato que tem se acentu-
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ado nas ltim as dcadas graas ao acelerado de-
senvolvimento tecnolgico e biomdico. Cabe
ao Direito, atravs da lei, entendida como ex-
presso da vontade da coletividade, definir a or-
dem social na medida em que dispe dos mei-
os prprios e adequados para que essa ordem
seja respeitada. Contudo, em certos casos essa
definio dificultada porque certos princpios
estruturais do Direito so fundados na repre-
sentao implcita do destino biolgico do ho-mem, como a indisponibilidade do corpo ou a
fronteira entre as pessoas e as coisas, o que no
mais necessariamente compatvel com o no-
vo domn io do homem sobre os seres human os
(10). Alm disso, a regulamentao de deter-
minadas situaes colocar, certamente, em
discusso problemas que ela no resolver: a
criao de um estatuto sobre o embrio impli-
car em debates envolvendo o m oment o de in-
cio da vida, a existncia ou no do direito a seter um filho, e mesmo o aborto. O utra dificul-
dade reside no tipo de norma que deve ser ado-
tada: leis gerais, fixando grandes princpios, ou
mais casusticas. De qualquer modo, como
acentuou o prof. Douste-Blazy, perante a
U N E S CO , "as leis sobre a Biotica devero se
adaptar s evolues futuras da cincia".
Esclarece Lavaialle que adaptar a lei no deve
significar que essa deva evoluir ao sabor dosprogressos cientficos, fornecendo conceitos
adaptados s mudanas sociais que a pesquisa
cientfica induz na definio de vida, visto que
isso seria reduzir o Direito a uma funo ins-
trumental, livre de todas as referncias a valo-
res. Em outras palavras, no basta ao Direito
adaptar as categorias jurdicas existentes ou for-
mu lar novas regras para apreender as n ovas tc-
nicas e relaes interpessoais decorrentes, pois
isto seria colocar o D ireito reboque da cincia,
subvertendo ou desconhecendo sua natureza ci-
entfica dotada de princpios, mtodos e formu-
laes prprios. O bserve-se que ainda que um
imperativo deont olgico fosse reconh ecido e ri-
gorosamente respeitado pelos profissionais,
problemas estritam ente jurdicos no seriam re-
solvidos, como os relativos filiao, o acesso adeterminadas informaes, a disponibilidade do
corpo. No suficiente, portanto, a existncia
de regras. O Direito no soment e um conjun-
to de regras, de categorias, de tcnicas: ele vei-
cula tam bm um certo nm ero de valores. Por
conseguinte, se o Direito deve evoluir para dar
conta dos progressos cientficos e assim se
adaptar aos avanos mdicos que permit em mu-
dar a vida e no apenas prolong-la, deve neces-
sariamente ordenar essas intervenes sobre ohom em. O sistema jur dico feito de regras que
constrem uma sociedade fundada em certos
valores, tais como a liberdade ou a igualdade
que geram um a concepo de homem. O Direi-
to a regra que uma sociedade se d. As inter-
venes sobre o corpo humano, como as tcni-
cas de reproduo assistida, as manipulaes ge-
nticas, as experimentaes em humanos, os
transplantes e clonagem, conduzem automati-
camente a uma reificao do ser humano, semantidas determinadas categorias clssicas do
Direito. O estabelecimento de regras sobre es-
ses fatos poder manter esse entendimento ou
definir novas categorias, ou adaptar as existen-
tes de modo a assegurar a perman ncia do pri-
mado da pessoa humana, pedra-de-toque de
nossa civilizao jurdica, sobre toda viso redu-
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cionista que faz com que se perca sua singula-
ridade absoluta (11).
3. Princpios do Biodireito
Como se v, passar da Biotica, j efetiva, a
um Biodireito no simples, principalmente
se considerados os valores que esto em jogo.
Estruturar o Biodireito requer, antes de tu-do, ter em mente que no se pode reduzir o
Direito a um papel meramente instrumen tal,
substituindo, como j se afirmou, "os direi-
tos do homem pelos direitos de um homem
em funo de suas predisposies genticas"
(12 ). O objeto do Biodireito matria com-
plexa, heterognea e que confronta normas
existentes que na maioria das vezes lhe so
estranhas. Contudo, como integrante do
nosso sistema jurdico deve, necessariamen-te, submeter-se aos princpios que o regem.
A partir de 19 88 instaurou-se no B rasil uma
nova ordem jurdica que encontra na Cons-
tituio da Repblica seus princpios estru-
tu rais. Tais princpios compreendem, em sua
maioria, direitos fundamentais do homem,
traduzindo os valores primordiais de nossa
sociedade. Se certo que a recepo nos tex-
tos constitucionais de uma srie de valores
fundamentais, como a vida, a dignidade hu-mana, a liberdade e a solidariedade e sua pro-
teo enquanto direitos, tornou-os pedras
angulares da Biotica moderna (13), no
menos certo dizer-se que esses direitos de-
vem constituir, por tal razo e, principal-
mente, por terem natureza jurdica, a rede
estrutural do Biodireito.
Em conseqncia, no podero as normas do
Biodireito, a qualquer ttulo, preterir esses
princpios, verdadeiros balizadores da atuao
do legislador. Como indicado, tem a Biotica
princpios que lhe so prprios, mas a anlise
e regulamentao jurdicas dos problemas bio-
ticos devero observar outra ordem de valo-
res, outro mtodo e diversa formulao, perti-
nentes ao Direito.
Impe-se observar que no h em n ossa Con s-
tituio um captulo "dedicado" ou "pertinen-
te" Biotica e nem se deve restringir os prin-
cpios do Biodireito queles atinentes rea da
sade, do meio ambiente ou da tecnologia.
Como qualquer norma jurdica, a disciplina
das matrias que se possam classificar como
integrantes do Biodireito deve ser harmnica
com o ordenamento, acorde com seus cno-
nes. Nesse sentido, o princpio do respeito dignidade humana, fundamento da Repblica,
basilar para toda e qualquer norma jurdica.
Mas no s esse deve ser observado, j que,
concomitantemente, outros se impem. As-
sim, a regulamentao sobre transplantes de
rgos encontrou limitao no art. 199 , 4 ,
da Constituio, que vedou todo tipo de co-
mercializao. Nessa linha, a Lei de Biossegu-
rana (Lei n 8.974/95) se ateve aos ditames
do art. 225, 1, II e V, estabelecendo nor-mas destinadas a preservar a diversidade e a in-
tegridade do patrimnio gentico do pas e a
fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e
manipulao de material gentico, normas es-
sas que acabaram por proibir a manipulao
gentica de clulas germinais humanas, impe-
dindo assim a clonagem de seres humanos no
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Brasil. Por igual motivo, a normatizao que
vier a ser estabelecida sobre as tcnicas de re-
produo humana assistida dever atender
igualmente os princpios da plena igualdade
entre os filhos, da paternidade responsvel, do
melhor in teresse da criana.
Se, de um lado, a existncia de princpios j
assentes facilita de algum modo o trabalho do
legislador, de out ro a diversidade da mat ria e
sua extrema complexidade a abranger, a um
s tempo, direitos aparentement e contradit-
rios, sem dvida exigir-lhe-o aprofundado
conhecimento da cincia e do sistema jurdi-
cos que podero fornecer elementos para a
soluo mais adequada. Acrescente-se, por
fim, que os princpios da Biotica no deve-
ro ser preteridos pelo legislador, na medida
em que tm por fundam ento valores reconhe-
cidos pelo Direito.
ABSTRACTPrinciple s of Bioeth ics and BioLaw
The author highlights the origin and the development of Bioethics up to the present day
and points out the principles of BioLaw in light of the ethical problems generated by the
advancements in biological and medical sciences in the modern world, giving emphasis,
especially, to the need for the normalization of many of the situations that arise from thisrelationship. BioLaw, as part of Law, should, however, observe other principles established
by Law for science, with specific methods and formulations.
RESUME
Principios de la Biotica y del Bioderecho
La autora destaca el origen y el desarrollo de la Biotica hasta nuestros das y destaca los
principios del Bioderecho frente a los problemas ticos generados por los avances en las
ciencias biolgicas y mdicas en el mundo contemporneo, dando nfasis, principalmente,
a la necesidad de normalizacin de muchas de las situaciones oriundas de esta relacin. El
Bioderecho, como integrante del Derecho, debe, no obstante, observar otros principiosestablecidos por el Derecho, ciencia con mtodos y formulaciones especficas.
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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na Faculdade de M edicina e Cirurgia da Univ er-
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1997: 75.
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12. Kahn A. citado por L avialle C. Op.cit. 1994: 17.
13. M ateo RM . Op. cit. 1987: 18-19.
R ua Oliv eira Fausto 45, apt 204
CE P: 22.280-090
R io de Janeiro - R J - Brasil
E -mail: h2b@ centroin.com.br
ENDEREO PARA CORRESPONDNCIA