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Autor: Carlos Santana
Curso de Tecnologias de Informação e Comunicação Multimédia TI267.09
Cencal
CLC7
Formadora: Ana Raimundo
2
19 de novembro de 2009
Índice
Introdução.......................................................................................................................5
Biografia...........................................................................................................................6
Juventude........................................................................................................................ 6
Formação em Inglaterra..................................................................................................7
Regresso à Índia...............................................................................................................8
A vida na África do Sul.....................................................................................................8
De volta à Índia..............................................................................................................11
A segunda Guerra Mundial............................................................................................15
A Divisão da Índia..........................................................................................................16
Princípios de Gandhi......................................................................................................17
Cronologia..................................................................................................................... 19
Conclusão...................................................................................................................... 20
Webgrafia......................................................................................................................20
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Introdução
Entre os grandes teóricos que modificaram o quadro político e ideológico do mundo do
século XX, figura este homem de austeridade inflexível e absoluta modéstia, que se
queixava do título Mahatma (Grande Alma), atribuído, contra a sua vontade, pelo
poeta Rabindranath Tagore. Num país em que a política era sinónimo de corrupção,
Gandhi introduziu a ética através do exemplo e da pregação. Viveu na pobreza, jamais
concedeu benesses aos seus familiares e recusou sempre o poder político, antes e
depois da libertação da Índia. Esta recusa converteu o líder da não-violência num caso
único entre os revolucionários de todos os tempos.
Pretendo com esta biografia dar a conhecer a vida e os feitos de uma personagem que
marcou o século XX e que ficou para a história como um homem exemplar.
Este foi um homem, intemporal, um exemplo de vida para todos nós, que pena é não
ser seguida por muitas outras figuras deste mundo com poderes para alterar o rumo
dos acontecimentos do mundo.
Iremos assim e ao longo do texto viajar pelas diversas partes da sua vida, desde o seu
nascimento até à sua morte, relatando as vivências e feitos mais relevantes da vida de
Mahatma Gandhi.
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Biografia
Juventude
A 2 de Outubro de 1869, nascia Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido por
Mahatma que significa "A Grande Alma", em Kathiawar, cidade costeira do estado de
Porbandar, na Índia. O seu pai era Karamachand Gandhi o dewan (ministro de
Porbandar) e pertencia à casta dos Banias, e a mãe Putlibai era uma Vaishnavite
religiosa, provinha da seita dos Pranamis, que misturavam o hinduísmo com os
ensinamentos do corão. Era uma mulher profundamente religiosa e austera. Eram
descendentes de mercadores (a palavra gandhi significa vendedor de mercadorias). No
futuro, Mahatma Gandhi viria a liderar mais de 250 milhões de Hindus.
Na formação espiritual de Mohandas, que tinha um ilimitado amor pelos seus pais,
para além da adoração à deusa Vishnu professada pela família, concorreram uma série
de culturas e credos, entre os quais o hindu e o muçulmano. Mas o mais importante na
sua filosofia talvez tenha sido o Jain, que doutrinava a não-violência não só com os
animais e seres humanos, mas também com as plantas, os micróbios, a água, o fogo e
o vento. Exemplo típico de tardia genialidade, Mohandas foi um adolescente calado,
retraído e nada brilhante nos estudos académicos e nunca chamou a atenção nas
escolas de Rajkot.
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Gandhi aos 7 anos em 1876
Aos 13 anos, e segundo o costume hindu, casaram-no com uma rapariga da sua idade
chamada Kasturbai, a quem estava prometido desde os seis anos sem o saber. O jovem
esposo enamorou-se apaixonadamente de Kasturbai, e para fazer amor com ela,
abandonou o leito do seu pai moribundo na noite exacta em que este acabaria por
falecer. Este facto deixou uma culpa inapagável em Gandhi, que mais tarde se
declararia contra o casamento entre crianças e a favor da castidade sexual. Deste
casamento nasceram quatro filhos, todos meninos: Harlal Gandhi (1888), Manilal
Gandhi (1892), Ramdas Gandhi (1897) e Devdas Gandhi (1900).
A família decidiu mais tarde enviá-lo para Londres para os cursos de advocacia de Inner
Temple, cujas exigências eram menores que as das universidades indianas. Com tanto
medo como excitação, o jovem embarcou em Bombaim em Setembro de 1888. Tinha
19 anos e acabava de ser pai pela primeira vez. Antes de partir, tinha prometido
solenemente à sua mãe não seguir o costume inglês de comer carne, uma vez que o
vishnuísmo o proibia. Várias vezes na sua adolescência tinha transgredido essa norma,
influenciada por um amigo que lhe aconselhava a carne para se assemelhar em força
aos ingleses.
Formação em InglaterraViveu três anos em Londres, frequentou a faculdade de Direito de Londres e formou-se
em 1891.
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Gandhi em Inglaterra por volta de 1889
Assistindo à descoberta do Oriente pelo Ocidente, e começando assim a conhecer
teólogos que o iniciaram na leitura do primeiro clássico indiano, o Bhagavad Gita, que
chegaria mais tarde a considerar o livro por excelência para o conhecimento da
verdade. Também ali teve contacto com os ensinamentos de Jesus Cristo, e durante
algum tempo sentiu-se tão atraído pela ética cristã que chegou a hesitar entre esta e o
hinduísmo. Dessa época também, são as suas tentativas de sintetizar os preceitos do
budismo, do cristianismo, do islamismo e da sua religião originária, através do que
dizia ser o princípio unificador de todos eles: a ideia de renúncia.
Nestes anos decisivos para a sua formação, leu Tolstoi, em quem mais tarde
encontraria o guia para o aperfeiçoamento da prática e teoria da não-violência.
Regresso à ÍndiaRegressou à Índia com o seu título de advogado, mas apesar de ter ido à procura da
sabedoria ocidental, voltava com o segredo que tinha tornado sábios os hindus.
Ao regressar ao seu lar, na índia em 1891, encontrou a sua família desintegrada: a sua
mãe tinha morrido pouco tempo antes e os Gandhi tinham perdido toda a sua
influência na corte principesca. Como advogado não tinha muitas perspectivas de
sucesso, terminando num humilhante fracasso logo a sua primeira intervenção
profissional, emudecendo ao dirigir-se ao tribunal. Foi então que uma empresa
comercial muçulmana lhe ofereceu um contrato para um caso de um empresa em
Durban, e Gandhi não deixou passar a oportunidade. Embarcou para a África do Sul em
1893.
A vida na África do SulNo país dos antigos colonos holandeses, vivia uma colónia hindu maioritariamente
formada por trabalhadores a quem os ingleses chamavam desrespeitosamente sami.
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Não tinham quaisquer direitos, eram menosprezados e discriminados racialmente,
como pôde verificar por si próprio o jovem advogado em algumas viagens de comboio.
Gandhi no seu escritório na África do Sul
Após terminar o seu trabalho, Gandhi estava prestes a regressar à Índia, quando soube
da existência de um projecto lei para retirar o direito de sufrágio aos hindus. Decidiu
então adiar a partida por um mês para organizar a resistência dos seus compatriotas, o
que não sabia é que esse mês ia-se converter em 22 anos.
Durante essa grande etapa da sua vida, a sua maior preocupação foi a libertação da
comunidade indiana, e foi assim dando forma às armas de luta que mais tarde utilizaria
no seu país. Nos primeiros anos, convencido das boas intenções do colonialismo
britânico, abriu um escritório para defender os seus compatriotas ante os tribunais em
Joanesburgo e propôs-se criar um movimento dedicado à manifestação por meios
legais. Fundou o jornal The Indian Opinion, para unir a comunidade indiana e, como
instrumento de agitação legal, criou o Congresso Indiano de Natal. As suas simpatias
anglófonas levaram-no, durante a guerra contra os boers, a organizar o Corpo Indiano
de Ambulâncias, acção que mereceu duras críticas por parte dos nacionalistas
indianos.
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Gandhi com o "Indian Ambulance Corps" durante a "Segunda Guerra dos Boers"
A partir de 1904, a actividade de Gandhi sofreu uma alteração notável: depois de ler a
crítica do capitalismo em Unto The Last, de John Ruskin, modificou o seu estilo de vida
e passou a adoptar uma simples existência comunitária nos arredores de Joanesburgo,
onde fundou uma comuna chamada Tolstoi. Nessa época desenvolveu a teoria do
activismo não-violento, que colocou em prática pela primeira vez ao opor-se à lei de
registo. Esta lei obrigava todos os indianos a inscreverem-se num registo especial com
as suas impressões digitais. Gandhi ordenou aos seus compatriotas que não se
inscrevessem, que exercessem o comércio nas ruas sem licença e, mais tarde, que
queimassem os seus cartões de registo frente à mesquita de Joanesburgo. Tal como
muitos dos seus seguidores, foi preso por diversas vezes, mas o movimento de
resistência civil obteve vários êxitos parciais.
Gandhi vestido como satyagraphi, activista da não-violência, em 1913.
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Em 1913, o protesto contra um imposto considerado injusto traduziu-se numa marcha
através do Transvaal, até Natal. No ano seguinte, as autoridades britânicas voltaram
atrás nesse imposto e autorizaram os asiáticos a residir em Natal como trabalhadores
livres. A vitória parecia absoluta, e Gandhi, que tinha abandonado as vestes europeias
em sinal de protesto, partiu definitivamente da África do Sul com a sua mulher e filhos.
A longo prazo, todas as conquistas da comunidade indiana foram perdidas e as
autoridades daquele país endureceram ainda mais a sua política racista, mas a África
do Sul tinha sido o local de ensaio onde Gandhi desenvolveu e comprovou as tácticas
que mais tarde havia de utilizar na sua terra natal.
De volta à ÍndiaGandhi voltou à Índia em 1915 como um verdadeiro herói, mercê das suas campanhas
no estrangeiro. O povo de Bombaim prestou-lhe um caloroso acolhimento, o
governador inglês fez questão de recebê-lo e o poeta Rabindranath Tagore deu-lhe as
boas-vindas na sua Universidade Livre de Santiniketan.
Pouco depois de chegar, na cidade de Ahmedabad, fundou uma comunidade quase
monástica, em que estavam proibidas as vestimentas estrangeiras, as comidas com
especiarias e a propriedade privada. Os seus membros dedicavam-se unicamente a
duas tarefas materiais: a agricultura, para obter o sustento, e a produção de tecidos
manuais, para se abrigarem. Aqui se deu início a uma luta que Gandhi havia de manter
durante todo o resto da sua vida: a batalha contra as marcas do hinduísmo e a favor
dos intocáveis. O primeiro passo foi admiti-los como membros da comunidade.
Nesses primeiros anos, Gandhi abandonou toda a agitação política de modo a apoiar
os esforços bélicos da Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial, chegando mesmo ao
recrutamento de soldados para o exército inglês. A sua entrada na política indiana só
se veio a realizar em Fevereiro de 1919, quando a aprovação da Lei Rowlatt, que
estabelecia a censura e indicava duras penas para qualquer suspeito de terrorismo ou
insurreição, lhe veio abrir os olhos para as verdadeiras intenções dos imperialistas
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ingleses no seu país. Gandhi passou então a encabeçar a oposição a essa lei. Organizou
uma comissão de propaganda a nível nacional de acordo com o princípio da não-
violência, que começou com uma greve geral. Prontamente estas manifestações se
estenderam a todo o país, havendo ainda alguns focos de violência, apesar da
insistência do líder no carácter pacífico desses actos de expressão pública. Quando
chegou a Delhi para apaziguar a população, Gandhi foi detido.
Gandhi jejuando, a criança ao lado é Indira Gandhi, filha de Nehru e futura Primeira-ministra da India.
Poucos dias depois, a 13 de Abril, o Brigadeiro General Dyer ordenou os disparos sobre
a multidão reunida na cidade de Amritsar. O colonialista inglês tinha mostrado o seu
verdadeiro rosto sanguinário e brutal: quase 400 pessoas foram assassinadas e
milhares ficaram feridas. Mas as autoridades britânicas viram-se obrigadas a
reconsiderar as suas tácticas, e a Lei Rowlatt nunca entrou em vigor. Nos anos
seguintes ao massacre de Amritsar, Gandhi converteu-se no líder nacionalista
indiscutível, alcançando a presidência do Congresso Nacional Indiano, partido fundado
por Alan Octavius Hume em 1885, que ele soube converter num instrumento efectivo
em prol da independência. De um agrupamento das classes médias urbanas, passou a
ser uma organização de massas com raízes no povo e no campesinato. Puseram-se em
marcha grandes campanhas de desobediência civil, que iam desde a negação massiva a
pagar impostos até ao boicote às autoridades. Milhares de indianos encheram as
prisões, e mesmo Gandhi voltou a ser detido em Março de 1922. Dez dias mais tarde
começava o “Grande Julgamento”, em que Mahatma se declarou culpado e considerou
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a sentença de seis anos de prisão como uma honra, pelo que a sessão terminou com
uma reverência mútua entre juiz e acusado.
Quando saiu da prisão, uma apendicite fez com que as autoridades coloniais o
libertassem em 1924, encontrou um panorama político bastante alterado: o Partido do
Congresso tinha-se dividido em duas facções e a unidade entre hindus e muçulmanos,
conseguida com o movimento de desobediência civil, tinha desaparecido. Gandhi
decidiu então retirar-se da política, para viver como um anacoreta, em absoluta
pobreza e procurando o silêncio como força regeneradora. Retirado em Ashram,
converteu-se no chefe espiritual da Índia, no dirigente religioso de fama mundial que
muitos ocidentais que procuravam a paz espiritual tratavam como um mestre.
O seu retiro acabou de forma brusca em 1927, quando o governo britânico nomeou
uma comissão para a reforma da Constituição, em que não participava nenhum nativo.
De volta à luta política, Gandhi conseguiu que todos os partidos do país fizessem
boicote a essa comissão. Pouco depois, a greve de Bardoli, em apoio à recusa de pagar
impostos, terminava com um êxito total. A vitória do movimento animou o Congresso
a declarar a independência da Índia, a 26 de Janeiro de 1930, e encarregou Mahatma
da direcção da campanha de não-violência para levar à prática essa resolução. Este
escolheu como objectivo da mesma o monopólio do sol que afectava particularmente
os pobres, e partiu de Sabartami a 12 de Março com 79 voluntários rumo a Dandi, uma
povoação costeira que distava 385 quilómetros. O pequeno movimento estendeu-se
como uma onda por toda a Índia: os camponeses forravam de ramos verdes os
caminhos onde passaria esse homem pequeno e semi-nu, com um bastão de bambu, a
caminho do mar e à frente de um enorme exército pacífico. No dia do aniversário do
massacre de Amritsar, Gandhi chegou à costa e pegou num punhado de sal. Desde
esse momento, a desobediência civil foi imparável: deputados e funcionários locais
demitiram-se, soldados do exército indiano recusaram-se a disparar sobre os
manifestantes, as mulheres aderiram ao movimento; tudo isto enquanto os seguidores
de Gandhi invadia pacificamente as fábricas de sal.
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Gandhi na “marcha do sal” em 1930.
A campanha terminou com um pacto de compromisso entre Gandhi e o vice-rei, em
virtude do qual se legalizava a produção de sal e se libertavam os cerca de 100.000
presos detidos durante as manifestações populares. Além disso, Gandhi era enviado a
Londres para estabelecer um governo constitucional na Índia. A presença de Mahatma
em Inglaterra, à margem da enorme recepção popular, não trouxe resultados
favoráveis para a causa, e ao regressar ao seu país, verificou que Nehru e outros
líderes do Congresso estavam uma vez mais presos.
Várias vezes na sua vida, Gandhi recorreu ao jejum como forma de pressão contra o
poder, como forma de luta espectacular e dramática para deter a violência ou chamar
a atenção das massas. A falta de humanidade no sistema de castas, que condenava os
párias a uma absoluta indigência e ostracismo, fez com que Gandhi convertesse a
abolição da intocabilidade numa meta fundamental dos seus esforços. E na prisão de
Yervada, onde tinha sido encarcerado novamente, fez um jejum até à morte contra a
celebração de eleições separadas entre hindus e párias. Assim obrigou todos os líderes
políticos a acudir junto do seu leito de prisioneiro para assinar um pacto com o
consentimento inglês. A sua obra de pedagogia popular para curar a sociedade hindu
não terminou aqui. Distanciado do Congresso, face à decepção que lhe provocava as
manobras dos seus políticos, dedicou-se a visitar povos distantes, insistindo na
educação popular, na proibição do álcool e na libertação espiritual do homem.
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Gandhi em 1931.
A segunda Guerra MundialO início da Segunda Guerra Mundial foi o motivo para que Gandhi, uma vez mais,
retornasse ao primeiro plano político. A sua oposição ao conflito bélico era absoluta e
não compartilhava da opinião de Nehru e de outros líderes do Congresso, inclinados a
apoiar a luta contra o fascismo. Mas a decisão do vice-rei de incorporar o
subcontinente nos preparativos bélicos da Inglaterra sem consultar os políticos locais
clarificou as águas, provocando a demissão em massa dos ministros pertencentes ao
Congresso. Após a toma de Rangoon pelos japoneses, Gandhi exigiu a completa
independência da Índia, para que o país pudesse escolher livremente as suas posições.
No dia seguinte, a 9 de Agosto de 1942, era preso juntamente com outros membros do
Congresso, o que provocou uma sublevação popular seguida por uma série de
violentas revoltas em todo o território indiano. Esta foi a última prisão de Mahatma e
talvez a mais dolorosa, pois foi a partir do seu presídio em Poona que soube da morte
da sua mulher, Kasturbai. Era já um ancião frágil e debilitado quando saiu em liberdade
no ano de 1944.
Terminada a guerra, e dada a subida ao poder dos Trabalhistas em Inglaterra, Gandhi
desempenhou um papel fundamental nas negociações que conduziram à sua
libertação.
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A Divisão da ÍndiaGandhi posicionou-se veementemente contra qualquer plano que dividisse a Índia em
dois estados, o que efectivamente aconteceu, criando a Índia - predominantemente
hindu - e o Paquistão - predominantemente muçulmano.
No entanto, a sua posição opositora face à partição do subcontinente nada conseguiu
contra a determinação do líder da Liga muçulmana, Jinnah, defensor da separação do
Paquistão.
Magoado com o que considerou ser uma traição, em 1946 Mahatma viu com horror
como os antigos fantasmas indianos ressurgiam durante a celebração da tomada de
posse de Nehru como primeiro chefe de governo, que foi pretexto de violentos
distúrbios entre hindus e muçulmanos. Gandhi mudou-se para Noakhali, onde tinham
começado as lutas, e caminhou de povoação em povoação, descalço, tentando deter
os massacres que acompanharam a separação em Bengala, Calcuta, Bihar, Cachemira e
Delhi. Mas os seus esforços só serviram para acirrar o ódio que sentiam por ele os
fanáticos extremistas de ambas as facções: os hindus atentaram contra a sua vida em
Calcuta e os muçulmanos fizeram o mesmo em Noakhali. Durante os seus últimos dias
em Delhi, iniciou um jejum para reconciliar as duas comunidades, o qual afectou
gravemente a sua saúde. Ainda assim, apareceu de novo em público alguns dias antes
da sua morte.
Gandhi ora num encontro em 1946.
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A 30 de Janeiro de 1948 em Nova Déli, quando ao anoitecer se dirigia a uma oração
comunitária, foi atingido pelas balas disparadas por um jovem hindu radical que
responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no
pagamento de certas dívidas ao Paquistão, Nathuram Godse. Tal como tinha previsto a
sua neta, morreu como um verdadeiro Mahatma, com a palavra Rama (Deus) nos
lábios. Como disse Einstein, «talvez as gerações vindouras duvidem alguma vez de que
semelhante homem fosse uma realidade de carne e osso neste mundo».
Godse foi julgado, condenado e enforcado, a desrespeito do último pedido de Gandhi,
a não punição do seu assassino.
No seu último suspiro, então com 78 anos, Mahatma cantou o nome de Deus. O corpo
de Mahatma Gandhi foi cremado e as suas cinzas foram lançadas no rio Ganges.
Princípios de GandhiA filosofia de Gandhi e as suas ideias sobre o satya e o ahimsa foram influenciadas
pelo Bhagavad Gita e por crenças hindus e da religião jainista. O conceito de 'não-
violência' (ahimsa) permaneceu por muito tempo no pensamento religioso da Índia e
pode ser encontrado em diversas passagens do textos hindus, budistas e jainistas.
Gandhi explica a sua filosofia como um modo de vida na sua autobiografia A História
dos meus Experimentos com a Verdade (As Minhas Experiências com a Verdade, em
Portugal) - (The Story of my Experiments with Truth).
Estritamente vegetariano, escreveu livros sobre o vegetarianismo enquanto estudava
direito em Londres (onde encontrou um entusiasta do vegetarianismo, Henry Salt, nos
encontros da chamada Sociedade Vegetariana). Ser vegetariano fazia parte das
tradições hindus e jainistas. A maioria dos hindus no estado de Gujarat eram-no,
efectivamente. Gandhi experimentou diversos tipos de alimentação e concluiu que
uma dieta deve ser suficiente apenas para satisfazer as necessidades do corpo
humano. Jejuava muito e usava o jejum frequentemente como estratégia política.
16
Gandhi renunciou ao sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma
decisão que foi profundamente influenciada pela crença hindu do brachmacharya, ou
pureza espiritual e prática, largamente associada ao celibato. Também passava um dia
da semana em silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, trazia-lhe paz interior.
A mudez tinha origens nas crenças do mouna e do shanti. Nestes dias ele apenas
comunicava com os outros escrevendo.
O título de Mahatma atribuído a Gandhi representa um reconhecimento do seu papel
como líder espiritual.
Depois de voltar à Índia da sua bem-sucedida carreira de advogado na África do Sul,
deixou de usar as roupas que representavam riqueza e sucesso. Passou a usar um tipo
de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres entre os indianos. Promovia o
uso de roupas feitas em casas (khadi).
Gandhi e os seus seguidores fabricavam artesanalmente os tecidos da própria roupa e
usavam esses tecidos nas suas vestes; também incentivava os outros a fazer isso, o que
representava uma ameaça ao negócio britânico - apesar dos indianos estarem
desempregados, em grande parte pela decadência da indústria têxtil, eram forçados a
comprar roupas feitas nas indústrias inglesas. Se os indianos fizessem as suas próprias
roupas, arruinaria a indústria têxtil britânica, ao invés de fortalecê-la.
O tear manual, símbolo desse acto de afirmação, viria a ser incorporado na bandeira
do Congresso Nacional Indiano e na própria bandeira indiana.
Gandhi também era contra o sistema convencional de educação em escolas,
preferindo acreditar que as crianças aprenderiam mais com os seus pais e com a
sociedade. Na África do Sul, Gandhi e outros homens mais velhos formaram um grupo
de professores que ensinava directamente e livremente às crianças.
Dentro do ideal de paz e não-violência que ele defendia, uma de suas frases foi: "Não
existe um caminho para paz! A paz é o caminho!".
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Cronologia 1869 - 2 de Outubro: Gandhi nasce em Porbandar.
1885 - Fundação do Congresso Nacional Indiano.
1888 - Gandhi vai para Londres para estudar Direito.
1893 - Abril: Gandhi chega à África do Sul.
1894 - Maio: Gandhi funda o Congresso Indiano de Natal.
1899 - A Guerra dos Bôeres na África do Sul.
1907 - Julho: Acto de Registo dos Asiáticos do Transvaal torna-se lei e Gandhi
lança a campanha de Satyagraha.
1903 - 16 de Agosto: Gandhi lidera um comício em Johannesburg e encoraja a
queima dos certificados de registo.
1914 - Gandhi e Smuts negociam o Acto de Reforma da Questão Indiana.
1915 - 9 de Janeiro: Gandhi volta à Índia.
1919 - Gandhi inicia o hartal nacional.
1919 - 13 de Abril: O massacre de Amritsar.
1920 - Gandhi reconhece o Partido do Congresso e começa a campanha da
Satyagraha.
1924 - Gandhi conduz um jejum pela união hindu-muçulmana.
1930 - A Marcha do Sal e a campanha de Satyagraha.
1931 - 4 de Março: Irwin e Gandhi assinam o Pacto de Delhi.
1931 - Setembro: Conferência da Mesa-Redonda em Londres.
1942 - Movimento "Deixem a Índia!".
1947 - 22 de Março: Lorde Mountbatten, o último vice-rei, chega à Índia.
15 de Agosto: A Índia torna-se independente e Nehru é nomeado primeiro-
ministro.
1948 - 30 de Janeiro: Gandhi é assassinado por Nathuram Godse.
1966 - Indira Gandhi torna-se primeira-ministra.
18
Conclusão
Conhecer a biografia de Gandhi é, ao mesmo tempo, entender o processo de descolonização da Índia. É uma história marcada por lutas, religiosidade política, preconceito, intolerância e filosofia de vida. Visto como um mito religioso, Mahatma Gandhi era acima de tudo um homem que procurava o auto-conhecimento, o auto controle e entendia que a sua missão era lutar por uma Índia (ou por que não dizer um mundo) mais justo, solidário e pacífico. E para isso não usava da força bruta, fundamentava suas acções nos princípios do Satyagraha (firmeza na verdade) para combater o regime imperialista britânico, de forma não violenta.Com uma voz miúda, Gandhi conseguia mobilizar multidões pregando a não-violência. O cenário inicial foi a África do Sul onde, como advogado, enfrentou a arrogância racista e defendeu os interesses dos indianos que moravam neste país. A viagem à África do Sul não tinha grandes objectivos. Gandhi, recém-formado, foi enviado para ajudar juristas locais a redigirem uma acção judicial, mas o preconceito racial elevado ao extremo alimentou o seu desejo de justiça e a gota de água ocorreu quando ele foi espancado sem motivos.Vejo a figura de Gandhi como algo emblemático, seus movimentos fundiram religião e política num mesmo emaranhado. A primeira era o meio usado para disseminar os valores normalmente pregados pela segunda. Sempre preocupado com o amor entre as pessoas, flagelou o seu corpo várias vezes com longos jejuns no intuito de aumentar a sua percepção e sensibilizar o povo quando a situação era de conflito. A prisão foi a sua morada por vários momentos, mas isso nem de perto atingiu a sua influência, pelo contrário isso só aumentava o amor e admiração que o povo tinha por Bapu (pai). Usava estes momentos com muita dignidade, humildade e sabedoria. Sempre com a sua roca de fiar, Mahatma passava horas fazendo tecido, escrevia cartas, artigos, respondia à correspondência e meditava por longas horas.Gandhi foi um sábio líder pacifista, com grande amor à humanidade que lutou contra o gigante império britânico e o falso progresso da civilização moderna baseada no lucro. Uma luta travada com diplomacia e não-violência da sua parte. Mas apesar de conseguir mobilizar multidões a resistir pacificamente, isso nem sempre era possível.A partir da biografia de Mahatma Gandhi, vejo-o como um grande homem que procurou a sua evolução e da humanidade. Foi um homem sempre consciente dos seus erros e da sua missão.
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Webgrafia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi
http://www.biografiasyvidas.com
http://www.gandhi-manibhavan.org/
http://www.gandhiserve.org/
http://www.gandhi.hpgvip.ig.com.br/index.html
http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Politicos/Gandhi.htm
http://www.e-biografias.net/biografias/mahatma_ghandi.php
20