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1
Biografia Grandes Homens - Escritores
2
Biografia
Grandes homens - Escritores
3
Jesus .
Jesus
4
O mais antigo painel iconográfico do Cristo Pantocrator, datado do século VI.
Nome completo Jesus de Nazaré
Nascimento 8-4? a.C.[1]
5
Belém, Pronvíncia romana da Judeia [nota 1]
Morte 29-36? d.C.[1]
Jerusalém, Judeia[nota 2]
Etnia Judeu
Progenitores Mãe: Virgem Maria
Pai: São José (adoptivo)
Ocupação Carpinteiro, profeta itinerante erabino
Ouça o artigo (info)
Este áudio foi criado a partir da revisão datada de 16 de Dezembro de
2009 e pode não refletir mudanças posteriores ao artigo (ajuda com
áudio).
Jesus[nota 3][nota 4]
(8-4? a.C. – 29-36? d.C.[1][2][3]
), também
chamado de Jesus de Nazaré, é a figura central
do cristianismo.[4][5]
Para a maioria dos cristãos Jesus
éCristo, a encarnação de Deus e o "Filho de Deus", que
teria sido enviado ao mundo para salvar
a humanidade.[6][7][8]
Acreditam que foi crucificado, morto e
sepultado, desceu à mansão dos mortos, mas muitos
6
estudiosos acreditam que depois de morto, Jesus foi ao
paraíso, pois foi o que Ele disse em Lucas 23: 43 e
ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa).[4]
Para os adeptos
do islamismo, Jesus é conhecido noidioma
árabe como Isa (ىسيع, transl. Īsā), Ibn Maryam ("Jesus,
filho de Maria").[9]
Osmuçulmanos tratam-no como um
grande profeta e aguardam seu retorno antes doJuízo
Final.[10][11]
Alguns segmentos do judaísmo o consideram
um profeta,[12]
outros um apóstata.[13]
Os
quatro evangelhos canónicos são a principal fonte de
informação sobre Jesus.
Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de
onde nasceu, a província romana da Judeia, sua influência
difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua
morte, ajudando a delinear o rumo da civilização
ocidental.[14]
Índice
[esconder]
1 Fontes textuais
2 Etimologia
o 2.1 Nomes e títulos de Jesus
3 Pontos de vista sobre Jesus
7
o 3.1 Método histórico
o 3.2 No islamismo
o 3.3 No judaísmo
o 3.4 No cristianismo
3.4.1 Denominações cristãs com
discrepâncias doutrinárias
3.4.2 Novos movimentos religiosos de
origem cristã ou supostamente cristã
4 Biografia de Jesus pelo Novo Testamento
o 4.1 Genealogia
o 4.2 Nascimento
o 4.3 Infância e juventude
o 4.4 Batismo e tentação
o 4.5 Ministério
4.5.1 Mandamentos
4.5.2 A transfiguração
o 4.6 A paixão
4.6.1 A entrada triunfal em Jerusalém
4.6.2 Ceia anterior à crucificação
4.6.3 A prisão
4.6.4 O julgamento
4.6.5 A crucificação
8
o 4.7 A ressurreição
o 4.8 A ascensão
5 Relíquias de Jesus
6 Jesus na ficção e na arte
o 6.1 Na arte
o 6.2 Na literatura
o 6.3 No cinema
o 6.4 No teatro
7 Notas
8 Referências
9 Bibliografia
10 Ver também
11 Ligações externas
Fontes textuais
9
O Didaquê (em grego
clássico: Διδαχń) é um texto
do século I, baseado nas
tradições das primeiras
comunidades cristãs e escrito
por vários autores. Apesar de
pequeno, é de grande valor
histórico e teológico.[15]
Foi
descoberto
em 1873 nummosteiro deCons
tantinopla.
O papiro P52, escrito
em grego epaleograficamen
tedatados como tendo sido
escrito por volta do
ano125 d.C., é geralmente
reconhecido como o mais
antigo documento sobre
Jesus.[16][17][nota 5]
Contém
um fragmento deJoão
18:31-33 no recto(frente)
e João 18:37-38no verso.
A principal fonte sobre Jesus são os quatro evangelhos
canónicos,[18]
a que se somam outras fontes cristãs, como
os evangelhos apócrifos, e um número escasso de fontes
10
não-cristãs.[14]
Estas fontes providenciam poucas
informações sobre o Jesus histórico.[19]
Três dos evangelhos canónicos (Mateus, Marcos e Lucas)
são conhecidos como sinópticos devido às suas
semelhanças. Embora Mateus apareça em primeiro lugar
no Novo testamento, acredita-se actualmente que Marcos
foi o primeiro a ser escrito.[20]
Enquanto que Mateus dirige-
se a uma audiênciajudaica, e Lucas aos gentios, ambos
parecem ter usado Marcos como fonte, possivelmente
numa versão inicial.[21]
João, por seu lado, "é uma
produção independente, apresentando os dizeres de
Jesus Cristo na forma de discursos que difere do que
contam os outros três".[22]
De acordo com alguns historiadores, estes textos foram
escritos entre setenta a cem anos após a morte de
Cristo[23]
[nota 6]
Eles recontam em pormenores a vida
pública de Jesus, ou seja, o período de pregações nos
últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas
informações sobre sua vida privada. Representam os
principais documentos em que convergem os
trabalhos hermenêuticos dos historiadores. Na atualidade,
diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a
confiabilidade dos evangelhos e ahistoricidade de
Jesus têm se desenvolvido.[24]
11
Os livros apócrifos têm um valor histórico direto muito
ténue ou quase nulo[25][nota 7]
(dada a sua composição
tardia, os mais antigos datam de meados do século II, são
mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos
séculos seguintes [26]
[nota 8]
), eles fazem uso
defábulas legendárias em grande partes de suas
narrativas.[27]
Os tipos de livros apócrifos são variados: Os evangelhos
apócrifos (como o Evangelho do Pseudo-Tomé e
o Evangelho do Pseudo-Mateus) que
contém milagres abundantes e gratuitos que muitas vezes
chega a se parecer com a literatura fantástica, em nítido
contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos
canônicos. Jesus aparece como uma criança prodígio, por
vezes caprichoso e vingativo;[28]
Entre os evangelhos
apócrifos contam-se os gnósticos (incluindo o Evangelho
de Felipe e Evangelho de Tomé), que contêm revelações
privadas e interpretações inéditas sobre o "logos", e
transforma Jesus como um ser divino aprisionado em
carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de
alcançar salvação[29]
; Os evangelhos apócrifos da paixão
(por exemplo, o Evangelho de Pedro e o Evangelho de
Nicodemos) não acrescentam muito às descrições de
morte de Jesus dos Evangelhos canônicos, mas têm a
12
característica distintiva de retirar a culpa de Pôncio
Pilatos e coloca-las sobre os chefes e autoridades
religiosas judias.[30]
Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão
algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus
seguidores. A mais antiga destas obras é o Testimonium
Flavianum[31]
. Alguns historiadores consideram tais
referências como interpolações posteriores
de copistas cristãos .[nota 9]
Etimologia
O nome Jesus vem do hebraico ( ישועYeshua[nota 10]
), que
significa "Javé/Jeová (YHVH) salva".[32]
Foi também
descrito por seus seguidores
como Messias (do hebraico ( משיחmashíach, que
significa ungido e, por extensão, escolhido[33]
), cuja
tradução para ogrego, Χριστός (Christós), é a origem da
forma portuguesa Cristo.[34]
Nomes e títulos de Jesus
Ver página anexa: Nomes e títulos de Jesus no Novo
Testamento
13
O símbolo do peixe, recorrente no início
da iconografia cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς
(ichthýs) é o acrônimo deἸησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός
Σωτήρ (IēsoùsChristòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus
Cristo Filho de Deus Salvador.[35]
Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado não só
com o seu próprio nome mas também com
vários epítetos e títulos (A lista está em ordem
decrescente de frequência):
"Jesus"[nota 3]
"Cristo". Literalmente significa "ungido",[33]
e foi
posteriormente associado aoMessianismo. Na época
de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu,
especialmente para promover um resgate social e
político. [nota 11][nota 12]
"Senhor". Utilizado principalmente no livro de Atos dos
Apóstolos e nas cartas. O títulohonorífico, em grego
14
clássico é desprovido de valor religioso, mas é
particularmente significativa a aplicação dele a Jesus,
pela associação que a Septuaginta faz deste título
com o termo hebraico יהוה (YHWH), que é um dos
nomes de Deus.[36]
"Filho do Homem." Na tradição judaica tardia, a
expressão tinha uma forte
conotaçãoescatológica.[37][38]
"Filho de Deus". No Antigo Testamento, a expressão
indica uma relação estreita e indissociável entre Deus
e um homem ou uma comunidade humana. No Novo
Testamento, o título assume um novo significado,
indicando uma filial real.[39]
"Rei". O atributo da realeza foi relacionada com
o Messias, que era considerado um descendente e
herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se identificar
com o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do
título.[40]
Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou
Mestre)[41]
Profeta[42]
Sacerdote,[43]
Nazareno,[44]
Deus,[45]
V
erbo,[46]
Filho de José[47]
eEmanuel.[48]
15
Além disso, especialmente no Evangelho segundo João,
são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como:
Cordeiro, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, pastor, Bom
Pastor, Pão da Vida, pão vivente, pão de Deus, porta,
Caminho e Verdade.[49]
Pontos de vista sobre Jesus
Método histórico
Ver artigo principal: Jesus histórico, Jesus nas
comparações mitológicas, Mito de Jesus
Estudiosos têm utilizado o método histórico para
desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao
longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus
entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito
diferente da imagem de Jesus baseada nos
evangelhos.[50]
Alguns estudiosos fazem uma distinção
entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos
e o Jesus entendido através de um ponto de
vista teológico, [nota 13]
ao passo que outros estudiosos
sustentam que o Jesus teológico representa uma figura
histórica.[4][51][52]
As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e
seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os
16
evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Algumas
partes dos evangelhos são consideradas historicamente
confiáveis enquanto que outras partes não o
são,[53][54][55][56][57][58]
e os elementos cuja autenticidade
histórica é disputada incluem os dois relatos sobre o
nascimento de Jesus e sobre a ressurreição e detalhes
sobre a crucificação.[59][60][61][62][63][64]
A maioria dos acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam
a existência histórica de Jesus. [nota 14]
[nota 15][65][66]
Um dos
proponentes da não-historicidade foi Bruno
Bauer no século XIX. Acadêmicos que rejeitam totalmente
a historicidade de Jesus baseiam-se na falta de
evidência arqueológica direta, a falta de menção em
documentos antigos sobre Jesus e a similaridade entre
o cristianismo primitivoe a mitologia e religião
contemporânea.[67]
O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca do Jesus
histórico [68]
é um esforço pós-iluminista para descrever
Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final
do século XVIII, estudiosos têm analisado os evangelhos e
tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os
esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão
do judaísmo do século I, analisando os textos religiosos
cristãos e usando os métodos de crítica histórica
17
e sociológica, além da análise literária dos ditos de
Jesus.[69]
Ascensão de Jesus numa antiga pinturaturca.[70]
No islamismo
Ver artigo principal: Isa (profeta)
Jesus, conhecido em árabe como Isa ou Isa ibn
Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos
principais Profetas do Islã. De acordo com o Alcorão foi
um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do
que se passa no cristianismo, não é um ser divino.
Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos
e a narração do Alcorão da história de Jesus.
A virgindade de Maria é plenamente reconhecida pelo
islã.[71]
Jesus teria anunciado várias vezes na Bíblia a
chegada de Maomé como o último profeta.[72]
A morte de
18
Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer
explicitamente a sua morte e dizer que antes da morte ele
foi substituído por outro, do qual nada é dito, enquanto
Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus.[73]
A morte
ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se
o seu regresso no dia do Juízo Final [74]
e a descoberta,
nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira. [nota 16]
O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa, e se refere
a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. [nota
17][75]
No judaísmo
Ver artigo principal: Yeshua
Mais informações: Yeshu ben Pantera e Judaísmo
messiânico
O judaísmo acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou
parte de uma trindade, ou um mediador de Deus,
é heresia.[76]
O judaísmo também sustenta que Jesus não
é o messias [77]
argumentando que ele não cumpriu
as profecias messiânicas da Tanakh nem encarna as
qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que
Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas
pela Torá para provar que ele era um profeta. E mesmo
que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse
19
reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta
poderia contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que
os rabinos afirmam que Jesus fez.[78]
A Mishneh Torá, escrita por Maimônides (ou Rambam),
considerada uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus
é um "obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para
servir a uma divindade além de Deus". De acordo com
o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que
Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da
comunidade judaica.[79][80]
E quanto ao Judaísmo
reformista, o movimento progressista moderno, afirmam:
"Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que
Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim
um apóstata".[81]
[nota 18]
No cristianismo
Ver artigo principal: Cristologia e Jesus Cristo
A figura de Jesus de Nazaré é o centro
da religião conhecida como cristã, embora existam
diversas interpretações sobre a sua pessoa. [nota 19]
De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é
o protagonista de um único ato [nota 20]
e intransferível, pelo
qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua
20
natureza decaída e atingir a salvação. [nota 21]
Tal ato é
consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.
A ressurreição é, portanto, o fato central do cristianismo e
constitui sua esperançasoteriológica. Como ato, é
exclusivo da divindade e indisponível ao homem. De forma
mais precisa, a encarnação, a morte e
a ressurreição compensam os três obstáculos que
separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a
natureza, [nota 22]
o pecado,[nota 23]
e a morte. [nota
24] Pela Encarnação do Verbo, a natureza divina se faz
humana.[82]
Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por
sua ressurreição, a morte.[83]
Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado
no Primeiro Concílio de Niceia, em 325, com a formulação
do Credo niceno. Este concílio é reconhecido pelas
principais denominações cristãs: católica, ortodoxa e de
várias igrejas protestantes.
O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o
seguinte:
Cremos em um só Senhor, Jesus
Cristo, Filho Unigênito de Deus,
gerado do Pai desde toda a
eternidade, Deus de Deus, Luz da
21
Luz, Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro, gerado, não criado,
consubstancial ao Pai; por Ele todas
as coisas foram feitas. Por nós e para
nossa salvação, desceu dos céus;
encarnou por obra do Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria, e fez-se
verdadeiro homem. Por nós foi
crucificado sob Pôncio Pilatos;
sofreu a morte e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras; subiu aos
céus, e está sentado à direita do Pai.
De novo há de vir em glória, para
julgar os vivos e os mortos; e o seu
reino não terá fim.[84]
Existem, no entanto, igrejas não trinitárias,
ou unicistas que não reconhecem a existência de uma
trindade de pessoas em Deus. [nota 25]
Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a
encarnação e Filho de Deus,
segunda pessoa da Santíssima Trindade cristã. É Filho por
Natureza, e não por adoção, o que significa que sua
Divindade absoluta e sua humanidade absoluta são
inseparáveis. [nota 26]
A relação entre a natureza divina e
22
humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes
termos:
Fiéis aos santos Pais, todos nós,
perfeitamente unânimes, ensinamos
que se deve confessar um só e
mesmo Filho, nosso Senhor Jesus
Cristo, perfeito quanto à divindade, e
perfeito quanto à humanidade;
verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem, constando
de alma racional e de corpo,
consubstancial com o Pai, segundo a
divindade, e consubstancial a nós,
segundo a humanidade; em tudo
semelhante a nós, excetuando o
pecado; gerado segundo a divindade
pelo Pai antes de todos os séculos, e
nestes últimos dias, segundo a
humanidade, por nós e para nossa
salvação, nascido da Virgem Maria,
mãe de Deus; um e só mesmo
Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que
se deve confessar, em duas
naturezas, inconfundíveis, imutáveis,
indivisíveis, inseparáveis; a
distinção de naturezas de modo
algum é anulada pela união, antes é
preservada a propriedade de cada
natureza, concorrendo para formar
23
uma só pessoa e em uma
subsistência; não separado nem
dividido em duas pessoas, mas um
só e o mesmo Filho, o Unigênito,
Verbo de Deus, o Senhor Jesus
Cristo, conforme os profetas desde o
princípio acerca dele
testemunharam, e o mesmo Senhor
Jesus nos ensinou, e o Credo dos
santos Pais nos transmitiu.[85]
Denominações cristãs com
discrepâncias doutrinárias
Ver artigo principal: Disputas cristológicas, Heresia
Existem algumas minorias cristãs que não partilham das
definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e
do Concílio de Calcedónia.
Nestorianismo, variante doutrinal inspirada pelo
pensamento de Nestório, que possui uma
denominação ativa hoje (a Igreja Assíria do Oriente) e
é endossada por algumas escolas ligadas
ao Cristianismo Esotérico, como a Fraternidade
Rosacruz de Max Heindel. O centro de sua doutrina é
a recusa em acreditar que o Filho de Deus tenha
algum dia sido uma criança. Consequentemente, a
24
separação entre as pessoas humana e divina de
Jesus. Foi rejeitado pelo Concílio de Éfeso[86]
.
Monofisismo é a variante de uma unificação das duas
doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré.
Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a
divina. Foi promovido pelo Eutiques e rejeitado
no Concílio de Calcedónia[87]
.
Novos movimentos religiosos de
origem cristã ou supostamente
cristã
Vários movimentos religiosos dito cristãos, geralmente
protestantes, surgidos a partir da segunda metade
do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das
denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a
natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses
movimentos podem ser considerados como
cristãos.[88][89][90]
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias (conhecido como Mórmons) crêem que Jesus
oferece duas salvações diferentes: a da morte física e
a da morte espiritual.[91]
Os mórmons também mantém
a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou
a América e continuou ali seus ensinamentos[92]
25
As Testemunhas de Jeová consideram Jesus como
"filho unigênito", o único a ser criado diretamente por
Deus, bem como "oprimogênito de toda a criação", e
também como "o primogênito dentre os mortos", ou
seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser
ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele
não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma
poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado,
cujo sangue derramado abre o caminho para a
humanidade obter a vida eterna".[93]
Além disto, Jesus
não faz parte de uma trindade pois não é Deus, mas
sim deus, ou seja, um deus submisso a um outro
Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de
Cristo e Sua igualdade com o Pai.[94]
As Testemunhas
de Jeová afirmam que Jesus não morreu
numa cruz com uma reta vertical e uma
horizontal,[95]
mas numa estaca de tortura, com
apenas uma reta vertical. Outra característica
importante é que Jesus não ressuscitou no mesmo
corpo que morreu e se tornou rei do céu em 1914 e
que desde então vivemos no período da Segunda
vinda de Cristo.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia enfatiza, como a
maioria dos grupos adventistas,
26
uma escatologia milenarista e acredita que a segunda
vinda de Jesus é iminente e que será visível e
palpável. Além disso, têm o Sábado como dia sagrado
de descanso, e afirmam que seguem o exemplo de
Jesus, que ia à Sinagoga aos Sábados.
Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs,
como alguns que negam terminantemente a divindade de
Jesus e a sua missão de salvação. [nota 27]
Biografia de Jesus pelo Novo Testamento
Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os
ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos
canônicos: Evangelhos deMateus, Marcos, Lucas e João,
pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os apócrifos
do Novo Testamento apresentam também alguns relatos
relacionados a Jesus. Existem também diversas obras que
tentaram harmonizar o relato dos quatro Evangelhos
canônicos num único relato cronologicamente coerente e
elas são chamadas de "harmonias evangélicas", sendo a
mais antiga delas oDiatessarão já do século II d.C.
Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da
vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco
do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou
27
cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias
não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu
encontram-se nos escritos de Josefo, [nota 28]
que nasceu no
ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta
do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117;
e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.
[96]
Genealogia
Ver artigo principal: Genealogia de Jesus
A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por Leonardo
da Vinci, 1475, Galleria degli Uffizi, Florença.
Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão relato
da genealogia de Jesus.[97][98]
Estes relatos são
substancialmente diferentes.[99]
Várias explicações têm
sido sugeridas e tornou-se tradicional desde, pelo menos,
1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi
traçada através de Maria e que a Mateus o faz através de
28
José.[100]
Acadêmicos modernos geralmente vêem as
genealogias como construções teológicas.[101]
Mais
especificamente, sugere-se que as genealogias tenham
sido criadas com o objetivo de justificar o nascimento de
uma criança com linhagem real.[102][103][104]
Nascimento
Ver artigo principal: Nascimento de Jesus
Mais informações: Três Reis Magos
A adoração de Cristo, Fra Angélico eFilippo
Lippi, National Gallery of Art,Washington
Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu entre
7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.[1][105]
29
Não há evidência histórica contemporânea demonstrando
a data de Nascimento de Jesus. Ocalendário gregoriano é
baseado em uma tentativa medieval de contar os anos
desde o nascimento de Jesus, que foi estimado
por Dionysius Exiguus entre 2 AC/ACE e 1 DC/DEC.[106]
O
evangelho de Mateus afirma que o nascimento aconteceu
durante o reinado de Herodes, que morreu em 4
ACE,[107]
sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos
de idade quando ele teria ordenado o Massacre dos
inocentes. O autor do evangelho de Lucas similarmente
coloca o nascimento de Jesus como tendo ocorrido
durante o reinado de Herodes, mas afirma que o
nascimento aconteceu durante o Censo de
Quirino dasprovíncias romanas da Síria e Judeia, o que
geralmente se crê ter acontecido em 6 DCE, ou seja, uma
década depois da morte de Herodes.[108]
A maioria dos
acadêmicos dão preferênca à faixa entre 6 e 4 ACE.[109]
De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na época
do rei Herodes o sacerdoteZacarias, esposo de Isabel —
ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do
nascimento de João Baptista através do anjo Gabriel.[110]
No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo
Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era
virgem e noiva de José, eanuncia que ela viria a
30
conceber do Espírito Santo e que daria ao seu filho o
nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao
saber que sua noiva estava grávida, não teria
compreendido inicialmente que Maria recebera a missão
de conceber o Messias e se afastou dela. Mas em sonho,
um anjo lhe revelou a vontade de Deus, e ele aceitando-a,
recebeu Maria como esposa.[110]
Massacre dos Inocentes quadro de Peter Paul
Rubens (1577-1640).
Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria
promovido um recenseamento de todos os habitantes do
Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas
cidades. José, por ser da cidade de Belém, teria levado
Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por
não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma
manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da
31
região, avisados por um anjo, vieram até o local do
nascimento de Jesus para adorá-lo.[110]
Completados os oito dias que determinava a tradição
judaica, Jesus foi levado ao templo por sua família para
ser circuncidado, quando foi abençoado
por Simeão e Ana.[110]
Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria
recebido a visita dos magos do oriente, os quais, segundo
a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia. Os magos
teriam chegado a Jerusalém seguindo a trajetória de
uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo.
E, ao encontrarem Jesus numa casa com
Maria, adoraram-lhe e
ofertaram ouro, incenso e mirra representando,
respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua
imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se
decidido a matar aquele que lhe iria tomar o trono, o
chamado Massacre dos Inocentes. Tal notícia teria
chegado a José, que então foge com Maria e o menino
para o Egito. Jesus e sua família teriam permanecido no
Egito até a morte de Herodes, quando então José, após
ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a
cidade de Nazaré. [111]
32
Infância e juventude
Ver artigo principal: Irmãos de Jesus, Sagrada Família
de Jesus de Nazaré
John Everett Millais, Jesus na casa de seus
pais, 1850.
Segundo Mateus 2:13-23, após a fuga para o Egipto a
família de Jesus permaneceu nessa região até à morte
de Herodes, o Grande. Nessa altura deixam o Egipto e
estabelecem-se em Nazaré, de modo a evitar terem de
viver sob a autoridade do filho e sucessor de
Herodes,Arquelau.[112]
A única referência à adolescência de Jesus nos
Evangelhos canónicos ocorre em Lucas 2:42-51,
conhecido como "Jesus entre os doutores". Segundo este
evangelista, aos doze anos Jesus foi com os pais de
Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach,
a Páscoajudaica, e lá surpreendeu os doutores
33
do Templo pela facilidade com que aprendia a doutrina, e
por suas perguntas intrigantes.[113]
Em Marcos 6:3, Jesus é designado como tekton (τέκτων
em Grego), normalmente percebido como
significando carpinteiro. Mateus 13:55 diz que era filho de
um tekton.[114][nota 34]
Para além das informações do Novo Testamento, as
associações específicas da profissão de Jesus
à carpintaria são uma constante nas tradições cristãs dos
séculos I e II. São Justino Mártir, que morreu cerca do
ano 165, escreveu que Jesus fazia juntas earados.[117]
Batismo e tentação
Ver artigo principal: Batismo de Jesus
34
Tentação de Cristo por Ary Scheffer, pintura do
século XIX.
Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem
o batismo de Jesus por João Batista,[118]
e este evento é
descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério
público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas,
Jesus foi para o rio Jordão onde João Batista estava
pregando e batizando as pessoas.
Mateus descreve que João estava hesitante em atender o
pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é
quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu,
"Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda
a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi batizado e
saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu os céus se
abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e
ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti
me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de
João não descreve o batismo e nem se refere a João
como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre
quem João tinha pregado — o Filho de Deus.
Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por
Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta
35
noites.[119]
Durante esse tempo, o diabo lhe apareceu e o
tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus
rejeitou as tentações respondendo com uma citação
das escrituras.[120]
Em seguida o diabo se foi e os anjos
vieram para cuidar de Jesus.[121]
Ministério
Ver artigo principal: Milagres de Jesus
O Sermão da Montanha, Carl Heinrich
Bloch, Copenhague, século XIX.
Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo para
anunciar a salvação e as Bem-
aventuranças àhumanidade.[122][123]
Durante o seu
ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como
andar sobre a água, transformar água em vinho, várias
36
curas, exorcismos (como o exorcismo na sinagoga de
Cafarnaum) e ressuscitação de mortos (como
a Ressurreição de Lázaro).[124]
. É nesta época também
que Jesus expulsa os vendilhões do Templo, conhecido
como o único relato do Evangelho onde Ele se vale da
violência física para realizar seu intento[125]
.
O evangelho de João descreve três Pessachs durante o
ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou
por pelo menos dois anos e um mês,[126]
apesar de
algumas interpretações dos evangelhos sinóticos
sugerirem um período de apenas um ano.[127][128]
Jesus
desenvolveu seu ministério principalmente na Galileia,
tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases
evangelísticas e se deslocando várias vezes
a Tiberíades pelo Mar da Galileia. Esteve também em
cidades comoSamaria, na Judeia e sobretudo
em Jerusalém logo antes de sua crucificação. Esteve em
outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente
por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.[129][130]
Mandamentos
Os principais temas da pregação de Jesus foram, de
acordo com os Evangelhos, o anúncio do Reino de Deus,
o perdão divino dospecados e o amor de
Deus.[131]
Expostos, entre outros, nas
37
inúmeras parábolas e acções de Jesus, no Pai-
Nosso,[132]
nas Bem-aventuranças[133]
e na chamada regra
de ouro.[134]
Jesus resumiu também "toda a Lei e
os Profetas" do Antigo Testamento em apenas dois
mandamentos fundamentais,[135]
a saber: "Amar a Deus de
todo coração, de toda alma e de todo espírito e ao próximo
como a ti mesmo"(Mateus 22:37-39).[135]
A doutrina
católica sobre os Dez Mandamentos considera que os dez
mandamentos doDecálogo são uma refracção destes dois
mandamentos referentes ao bem da pessoa.[136]
Além destes ensinamentos, Jesus trouxe um novo
mandamento: "que vos ameis uns aos outros, como Eu
vos amei" (João 15:10).[137]
A transfiguração
Ver artigo principal: Transfiguração (cristianismo)
38
Transfiguração de Jesus, de Ernesto Thomazini, na
Basílica doBom Jesus de Iguape e Nossa Senhora
das Neves em Iguape(SP).
De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três
dos seus apóstolos — Pedro, João e Tiago— a um monte
para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado
diante deles. Segundo o relato do evangelista Lucas, seu
rosto brilhava como o sol e as suas roupas resplandeciam,
entãoElias e Moisés apareceram e conversavam com ele.
Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu
disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo,
a ele ouvi". Os evangelhos também afirmam que até o final
de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos
de sua morte e ressurreição futura.[138][139]
39
A paixão
Ver artigo principal: Mistério Pascal
A entrada triunfal em Jerusalém
Ver artigo principal: Entrada triunfal em Jerusalém
Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus
seguidores a Jerusalém para celebrar ali a festa
da Páscoa judaica. Ele entrou na cidade no lombo de
um jumento.[nota 35]
Foi recebido por uma multidão, que o
aclamou como "filho de Davi".[140]
Nos evangelhos de
Lucas e João, também é chamado de rei.
Segundo Lucas, alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da
multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os
repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo:
"Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas
19:40).
Ceia anterior à crucificação
Ver artigo principal: Última Ceia
40
A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, 1495-1497
Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus
apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "A
Última Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que
seria traído por um dos seus apóstolos, Judas Iscariotes.
Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e comei, este é o meu
corpo", logo após, pegou um cálice e disse: "bebei todos,
este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será
derramado para a remissão dos pecados".[141]
O Evangelho segundo João oferece maiores detalhes
sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e
17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos
discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os
últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e
a oração sacerdotal.
A prisão
Ver artigo principal: Prisão de Jesus
Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus
teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte
das Oliveiras, em frente ao Templo, para orar. Três
discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe
companhia.
41
Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos
sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam
prendê-lo, por trinta moedas de prata.[142]
Acompanhado
por um grupo de homens armados, Judas chegou ao
jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo
na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso.
Por parte de seus seguidores houve um princípio de
resistência, mas depois todos se dipersaram e
fugiram.[143][nota 36]
O julgamento
Ver artigos principais: Julgamento de Jesus no
Sinédrio, Corte de Pilatos e Jesus na corte de Herodes
42
Ecce Homo ("Eis o homem"!),Pôncio Pilatos ao
apresentarJesus Cristo aos judeus. Obra do pintor
italiano Antonio Ciseri(1821-1891)
Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo
Sacerdote Caifás.[144]
A lei judaica não permitia que
o Sinédrio, a suprema corte judaica, se reunisse durante
o Pessach[145]
e a lei romana proibia que se condenasse
um homem à morte.[145]
Jesus foi acusado primeiramente
de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas
entraram em desacordo.[146]
Depois, perguntaram a Jesus
se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus.
Jesus respondeu que era,[147]
e foi então acusado
deblasfemar ao dizer-se Deus.
Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença
de Pôncio Pilatos,[148]
que então governava a província
romana da Judeia.[149]
Acusavam-no de estar traindo Roma
ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos
enviou-o a Herodes Antipas[150]
— filho de Herodes, o
Grande[151]
— que governava a Galileia.[152]
Lucas conta
que Herodes zombou de Jesus,[153]
vestindo-o com um
manto real, e devolveu-o a Pilatos.[150]
Jesus foi então flagelado e recebeu a coroa de espinhos.
Era de praxe os governantes romanos libertarem um
43
prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs
Jesus e um assassino condenado, de
nome Barrabás,[154]
na escadaria do palácio, e pediu à
multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto
em liberdade (um episódio conhecido como Ecce
Homo).[155]
A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu
Barrabás.[156]
Pilatos entregou então Jesus para morrer
nacruz.[157]
A crucificação era uma forma comum de
execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de
classes inferiores.[158]
A crucificação
Ver artigo principal: Crucificação de Jesus, Cruz cristã
44
Diego Velázquez, Cristo crucificado, 1631.
Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na
cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara
de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo:
"Salve o Rei dos Judeus".[159]
A seguir, espancaram-no e
cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até
um lugar chamado Gólgota. [nota 37]
Ao vê-lo perder as
forças, ordenaram a um homem, de nome Simão Cireneu,
que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do
caminho.
Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz
pelos soldados romanos. João conta que escreveram no
alto da cruz a frase latina "Iesus Nazarenus Rex
Iudeorum".[nota 38]
Puseram a cruz de Jesus entre as de
dois ladrões.[160][nota 39]
Antes de morrer, Jesus exclamou:
"Elí, Elí, lamá sabactani" que traduzido seria "Meu Deus,
meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46).
Depois de três horas, Jesus morreu. José de
Arimatéia e Nicodemos puseram o seu corpo num túmulo
recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.
Existe uma questão que pode ser polêmica para algumas
pessoas inclusive estudiosas da questão envolvida,
conforme os parágrafos abaixo:
45
Um erro de tradução da Bíblia é tomar staurós como
estaca ou estaca de tortura e, baseando-se nisto, dizer
que Jesus foi pregado em uma estaca ao invés de uma
cruz.[161]
Isto pois, na época que se diz ser a da morte de
Jesus, o significado da palavra já havia passado a
abranger duas estacas cruzadas.[161]
Por outro lado, o livro The Non-Christian Cross (A Cruz
Não-Cristã), de J. D. Parsons, explica: “Não existe uma
única sentença em nenhum dos inúmeros escritos que
formam o Novo Testamento que, no grego original, forneça
sequer evidência indireta no sentido de que
o staurós usado no caso de Jesus fosse diferente
do staurós comum; muito menos no sentido de que
consistisse, não em um só pedaço de madeira, mas em
dois pedaços pregados juntos em forma de uma cruz.”
A ressurreição
Ver artigo principal: Mistério Pascal e Ressurreição de
Jesus
46
A ressurreição de Cristo, porRaffaello
Sanzio, 1500. MASP
Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria
Madalena foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde
encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois
disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois
discípulos viram-no na estrada de Emaús.
Entretanto, os evangelhos discordam em relação a
quantidade de pessoas que foram com Maria Madalena
naquela manhã. João 20:1 faz referência apenas a uma
pessoa, Mateus 28:1 cita Maria Madalena e a outra Maria.
Marcos 16:1 faz referências a Maria Madalena, Maria, mãe
de Tiago e Salomé, já Lucas 24:1, 2, 3 e 10 não deixa tão
evidente a quantidade de pessoas.
47
Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis
encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois
na Galileia onde chegou a ser visto por algumas centenas
de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece
detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o
momento da ressurreição.
Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de Jesus
teria sido precedida de um grandeterremoto em razão da
remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:
E eis que houve um grande
terremoto; porque um anjo
do Senhor desceu do céu,
chegou-se, removeu a pedra
e assentou-se sobre ela. O
seu aspecto era como um
relâmpago, e a sua veste,
alva como a neve. E os
guardas tremeram
espavoridos e ficaram como
se estivessem mortos.
—(Mateus,
28:2-4
No mesmo Evangelho é informado também que os líderes
judeus da época teriam subornado os guardas para que
contassem uma versão diferente, ou seja, que os
discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os
vigias dormiam.[162]
48
Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos dos
Apóstolos, há outras fontes que falam da ressurreição de
Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo
Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos de
3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios,
escrita por volta do ano 55 da era cristã, onde o apóstolo
menciona duas outras aparições de Jesus após a sua
ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas,
Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na
outra ocasião, teria aparecido ao seu
parente Tiago,[163][164]
o qual, após esta experiência, teria
se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém,
escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.[164]
A ascensão
Ver artigo principal: Ascensão de Jesus
49
Garofalo: Ascensão de Cristo, 1510-20.
A ascensão de Jesus é relatada nos Evangelhos de
Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de
Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.
Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar,
apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-
lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o
Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que,
após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser
encoberto por uma nuvem.
Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta
que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi
50
recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É
Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento,
informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de
seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado ao
céu (Lucas 24:50-52).
Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata
que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos
permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão
de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os
quais teriam proferido as seguintes palavras:
Varões galileus, por que estais
olhando para as alturas? Este
Jesus que dentre vós foi assunto
ao céu virá do modo como o
vistes subir
—Atos,
1:11
Diferente da ocasião da morte de Jesus na cruz, Lucas diz
que os discípulos não ficaram entristecidos com a
aparente separação ocorrida na ascensão, mas
retornaram felizes para Jerusalém.
Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e
João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de
Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na
segunda parte do seu último verso com a frase de que
51
Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos
até o fim do mundo (Mateus 28:20).
Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o
Novo Testamento trazem outros relatos de aparições de
Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na
visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus
durante sua prisão em Patmos [165]
e recebe a missão de
escrever o Apocalipse.[166]
Relíquias de Jesus
Ver artigo principal: Prepúcio Sagrado, Santo
Graal, Santo Sudário e Vera Cruz
Detalhes do Sudário: A esquerda o retrato real, a
direita um negativo em preto e branco.
52
Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita
pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a
Jesus. É discutido que algumas dessas relíquias sejam
falsificações medievais.[167]
Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e
discutida[nota 40]
relíquia de Jesus é talvez
o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego),
atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal
do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava
envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho e
mede 442 x 113 cm. Apresenta uma dupla imagem (frente
e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos
compridos, ostentando as marcas no corpo
correspondente à descrição da paixão: marcas
deflagelação, a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados
por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é
uma pintura, mas o resultado de um gradual
amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo
de um filme fotográfico.[nota 41]
Na parte mais profunda das
feridas há vestígios de sangue tipo AB.
As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos
restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços
de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de
Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele
53
entrou em contato, como as lascas da cruz (uma das
quais, provavelmente original encontra-se no Obelisco do
Vaticano), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o
título que foi pregado à cruz[nota 38]
e taça que ele teria
usado na última ceia (o Santo Graal).
Jesus na ficção e na arte
Na arte
Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de Cefalù.
Num primeiro momento, a arte do cristianismo evitou
representar Jesus em forma humana, preferindo invocar
sua figura através de símbolos, tais como
o monograma formado pelas letrasgregas Χ y Ρ, iniciais do
nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Α y Ω,
primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto
54
grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o
símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ,
«ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός,
Σωτήρ(Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus Cristo
Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado
como um cordeiro (o Cordeiro de Deus); e também em
símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.[168][nota 42]
Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro
representado como um jovem, muitas vezes com o rosto
de Alexandre Magno, sem barba e sem cabelos
longos [169]
. A partir do século IV foi representado quase
exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou
habitual uma série de representações de Jesus. Algumas
das quais com a imagem doPantocrator, que tiveram um
grande sucesso na Europa medieval.[170]
Na literatura
Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras
literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de
Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do
tema podemos citar:
Mikhail Bulgakov: O Mestre e Margarida (escrito entre
1928 e 1940, publicado em 1967).
55
Robert Graves: Rei Jesus (1947).
Níkos Kazantzákis: Cristo Crucificado (1948) e A
Última Tentação de Cristo (1951), no qual se
basearia Martin Scorsese para filmar o filme
homônimo.
Fulton Oursler: A Maior História Jamais
Contada (1949). No qual se baseou o filme de George
Stevens.
José Saramago: O Evangelho segundo Jesus
Cristo (1991).
Norman Mailer: O Evangelho segundo o Filho (1997).
Fernando Sánchez Dragó: Carta de Jesus ao
Papa (2001).
O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas
obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a
ficção ou o romance de mistério.
Mirza Ghulam Ahmad: Jesus na Índia 1899
Juan José Benítez: Operação Cavalo de Tróia (1984-
2006; saga de vários volumes).
56
Dan Brown: O Código da Vinci (2003)
No cinema
A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo
Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão,
tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos
personagens mais interpretados no cinema.[171][172]
O
primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion
de Jésus-Christ de Georges Hatot y Louis
Lumière.[173]
No cinema mudo, o filme que mais se
destacou foi O Rei dos Reis(1927) de Cecil B. DeMille.
O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos
pontos de vista: Desde a grandiosa produção
de Hollywood O Rei dos Reis(Nicholas Ray, 1961) até as
visões mais austeras de cineastas como Pier Paolo
Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também
deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores
como Buñuel (Nazarín, 1958), y Dreyer (Ordet, 1954).
Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus
não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última
Tentação de Cristo(1988), de Martin Scorsese, baseado
no romance homônimo de Nikos Kazantzakis, muito
criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O
filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) recebeu a
57
aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi
considerado anti-semita por alguns membros da
comunidade judaica.[174][175]
A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários
ângulos. [nota 43]
Existem interpretações satíricas da figura
do criador docristianismo, como A Vida de Brian (Terry
Jones, 1979). Musicais, como o célebre Jesus Cristo
Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes
de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y
Stanislav Sokolov, 2000).
No teatro
A vida de Jesus também tem sido levada
aos palcos da Broadway e a outras partes do mundo
através dos musicais. Entre as representações líricas da
vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular
musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera rock com
músicas de Andrew Lloyd Webber e arranjos de Tim Rice,
representada pela primeira vez em 1970, e que
posteriormente viria a se espalhar pelo resto do
planeta.[176]
Também se destaca a peça de
teatro Godspell, com música de Stephen Schartz e
arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela
primeira vez também em 1970.[177]
No teatro do Brasil,
58
destaca-se Auto da Compadecida, peça de Ariano
Suassuna escrita em 1955 e publicada em 1957, que
retrata um jesus negro.
59
Paulo de Tarso Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Este artigo é sobre o apóstolo Paulo de Tarso
(São Paulo). Para outros significados, veja São Paulo
(desambiguação).
São Paulo
60
Paulo ( por Rembrandt)
Apóstolo dos Gentios e Mártir
Nascimento ca. 5[1] em Tarso, na Cilícia[nota a]
Morte 67 (62 anos)[2]:p. 411
Veneração por Toda cristandade
Principaltemplo Basílica de São Paulo Extra-Muros,
naVia Ostiense, Roma
Festa litúrgica
29 de junho (Festa de São Pedro e São
Paulo[3]
Atribuições
um homem segurando uma espada e
um livro[3]
Padroeiro:
autores, Imprensa, editoras e
escritores[3]
Polêmicas Controvérsia da circuncisão
Portal dos Santos
Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo
Paulo, Saulo de Tarso eSão Paulo, foi um dos mais
influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras
compõem parte significativa do Novo Testamento. A
influência que exerceu no pensamento cristão, chamada
de "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel
61
como proeminente apóstolo doCristianismo durante a
propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano[4]
.
Conhecido como Saulo antes de sua conversão, ele se
dedicava àperseguição dos primeiros discípulos de Jesus
na região de Jerusalém[nota b]
. De acordo com o relato
na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém
eDamasco, numa missão para que, encontrando fiéis por
lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão
de Jesus envolto numa grande luz. Ficou cego, mas
recuperou a visão após três dias e começou então a
pregar o Cristianismo[nota c]
.
Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um
dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo[5]
.
Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma
situação legal privilegiada[6]
.
Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a
Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por
estudiosos modernos[4]
. Agostinhodesenvolveu a ideia de
Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas "obras
da Lei"[4]
. A interpretação de Martinho Lutero das obras de
Paulo influenciou fortemente sua doutrina de "sola fide"[4]
.
A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua
vida. Com suas atividades missionárias e obras, Paulo
62
acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia
de toda a região da bacia do Mediterrâneo. Sua liderança,
influência e legado levaram à formação de comunidades
dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de
Israel, aderiam ao código moraljudaico, mas que
abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei
Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre
a vida e obra de Jesus e seu "Novo Testamento",
fundamentados na morte de Jesus e na
suaressurreição[nota d]
.
A Bíblia não relata a morte de Paulo.
Índice
[esconder]
1 Fontes de informação
2 Nomes
3 Antes da conversão
4 Conversão e a sua missão
o 4.1 Testemunho pós-conversão
o 4.2 Primeiros anos de ministério
o 4.3 Primeira viagem missionária
o 4.4 Segunda viagem missionária
4.4.1 Concílio de Jerusalém
63
4.4.2 Paulo e Silas
o 4.5 Terceira viagem missionária
o 4.6 Viagem a Roma
o 4.7 O Incidente em Antioquia
o 4.8 Visitas a Jerusalém nos Atos e nas Epístolas
5 Prisão e morte
o 5.1 Tradição sobre a morte de Paulo
o 5.2 Túmulo e relíquias
6 Obras
o 6.1 Atribuição de suas obras
o 6.2 Redenção
o 6.3 Relação com o judaísmo
o 6.4 Escatologia
o 6.5 Papel das mulheres
7 Influência no cristianismo
o 7.1 Tradição oriental
o 7.2 Tradição ocidental
8 Visões críticas
9 Ver também
10 Notas
11 Referências
12 Bibliografia
64
13 Ligações externas
Fontes de informação
Conversão do procônsul Sérgio Paulo, de quem
Saulo pode ter tomado emprestado o nome.
Por Rafael, no Victoria and Albert Museum, em Londres.
A principal fonte para informações históricas sobre a vida
de Paulo são as pistas encontradas em suas epístolas e
nos Atos dos Apóstolos. Os Atos recontam a carreira de
Paulo, mas deixam de fora diversas partes de sua vida,
como a sua alegadaexecução em Roma[4]
.
Estudiosos como Hans Conzelmann e o teólogo John
Knox (não deve ser confundido com John Knox do século
XVI), disputam a confiabilidade histórica dos Atos dos
65
Apóstolos[7][8]
. O relato do próprio Paulo sobre seu passado
está principalmente naEpístola aos Gálatas. De acordo
com alguns acadêmicos, o relato dos "Atos" sobre a visita
de Paulo a Jerusalém, em Atos 11:27-30, contradiz o
relato nas epístolas paulinas[4]
. Outros consideram o relato
de Paulo nas epístolas como sendo mais confiável do que
os encontrados nos "Atos"[2]:p. 316-320
.
Nomes
O nome original de Paulo era "Saulo" (em hebraico: -
Sha'ul; tiberiano: Šāʼûl - "o que se pediu, o que se orou
por" e traduzido em grego antigo: Σαούλ - Saul - ou
Σαῦλος - Saulos)[9][10]
, nome que divide com o bíblicoRei
Saul, um outro benjaminita e primeiro rei de Israel, que foi
sucedido pelo Rei Davi, da tribo de Judá[6][11]
. Segundo
suas próprias palavras, era um fariseu[nota e]
.
O uso de "Paulo" (em grego: Παῦλος - Paulos;
em latim: Paulus ou Paullus - "baixo"; "curto"[12]
) aparece
nos "Atos" pela primeira vez quando ele começou sua
primeira jornada missionária em território desconhecido.
Em Atos 13:6-13, Paulo aparece, juntamente
comBarnabé e João Marcos, conversando com Sérgio
Paulo, um oficial romano em Chipre que será convertido
por ele. Paulus era um sobrenome romano e alguns
66
argumentam que Paulo o adotou como seu primeiro
nome[13]
. Outra teoria, apontada pelo Vaticano, afirma que
era costume para os judeus romanizados da época
adotarem um nome romano e o pai de Paulo
provavelmente quis agradar à família dos Pauli[14]
. Por fim,
há ainda os que consideram possível a homenagem a
Sérgio Paulo e mais provável que a mudança esteja mais
relacionada a um desejo do apóstolo em se distanciar da
história do Rei Saul, que perseguiu Davi[15]
.
Antes da conversão
Em "Atos dos Apóstolos", Paulo afirma ter nascido
em Tarso (na província de Mersin, na parte meridional
da Turquia central) e faz breves menções à sua família.
Um sobrinho é mencionado em Atos 23:16 e sua mãe é
citada entre os que moram em Roma emRomanos 16:13.
É ali também que o apóstolo confessa que «Saulo
assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando
homens e mulheres, os entregava à prisão.» (Atos
8:3)[16]
[nota f]
.
Mesmo tendo nascido em Tarso, foi criado em Jerusalém,
"aos pés de Gamaliel"[nota r]
, que é considerado um dos
maiores professores nos anais do Judaísmo" e cujo
equilibrado conselho em Atos 5:34-39, para que os judeus
67
se contivessem na fúria contra os discípulos, contrasta
com a temeridade de seu estudante que, após a morte
de Estevão, saiu num rompante perseguindo os
"santos" [nota g]
.
Conversão e a sua missão
Mais informações: Cronologia bíblica do Novo
Testamento
Conversão de Saulo.
Em Damasco, na Síria.
68
A conversão de Paulo pode ser datada entre os anos
de 31 e 36[17][18][19]
pela referência que ele fez em uma de
suas epístolas[4]
. De acordo com os "Atos dos Apóstolos",
sua conversão (metanoia) ocorreu na "estrada para
Damasco", onde ele afirmou ter tido uma visão de Jesus
ressuscitado que o deixou temporariamente cego[nota h]
.
Testemunho pós-conversão
Nos versículos iniciais da Epístola aos Romanos, Paulo
nos dá uma litania de sua própria alegação apostólica e de
suas convicções pós-conversão sobre a ressurreição de
Cristo.
Os seus próprios textos nos dão alguma ideia sobre o que
ele pensava de sua relação com o Judaísmo. Se por um
lado se mostrava crítico, tanto teologicamente quanto
empiricamente, das alegações de superioridade moral ou
de linhagem dos judeus[nota s]
, por outro defendia
fortemente a noção de um lugar especial reservado
aos filhos de Israel[nota t]
.
Ele ainda afirmou que recebeu as "boas novas" não de
qualquer um, mas por uma revelação pessoal de Jesus
Cristo[nota i]
. Por isso, ele se entendia independente da
comunidade de Jerusalém[2]:p. 316 - 320
(possivelmente
no Cenáculo), embora alegasse sua concordância com ela
69
no que tangia ao conteúdo do Evangelho [nota j]
. O que é
mais impressionante nessa conversão é a mudança na
forma de pensar que ocorreu. Ele teve que mudar seu
conceito sobre quem oMessias era e, particularmente,
aceitar a ideia, então absurda, de um Messias crucificado.
Ou talvez o mais difícil tenha sido a mudança de seus
conceitos sobre a superioridade dos judeus. Ainda há
debates sobre se Paulo já se considerou como o veículo
de evangelização dos gentios no momento de sua
conversão ou se isto se deu mais tarde[20]
.
70
Batismo de Paulo por Ananias.
Na casa de Ananias, em Damasco, na Síria.
Primeiros anos de ministério
Após a sua conversão, Paulo foi para Damasco, onde os
"Atos" afirmam que foi curado de sua cegueira
e batizado por Ananias de Damasco[21]
. Paulo afirma em 2
Coríntios 11:32 que foi em Damasco que ele escapou por
pouco da morte, indo em seguida primeiro para a Arábia e
depois de volta para Damasco[nota u][22]
. Esta viagem de
Paulo para a Arábia não é mencionada em nenhum outro
lugar no Novo Testamento e alguns autores acreditam que
ele tenha na realidade viajado até o Monte Sinai para
meditar no deserto[23][24]
. Ele descreve em Gálatas como,
três anos após a sua conversão, ele viajou para
Jerusalém, onde se encontrou com Tiago, o Justo, e ficou
com Simão Pedro por 15 dias[nota v]
.
A narrativa em Gálatas continua afirmando que, quatorze
anos após a sua conversão, ele foi de novo a
Jerusalém[nota w]
. Não se sabe exatamente o que aconteceu
neste período, conhecido como "anos desconhecidos",
mas tanto os Atos quanto os Gálatas nos dão algumas
pistas[25]
. Ao final deste período, Barnabé foi ao encontro
de Paulo e o trouxe de volta para Antioquia[nota x]
. O autor
71
F. F. Bruce sugeriu que os quatorze anos podem ser
contados a partir da conversão de Paulo ao invés de sua
primeira visita a Jerusalém[26]
.
Quando uma grande fome ocorreu na Judeia[27]
, Paulo e
Barnabé viajaram para Jerusalém para entregar a ajuda
financeira da igreja de Antioquia[28]
. De acordo com os
Atos, Antioquia já tinha se tornado um centro importante
para os fiéis após a dispersão dos crentes que se seguiu
ao martírio deEstêvão[2]
e foi lá que os seguidores de
Jesus foram, pela primeira vez, chamados de cristãos[nota k]
.
Primeira viagem missionária
Primeira viagem.
Nos Atos, relatam-se três viagens de Paulo: a primeira,
liderada primeiro por Barnabé, levou Paulo de Antioquia
até Chipre, passando depois pela Ásia Menor (Anatólia) e
de volta a Antioquia. Em Chipre, Paulo refuta e
cega Elimas, o mago, que estava criticando seus
72
ensinamentos. Deste ponto em diante, Paulo é descrito
como sendo o líder do grupo[29]
.
Segunda viagem missionária
Segunda viagem.
Concílio de Jerusalém
Mais informações: Concílio de
Jerusalém e Controvérsia da circuncisão
Paulo partiu para sua segunda viagem de Jerusalém, onde
estava sendo realizado o concíliocom os outros apóstolos
no qual a obrigatoriedade da circuncisão foi retirada. A
maior parte dos acadêmicos concorda que houve uma
reunião vital entre Paulo e a igreja de Jerusalém em algum
momento entre os anos de 48 e 50[4]
, descrita em Atos
15:2 e geralmente entendido como o mesmo evento
mencionado por Paulo em Gálatas 2:1[4]
. A principal
questão discutida ali foi se os gentios convertidos
precisavam ou não ser circuncidados, conforme o relato
73
nos Atos e em Gálatas. Paulo alega em sua epístola que
terá sido neste encontro que
Pedro, Tiagoe João aceitaram a missão de Paulo aos
gentios[30]
.
Com o objetivo de levar a Antioquia o resultado do
concílio, os fiéis realizaram uma eleição para escolher dois
mensageiros que acompanhariam Paulo e Barnabé nessa
missão. Os eleitos então foram Silas e Judas, "chamado
Barsabá"[nota y]
.
Paulo, Barnabé, Judas e Silas partiram então
de Jerusalém levando os decretos dos apóstolos aos fiéis
em Antioquia e nas províncias romanas da Síria e Cilícia.
Chegando a Antioquia, eles cumprem a missão que lhes
foi dada, sendo que Judas retorna para Jerusalém e
desaparece da história, enquanto Silas permanece na
cidade[nota z]
.
74
Paulo e Barnabé em Listra.
Por Nicolaes Berchem, 1650. Atualmente no Musée d'Art et d'Industrie,
em Saint-Étienne, na França.
Paulo e Silas
Em Antioquia, Paulo e Barnabé tiveram uma dura
discussão sobre se deveriam levarJoão Marcos com eles.
Nos Atos, é mencionado que o menino já os tinha deixado
em uma viagem anterior para retornar para casa. Paulo
acreditava que ele ainda não estava pronto para este tipo
de evangelização e, por isso, ele e Barnabé decidiram se
75
separar. Barnabé acabou levando João Marcos consigo
e Silas se juntou a Paulo[31]
.
Paulo e Silas viajaram para diversas cidades diferentes,
como Tarso, Derbe e Listra(todas na Ásia Menor). Nesta
última, eles encontraram Timóteo, um discípulo que tinha
uma boa reputação, e decidiram levá-lo com eles.
Em Filipos (na Grécia), uma multidão incitada por homens
insatisfeitos com a conversão de uma escrava que dava
muitos lucros aos seus patrões com suas adivinhações se
insurgiu contra os missionários, açoitando e prendendo
Paulo e Silas. Após um milagroso terremoto, os portões da
prisão se abriram e os dois puderam escapar, o que levou
por sua vez à conversão do carcereiro[nota a1]
. Eles seguem
então para Bereia, de onde Paulo segue para Atenas,
deixando ali Silas e Timóteo[nota b1]
. Na capital grega, Paulo
prega noareópago contra os muitos ídolos que encontra,
converte Dionísio, o Areopagita e parte[nota c1]
.
Por volta de 50 a 52, Paulo passou 18 meses em
Corinto[4]
, onde reencontrou Timóteo e Silas. A referência
nos Atos ao procônsul Gálio permite inferir a data
(vide Inscrição de Gálio[4]
). Lá ele trabalhou com Silas e
Timóteo[4]
e Paulo conheceu Priscila e Áquila, que se
tornaram fiéis crentes e ajudaram Paulo em suas viagens
missionárias. A dupla seguiu Paulo e seus companheiros
76
até Éfeso e o grupo permaneceu ali para iniciar aquela que
seria a mais forte e fiel igreja cristã daquele tempo. A
cidade foi um importante centro da cristandade a partir do
ano 50. Em 52, os missionários viajaram para Cesareia
Mazaca para cumprimentar a igreja que se formara ali,
viajando em seguida para o sul até Antioquia,
descansando ali por um ano antes de iniciarem uma
terceira viagem missionária[31]
.
Terceira viagem missionária
Terceira viagem.
Paulo iniciou sua terceira viagem missionária passando
por toda a região da Galácia e da Frígiapara reforçar a fé e
ensinar para os fiéis, além de repreender os que estavam
em erro. Quando ele chegou em Éfeso, ficou ali por pouco
menos de três anos e realizou uma série de milagres,
como curas e exorcismos. O apóstolo seguiu então para
a Macedônia[32]
, passando novamente por Corinto, onde
permaneceu por três meses. Quando ele estava pronto
77
para retornar para aSíria, mudou de ideia por conta de um
plano que os judeus tinham feito contra sua vida, voltando
então para a Macedônia e terminando sua viagem em
Cesareia[33]
.
Embora Paulo tenha escrito sobre uma visita que fez
a Illyricum, ele estava se referindo ao que hoje chamamos
de Illyria Graeca[34]
, parte da província romana da
Macedônia, onde hoje está atualmente a Albânia[35]
.
Viagem a Roma
Paulo e seus companheiros seguiram então para Roma,
naquela que foi provavelmente a última das viagens
missionárias, em 60. A viagem começou em Jerusalém,
onde os irmãos foram recebidos em festa. Lá, Paulo foi
espancado e quase morto, preso e enviado para Cesareia
Marítima, onde esteve detido durante aproximadamente
um ano e meio. Foi transferido depois para Roma, a seu
pedido, e solto após o comandante saber que ele era
um cidadão romano. Paulo passou então a pregar na
capital imperial[36]
.
O Incidente em Antioquia
Ver artigos principais: Incidente em
Antioquia e Epístola aos Gálatas
78
Apesar do acordo encontrado no Concílio de Jerusalém,
como tinha entendido Paulo, o apóstolo relata como ele
depois confrontou publicamente Pedro, no que ficou
conhecido como "Incidente em Antioquia", por causa da
relutância dele em realizar suas refeições com os cristãos
gentios em Antioquia[37]
.
Escrevendo depois sobre o incidente, relata ter dito a
Pedro e os demais presentes «Se tu, sendo judeu, vives
como gentio, e não como judeu, como obrigas os gentios a
viver como os judeus?» (Gálatas 2:11-14)[16]
. Paulo
também menciona que até mesmo Barnabé, seu
companheiro de viagem até aquele momento, ficou do
lado de Pedro[37][nota l]
.
O resultado final do incidente permanece incerto.
A Enciclopédia Católica afirma que "o relato de Paulo
sobre o incidente não deixa dúvidas de que Pedro viu
justiça na reprimenda". Em contraste, a obra "From Jesus
to Christianity", de L. Michael White, alega que "o
confronto com Pedro foi uma falha completa, uma bravata
política, e Paulo logo deixou Antioquia como persona non
grata para nunca mais voltar"[38]
.
Visitas a Jerusalém nos Atos e nas Epístolas
79
Esta tabela foi adaptada da obra de White, From Jesus to
Christianity[30]
. Este pareamento entre as viagens de Paulo
como narradas nos Atos e nas Epístolas não é consenso
entre os acadêmicos.
Atos dos Apóstolos Epístolas
Primeira visita a
Jerusalém[nota d1]
"Decorridos
muitos dias" da
conversão em
Damasco
Prega
abertamente
em Jerusalém
com Barnabé
Encontra os
apóstolos
Primeira visita a
Jerusalém[nota e1]
Três anos após a
conversão de
Damasco
Vê apenas Pedro
(Cefas) e Tiago
Segunda visita a
Jerusalém[nota f1]
Levando a
ajuda
financeira por
conta da fome
Há um debate sobre
se a viagem de Paulo
em Gálatas 2 se
refere à visita para
ajudar na fome ou
sobre o Concílio de
80
Jerusalém. Se for à
primeira, então esta é
a visita feita «depois
de quatorze
anos» (Gálatas
2:1)[16].
Terceira visita a
Jerusalém[nota g1]
com Barnabé
"Concílio de
Jerusalém"
Seguida pelo
confronto com
Barnabé em
Antioquia
sobreJoão
Marcos[nota h1]
Outra [nota m] visita a
Jerusalém[nota i1]
14 anos depois
(após a
conversão de
Damasco?)
Com Barnabé
e Tito
possivelmente o
"Concílio de
Jerusalém"
Paulo concorda
em "se lembrar
dos pobres"
Seguida pela
confrontação
com Pedro e
81
Barnabé em
Antioquia[nota j1]
Quarta visita a
Jerusalém[nota k1]
Para
cumprimentar
a igreja
Aparentemente não é
mencionada.
Quinta visita a
Jerusalém[nota l1]
Após uma
ausência de
muitos anos[nota
m1]
Para "trazer
esmolas à
minha nação, e
fazer oferenda"
Paulo é preso
Outra [nota n] visita a
Jerusalém [nota n1]
Para "trazer
esmolas"
Prisão e morte
82
Tiago, irmão de Jesus[nota q]
, líder dos cristãos de
Jerusalém, que avisou Paulo sobre os riscos de
pregar contra a Torá em Jerusalém[4]
.
Paulo chegou em Jerusalém em 57 com uma coleta de
dinheiro que tinha feito para a comunidade local[4]
e,
segundo Atos, ele foi recebido calorosamente. Porém, o
relato continua afirmando que ele foi interrogado
83
por Tiago por ensinar a «...todos os judeus que estão entre
os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não
circuncidem seus filhos nem andem segundo os nossos
ritos» (Atos 21:22)[16]
. Paulo então realizou um ritual de
purificação para não dar aos judeus nenhum motivo para
acusá-lo por não seguir os mandamentos da Lei[4]
.
Paulo porém continuava a pregar contra a circuncisão,
contra as restrições alimentares e contra os requerimentos
da Torá e isto provocou o rompimento final com os
judeus[4]
. Paulo causou um alvoroço ao aparecer
no Templo e somente escapou da morte por ter sido
preso[4]
. Ele foi então mantido prisioneiro por dois anos
em Cesareia até que um novo governador reabrisse seu
caso em 59[4]
. Quando Paulo foi acusado de traiçãoapelou
ao César, alegando seu direito, como cidadão romano, de
ser levado a um tribunal apropriado e de se defender das
acusações[4]
.
Atos 28:1 relata que no caminho para Roma, Paulo sofreu
um naufrágio em "Melite"(Malta)[4]
, onde ele se encontrou
com Públio[nota o1]
e foi recebido pelos habitantes da ilha
com "muita humanidade"[nota p1]
. Ele chegou a Roma por
volta do ano 60 e passou mais dois anos em prisão
domiciliar[nota q1]
. Contando esta vez, Paulo passou entre
cinco e seis anos preso em celas ou prisioneiro em casa.
84
Ireneu de Lyon acreditava que Pedro e Paulo tinham sido
os fundadores da Igreja de Roma, sendo eles a
nominarem São Lino como bispo e sucessor:
“ ...Igreja fundada e organizada em
Roma pelos dois mais gloriosos
apóstolos, Pedro e Paulo; também
[ensinando] a fé pregada aos
homens, que chegou aos nossos
dias através da sucessão dos
bispos....Os abençoados
apóstolos, então, tendo fundado e
abençoado a Igreja, entregaram
nas mãos de Lino o episcopado. ”
— Adversus Haereses 3.2-3, Ireneu de
Lyon[39]
Paulo, porém, não foi bispo de Roma e nem levou
o cristianismo para lá, pois já havia cristãos em Roma
quando ele chegou lá[nota r1]
. É evidente também que Paulo
já tinha escrito uma epístola para a Igreja de Roma antes
de ter visitado a cidade[nota o]
. Porém, Paulo pode ter tido
um importante papel na formação da Igreja na capital
romana.
85
Tradição sobre a morte de Paulo
Decapitação de São Paulo.
Por Enrique Simonet, 1887
Ver artigo principal: Santa Tradição
Nem a Bíblia e nem outra história qualquer conta
explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo
com a tradição cristã, Paulo foi decapitado em Roma
durante o reino do imperador Nero em meados dos anos
60 na Abadia das Três Fontes (emitaliano: Tre Fontane)[40]
.
O tratamento mais "humano" dado a Paulo, em contraste
com a crucificação invertida de São Pedro, foi graças à
sua cidadania romana[41]
.
Vários autores cristãos da Antiguidade já propuseram mais
detalhes sobre a morte de Paulo. I Clemente, uma carta
86
escrita pelo bispo de Roma, Clemente, por volta do ano 90
d.C. relata o seguinte sobre Paulo[42]
:
“ "Por causa de inveja e brigas,
Paulo, pelo exemplo, mostrou a
recompensa da resistência
paciente. Após ele ter sido preso
por sete vezes, ter sido exilado,
apedrejado e ter pregado no
ocidente e no oriente, ele recebeu
o reconhecimento que era o
prêmio da sua fé, tendo ensinado
a retidão para o mundo inteiro e
tendo chegado aos confins do
ocidente. E quando ele já tinha
dado seu testemunho perante os
governantes, partiu deste mundo e
foi para um lugar sagrado, tendo
encontrado um notável padrão de
resistência paciente. ” — I Clemente, Clemente de Roma
87
Basílica de São Paulo Extra-Muros com a estátua de
Paulo na frente. Na basílica encontram-se as
alegadas relíquias do apóstolo.
Em Roma.
Comentando sobre esta passagem, Raymond Brown
escreve que, ainda que ela não afirme categoricamente
que Paulo foi martirizado em Roma, "...algo assim é a mais
provável interpretação".[43]
Eusébio de Cesareia, que escreveu no século IV d.C.,
afirma que Paulo foi decapitado durante o reino
do imperador romano Nero[44]
. Este evento tem sido
datado ou no ano de 64 d.C., quando Roma foi devastada
por um incêndio, ou alguns anos depois, em 67 d.C. A
festa de São Pedro e São Paulo, da Igreja Católica, é
comemorada em 29 de junho, o que pode refletir uma data
88
tradicional para o seu martírio. Outras fontes também
apontaram uma tradição de que Pedro e Paulo teriam
morrido no mesmo dia (e, possivelmente, no mesmo
ano)[45]
.
O apócrifo Atos de Pedro sugere que Paulo sobreviveu a
Roma e viajou para o oeste, para a Hispânia[46]
. Alguns
mantém o ponto de vista que ele poderia ter visitado a
Grécia e a Ásia Menor após a sua viagem à Hispânia e
que ele pode ter sido finalmente preso em Troas e enviado
a Roma para ser executado[47]
(veja-se a discussão
acimasobre as epístolas a Timóteo).
Túmulo e relíquias
A tradição cristã mantém que Paulo foi enterrado com São
Pedro ad Catacumbas na Via Ápia e lá permaneceu até
seu corpo ser levado para a Basílica de São Paulo Extra-
Muros, em Roma. O venerável Beda, em sua Historia
ecclesiastica gentis Anglorum, escreveu que o Papa
Vitaliano, em 665, deu algumas relíquias de Paulo
(incluindo a cruz feita com as correntes que o prenderam)
ao rei Oswiu da Nortúmbria, no norte da Inglaterra[48]
.
Ainda segundo a tradição, o túmulo de Paulo estaria
localizado na Basílica de São Paulo Extra-Muros, em
Roma[49]
. Escavações foram realizadas conforme o relato
89
feito em um comunicado da Agência Católica Internacional
de Imprensa (APIC - Agence de Presse Internationale
Catholique), de 17 de fevereiro de 2005[50]
:
“ Um sarcófago que pode conter as
relíquias do apóstolo Paulo foi
identificado na Basílica de São
Paulo Extra-Muros, de acordo
com Giorgio Filippi, chefe do
departamento epigráfico do Muse
u do Vaticano.
Sob o altar elevado, está uma laje
de mármore do século IV, que
sempre esteve visível, contém
uma inscrição PAULO
APOSTOLO MART (Paulo
Apóstolo Mártir). A placa tem três
furos e provavelmente está
relacionada com o culto funerário
de São Paulo. De acordo com
Giorgio Filippi, esses buracos
foram usados para a "criação de
relíquias" por meio de simples
contato com o túmulo do
apóstolo. ”
90
Ao longo da Via Ostiense, um
santuário foi erguido sobre o
túmulo do apóstolo Paulo ainda
no século I d.C. Como já fizera
com São Pedro, o imperador
romano Constantino, o Grande,
começou, no início do século IV,
a construir umabasílica para
abrigar o túmulo. Então, em 386,
meio século após a do imperador
e por conta do afluxo de
peregrinos, uma basílica ainda
maior foi construída por ordem
dos imperadores Valentiniano
II, Teodósio I e Arcádio.
— Agência Católica Internacional de
Imprensa[50]
,
Em junho de 2009 o Papa Bento XVI anunciou os
resultados das escavações ali realizadas. O sarcófago em
si não foi aberto, mas foi examinado por meio de uma
sonda e revelou pedaços de incenso e de linho, azul e
púrpura, assim como pequenos fragmentos de osso, que
foram datados por radiocarbono como sendo do século I
91
ou II d.C. De acordo com o Vaticano, isto é uma evidência
a favor da tradição de que ali está efetivamente o túmulo
de Paulo.[51]
.
Obras
Epístola aos Gálatas.
Novo Testamento de 1524.
Ver artigo principal: Epístolas paulinas
Quatorze epístolas do Novo Testamento são atribuídas a
Paulo, das quais sete têm a autoria quase que
universalmente aceita, enquanto que as outras sete são
disputadas:Efésios, Colossenses, 2 Tessalonicenses, 1
Timóteo, Tito e Hebreus. Destas, quatro são consideradas
como sendo de outro autor que não Paulo por razões
textuais e gramaticais, enquanto que as outras três são
disputadas por alguns acadêmicos[2]
. Paulo aparentemente
92
ditou todas as suas epístolas (exceto Gálatas) através de
um secretário (ou amanuense), que geralmente
parafraseava o tom de sua mensagem, como era a prática
entre os escribas do século I d.C.[2]:316-320[52]
.
Estas epístolas circularam entre as comunidades cristãs e
eram lidas em público por membros da igreja, juntamente
com outras obras[53]
. Elas foram citadas ainda no século I,
por volta de 96 d.C., por Clemente de Roma em sua
epístola Clemente aos Coríntios[42]
.
tribuição de suas obras
Paulo escrevendo suas epístolas.
Valentin de Boulogne ou Nicolas Tournier, século XVI, atualmente na
Blaffer Foundation Collection, Houston,Texas.
As epístolas paulinas foram na sua maioria escritas para
igrejas que Paulo visitou e o apóstolo era um grande
93
viajante. Ele passou por Chipre, por toda a Ásia Menor,
pelaGrécia, Creta e Roma. Elas estão repletas de
exposições sobre o que os cristãos deveriam acreditar e
como deveriam viver, ao passo que ele não relata ao
destinatário (e aos leitores modernos) muito sobre a vida
de Jesus. Suas mais explícitas referências são passagens
sobre a Última Ceia[nota s1]
e a crucificação e
ressurreição[nota t1]
. As referências aos ensinamentos de
Jesus são também esparsos[nota u1]
, levantando a questão,
ainda em disputa, sobre o quão consistente éseu relato
sobre a fé com o que está nos quatro evangelhos
canônicos, os Atos e aEpístola de Tiago. O ponto de vista
de que o Cristo de Paulo é diferente do Jesus histórico foi
proposta pelo teólogo Adolf Harnack[54]
. De toda maneira,
ele nos dá o primeiro relato escrito do que é ser cristão e
da espiritualidade cristã.
Das catorze cartas atribuídas a Paulo e incluídas
no cânone do Novo Testamento, há pouca ou nenhuma
disputa de que Paulo tenha escrito pelo menos sete[55]:p.
411:
Epístola aos Romanos
Primeira Epístola aos Coríntios
Segunda Epístola aos Coríntios
94
Epístola aos Gálatas
Epístola aos Filipenses
Primeira Epístola aos Tessalonicenses
Epístola a Filêmon
A Epístola aos Hebreus, que foi atribuída a ele ainda na
antiguidade, já era questionada na época, e atualmente
não é considerada como tendo sido escrita por ele pela
maior parte dos especialistas (veja Antilegomena). A
autoria das demais epístolas tem variados graus de
disputa a respeito da autoria[56]
.
A autenticidade da Epístola aos Colossenses tem sido
questionada[57]
por conter uma descrição de Jesus não
encontrada em nenhuma outra de Paulo, descrevendo-o
como a "imagem do Deus invisível"[nota v1]
,
uma cristologia que só tem paralelo no Evangelho de
João[nota w1]
. Evidências internas demonstram uma conexão
próxima com a Epístola aos Efésios[58]
, que é muito similar
a Colossenses (dos 155 versículos, 78 são idênticos[58]
),
mas quase sem referências pessoais. O estilo de
Colossenses é único entre as epístolas paulinas, não se
encontrando a ênfase na cruz que se vê nas demais e
nem referência à Segunda vinda de Cristo, além de uma
exaltação do casamento que contrasta com a encontrada
em 1 Coríntios 7:8-9. Finalmente, segundo R.E. Brown, ela
95
exalta a Igreja de uma forma que só se tornaria comum
numa segunda geração de cristãos, "construída sobre a
fundação deixada pelos apóstolos e profetas", já
passada[59]
. Os defensores da autoria paulina argumentam
que ela foi escrita para ser lida uma quantidade grande de
igrejas (daí a similaridade com Efésios) e marca um
estágio final do desenvolvimento de Paulo de Tarso. Deve
ser lembrado também que a porção moral da epístola, que
é composta dos dois últimos capítulos, tem uma afinidade
muito maior com os trechos equivalentes em outras
epístolas enquanto que o restante casa perfeitamente com
os detalhes que conhecemos sobre a vida de Paulo,
dando-nos ainda mais pistas sobre ela[58]
. Ela confirma,
por exemplo, que ele estava preso quando a escreveu[nota
x1].
96
Paulo de Tarso.
Estátua na Praça de São Pedro, no Vaticano.
As epístolas pastorais, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Epístola a
Tito também já tiveram a autoria questionada. As três
principais razões são:
As diferenças em vocabulário, estilo e teologia em
relação às demais obras de Paulo. Os defensores da
autenticidade afirma que elas foram provavelmente
97
escritas em nome do apóstolo sob sua autoridade por
algum de seus discípulos, a quem ele teria explicado
claramente o que deveria ser escrito, ou a quem ele
havia passado um sumário por escrito dos pontos a
serem desenvolvidos, e que, uma vez escritas, Paulo
as teria lido, aprovado e assinado[47]
.
A dificuldade de alinhá-las com a biografia conhecida
de Paulo[60]
. Estas epístolas, assim como as dirigidas
aos Colossenses e aos Efésios, foram escritas no
período em que Paulo estava preso, mas ao contrário
delas, afirmam que o apóstolo foi solto e viajou depois
disso. Os defensores argumentam que Paulo foi preso
pela primeira vez não por algum crime contra os
romanos, mas para salvá-lo da prisão. Em Filêmom,
ele parece ter a esperança de ser libertado logo[nota
y1] e haveria bastante tempo para ele ter visitado Creta
e escrever as epístolas a Timóteo antes de sua
segunda - e final - prisão pelos romanos[47]
.
Finalmente, foram levantadas diversas objeções sobre
o estado avançado da Igreja que a epístola deixa
transparecer. Novamente, os defensores alegam que
a epístola usa termos como "bispo", "diácono" e
"padres" como sinônimos para indicar os que foram
legados pelos apóstolos com a missão evangélica e
98
não no sentido organizacional que termo viria a
adquirir nos anos seguintes. Alegam também que se
estas epístolas fossem mesmo, como alegam os
críticos, uma defesa da sucessão apostólica pelos
bispos, elas já deveriam ter sido atacadas como
fraudes na antiguidade, argumenta que não encontra
nenhum suporte evidencial[47]
.
O principal argumento contra a autoria de Paulo
da Segunda Epístola aos Tessalonicenses é que a
sua escatologia parece contradizer a da Primeira Epístola
aos Tessalonicenses[61]
. Enquanto a primeira epístola
parece indicar que a parousia é iminente[nota z1]
, na
segunda ele a coloca num futuro desconhecido[nota a2]
, o
que implicaria num "erro" do apóstolo em uma epístola
que, segundo os crentes, teve inspiração divina. A defesa
principal é que a frase mais polêmica, «Então nós que
estivermos vivos, e formos deixados, seremos
arrebatados em nuvens...» (1 Tessalonicenses
4:17)[16]
teve tradução problemática já
na Vulgata (em latim: Nos, qui vivimus, qui residui sumus),
mas que o texto original em grego não deixa
dúvidas, hemeis oi zontes oi paraleipomenoi, ama syn
autois arpagesometha, que seria melhor traduzido como
99
"Nós, se estivermos vivos - se deixados para trás - [na
terra], seremos arrebatados..."[61]
.
Redenção
Ver artigo principal: Expiação
A teologia da redenção foi um dos principais assuntos
abordados por Paulo[62]
. Paulo ensinou que os cristãos
foram redimidos da Lei(veja supersessionismo) e
do pecado pela morte de Jesus e sua ressurreição[62]
. Sua
morte foi uma expiação e, pelo sangue de Cristo, a paz foi
estabelecida entre Deus e o homem[62]
. Pelo batismo, um
cristão toma sua parte na morte de Jesus e na sua vitória
sobre a morte, recebendo, gratuitamente, uma renovada
condição de filho de Deus[62]
.
Paulo pregando em Atenas.
Pintura na parede do auditório Weise-Gymnasium, emZittau, na Saxônia.
100
elação com o judaísmo
A teologia de Paulo sobre o evangelho acelerou a
separação da seita messiânica dos cristãos do judaísmo,
algo que Paulo não desejava[4]
. Ele escreveu que somente
a fé em Cristo (como Messias) era suficiente e decisiva
para a salvação, tanto de judeus quanto de gentios,
tornando o cisma entre os cristãos e os judeus não só
inevitável, mas permanente[4]
. Ele argumentou que os
gentios convertidos não precisavam se tornar
judeus ou ser circuncidados, nem tampouco seguir as leis
alimentares[4]
. Porém, em Romanos, ele insiste numa
visão positiva do valor da Lei Mosaica como um guia
moral[nota b2]
.
Escatologia
Veja também: Escatologia cristã e Segunda vinda de
Cristo
De acordo com Ehrman, Paulo acreditava que Jesus iria
retornar ainda durante a sua vida[11]
. Ele afirma que Paulo
acreditava que os cristãos que tinham morrido nesse meio
tempo seriam ressucitados para poder participar do Reino
de Deus. Acreditava também, segundo ele, que os salvos
seriam transformados e assumiriam formas
sobrenaturais[11]
.
101
O ensinamento de Paulo sobre o fim do mundo aparece
muito claramente nas suas epístolas à igreja
de Tessalônica. Muito perseguidos, é possível que eles
tenham escrito para o apóstolo primeiro perguntando
sobre os que já tinham morrido e sobre o que deveriam
esperar no final. Paulo então os assegura que os mortos
se levantarão primeiro e serão seguidos pelos que ainda
estão vivos[nota c2]
. Veja a discussão mais acima sobre as
epístolas aos tessalonicenses), o que pode sugerir uma
iminência do fim, mas ele não foi específico sobre a
cronologia e encoraja seus ouvintes a terem paciência na
epístola seguinte[63]
. O final dos tempos será uma batalha
entre Jesus e o "Homem da iniquidade" [nota p]
, cuja
conclusão será o triunfo final de Cristo.
102
Ícone de São Paulo.
No mosteiro de Spaso-Preobrazhensky, emIaroslavl, na Rússia.
Papel das mulheres
Para uma discussão sobre uma mulher entre os
apóstolos: Júnia
Um verso na 1 Timóteo[nota d2]
, tradicionalmente atribuída a
Paulo (vide acima), é frequentemente utilizada como maior
fonte de autoridade na bíblia para que às mulheres seja
vedado o sacramento da ordem, além de outras posições
de liderança e ministério no cristianismo. A Epístola a
103
Timóteo é também muitas vezes utilizada por muitas
igrejas para negar-lhes o voto em assuntos eclesiásticos e
posições de ensino para público adulto e também a
permissão para o trabalho missionário[64]
.
“ 11A mulher aprenda em silêncio
com toda a sujeição; 12pois não permito à mulher que
ensine, nem que tenha domínio
sobre o homem; mas que esteja
em silêncio.
13Pois Adão foi formado primeiro,
depois Eva. 14Adão não foi seduzido, mas a
mulher é que, deixando-se iludir,
caiu na transgressão; ” — 1 Timóteo 2:11-14,
Esta passagem parece estar dizendo que as mulheres não
devem ter na igreja nenhum papel de liderança frente aos
homens[65]
. Se ela também proíbe as mulheres de ensinar
outras mulheres ou crianças é duvidoso, pois até mesmo
nas igrejas católicas que proíbem o sacerdócio feminino,
permitem queabadessas ensinem e tenham posições de
liderança sobre outras mulheres. Qualquer interpretação
104
desta parte das escrituras tem que se confrontar com as
dificuldades teológicas, contextuais, sintáticas e léxicas
destas poucas palavras[66]
.
O teólogo J. R. Daniel Kirk encontrou um importante papel
para as mulheres na igreja antiga, como por exemplo
quando Paulo elogiaFebe por seu trabalho
como diaconisa[nota e2]
e também Júnia[nota f2]
, considerada
por alguns como sendo a única mulher citada no Novo
Testamento entre os apóstolos[67][68]
. Kirk aponta para
estudos recentes que levaram alguns a concluir que a
passagem que obriga as mulheres a "ficarem caladas nas
igrejas" em 1 Coríntios 14:34 foi uma adição posterior,
aparentemente por um autor diferente e não era parte da
carta original de Paulo à igreja de Corinto. Outros, como
Giancarlo Biguzzi, alegam que a restrição de Paulo sobre
as mulheres em Coríntios é genuína, mas aplica-se ao
caso particular de proibi-las de fazerem perguntas ou de
conversar, e não uma probição generalizada contra as
mulheres falarem, pois em 1 Coríntios 11:5 Paulo afirma o
direito das mulheres de profetizar[69]
.
105
Conversão no caminho para Damasco.
Por Caravaggio, na Igreja de Santa Maria del Popolo,
em Roma.
O terceiro exemplo de Kirk de uma visão mais inclusiva
está em «Não pode haver judeu nem grego, não pode
haver escravo nem livre, não pode haver homem nem
mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gálatas
3:28)[16]
. Ao anunciar um fim dentro da igreja das divisões
que eram tão comuns no mundo todo, ele conclui
destacando que "...havia mulheres do Novo
Testamento que ensinaram e tinham autoridade na igreja
antiga e que estes ensinamentos e esta autoridade eram
106
sancionadas por Paulo e que o apóstolo mesmo oferece
um paradigma teológico dentro do qual a superação da
subjugação da mulher é um resultado esperado"[70]
.
Influência no cristianismo
Ver artigo principal: Paulinismo
A influência de Paulo no pensamento cristão é
possivelmente o mais importante dentre todos os outros
autores do Novo Testamento[4]
. Paulo declarou que sua fé
em Cristo tornou a Torádesnecessária para a salvação,
exaltou a igreja cristã como sendo o corpo de Cristo e
mostrou o mundo fora da igreja como estando sob
julgamento[4]
.
Tradição oriental
No oriente, os padres da Igreja reduziram a eleição divina
presente Romanos 9:11 à onisciênciade Deus[4]
e o tema
da predestinação presente na teologia ocidental não
aparece no oriente[4]
.
Tradição ocidental
As obras fundamentais de Agostinho sobre a "boa nova"
como um presente (graça), sobre a moralidade como a
vida no Espírito, sobre a predestinação e sobre o pecado
107
original se baseiam todas em Paulo, especialmente
na Epístola aos Romanos[4]
.
Durante a Reforma protestante, Martinho Lutero expressou
a doutrina de Paulo sobre a fé como elemento mais
importante como justificação para a sua doutrina da sola
fide (apenas a fé)[4]
.
Visões críticas
Reconstituição facial de Paulo feita pelos
especialistas do LKA Renânia do Norte-Vestfália,
Alemanha.
Elaine Pagels, professora de religião na Universidade de
Princeton e uma autoridade reconhecida sobre
108
o gnosticismo, argumenta que Paulo era um gnóstico e
que as epístolas pastorais, antignósticas, são falsificações
"pseudo-paulinas", escritas para refutar esta crença ainda
na antiguidade[71]
.
O acadêmico britânico e judeu Hyam Maccoby argumenta
que o Paulo como descrito nos Atos dos Apóstolos e o
Paulo que aparece em suas próprias obras são pessoas
muito diferentes. Algumas dificuldades foram apontadas
no relato de sua vida, por exemplo. O Paulo dos Atos está
muito mais interessado na história factual e menos na
teologia e ideias como a justificação pela fé não estão ali,
assim como não estão as referências ao Espírito, de
acordo com Maccoby. Ele também afirma que não existem
referências a João Batista nas epístolas paulinas,
enquanto Paulo o menciona diversas vezes nos Atos[72]
.
Maccoby teoriza ainda que Paulo sintetizou o judaísmo, o
gnosticismo e o misticismo para um cristianismo como
uma religião com um salvador cósmico. De acordo com
ele, o farisaísmo de Paulo foi sua própria invenção e que
ele, na verdade, teria se associado com os saduceus.
Maccoby atribui ainda as origens do antissemitismo cristão
a Paulo e alega que a visão das mulheres que o apóstolo
defendia, embora inconsistente, refletia seu gnosticismo
(em seus aspectos misóginos)[72]
.
109
Outros autores lembram que linguagem nos discursos de
Paulo é muito parecida com a deLucas no estilo. Além
disso, George Shillington escreve que o autor dos Atos
provavelmente criou os discursos de acordo com este
estilo e eles contêm sua marca teológica e literária[73]
.
Contrariamente, o historiador e apologista cristão
Christopher Price argumenta que o estilo de Lucas nos
Atos representa o estilo dos historiadores da época que
reconhecidamente relatavam discursos em suas obras[74]
.
F. C. Baur (1792–1860), professor de teologia
em Tübingen, na Alemanha, o primeiro acadêmico a
criticar os Atos e as epístolas paulinas, e fundador
da Escola de Tübingen de teologia, argumentou que
Paulo, como o "Apóstolo dos gentios", estava em violenta
oposição com os doze apóstolos originais. Baur considera
os Atos como uma obra tardia e pouco confiável[75]
. O
debate que ele iniciou continua até hoje, com Adolf
Deissmann[76]
(1866 - 1937) e Richard
Reitzenstein[77]
(1861–1931) enfatizando a herança grega
de Paulo e Albert Schweitzer destacando a sua
dependência do Judaísmo[78]
.
O professor Robert Eisenman da Universidade da
Califórnia em Long Beach, argumenta que Paulo era
membro da família de Herodes, o Grande[79]
. Eisenman faz
110
uma conexão entre Paulo e um indivíduo identificado
por Flávio Josefo como "Saulus", um "parente de
Agripa"[80]
. Outro elemento bastante citado como suporte a
esta tese está em «Saudai a Herodião, meu
compatriota.» (Romanos 16:11)[16]
(em latim: Salutate
Herodionem cognatum meum.).
Entre os críticos do apóstolo Paulo também está Thomas
Jefferson, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos,
que escreveu que Paulo foi o "primeiro que corrompeu as
doutrinas de Jesus"[81]
.
F.F. Powell argumenta que Paulo, em suas epístolas, fez
uso de muitas ideias do filósofo grego Platão, chegando
até mesmo a usar as mesmas metáforas e a mesma
linguagem[82]
. Por exemplo, em Fedro, Platão
colocou Sócrates dizendo que os ideais celestes são
percebidos como "se através de um vidro, vagamente"[83]
.
Estas palavras são ecoadas por Paulo em «Pois agora
vemos como por um espelho em enigma» (1 Coríntios
13:12)[16]
.
111
112
Mo Yan Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mo Yan
Mo Yan, em 2008
Nome completo Guan Moye
Nascimento 17 de fevereiro de 1955 (57 anos)
Gaomi, Shandong
113
Nacionalidade Chinesa
Ocupação Escritor
Prémios Nobel de Literatura (2012)
Gênero literário Realismo mágico
Guan Moye (em chinês: 管謨業, em chinês simplificado
管谟业, em pinyin Guǎn Móyè( (17 de fevereiro de 1955) é
um escritor chinês, mais conhecido
pelo pseudônimode Mo Yan (em chinês: 莫言, em pinyin
Mò Yán), que significa "Não fale"[1]
. É descrito como "um
dos mais famosos, banidos e largamente pirateados
escritores chineses".[2]
Foi laureado com o Nobel de Literatura em 2012,[3]
"que
com realismo alucinatório funde contos populares, história
e contemporaneidade".[4]
Biografia
Nasceu na província de Shandong, numa família de
granjeiros, em um meio rural. Deixou a escola durante
a Revolução Cultural para trabalhar numa fábrica
de petróleo. Com 20 anos alistou-se no Exército Popular
de Libertação, as atuais forças armadas do seu país, onde
desempenhou um cargo de segurança e foi instrutor
114
político de propaganda[3]
e nessa época começou a
escrever. Seu pseudônimo foi escolhido logo no início de
sua carreira e significa "não fale". Numa entrevista recente
explicou que o nome se refere ao período revolucionário
da década de 1950, quando seus pais o instruíam a não
falar tudo o que pensa quando em público.[5]
Em 1981, publicou o seu primeiro romance que tinha
escrito enquanto soldado.[3]
Em 1984, obteve um posto na Escola de Arte e Literatura
do Exército, o que lhe permitiu dedicar mais tempo a
escrever.
Em 1987, edita o que seria um grande sucesso, "Red
Sorghum", que foi adaptado ao cinema por Zhang Yimou.
A película contou com os atores Gong Li e Jiang Wen,
ganhando o Urso de Ouro do Festival Internacional de
Berlim em 1988.[3]
Em 1996, publicou 丰乳肥臀 (traduzido em Portugal como
"Grandes peitos, ancas largas" e editado pela Ulisseia,
reeditado em 2007 pela Babel),[3]
romance que foi proibido
na China, e no que desde uma visão feminina, revisa
quase um século da história do seu país. Devido ao teor
sexual da história, o autor foi obrigado a escrever uma
115
autocrítica ao seu próprio livro, tendo mais tarde sido
obrigado a retirá-lo de circulação.[6]
Em 2009, numa conferência na Feira do Livro de Frankfurt,
respondeu às acusações de falta de independência
perante o poder: "Um escritor deve exprimir crítica e
indignação perante o lado negro da sociedade e a
fealdade da natureza humana, mas não devemos recorrer
a formas de expressão uniformes. Alguns poderão querer
gritar nas ruas, mas devemos tolerar aqueles que se
escondem nos seus quartos e usam a literatura para
transmitir as suas opiniões".[6]
Nesse mesmo ano, o
escritor ganha diversos prémios, entre eles Prémio
Newman para literatura chinesa.[7]
Em 2011, ganhou o Prêmio Mao Dun, o mais importante
galardão literário oficial do país, sendo depois eleito vice-
presidente da Associação dos Escritores da China.[3][6][7]
O seu mais recente romance, "Frog", fala de um tema
especialmente sensível: a prática de abortos forçados na
China devido à política de controle da natalidade imposta
há três décadas sob a politica de "um casal, um filho".[3]
Seu estilo é comparado com o realismo mágico de Gabriel
García Márquez.
116
117
Liev Tolstói Leo Tolstói
Única foto colorida de Tolstoi, em Yasnaya Polyana(1908)
Nome completo Lev Nikolayevich Tolstoi
Nascimento 9 de Setembro de 1828 Yasnaya Polyana
Império Russo
118
Morte 20 de novembro de 1910 (82 anos) Astapovo
Império Russo
Ocupação Escritor, novelista
Movimento literário Realismo
Magnum opus Guerra e Paz
Anna Karenina
Assinatura
Lev Nikolayevich Tolstoi, mais conhecido em português
como Liev Tolstói (emrusso:
; Yasnaya Polyana, 9 de setembro de 1828 —
Astapovo, 20 de novembro de 1910) foi um escritor russo.
Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por
tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias
contrastavam com as igrejas e governos, pregando uma
vida simples e em proximidade à natureza.
Junto a Dostoiévski, Turgueniev, Gorki e Tchecov, Tolstói
foi um dos grandes mestres da literatura russa do século
XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as
campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina,
onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um
119
dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da
Literatura.[1]
Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de
sua casa, buscando viver uma vida simples.
Índice
[esconder]
1 Biografia
o 1.1 Infância e juventude
o 1.2 Vida adulta
o 1.3 Conversão
o 1.4 Morte
2 Ideais
o 2.1 Proximidade com o anarquismo
o 2.2 A busca pelo natural
o 2.3 Pacifismo
o 2.4 Religiosidade sem dogmas
3 Citações
4 Obras mais relevantes
5 Referências
6 Ligações externas
Biografia
120
Infância e juventude
Liev Nicolaevitch, conde de Tolstoi[2]
, nasceu em Yasnaya
Polyana (nome da sua casa), que se localiza a
12 km de Tula e a 200 km de Moscovo. Era filho de
Nicolas Ilyitch, conde de Tolstoi e de Maria
Nicolaevna, princesa de Volkonsky.
Com a morte prematura dos pais, foi educado por
preceptores. Em 1851, na juventude, o sentimento de
vazio existencial levou-o a alistar-se no exército da Rússia.
Tal experiência colaboraria para que, mais tarde, se
tornasse pacifista.
Durante esta época de sua juventude, Tolstoi bebia muito,
perdia muito dinheiro no jogo e dedicava muitas noites a
ter encontros com prostitutas. Mais tarde, o velho escritor
repudiaria esta fase de sua vida.
Vida adulta
No final da década de 1850, preocupado com a
precariedade da educação no meio rural, Tolstoi criou em
Iasnaia Poliana uma escola, para filhos de camponeses. O
escritor mesmo escreveu grande parte do material didático
e, ao contrário da pedagogia da época, deixava os alunos
livres, sem excessivas regras e sem punições.
121
Em 1862, casou-se com Sophia Andreievna Bers, com
quem teve 13 filhos. Durante 15 anos, dedicou-se
intensamente à vida familiar. Porém, o casamento com
Sophia seria repleto de distúrbios e brigas. Foi nessa
época que Tolstoi produziu os romances que o
celebrizaram - "Voina i mir" (Guerra e Paz - 1865/1869) e
Anna Karenina. O primeiro, que consumiu sete anos de
trabalho (ambos são considerados umas das maiores
obras da literatura mundial.
Embora extremamente bem-sucedido como escritor e
famoso mundialmente, Tolstoi atormentava-se com
questões sobre o sentido da vida e, após desistir de
encontrar respostas na filosofia, na teologia e na ciência,
deixou-se guiar pelo exemplo da vida simples dos
camponeses, a qual ele considerou ideal. A partir daí, teve
início o período que ele chamou de sua "conversão".
Conversão
Seguindo ao pé da letra a sua interpretação dos
ensinamentos cristãos, Tolstói encontrou o que procurava,
cristalizando-se então os princípios que norteariam sua
vida a partir daquele momento.[1]
O cristianismo do escritor recusou a autoridade de
qualquer governo organizado e de qualquer igreja. Criticou
122
também o direito à propriedade privada e os tribunais e
pregou o conceito de não-violência. Para difundir suas
ideias Tolstoi dedicou-se, em panfletos, ensaios e peças
teatrais, a criticar a sociedade e o intelectualismo estéril.
Tais ideias postas tão explicitamente causaram confusão
nos fãs do famoso escritor e influenciariam um importante
admirador: Gandhi, nesta época ainda na África do Sul.
Após sua "conversão", Tolstói deixou de beber e fumar,
tornou-se vegetariano e passou a vestir-se como
camponês. Jaime de Magalhães Lima que visitou e
correspondeu-se com Tolstoi escreveu: “Leão Tolstoi foi
um adepto e um apóstolo do vegetarismo. E não é pouco
nem insignificante que um tal espírito e tão sublimado
coração perfilhasse e praticasse essa doutrina, que a
inércia moral e o poder do vício desprezam ou
escarnecem na cegueira própria da sua particular
estreiteza.”[3]
Convencido de que ninguém deve depender
do trabalho alheio passou a limpar seus aposentos, lavrar
o campo e produzir as próprias roupas e botas. Suas
ideias atraíram um séquito de seguidores, que se
denominavam "tolstoianos". Decidiu abrir mão de receber
os direitos autorais dos livros que viria a escrever, só
voltou a querer utilizar este dinheiro quando precisou
123
angariar fundos para transportar para o Canadá uma
comunidade de camponeses perseguidos pelo governo.[1]
Tolstoi chegou a ser vigiado pela polícia do czar. Devido a
suas ideias e textos, foi excomungado pela Igreja
Ortodoxa russa, em 1901. Alguns de seus amigos e
seguidores foram também exilados. Tolstoi somente não
foi preso porque era adorado em todo o mundo como um
dos maiores nomes da arte de seu tempo.
Tolstoi, porém, não conseguia alcançar a simplicidade em
que acreditava. Sua família, especialmente a mulher
Sophia, cobrava-lhe os luxos e riquezas aos quais
estavam acostumados. Os filhos davam razão a mãe, a
quem Tolstói amava e que ameaçava se matar quando o
escritor fazia menção de abandonar a casa.
Sophia, que havia lhe dedicado a vida, cobrava que o
escritor deixasse para ela, em testamento, os direitos
autorais das obras que fez na fase final de sua vida.
Tolstoi, por sua vez, elaborou um testamento secreto, no
qual passaria todos os direitos autorais a um tolstoiano de
nome Chertkov, que tornaria sua obra pública.
Aos 82 anos de idade, Tolstoi decide, enfim, fugir de casa
e abandonar a família para largar aquela vida na qual ele
não mais acreditava.
124
Morte
Durante alguns dias a fuga foi um sucesso. Nos trens e
nas estações por que passava, Tolstoi era reconhecido por
todos, já que era o homem mais famoso da Rússia.
Porém, devido a sua preferência em viajar em vagões de
terceira classe, onde havia frio e fumaça, o já debilitado
escritor contraiu uma pneumonia, que foi agravando
rapidamente. No dia 20 de novembro de 1910, o velho
escritor morreu durante a fuga, de pneumonia, na estação
ferroviária de Astapovo, província de Riazan.[1]
O trem funerário que trazia seu corpo foi recebido por
camponeses e operários que viviam próximos à
propriedade dos Tolstoi. Seu caixão foi carregado seguido
por uma multidão de 3 a 4 mil pessoas.[1]
O número teria
sido ainda maior se o governo de São Petesburgo não
tivesse proibido a vinda de trens especiais de Moscou para
o enterro do escritor. Sua morte foi noticiada nos principais
jornais do mundo. Encontra-se sepultado em sua casa
em Yasnaya Polyana, Tul'skaya Oblast' na Rússia.[4]
Ideais
125
Proximidade com o anarquismo
Para Tolstoi, os Estados, as igrejas, os tribunais e os
dogmas eram apenas ferramentas de dominação de uns
poucos homens sobre outros, porém repudiava a
classificação de seus ideais como sendoanarquistas. Foi
citado pelo escritor anarquista russo Piotr Kropotkin no
artigo Anarquismo daEnciclopédia Britânica de 1911 e
alguns pensadores o consideram como um dos nomes
do Anarquismo cristão. Outra aproximação com o
anarquismo se deu em 1862, quando Tolstói, em viagem
pela Europa, visitou o autor anarquistaProudhon. Este
estava a escrever um texto chamado "La guerre et la paix",
cujo título Tolstói propositalmente utilizou em seu maior
romance.
O escritor não acreditava em guerras e revoluções
violentas como solução para quaisquer problemas, mas
sim em revoluções morais individuais que levariam às
verdadeiras mudanças. Afirmava que suas teses se
baseavam na vida simples e próxima à natureza dos
camponeses e no evangelho e não nas teorias sociais de
seu tempo.
126
A busca pelo natural
Apesar de afirmar ter-se convertido no último período de
sua vida e de renegar seus trabalhos mais famosos,
encontram-se nestes mesmos textos diversas referências
sobre a busca do autor por uma vida simples e próxima à
natureza. Segundo o escritor George Woodcock em "A
História das ideias e movimentos anarquistas", em todos
os romances que Tolstoi escreveu quando mais novo, ele
"considera a vida tanto mais verdadeira quanto mais
próxima da natureza".
Vários foram os personagens criados nesta época que
representavam o ideal de vida simples e natural. Em "Os
Cossacos" são os camponeses meio selvagens de uma
área remota do Cáucaso; Em Guerra e Paz é o
personagem Platão que é descrito no livro como a
personificação da verdade e da simplicidade: "Suas
palavras e ações brotam dele com a mesma
espontaneidade que o aroma brota da flor". Em Anna
Karenina outro camponês, também chamado Platão, é o
símbolo desta aspiração de Tolstói.
Ainda antes, na infância, Tolstói alimentava, junto aos
irmãos, um sonho de fraternidade total. Eles acreditavam
127
que o círculo fraterno que formavam poderia ser
expandido e englobar a humanidade inteira, eliminando
todos os problemas. O local onde esta utopia foi
idealizada, sob a sombra de uma árvore em um bosque da
Rússia, é o local onde foi enterrado Tolstói, conforme ele
pedira, e também mais um seu irmão.
Pacifismo
Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras
de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou
correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-
violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi
baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não
se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.
No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o
escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e
ao militarismo como um todo). Ele também defende e
exalta povos como os Quakers, que buscam a
simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência.
Religiosidade sem dogmas
Foi excomungado pela Igreja Ortodoxa
Russa, religião dominante no seu país, depois de tanto
criticá-la. O escritor entendia como dogmas irracionais,
que serviam para dominar o povo, alguns dos conceitos
128
mais caros à Igreja. Considerava e seguia a doutrina de
Jesus, mas achava impossível, por exemplo, que Jesus
pudesse ser um homem e Deus, ao mesmo tempo. Para
Tolstoi, Deus estava nas próprias pessoas e em suas
ações e Jesus teria sido, para ele, o homem que melhor
soube exprimir uma conduta moral que gerasse justiça,
felicidade e elevasse espiritualmente a todos os homens.
Seu cristianismo exacerbado, no fim de sua vida,
assemelhava-se ao cristianismo primitivo. Em alguns
trabalhos publicados, seus textos foram muito mais longe
que suas atitudes pessoais, como em "Sonata a Kreutzer",
que mostra uma tendência a exaltar o celibato, porém o
escritor ainda teve filhos depois desta obra. Pouco antes
de sua morte, seus amigos o aconselharam a se retratar
com a Igreja, este porém, recusou-se.
[editar]Citações
Se queres ser universal, começa por pintar a tua
aldeia.
— Liev Tolstói
Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer
de suas costas.
129
— Liev Tolstói
Enquanto houver matadouros, haverá campos
de guerra.
— Liev Tolstói
Todos pensam em mudar o mundo, mas
ninguém pensa em mudar a si mesmo.
— Liev Tolstói
Em vão, centenas de milhares de homens,
amontoados num pequeno espaço, se
esforçavam por desfigurar a terra em que
viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que
nada pudesse germinar; em vão arrancavam as
ervas tenras que pugnavam por irromper; em
vão impregnavam o ar de fumaça; em vão
escorraçavam os animais e os pássaros - Em
vão... porque até na cidade, a primavera é
primavera.
— Tolstói, em "Ressurreição"
O homem pode viver 100 anos na cidade sem
perceber que já está morto há muito tempo
130
— Tolstói, em "Sonata a Kreutzer
A felicidade é estar com a natureza, ver a
natureza e conversar com ela.
— Tolstói, em "Os Cossacos"
131
132
Franz Kafka Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Para o filme do diretor Steven Soderbergh,
veja Kafka (filme).
Franz Kafka
František Kafka
Fotografia de Franz Kafka tirada em 1906
133
Nome
completo
František Kafka
Nascimento 3 de julho de 1883
Praga
Áustria-Hungria
Morte 3 de junho de 1924 (40 anos)
Klosterneuburg, Áustria
Ocupação Agente de seguros, escritor
Movimento
literário
Modernismo, existencialismo,surrealismo,
precursor dorealismo mágico
Magnum
opus
A Metamorfose, O Castelo, O Processo
Religião Judaísmo
Assinatura
Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883 —
Klosterneuburg, 3 de junho de 1924)[1][2]
foi um dos
maiores escritores de ficção da língua alemã do século
XX. Kafka nasceu numa família de classe
média judia em Praga, Áustria-Hungria (atual República
Checa). O conjunto de seus textos— na maioria
incompletos e publicados postumamente[3]
— situa-se
entre os mais influentes da literatura ocidental.[4]
134
Em obras como a novela A Metamorfose (1915) e
romances como O Processo (1925) e O Castelo (1926)
retrata indivíduos preocupados com um pesadelo de um
mundo impessoal e burocrático.
Índice
[esconder]
1 Família
2 Educação
3 Obra
4 Espólio
5 Estilo literário
6 Livros e Contos[2]
7 Kafka cinematográfico
8 Ligações externas
9 Referências
10 Bibliografia
Família
Kafka nasceu em uma família judia de classe média
em Praga, capital da Boêmia. Seu pai, Hermann Kafka
(1852–1931),[5]
foi descrito como um "grande empresário
egoísta e arrogante" e por Kafka se considerava um
135
"verdadeiro Kafka em força, saúde, apetite, a sonoridade
da voz, eloquência, a auto-satisfação, presença de espírito
e o conhecimento da natureza humana". Hermann era o
quarto filho de Jacob Kafka, um abatedor kosher, e foi a
Praga a partir de Osek, um judeu de língua checa, perto
da aldeia Písek no sul da Boêmia. Depois de trabalhar
como representante de vendas da viagem, ele se
estabeleceu como varejista independente de homens e
mulheres de bens de fantasia e acessórios, que
empregam até 15 pessoas e usando uma gralha (Kavka
em checo) como seu logotipo nos negócios. A mãe de
Kafka, Julie (1856-1934), era filha de Jakob Löwy, um
cervejeiro próspero em Poděbrady e foi melhor educada
que seu marido.
Franz era o mais velho de seis filhos. Ele tinha dois irmãos
mais novos, Georg e Heinrich, que morreram com a idade
de 15 meses e 6 meses, respectivamente, antes de Franz
completar 7 anos, e três irmãs mais novas: Gabriele ("Elli")
(1889-1944), Valerie ("Valli") (1890-1944) e Ottilie ("Ottla")
(1892-1943).[5]
Em dias úteis, os pais estavam ausentes
em casa. A mãe de Franz ajudou a administrar os
negócios do marido e trabalhou neles até 12 horas por dia.
As crianças foram criadas em grande parte por uma série
de governantas e funcionários. A relação de Kafka com
136
seu pai foi gravemente perturbada, conforme explicado na
carta ao seu pai, em que ele se queixou de ser
profundamente afetado pelo exigente caráter autoritário
deste.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as irmãs de Kafka
foram enviadas com suas famílias para o Gueto de Lodz e
morreram ali emcampos de extermínio. Ottla foi enviada
para o campo de concentração de Theresienstadt e, em
seguida, em 7 de outubro de 1943, para o campo de
extermínio de Auschwitz, onde 1.267 crianças e 51
encarregados de educação, incluindo Ottla, morreram
asfixiados com gás.
Kafka aos cinco anos.
137
Kafka cresce sob as influências de três culturas: a judaica,
a tcheca e a alemã.[6]
No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, a
quem pedirá, em 1922, que destrua todas as suas obras
após sua morte.[5]
Em 1903, Kafka tem sua primeira relação sexual, o que lhe
deu insegurança por toda a sua vida. Nesse ano também,
fez sua primeira visita a um sanatório. Teve vários casos
amorosos mal resolvidos, uns por intervenção dos pais
das moças, outros por desinteresse próprio.[5]
Entre 1914 e 1924, Kafka esteve três vezes perto do
casamento. Desistiu sempre. Tentou primeiro por duas
ocasiões com Felice Bauer, uma alemã com quem se
correspondeu até 1917. A última vez foi com Julie
Wohryzek, mais nova do que ele.
Kafka falece no dia 3 de junho de 1924 no
sanatório Kierling, perto de Klosterneuburg na Áustria. A
causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca,
apesar de sofrer de tuberculose desde 1917.[7]
Educação
Kafka aprendeu alemão como sua primeira língua, contudo
era quase fluente em tcheco. Considerava-se incapaz nos
138
estudos, tanto que em uma carta a Felice Bauer declarou
que não acreditava que conseguiria concluir o ensino
médio. No momento de escolher a carreira, optou pelo
curso de Filosofia, no entanto foi impedido pelo seu pai,
com quem não tinha uma relação de afetividade. Tendo de
decidir entre Química e Direito, Franz opta pela faculdade
de Química junto com seu grande amigo Max Brod.
Permanece 15 dias no curso e desiste, entrando de vez
para a faculdade de Direito, que será tema de boa parte de
suas obras. Formado em Direito em 1906, trabalhou como
advogado a princípio na companhia
particular Assicurazioni Generali e depois na
semiestatal Instituto de Seguros contra Acidentes do
Trabalho. Solitário, com a vida afetiva marcada por
irresoluções e frustrações, Kafka atingiu pouca fama com
seus livros, na maioria editados postumamente. Mesmo
assim era respeitado nos círculos de literatura que
frequentava.
Obra
139
Epitáfios em hebraico no túmulo da família Kafka
O seu livro A Metamorfose (1915) narra o caso de um
homem que acorda transformado num gigantesco
inseto;[8]
O Processo (1925) conta a história de um certo
Josef K., julgado e condenado por um crime que ele
mesmo ignora;[9]
em O Castelo (1926), o agrimensor K.
não consegue ter acesso aos senhores que o
contrataram.[10]
O livro A Colônia Penal (1914) fala sobre
uma máquina que tem o poder de executar sentenças.
Trata-se de uma história absurda sobre uma Colônia que
usa esta máquina para torturar e matar pessoas, sem que
estas sequer saibam o porquê de sua morte. O livro é uma
crítica aos sistemas despóticos de poder.[11]
Essas quatro
obras-primas definem não apenas boa parte do que se
conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio
carácter do século: kafkiano.
Autor de várias colectâneas de contos, Kafka escreveu
também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de
páginas de diários. Deixou inacabado o
romance Amerika e mesmo alguns capítulos de O
Processo - cujos capítulos foram escritos sem ordem
cronológica da obra e há controvérsias se a edição oficial
do livro é a definitiva - também ficaram inacabados.
140
Kafka morreu num sanatório perto de Viena, onde se
internou com tuberculose. Desde então, seu legado -
resgatado pelo amigo Max Brod - exerce enorme influência
na literatura mundial.
Espólio
Em 2012, depois de anos de disputa, a colecção de
documentos, que inclui inéditos e documentos pessoais de
Franz Kafka e Max Brod vai ser entregue à Biblioteca
Nacional de Israel. A decisão do tribunal de Tel Aviv obriga
as filhas da antiga secretária de Brod a devolverem o
espólio.
Tudo começou logo após a morte de Kafka em 1924,
quando o amigo e testamenteiro literário Max Brod,
também escritor, jornalista e compositor, não queimou
manuscritos, diários e cartas e tudo o que restava, como
era a última vontade do escritor.
Max Brod emigrou para a Palestina em 1939 fugindo à
perseguição nazi, dando instruções a Esther Hoffe,
secretária e amante, que quando morresse todos os
documentos fossem depositados na Biblioteca Nacional de
Jerusalém. O que nunca viria a acontecer.
141
Brod morreu em 1968 e Esther Hoffe não respeitou o
pedido e ficou com o espólio.Em 1998 decidiu levar a
leilão o manuscrito de O Processo, que viria a ser
adquirido, pelo equivalente a cerca de milhão e meio de
euros, pelo Ministério da Cultura alemão, ficando
depositado na Biblioteca de Marbach am Neckar, uma
pequena cidade no Sul do país, no estado de Baden-
Württemberg, a uns 35 km de Estugarda.
Esther, que morreu em 2007, decidiu deixar às filhas o
espólio de Kafka. Após a morte da mãe, em 2007, Eva e
Ruth quiseram fazer valer os direitos também sobre parte
daquele patrimônio que entretanto foi descoberto no
apartamento de Esther, em Tel Aviv.
Foi nessa altura que o Estado de Israel decidiu intervir,
reivindicando o espólio para a Biblioteca Nacional de
Jerusalém. Soube-se então que outra parte do espólio
estava depositado, desde há várias décadas e ainda por
iniciativa de Max Brod, num banco na Suíça
Estilo literário
A escrita de Kafka é marcada pelo seu tom despegado,
imparcial, atenciosa ao menor detalhe, e abrange os
temas da alienação e perseguição. Os seus trabalhos mais
conhecidos são as pequenas histórias A Metamorfose, Um
142
artista da fome e os romances O Processo, América e O
Castelo. Os seus contos são julgados como verdadeiros e
realistas, em contato com o homem do século XXI, pois os
personagens kafkianos sofrem de conflitos existenciais,
como o homem de hoje. No mundo kafkiano, os
personagens não sabem que rumo podem tomar, não
sabem dos objetivos da sua vida, questionam seriamente
a existência e acabam sós, diante de uma situação que
não planejaram, pois todos os acontecimentos se viraram
contra eles, não lhes oferecendo a oportunidade de se
aproveitar da situação e, muitas vezes, nem mesmo de
sair dela. Por isso, a temática da solidão como fuga, a
paranoia e os delírios de influência estão muito ligados à
obra kafkiana, sendo comum a existência de personagens
secundários que espiam, e conspiram contra o
protagonista das histórias de Kafka (geralmente homens, à
exceção de alguns contos onde aparecem animais e raros
onde a personagem principal é uma mulher). No fundo,
estes protagonistas não são mais que projecções do
próprio Kafka, onde ele expõe os seus medos, a sua
angústia perante o mundo, a sua solidão interior, sua
problemática em lidar com a família e o círculo
social.[carece de fontes]
Livros e Contos[2]
143
Cenas de um Casamento no Campo (1907)
Considerações (1908)
Aeroplano em Brescia (1909)
Amerika (1910, 1927)
O Veredicto (1912)
A Metamorfose (1912, 1915)
A Sentença (1912, 1916)
Meditação (1913)
Contemplação: O Foguista (1913)
Diante da Lei (1914, 1915)
A Colônia Penal (1914, 1919)
O Processo (1914, 1925)
Um Relatório para a Academia (1917)
A Preocupação de um Pai de Família (1917)
A Muralha da China (1917, 1931)
Carta ao Pai (1919)
Um Médico Rural (1919)
Poseidon (1920)
Noites (1920)
Sobre a Questão das Leis (1920)
Primeiro Sofrimento (1921)
Cartas a Milena (1920, 1923)
Investigações de um Cão (1922)
144
Um Artista da Fome (1922, 1924)
O Castelo (1922, 1926)
Uma Pequena Mulher (1923)
A Construção (1923)
Josefina, a Cantora ou O Povo dos Ratos (1924)
Sonhos
145
ESCRITOR MAX SALGADO
PRESBÍTERO, FILÓSOFO E PACIFISTA.
146
NOME : MAX EMILIANO SALGADO MOREIRA
CASADO 31 ANOS
NATURAL GOVERNADOR VALADARES MG
ESCRITOR, FILOSOFO, PACIFISTA E PREGADOR
ITINERANTE.
DEFENSOR DA PAZ E DO DESARMAMENTO
DAS NAÇÕES, DOUTRINA DA NÃO VIOLÊNCIA.
147
BA TEOLOGIA - FAC. UNIDA - ES
BA TEOLOGIA - FATEMGRAD - RJ
TEOLOGIA - CETEO - GO
TEOLOGIA - I. T. CARISMA - SP
PREGADOR - SETREPP - ES
OBRAS
Irmãos de fé
Linhagem Espiritual
A intimidade de Deus
Jesus & Lúcifer
O ser e o Ter
O LEGADO
148
O SER
O FILOSOFO VISIONARIO
AVIVAMENTO
O DEUS DESCONHECIDO
ESTUDO A VIDA NO ESPIRITO
ESTUDO E EBD
HÁ PROFETAS CALADOS, HÁ IGREJAS COMPRADAS,
HÁ MINISTROS VENDIDOS.
OBRAS EM 10 IDIOMAS
PORTUGUÊS
INGLÊS
FRANCÊS
JAPONES
149
HEBRAICO
ALEMÃO
SUECO
ESPANHOL
ITALIANO
ÁRABE
MINISTÉRIO MAX SALGADO
(UNÇÃO E LEGADO)
150
A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO.........
JESUS CRISTO........................................
DEUS.......................................................
151
Livro A INTIMIDADE DE DEUS
152
LIVRO LINHAGEM ESPIRITUAL
153
LIVRO A PESSOA DO ESPIRITO SANTO
154
Vida e obra de Francisco de Assis
Procurei ler a biografia deste santo para compreender melhor a importância e as etapas da vida dele, para a Igreja Católica. Trata-se de Francisco de Assis antes e
depois da sua conversão. É bom lembrar que há
inúmeras biografias impressas sobre este santo, e todas devem ser respeitadas, mas pelo fato de divergirem
muitas vezes entre si, coloquei aqui o que achei mais convincente, ou seja, o que realmente acredito dentro
de cada obra lida durante o curso.
Francisco de Assis foi o fundador da Ordem dos Frades
menores. Nasceu em Assis, Itália, em 1181, e morreu em Porciúncula em 1226. Foi canonizado no ano de
1228, quando passou a ser considerado santo pela
Igreja Oficial da época. Comemora-se o seu dia em 04 de outubro.
Francisco Bernadone foi filho de um rico comerciante de
tecidos da era medieval, teve uma juventude frívola e
descuidada em companhia de outros jovens boêmios.
A experiência nas lutas entre Assis e Perúgia e a séria enfermidade conseqüente levaram-no à conversão, a
155
partir do momento em que um dia, na Igreja de São
Damião, pareceu-lhe ouvir uma imagem de Cristo dizer-
lhe: -"Francisco, restaura minha casa decadente."
Tomou no sentido literal as palavras que ouvira e vendeu mercadorias da loja de seu pai para reformar
essa igreja.
Como resultado, seu pai repudiou-o e deserdou-o. O
jovem saiu de casa, sem dinheiro algum, para unir-se à "Irmã Pobreza", quando passou a viver a verdadeira
vida apostólica e a pregar o ideal religioso para os fieis
pobres da sociedade medieval; passados três anos, o Papa Inocêncio III autorizou Francisco e seus onze
companheiros a tornaram-se pregadores itinerantes, levando Cristo ao povo com simplicidade e humildade.
Deu-se, assim, o início da Ordem dos Frades Menores, que tinha como sede a Capela Porciúncula de Santa
Maria dos Anjos, perto de Assis. O número de candidatos à ordem era muito grande e, sendo assim,
foi aberto outro convento, em Bolonha; porém, por toda
a Itália, os irmãos conclamavam o povo, de classe baixa ou alta, à fé e à penitência. Recusavam posses,
conhecimentos humanos e mesmo promoção eclesiástica; poucos dentre eles tomaram as ordens
sacras. O próprio Francisco de Assis nunca foi sacerdote.
Em 1212, ele e Clara, sua companheira assídua, fundaram a primeira comunidade das clarissas. Nessa
época, por duas vezes Francisco tentou ser missionário entre os muçulmanos, sem resultado. Só conseguiu seu
intento, em parte, quando acompanhou os cruzados de
Gautier de Brienne ao Egito, em 1219. Pessoalmente, solicitou permanência ao Sultão Malek al-Kamel, mas
156
não teve sucesso, tanto entre os sarracenos ou com os
próprios cruzados, e, depois de visitar a Terra Santa,
voltou para a Itália.
Já em 1217, o movimento franciscano começara a desenvolver-se como uma ordem religiosa. Dado ao
grande número de aderentes, a ordem foi crescendo de
tal forma, que foi necessária a criação de províncias; grupos de frades foram encaminhados para elas e para
fora da Itália, inclusive para a Inglaterra.
Logo após a sua volta do Oriente, Francisco renunciou à
liderança da ordem. Entretanto, durante sua ausência, os irmãos criaram algumas inovações e, em
conseqüência disso, Francisco, apoiado por seu bom amigo Cardeal Ugolino, apresentou em 1221 uma
versão revista da regra. Tal versão reiterava a pobreza,
a humildade e a liberdade evangélica, das quais ele sempre fora um exemplo. Mas, antes que a nova regra
fosse finalmente aprovada, teve de sofrer algumas alterações e ser formalizada para conciliar as diversas
opiniões.
Em 1224, enquanto Francisco pregava no Monte
Alverne, nos Apeninos, apareceram-lhe no corpo cicatrizes correspondentes às cinco chagas do Cristo
crucificado, fenômeno chamado de "estigmatização". Os estigmas permaneceram e constituíram uma das fontes
de sua fraqueza e dos sofrimentos físicos, que
aumentaram, progressivamente, até que, dois anos depois, ele acolheu a "Irmã Morte".
Ao longo dos séculos, a admiração por Francisco de
Assis espalhou-se espontaneamente entre os cristãos de
qualquer comunhão e, também, entre outras pessoas. Há uma forte atração no seu "Cântico do Sol", no que
157
sabemos sobre ele por meio das Fioretti ("Florzinhas") e
do Espelho da Perfeição, na sua simplicidade,
integridade, franqueza e nas qualidades líricas de sua vida. Francisco de Assis, porém, foi mais do que um
individualista inspirado: foi um homem de grande introspecção espiritual, cujo consumidor amor por Cristo
e pela redenção do homem encontrou expressão em
tudo o que disse e fez.
Em 1979 o Papa João Paulo II proclamou-o santo patrono dos ecologistas, como era um grande
admirador da natureza na época em que viveu. (In:
Dicionário Festividades Religiosas)
Com estas palavras terminamos este trabalho de um personagem da História da Igreja. Por tudo quando ele
realizou em nome da religiosidade, podemos ver que ele
era um homem da sua época e tudo o que ele viveu está relacionado com a sociedade medieval. Resumindo:
ele foi fruto da sua época mas que, nos parece, inovou em algumas coisas, como no próprio conceito de
pobreza.
158
159
160
Bibliografia
# Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.