Biologia e Darwing

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Biologia

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Uma mosca-da-flor, exemplo de mosca que, como o nome sugere, encontrada prxima a flores, neste caso, sobre uma camomila.

Biologia a Cincia que estuda os seres vivos (do grego - bios = vida e - logos = estudo, ou seja o estudo da vida). Debrua-se sobre o funcionamento dinmico dos organismos desde uma escala molecular subcelular at o nvel populacional e interacional, tanto intraespecficamente quanto interespecficamente, bem como a interao da vida com seu ambiente fsico-qumico. O estudo destas dinmicas ao longo do tempo chamado, de forma geral, de biologia evolutiva e contempla o estudo da origem das espcies e populaes, bem como das unidades hereditrias mendelianas, os genes. A biologia abrange um espectro amplo de reas acadmicas frequentemente consideradas disciplinas independentes, mas que, no seu conjunto, estudam a vida nas mais variadas escalas.

A vida estudada escala atmica e molecular pela biologia molecular, pela bioqumica e pela gentica molecular, no que se refere clula pela biologia celular e escala multicelular pela fisiologia, pela anatomia e pela histologia. A biologia do desenvolvimento estuda a vida ao nvel do desenvolvimento ou ontogenia do organismo individual.

Subindo na escala para grupos de mais que um organismo, a gentica estuda as bases da hereditariedade e da variao entre indivduos. A etologia estuda o comportamento dos indivduos. A gentica populacional estuda a dinmica dos alelos nas populao, enquanto que a sistemtica trabalha com linhagens de muitas espcies. As ligaes de indivduos, populaes e espcies entre si e com os seus habitats so estudadas pela ecologia e as origens de tais interaes pela biologia evolutiva. Uma nova rea, altamente especulativa, a astrobiologia (ou xenobiologia) estuda a possibilidade de vida para l do nosso planeta. A biologia clnica constitui a rea especializada da biologia profissional, para Diagnose em sade e qualidade de vida, dos processos orgnicos eticamente consagrados.

De uma forma mais geral, os ramos da Biologia so:

Zoologia

Botnica

Microbiologia

Micologia

Bacteriologia

Virologia

Citologia ou Biologia Celular

Gentica

Biologia Molecular

Sistemtica

Biologia Evolutiva

Fisiologia

Ecologia

Biologia de Sistemas

Biologia da Conservao

Biotica

Biologia do Desenvolvimento

Histologia

Etologia

Imunologia

Biotecnologia

Paleontologia

Etnobiologia

Todas as reas de especializao dos bilogos surgem do cruzamento dos diferentes ramos da Biologia.

ndice

[esconder]

1 Princpios da biologia

1.1 Universalidade: bioqumica, clulas e o cdigo gentico

1.2 Evoluo: o princpio central da biologia

1.3 Diversidade: a variedade dos organismos vivos

1.4 Homeostase: adaptao mudana

1.5 Interaco: grupos e ambientes

2 mbito da biologia

2.1 Estrutura da vida

2.2 Fisiologia dos organismos

2.3 Diversidade e evoluo dos organismos

2.3.1 Classificao da vida

2.4 Interaces entre organismos

3 Histria da Biologia

4 Bibliografia

5 Ver tambm

[editar] Princpios da biologia

Estrutura de DNA.

Apesar da biologia no descrever, ao contrrio da fsica, os sistemas biolgicos em termos de objectos que obedecem a leis imutveis descritas de forma matemtica, no deixa de ser caracterizada por um certo nmero de princpios e conceitos nucleares: universalidade, evoluo, diversidade, continuidade, homeostase e interaco.

[editar] Universalidade: bioqumica, clulas e o cdigo gentico

Ver artigo principal: Vida

Existem muitas unidades universais e processos comuns que so fundamentais para todas as formas de vida. Por exemplo, quase todas as formas de vida so constitudas por clulas que, por sua vez, funcionam segundo uma bioqumica comum baseada no carbono. A exceo a essa regra so os vrus e os prons, que no so compostos por clulas. Os primeiros assumem uma forma cristalizada inativa e s se reproduzem com o aparelho nuclear das clulas alvo. Os prons, por sua vez, so protenas auto replicantes-infectantes, que causam, por exemplo, a encefalopatia bovina espongiforme (ou "mal da vaca louca" ).

Todos os organismos transmitem a sua hereditariedade atravs de material gentico baseado em cidos nucleicos, podendo ser ou DNA (cido desoxirribonuclico) ou RNA (cido ribonuclico), usando um cdigo gentico universal. Durante o desenvolvimento o tema dos processos universais est tambm presente: por exemplo, na maioria dos organismos metazorios, os passos bsicos do desenvolvimento inicial do embrio partilham estgios morfolgicos semelhantes e envolvem genes similares.

[editar] Evoluo: o princpio central da biologia

Ver artigo principal: Evoluo

Um dos conceitos nucleares e estruturantes em biologia que toda a vida descende de um ancestral comum mediante um processo de evoluo. De fato, uma das razes pelas quais os organismos biolgicos exibem a notvel similaridade de unidades e processos discutida na seo anterior. Charles Darwin estabeleceu a evoluo como uma teoria vivel ao enunciar a sua fora motriz: a seleo natural. (Alfred Russel Wallace comumente reconhecido como co-autor deste conceito). A deriva gentica foi admitida como um mecanismo adicional na chamada sntese moderna. A histria evolutiva duma espcie, que descreve as vrias espcies de que aquela descende e as caractersticas destas, juntamente com a sua relao com outras espcies vivas, constituem a sua filogenia. A elaborao duma filogenia recorre s mais variadas abordagens, desde a comparao de genes no mbito da biologia molecular ou da genmica at comparao de fsseis e outros vestgios de organismos antigos pela paleontologia. As relaes evolutivas so analisadas e organizadas mediante vrios mtodos, nomeadamente a filogenia, a fentica e a cladstica. Os principais eventos na evoluo da vida, tal como os bilogos os vem, podem ser resumidos nesta cronologia evolutiva.

[editar] Diversidade: a variedade dos organismos vivos

Suposta rvore filogentica da vida.

Apesar da unidade subjacente, a vida exibe uma diversidade surpreendente em termos de morfologia, comportamento e ciclos de vida. A classificao de todos os seres vivos uma tentativa de lidar com toda esta diversidade, e o objecto de estudo da sistemtica e da taxonomia. A taxonomia separa os organismos em grupos chamados taxa, enquanto que a sistemtica procura estabelecer relaes entre estes. Uma classificao cientfica deve reflectir as rvores filogenticas, tambm chamadas rvores evolutivas, dos vrios organismos.

Tradicionalmente, os seres vivos so divididos em cinco reinos:

Monera -- Protista -- Fungi -- Plantae -- Animalia

Contudo, vrios autores consideram este sistema desactualizado. Abordagens mais modernas comeam geralmente com o sistema dos trs domnios:

Archaea (originalmente Archaebacteria) -- Bacteria (originalmente Eubacteria) -- Eukaryota

Estes domnios so definidos com base em diferenas a nvel celular, como a presena ou ausncia de ncleo e a estrutura da membrana exterior. Existe ainda toda uma srie de parasitas intracelulares considerados progressivamente menos vivos em termos da sua actividade metablica:

Vrus -- Virides -- Pries

[editar] Homeostase: adaptao mudana

Ver artigo principal: Homeostase

A homeostase a propriedade de um sistema aberto de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condio estvel mediante mltiplos ajustes de um equilbrio dinmico controlados pela interao de mecanismos de regulao. Todos os organismos, unicelulares e multicelulares, exibem homeostase. A homeostase pode-se manifestar ao nvel da clula, na manuteno duma acidez (pH) interna estvel, do organismo, na temperatura interna constante dos animais de sangue quente, e mesmo do ecossistema, no maior consumo de dixido de carbono atmosfrico devido a um maior crescimento da vegetao provocado pelo aumento do teor de dixido de carbono na atmosfera. Tecidos e rgos tambm mantm homeostase.

[editar] Interaco: grupos e ambientes

Todo o ser vivo interage com outros organismos e com o seu ambiente. Uma das razes pelas quais os sistemas biolgicos so to difceis de estudar precisamente a possibilidade de tantas interaces diferentes com outros organismos e com o ambiente. Uma bactria microscpica reagindo a um gradiente local de acar est a reagir ao seu ambiente exactamente da mesma forma que um leo est a reagir ao seu quando procura alimento na savana africana. Dentro duma mesma espcie ou entre espcies, os comportamentos podem ser cooperativos, agressivos, parasticos ou simbiticos. A questo torna-se mais complexa medida que um nmero crescente de espcies interage num ecossistema. Este o principal objecto de estudo da ecologia.

[editar] mbito da biologia

Ver pgina anexa: Disciplinas da biologia

A biologia tornou-se um campo de investigao to vasto que geralmente no estudada como uma nica disciplina, mas antes dividida em vrias disciplinas subordinadas. Consideramos aqui quatro grandes agrupamentos. O primeiro consiste nas disciplinas que estudam as estruturas bsicas dos sistemas vivos: clulas, genes, etc.; um segundo agrupamento aborda o funcionamento destas estruturas ao nvel dos tecidos, rgos e corpos; um terceiro incide sobre os organismos e o seu ciclo de vida; um ltimo agrupamento de disciplinas foca-se nas interaces. Note-se, contudo, que estas descries, estes agrupamentos e as fronteiras entre estes so apenas uma descrio simplificada do todo que a investigao biolgica. Na realidade, as fronteiras entre disciplinas so muito fluidas e a maioria das disciplinas recorre frequentemente a tcnica doutras disciplinas. Por exemplo, a biologia evolutiva apoia-se fortemente em tcnicas da biologia molecular para determinar sequncias de DNA que ajudam a perceber a variao gentica dentro duma populao; e a fisiologia recorre com frequncia biologia celular na descrio do funcionamento dos sistemas de rgos.

[editar] Estrutura da vida

Ver artigos principais: Biologia molecular, Biologia celular, Gentica, Biologia do desenvolvimento.

Ilustrao do Kunstformen der Natur mostrando uma variedade de beija-flores.

A biologia molecular o estudo da biologia ao nvel molecular, sobrepondo-se em grande parte com outras reas da biologia, nomeadamente a gentica e a bioqumica. Ocupa-se essencialmente das interaces entre os vrios sistemas celulares, incluindo a correlao entre DNA, RNA e a sntese proteica, e de como estas interaces so reguladas.

A biologia celular estuda as propriedades fisiolgicas das clulas, bem como o seu comportamento, interaces e ambiente, tanto ao nvel microscpico como molecular. Ocupa-se tanto de organismos unicelulares como as bactrias, como de clulas especializadas em organismos multicelulares como as dos humanos.

Compreender a composio e o funcionamento das clulas essencial para todas as cincias biolgicas. Avaliar as semelhanas e as diferenas entre os diferentes tipos de clulas particularmente importante para estas duas disciplinas, e a partir destas semelhanas e diferenas fundamentais que emerge um padro unificador que permite que os princpios deduzidos a partir dum tipo de clula sejam extrapolados e generalizados para outros tipos de clula.

A gentica a cincia dos genes, da hereditariedade e da variao entre organismos. Na investigao moderna, providencia ferramentas importantes para o estudo da funo dum gene particular e para a anlise de interaces genticas. Nos organismos, a informao gentica normalmente est nos cromossomas, mais concretamente, na estrutura qumica de cada uma das molculas de DNA.

Os genes codificam a informao necessria para a sntese de protenas que, por sua vez, desempenham um papel essencial, se bem que longe de absoluto, na determinao do fentipo do organismo.

A biologia do desenvolvimento estuda o processo pelo qual os organismos crescem e se desenvolvem. Confinada originalmente embriologia, nos nossos dias estuda o controle gentico do crescimento e diferenciao celular e da morfognese, o processo que d origem aos tecidos, rgos e anatomia em geral. Entre as espcies privilegiadas nestes estudos encontram-se o nemtode Caenorhabditis elegans, a mosca-do-azeite Drosophila melanogaster, o peixe-zebra Brachydanio rerio ou Danio rerio, o camundongo Mus musculus, e a erva Arabidopsis thaliana.

[editar] Fisiologia dos organismos

Ver artigos principais: Fisiologia e Anatomia.

A fisiologia estuda os processos mecnicos, fsicos e bioqumicos dos organismos vivos, tentando compreender como as vrias estruturas funcionam como um todo. tradicionalmente dividida em fisiologia vegetal e fisiologia animal, mas os princpios da fisiologia so universais, independentemente do organismo estudado. Por exemplo, informao acerca da fisiologia duma clula de levedura tambm se aplica a clulas humanas, e o mesmo conjunto de tcnicas e mtodos aplicado fisiologia humana ou de outras espcies, animais e vegetais.

A anatomia uma parte importante da fisiologia e estuda a forma como funcionam e interagem os vrios sistemas dum organismo, como, por exemplo, os sistemas nervoso, imunitrio, endcrino, respiratrio e circulatrio. O estudo destes sistemas partilhado com disciplinas da medicina como a neurologia, a imunologia e afins.

[editar] Diversidade e evoluo dos organismos

Ver artigos principais: Biologia evolutiva, Botnica e Zoologia.

Charles Darwin, em fotografia de 1880.

A biologia evolutiva ocupa-se da origem e descendncia de entidades biolgicas (espcies, populaes ou mesmo genes), bem como da sua modificao ao longo do tempo, ou seja, da sua evoluo. uma rea heterognea onde trabalham investigadores oriundos das mais variadas disciplinas taxonmicas, tais como a mamalogia, a ornitologia e a herpetologia, que usam o seu conhecimento sobre esses organismos para responder a questes gerais de evoluo. Inclui ainda os paleontlogos que estudam fsseis para responder a questes acerca do modo e do tempo da evoluo, e tericos de reas como a gentica populacional e a teoria evolutiva. Na dcada de 1990, a biologia do desenvolvimento recuperou o seu papel na biologia evolutiva aps a sua excluso inicial da sntese moderna. reas como a filogenia, a sistemtica e a taxonomia esto relacionadas com a biologia evolutiva e so por vezes consideradas parte desta.

As duas grandes disciplinas da taxonomia so a botnica e a zoologia. A botnica ocupa-se do estudo das plantas e abrange um vasto leque de disciplinas que estudam o seu crescimento, reproduo, metabolismo, desenvolvimento, doenas e evoluo. A zoologia ocupa-se do estudo dos animais, incluindo aspectos como a sua fisiologia, anatomia e embriologia. Tanto a botnica como a zoologia se dividem em disciplinas menores especializadas em grupos particulares de animais e plantas. A taxonomia inclui outras disciplinas que se ocupam doutros organismos alm das plantas e dos animais, como, por exemplo, a micologia, que estuda os fungos. Os mecanismos genticos e de desenvolvimento partilhados por todos os organismos so estudados pela biologia molecular, pela gentica molecular e pela biologia do desenvolvimento.

[editar] Classificao da vida

O sistema de classificao dominante conhecido como taxonomia lineana, que inclui conceitos como a estruturao em nveis e a nomenclatura binomial. A atribuio de nomes cientficos a organismos regulada por acordos internacionais como o Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica (ICBN), o Cdigo Internacional de Nomenclatura Zoolgica (ICZN), e o Cdigo Internacional de Nomenclatura Bacteriana (ICNB). Um esboo dum cdigo nico foi publicado em 1997 numa tentativa de uniformizar a nomenclatura nas trs reas, mas que parece no ter sido ainda adoptado formalmente. O Cdigo Internacional de Classificao e Nomenclatura de Vrus (ICVCN) no foi includo neste esforo de uniformizao.

[editar] Interaces entre organismos

Ver artigos principais: Ecologia, Etologia.

A ecologia estuda a distribuio e a abundncia dos organismos vivos, e as interaes dos organismos entre si e com o seu ambiente. O ambiente de um organismo inclui no s o seu habitat, que pode ser descrito como a soma dos fatores abiticos locais tais como o clima e a geologia, mas tambm pelos outros organismos com quem partilha o seu habitat. Os sistemas ecolgicos so estudados a diferentes nveis, do individual e populacional ao do ecossistema e da biosfera. A ecologia uma cincia multidisciplinar, recorrendo a vrios outros domnios cientficos.

A etologia estuda o comportamento animal (com particular nfase nos animais sociais como os primatas e os candeos) e por vezes considerada um ramo da zoologia. Uma preocupao particular dos etlogos prende-se com a evoluo do comportamento e a sua compreenso em termos da teoria da seleo natural. De certo modo, o primeiro etlogo moderno foi Charles Darwin, cujo livro The expression of the emotions in animals and men influenciou muitos etlogos.

[editar] Histria da Biologia

Ver artigos principais: Bilogos famosos e Histria da Biologia.

Formado por combinao do grego (bios), que significa vida, e (logos), que significa palavra, ideia, a palavra biologia no seu sentido moderno parece ter sido introduzida independentemente por Gottfried Reinhold Treviranus (Biologie oder Philosophie der lebenden Natur, 1802) e por Jean-Baptiste Lamarck (Hydrogologie, 1802). A palavra propriamente dita pode ter sido cunhada em 1800 por Karl Friedrich Burdach, mas aparece no ttulo do Volume 3 da obra de Michael Christoph Hanov Philosophiae naturalis sive physicae dogmaticae: Geologia, biologia, phytologia generalis et dendrologia, publicada em 1766.

[editar] Bibliografia

Maddison, David R.. The Tree of Life, http://phylogeny.arizona.edu/. Um projecto na Internet com mltiplos autores e descentralizado contendo informao sobre filogenia biodiversidade. (em ingls)

Margulis, Lynn. Five Kingdoms: An Illustrated Guide to the Phyla of Life on Earth, 3rd ed.. W. H. Freeman & Co., 1998. (em ingls)

Campbell, Neil. Biology: Concepts and Connections, 3rd ed.. Benjamin/Cummings, 2000. Livro de texto universitrio. (em ingls)

Kimball, John W.. Kimball's Biology Pages, http://www.ultranet.com/~jkimball/BiologyPages/. Livro de texto pesquisvel online. (em ingls)

Soares, Jos Luis. Biologia no terceiro milnio 1, Editora Scipione, 1999.

Clzio & Bellinello. Biologia (Volume nico). Editora Atual, 1999.

Marcondes, Ayrton. Biologia e Cidadania, 3 volumes. Escala educacional, 2008.

O Gene Egosta - de Richard Dawkins

A Ideia Perigosa de Darwin - de Daniel Dennett

A teia da vida - de Fritjof Capra

O renascer da natureza de Rupert Sheldrake

A Origem das Espcies - de Charles Darwin

A Origem das Espcies

Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

On the Origin of Species

A Origem das Espcies


Edio em ingls do livro A Origem das Espcies (1859)

Autor

Charles Darwin

Idioma

Ingls

Pas

Reino Unido

Assunto

Seleo natural
Biologia evolutiva

Gnero

cincia, biologia

Lanamento

24 de novembro de 1859

Pginas

502

Cronologia

ltimo

On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection

Fertilisation of Orchids

Prximo

A Origem das Espcies (em ingls: On the Origin of Species), do naturalista britnico Charles Darwin, um dos livros mais importantes da histria da cincia, apresentando a Teoria da Evoluo, base de toda biologia moderna. O nome completo da primeira edio (1859) On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (Sobre a Origem das Espcies por Meio da Seleco Natural ou a Preservao de Raas Favorecidas na Luta pela Vida). Somente na sexta edio (1872), o ttulo foi abreviado para The Origin of Species (A Origem das Espcies), como popularmente conhecido.

Nesse livro, Darwin apresenta evidncias abundantes da evoluo das espcies, mostrando que a diversidade biolgica o resultado de um processo de descendncia com modificao, onde os organismos vivos se adaptam gradualmente atravs da seleco natural e as espcies se ramificam sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande rvore: a rvore da vida.

A primeira edio, publicada pela editora de John Murray em Londres no dia 24 de Novembro de 1859 com tiragem de 1.250 exemplares, esgotou-se no mesmo dia, criando uma controvrsia que ultrapassou o mbito acadmico. Um exemplar da primeira edio atinge hoje mais de 50 mil dlares em leilo.[1]

A proposta de Darwin, que as espcies se originam por processos inteiramente naturais, contradiz a crena religiosa na criao divina tal como apresentada na Bblia, no livro de Gnesis. As discusses que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o pblico, criando o primeiro debate cientfico internacional da histria.[2]

ndice

[esconder]

1 Introduo

2 Captulo I Variao no estado domstico

3 Captulo II Variao na natureza

4 Captulo III Luta pela existncia

5 Captulo IV Seleo Natural

6 Captulo V Leis da Variao

7 Captulo VI Dificuldades da teoria

8 Captulo VII Instinto

9 Captulo VIII Hibridismo

10 Captulo IX Imperfeio dos registros geolgicos

11 Captulo X Da sucesso geolgica dos seres vivos

12 Captulo XI Distribuio geogrfica

13 Captulo XII Distribuio geogrfica continuao

14 Captulo XIII Afinidades mtuas dos seres vivos; morfologia; embriologia; rgos rudimentares

15 Captulo XIV Recapitulaes e concluses

16 Ver tambm

17 Referncias

18 Literatura adicional

[editar] Introduo

A transmutao das espcies, popularizada pelo livro Vestiges of the Natural History of Creation.

Darwin comea falando da importncia de sua viagem ao redor do mundo a bordo do navio HMS Beagle, principalmente suas observaes sobre a distribuio das espcies na Amrica do Sul e as relaes geologicas dos habitantes atuais e passados desse continente. Darwin tambm menciona a importante contribuio de Alfred Russel Wallace, co-descobridor do mecanismo da seleo natural, e a apresentao conjunta desse mecanismo na Sociedade Lineana de Londres por Charles Lyell e Joseph D. Hooker em 1858. Darwin critica o livro Vestiges of the Natural History of Creation, um best-seller publicado anonimamente em 1844, que falava da transformao das espcies, mas que no apresentava uma explicao para tais mudanas. Darwin ressalta que A Origem das Espcies somente um resumo de suas idias.

"No tenho dvidas de que a viso que a maioria dos naturalistas possui, e que eu previamente tambm tinha, de que cada espcie foi criada independentemente, errnea. Estou totalmente convencido de que as espcies no so imutveis; mas que aquelas que pertencem ao que chamamos do mesmo gnero so descendentes diretas de alguma outra espcie, geralmente extinta, da mesma forma que as variedades reconhecidas de qualquer espcie so descendentes daquela espcie. Alm disso, estou convencido que a Seleo Natural o meio principal, mas no exclusivo, de modificao."

[editar] Captulo I Variao no estado domstico

Ver artigo principal: Seleo artificial

Diferentes variedades domsticas so produzidas pelo homem atravs da seleo, a partir da variao individual das espcies.

H mais variao no estado domstico do que no estado selvagem.

O processo pelo qual ocorre a domesticao de espcies e a seleo das caractersticas de interesse extremamente lento e gradual.

A pomba Columba livia ilustrada por John Gould.

Darwin j suspeitava que os gametas sofressem ao de fatores geradores de variabilidade. Apoiava esse ponto de vista nas observaes de alteraes nos aparelhos reprodutores de alguns animais em cativeiro. Porm, ele percebeu que havia mais variao no estado domstico que no estado selvagem. Enunciou tambm que o hbito influenciava as caractersticas presentes nos organismos, que alguns caracteres sofriam reverso ao estado ancestral quando os indivduos retornavam ao estado selvagem e que alguns caracteres apareciam sempre de forma correlacionada nos indivduos, mesmo entre caracteres sem muita relao morfofuncional (como o aumento nos tamanhos do bico e dos ps em pombos).

Alguns trabalhos da poca defendiam que as espcies e raas de cada animal domstico descendem de vrias espcies ancestrais, uma para cada espcie ou raa atual. Darwin acreditava que uma ou poucas espcies teriam dado origem as espcies atuais, pois considerava pouco provvel que todos aqueles ancestrais das espcies atuais tivessem se extinguido simultaneamente e sem deixar registros. Ele salientou tambm a dificuldade de povos semi-civilizados realizarem vrias domesticaes bem sucedidas. O modelo escolhido para embasar seu raciocnio foi o pombo e suas diversas variedades.[3] Ele acreditava que todas as raas descendiam de apenas uma nica espcie selvagem, a pomba-das-rochas (Columba livia), e observou isso tambm atravs de cruzamentos entre as vrias linhagens de pombos, onde algumas caractersticas ancestrais vinham tona nas geraes descendentes.

Alm disso, Darwin comentou que nem todas as caractersticas eram adaptativas nas raas domsticas, mas selecionadas pelo homem para seu prprio benefcio. Porm, salientou que apenas nos ltimos tempos a seleo tornou-se uma prtica metdica, sendo que antes disso no passava de um hbito inconsciente de escolher os indivduos com as caractersticas mais interessantes. Darwin j percebia a influncia do tamanho populacional na oferta de variabilidade das caractersticas a serem selecionadas e afirmava que o processo pelo qual ocorria a domesticao de espcies e a seleo das caractersticas de interesse era extremamente lento e gradual. As idias centrais contidas nesse captulo continuam atuais, apesar dos grandes progressos em relao ao entendimento dos mecanismos pelos quais esses processos acontecem.[4]

[editar] Captulo II Variao na natureza

Ver artigos principais: Espcies e Especiao.

Existe um contnuo de variao na natureza e as variedades tem as mesmas caractersticas gerais que as espcies, no podendo sempre se distinguir facilmente.

As menores diferenas entre as variedades tendem a aumentar at transformar-se nas grandes diferenas entre espcies.

No devo aqui discutir as vrias definies que foram dadas ao termo espcie. Nenhuma definio ainda satisfez todos os naturalistas; ainda assim, todo naturalista sabe vagamente o que ele quer dizer quando fala de uma espcie.

Os tentilhes de Galpagos ilustram o quo vaga e arbitrria a distino entre espcies e variedades.

Embora Darwin tenha dado sua obra o ttulo A Origem das Espcies, neste captulo demonstrou sua postura descrente em relao a este conceito. A exemplo disso, mencionou que diferentes taxonomistas atribuem um nmero diferente de espcies a um mesmo gnero, de modo que o grau de variabilidade que permite conferir o status de variedade ou espcie, subjetivo. A inexistncia de um critrio infalvel para distinguir espcies de variedades mais pronunciadas tambm observada atravs de gneros maiores, que freqentemente possuem espcies com reduzida quantidade de diferenas entre si, assemelhando-se ao que seriam classificadas como variedades de certas espcies includas em gneros menores. H mais variao nas espcies:

comuns, de distribuio geogrfica maior e mais difundidas dentro de uma mesma rea, pois os indivduos da espcie esto sujeitos a diferentes condies fsicas e porque entram em concorrncia com diferentes seres orgnicos;

de gneros maiores em cada hbitat, porque supe-se que onde se formaram muitas espcies do mesmo gnero, muitas continuaro a se formar ou "a fabricao de espcies foi muito ativa, deve-se ainda encontrar a fbrica em movimento".

Esta variao, ainda que seja de pequeno interesse para o taxonomista, de extrema importncia para a teoria da evoluo, pois fornece material para que a seleo natural atue sobre elas e as acumule, produzindo o que chamariam de variedades, subespcies e finalmente espcies. Mesmo atualmente, o conceito de espcie ainda est sujeito a diferentes entendimentos e interpretaes dependendo, inclusive, do grupo de organismos considerado.[5] Apesar disso, a entidade que chamados de espcie tem sido considerada real pela maioria dos bilogos.

Eu vejo o termo espcie como arbitrariamente atribuido, por razo de convenincia, a um grupo de indivduos muito semelhantes entre si e que no difere essencialmente da palavra variedade, que dado a formas menos distintas e mais flutuantes.

[editar] Captulo III Luta pela existncia

Ver artigo principal: Sobrevivncia do mais apto

A luta pela existncia a causa de toda a variabilidade existente entre as variedades biolgicas, as espcies, os gneros ela que explica como variedades se transformam em espcies distintas e como os txons de maior nvel hierrquico so formados.

Essa explicao est diretamente relacionada ao processo de seleo natural.

A obra de Thomas Robert Malthus sobre o crescimento populacional inspirou tanto Darwin quanto Alfred Russel Wallace a pensar na luta pela sobrevivncia.

O pensamento do Darwin acerca desse fato para ele indubitvel a luta pela existncia comea quando ele observa o grande potencial bitico de todas as espcies de seres vivos. Qualquer organismo capaz de produzir uma descendncia muito numerosa, a ponto de as populaes tenderem a aumentar muito em pouco tempo. No entanto, o que se observa na natureza que tais populaes no variam muito em tamanho estando o ambiente em equilbrio.

Se as populaes em condies naturais no variam muito em tamanho, espera-se que vrios dos novos indivduos acrescidos a essas populaes no cheguem a sobreviver at a fase adulta. Deve haver, ento, entre eles uma luta pela existncia e apenas aqueles mais adaptados ao ambiente onde vivem conseguiro se reproduzir e passar essas caractersticas para frente.

Outra observao importante de Darwin acerca das populaes na natureza a grande variabilidade entre os indivduos, mesmo para aqueles pertencentes mesma espcie. Se, por acaso, numa populao qualquer surgir uma variao vantajosa, por menor que seja, essa variao fornecer a seus portadores uma maior chance de sobrevivncia.

Levando em considerao que apenas aqueles seres portadores das caractersticas mais adaptativas conseguiro chegar fase adulta e se reproduzir, cada vez mais as novas geraes acumularo variaes vantajosas para viver naquele ambiente especfico. Populaes separadas, vivendo em ambientes diferentes, podero com o tempo se transformar em espcies, em decorrncia da acumulao de diferentes caractersticas.

Darwin chama a ateno para a grande complexidade das relaes entre os seres vivos, mostrando que a luta pela existncia no representa apenas uma competio direta entre indivduos que exploram os mesmos recursos, consistindo de interaes bem mais complexas.

Quando se lana ao ar um punhado de penas, todas cairo no cho de acordo com leis muito bem definidas: quo simples esse problema comparado com o da ao e reao das incontveis plantas e animais que determinaram, no decorrer dos sculos, os nmeros proporcionais e os tipos de rvores que crescem hoje nas runas indgenas!

[editar] Captulo IV Seleo Natural

Ver artigo principal: Seleo natural

Diagrama representando o princpio da divergncia das espcies, nica figura da edio original de A Origem das Espcies.

Indivduos dotados de alguma vantagem teriam maior probabilidade de sobreviver e reproduzir seu tipo.

Mudanas nas condies de vida so favorveis seleo natural, porque criam condies propcias para o surgimento de variaes vantajosas.

a essa preservao das variaes favorveis e eliminao das variaes nocivas que dou o nome de Seleo Natural.

Analisando a seleo artificial, Darwin comeou a questionar que isso tambm poderia acontecer na natureza, e passou a observar diversos casos onde a seleo natural se aplica. Darwin afirmou que assim como o homem selecionava caractersticas nas produes domsticas, a natureza agiria dia a dia, agindo sobre toda variao surgida, mesmo a mais insignificante, rejeitando a nociva, preservando e ampliando o que for til, trabalhando de modo lento e imperceptvel, no sentido de aprimorar os seres vivos no tocante s suas condies de vida orgnicas e inorgnicas. Desta forma, Darwin prope que na natureza os indivduos dotados de variaes vantajosas tm mais chances de vencer na luta pela sobrevivncia e de legar aos seus descendentes as mesmas variaes, as quais tornam-se mais comuns em geraes sucessivas de uma populao de organismos, enquanto as variaes desvantajosas ou nocivas tornam-se menos comuns. Quanto s variaes que no so vantajosas nem nocivas, Darwin explica que elas no so afetadas pela seleo natural, permanecendo como uma caracterstica oscilante, tais como as que talvez se possam verificar nas espcies denominadas polimorfas.

Na poca em que props a seleo natural, Darwin s podia observar que existiam variaes e que algumas destas eram herdadas, mas nunca pode explicar corretamente o processo. Isto s foi possvel com o desenvolvimento da gentica moderna na primeira metade do sculo XX. Mesmo sem entender de onde surgiam as variaes, um dos maiores avanos na teoria evolutiva de Darwin foi a compreenso dos mecanismos de hereditariedade, que o naturalista considerava central, mas que desconhecia.

Segundo Darwin, as diferenas individuais seriam a matria prima para o surgimento das variaes, e um alto grau de variabilidade hereditria e diversificada seria um campo favorvel atuao da seleo natural. Quanto mais abundante for uma espcie, maior a probabilidade de produzir variaes favorveis que sero selecionadas.

A seleo natural conduziria divergncia dos caracteres, o que em longo prazo pode levar a formao de novas espcies, e extino completa das formas intermedirias e imperfeitas. A seleo natural tambm seria capaz de modificar um dos sexos no que se refere s suas relaes funcionais com o sexo oposto, e a isso Darwin chamou de seleo sexual. As diferenas entre machos e fmeas da mesma espcie seriam causadas pela seleo sexual.

[editar] Captulo V Leis da Variao

Os principais componentes da variao so os efeitos das condies externas, os efeitos do uso e desuso, aclimatao e a correlao de crescimento.

A variao um processo lento e de longa durao.

Darwin tinha a conscincia de que muito pouco se sabia sobre as leis que geravam variao entre os seres vivos. Contudo, inferiu que tais leis poderiam produzir tanto pequenas diferenas entre indivduos da mesma espcie, quanto grandes diferenas existentes entre gneros. As caractersticas especficas que se diferenciam depois que as espcies de um mesmo gnero se separaram de seu antepassado comum so mais variveis que do que as caractersticas genricas herdadas anteriormente e que ainda no se diferenciaram.

Variao na forma do crnio de pombos.

A variabilidade geralmente est relacionada ao hbito de vida de cada espcie durante vrias geraes sucessivas. Darwin discute os efeitos do uso e desuso, que ele pensava "no haver dvida de que uso nos animais domsticos refora e desenvolve certas partes, e que o desuso as atrofia, e que tais modificaes eram passadas s geraes futuras" e que este fato tambm poderia ser aplicado na natureza. Ele aceitava uma verso da herana dos caracteres adquiridos (que, aps sua morte passou a ser chamado Lamarckismo), porm, afirmava que algumas mudanas que foram comumente atribudas ao uso e desuso, tais como a perda de asas funcionais em alguns insetos, poderiam ser produzidas pela seleo natural. Em edies posteriores de A Origem das Espcies, Darwin expandiu o papel atribudo herana de caracteres adquiridos. Ele tambm admitiu ignorncia da fonte de variaes herdadas, mas especulou que poderiam ser produzidas por fatores ambientais.

O problema da no aceitao da teoria darwiniana por parte de cientistas obrigou Darwin a utilizar-se das idias de Lamarck quanto adaptao ao meio. Sua teoria, no entanto, passaria a ser aceita pelo meio cientfico apenas no sculo XX, depois das descobertas de Mendel acerca da transmisso hereditria de caracteres. Hoje, sabe-se que a variao em populaes surge aleatoriamente atravs de mutao e recombinao gentica e a seleo natural a responsvel por fix-las ou no. Os genes mutantes determinam novas caractersticas nos organismos e podem ou no ser teis aos indivduos que as possuem face ao ambiente em que vivem. Quando teis prevalecem e so transmitidas aos descendentes, acumulando-se e contribuindo para o aparecimento de novas espcies. J a recombinao gentica resulta em novos arranjos de genes e gerao de indivduos com caractersticas diferentes que sero selecionadas.

[editar] Captulo VI Dificuldades da teoria

Neste captulo Darwin levanta pontos que poderiam tornar falha a sua teoria, no entanto, ele no acredita que tais objees possam ser fatais. As principais dificuldades e objees tratadas neste captulo so:

Uma vez que as espcies descendem de outras, por que no se encontram numerosas formas de transio na Natureza?

Como acreditar que a Seleo Natural pode produzir, de um lado, rgos de pequena importncia e, de outro lado, rgos de grande perfeio e complexidade?

Fssil de Archaeopteryx lithographica do Jurssico, uma forma de transio dos dinossauros para as aves.

A extino e a Seleo Natural andam juntas, os organismos que se tornam mais aperfeioados entram em competio com os menos favorecidos e assim, podem elimin-los. Dessa forma, se considerarmos que toda espcie descende de alguma, pelo processo de aperfeioamento, tanto os ancestrais quanto as variedades j deveriam ter sido exterminadas. De acordo com essa teoria deveria existir um nmero grande de formas intermedirias. Darwin aponta que essas formas intermedirias so muito escassas principalmente devido imperfeio do registro geolgico, j que so necessrias condies favorveis e tempo adequado para que os fsseis sejam formados, tratando-se de um processo raro.

Seria inconcebvel supor que o olho, sendo um rgo altamente aperfeioado, seja formado por seleo natural. Darwin conclui que, se modificaes benficas acontecerem neste rgo de forma gradual e sucessiva, sendo estas variaes passadas por hereditariedade, no haver problema em acreditar que rgos perfeitos e complexos so o resultado de um processo de seleo natural. Tambm podem acontecer alteraes simultneas, desde que sejam lentas e graduais.

Darwin bem enftico quando diz no ser possvel comprovar a existncia de um rgo complexo sem ser formado por meio de pequenas modificaes, sucessivas e numerosas. Ele infere que existam modos de transio observando a existncia de dois rgos distintos que possuam a mesma funo. O surgimento de transies pode ter sido facilitado pela necessidade de especializao de um rgo que realizasse ao mesmo tempo diversas funes, ou de dois rgos que realizassem simultaneamente a mesma funo, com um deles assumindo gradualmente a responsabilidade total da mesma, enquanto o outro aos poucos perderia sua funo auxiliar. Isso aconteceu com a bexiga natatria que, inicialmente, era utilizada para flutuao, mas que era capaz de realizar trocas gasosas. Posteriormente a seleo natural atuou neste rgo j existente e h indcios de que este tenha se tornado o pulmo nos vertebrados superiores.

Darwin teve dificuldades em explicar a origem de rgos que aparentemente so pouco importantes e que so afetados pela seleo natural, uma vez que a seleo atuando no sentido de preservar indivduos que possuem caractersticas vantajosas e eliminando indivduos que possuem alguma caracterstica desvantajosa, no teria como agir em estruturas muito simples que a princpio parecem no conferir benefcio algum ao indivduo. Ele salientou que mesmo nos dias atuais, no sabemos muito a respeito da "economia natural" dos seres vivos e no temos como concluir quais caractersticas conferem maior ou menor importncia; rgos que hoje parecem ser insignificantes, podem ter sido de grande finalidade para um antigo ancestral. Alm disso muitas estruturas existentes e que no possuem nenhuma relao direta com os hbitos de vida atuais de determinadas espcies, esto ali por serem passadas atravs da hereditariedade, ou seja, por estarem presentes nos ancestrais e nestes conferir alguma vantagem.

A teoria da seleo natural, como nos mostrou Darwin, permite que compreendamos o significado da frase considerada como um velho axioma da Histria Natural: Natura non facit saltum, a natureza no procede a saltos, pois a seleo natural s pode agir tirando proveito de variaes ligeiras e sucessivas, de forma lenta e gradual.

[editar] Captulo VII Instinto

Ver artigo principal: Instinto

Darwin considerava o instinto de abelhas construtoras de favos como um notvel exemplo de eficincia na natureza.

Segundo Darwin, os instintos e os hbitos so comparveis apesar de possurem origem diferente. A semelhana entre o que foi originalmente um hbito e que hoje um instinto muito grande, tornando algumas vezes difcil distinguir um do outro. Suas aes funcionam em uma espcie de ritmo e so praticadas de forma inconsciente e em sentido contrrio a vontade consciente. O Instinto ao contrrio do hbito uma ao que no demanda de prtica e raciocnio para ser executada. uma aptido inata em relao a aes particulares. So padres herdados de respostas a certos tipos de situaes. uma tendncia natural ou uma atividade automtica e espontnea. J os hbitos por sua vez so aes, regras sociais ou aptides adquiridas que surgem pela experincia e prtica prolongada para reproduzir certos atos.

Os instintos so importantes para o bem estar das espcies. Atravs deles inmeras estratgias so criadas na tentativa de aumentar a chance de sobrevivncia dos animais. Sob condies de vida modificadas, pequenas modificaes (variaes) nos instintos surgem. E essas modificaes quando benficas para as espcies, sero conservadas e preservadas pela ao contnua da Seleo Natural. A todo esse processo que se deve a origem dos instintos mais complexos. Os instintos podem ser classificados em duas categorias:

Domsticos so aqueles onde as tendncias naturais (qualidades mentais) dos animais so profundamente modificadas em funo da domesticao (cativeiro, hbito e seleo metdica contnua). So menos estveis que os instintos naturais, por serem afetados por uma seleo menos rigorosa e por serem transmitidos h um curto intervalo de tempo sob condies de vida menos estabilizadas. Seu alto grau de hereditariedade se d em virtude do cruzamento de diferentes raas.

Naturais, como o prprio nome diz, so aqueles em que o animal age de acordo com a sua natureza e, portanto sem a influncia do cativeiro hbito e seleo metdica. Neste caso as tendncias naturais dos animais so mantidas. E os instintos s sero modificados atravs da interao entre os animais e destes com o meio.

Dentre os instintos naturais Darwin aponta o instinto de abelhas construtoras de favos como sendo o mais notvel exemplo na natureza, onde as abelhas conseguem construir favos em formatos e dimenses corretas para permitir o armazenamento da maior quantidade de mel com o mnimo de gasto de energia possvel. Esse instinto teria sido selecionado pois o enxame que gastasse menos mel para formar os favos seria beneficiado e transmitiria esse instinto por hereditariedade, e seus descendentes teriam maiores chances de enfrentar com sucesso a luta pela existncia.

Um dos fatos que Darwin considera uma forte objeo a sua teoria a existncia de insetos sociais estreis. A impossibilidade das formigas estreis transmitirem suas caractersticas para seus descendentes parecia no se conciliar com a teoria da seleo natural. Darwin conclui que essa caracterstica tenha sido tenha til para a comunidade, por isso, os machos e fmeas fecundos passavam aos seus descendentes fertis a tendncia de produzir uma classe de membros da sociedade estreis.

Portanto, para Darwin hbitos e instintos sofrem constantemente ao da seleo natural podendo ser transmitidos por hereditariedade aos seus descendentes lhes conferindo uma maior vantagem na luta pela existncia.

[editar] Captulo VIII Hibridismo

Ver artigo principal: Hbrido (biologia)

Origem da esterilidade: como no traz vantagens para o indivduo, a esterilidade entre diferentes espcies no pode ter evoludo pouco a pouco atravs da Seleo Natural.

A capacidade de entrecruzamento como conceito de espcie: algum grau de esterilidade entre hbridos a regra geral, mas no necessariamente universal.

A esterilidade um acidente derivado da divergncia entre linhagens e depende em parte da afinidade sistemtica, dos modos de vida e do histrico evolutivo.

O captulo VIII busca responder a uma aparente dificuldade da Teoria da Seleo Natural levantada no captulo VI: Como explicar que as espcies, quando se cruzam, fiquem frteis ou produzam descendentes estreis, enquanto as variedades, quando cruzadas entre si, mantenham sua fecundidade inalterada? Este problema existia, segundo Darwin, porque a esterilidade no vantajosa para o indivduo, de modo que no poderia surgir gradativamente pela ao da Seleo Natural.

Hbrido entre uma zebra e um burro.

Na poca da publicao do livro, j existia a noo de que a capacidade de entrecruzamento seria um fator importante na definio de espcies, mas Darwin observa que os resultados dos experimentos de entrecruzamento chegam a concluses distintas dos naturalistas experientes sobre o que so espcies. Hbridos de diferentes espcies podem ser frteis, enquanto variedades de uma mesma espcie tm dificuldades de entrecruzamento. Ele tambm aponta questes metodolgicas dos experimentos da poca que podem ter levado os autores a concluses equivocadas a esse respeito. A sua concluso de que algum grau de esterilidade entre hbridos a regra geral, mas no necessariamente universal. Na discusso sobre a formao de espcies domsticas, Darwin expe com bastante lucidez sua viso de que as espcies so definidas pela ancestralidade comum, a partir da modificaes lentas de variedades. Desse modo, a esterilidade no seria uma caracterstica irremovvel, mas uma peculiaridade que surgia medida que as linhagens se diferenciavam; quanto mais diferentes, mais difcil seria o cruzamento.

Mais adiante, Darwin retoma uma distino feita no incio do captulo, entre a capacidade de cruzamento (i.e., de gerar um novo indivduo) e a fecundidade ou esterilidade da prole. Ele comenta que os dois fenmenos no so necessariamente correlatos; algumas espcies podem cruzar facilmente entre si, porm ter sempre prole estril, e vice-versa. Esta esterilidade estaria parcialmente com a afinidade sistemtica. Essa tendncia tambm variaria em cruzamentos recprocos; isto , pois s vezes mais fcil cruzar o macho de uma espcie com a fmea de outra do que o contrrio (um pensamento que seria o embrio da regra de Haldane). Darwin observa que, se a esterilidade entre as espcies fosse obra de uma criao especial, seria de se esperar um grau semelhante de esterilidade entre todas as espcies.

A viso de que o isolamento reprodutivo uma consequncia natural do distanciamento filtico a viso predominante atualmente. Para Darwin, no entanto, esse isolamento seria de certo modo acidental e imprevisvel, enquanto no paradigma atual, esse distanciamento tem um carter um tanto inexorvel (Teoria de Dobzhansky-Muller). Atualmente controverso se a Seleo Natural pode ou no influir no isolamento reprodutivo,via Reforo. Darwin chega a admitir a possibilidade do fenmeno do Reforo, mas descarta esta idia.

[editar] Captulo IX Imperfeio dos registros geolgicos

Ver artigos principais: Paleontologia e Geologia.

Concordo com Lyell, cuja metfora aceito sem restries quando ele compara o registro geolgico de que dispomos a uma histria de mundo elaborada de forma imperfeita e escrita em um dialeto em extino, e da qual possumos apenas o ltimo volume, relativo a somente dois ou trs pases. Desse volume, h somente alguns captulos soltos, e de cada pgina apenas poucas linhas.

Variedades intermedirias (sua ausncia, natureza e nmeros)

Intermitncia das formaes geolgicas

Aparecimento repentino de grupos no registro fssil

Perodo de tempo decorrido Antiguidade da Terra

Uma das principais objees Teoria de Darwin era o fato de as formas especficas serem, em sua maioria, distintas umas das outras, no interligadas por elos de transio. De fato, em sua poca poucas eram as formas transitrias conhecidas, como o fssil de Archaeopterix. Segundo Darwin, a ausncia de formas intermedirias atuais se daria porque as formas de transio seriam menos numerosas do que as formas extremas, sendo extintas durante o curso das modificaes e aperfeioamentos adquiridos por estas por meio da Seleo Natural. Sobre a ausncia de formas de transio no registro fssil Darwin afirma: "Creio que a explicao se encontre na extrema imperfeio dos registros geolgicos". Ele tambm comenta que essas formas no seriam diretamente intermedirias entre duas espcies quaisquer: "O mais correto seria procurar formas intermedirias que existem entre cada uma delas e um ancestral desconhecido, comum a ambas, que por sua vez deve ser diferente dos seus descendentes modificados".

Dentes fossilizados de cavalo encontrados por Charles Darwin em 1832.

Uma das caractersticas do registro geolgico que demonstram sua prpria imperfeio a intermitncia das formaes, ou as lacunas que existem entre as formaes sobrepostas. Darwin estava convencido de que todas as antigas formaes abundantes em fsseis teriam se formado durante uma fase de subsidncia. Em virtude da dinmica da Terra, com oscilaes no nvel do mar e do soerguimento e rebaixamento da parte continental, nem sempre se apresentava as condies necessrias formao dos registros, da sua imperfeio e tambm a escassez das formas intermedirias.

Sobre a apario repentina de alguns grupos no registro geolgico, Darwin comenta que, pelo fato de alguns gneros e famlias no terem sido encontrados abaixo de uma determinada camada, no significa que eles no tenham existido antes; tais grupos poderiam ter surgido muito tempo atrs e se multiplicado lentamente. Alm disso, o grande intervalo de tempo entre formaes consecutivas permitiria a multiplicao das espcies a partir de algumas formas ancestrais; dessa forma, na formao seguinte cada espcie pareceria ter sido criada de maneira brusca.

Quanto idade da Terra, Darwin, embasado em estudos geolgicos da poca e influenciado pelas idias gradualistas, considerava que a histria geolgica da Terra teria sido bem maior do que antes se conhecia, pois de outra maneira a Seleo Natural no teria tido tempo suficiente para dirigir as modificaes orgnicas. Para Darwin a idia de que a Terra era muito mais antiga do que se imaginava era to importante que ele chega a dizer: "Quem teve a oportunidade de ler o tratado do Sr. Charles Lyell, Princpios de Geologia,() e se mesmo assim no admitir que os perodos de tempo tenham sido inconcebivelmente extensos, poder interromper neste momento a leitura deste livro".

[editar] Captulo X Da sucesso geolgica dos seres vivos

As formas de vida nem sempre apresentam o mesmo grau de modificao entre duas formaes consecutivas.

A extino de formas antigas e a formao de novas formas esto relacionadas.

A raridade precede a extino.

A fauna de cada perodo geolgico possui caractersticas intermedirias entre a fauna anterior e posterior.

Escala de tempo geolgico de Richard Owen (1861)

Neste captulo Darwin aborda basicamente sobre a diversidade de espcies no registro fssil e a extino no tempo geolgico. Ele introduz o captulo dizendo que os fsseis impressos nas rochas tm uma sucesso geolgica clara que coincide com a "modificao lenta e progressiva por via da descendncia e da Seleo Natural", refutando a imutabilidade das espcies e que gneros e classes diferentes no se modificaram na mesma velocidade. Isso comprovado no registro fssil pela presena de organismos atuais em meio a grupos de espcies j extintas.

Ainda sobre a velocidade de transformao das espcies, Darwin afirma que "seres superiores modificam-se mais rapidamente que seres inferiores", pois acredita que as espcies mais recentes so mais aptas por descenderem de outras que j sofreram modificaes. Darwin ainda postulou que as formas "superiores" e terrestres se modificam em maior velocidade devido maior interao ecolgica que as espcies sofrem entre si. Esta uma idia ainda a ser discutida, pelo fato de se conhecer atualmente a infinita variedade de habitats que podem ser encontradas no ambiente marinho.

Darwin no acreditava em extino em massa, ou seja, causada por algum evento catastrfico como vrias erupes vulcnicas ou um impacto de um meteoro, como pensado atualmente (e.g. Benton & Twitchett, 2003[6]). Ele afirma que, como a diversificao, a extino lenta (talvez muito mais que a diversificao) e que a extino de formas antigas e a formao de novas formas esto relacionadas. Precedendo a extino, ocorre a raridade, na viso de Darwin, que associa a raridade de algumas espcies sua futura extino. Mas a atual raridade de uma espcie pode significar uma expanso de sua distribuio geogrfica devido elas se beneficiarem da extino de um txon irmo similar ecologicamente.[7] A extino de espcies, segundo ele, se deve vantagem estabelecida pela seleo natural s espcies novas, tornando-as mais competitivas em relaes s espcies j estabelecidas. Tambm j levantava a hiptese de extines serem causadas por aes humanas.

A fauna de cada perodo geolgico possui caractersticas intermedirias entre a fauna posterior e anterior, indicando que se fosse possvel ter ocorrido a preservao de cada forma de vida no registro fssil, ele seguiria a evoluo dos txons. Por fim, destaca o fato da fauna de uma determinada regio estar estreitamente relacionada s espcies encontradas no registro fssil da mesma regio, o que pode ser facilmente explicado por sua teoria de descendncia com modificao.

[editar] Captulo XI Distribuio geogrfica

Ver artigo principal: Biogeografia

O Grande Intercmbio Americano que ocorreu no fim do Plioceno com a formao do Istmo do Panam.

O captulo XI trata das evidncias biogeogrficas, comeando com a observao de que as diferenas da flora e da fauna entre regies separadas no podem ser explicadas somente por diferenas ambientais. Amrica do Sul, frica e Austrlia so trs regies com clima e latitude similares. Mas, apesar de as condies ambientais terem paralelo no Novo e Velho Mundo estas regies tem diferentes plantas e animais. As espcies encontradas em uma rea de um continente so mais prximas de espcies encontradas em outras regies do mesmo continente, do que de espcies encontradas em outros continentes.

Darwin notou que barreiras para a migrao desempenharam um importante papel nas diferenas entre as espcies de diferentes regies. Cadeias de montanhas, enormes desertos, grandes rios, stmos ou oceanos entre continentes constituem barreiras ou aos animais terrestres ou aos marinhos, e relacionam-se diretamente s diferenas entre a fauna de diversas regies.

Darwin explicou como uma ilha vulcnica formada a poucas centenas de quilmetros do continente pode ser colonizada por poucas espcies do continente. Aps a colonizao, estas espcies tendem a ser tornar modificadas com o tempo, mas permanecero relacionadas s espcies encontradas no continente, padro comum observado por Darwin. Embora as espcies sejam distintas, h afinidades; estas afinidades nos revelam a existncia de um vnculo orgnico que prevalece atravs do espao e do tempo. Sua explicao foi uma combinao de migrao e descendncia com modificao.

Mais frente, Darwin discute meios pelos quais ocorre disperso das espcies atravs dos oceanos para colonizar ilhas, muitos dos quais ele investigou experimentalmente. Nos continentes, as espcies poderiam ter migrado de um ponto original (centro nico de origem) para os diversos pontos distantes e isolados onde hoje se encontram. Ento, as mudanas geogrficas e climticas que ocorreram devem ter interrompido ou tornado descontnuas as reas de ocorrncia de vrias espcies.

[editar] Captulo XII Distribuio geogrfica continuao

Principais ilhas do arquiplago de Galpagos.

Neste captulo Darwin continua a sua discusso sobre distribuio geogrfica. Numa primeira parte comea por descrever a distribuio das produes de gua doce e suas formas de disperso ocasional por meios acidentais, afirmando que "seria uma circunstncia inexplicvel se as aves aquticas no transportassem as sementes de plantas de gua doce para locais muito distantes e se consequentemente a distribuio dessas plantas no fosse muito extensa". O mesmo poderia suceder com ovos de animais de gua doce mais pequenos. Esses indivduos que colonizassem ambientes recentes seriam bem sucedidos, uma vez que, como chegariam a locais desocupados, a luta pela sobrevivncia seria menos intensa.

Na segunda parte deste captulo, Darwin dedica-se essencialmente colonizao das ilhas ocenicas, comeando por dizer que no pode concordar com a teoria de Forbes sobre as grandes extenses continentais, uma vez que esta teoria no explica vrios factos relativos s produes insulares. A ausncia de determinadas classes, como batrquios e mamferos terrestres e a sua substituio por aves pteras e rpteis, s pode ser explicada pela susceptibilidade destes animais gua do mar.

O arquiplago das Galpagos serviu de cenrio para explicar a existncia de grande proporo de espcies endmicas nas ilhas relativamente a espaos continentais de tamanhos semelhantes, atravs do exemplo de aves terrestres caractersticas de cada ilha. Serviu tambm para explicar a afinidade entre os habitantes das ilhas com os habitantes do continente mais prximo, uma vez que as espcies deste arquiplago esto relacionadas com as espcies da Amrica e so completamente distintas das espcies do arquiplago de Cabo Verde, com o qual partilha vrias caractersticas climticas e geolgicas. Segundo a sua teoria espcies provenientes de locais prximos chegariam a estas ilhas por meios ocasionais de transporte ou por uma ligao terrestre outrora existente, estas espcies durante o seu estabelecimento teriam que competir com outras espcies, ficando assim sujeitas a modificaes atravs da seleo natural, no entanto, atravs do princpio de hereditariedade ainda possvel detetar as suas afinidades.

Este conceito de colonizao de ilhas de um local prximo, pode ser aplicado a outros ambientes em formao, como montanhas, lagos e pntanos, que seriam povoados por produes das plancies e terras secas adjacentes.

Darwin termina afirmando que todas as relaes discutidas sobre a ampla distribuio de algumas espcies, as relaes entre ambientes prximos e as relaes entre espcies distintas das ilhas e dos continentes no so concordantes com a teoria comum da criao independente, mas sim com a hiptese de colonizao de uma fonte prxima e subsequente modificao.

[editar] Captulo XIII Afinidades mtuas dos seres vivos; morfologia; embriologia; rgos rudimentares

Ver artigos principais: Anatomia, Embriologia e Estrutura vestigial.

Representao de embries presente no trabalho de Haeckel de 1866.

Classificao da biodiversidade atravs da descendncia;

Utilizao de um conjunto de caractersticas, incluindo embrionrias e rudimentares, para a reconstituio de filogenias;

Para Darwin, a classificao biolgica seria mais fcil se todos os seres de um determinado grupo fossem adaptados a viver no mesmo tipo de ambiente (terra, gua, etc.). No entanto, os membros de subgrupos prximos filogeneticamente podem possuir hbitos e caractersticas adaptativas diferentes. Normalmente, os gneros mais diversos so tambm mais dispersos, sendo, por isso, mais sujeitos a variaes que podem resultar na origem de novas espcies. Neste captulo, Darwin argumenta que a classificao biolgica realizada segundo o Systema Naturae de Carolus Linnaeus no seria a mais adequada para agrupar naturalmente as espcies, pois se baseia em poucos caracteres que na maioria das vezes so adaptativos. Segundo Darwin, caractersticas que determinam adaptao a certos hbitos de vida no deveriam ser os mais importantes para a classificao cientfica (biolgica), pois podem resultar em agrupamentos artificiais baseados em caractersticas com funo semelhante, mas com origens diferentes (homoplasias). Para Darwin, a melhor maneira de classificar a biodiversidade seria atravs de um conjunto de caractersticas complexas que representem afinidades entre as espcies, o que poderia refletir sua ancestralidade comum. Tais caractersticas evoluem lentamente em certos grupos e mais rapidamente em outros, deixando vestgios do parentesco entre as espcies. As relaes de ancestralidade e descendncia seriam a nica maneira de designar adequadamente as espcies, retratando agrupamentos naturais.

O grupo de caractersticas utilizado para a classificao deve incluir rgos rudimentares e caracteres embrionrios. Segundo Darwin, o desuso gradual e seleo natural lentamente reduziriam o rgo, e seu grau de atrofiamento corresponderia idade da espcie em relao a seu ancestral, sendo possvel agrupar aquelas que possuem esses rgos em diferentes nveis de desenvolvimento. Caractersticas embrionrias tambm devem ser avaliadas na procura das relaes de parentesco entre as espcies, como proposto por Henri Milne-Edwards, Louis Agassiz e Ernst Haeckel. Este ltimo utilizava caractersticas embrionrias e rudimentares homlogas para reconstituir a filogenia entre os seres. Caractersticas de formas embrionrias normalmente so mais parecidas entre si do que entre estas com suas respectivas formas adultas. Assim, as formas embrionrias podem refletir a forma que provavelmente era presente nos ancestrais.

Para representar o sistema genealgico, Darwin props um diagrama em forma de rvore como a apresentada no captulo IV desta obra. Nesse diagrama, formas rudimentares extintas poderiam representar grupos intermedirios entre as formas vivas. Os processos de extino de alguns grupos e diversificao de outros a partir de um ancestral comum seriam responsveis pela separao das espcies. Esses processos so consequncias da seleo natural, que resulta em modificaes de estruturas ao longo do tempo a partir das formas presentes nos ancestrais. Dessa forma, a viso criacionista de formas de vida imutveis improvvel.

[editar] Captulo XIV Recapitulaes e concluses

Poucos naturalistas dotados de flexibilidade intelectual, e que h tempos tenham comeado a duvidar da imutabilidade das espcies, podem ser influenciados por este livro. No entanto, minha confiana est voltada para o futuro, para os jovens naturalistas em formao, que sero capazes de enxergar com imparcialidade ambos os lados da questo. Quem acreditar que as espcies so mutveis prestar um bom servio cincia, exprimindo de forma consciente sua convico, pois somente assim se poder desembaraar a questo de todos os preconceitos que a cercam.

No ltimo captulo de seu livro Darwin faz uma recapitulao s objees e circunstncias favorveis teoria da Seleo Natural.

Charles Darwin aos 51 anos, na poca da publicao da primeira edio de A Origem das Espcies

Como principal objeo Darwin aponta a dificuldade em explicar como rgos e instintos complexos poderiam ter sido produzidos pelo processo de seleo natural. Em resposta, ele sugere que essa dificuldade pode ser superada se se assumir que todos os rgos e instintos so passveis de modificaes e h uma luta pela sobrevivncia onde o vencedor preserva as melhores modificaes. Apesar de admitir que seria difcil prever quais foram as gradaes que ocorreram durante o processo de modelagem de uma caracterstica, o estado de perfeio poderia ser alcanado por meio de vrias gradaes intermedirias, desde que cada uma delas seja til e melhor que a precedente. A teoria de descendncia com modificao prev que todos os indivduos de uma espcie, espcies de um mesmo gnero e tambm grupos menos restritos devem ter um antepassado comum, e isso implica que indivduos mais prximos geograficamente devam ser mais aparentados que aqueles situados em locais distantes. Porm, isso no explica espcies que apresentam ampla distribuio geogrfica ou uma distribuio disjunta ao longo do globo terrestre. Para esses caso, Darwin sugere que eventos de migrao, extino de intermedirios e mudanas climticas durante os perodos glaciais possam ter moldado essas distribuies aparentemente em desacordo com sua teoria. Outra forte objeo teoria da seleo natural seria a falta no registro fssil das formas intermedirias que Darwin sugere terem existido. Ele porm argumenta que o registro fssil imperfeito e que o processo de fossilizao requer condies muito especficas e at improvveis, sendo que muitos organismos, devido a sua estrutura corporal, jamais poderiam ser fossilizados.

Durante o processo de seleo artificial, o homem atua selecionando as variabilidades que mais lhe interessa, porm a ao do homem nada tem a ver com a produo dessa variabilidade. Segundo Darwin, as leis que regem a variabilidade so ligadas correlao de crescimento, ao uso e desuso e ao direta das condies fsicas, e essa variao pode ser transmitida hereditariamente. Darwin traa aqui um paralelo entre seleo natural e artificial, sugerindo que na seleo natural quem seleciona a natureza e no o homem. H uma luta pela sobrevivncia uma vez que nascem mais indivduos do que o ambiente capaz de suportar; sendo assim, a natureza seleciona os mais aptos (com as melhores variaes). Darwin ainda cita a disputa entre machos pela posse de fmeas e chama esse processo de seleo sexual, estabelecendo assim que a seleo natural a luta pela sobrevivncia e a seleo sexual a luta pelo acasalamento. Em ambos os casos, apenas aquele indivduo que possuir a variao mais vantajosa vencer a luta.

Fronstispcio da 1a edio em ingls do livro A Origem das Espcies de Charles Darwin (1859)

Em defesa a teoria da Seleo Natural, Darwin se dedica a explicar por que espcies no podem ser atos independentes de criao. Primeiro ele aponta que se as espcies fossem independentes no deveria haver dificuldade para se definir o limite entre uma e outra, nem tampouco deveria haver tantas formas intermedirias entre elas. Ele tambm cita que o axioma Natura non facit saltum (a Natureza no d saltos) no deveria ser uma lei natural se as espcies fossem criaes independentes. Alm disso ficaria difcil explicar a razo da criao de planos biolgicos imperfeitos, como por exemplo o caso de aves que no voam, ou a abelha que morre ao utilizar seu ferro. O fato de duas reas distantes apresentarem as mesmas condies de vida e habitantes completamente diferentes seria facilmente explicado pela teoria de modificao com descendncia, mas no pela criao independente. A presena de morcegos e ausncia de outros mamferos em ilhas ocenicas distantes do continente e a homologia entre os ossos da mo do homem, asas do morcego e barbatanas de baleias so outros exemplos que no poderiam ser explicados pela teoria da criao independente.

Darwin acreditava que duas razes principais levavam muitos naquela poca a crer que as espcies eram imutveis. A primeira era a crena que a idade de criao da Terra fosse muito menor do que realmente , no havendo assim tempo geolgico suficiente para que todas as mudanas ocorressem de forma lenta e gradual, sendo acumuladas at gerar os organismos como so hoje. A segunda razo era a crena que o registro fssil estava completo e que apenas aqueles organismos encontrados foram os que j existiram e se extinguiram, sem fornecer assim uma evidncia dos intermedirios entre as espcies.

Darwin deixa a idia de que a teoria de descendncia com modificao pode abranger membros da mesma classe e mesmo reino, e ainda sugere a possibilidade de que todos os seres vivos tenham se originado a partir de uma s forma principal.

Darwin sugere como a aceitao da Teoria da Seleo Natural pode vir a influenciar os estudos de Histria Natural. Ele prev que no haver uma definio satisfatria e unnime do conceito de espcie e que nossas classificaes se transformaro cada vez mais em genealogias onde sero mapeados os caracteres herdados. Juntando informaes mais precisas de geologia, Darwin diz que seremos capazes de recriar rotas migratrias seguidas pelos habitantes do mundo. Poderemos ainda utilizar a soma das modificaes nos fsseis encontrados em formaes geolgicas consecutivas como medida relativa do tempo decorrido entre essas formaes. Darwin ainda prev que a seleo natural pode influenciar estudos de psicologia e auxiliar no entendimento da origem do homem e de sua histria.

Por fim, Darwin aponta que Hereditariedade, Variabilidade, Multiplicao dos Indivduos, Luta pela Existncia, Seleo Natural, Divergncia dos Caracteres e Extino das Formas Menos Aptas so as principais leis responsveis por moldar as formas que conhecemos hoje no mundo.

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Referncias

G1 > Pop & Arte - NOTCIAS - Exemplar da 1 edio de "A Origem das Espcies" supera US$ 50 mil em leilo. Pgina visitada em 29 de Dezembro de 2010.

Browne, J. 2007. A Origem das Espcies de Darwin: uma Biografia. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro. ISBN 978-85-7110-998-8

Nichols, H. 2009. Darwin 200: A flight of fancy. Nature 457:790-791

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Cohan, F.M. 2002. What are bacterial species? Annual Review of Microbiology 56: 457-487.[2]

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