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Bioquímica do Envelhecimento 1. Envelhecimento Cutâneo Existem dois tipos de envelhecimento cutâneo. O envelhecimento real, intrínseco ou cronológico, comum a todos, é influenciado geneticamente, e o fotoenvelhecimento, dermatoeliose ou envelhecimento extrínseco é decorrente de agressões ambientais, tendo como principal causa a exposição crônica à radiação ultravioleta. Com o envelhecimento, ocorrem alterações em todos os segmentos da pele, levando a sinais e sintomas relacionados a cada uma dessas alterações. 1.1 Epiderme Há uma diminuição da espessura devida particularmente à redução de volume das células. Pode ocorrer redução do número de camadas celulares do estrato espinhoso. Além disso, as células da camada basal e espinhosa mostram alterações de volume e forma e, por vezes, disposição desordenada. O citoplasma está alterado, com vacúolos, e os núcleos exibem alterações na forma e tamanho, com menor afinidade para os corantes dos ácidos nucléicos. Encontra-se a presença de glicogênio em quantidades variadas na parte superior do estrato espinhoso, o que não ocorre em pele jovem. Há retificação dos cones epiteliais com diminuição ou desaparecimento das papilas, o que diminui a coesão dermo-epidérmica, explicando a maior facilidade de produção de bolhas traumáticas nos indivíduos idosos. O numero de melanócitos dopa-positivos diminui progressivamente, estimando-se uma perda de 10% na população melanocítica, a cada ano, havendo, portanto, uma diminuição da função melanogênica, exceto nas áreas de melanoses solar, em que se apresentam alterados, admitindo-se hipertrofia funcional nos melanócitos remanescentes. Quanto às células de Langerhans, estima-se que diminuem cerca de 50% nos idosos, particularmente na pele cronicamente exposta à luz. Este

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Bioquímica do Envelhecimento

1. Envelhecimento Cutâneo

Existem dois tipos de envelhecimento cutâneo. O envelhecimento real, intrínseco ou cronológico, comum a todos, é influenciado geneticamente, e o fotoenvelhecimento, dermatoeliose ou envelhecimento extrínseco é decorrente de agressões ambientais, tendo como principal causa a exposição crônica à radiação ultravioleta.

Com o envelhecimento, ocorrem alterações em todos os segmentos da pele, levando a sinais e sintomas relacionados a cada uma dessas alterações.

1.1 Epiderme

Há uma diminuição da espessura devida particularmente à redução de volume das células. Pode ocorrer redução do número de camadas celulares do estrato espinhoso. Além disso, as células da camada basal e espinhosa mostram alterações de volume e forma e, por vezes, disposição desordenada.

O citoplasma está alterado, com vacúolos, e os núcleos exibem alterações na forma e tamanho, com menor afinidade para os corantes dos ácidos nucléicos. Encontra-se a presença de glicogênio em quantidades variadas na parte superior do estrato espinhoso, o que não ocorre em pele jovem. Há retificação dos cones epiteliais com diminuição ou desaparecimento das papilas, o que diminui a coesão dermo-epidérmica, explicando a maior facilidade de produção de bolhas traumáticas nos indivíduos idosos. O numero de melanócitos dopa-positivos diminui progressivamente, estimando-se uma perda de 10% na população melanocítica, a cada ano, havendo, portanto, uma diminuição da função melanogênica, exceto nas áreas de melanoses solar, em que se apresentam alterados, admitindo-se hipertrofia funcional nos melanócitos remanescentes. Quanto às células de Langerhans, estima-se que diminuem cerca de 50% nos idosos, particularmente na pele cronicamente exposta à luz. Este fato explica a diminuição das reações mediadas por células, como as dermatites de contato por sensibilização nos idosos. A despigmentação dos cabelos e pêlos é devida à diminuição do número e da atividade dos melanócitos da papila do pêlo.

1.2 Derme

As alterações dérmicas são conspícuas e as principais responsáveis pelo aspecto da pele idosa. Há diminuição dos fibroblastos e a espessura das fibras colágenas diminuem. Após os 60 anos, o colágeno torna-se mais rígido e menos elástico devido às alterações das substâncias fundamental pela diminuição dos mucopolissacarídeos e alterações químicas. As fibras elásticas mostram alterações químicas da elastina. Há alterações no conteúdo de hidratos de carbono, dos lipides, acido glutâmico e lisina. As fibras reticulares apresentam alterações similares às das fibras colagenas. Há redução de cerca de 50% na população de mastocitos na pele idosa, o que explica menor freqüência de urticária em idosos.

As glândulas sudoríparas écrinas apresentam achatamento do epitélio secretor, atrofia dos acinos, ectacia sistica e aumento do tecido conectivo periglandular. Há um acumulo progressivo de grânulos amarelados em rosetas no citoplasma das células. As glândulas apocrinas apresentam aspectos diversos. Algumas estão

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completamente atrofiadas, outras discretamente e outras com aspecto histológico normal. As galndulas sebaceas não exibem alterações morfológicas, ainda que possam estar ativas ou inativas. Entretanto, as galndulas inativas podem ser ativadas pela ação de andrógenos. As glândulas sebáceas contem menor numero de vasos sanguineos ( em redor) e maior conteúdo de glicogênio e fosforilase. As glândulas sebáceas do couro cabeludo cauvo apresentam se aumentadas com maior numero de lobos e ductos dilatados. As terminações nervosas livres na derme não se alteram, eletivamente, com a idade, porem, os órgãos terminais como corpúsculos de Meissner, Vater-pacini e Mercecael estão diminuídos em numero e volume no idoso. Resulta diminuição de sensibilidade da pele do idoso, o que favorece a ocorrência de lesões traumáticas mais intensas, pois a diminuição da sensibilidade à dor, leva a maior demora nas respostas defensivas em relação ao agente agressor que atua, portanto, mais prolongadamente. As queimaduras, por exemplo, tendem a ser mais graves nos idosos.

1.3 Hipoderme

O subcutâneo em geral está diminuído com as células gordurosas mostrando frequentemente menor volume e numero.

1.4 Pêlos

Apesar da canicie, embranquecimento dos pelos, ser um dos sinais mais evidentes do envelhecimento, a idade do surgimento e sua estençao são geneticamente determinados e pode ocorrer desde a adolescência ate idades bem avançadas. É comum o embranquecimento da barba e bigode antes do acometimento do couro cabeludo. Tanto o homem como a mulher têm perda de cabelo no processo do envelhecimento. Há diminuição do diâmetro do fio, na velocidade de crescimento dos cabelos e no numero de folículos do couro cabeludo. Também há diminuição na densidade e quantidade de pelos nas axilas, púbis extremidades, principalmnete nas mulheres.Nos homens, eles aumentam de tamanho e numero no nariz, pavilham auricular e sobrancelhas, e nas mulheres surgem principalmente no mento e lábios superior.

1.5 Unhas

O envelhecimento causa uma redução no crescimento das unhas que pode chegar a 40% em idade mais avançada, obrigando que a duração do tratamento em caso de onicomicose seja maior. As unhas se tornam mais opacas, planas, podendo haver também desaparecimento ou redução da lúnula.As unhas das mãos tornam-se mais finas, mais flexíveis, frágeis e podem apresentar estrias longitudinais. As dos pés freqüentemente tornam-se mais grossas e amareladas.As distrofias ungueais são extremamente prevalentes e podem estar associadas a anormalidades na biomecânica dos pés, com alteração na arquitetura óssea e traumas repetidos. Devem ser diferenciadas da contaminação fúngica, também comum nessa faixa etária.

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1.6 Cabelos