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BIOSSEGURANÇA E RISCOS OCUPACIONAIS EM ESTÉTICA: A Importância da Adoção de Medidas Preventivas
BIOSECURITY AND AESTHETICS OCCUPATIONAL RISKS: The Importance of the Adoption of Preventive Measures
Jucilene Bicudo Barbosa – [email protected]
Vânia Larissa de Oliveira – [email protected] Graduandas do Curso de Bacharel em Estética – UniSALESIANO Lins
Profª Ma. Elizete Peixoto de Lima – UniSALESIANO Lins – [email protected]
RESUMO
A biossegurança é de extrema importância na área da estética, pois ela visa minimizar os riscos ocupacionais que os profissionais estão expostos. Tendo em vista o aumento de doenças contagiosas é indispensável o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva (Epi’s e Epc’s) no seu cotidiano e conhecimento acerca dos riscos. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o conhecimento dos profissionais em relação as medidas preventivas e aos riscos de contaminação nessa área. O estudo foi realizado em salões de beleza do municipio de Lins-SP, com profissionais da área de manicuração. Foram feitas perguntas para 13 (treze) manicures. Essa pesquisa obteve um resultado satisfatório em relação ao conhecimento das profissionais sobre a adoção das medidas de biossegurança, porém esperava-se um resultado melhor em relação ao uso de equipamentos de proteção individual (Epi’s). Palavras-chave: Biossegurança. Medidas Preventivas. Manicuração. Riscos Ocupacionais.
ABSTRACT
Biosafety is of extreme importance in the area of aesthetics science, as it aims to minimize the occupational risks that professionals are exposed to. In view of the increase in contagious diseases, it is essential the use of personal and collective protective equipment (PPE and CPE) in their daily lives and knowledge about the risks. The objective of this research was to evaluate the professionals' understanding regarding preventive measures and the risks of contamination in this area. The study was conducted in beauty salons in the city of Lins-SP, with professionals from the manicuring area. Questions were asked for 13 (thirteen) manicures. This research had a satisfactory result in relation to the professionals' knowledge about the adoption of biosafety measures, but a better result was expected in regard of the use of personal protective equipment (PPE). Keywords: Biosafety. Preventive measures. Manicuration. Occupational Risks.
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INTRODUÇÃO
A área da estética está crescendo nos últimos anos, entre procedimentos
faciais, capilares e corporais, têm-se a manicuração. A procura dessa área tem
aumentado, porém a importância do uso de equipamentos de proteção individual e
coletiva e medidas de biossegurança em clínicas de estética são importantes para a
minimização dos riscos ocupacionais.
Nem sempre os profissionais de manicuração têm conhecimento sobre a
importância das normas de biossegurança e dos riscos ocupacionais os quais estão
sujeitos. Acredita-se que a maioria dos profissionais desta área desconheçam as
normas de biossegurança, especialmente no que tange aos processos de higiene
ocupacional, lavagem, assepsia e esterilização inerentes aos procedimentos
estéticos oferecidos em clínicas, centros e salões de beleza.
É provável que os clientes, em número significativo também desconheçam os
processos e os riscos causados pelas infecções que possivelmente poderá ocorrer
nas diversas terapêuticas tanto no âmbito da manicuração, capilar, como facial e
corporal. Como muitos profissionais não tem conhecimento técnico e educação
formal adequados a profissão, supostamente não aplicam as medidas de
biossegurança, voltadas para a prevenção, minimização e eliminação de possíveis
riscos, especialmente aqueles que podem advir por contaminação de agentes
microbianos. (RAMOS, 2009)
É imprescindível que os profissionais da área de estética estejam cientes da
existência dos riscos biológicos, químicos, físicos, ergonômicos, de acidentes e
psicossociais aos quais estão expostos, assim como, a importância de adotarem
medidas preventivas, de acordo com o que está previsto na legislação vigente, que
incluem o uso dos Equipamentos de proteção individual (Epi´s) e coletiva (Epc´s),
além do correto armazenamento e gerenciamento dos resíduos gerados pelo
estabelecimento. (PIATTI, 2013)
É necessário que conheçam as técnicas adequadas de higienização das
mãos, uso de materiais descartáveis e corretas técnicas de lavagem, assepsia e
esterilização dos materiais de uso permanente. A adoção das normas de
biossegurança constitui uma necessidade ocupacional e um diferencial no mercado
de trabalho, trazendo benefícios para o estabelecimento, tanto de ordem financeira
como social, promovendo uma melhor imagem perante os clientes. (RAMOS, 2009).
168
O objetivo desse trabalho é investigar o conhecimento que os profissionais
dos salões de beleza apresentam acerca dos perigos ocupacionais e averiguar quais
normas de biossegurança são adotadas nos procedimentos cotidianos.
Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa do
UniSALESIANO, a pesquisa foi realizada na sala de aula do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium com profissionais que trabalhassem em
estabelecimentos que possuiam o serviço de manicure e pedicure que fossem
regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Foi
aplicado um questionário estruturado e fechado para profissionais do sexo feminino,
sendo entrevistadas apenas aquelas que assinassem o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
1 BIOSSEGURANÇA
A adoção das normas de biossegurança constitui uma necessidade
ocupacional e um diferencial no mercado de trabalho, trazendo benefícios para o
estabelecimento, tanto de ordem financeira como social, promovendo uma melhor
imagem perante os clientes. (RAMOS, 2009)
Biossegurança é o termo utilizado para se referir a um certo conjunto de
técnicas, ações, metodologias, procedimentos e dispositivos capazes de minimizar
e/ou eliminar riscos existentes às atividades que podem comprometer a saúde,
acarretando problemas relacionados à biossegurança implicam na própria qualidade
do serviço prestado. (PIATTI, 2013)
A biossegurança não pode se manter estagnada, deve ser sempre atualizada,
se adequando as novas tecnologias e mudanças ao longo dos anos. (RAMOS, 2009)
1.1 Biossegurança em estética e riscos ocupacionais
Com o crescimento dos procedimentos estéticos que passou a conquistar
todos os gêneros, de diversas classes sociais e diferentes faixas etárias, o mercado
de manicure e pedicure teve um aumento em sua demanda. Manicures e pedicures
tem contato diariamente com tecido cutâneo, principalmente por realizarem a
retirada do eponíquio (cutícula) e com a remoção dessa estrutura os riscos de
contágio com agentes biológicos presentes no sangue aumentam, podendo adquirir
169
algumas doenças, entre elas hepatite B e C e síndrome da imunodeficiência
adquirida (Aids). O risco de transmissão dessas doenças é grande quando os
profissionais da área da saúde não conhecem e não aderem as normas de
biossegurança, fazendo mau uso dos Epi’s e Epc’s. (GARBACCIO; OLIVEIRA,
2013).
O benefício da saúde não deve ser exclusividade somente de uma pessoa,
pois essa está sujeita a ter a mesma prejudicada não só por outro indivíduo, mas de
várias outras formas, como: serviços, produtos e bens de outras origens, tanto da
comunidade como do meio ambiente. Desse modo, as normas constitucionais
devem criar e ampliar direitos para a população, em uma lei adequada, visando as
necessidades dos indivíduos, e a ciência e tecnologia atual, além disso, averiguar
formas de organização mais atuais. (DIAS, 2002).
Por isso, é importante lembrar que um dos direitos dos consumidores, em qualquer serviço, é a proteção à vida, à saúde e à segurança. Existem normas, regras e acordos socialmente estabelecidos que limitam a conduta dos profissionais e também a dos clientes. No Brasil, o setor de serviços é regido pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990), que contribui para a resolução de vários impasses entre consumidores e prestadores de serviço. (BRASIL, 1990 apud COSTA, 2015, p. 23).
Todo profissional está sujeito a correr algum risco em seu ambiente de
trabalho, podendo assim sofrer dano a saúde caso não aplique as exigências da
biossegurança em seu estabelecimento. Esses riscos são: risco de acidentes que
possam afetar sua integridade, bem-estar físico e moral. São exemplos:
probabilidades de incêndio e explosão, as máquinas e equipamentos sem proteção,
entre outros. (PIATTI, 2013)
Risco ergonômico é toda condição que possa afetar a saúde física ou mental
do trabalhador. São exemplos: posição inadequada, movimentos repetitivos, esforço
físico, entre outros. (RAMOS, 2009)
Considera-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, 0ultrassom, materiais cortantes e pontiagudos, etc. (PIATTI, 2013, p. 105)
Risco químico é o perigo que os profissionais e clientes estão sujeitos ao
170
manipular algum produtos podendo prejudicar sua saúde e sofrer algum acidente.
(RAMOS, 2009)
Riscos biológicos são originários de seres vivos como, bactérias, vírus,
parasitas, fungos, leveduras, dentre outros. (RAMOS, 2009).
Adquirir doenças infectocontagiosas é o risco que o profissional corre em ter
contato com secreções, sangue ou saliva dos clientes, ocorrendo assim uma
contaminação de microrganismos levando a doenças infecciosas citado no quadro 1.
Quadro 1 – Riscos Biológicos
Doenças Conceito Sinais e sintomas Transmissão Profilaxia
Hepatite
É uma inflamação do fígado, geralmente causada por vírus, mas que também pode ser provocada por abuso de consumo de bebida alcoólica e por reação indesejada de alguns medicamentos. É uma doença silenciosa que nem sempre apresenta sintomas.
Inflamação do fígado, dores de cabeça e do corpo, pele e olhos amarelados, náuseas e vômito.
Contato com sangue de pessoas contami-nadas. Geralmente o contagio se dá por contato sexual, compartilhamento de seringas e transfusão de sangue.
Vacina. Uso de preservativos nas relações sexuais, controle dos bancos de sangue, utilizar somente seringas descartáveis e não as compartilhar.
AIDS
É causada pelo vírus HIV. Causa a destruição do sistema imunológico, abrindo caminho para outras doenças. Ocorrência mundial.
De outras doenças comuns em nosso meio. Há cansaço e fraqueza, emagrecimento sem causa aparente, febre, ínguas, tosse, feridas na boca, diarreia, etc. Facilmente pega outras doenças graves (pneu-monia, câncer, infec-ções).
Relação sexual, transfusão de sangue, mãe-feto, seringa ou agulha contaminada
Uso de preser-vativo, não compartilhar objetos perfurocortantes
Tuberculose
É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacio
de koch
Tosse seca e contínua se apresentando posterior-mente com secreção e com duração de mais de quatro semanas, sudo-rese noturna, cansaço excessivo, palidez, falta de apetite e rouquidão são os sintomas da doença.
Ocorre de pessoa para
pessoa via gotículas de saliva contendo o agente infeccioso, sendo maior o risco de transmissão durante contatos prolongados em ambientes fecha-dos e com pouca ventilação.
A vacina BCG é utilizada na prevenção da tuberculose e deve ser admi-nistrada em todos os recém-nascidos
Gripe
Uma das doenças mais conhecidas e comuns, causada pelo vírus Influenza. Ocorre com mais frequência nos meses de inverno; é altamente contagiosa, geralmente de simples tratamento
Mal-estar, febre elevada, arrepios, dores muscu-lares, tosse seca, dor de garganta, congestiona-mento das vias respira-tórias, etc. As manifesta-ções podem evidenciar um amplo espectro de apresentações clínicas.
Partículas da saliva de uma pessoa infectada, expelidas pela respiração, fala, tosse e espirros.
Vacinação
Fonte: Adaptado de Lima, 2016.
171
Pelo risco de contágio ser grande, é imprescindível que os profissionais da
saúde não deixem de fazer o uso dos Epi’s e Epc’s.
Os microrganismos e agentes infecciosos penetram no organismo de várias
formas, dentre elas pelas vias de penetração citadas no quadro 2.
Quadro 2 – Vias de penetração
Vias de penetração Função
Vias aéreas superiores Os agentes são inalados juntamente com o ar, penetrando no corpo através do nariz e boca, pelo processo respiratório.
Via cutânea Os agentes infecciosos penetram na pele através de feridas, picadas, arranhões, queimaduras e cortes.
Via ocular Ocorre quando se tem o contato de secreção contaminada pelos olhos.
Fonte: Adaptado de Piatti, 2013.
As doenças podem ser adquiridas facilmente através desses locais, por isso
os profissionais precisam adotar corretamente as normas de biossegurança.
1.2 Medidas preventivas
São as medidas que os profissionais adotam para evitar ter contato direto
com o cliente e também uma maneira de proteger seu estabelecimento e a
integridade física tanto do profissional quanto dos seus funcionários.
O quadro 3 apresenta o material utilizado pelo profissional de forma individual
protegendo-o de riscos e qualquer ameaça à saúde e segurança. (RAMOS, 2009)
Quadro 3 - Equipamentos de proteção individual (Epi’s)
Tipos de Epi’s Função
Luvas
São importantes para impedir o manuseio direto em materiais contaminados, evitando com que esses microrganismos sejam transmitidos durante o procedimento. Porém isso não supre a lavagem das mãos.
Aventais ou jalecos Protegem as roupas do profissional, evitando a contaminação com fluidos e sangue através da pele.
Gorro ou touca Evitam que os microrganismos se instalem nos fios, e é também uma questão de higiene evitando que os fios caiam durante a realização do procedimento.
Máscaras Evitam a inalação e aspiração de microrganismos pelas vias superiores.
Óculos É uma barreira de proteção contra secreção contaminada que podem atingir os olhos.
Fonte: Adaptado de Piatti, 2013.
Qualquer procedimento realizado dentro de salões e clínicas — sejam eles
com produtos químicos, clientes, dentre outros, necessitam do uso obrigatório de
Epi’s. (RAMOS, 2009).
172
Os Epc’s visam proteger tanto o profissional quanto os clientes que
frequentam o estabelecimento, evitando quaisquer riscos no ambiente de trabalho e
estão descritos no quadro 4. (RAMOS, 2009)
Quadro 4 - Equipamentos de proteção coletiva (Epc’s)
Tipos de Epc’s Função
Extintor de incêndio É um importante equipamento de segurança, sua função é controlar ou eliminar o fogo de um local ou objeto.
Capela de exaustão química É ideal para eliminar vapores tóxicos e odores durante a manipulação de reagentes químicos.
Cabine de segurança biológica Tem como função proteger o operador, o meio ambiente e as amostras manipuladas.
Chuveiro lava-olhos
São utilizados para diminuir os danos provocados por um acidente nos olhos e face..
Fonte: Adaptado de Ramos, 2009.
Os Epc’s são de responsabilidade do proprietário do estabelecimento, pois
visa proteger todos que frequentam aquele local, como funcionários e clientes e
também evitar acidentes. (COSTA, 2015)
Outro procedimento indispensável é a esterilização utilizada para destruir
inúmeros tipos de microrganismos existentes em materiais reutizáveis, com o
propósito de evitar contaminações e infecções especialmente em caso de uso de
materiais perfurocortantes durante a realização de procedimentos. (RAMOS, 2009).
A esterilização por meio da estufa gera um calor seco provocado por
aquecimento e irradiação de calor, penetrando menos e sendo mais estável que o
vapor saturado. (RAMOS, 2009).
A autoclavagem permite manter o material contaminado em contato com o
vapor d’agua, em temperatura extremamente elevada (121°C), por um tempo
suficiente para eliminar inúmeros microrganismos, ela funciona com a associação de
calor, vapor e pressão. (RAMOS, 2009).
2 MÉTODOS
O projeto atendeu a Resolução 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de
Saúde e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do UniSALESIANO, parecer
consubstanciado nº 2.683.398 em maio de 2018.
Essa pesquisa é qualitativa e quantitativa do tipo exploratória-descritiva e
bibliográfica. A entrevista foi realizada com profissionais da área de manicuração
173
que atuam em clínicas e salões de beleza, localizados na região do centro comercial
do município de Lins/SP através de um questionário estruturado e fechado. Fez-se
um convite pessoal, esclarecido e os profissionais responderam em uma sala de
aula do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Recrutou-se apenas
profissionais em que o estabelecimento seja regulamentado pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA).
O alvo inicial era entrevistar 30 profissionais, porém alguns se recusaram a
responder o questionário, outros não quiseram assinar o Termo de Consentimento
Livre Esclarecido e em alguns locais não possuíam mais o serviço de manicure,
portanto, foram entrevistadas 13 profissionais que responderam a oito questões
apresentadas e discutidas neste trabalho. Para a realização dessa pesquisa foram
utilizados os seguintes materiais: folhas, canetas e impressões dos questionários.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A figura 1 apresenta o resultado sobre o questionamento feito para as
profissonais sobre os clientes levarem seus próprios instrumentos aos salões.
Figura 1: Clientes que possuem e levam seu kit de manicuração
Fonte: Autoras. (2018)
A pesquisa demonstrou que 85% das entrevistadas, disseram que seus
clientes levam, e 15% que não levam os instrumentos para realização da
manicuração. Com esses dados foi possível observar que grande parte dos clientes
estão cientes dos riscos que estão expostos, e que dessa forma contribuem para a
diminuição da contaminação de determinados agentes infecciosos.
85%
15%
sim não
174
Em pesquisa realizada por Cardoso et al., (2014) houve a constatação que
nesse quesito 72% das entrevistadas responderam que sim em relação ao
questionamento sobre as clientes levarem seus próprios kits e 28% responderam
que não levam. Segundo Garcia; Moser; Bettega (2006) apud Cardoso et al., vale
evidenciar que os riscos de contaminação diminuem quando os próprios clientes
levam o seu material para o salão de beleza, já que a transmissão de vírus,
bactérias pode ser veiculada através desses instrumentos contaminados.
A figura 2 retrata o percentual respondido pelas entrevistadas referente à
questão de imunização.
Figura 2: Atualização da carteira de vacinação
Fonte: Autoras. (2018)
Na análise da atualização da carteira de vacinação das profissionais 85%
responderam estar com a vacinação em dia e 15% afirmaram estar incompleta. Com
esse resultado, nota-se que a maioria das profissionais se preocupam com a saúde
e estão cientes dos riscos e contaminações a que estão expostas.
De acordo com Kuhn [s.d] dentre as mulheres que foram questionadas, 90%
possui a carteira de vacinação e 10% responderam que não tem, se manifestando
em não ter interesse a tal. Somente 50% admitiram ter tomado a vacina contra
hepatite B, uma taxa preocupante, pois o risco de infecção é alto entre as
profissionais.
A figura 3 aponta os dados relacionados a acidentes com objetos
perfucortantes.
85%
15%
em dia incompleta
175
Figura 3: Ocorrência de acidentes com instrumentos perfurocortantes.
Fonte: Autoras. (2018)
Todas as profissionais entrevistadas afirmaram nunca ter sofrido qualquer
acidente com instrumento perfurocortante. Esse resultado é amplamente
significativo, tendo em vista, que os materiais utilizados são bem afiados podendo
causar acidentes, porém, é provável que se trata de profissionais experientes e
atentas aos procedimentos e riscos, adaptando medidas para evitá-los.
Na pesquisa realizada por Bispo (2013), 64,3% das entrevistadas afirmaram
não ter sofrido acidente com material perfurocortante, e das questionadas que
sofreram acidente com algum instrumento, 78,6% disseram não ter tido contato com
o sangue do cliente.
Quanto ao uso de Epi’s, a figura 4 apresenta os dados colhidos nas
entrevistas com as manicures.
Figura 4: Uso dos Epi’s
Fonte: Autoras. (2018)
0%
100%
sim não
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
luva avental ou jaleco máscara touca óculos
176
Das 13 manicures entrevistadas 69% afirmaram utilizar luvas enquanto
realizam os procedimentos, 46% fazem uso do jaleco, 15% fazem uso de máscara e
touca e nenhuma delas utiliza óculos de segurança. Pelo alto risco de contaminação,
o resultado em relação ao uso de EPIs é extremamente baixo, tendo em vista que
essa profissão tem contato diretamente com secreções de outras pessoas.
Segundo Borges; Santos; Bettega, (2007) apud Cardoso et al., (2014) em
relação à Epi’s 60% responderam que usam, 34% usam máscaras descartáveis, 8%
para touca e somente 2% para o uso de jaleco. Embora a taxa 60% seja relevante e
sabendo que as manicures usam alguns instrumentos perfurocortantes, como
alicates, que apresentam grande risco de contaminação, é preocupante notar que
ainda há um desconhecimento ou resistência no uso dos Epi’s.
A figura 5 apresenta as principais patologias ocupacionais as quais as
profissionais estão sujeitas.
Figura 5: Patologias ocupacionais relacionadas a manicuração.
Fonte: Autoras. (2018)
Nota-se pela figura 5, que 38% das entrevistadas reconhecem o risco de
adquirir lesões por esforço repetitivo/distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho
(LER/DORT), 85% de adquirir micoses, 31% sujeitas ao contágio por doenças
sexualmente transmissíveis (DST’s), 8% reconhecem estar sujeitas doenças ósseas,
77% estão cientes do contágio e desenvolvimento da aids, 8% estão cientes de
contrair tuberculose, 92% adquirir hepatites e 8% afirmaram não correr riscos de
desenvolver nenhuma doença, pois, seus estabelecimentos cumprem todas as
0%
20%
40%
60%
80%
100%
LER/DORT MicosesDST's Doenças ósseasAids TuberculoseHepatites Nenhuma
177
adoções de medidas de biossegurança.
Em pesquisa realizada por Garbaccio (2013) foi questionado às profissionais
sobre os materiais utilizados por elas apresentarem riscos de transmissão de
doenças tanto para elas quanto para as clientes. 91,5% das entrevistadas
responderam que o HIV/Aids e hepatites possuem maior risco de serem contraídos
pelas profissionais e 46% de serem adquiridos pelos clientes. O tétano foi relatado
como risco apenas para as profissionais.
A figura 6 mostra o resultado referente ao uso de materiais descartáveis no
local de trabalho das entrevistadas.
Figura 6: Uso de materiais descartáveis
Fonte: Autoras. (2018)
De acordo com a figura todas as profissionais entrevistadas afirmaram que
seus materiais como lixas, palitos, protetores para pés, entre outros, são
descartáveis e que são substituídos a cada cliente. Embora muitos salões ainda não
tenham aderido o uso de materiais descartáveis é provável que nesses locais tenha
um processo de esterilização rigoroso para materiais que não são descartáveis, afim
de evitar contaminações.
De acordo com Issa, (2009) apud Cardoso et al., (2014) os instrumentos
perfurocortantes têm um risco maior de contaminar as profissionais ou clientes se
não forem esterilizados adequadamente, pois estes são considerados os maiores
causadores de contaminação em salões de beleza.
Como pode-se observar, a figura 7 retrata o percentual relacionado ao
processo de desinfecção de artigos utilizados durante o procedimento feito pelas
profissionais.
Sim
Não
178
Figura 7: Procedimentos de esterilização
Fonte: Autoras. (2018)
Entre as 13 manicures entrevistadas, 62% responderam que utilizam a estufa
como método de esterilização; 31% que utilizam a autoclave; 8% utilizam o forno
elétrico ou micro-ondas e nenhuma deixam de realizar algum tipo de procedimento
de desinfecção em seu estabelecimento, diminuindo assim o risco de transmissão de
agentes infecciosos.
Segundo Cardoso et al (2014), apesar de todas profissionais usarem algum
tipo de procedimento, torna-se indispensável o manuseio correto dos equipamentos
com relação à temperatura e tempo para se realizar a esterilização.
A figura 8 apresenta o resultado referente ao ambiente de trabalho respondido
pelas manicures questionadas.
Figura 8 – Condições físicas e de higiene do ambiente de trabalho.
Fonte: Autoras. (2018)
61%
31%
8%
0%Estufa
Autoclave
Forno elétrico oumicro ondas
Não realizanenhumprocedimento
75%
80%
85%
90%
95%
100%
105%
ventilado limpo iluminado organizado
179
De acordo com a figura 8, 100% das manicures afirmaram que seu local de
trabalho apresenta boa ventilação e uma ótima limpeza e 85% responderam que
esse ambiente é iluminado e organizado. Com isso, nota-se que as manicures
prezam a importância de manterem seus estabelecimentos em ordem para exercer
um bom trabalho.
Segundo Bittencourt et al (2014) ao serem questionadas sobre o ambiente de
trabalho possuir uma boa iluminação e ventilação, 71% das entrevistadas afirmaram
que ambas situações estão em ótimo estado. Em relação ao espaço ocupado para
realizar os procedimentos, 70% delas responderam que o local é suficiente e
adequado para a execução de sua atividade cotidiana.
CONCLUSÃO
Constatou-se que a maioria das profissionais entrevistadas conhecem e
cumprem as normas de biossegurança tanto as pessoais, quanto as coletivas o que
gera conforto e tranquilidade, apesar de se ter noção de que a inspeção dos órgãos
fiscalizadores e a participação em atividades educativas na área contribuem para a
execução de métodos seguros.
O esclarecimento e conscientização dos profissionais da estética e
especialmente os que realizam a manicuração é imprescindível, pois a adoção de
normas de biossegurança preservará à sua saúde e dos clientes, além de
atenderem à legislação vigente, sugere-se, assim, a realização de campanhas de
esclarecimento aos profissionais em relação as normas de biossegurança.
REFERÊNCIAS
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